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Analise de caso: personagem protagonista do filme “O lenhador”, dentro de uma abordagem psicanalítica sobre o tema da perversão.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ - UNICESUMAR
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃOLATO SENSU EM PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA
Analise de caso: personagem protagonista do filme “O lenhador”, dentro de uma abordagem psicanalítica sobre o tema da perversão,
*NAYARA LOPES SILVA
Maringá/ 2017
INTRODUÇÃO
Pretende-se com esse trabalho realizar uma análise crítica do personagem protagonista do filme “O lenhador”, dentro de uma abordagem psicanalítica sobre o tema da perversão, particularmente da pedofilia.
Walter, nosso objeto de pesquisa, um pedófilo em “recuperação”, que transita entre o conflito de se ajustar a vida em liberdade, em uma sociedade que despreza seu crime, e o desejo da obtenção do prazer através de seu objeto de fixação.
RELATO DO FILME: O LENHADOR
“O Lenhador”, filme de Nicole Kassel, lançado em 2004, com Kevin Bacon no papel de Walter, o protagonista, traz uma visão clara e objetiva de um homem que esteve preso por 12 anos, condenado por pedofilia, que acaba de sair da prisão, em liberdade condicional, ou seja, há um agente da condicional que acompanha os passos dele.
A princípio o que se observa é principalmente as dificuldades de adaptação desse homem à sociedade, principalmente no que se refere a voltar a ver crianças. Fica-nos muito evidente o conflito psicológico entre essa doença, que é inerente aos seus desejos e que o impele a observar, e porque não dizer desejar, as crianças que vê na rua, no ônibus e em sua vizinhança, em contrapartida com sua razão, que prevalece seu esforço de ser “normal”, de reprimir seus desejos perversos.
Outro sentimento que Walter expressa é a revolta com a sociedade que obviamente não pode aceita-lo da forma que ele é, existe um desconforto em suas relações no trabalho e nas tentativas de uma relação amorosa sadia com uma mulher adulta. Nesse relacionamento amoroso, em um dado momento ele chega a confessar o motivo de seu distanciamento do mundo e das pessoas, fala sobre o motivo de sua prisão, mas o que marca nessa cena é o esforço de justificar seu crime, pois ele afirma que foi preso por molestar crianças, porém não as machucava. 
Em outros momentos vemos Walter como um Voyeur, observando de seu apartamento as crianças de uma escola que fica bem próxima de sua residência, algo que mostra ser bastante desconfortante para ele, morar justamente ao lado de um lugar em que existe uma quantidade grande de crianças. Nessas suas observações, ele consegue perceber a presença de um homem que ele identifica como um outro pedófilo, ver as atitudes desse outro criminoso em relação às crianças passa a ser o alvo de suas observações, as quais ele passa a registrar em um diário. Em dado momento ele vê o desconhecido oferecendo doces a um menino e posteriormente fazendo com que esse menino entrasse em seu carro. Essa situação parece gerar em Walter uma revolta, do que nos faz analisar que o mesmo está passando por um grande conflito entre seus desejos e o que ele sabe ser o certo e a única forma dele poder voltar a se relacionar com sua família, reconstruir sua vida e fazer parte da sociedade.
Outro momento importante é a cena em que ele está em sessão com seu psicólogo e começa a falar de sua infância, relata que aos 6 anos gostava de tirar uma soneca com sua irmã e que nesses momentos ele ficava cheirando os cabelos da irmã e que isso era um prazer para ele. Questionado pelo psicólogo se quando um pouco mais velho esse prazer se tornou algo sexual gerador de ereção e tudo o mais, ele negou veementemente, porém o rosto de Walter dizia outra coisa.
Walter sempre ia para o trabalho de ônibus, nessas viagens passou a observar uma menina que começou a ser foco de sua atenção, foram várias viagens com ele apenas olhando a menina. Até que em determinado dia ele não desce em seu ponto de ônibus e sim no mesmo que a menina desceu. Ironicamente ele a segue até uma floresta, o que obviamente nos remete ao conto da “Chapeuzinho Vermelho, reforçado pelo fato da garota estar vestindo um casaco vermelho. Ele chega a conversar com a menina, já numa tentativa de ganhar sua confiança. Walter continua saindo de sua rota para ver a menina, e conversar com ela, ele faz elogios, pergunta idade, nome, e a criança parece estar confiante com ele. Até que Walter pede para a menina sentar em seu colo e a mesma confessa que seu pai sempre pede isso, e conforme Walter a questiona ela vai se abrindo e fica claro que sofre abuso do próprio pai. Essa situação traz Walter de volta a realidade, o faz desistir de suas investidas e até parece ficar revoltado. Novamente vemos uma dualidade psicológica e moral.
Já no final da história, vemos Walter na janela de sua residência, observando a rua até que surge o pedófilo que ronda a escola vizinha de sua casa, parando um carro e deixando um menino sair de dentro correndo, obviamente ele já entende o que havia acontecido. A atitude que resolve tomar mostra que ele tem um real desejo de cura, ele desce correndo até onde o homem está, o retira do carro e o espanca violentamente. Disso podemos concluir que realmente se sentiu revoltado com o crime do outro e que está tendo um posicionamento de mudança, de busca de uma normalidade, normalidade esta que em outro momento Walter afirma ao psicólogo que entende sendo uma situação em que possa olhar para uma menina entre 9 e 12 anos e não sentir desejo algum. Walter, agora numa posição de herói, acredita numa nova vida. 
ANÁLISE CLÍNICA: UM OLHAR SOBRE A PERVERSÃO
Walter, protagonista do filme “ O Lenhador”, é um pedófilo heterossexual, com fixação em meninas entre 9 a 12 anos. Que quando criança tinha prazer em cheirar os cabelos da irmã, situação que o acompanhou por toda a infância e que depois se manifesta em sua relação Vicki, sua namorada, em certa parte do enredo.
Como se pode observar logo de início os seus impulsos perversos estão sempre se contrapondo a um comportamento neurótico que o força a buscar uma normalidade por ele estabelecida, o desejo de resignificar, ele parece estar em uma batalha constante contra seus impulsos e desejos, o que lhe causa profundo sofrimento, mesmo quando direciona seu prazer sexual a uma mulher adulta. Ou seja, sua vida é por atitudes de resignificação.
Diante do resumo do caso e do considerado acima, faz-se necessário que analisemos o conceito de perversão, dessa forma teremos uma visão mais clara da situação de Walter, que mesmo sendo aqui diagnosticado como perverso, apresenta características divergentes do conceito vigente.
De acordo com Siqueira (2009), nos estudos se Freud sobre a perversão apresentam duas explicações para esse distúrbio, uma se refere a polimorfia da sexualidade infantil e a outra a recusa da castração, ambas provenientes de distúrbios no desenvolvimento psíquico. Ele faz um paralelo entre psicóticos e perversos, entendendo-os como contrários, o que é recalcado e inconsciente no primeiro é vivenciado no outro. Ou seja, enquanto o psicótico apenas fantasia o perverso realiza, e o medo da castração faz com que o último não sinta 
Analisando Walter , ressaltamos o trabalho de Pereira; Melo, Viera, 2016, que falam de dois tipos de pedófilos, o oportuno e o estruturado. O primeiro é aquele que é levado pela facilidade de uma situação, não há um planejamento definido de cometer o ato. Já o segundo é aquele que realmente apresenta uma perversão sexual, que não se adapta às normas padrão, que direciona seu prazer sexual a um objeto inadequado. Walter se encaixa como pedófilo estruturado, e apesar de ser capaz de ter relacionamentos normais, como o que acontece com sua namorada, quando se trata de sua fixação por meninas, ele busca um tipo de sensação com as meninas é uma sensação parecida com a que ele sentia quando dormia cheirando os cabelos de sua irmã.
A criança, no caso meninas, enquanto objeto de escolha de realização sexual de Walter, não possuem ainda uma definição sexual clara, assim ocultando a castração, objetivo do perverso. Isso pode ser observado nas cenas em que ele seguea menina no ônibus e posteriormente na floresta, ele diz que a acha muito bonita, de uma beleza fora dos padrões, ou seja, ainda não possui os atributos de uma mulher, está em um processo de transição. Ele parece ter visto algo único nela, algo que só ele pôde perceber, que pode ser capaz de satisfazer seus desejos. Ele se transforma perto da jovem, deixa de ser aquele indivíduo introspectivo, desinteressado e frustrado que vemos nos relacionamentos sociais e toma uma postura de maior naturalidade e simpatia, mostra-se interessado e atencioso, tanto que realmente consegue conquistar a criança, porém em seguida apresenta a atitude de resignificar que o faz desistir de sua investida.
Walter parece tentar a todo momento se redimir de seus atos perversos quando ao final da trama ele toma a atitude de espancar outro pedófilo que agia perto de sua residência. Como se enfim, ele oferece munição a sua parte mental que em seu próprio julgamento merecia, como se ele saísse da dualidade mental entre desejo e razão e se colocasse dentro da postura normal que se espera dentro da vida social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SEQUEIRA, Vania Conselheiro. Pedro e o Lobo: O Criminoso Perverso e a Perversão Social. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Abr-Jun 2009, Vol. 25 n. 2, pp. 221-228. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v25n2/a10v25n2.pdf Acesso em: 15 de Março de 2017.
FROTA, Priscila; CIBELLA, Carolina. Trauma e ato na perversão: um estudo psicanalítico. Trabalho apresentado no IV Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e X Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental. 2010. Universidade Federal do Paraná – Curitiba, Paraná, Brasil
4 a 7 de setembro de 2010.
MURIBECA, Maria das Mercês Maia; PEREIRA, Wagner da Mara. Quando o lobo e o cordeiro perdem a pele: a psicanálise na escuta da pedofilia. Cogito vol.14, Salvador nov. 2013. Disponível em: Cogito vol.14 Salvador nov. 2013. Acesso em 14 de Março de 2017.
PEREIRA, Ana Catarina Muniz, MELO, Jádna Mariane; VIERA, Ana Paula Alves. Um Novo Olhar Sobre a Pedofilia a Partir da Análise Crítica do Filme ‘O Lenhador’. Jan de 2016. Disponível em: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-juridica/um-novo-olhar-sobre-a-pedofilia-a-partir-da-analise-critica-do-filme-o-lenhador. Acesso em 15 de Março de 2017.
* Bacharel em Psicologia pela Faculdade Unicampo de Campo Mourão. Contato: <nayarapsicologialopes@gmail.com>.

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