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FACULDADE EDUVALE DE AVARÉ GREICIANE SOARES PEREIRA SUCESSÃO EMPRESARIAL - RESPONSABILIDADE DAS DÍVIDAS, CONTRATOS E CRÉDITOS AVARÉ-SP 2017 SUCESSÃO EMPRESARIAL - RESPONSABILIDADE DAS DÍVIDAS, CONTRATOS E CRÉDITOS Resumo: A presente pesquisa buscou estabelecer assuntos pertinentes ao tema, tais como conceitos, informações relevantes, artigos da legislação que regem o assunto, aspectos a ser observados, a suma importância de se atentar a cada ponto referente à sucessão empresarial e a conclusão da necessidade de ter o conhecimento prévio antes de suceder uma empresa. Palavras-Chave: Sucessão empresarial. Trespasse. Dívidas. Contratos. Créditos. INTRODUÇÃO Analisando os temas dentro da área empresarial, a prática de sucessão está entre eles e é muito comum na sociedade do mercado consumidor, o que chama bastante atenção, pois no dia a dia é habitual ver pessoas querendo vender suas empresas e outras querendo compra-las, o que torna importante salientar as responsabilidades do adquirente, antes mesmo de suceder a empresa, para posteriormente não alegar desconhecimento e evitar frustrações. Para iniciar esse estudo e obter uma melhor compreensão há uma necessidade de primeiramente analisar o conceito de empresa e empresário, que são conceitos totalmente distintos, e não muito complexo, pois o próprio Código Civil apresenta suas definições. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Dessa forma, todo sujeito que profissionalmente exercer algum tipo de atividade econômica (que envolva dinheiro, lucros e economia) organizada (de forma periódica e padronizada) e que faça circular o que é produzido ou prestado através de seu estabelecimento, é denominado empresário. O Código Civil de forma indireta também apresenta a definição de empresa: Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Logo, a empresa é um estabelecimento constituído por bens utilizados no seu exercício, ou seja, tudo que integra a empresa desde uma simples cadeira até uma máquina, por exemplo, é a constituição de seus bens para o exercício da atividade econômica, e não só os bens móveis, mas também os imateriais, como o seu nome, marca, ponto etc. SUCESSÃO EMPRESARIAL A sucessão empresarial é entendida como o “rito de transferência do poder e do capital entre a atual geração dirigente e a que virá dirigir” (LEONE 1992, p.85). A sucessão empresarial deve ser feita a base de muita organização e pode ser exercida por pessoas da família que pretendem passar o negócio à frente ou por pessoas que não sejam da família, mas que sejam capacitadas para isso. TRESPASSE Em todo processo de sucessão é necessário que tudo seja feito com cautela para não gerar futuros problemas que venham ser o motivo causador de ruínas e frustrações. O contrato que rege esse fenômeno é denominado Trespasse, que significa “trespassar, traspasse”, e é através dele que ocorre a transferência do titulo da empresa, ou seja, quando o estabelecimento deixa de integrar o patrimônio de um empresário e passa a ser propriedade de outro. Só pode ser denominado trespasse quando a empresa é alienada como um todo, incluindo os bens corpóreos e os incorpóreos. O trespasse é um ato bilateral realizado entre as partes, pois geram obrigações para ambas e constitui direito do empresário adquirente de obter todas as informações possíveis nas negociações preliminares, tais como análise sobre a situação econômica do estabelecimento, as dívidas e obrigações contraídas, contratos pendentes etc. Para que esse contrato tenha validade e passe a produzir efeitos jurídicos, é necessário que seja averbado no Registro Público de Empresas Mercantis e publicado na imprensa oficial, pois existem casos em que o vendedor necessita da permissão de seus credores para passar a empresa á frente, e então daí surge à necessidade de ser publicado, para que posteriormente não se alegue ignorância. E quem regula essa parte é o artigo 1.144 do Código Civil: Art. 1144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Cumpre ressaltar que o trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a alienação de controle da sociedade anônima. Na transferência da participação societária o estabelecimento empresarial não muda de titular, tanto antes como após a transação ele pertencia e continua a pertencer à sociedade empresária, à mesma pessoa jurídica, que apenas tem a sua composição de sócios alterada. Na cessão de quotas ou alienação de controle, o objeto da venda é a participação societária, ou seja, as quotas ou as ações, conforme a espécie societária. (TADEU, Marcelo Gazzi). RESPONSABILIDADE DAS DÍVIDAS, CONTRATOS E CRÉDITOS Dívidas: Toda empresa no período de sua gestão e prestação de serviços, ao decorrer do tempo assume dívidas, contratos, créditos etc., e a questão é como ficará essas obrigações na transferência do estabelecimento ao trespassário, quem ficará responsável pelas dívidas, pelo pagamento de credores, pelas prestações de serviços decorrentes de contrato, e recebimento de créditos. Em meio às negociações há de surgir dúvidas como essa. O adquirente antes de tudo deve verificar quais os seus direitos e deveres ao assumir a propriedade da empresa, caso deixe de se atentar a isso, poderá acarretar futuros problemas, como por exemplo, um grande e alto número de dívidas e a possibilidade de ser executado por inadimplência, e não saber quem deve liquidá-las se é ele, o alienante, ou ambos. E como se pode ver, o artigo 1.146 do Código Civil traz uma redação clara a respeito da responsabilidade das dívidas do estabelecimento adquirido: Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Por força deste artigo, o adquirente então é responsável pelos débitos que antecederam a transferência da empresa. Sendo assim, dizer que o adquirente responde aos débitos e o alienante é um devedor solidário significa que os credores do estabelecimento empresarial podem requerer o pagamento tanto do adquirente quanto do alienante da empresa. Passado um ano do negócio jurídico, apenas o empresário adquirente se responsabiliza. Atente-se que, o adquirente só se responsabiliza pelas dívidas devidamente contabilizadas, ou seja, somente por aquelas que ele teve ciência na hora do ato, se por acaso surgir futuramente, credores alegando dívida deixada pelo antigo empresário, o adquirente não se responsabiliza. Tendo em vista que o mencionado artigo tem natureza taxativa, ou seja, não admite exceções, o contrato de trespasse não pode trazer consigo limitações ao empresário adquirente, caso contrário, o contrato não terá validade. De acordo com Thiago Ferreira Cardoso Neves (v.13 nº 50 2010) “ocorre que, como visto, com a sub-rogação, o único obrigado é o adquirente doestabelecimento.” Apenas ele tem o dever de adimplir voluntariamente com a obrigação. Marcelo Gazzi Taddei (2009 nº 65) ressalta que o artigo 1.146 refere-se apenas as dívidas comuns, (por exemplo, os fornecedores de materiais), e também as dívidas financeiras (por exemplo, empréstimo e financiamento) e não as demais, como trabalhistas, tributárias etc. Essas por sua vez, possuem tratamento legal específico. É de suma importância tomar cuidado em relação ás dívidas, pois mesmo o antigo proprietário sendo obrigado solidariamente pelo prazo de um ano, se ele não possuir patrimônios, o prejuízo econômico ao adquirente é inevitável. Contratos: No que tange a sucessão em relação aos contratos, veja o que dispõe o artigo 1.148 do Código Civil: Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, à transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiver caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. Significa dizer que se os contratos feitos com a empresa não possuírem caráter pessoal, ou seja, que somente uma pessoa pode prestar o serviço, a substituição poderá ser feita e mantém-se a relação anteriormente já existente sem nenhum prejuízo legal e havendo justa causa, nada impede que o terceiro rescinda o contrato, porém, dentro do prazo de noventa dias. Créditos: A respeito do crédito, cabe a leitura do artigo 1.149 do Código Civil: Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado de se boa-fé pagar ao cedente. Verifica-se então que todos os créditos são transferidos ao adquirente automaticamente, e a partir da publicação da transferência passará a produzir efeitos perante os devedores. Caso o devedor de boa fé, pagar ao antigo proprietário, ele ficará exonerado de pagar novamente ao adquirente, e então o primeiro ficará responsável em passar esse dinheiro ao adquirente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Contudo isso abordado é de extrema importância tomar ciência das dívidas que a empresa possui, saber dos direitos e deveres como adquirente e até mesmo como alienante, verificar as cláusulas contratuais, fazer constar no contrato pontos importantes para as partes e tomar a devida cautela antes de adquirir uma empresa, não só dentro desse aspecto, mas também em outros que acabam sendo deixados de questionar e só tornam relevantes quando os problemas surgem, tais como responsabilidades tributárias, trabalhistas etc., então obter conhecimento nunca é demais em se tratando de negócios que envolvam questões onerosas. Existe uma lei que a sucessão, então é importante conhece-la e respeita-la, a fim de ter um processo de sucessão tranquilo e eficiente. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Dicionário Informal. Disponível em:<http://://www.dicionarioinformal.com.br/trespasse/>. Acesso em 23 de março de 2017 DINIZ, Glauco. Os caminhos da sucessão. Disponível em: <http://glaucodinizempresario.com.br/2016/07/18/os-caminhos-da-sucessao- empresarial/>. Acesso em: 16 de fev. 2017. FERREIRA CARDOSO NEVES, Thiago. A Transmissão de obrigações no Contrato de Trespasse. Disponível em:<http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista52/Revista52_244 .pdf>. Acesso em: 17 de fev.2017. Link Concursos. Sucessão Empresarial. Disponível em:< http://linkconcursos.com.br/sucessao-empresarial-definicao-e-consequencias- quanto-a-dividas-creditos-e-contratos/>. Acesso em: 16 de fev.2017. SILVA SACRAMENTO, André. Considerações sobre o contrato de Trespasse. Disponível em:< http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI204078,61044- Consideracoes+sobre+o+contrato+de+trespasse>. Acesso em: 17 de fev. 2017 TADDEI, Marcelo Gazzi. O estabelecimento empresarial e suas repercussões jurídicas. Disponível em:<http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6145.> Acesso em: 17 de fev. 2017
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