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Aula 07

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C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRRE EIITTO O CCIIVVI ILL RREEGGUULLA ARR 
P PRRO OFFE ESSSSOOR R: : LLA AUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
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AULA 07
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
= PARTE GERAL = 
 (arts. 233 a 420, CC) 
Meus Amigos e Alunos 
Iniciamos agora uma nova etapa em nossos estudos. Até agora 
analisamos a Parte Geral do Código Civil. Lógico que no decorrer da exposição 
da matéria já adiantamos muitos assuntos da Parte Especial. Sempre fizemos 
questão de dizer que ao analisarmos a Parte Geral já estávamos vendo muita 
coisa referente à Parte Especial do Código. E dizíamos que iríamos aprofundar 
mais determinados temas em aulas vindouras. Pois agora é hora de entrarmos 
nestes assuntos em definitivo. Entraremos, pois, na Parte Especial do Código 
Civil, formada pelo: Direito das Obrigações (onde veremos também os 
contratos – parte geral e especial), Direito das Coisas, Direito de Família e 
Direito das Sucessões. Lembrem-se de que o Código Civil possui mais um item 
importante, o Direito de Empresa. Porém esse tema, apesar de estar contido no 
Código Civil, pertence ao Direito Comercial e não é aprofundado neste nosso 
curso. 
Agora vamos iniciar a análise da Parte Especial com a aula: Direito das 
Obrigações – Parte Geral. Observem que estamos seguindo a ordem do 
Código Civil. Para isso é necessário que o aluno tenha uma boa base do que foi 
falado anteriormente. Vejamos: quem pode assumir uma Obrigação? – As 
Pessoas! – Quais as pessoas que podem assumir estas obrigações? – Para 
responder a isso devemos estar “afiados” com o que foi visto na aula referente 
às Pessoas (Naturais e Jurídicas)! Depois: o que pode ser objeto de uma 
Obrigação? – Os Bens! Que tipos de bens? Para responder a isso devemos estar 
“afiados” com o que foi visto na aula referente aos Bens - Objeto do Direito. E, 
finalmente: Como as pessoas podem se relacionar para criar as Obrigações? – 
Para responder a isso devemos ter, “na ponta da língua”, as aulas sobre Fatos 
e Atos Jurídicos. E olhem que foram duas aulas sobre este importante tema do 
Direito. 
Hoje, seguindo a ordem do Código, trataremos de outro ponto importante. 
Tanto para concursos, como para nossa vida prática. Trata-se de uma aula 
longa. Com muitos pontos a serem abordados. No entanto, posso afirmar que 
ela está completa; abrangendo tudo o que vem caindo nos concursos atuais. 
Confiram depois... Não é uma aula difícil. Mas o aluno deve ter uma boa base 
acerca dos temas tratados anteriormente. Portanto se o aluno tiver qualquer 
 
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dúvida, retorne às aulas anteriores, analise os quadros sinóticos e também 
revejam os testes fornecidos. Comecemos.
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO 
Todo direito encerra sempre uma idéia de obrigação. Podemos dizer que 
não existe direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. 
Muitas vezes podemos usar as expressões “obrigação” e “dever” como 
sinônimos. No entanto há uma diferença doutrinária. O dever relaciona-se a 
uma norma de conduta, desvinculada de qualquer direito de outrem, 
relacionando-se apenas com a imposição explícita (às vezes implícita) da lei 
diante de determinada situação. Já obrigação corresponde sempre a um direito. 
Podemos assim, conceituar obrigação como sendo a relação jurídica, de 
caráter transitória, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste 
numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro 
ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu 
patrimônio. Confere-se assim ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do 
devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação, sendo que 
no caso de descumprimento poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do 
devedor (art. 391, CC). Vejam que o conceito dado é muito longo, possuindo 
diversos elementos. Por isso vamos desmembrar e analisar cada um desses 
elementos do conceito de obrigação. Com isso ficará mais fácil o entendimento 
da matéria. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
Observem que no conceito fornecido citei algumas expressões como: 
devedor e credor; sujeito ativo e passivo; prestação pessoal; adimplemento, 
etc. Estes são os componentes de uma Obrigação. De uma forma técnica, 
podemos dizer que são Elementos Constitutivos das Obrigações: 
• Elemento Subjetivo (Sujeito Ativo e Sujeito Passivo) 
• Elemento Objetivo – Prestação 
• Elemento Imaterial – Vínculo 
1 – Elemento Subjetivo – são os sujeitos (ou as partes) de uma obrigação: 
, o beneficiário da obrigação; é a pessoa (física • Sujeito Ativo ⎯ é o credor 
ou jurídica) a quem a prestação (positiva ou negativa) é devida, tendo, 
para isso, o direito de exigir o seu cumprimento. 
; aquele que deve cumprir a obrigação, de • Sujeito Passivo ⎯ é o devedor 
efetuar a prestação, sob pena de responder com seu patrimônio. 
Observação – é possível que os polos (passivo e/ou ativo) sejam ocupados 
por uma ou várias pessoas (naturais ou jurídicas). Exemplo: “A” pode fazer um 
contrato de locação com “B”. Neste caso há um Sujeito Ativo e um Passivo. Mas 
“A” e “B” (que são casados) podem fazer um contrato de locação com “C” e “D” 
 
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(que também são casados). Continua havendo dois polos (ativo e passivo). Mas 
neste caso, em cada polo, há uma pluralidade de pessoas. Pode ocorrer também 
que haja alteração de um dos sujeitos (Exemplo: sub-rogação, ou seja, 
transferência do crédito ou da dívida, de uma pessoa para outra, conforme 
veremos adiante). 
2 – Elemento Objetivo (ou material) – é o objeto de uma obrigação: 
O objeto da obrigação é a prestação. Esta pode ser positiva (obrigação 
de dar ou fazer) ou negativa (obrigação de não fazer). Veremos esta 
classificação logo adiante de forma bem detalhada. Toda prestação deve ser 
lícita, possível (física e juridicamente), determinada ou determinável e 
economicamente apreciável. Também veremos isso logo adiante. É admissível a 
obrigação que tenha por objeto um bem não econômico, desde que seja digno 
de tutela o interesse das partes. 
3 – Elemento Imaterial ou Vínculo Jurídico 
Trata-se do o elo que sujeita o devedor a determinada prestação (positiva 
ou negativa) em favor do credor. É o liame legal que une o devedor ao credor. 
Abrange o dever da pessoa obrigada (chamamos isso de debitum) e sua 
responsabilidade em caso de não cumprimento (chamamos de obligatio). 
(Obs. – não usem a expressão “elo de ligação”. Isto, tecnicamente não é 
correto; se é elo, está implícito que é de ligação. Portanto, basta dizer elo). 
Exemplo: podemos dizer que um contrato de locação de uma casa (ou 
qualquer outro contrato) é o vínculo. É este contrato que irá ligar o locador 
(proprietário), o locatário (inquilino) e o bem que está sendo alugado. Vejam 
que locador e locatário fazem parte do Elemento Subjetivo. Já a casa é o 
Elemento Objetivo. E o contrato, propriamente dito é o vínculo. 
O vínculo pode criar uma ou diversas obrigações, para uma ou ambas as 
partes. Exemplo: no mútuo de dinheiro cria-se apenas a obrigação para o 
mutuário devolver a importância emprestada. Já na compra e venda criam-se 
várias obrigações para ambas as partes: o comprador deve pagar o preço e o 
vendedor deve entregar a coisa. 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
Fonte é uma expressão figurada, indicando o elemento gerador, no caso, 
o fato jurídico que deu origem aovínculo obrigacional. Podemos apontar como 
fontes de obrigações: 
• Lei – fonte primária ou imediata de obrigações (como sabemos: 
“Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude da... lei”). 
No entanto alguns autores entendem que a lei não seria fonte de obrigação; 
segundo eles a lei pode permitir a criação dos direitos de crédito, mas nunca 
criá-los diretamente. 
 
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• Negócio Jurídico Bilateral – duas pessoas criam obrigações entre si. O 
exemplo clássico, que veremos em uma aula especial, é o contrato; 
qualquer espécie de contrato. Exemplo: compra e venda; neste contrato 
uma pessoa se obriga a pagar o preço e a outra a entregar a coisa. O 
mesmo ocorre na troca, na locação, etc. em que as duas partes se obrigam. 
• Negócio Jurídico Unilateral – trata-se do ato unilateral de vontade. 
Nestes casos só há uma vontade, ou seja, apenas uma pessoa se obriga. 
Exemplo: na promessa de recompensa, eu coloco uma faixa na rua “perdeu-
se cachorrinho... recompensa-se bem” (quem já não viu uma faixa deste 
tipo?). Pois isso se trata de uma declaração unilateral de vontade; é uma 
promessa de recompensa, onde apenas uma pessoa está se obrigando. 
Outros exemplos: um título ao portador, a gestão de negócios, etc. 
Falaremos mais sobre essa espécie obrigacional no final desta aula. 
• Atos Ilícitos – é o dever de reparar eventuais prejuízos sofridos. 
Exemplo: obrigação de reparar os danos causados por um acidente de 
veículos. Já vimos isso na aula passada. Apenas para recordar: quem comete 
um ato ilícito (art. 186, CC) fica obrigado a reparar o dano (art. 927, CC) 
dele decorrente. Portanto o ato ilícito também é fonte de obrigação. A 
doutrina também acrescenta o abuso de direito (art. 187, CC) como fonte de 
obrigação, por também ser um ato ilícito. 
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
De acordo com a importância e aplicabilidade prática, podemos classificar 
as obrigações em diversas categorias. Como vocês já puderam perceber, gosto, 
inicialmente, de fazer uma classificação geral. Depois vou explicando item por 
item, bem devagar. E é o que faremos com esta enorme classificação das 
obrigações: 
CLASSIFICAÇÃO GERAL
I – QUANTO AO OBJETO 
A) Positivas 
1 – Obrigação de Dar
a) coisa certa 
b) coisa incerta 
2 – Obrigação de Fazer
a) fungível 
b) infungível 
B) Negativas 
 1 – Obrigação de Não Fazer
II – QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
A) Simples – um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. 
 
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B) Compostas – pluralidade de objetos ou de sujeitos. 
1 – Pluralidade de Objetos 
a) cumulativa 
b) alternativa 
c) facultativa (ou faculdade de solução ou substituição) 
2 – Pluralidade de Sujeitos (Solidariedade) 
a) ativa 
b) passiva 
III – QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS 
• puras e simples 
• condicionais 
• a termo 
• modais 
IV – OUTRAS MODALIDADES 
• líquidas ou ilíquidas 
• divisíveis ou indivisíveis 
• de resultado, ou de meio, ou de garantia 
• instantâneas, fracionadas, diferidas ou de trato sucessivo 
• principais ou acessórias 
• propter rem 
• naturais 
 
De toda esta vasta classificação, eu diria que a Obrigação quanto ao 
Objeto é a principal; é a mais importante em termos de concursos. A obrigação 
é positiva quando a prestação do devedor implica dar ou fazer alguma coisa e 
negativa quando importa numa abstenção (não fazer). Vejamos: 
I – OBRIGAÇÃO POSITIVA DE DAR 
Obrigação de dar é aquela em que o devedor se compromete a entregar 
alguma coisa (certa ou incerta). É importante deixar claro que a obrigação de 
dar, por si só, confere ao credor somente o direito pessoal e não o direito real. 
Isto é, o contrato cria apenas a obrigação, mas não opera a transferência da 
propriedade. Esta somente se concretiza com a tradição (entrega - bens móveis) 
ou pelo registro (bens imóveis). A obrigação de dar também é chamada de 
obrigação de prestação de coisa. Ela pode ser dividida em: a) específica - 
obrigação de dar coisa certa (ex: uma jóia, um carro, um livro, etc.); b) 
genérica - obrigação de dar coisa incerta (ex: a obrigação de dar um boi, 
dentre uma boiada). Vejamos cada uma delas. 
A) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (arts. 233/242, CC) 
 
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O devedor se obriga a entregar uma coisa certa e determinada, 
totalmente individualizada (ex: a vaca Mimosa ou o cavalo Furacão), podendo 
ser móvel ou imóvel, sendo que suas características já foram acertadas pelas 
partes anteriormente. A regra básica é a de que o credor não é obrigado a 
receber outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 313, CC). Se for estipulada a 
entrega de um determinado bem, o devedor somente se desonera da obrigação 
com a entrega deste bem que foi contratado. A entrega de objeto diverso do 
prometido importa em modificação da obrigação, que somente é possível com a 
anuência de ambas as partes (veremos isso mais adiante). Abrange a obrigação 
de transferir a propriedade (ex: compra e venda), ou a de entregar a posse (ex: 
locador ou comodante que deve entregar a coisa). 
É importante esclarecer que a obrigação de dar a coisa certa se equipara à 
obrigação de restituir (devolver). Exemplo: celebro um contrato de locação 
de uma casa, por 30 meses. Quando o contrato termina, o locatário deve 
restituir o bem. Qual bem? O mesmo bem que foi emprestado! O locatário deve 
restituir a mesma casa que recebeu para locação. O mesmo ocorre com o 
comodato e o depósito, em que findo o contrato, devolve-se o mesmo bem, uma 
vez que o mesmo já está totalmente individualizado. A diferença entre a 
obrigação de dar e a obrigação de restituir tem importância no Direito 
Processual, pois se a pessoa não devolver o bem, há a possibilidade de se 
ingressar com uma ação de busca e apreensão da coisa. Portanto a entrega da 
coisa ao credor somente tem cabimento na obrigação de restituir. 
Se a coisa a ser entregue tiver um acessório, a obrigação abrange 
também os acessórios (lembrem-se da regra de que “o acessório acompanha o 
principal” – acessorium sequitur principale), salvo se as partes estipularem de 
modo diverso (art. 233, CC). Exemplo: vendo a chácara “Alegria”, mas 
estabeleço que posso retirar todos os bens móveis da chácara. 
O devedor deve conservar adequadamente a coisa que irá entregar ao 
credor, bem como defendê-la contra terceiros, como se fosse sua. Mas mesmo 
assim a coisa pode se perder. Até a entrega da coisa esta ainda pertence ao 
devedor. Consequências jurídicas do perecimento (perda ou destruição total) 
da coisa antes da tradição: 
a) sem culpa do devedor (caso fortuito ou força maior) – resolve-se 
(extingue-se) a obrigação, para ambas as partes, que voltam à situação 
primitiva (status quo ante). Se o vendedor já recebeu o preço da coisa que 
pereceu, sem culpa sua, deve devolvê-lo com correção monetária. 
b) com culpa do devedor – indenização pelo valor da coisa (o 
equivalente em dinheiro) mais perdas e danos (hoje usaremos muito esta 
expressão; esta expressão será analisada de forma autônoma e com maior 
profundidade ainda na aula de hoje - arts. 402/405, CC). 
Consequências jurídicas da deterioração (perda ou destruição parcial) da 
coisa antes da tradição: 
 
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a) sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação, com restituição do 
preço mais correção monetária ou o credor pode receber a coisa, com um 
abatimento proporcional no preço que se perdeu. 
b) com culpa do devedor – o credor pode optar entre: extinguir a 
obrigação pagando o devedor o equivalente em dinheiro mais perdas e 
danos ou receber a coisa no estado em que se encontra recebendo uma 
indenização pelos prejuízos causados. 
Obs. Notem que em qualquer situação de culpa do devedor, há o direito às 
perdas e danos. 
Após a entrega a coisa pertence ao credor. Portanto, se já ocorreu a 
tradição e a coisa vier a se perder logo em seguida, o prejuízo será suportado 
pelo credor (comprador), pois ele já é o seu dono. Salvo se ocorreu negligência 
ou fraude do vendedor (ex: vende um animal doente, sabendo deste fato). 
Importante. No caso de obrigação de devolução de bens (como na 
locação ou no comodato), aplica-se a regra res perit domino (a coisa perece 
para o dono; o dono sofre o prejuízo). Esta é uma frase em latim muito 
conhecida no mundo jurídico. Se a obrigação for de restituir coisa certa e esta 
se perder antes da tradição, sem culpa do devedor, sofrerá o credor a perda e a 
obrigação se extinguirá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
Reparem o disposto no art. 393, CC: O devedor não responde pelos prejuízos 
resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por 
eles responsabilizado. Exemplo: empresto um bem a uma pessoa e ela é 
assaltada, perdendo este bem. Ela não será obrigada ressarcir o dano, pois não 
teve culpa no evento; neste caso eu (que sou o proprietário) ficarei com o 
prejuízo e a obrigação será extinta. É de se esclarecer que a doutrina e a 
jurisprudência vêm entendendo que o “assalto” (tecnicamente se trata de um 
roubo, ou seja, subtração de patrimônio alheio mediante violência ou grave 
ameaça) é hipótese de força maior. Acrescente-se que o parágrafo único do art. 
393, CC prevê que o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato 
necessário, cujos efeitos não eram possível evitar ou impedir. 
No entanto, pode ter havido culpa do possuidor. Exemplo: tivemos um 
caso concreto em que uma empresa de “reportagem fotográfica” alugou de 
outra, diversos equipamentos modernos e caros para realizar um evento. Os 
funcionários da primeira empresa deixaram esses equipamentos sem vigilância 
em local onde transitavam muitas pessoas e alguns equipamentos foram 
furtados. Ora, neste caso houve culpa; portanto não se aplica a regra res perit 
domino. 
Cômodos – Trata-se de um termo muito usado pela doutrina. Cômodos 
são as vantagens produzidas pela coisa. Como vimos, até a tradição (entrega) a 
coisa pertence ao devedor, com todos os seus melhoramentos e acrescidos, 
pelos quais poderá pedir aumento no preço. Exemplo: uma pessoa vende a vaca 
Mimosa, que antes da entrega deu uma cria. Observem que o devedor se 
obrigou a entregar a vaca, não sendo obrigado a entregar o bezerro. Surgem 
então duas opções: a) devedor entrega o filhote, podendo exigir um aumento 
 
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no preço; b) se o credor não aceitar a pagar o aumento resolve-se (extingue-se) 
a obrigação (este é um exemplo clássico que costuma cair em concursos). Neste 
caso não podemos dizer que o bezerro é um acessório; ele não acompanha o 
principal. Confiram o art. 237, CC. Quanto aos frutos: os percebidos até a 
tradição pertencem ao devedor; já os pendentes pertencem ao credor (são 
acessórios que acompanham o principal). 
Obs. É interessante reforçar e deixar bem claro que o acordo das partes 
cria a obrigação de entrega da coisa, mas ainda não transfere a 
propriedade dos bens. Como vimos, se o bem for móvel a transferência se 
dará pela tradição (entrega). Mas se o bem for imóvel, a transferência se dará 
pelo registro na matrícula do título aquisitivo (registro de imóveis). 
B) OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (arts. 243/246, CC) 
Coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado (o objeto 
é indicado apenas de forma genérica no início da obrigação). No entanto o 
objeto deve ser indicado, ao menos pelo gênero e quantidade, faltando 
determinar a qualidade, mediante um ato de escolha na ocasião do 
cumprimento da obrigação. Exemplo: entregar dez bois. Trata-se de uma 
obrigação de dar coisa incerta. A princípio parece ser uma obrigação de dar 
coisa certa. No entanto eu tenho uma boiada de mil bois e devo entregar dez! 
Quais os dez bois que eu irei entregar? Eles ainda não foram individualizados! 
Por isso chamados de obrigação de dar a coisa incerta (ou genérica). Observem 
que já há determinação quanto ao gênero=bois. E também quanto à 
quantidade=dez. Falta agora individualizar quais os bois que serão entregues. 
É aí que reside a incerteza. Assim, coisa incerta não quer dizer qualquer coisa. 
Trata-se de uma coisa que ainda está indeterminada, porém será suscetível de 
determinação futura. Portanto o estado de indeterminação é transitório. Essa 
indeterminação deve ser apenas relativa. Não se admite a indeterminação 
absoluta, pois inviabilizaria o futuro cumprimento da obrigação. Lembrem-se de 
que qualquer vício no objeto (objeto impossível, ilícito, etc.) torna o contrato 
nulo. Qualquer dúvida, revejam esse ponto na aula sobre Fatos e Atos Jurídicos 
(segunda parte). 
Se o bem ainda não foi determinado, um dia haverá a sua 
individualização. Essa individualização se faz pela escolha. Trata-se de um ato 
jurídico unilateral, também chamado de concentração (trata-se de mais um 
termo que não está previsto expressamente no Código, mas que costuma cair 
em concursos), que se exterioriza pela pesagem, medição, contagem, etc. 
Notem: escolha e concentração são termos que são usados como sinônimos. A 
lei fala em escolha, mas costuma cair concentração nos concursos (para que 
facilitar se eu posso complicar??). A escolha cabe, em regra ao devedor, salvo 
se for estabelecido de modo diverso no contrato (neste caso, por exceção, a 
escolha caberá ao credor ou a uma terceira pessoa estranha ao negócio). 
Antes da escolha não pode o devedor alegar perda ou deterioração da 
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. Realizada a escolha acaba 
 
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a incerteza; a obrigação genérica, inicialmente de dar a coisa incerta, se 
transforma em obrigação de dar a coisa certa (havendo a individualização da 
prestação), aplicando-se todas as regras que vimos mais acima. Agora 
pergunto: No momento da escolha o devedor (ou quem o contrato determinar) 
pode escolher qualquer bem? Resposta: Não! Vejam o que nosso Código 
estabeleceu a respeito: 
Obrigação Pecuniária 
Obrigação pecuniária ou obrigação de solver dívida em dinheiro é uma 
espécie de obrigação de dar que abrange prestação em dinheiro, reparação de 
danos e pagamento de juros. Segundo o art. 315, CC, o pagamento em dinheiro 
será feito em moeda corrente. Deve ser realizado no lugar do cumprimento da 
obrigação e pelo seu valor nominal, ou seja, em real (que é nossa unidade 
monetária atual). 
É muito importante o que vamos dizer agora: São nulas as convenções de 
pagamento em ouro ou em moeda estrangeira (chamamos isso de obrigação 
valutária – valutaria = valuta = divisa,moeda estrangeira), salvo os contratos 
e títulos referentes à importação e exportação. É o que diz o art. 318, CC. 
Assim, se cair alguma questão sobre a possibilidade de pagamento de dívidas 
em dólar ou em ouro, a resposta é que pelo Código Civil não pode, sob pena de 
nulidade absoluta (salvo, como vimos, alguns contratos especiais, come de 
importação/exportação - contratos estes que não estão previstos no Código 
Civil). 
Outras formas de pagamento (ex: cheque, cartão de crédito ou débito, 
etc.) são facultativas, podendo o comerciante (fornecedor) optar em não 
recebê-los. Alguns estabelecimentos colocam uma placa bem à mostra “não 
aceitamos cheques”. Isso é permitido? –Sim!! Trata-se de um risco que o 
comerciante está assumindo em não atrair clientes que iriam pagar com 
cheques. No entanto, a doutrina e a jurisprudência costumam afirmar que se o 
fornecedor aceita que o pagamento seja feito em cheque (que é uma ordem de 
pagamento à vista), não pode, de forma arbitrária e unilateral, condicionar a 
aceitação deste cheque ao tempo de existência da conta bancária. Não há 
amparo legal nesta exigência. 
Devemos lembrar também que na obrigação pecuniária o devedor sofrerá 
com as consequências da desvalorização da moeda, mas pode-se incluir em 
algumas convenções, cláusula de atualização da prestação. O art. 316, CC 
permite se convencionar um aumento progressivo, no caso de prestações 
sucessivas. Finalmente o art. 317, CC prevê que no caso de ocorrer algum 
motivo imprevisível e, em decorrência disso, sobrevier manifesta desproporção 
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o 
Na falta de disposição contratual, estabelece a lei que o 
devedor não poderá dar a coisa pior, nem ser obrigado a 
prestar melhor (art. 244 do CC). Ficamos, assim, num meio termo 
(chamamos isso de mediae aestimationis).
 
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Juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, o quanto possível, 
valor real da prestação. Trata-se da aplicação do Princípio da Função Social do 
Contrato (que veremos na aula sobre contratos). 
II – OBRIGAÇÃO POSITIVA DE FAZER (arts. 247/249, CC) 
Obrigação de Fazer consiste na prestação de uma atividade (prestação de 
um serviço ou execução de uma tarefa) positiva (material ou imaterial) e lícita 
do devedor (ex: trabalho manual, intelectual, científico ou artístico, etc.). 
Também é chamada de obrigação de prestação de fato. Vincula o devedor a um 
ato ou serviço seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de terceiros. 
O problema surge neste tópico é: e se o devedor não faz o que deveria 
fazer? O que ocorre? Resposta: a impossibilidade do devedor de cumprir a 
obrigação de fazer, bem como a recusa em executá-la, acarretam o 
inadimplemento contratual (que significa o não cumprimento do contrato). 
Sim... mas e se eu desejo que o ato ou serviço seja realizado? Posso obrigá-la a 
cumprir a tarefa? Vimos que nas obrigações de dar é possível a atuação do 
Estado no sentido de se obter a execução específica da obrigação, por meio das 
ações judiciais. Mas... e nas obrigações de fazer? Nestas, geralmente ocorre o 
contrário, porquanto é difícil compelir compulsoriamente o devedor a realizar 
uma prestação que se obrigou, já que a nossa ordem jurídica repudia o 
emprego de força física para isso. Portanto, em primeiro lugar precisamos 
saber se o devedor agiu com culpa. Nos termos do art. 248, CC, se não houver 
culpa (força maior ou caso fortuito) resolve-se a obrigação sem indenização 
(volta-se tudo ao estado anterior). Exemplo: cantor que ficou afônico, 
mercadoria que deveria ser entregue não é mais achada no mercado, etc. 
Repõem-se as partes no estado anterior da obrigação. Por outro lado, se o 
próprio devedor criou a impossibilidade, ele responderá por perdas e danos. A 
recusa voluntária induz culpa do devedor. Mas a obrigação em si será 
cumprida? Resposta: Depende... Depende do que? Resposta: Depende se esta 
obrigação de fazer é fungível ou infungível. Vejamos. 
Espécies: 
• Obrigação de Fazer Fungível – lembrem-se da aula sobre bens. Fungível 
quer dizer que pode haver a substituição do bem. No caso das obrigações 
quer dizer que a prestação do ato pode ser realizada pelo devedor ou por 
terceira pessoa (ex: obrigação de pintar um muro – em tese qualquer 
pessoa pode pintar um muro, por isso é uma obrigação fungível). Se 
houver recusa ou mora (que é o atraso, a demora) no cumprimento da 
obrigação, sem prejuízo da cabível ação de indenização por perdas e danos, 
o credor pode mandar executar o serviço à custa do devedor. O credor está 
interessado no resultado da atividade do devedor, não se exigindo 
capacidade especial deste para realizar o serviço. Trata-se da aplicação do 
art. 249 do Código Civil e dos arts. 633 e 634 do Código de Processo Civil. 
• Obrigação de Fazer Infungível – a prestação só pode ser executada pelo 
próprio devedor ante a natureza da prestação (aptidões ou qualidades 
 
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especiais do devedor) ou disposição contratual; não há a possibilidade de 
substituição da pessoa que irá cumprir a obrigação, pois esta pessoa, 
contratualmente falando, é insubstituível. Exemplo: contrato um artista 
famoso para pintar um quadro; ou um cirurgião especialista para realizar 
uma operação, ou um advogado de renome para fazer um Júri, etc. A 
obrigação de fazer infungível também é chamada de prestação 
personalíssima ou intuitu personae. 
A recusa ao cumprimento da obrigação resolve-se, tradicionalmente, em 
perdas e danos (art. 247, CC), pois não se pode constranger fisicamente o 
devedor a executá-la. No entanto, atualmente, admite-se a execução 
específica da obrigação. Isto é, pode ser imposta pelo Juiz (e somente 
pelo Juiz), uma multa periódica (chamada de astreinte – trata-se de mais 
uma expressão criada pela doutrina e que não está prevista no Código, mas 
que pode cair em concursos; aliás, já vi este termo cair em diversas 
provas, porém em Processo Civil). 
Astreinte é uma expressão francesa. Deriva do latim astringere ou ad 
stringere, que significa compelir, sujeitar, obrigar. Trata-se de uma coerção em 
sentido econômico para que alguém cumpra determinada obrigação imposta em 
uma decisão judicial. Em outras palavras, trata-se da multa judicial, 
geralmente diária (também chamada de multa cominatória). Lembrando que 
este é um tema do Direito Processual Civil e não do Direito Civil, propriamente 
dito. Mas como já vi cair em concursos e sempre alguém me pergunta algo 
sobre ele, vamos falar um pouquinho deste instituto. Podemos conceituá-lo com 
sendo uma penalidade imposta ao devedor, mediante ação judicial (daí ser 
processual civil), consistente em uma prestação periódica, que vai sendo 
acrescida enquanto a obrigação não é cumprida, ainda que não haja no contrato 
a cláusula penal (ou seja, a multa contratual). Está previsto no art. 461 e seu 
§4º do CPC (vejam também os arts. 287, 644 e 645 do CPC). Exemplo – Você 
deseja que alguém faça um determinado serviço (pintar um quadro) e ela, 
apesar de aceitar a obrigação, não faz o que deveria fazer. Você entra com uma 
ação judicial em face desta pessoa. O Juiz concede um prazo razoável para o 
devedor cumpra a obrigação. Não o fazendo deverá pagar multa diária até o 
seu cumprimento. Atualmente há a possibilidade do Juiz fixar astreinte na 
obrigação de fazer, não fazer e também na obrigação de dar coisa certa. Esta é 
uma conclusão retiradados artigos 461-A e seu §3o e 621, parágrafo único, do 
C.P.C. em vigor. Tal regra, segundo a melhor doutrina, não vale para a 
obrigação de dar coisa incerta, para a obrigação de pagar quantia em dinheiro e 
para a obrigação de restituir dívida em dinheiro. Isso por falta de previsão legal 
no caso concreto. 
O inadimplemento de emitir declaração de vontade no caso de um 
compromisso de compra e venda dá ensejo à propositura de ação de 
adjudicação compulsória. A expressão adjudicação provém do vocábulo latino 
adjucare, que significa transferir algo do patrimônio do devedor para o do 
credor por meio de uma sentença. A decisão judicial supre a vontade da parte 
inadimplente, tendo o mesmo efeito da declaração omitida, satisfazendo-se, 
assim, a obrigação de fazer. Exemplo clássico: Comprei a casa de Alfredo. 
 
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Assinamos um compromisso de compra e venda onde eu me comprometi a 
pagar a importância em 10 prestações. Cumpri minha parte no acordo. Agora 
precisamos ir ao Cartório de Notas para lavrar a escritura. Porém Alfredo 
sempre alega uma “desculpa” para não realizar tal ato... Um dia, perco a 
paciência com a situação e ingresso com uma ação de obrigação de fazer: exijo 
que Alfredo vá ao Tabelionato para lavrar a escritura e peço astreinte do caso de 
não cumprimento. No caso de Alfredo continuar se recusando o Juiz, além de 
condená-lo (inclusive com astreintes), ainda pode dar uma ordem ao cartório, 
suprindo a vontade de Alfredo e possibilitando o registro do imóvel para fins de 
transmissão da propriedade. 
Resumindo – inadimplemento da obrigação de fazer 
A) Sem culpa do Devedor → extinção da obrigação sem qualquer 
indenização (volta-se tudo ao estado anterior). 
B) Com culpa do Devedor: 
1) Obrigação fungível → credor manda a obrigação ser realizada 
por terceiro e executa o devedor inicial, ressarcindo-se pelas despesas no 
cumprimento da obrigação, mais perdas e danos. 
2) Obrigação não-fungível (infungível) – situações: 
a) indenização por perdas e danos (Direito Civil). 
b) ação judicial requerendo o cumprimento da obrigação 
(Direito Processual Civil) – imposição de astreinte. Em algumas 
situações → adjudicação compulsória. 
Observação: 
A diferença entre a obrigação de dar e fazer repousa no fato de que na 
obrigação de dar o devedor não precisa fazê-la previamente, enquanto na 
obrigação de fazer o devedor deve confeccionar a coisa para depois entregá-la. 
Além disso, na obrigação de dar, que requer a tradição, a prestação pode ser 
fornecida por terceiro, estranho aos interessados, enquanto na obrigação de 
fazer, em princípio, o credor pode exigir que a prestação seja realizada 
exclusivamente pelo devedor. 
III – OBRIGAÇÃO NEGATIVA DE NÃO FAZER (arts. 250/251, CC) 
Obrigação de não fazer é aquela pela qual o devedor se compromete a não 
praticar certo ato que até poderia livremente praticar se não houvesse se 
obrigado. Seu conteúdo é uma abstenção, um ato negativo. Exemplo: 
proprietário se obriga a não construir um muro acima de certa altura para não 
obstruir a visão do vizinho; inquilino se obriga a não trazer animais domésticos 
para o cômodo alugado, etc. Se praticar o ato que se obrigou a não praticar, 
tornar-se-á inadimplente e o credor poderá exigir o desfazimento do que foi 
realizado, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado pelas 
perdas e danos. Em caso de urgência o credor pode desfazer ou mandar 
 
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desfazer independentemente de autorização judicial. Há casos, porém, em que 
não é possível o desfazimento, restando somente o caminho da indenização. 
Exemplo: pessoa se obriga a não revelar um segredo industrial. A obrigação de 
não fazer é sempre uma obrigação pessoal e só pode ser cumprida pelo próprio 
devedor (personalíssima e indivisível). 
IV – OBRIGAÇÕES QUANTO A SEUS ELEMENTOS 
Trata-se de outra espécie de classificação das Obrigações. Aconselho 
neste momento a voltarem ao gráfico fornecido atrás sobre a classificação geral 
das obrigações apenas para melhor situar a presente matéria. No tocante a esta 
classificação as obrigações podem ser divididas em: 
1 – OBRIGAÇÕES SIMPLES (ou singulares) – São as que se apresentam 
com um sujeito ativo, um sujeito passivo e um único objeto, destinando-se a 
produzir um único efeito. É bem simples = um credor, um devedor e um 
objeto. Exemplo: “A” empresta para “B” a quantia de cem reais. Só isso! Por 
causa de sua simplicidade, é muito raro cair em um concurso. 
2 – OBRIGAÇÕES COMPOSTAS (complexas ou plurais) – São as que 
apresentam uma pluralidade de objetos (obrigações cumulativas ou 
alternativas) ou uma pluralidade de sujeitos (obrigações solidárias – ativa ou 
passiva). Vamos falar das duas situações: 
a) OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS (ou conjuntivas) – São as compostas 
pela multiplicidade de prestações; o devedor deve entregar dois ou mais 
objetos, decorrentes da mesma causa ou do mesmo título (ex: obrigação de dar 
um carro e um apartamento). O inadimplemento de uma prestação envolve o 
descumprimento total da obrigação; o devedor só se desonera dela cumprindo 
todas as prestações. Lembrando das aulas que tive de português: o “e”, neste 
caso, funciona como uma conjunção coordenativa sindética aditiva. 
b) OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (ou disjuntivas – arts. 252/256, CC) – 
Também são compostas pela multiplicidade de prestações, porém estas estão 
ligadas pela disjuntiva “ou”, podendo haver duas ou mais opções. O devedor se 
desonera com o cumprimento de qualquer uma das prestações. Deve-se 
entregar uma coisa ou outra. Neste caso o “ou” funciona como uma conjunção 
coordenativa alternativa sindética. Exemplo: obrigo-me a entregar um touro ou 
dois cavalos. A finalidade da prestação alternativa é dar maior liberdade de 
escolha ao devedor, aumentando as garantias e as perspectivas de cumprimento 
da obrigação para o credor. Todavia o devedor não pode obrigar o credor a 
recebe parte de uma prestação e parte de outra. Sua opção deve ser total, salvo 
se se tratar de prestações periódicas nas quais se admite a renovação da opção 
para cada período. Exemplo: entrega mensal alternativa de determinados 
alimentos ou de certa quantia em dinheiro. 
Nas obrigações alternativas, a escolha, em regra, pertence ao 
devedor, se o contrário não for estipulado no contrato. Comunicada a escolha
 
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(lembrem-se que o ato de escolha também é chamado de “concentração”), não 
se pode mais modificar o objeto. Se uma das prestações não puder ser objeto 
de obrigação, ou se tornar inexequível, subsistirá o débito quanto à outra. 
Exemplo: devo entregar um touro ou quatro cavalos; o touro morreu sem culpa 
das partes; deve-se então cumprir a obrigação que restou: a entrega dos 
cavalos. Se a impossibilidade for de todas as prestações (sem que haja culpa do 
devedor), resolve-se (extingue-se) a obrigação, sem que haja o dever de 
indenização. E se houver culpa do devedor? Neste caso, depende: Se a escolha 
cabia ao devedor, ficará ele obrigado a pagar o valor da que por último se 
impossibilitou (mais perdas e danos). Mas se a escolha pertencia ao credor, 
pode ele (credor) exigir o valor de qualquer das prestações (mais perdas e 
danos).O Código Civil não dispõe sobre a decadência do direito de escolha. Tal 
disposição está prevista no art. 571 do CPC: “Nas obrigações alternativas, 
quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e 
realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi 
determinado em lei, no contrato, ou na sentença. §1o - Devolver-se-á ao credor 
a opção se o devedor não a exercitou no prazo marcado”. 
c) OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS – A obrigação inicialmente é simples 
(há apenas uma prestação), mas há a possibilidade (faculdade) para o devedor 
em substituir o objeto da obrigação. Não é prevista expressamente na lei, sendo 
uma variante de obrigação alternativa, aceita plenamente pela doutrina (vi cair 
recentemente em um concurso). Difere da alternativa, pois nesta há diversas 
prestações na obrigação, enquanto na facultativa a obrigação é de prestar 
determinado fato, havendo uma possibilidade de substituição da prestação 
para o devedor. Na alternativa a impossibilidade em relação a uma prestação 
importa em obrigação de cumprir a outra. Exemplo: agência de viagens que 
oferece determinado brinde, mas se reserva no direito de substituí-lo por outro. 
Outro exemplo: o art. 1234, CC estabelece para o proprietário da coisa perdida 
a obrigação de pagar a quem achou a coisa uma recompensa mínima de 5% 
mais indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e 
transporte da coisa. Todavia o mesmo dispositivo permite o simples abandono 
da coisa perdida. Assim, o proprietário pode, ao invés de pagar o que deve, 
simplesmente abandonar a coisa. A doutrina também costuma chamá-la de 
obrigação com faculdade de solução ou com faculdade de substituição, por 
serem termos mais técnicos. 
d) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS (arts. 264 a 285, CC) – Ocorrem 
quando há pluralidade de credores ou devedores (ou de ambos), sendo que eles 
têm direitos e/ou obrigações pelo total da dívida. Havendo vários devedores 
cada um responde pela dívida inteira, como se fosse um único devedor. O 
credor pode escolher qualquer um e exigir a dívida toda. Mas se houver vários 
credores, qualquer um deles pode exigir a prestação integral, como se fosse 
único credor (art. 264, CC). Nota-se, portanto, três espécies de obrigações 
solidárias (também chamadas de in solidum): 
 
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: na conta • Solidariedade Ativa – Pluralidade de credores. Exemplo 
bancária “e/ou” qualquer correntista é credor solidário dos valores 
depositados, podendo movimentar a conta exigir do banco a entrega de 
todo o numerário. Outro exemplo: mandato outorgado a vários 
advogados, sendo que qualquer um deles poderá exigir os honorários 
integralmente do cliente. Notem que o art. 2o da lei de locações (Lei n° 
8.245/91) estabelece que “havendo mais de um locador ou mais de um 
locatário, entende-se que são solidários se o contrário não se 
estipulou”. 
: o • Solidariedade Passiva – Pluralidade de devedores. Exemplo 
credor pode demandar tanto o devedor principal, como o seu avalista, 
pois ambos são devedores solidários. Exemplo de solidariedade passiva 
decorrente de lei: art. 585, CC: “Se duas ou mais pessoas forem 
simultaneamente comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente 
responsáveis para com o comodante”. O próprio art. 2o da Lei de 
Locação fornece outro exemplo. 
• Solidariedade Mista (ou recíproca) – Neste caso há uma pluralidade 
de devedores e de credores. 
 
Tanto a solidariedade ativa, quanto a passiva, possuem algumas regras 
especiais de aplicação. Devido a sua importância, vamos estudá-las de forma 
separada. 
1) SOLIDARIEDADE ATIVA 
Aplicam-se as seguintes regras na Solidariedade Ativa: 
• cada um dos credores pode exigir a prestação por inteiro (art. 267, CC). 
Ou seja, devedor não pode pretender pagar a dívida ao credor 
demandante de forma parcial (apenas a sua quota-parte), sob a alegação 
de que deveria ratear a quantia entre todos os credores. Ele deve pagar 
tudo a quem lhe exigir a prestação. 
• cada um dos credores poderá promover medidas assecuratórias do direito 
do crédito e constituir o devedor em mora (vamos analisar este tema 
melhor logo adiante), sem o concurso dos demais credores. 
• qualquer cocredor poderá ingressar em juízo visando a satisfação 
patrimonial; mas só poderá executar a sentença o próprio credor-autor, e 
não outro estranho à lide. 
• se um dos credores se tornar incapaz, este fato não influenciará a 
solidariedade prevista. 
Regra básica – Isso é muito importante!! Vejo a frase seguinte cair 
com muita frequência nos concursos: 
“A solidariedade não se presume, resultando da lei ou da 
vontade das partes” (art. 265, CC). 
 
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• enquanto não for demandado por algum dos cocredores, o devedor pode 
pagar a qualquer um (art. 268, CC). 
• o pagamento feito a um dos credores extingue inteiramente a dívida (art. 
269, CC), o mesmo ocorrendo em caso de novação, compensação e 
remissão (estes temas também serão vistos ainda hoje, logo adiante). 
• a conversão da prestação em perdas e danos não extingue a 
solidariedade; ela continua existindo para todos os efeitos (art. 271, CC). 
Os juros de mora revertem em proveito de todos os credores. 
• o credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento 
responde aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC). 
• o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, 
entretanto o julgamento favorável aproveita-lhes, exceto se baseado em 
exceção pessoal ao credor que o obteve (art. 274, CC). Lembrem-se que a 
expressão “exceção” foi usada para se referir aos meios de defesa (caso 
tenha alguma dúvida, releiam a aula sobre Fatos e Atos Jurídicos – 1a
Parte – Prescrição e Decadência – art. 190, CC). O dispositivo em questão 
quer dizer que se uma ação entre um dos credores solidários e o devedor 
for julgada procedente, esta decisão é extensível aos demais credores 
(isto porque satisfaz o interesse dos demais credores solidários, sem 
causar prejuízo injustificado ao devedor, pois ele teve oportunidade de se 
defender no primeiro processo); no entanto se este credor perdeu a 
demanda esta decisão não é extensiva aos demais credores solidários 
(evitando-se, assim, que estes sejam afetados pela inépcia ou pouca 
diligência do credor acionante na condução do processo – ou mesmo 
evitando-se um possível conluio do credor perdedor da ação e o devedor). 
• não importará renuncia à solidariedade a propositura de ação pelo credor 
contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único, CC). 
Extinção: 
• Se os credores desistirem dela (da solidariedade) pactuando que o 
pagamento da dívida será pro rata (ou seja, por rateio), cada credor será 
responsável por sua quota. 
• Se um dos credores falecer seu crédito passará a seus herdeiros sem a 
solidariedade. Estes terão direito apenas à quota do crédito correspondente 
ao seu quinhão hereditário (salvo se a prestação for indivisível – ex: 
entregar um cavalo). 
2) SOLIDARIDADE PASSIVA 
Aplicam-se as seguintes regras na Solidariedade Passiva: 
• o credor pode escolher qualquer devedor para cumprir a prestação; pode 
exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente 
o valor da dívida comum; se o pagamento for parcial, mantém-se a 
solidariedade passiva quanto ao remanescente (art. 275, CC). 
 
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• morrendo um dos devedores, a dívida se transmite aos herdeiros, mas 
cada herdeiro só responde por sua quota da dívida, salvo se indivisível a 
obrigação; neste caso, todos os herdeiros reunidos são considerados como 
um devedor solidário em relação aos demais devedores (art. 276, CC). 
• o pagamento parcial feito por um devedor ou a remissão (perdão da 
dívida) obtida só aproveitam aos demais devedores pelo valor pago ou 
relevado (art. 277, CC). 
• nenhuma cláusula estipulada entre um devedor e o credor pode agravar a 
situação dos demais devedores, sem o consentimento deles (art. 278, 
CC). 
• impossibilitando-se a prestação: a) sem culpa dos devedores → extingue a 
obrigação; b) por culpa de um devedor → a solidariedade continua para 
todos; todos os devedores continuam com a obrigação e responderão pelo 
equivalente em dinheiro; mas só o devedor culpado responderá pelas 
perdas e danos (art. 279, CC). 
• todos os devedores respondem pelos juros de mora, ainda que a ação 
tenha sido proposta contra um, mas o culpado responde aos outros pelo 
acréscimo (art. 280, CC). 
• propondo a ação contra um devedor, o credor não fica inibido de acionar 
os demais, não importando renúncia. (art. 275, parágrafo único, CC). 
• o devedor demandado pode opor as exceções (formas de defesa) pessoais 
e as comuns a todos; porém não pode opor as pessoais de outro devedor 
(art. 281, CC). Exemplo: A e B devem para C. No entanto C também deve 
para B. Por este dispositivo, somente B pode alegar a compensação, pois 
esta é considerada como uma "exceção pessoal". E continuando: B não 
pode alegar a eventual compensação entre A (o outro devedor) e C, pois 
esta é uma exceção pessoal de A e não de outro devedor. 
• se o credor renunciar à solidariedade em favor de um ou de alguns 
devedores, só poderá acionar os demais abatendo o valor do débito a 
parte ou àqueles correspondentes, entretanto, se um dos co-obrigados for 
insolvente, o rateio da obrigação atingirá também o exonerado da 
solidariedade (art. 282, parágrafo único, CC). 
• o devedor que paga toda a dívida tem o direito de regresso, isto é, pode 
exigir a quota dos demais devedores, rateando-se entre todos o quinhão 
do insolvente, se houver; presumem-se iguais as partes de cada devedor; 
essa presunção admite prova em contrário (juris tantum - art. 283, CC). 
• se a dívida interessa apenas a um dos devedores, responde este perante o 
qual a paga. Exemplo: avalista que paga uma nota promissória; como 
garantidor da obrigação, ele deve ser reembolsado pelo total pago; neste 
caso não se fala em quotas (art. 285, CC). 
Extinção 
• Morrendo um dos codevedores, desaparece a solidariedade em relação a 
seus herdeiros, embora continue a existir quanto aos demais coobrigados. 
 
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• Renúncia total do credor – a obrigação solidária se transforma em 
fracionária: cada devedor responde apenas pela sua quota. 
Observações 
1) Se um devedor solidário for demandado sozinho em um processo de 
conhecimento, não se eximirá de pagar a dívida que está sendo cobrada. No 
entanto poderá trazer os demais devedores a este processo, utilizando-se do 
instituto conhecido como “chamamento ao processo”. Trata-se de um 
incidente processual pelo qual o devedor demandado chama, para integrar o 
mesmo processo, os demais coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los 
também responsáveis pelo resultado do feito. É uma forma de intervenção de 
terceiros em um processo a fim de que a sentença disponha sobre a 
responsabilidade de todos os envolvidos. Assim, o devedor já obtém sentença 
que pode ser executada contra os demais codevedores. Este instituto 
(chamamento ao processo), na verdade é matéria de Direito Processual Civil 
(art. 77 do Código de Processo Civil). Estamos apenas fornecendo ao aluno 
uma visão do que um devedor solidário pode fazer para que os outros 
devedores sejam responsabilizados. 
2) Observem uma decisão interessante do Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal: “A solidariedade não se presume, decorre da lei ou da vontade das 
partes no negócio jurídico, conforme estipula o art. 265, CC. Assim, não há 
solidariedade passiva em acidente de trânsito provocado por taxista, 
vinculado à rádio-táxi por meio de contrato, quando não constar no pacto 
celebrado, cláusula instituindo a responsabilidade discutida, mormente 
quando a solidariedade não restar sugerida pelo conjunto da regulamentação” 
(TJ/DF, 6a Turma Cível - Rel. Des. João Batista Teixeira). 
V – OUTRAS IMPORTANTES MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO 
A) Obrigações quanto ao Conteúdo (de resultado, meio ou garantia). 
1) Obrigações de Resultado (ou de fim) – Quando só se considera 
cumprida com a obtenção de um resultado, geralmente oferecido pelo próprio 
devedor. Exemplo: contrato de transporte (levar o passageiro a seu destino são 
e salvo); a doutrina também costuma citar o exemplo do médico especialista em 
“cirurgia plástica-estética”. Na obrigação de resultado o devedor responde 
independentemente de culpa (há, portanto, responsabilidade objetiva). Porém, é 
possível a demonstração de que o resultado não foi alcançado por fator alheio à 
atuação do devedor (ex: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva do credor, 
etc.). 
2) Obrigações de Meio (ou de diligência) – Quando o devedor só é 
obrigado a empenhar-se para conseguir o resultado, mesmo que este não seja 
alcançado. Se o resultado visado não for alcançado só poderá ser considerado o 
inadimplemento do devedor se se provar a sua falta de diligência (ou seja, a sua 
culpa – responsabilidade subjetiva). Exemplo: o ato do advogado em defender 
 
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os interesses de um cliente. Ele deve empregar seus conhecimentos e se 
esforçar ao máximo para ganhar a causa; mas nem sempre ganha a ação. 
Portanto ele não se obriga a vencer a causa, mas trabalhar com empenho para 
ganhá-la. E, mesmo não vencendo a ação faz jus aos honorários advocatícios. 
O mesmo ocorre com um médico para salvar a vida de um paciente. 
3) Obrigações de Garantia – seu objetivo é uma estipulação em um 
contrato de uma garantia pessoal (ex: fiança). 
B) Obrigações quanto à Divisibilidade 
1) Obrigações Divisíveis (art. 257, CC) – São as que comportam 
fracionamento (cumprimento parcial), quer quanto à prestação, quer quanto ao 
próprio objeto sem prejuízo de sua substância ou de seu valor. Havendo 
pluralidade de credores ou devedores será feito um rateio (ou concurso) entre 
eles (“as partes se satisfazem pelo concurso”). 
2) Obrigações Indivisíveis (art. 258 CC) – São aquelas em que a 
prestação é única, só podendo ser cumprida por inteiro. Devido à convenção das 
partes (ex: pagamento à vista) ou, dada a natureza do objeto (ex: um cavalo, 
um touro), não admitem cisão na prestação. Ainda que o objeto seja divisível 
(ex: dinheiro), não pode o credor ser obrigado a receber em partes, se assim 
não se ajustou. No entanto os autores costumam dizer que na verdade, o que é 
divisível ou indivisível não é a obrigação em si, mas a prestação. E a relevância 
jurídica desta classificação só ocorre quando há uma pluralidade de credores 
e/ou devedores. Havendo apenas um credor e um devedor as obrigações são 
em regra indivisíveis, pois o credor não é obrigado a receber pagamentos 
parciais (salvose outra coisa foi estipulada no contrato). 
Atenção quanto a esta espécie de obrigação!! Este tema é uma das 
maiores incidências em concursos públicos. O examinador gosta muito de exigi-
la, pois pode confundir com a obrigação solidária (já analisada anteriormente). 
Por este motivo citamos abaixo algumas regras especiais quanto à 
indivisibilidade. Mais adiante daremos um exemplo clássico, que vem caindo 
muito nos exames. 
Regras aplicáveis às obrigações indivisíveis: 
• Havendo dois ou mais devedores cada um será obrigado pela dívida toda. O 
devedor que paga a dívida inteira sub-roga-se no direito do credor, havendo 
ação de regresso em relação aos demais coobrigados. 
• Havendo pluralidade de credores, o devedor (ou devedores) somente se 
desobrigará pagando a todos conjuntamente ou a um dos credores, dando 
este caução (garantia) de ratificação dos outros credores. 
• Caso somente um dos credores receba toda a dívida, os demais poderão 
exigir deste a parte que lhes cabia. 
• No caso de remissão (perdão) por parte de um dos credores, a obrigação não 
ficará extinta em relação aos demais, que poderão exigir as suas quotas, 
descontada a parte remitida. 
 
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• Não cumprida a obrigação ou se o objeto vier a perecer por culpa dos 
devedores, surge a responsabilidade, que se reveste a forma de indenização 
(o equivalente em dinheiro mais perdas e danos). A obrigação passa a ser 
divisível. Cada um dos devedores será responsável apenas pela sua quota. 
Sendo a culpa de um só, este responderá pelas perdas e danos. 
• As obrigações de dar e fazer podem ser divisíveis ou indivisíveis. Já as de não 
fazer somente podem ser indivisíveis. 
Exemplo Clássico – Imaginem que “A” e “B” se obrigam a entregar a “C” 
um touro reprodutor, premiado em exposições. Esta é uma obrigação divisível 
ou indivisível? É indivisível, claro! Pois um touro reprodutor não pode ser 
dividido, dada a sua natureza. E a obrigação de entregar o touro é solidária? 
Como vimos anteriormente, a solidariedade não se presume! Ela deve estar 
expressa na lei ou no contrato (vontade das partes). Como a pergunta nada 
menciona sobre a solidariedade, devemos entender que a obrigação é apenas 
indivisível (e não solidária). Desta forma, se o examinador deseja perguntar 
algo sobre a solidariedade, deve deixar isto bem claro na questão. Confiram os 
testes sobre o assunto no final da aula. E se o touro morrer antes da entrega, 
por culpa do devedor? Como vimos, a obrigação de entregar o touro que morreu 
será substituída pela indenização (dinheiro – que é divisível) e por tal motivo a 
obrigação passará a ser divisível. 
Diferenças básicas entre a solidariedade e a indivisibilidade 
a) Na indivisibilidade, se ocorrer a conversão em dinheiro, ela deixa de 
existir (a obrigação passa a ser divisível). No entanto se a obrigação é solidária 
e a coisa pereceu, a solidariedade continua. Exemplo: boi (objeto de uma 
obrigação solidária) morreu; neste caso a obrigação se transforma em dinheiro; 
o credor continua com a possibilidade de exigir a quantia integral de qualquer 
um dos devedores. No entanto, neste caso, as perdas e danos só podem ser 
exigidas do culpado pelo perecimento do objeto, conforme os arts. 271 e 279, 
CC. 
b) A solidariedade está baseada em relação jurídica subjetiva , resultante 
da lei ou da vontade das partes, trazendo maior garantia ao credor; já a 
indivisibilidade está baseada em relação jurídica objetiva, em razão da natureza 
indivisível do objeto da prestação. 
c) A solidariedade cessa com a morte, não se transmitindo aos 
sucessores; já uma obrigação indivisível se transmite aos sucessores como tal 
(ou seja, a obrigação, mesmo com a morte de um dos contratantes, não se 
desnatura, continua sendo indivisível). 
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
Embora haja menor incidência em concursos públicos, é interessante 
mencionar outras maneiras de se classificar as obrigações. Vejamos: 
A) QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS 
 
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1) Obrigações Puras e Simples – são as que não estão sujeitas a 
nenhum elemento acidental, como a condição, o termo ou o encargo. 
2) Obrigações Condicionais – são as que contêm cláusula que 
subordina seu efeito a evento futuro e incerto. Podem ser suspensivas (há uma 
expectativa de direito) ou resolutivas (perdem a eficácia quando implementada 
a condição). 
3) Obrigações a Termo – são aquelas que contêm cláusula que 
subordina seu efeito a evento futuro e certo. 
, um ônus à 4) Obrigações Modais – são as oneradas de um encargo 
pessoa contemplada pela relação jurídica (ex: dou-lhe dois terrenos, mas em 
um deles deve ser construída uma escola). 
B) QUANTO À INDEPENDÊNCIA 
1) Obrigações Principais – são as que independem de qualquer outra 
para ter validade (ex: compra e venda, locação, etc.). 
2) Obrigações Acessórias – são as que têm sua existência subordinada 
a outra relação jurídica (ex: a fiança é uma obrigação acessória em relação ao 
contrato de locação; da mesma forma a multa contratual é acessória em relação 
a uma obrigação qualquer, etc.). A extinção, ineficácia, nulidade ou prescrição 
da obrigação principal reflete-se na acessória. Lembre-se da regra segundo a 
qual o acessório segue a sorte do principal (princípio da gravitação jurídica). O 
inverso, porém, não é verdadeiro, pois se houver algum vício na obrigação 
acessória, em nada afetará a principal. 
C) QUANTO À LIQUIDEZ 
1) Obrigações Líquidas – São aquelas certas quanto à existência e 
determinadas quanto ao objeto. Exemplos: entregar uma casa; entregar 
R$1.000,00, etc. Nelas se acham especificadas, de modo expresso, a 
quantidade, a qualidade e a natureza do objeto devido. O inadimplemento de 
obrigação positiva e líquida constitui o devedor em mora (falaremos dela ainda 
nesta aula). 
2) Obrigações Ilíquidas – São aquelas incertas quanto à sua 
quantidade; dependem de uma apuração prévia, posto que o montante da 
prestação ainda é indeterminado. O exemplo clássico deste tipo de obrigação é a 
sentença penal condenatória com trânsito em julgado (ou seja, não cabe mais 
nenhum recurso). Um Juiz criminal condenou uma pessoa pelo crime, digamos, 
de lesão corporal. A vítima deste crime, com base na sentença criminal que lhe 
foi favorável, já pode ingressar com uma ação cível de reparação de dano. 
Ocorre que ainda não existe um valor exato a ser cobrado. Assim, quando o 
montante da prestação for incerto ou indeterminado, não podendo ser expressa 
por um algarismo ou uma cifra, a obrigação é chamada de ilíquida. Para que a 
obrigação ilíquida seja cobrada, é necessário que antes seja tornada líquida 
(certa e determinada). Sem a liquidação o credor não terá como executar seu 
crédito. Para transformar uma obrigação ilíquida em líquida, mister se faz que 
haja uma apuração antecipada. Esta apuração realiza-se através de liquidação 
 
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de sentença que fixa o respectivo valor, em moeda corrente, a ser pago ao 
credor. A liquidação das obrigações pode ser realizada por convenção das 
partes, por disposição legal ou de forma judicial (que é a mais comum na 
prática). O processo deve ser movido no Juízo Cível. Tornando-se líquida a 
obrigação, ingressa-secom a ação principal e executa-se a obrigação no Juízo 
Cível. 
D) QUANTO AO MOMENTO PARA O CUMPRIMENTO 
1) Obrigações Instantâneas – são as que são cumpridas no momento 
em que o negócio é celebrado (ex: compra e venda à vista). 
2) Obrigações Fracionadas – quando o objeto do pagamento é 
fracionado em prestações. A obrigação de pagar o preço é uma só, mas a 
execução de cada uma delas é feita ao longo do tempo (ex: compro um terreno 
por 10 mil, pagando mil por mês, durante dez meses). 
3) Obrigações Diferidas – quando a execução é realizada por um único 
ato, em momento posterior ao surgimento da obrigação (ex: compra e venda 
com pagamento à vista, mas a entrega da coisa se dará em 30 dias). 
4) Obrigações de trato sucessivo (ou periódicas ou execução 
continuada) – são as que se resolvem em intervalos de tempo (regulares ou 
não). Exemplo: compra e venda a prazo ou em prestações periódicas; obrigação 
do inquilino em pagar aluguel; do condômino em pagar as despesas 
condominiais. Quando uma parcela é paga a obrigação está quitada. Mas neste 
instante inicia-se a formação de outra prestação que deverá ser paga no fim do 
próximo período. 
Além de todas estas espécies de obrigações, a doutrina ainda acrescenta outras: 
Obrigações Propter Rem – são obrigações híbridas, ou seja, parte 
direito real, parte direito pessoal. Melhor explicando: elas recaem sobre uma 
pessoa (daí ser um direito pessoal), mas por força de um direito real (como por 
exemplo, a propriedade). Exemplos: obrigação de um proprietário de não 
prejudicar a segurança, sossego e saúde dos vizinhos; a do condômino de 
contribuir para a conservação da coisa comum ou de não alterar a fachada 
externa do edifício; adquirente de imóvel hipotecado de pagar o débito que o 
onera, etc. Um exemplo muito comum e mais visado em concursos é o do 
condômino que, devendo contribuições condominiais, vende sua unidade; a 
pessoa que adquiriu o apartamento não devia nada ao condomínio, mas quando 
se torna proprietário assume as dívidas do bem, inclusive as contribuições 
passadas e não pagas pelo antigo proprietário (art. 1.345, CC). O adquirente, no 
entanto, tem direito de regresso contra o alienante. Trata-se, portanto de 
obrigação que acompanha a coisa (daí real, “res” = coisa). Vai aqui um conselho 
de ordem prática, para nosso dia-a-dia. Se você for comprar um apartamento, 
exija do vendedor uma declaração do síndico do prédio de que ele (vendedor) 
está quite com as obrigações condominiais. Essa simples declaração pode evitar 
grandes dissabores no futuro... 
 
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Obrigações Naturais (também chamadas de imperfeitas ou 
incompletas) – são aquelas em que o credor não pode exigir judicialmente a 
prestação do devedor; não há direito de ação para isso, por lhe faltar a garantia, 
a sanção. No entanto, em caso de pagamento por parte do devedor capaz, é 
considerado válido e irretratável. Exemplo: dívida prescrita (já vimos isso: se 
alguém pagar uma dívida prescrita, valeu o pagamento); dívidas resultantes de 
jogo e apostas não permitidas legalmente (arts. 814 e 815, CC – trata-se da 
mesma regra: não é obrigatório o pagamento de dívida do jogo; mas se alguém 
a pagar... valeu); mútuo feito a menor sem a prévia autorização daquele sob 
cuja guarda estiver, etc. 
CLÁUSULA PENAL (arts. 408/416, CC) 
Cláusula Penal é a penalidade imposta expressamente no contrato pela 
inexecução culposa, parcial ou total da obrigação (infração contratual), ou 
pela mora (atraso ou demora) no cumprimento da obrigação. É pactuada pelas 
partes no caso de violação do contrato, motivo pelo qual é também chamada de 
multa contratual (ou pena convencional). Trata-se de obrigação acessória 
que visa garantir o cumprimento da obrigação principal, bem como fixar o valor 
de eventuais perdas e danos em caso de descumprimento. Pode ser estipulada 
no próprio contrato ou em ato posterior. Para se exigir a pena não é necessário 
que o credor alegue prejuízo; ela decorre do próprio descumprimento do 
contrato. 
Por ser acessória, no caso de nulidade do contrato principal, ela também 
será considerada nula (lembrem-se mais uma vez: o acessório acompanha o 
principal). Mas se somente ela for nula, não atinge o contrato principal. 
Funções: 
• Coerção – intimida o devedor a saldar a obrigação principal para não ter 
que pagar a acessória; possui caráter preventivo, pois reforça o vínculo 
obrigacional. 
• Ressarcimento – pré-fixação das perdas e danos no caso de 
inadimplemento da obrigação; caráter repressivo. 
Espécies. A cláusula penal pode se classificada em: 
• Compensatória – estipulada para a hipótese de total inadimplemento 
(inexecução) da obrigação – art. 410, CC. 
• Moratória – estipulada para evitar o retardamento culposo no 
cumprimento da obrigação ou em segurança especial de outra cláusula 
determinada – art. 411, CC. 
Limite 
O limite da cláusula penal compensatória é o valor da obrigação 
principal (art. 412, CC). Tal valor não pode ser excedido. Se um eventual 
excesso estiver estipulado em um contrato, o Juiz determinará a sua redução. 
Algumas leis limitam ainda mais o valor da cláusula penal moratória. Exemplos: 
10% da dívida ou do valor da prestação em atraso no compromisso de compra e 
 
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venda de imóveis loteados; 02% da dívida em contratos sob a égide do Código 
de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90); 02% da dívida em condomínio 
ício, etc. 
Se houver o cumprimento parcial da obrigação ou se o valor da 
penalidade for manifestamente excessivo o valor pode ser reduzido 
equitativamente pelo Juiz (art. 413, CC - Princípio da Função Social do 
Contrato, que veremos na aula seguinte). 
Cláusula Penal X Perdas e Danos 
Diferem-se porque na cláusula penal o valor é antecipadamente pactuado 
pelos próprios contratantes. Nas perdas e danos o valor será fixado pelo Juiz 
com base nos prejuízos alegados e provados (danos emergentes e/ou lucros 
cessantes). 
Cláusula Penal X Arras 
A cláusula penal somente será exigível em caso de inadimplemento ou 
mora, ou seja, há uma promessa de pagamento se houver inadimplemento ou 
mora. As arras (vamos ver melhor esse assunto sobre arras na próxima aula, 
mas por enquanto fiquemos com um sinônimo de arras → sinal) são pagas de 
imediato, por antecipação, servindo para garantir o cumprimento do contrato. A 
cláusula penal pode ser reduzida pelo Juiz; já o valor das arras pode ser 
pactuado livremente pelas partes. 
Cláusula Penal nas Obrigações Indivisíveis e Divisíveis 
Referindo-se à obrigação indivisível, e existindo mais de um devedor, 
incorrendo um devedor em falta, todos estarão incorrerão na pena (ex: dois 
locatários do mesmo imóvel; se um deles transgredir o contrato, os dois serão 
penalizados). A pessoa que não for culpada terá direito de ação regressiva 
contra o que deu causa à aplicação da pena. 
Referindo-se à obrigação divisível, e existindo mais de um devedor, 
incorrendo apenas um devedor em falta, só ele responde e incorre na pena (ex: 
dois compradores de uma boiada, metade para cada um, atrasando um no 
pagamento quanto a sua quota, somente ele responderá pela penalidade). 
PERDAS E DANOS (arts. 402/405, CC) 
Esta expressão foi e ainda será muita usada na aula de hoje. Perdas e danos 
constituem o equivalente do prejuízo ou dano suportado pelo credor, em virtude 
do devedor não ter cumprido, total ou parcialmente a obrigação, expressando-se em uma soma de dinheiro correspondente ao desequilíbrio sofrido pelo 
lesado. Aquele que causa prejuízo a alguém pelo descumprimento de um 
contrato ou pela prática de um ato ilícito, deve reparar o dano. A indenização 
por perdas e danos abrange: 
• Danos Emergentes (ou Positivos) – trata-se do prejuízo real e efetivo 
no patrimônio de um dos contratantes. 
 
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• Lucros Cessantes (ou frustrados) ou Danos Negativos – trata-se do 
lucro que o contratante deixou de auferir, em razão do descumprimento 
da obrigação pelo devedor. 
Em qualquer das duas situações acima é necessária a comprovação do 
nexo de causalidade entre a inexecução da obrigação pelo devedor e os 
eventuais prejuízos. Em outras palavras: é necessário que haja uma relação de 
causa e efeito entre o fato e os danos sofridos. Além disso, dependendo da 
hipótese, a parte prejudicada ainda pode pleitear os danos morais (art. 5o, 
incisos V e X, CF/88). 
Exemplo clássico: o condutor de um veículo particular abalroa outro 
veículo, dirigido por um taxista. Este pode reclamar não só os danos ocorridos 
em seu veículo (danos emergentes), como aquilo que deixou de ganhar com as 
eventuais “corridas” que faria enquanto seu carro estava na oficina (lucros 
cessantes). 
As perdas e danos também incluem atualização monetária segundo os 
índices oficiais, cláusula penal (se houver previsão no contrato), juros, custas e 
despesas processuais, além dos honorários advocatícios. Os juros de mora 
devem ser contados desde a citação inicial no processo. 
DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES 
Constituída a obrigação, deverá ser cumprida, de modo que o credor 
poderá exigir a prestação e o devedor terá o dever de efetuá-la. 
O Código Civil estabelece algumas regras gerais sobre a extinção das 
obrigações, e sobre as consequências de sua inexecução, que é o 
descumprimento da obrigação ou inadimplemento. 
Regra geral: “A obrigação, não sendo personalíssima, opera 
entre as partes e entre seus herdeiros”. 
Isto quer dizer que, como regra, as obrigações se transferem aos 
herdeiros (ou seja, elas se transmitem aos sucessores em caso de morte do 
devedor), que deverão cumpri-las até o limite das forças da herança, salvo 
quando se tratar de obrigação personalíssima (isto é, contraída em 
atenção às qualidades especiais do devedor). Exemplo: obrigação de um pintor 
famoso que faleceu sem realizar a obra – trata-se de uma obrigação 
personalíssima, posto que ela não se transmite aos seus herdeiros. 
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
As obrigações se extinguem, em regra, pelo seu cumprimento. Com ele o 
sujeito passivo se libera da obrigação. O Código chama esse ato de 
pagamento, ou seja, execução voluntária da obrigação. O pagamento não 
consiste apenas na satisfação de uma obrigação em dinheiro; o conceito de 
pagamento abrange qualquer cumprimento voluntário da obrigação. 
 
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O pagamento pode ser direto ou indireto (ex: dação em pagamento, 
novação, compensação, etc, conforme veremos mais adiante). Além disso, 
também pode ser por via judicial (execução forçada). Finalmente pode haver a 
extinção da obrigação sem pagamento (ex: prescrição, remissão ou perdão, 
implemento de condição ou advento de termo). Vamos fazer aqui um gráfico 
sobre a Extinção das Obrigações e iremos analisar item por item, bem devagar, 
como temos feito desde o início de nossas aulas. 
Extinção das Obrigações
1) Pagamento Direto – Execução Voluntária 
2) Formas Especiais de Pagamento 
a) Pagamento em Consignação 
b) Pagamento com Sub-rogação 
c) Imputação do Pagamento 
3) Pagamento Indireto 
a) Dação em Pagamento 
b) Novação 
c) Compensação 
d) Confusão 
Observação: O atual Código Civil não considera mais a Transação e o 
Compromisso (arbitragem) como formas de pagamento indireto, mas sim 
como contratos típicos ou nominados (arts. 840/850 e 851/853, 
respectivamente). Assim, somente trataremos destes temas em aulas adiante, 
quando o edital exigir expressamente estas modalidades de contratos. 
4) Extinção sem Pagamento 
a) Prescrição 
b) Advento do Termo 
c) Implemento de Condição 
d) Remissão (perdão) 
5) Judicial → Execução Forçada → Processo Civil 
1 – PAGAMENTO DIRETO (arts. 304 e seguintes, CC) 
As obrigações extinguem-se normalmente pelo pagamento direto. 
Pagamento (do latim pacare, que significa apaziguar) é sinônimo de solução, 
cumprimento, adimplemento, implemento, execução, etc. Vejam a quantidade 
de expressões que podem ser usadas pelo examinador para se referir à mesma 
situação. Estas expressões designam o comportamento natural do devedor. 
utiliza-se, também, a expressão “satisfação da prestação”. Mas esta é utilizada 
 
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quando o credor consegue, por meio de uma ação judicial, a venda do 
patrimônio do devedor, a “satisfação” de seu crédito. 
O pagamento ou adimplemento deve ser realizado no tempo, forma e 
lugar previstos no contrato. São requisitos essenciais para caracterizar o 
pagamento: 
a) existência de um vínculo obrigacional – decorrente da lei ou de um 
negócio jurídico, pois o pagamento pressupõe a existência de uma dívida. 
b) animus solvendi – intenção de solver (pagar), pois o pagamento é 
execução voluntária. 
c) prestação exata do que é devido – exonera-se da obrigação entregando 
efetivamente a coisa devida (obrigação de dar) ou praticando determinada 
ação (obrigação de fazer) ou abstendo-se de certo ato (obrigação de não 
fazer). 
d) presença da pessoa que efetua o pagamento (solvens) e da pessoa que 
recebe o pagamento (accipiens). 
É interessante deixar claro que somente terá eficácia o pagamento que 
importa transmissão de propriedade, quando feito por pessoa capaz para 
alienar a coisa. Vejamos agora os elementos que compõe o Pagamento: 
A) SOLVENS – É a pessoa que deve pagar; geralmente trata-se do 
próprio devedor, salvo se a obrigação for personalíssima. Os herdeiros do 
devedor se substituem ao falecido em todas as vantagens e deveres de caráter 
patrimonial, até o limite das forças da herança. Qualquer pessoa pode pagar 
uma dívida sua ou de outrem. Por isso o pagamento também pode ser realizado 
por outras pessoas que não o devedor propriamente dito. Assim, podem 
efetuar o pagamento, além do devedor: 
• Qualquer pessoa interessada na extinção da dívida. Trata-se, 
evidentemente de um interesse jurídico patrimonial. O “interesse” é usado 
em sentido técnico. Ou seja, qualquer pessoa que pode ser 
responsabilizada pelo débito. O exemplo clássico é o do fiador que acaba 
pagando a dívida para não agravar sua responsabilidade (como multas, 
juros, etc.). Outro exemplo é o do subinquilino que paga a dívida do 
inquilino principal perante o locador, pois caso contrário será ele quem 
sofrerá o despejo. Essa pessoa se sub-roga nos direitos do credor, sendo-
lhe transferidos todos os direitos, ações e garantias do primitivo credor 
(art. 346, CC). 
• Terceiro não interessado (juridicamente), se o fizer em nome e por conta 
do devedor (ex: eu viajo e deixo uma pessoa encarregada de pagar o 
condomínio em meu nome; o procurador de uma forma geral). Terceiro não 
interessado é aquele que não está vinculado à relação obrigacional

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