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DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL

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Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
I - pela morte de um dos cônjuges;
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
IV - pelo divórcio.
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
VISÃO HISTÓRICA
A manutenção do vínculo conjugal era uma tentativa de consolidar as relações sociais;
A ideia de família sempre esteve ligada à ideia de casamento;
Os vínculos extramatrimoniais eram reprovados socialmente e punidos pela lei;
O rompimento da sociedade marital era um esfacelamento da própria família;
VISÃO HISTÓRICA
CC/1916 – o casamento era indissolúvel. A única possibilidade de romper com o matrimônio era o desquite: mantinha o vínculo conjugal e a obrigação de mútua assistência; cessavam os deveres de fidelidade e manutenção da vida em comum;
Vínculos extramatrimoniais: sempre foram tolerados, mas nunca reconhecidos. Concubinato – relacionamentos afetivos das pessoas desquitadas ou somente separadas de fato;
Lei 6.515/77 – Lei do Divórcio. Manteve o desquite, passando a chamá-lo de separação. Trouxe a possibilidade de dissolução do casamento, com exigência de alguns requisitos:
Separação de fato há cinco anos;
Implementação desse prazo antes de 1977;
Comprovação da causa da separação 
VISÃO HISTÓRICA
CF/88 – institucionalizou o divórcio direto sem o caráter de excepcionalidade. O prazo da separação de fato foi reduzido para dois anos e foi afastada a necessidade de comprovar a causa da separação (art. 226, §6º);
A separação, por sua vez, configurava quase um “limbo”: a pessoa não era mais casada, mas não podia casar de novo;
EC 66/2010 – alterou o paradigma de todo o Direito das Famílias. Deu nova redação ao §6º do art. 226 da CF/88, retirando a exigência de cumprimento de prazo ou identificação de culpados para a dissolução da relação conjugal. Em outras palavras, tornou a separação desnecessária e obsoleta.
VISÃO HISTÓRICA
“Ora, se é direito da pessoa humana constituir núcleo familiar, também é direito seu não manter a entidade formada, sob pena de comprometer-lhe a existência digna. É direito constitucional do ser humano ser feliz e dar fim àquilo que o aflige sem ter que inventar motivos. Desse modo, o direito de buscar o divórcio está amparado no princípio da dignidade humana, nada justificando a resistência do Estado, que impunha prazos e exigia a identificação de causas para pôr fim ao casamento” (DIAS, 2015, p. 205).
Sociedade Conjugal + Vínculo Matrimonial
VÍNCULO MATRIMONIAL
SOCIEDADE CONJUGAL
A dissolução do casamento pode se referir apenas à sociedade conjugal ou ao matrimônio em si:
A sociedade conjugal diz respeito aos direitos e deveres entre cônjuges, bem como ao regime de bens. A separação de fato a encerra, mas o vínculo matrimonial permanece;
O vínculo matrimonial só se dissolve pela morte, ausência ou divórcio (art. 1.571, §1º). Rompido, permite que as pessoas se casem novamente.
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:
I - pela morte de um dos cônjuges;
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
IV - pelo divórcio.
§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.
Sociedade Conjugal + Vínculo Matrimonial
Separaçãode Fato
Separaçãode corpos
Ruptura daconvivência
Éa chancela judicial à separação de fato
Cessação da base afetiva da relação
Os cônjugesmantêm o status de casados, mas o casamento está findo
Possibilitaa caracterização de união estável, em razão da cessação dos deveres de fidelidade e coabitação
Tem os mesmosefeitos da separação de fato
Cessação do regime de bens
Os cônjugespodem lançar mão desta modalidade quando querem “dar um tempo”, mas não querem se divorciar
Cessaçãodo direito à herança
Serve para fixar os efeitospatrimoniais da separação de fato e afasta a presunção de paternidade
Interrupção da produção dosefeitos do casamento
Não tem o condão de alterar o marco dofim da união, que não se desloca para a data da decisão judicial que a decreta ou homologa
Épossível reconhecê-la ainda que o casal habite sob o mesmo teto, mas é necessária a prova da separação
O juiz expedirá alvaráa quem se afastou da residência. Sendo consensual o fim do convívio, os cônjuges podem lavrar escritura de separação de corpos perante o tabelião.
DIVÓRCIO
Dissolve o vínculo matrimonial;
Com o advento da EC 66/2010, é o único modo de dissolver o casamento, seja de forma consensual ou por ação litigiosa;
Pode ser requerido a qualquer tempo;
Altera o estado civil dos cônjuges, que de casados passam a divorciados;
DIVÓRCIO
Procedimento Administrativo
Procedimentoextrajudicial, de jurisdição voluntária, feito em tabelionato, mediante lavratura de escritura pública
Requer a presença de advogado ou defensor público
Nãopode haver litígio, as partes devem estar em consenso
Não pode haver interessede incapazes envolvidos (filhos menores)
Podem ser discutidos: alimentos, partilha de bens, restabelecimento de nome de solteiro. Não é obrigatório que se discutam os bens, que podem serpartilhados posteriormente (art. 1.581; Súmula 197 STJ).
Atende ao movimento dedesjudicializaçãode conflitos, simplificaçãodos procedimentos, desburocratização dos serviços públicos
Procedimento Judicial
Sempre será necessário se houver interesse de incapazenvolvido.
Sempre será necessáriose houver litígio, ou seja,falta de consenso entre as partes.
Nãodispõe de causa de pedir: o direito ao divórcio de umdireitopotestativo. Não se discute culpa e pode ser decretado a título de tutela antecipada.
Formula-se um feixede pedidos, cumulando, além do divórcio, prestação alimentar, guarda de filhos, partilha de bens, nome, etc.
A sentençaque decreta o divórcio tem eficáciadesconstitutiva, produz efeitos a partir do trânsito em julgado.
CONSENSUAL:quando os cônjuges decidem dissolver o casamento em comum acordo, mas há filhos menores. Requer a presença de advogado ou defensor. Os cônjuges podem ser representados por procurador.
DIVÓRCIO
O NCPC estabelece um novo procedimento para ações de família, incluindo o divórcio, a separação, o reconhecimento e a dissolução da união estável, guarda, visitação e filiação.
No que toca ao divórcio judicial litigioso, aplicam-se os procedimentos descritos nos referidos artigos. Vejamos:
Ajuizada a ação de divórcio, a outra parte será citada e o mandado de citação será desacompanhado de cópia da petição inicial, contendo apenas os dados necessários à audiência de mediação;
A citação ocorrerá com antecedência mínima de 15 dias para a tentativa de mediação;
As partes deverão comparecer acompanhadas de seus advogados ou defensores públicos;
Serão realizadas quantas mediações forem necessárias para se chegar a uma solução consensual;
Não havendo consenso, será aberto prazo de 15 dias úteis para apresentação de defesa e passarão a incidir as regras do procedimento comum.
Arts. 693 a 699 NCPC 
AÇÕES DE FAMÍLIA
MORTE
Dissolve o vínculo conjugal (art. 1.571, §1º);
Se o falecido era segurado do sistema previdenciário, a pensão por morte ao cônjuge sobrevivente será concedida sob as seguintes condições (Lei 13.135/15): 
menos de 24 meses de casamento ou união estável: pensão por 4 meses; 
cônjuge sobrevivente com idade entre 41 e 43 anos de idade: pensão por 20 anos; 
cônjuge sobrevivente com idade entre 30 e 40 anos: pensão por 15 anos; 
cônjuge sobrevivente com idade entre 27 e 29 anos: pensão por 10 anos; 
cônjuge sobrevivente com idade entre 21 e 26 anos: pensão por 6 anos; 
cônjuge sobrevivente com idade menor que 21 anos: pensão por 3 anos.
A pensão corresponde a 100% do benefício e só é vitalícia se o beneficiário tiver até 35 anos de expectativa de vida (44 anos de idade ou mais);
Com a morte do cônjuge, o sobrevivente passa à condição de viúvo;
Cessa o impedimento do cônjuge sobrevivente para o casamento.
UNIÃO ESTÁVEL
VISÃO HISTÓRICA
Concubinato
Até 1988, a única forma
legítima de constituição de família era através do casamento;
As uniões que não se constituíam pelo casamento eram chamadas de concubinato;
Concubinato PURO: pessoas não atingidas por impedimento matrimonial que vivam juntas sem casar;
Concubinato IMPURO: pessoas que vivam juntas sem casar em razão da existência de impedimento matrimonial;
Essas uniões não eram consideradas família.
VISÃO HISTÓRICA
Concubinato
A CF/88 conferiu às uniões não constituídas pelo casamento chamadas de concubinato puro a configuração de união estável, com status de entidade familiar (art. 226, §3º CF/88);
O CC/02 tratou da matéria nos artigos 1.723 a 1.726;
O concubinato impuro passou a ser chamado apenas de concubinato (art. 1.727 CC/02) e permaneceu sem o reconhecimento constitucional de entidade familiar, sendo apenas tolerado social e jurisprudencialmente;
O concubinato, portanto, é a manutenção de uma relação afetiva extraconjugal não eventual entre pessoas impedidas de casar (art. 1.727 CC/02).
VISÃO HISTÓRICA
Concubinato
Súmula 380 STF – Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum;
Ao concubinato cabe apenas ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato, na qual cabe a partilha de bens adquiridos com esforço comum; nenhum outro direito de família ou sucessório. A ação deverá ser ajuizada na vara cível;
A referida súmula é o meio de evitar o enriquecimento ilícito de um dos concubinos, ante a resistência da doutrina e da jurisprudência em reconhecer famílias paralelas;
Súmula 382 STF – A vida em comum sob o mesmo teto more uxorio não é indispensável à caracterização do concubinato.
VISÃO HISTÓRICA
Concubinato
Vedações ao concubinato:
Proibição de doação ao concubino (sob pena de anulabilidade);
Proibição de fazer seguro de vida para o concubino (sob pena de nulidade);
Proibição de herança ou legado para o concubino (sob pena de nulidade)
CARACTERÍSTICAS DA UNIÃO ESTÁVEL
A união estável nasce da convivência, simples fato jurídico que evolui para a constituição de ato jurídico, em face dos direitos que brotam dessa relação;
Não necessita de qualquer manifestação ou declaração de vontade para que produza os seus jurídicos efeitos. Basta a sua existência fática para que haja incidência das normas constitucionais e civis;
Tudo o que está disposto sobre as uniões estáveis tem como referência a união matrimonial, ou seja, o casamento;
A diferença entre união estável e casamento está na forma de sua constituição. Enquanto o casamento tem seu início marcado pela celebração do matrimônio, a união estável não tem termo inicial estabelecido;
A união estável nasce da consolidação do vínculo de convivência, do comprometimento mútuo, do entrelaçamento de vidas e do embaralhar de patrimônios.
CARACTERÍSTICAS DA UNIÃO ESTÁVEL
Art. 1.723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família;
Convivência pública: a relação deve ser notória. A publicidade denota a notoriedade da relação no meio social frequentado pelos companheiros;
Contínua e duradoura: não se pressupõe prazo para que se configure a união estável. No entanto, este conceito traz a ideia de que não deve ser uma relação efêmera, eventual;
Objetivo de constituição de família: é um pressuposto de caráter subjetivo, oriundo do impedimento anterior que caracteriza as relações extramatrimonais
CARACTERÍSTICAS DA UNIÃO ESTÁVEL
 Os impedimentos matrimoniais (art. 1.521) se aplicam também à união estável
Reconhecimento da existência da união. 	União estável putativa (boa-fé de uma das partes)
 As causas suspensivas do casamento (art. 1.523) não tem seus efeitos estendidos à união estável.
EFEITOS DA UNIÃO ESTÁVEL
Efeitos patrimoniais:
O regime de bens aplicável à união estável é o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725). Caso os companheiros optem por outro regime e/ou desejem deliberar sobre as regras de sua união, devem fazê-lo por meio de contrato de convivência. Para que este contrato tenha efeitos ERGA OMNES, deve ser registrado em cartório.
Efeitos pessoais (deveres e direitos – art. 1.724):
Lealdade;
Respeito;
Assistência;
Guarda, sustento e educação dos filhos.
EFEITOS DA UNIÃO ESTÁVEL
OBS: não existe, na união estável, o dever de coabitação, ou seja, vida sob o mesmo teto. Apesar disso, a jurisprudência resiste em reconhecer o relacionamento quando o par não vive em um único lar, sem que exista justificativa para a manutenção de casas diferentes.
Fidelidade X Lealdade:
Para Maria Berenice Dias, se na união estável não é imposto o dever de fidelidade, inexiste a obrigação de ser fiel. Portanto, não exigindo a lei fidelidade nem coabitação, nada impede o reconhecimento de vínculos paralelos.
Já para grande parcela da doutrina, o dever de lealdade é ainda mais amplo do que o dever de fidelidade. A doutrina, em regra, considera a lealdade um gênero, do qual a fidelidade é uma espécie, não sendo possível portanto violar este dever e constituir uniões estáveis paralelas. Princípio da monogamia.
REGISTRO DA UNIÃO ESTÁVEL
Provimento 37/14 CNJ: autoriza o registro das uniões estáveis – sejam elas hetero ou homoafetivas – no Livro “E” do Registro Civil das Pessoas Naturais;
Cabe o registro das uniões formalizadas por escritura pública como das uniões reconhecidas por decisão judicial, a ser levada a efeito junto ao Cartório do último domicílio dos companheiros;
Tanto a constituição quanto a extinção podem ser assim publicizadas;
AÇÃO DE RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL
Trata-se de ação de caráter exclusivamente declaratório;
Limita-se a reconhecer que a relação existiu, fixando seu termo inicial e final, em face de eventuais efeitos de ordem patrimonial;
Direitos que podem ser pleiteados:
Direitos sucessórios;
Partilha de bens;
Alimentos;
Etc.
CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO
Art. 1.726 CC/02
Art. 226, §3º CF/88
A CF/88 manda que a lei facilite a conversão da união estável em casamento. O CC/02, no entanto, dificulta essa conversão;
É exigido pelo CC/02 que os companheiros requeiram a conversão judicialmente para, posteriormente, levar ao registro civil. A doutrina vem considerando esse dispositivo inconstitucional, visto que tal procedimento burocratiza e onera muito mais do que casar diretamente, por exemplo.

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