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Temas 1 a 3 - Introdução ao Tema,casamento,dissolução da sociedade conjugal

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Material Teórico 
Direito de Família 
 
Introdução ao Tema, 
Casamento, 
Dissolução da Sociedade 
Conjugal 
 
Profª Marlene Lessa 
 
cod CivilFamiliaCDSG1907_ a01a03 
 
 
 
2 
Introdução ao Direito de Família 
 
 
Direito de Família é o complexo de normas que regulam a 
celebração do casamento, sua validade e os efeitos que 
dele resultam, as relações pessoais e econômicas da 
sociedade conjugal, a dissolução desta, as relações entre 
pais e filhos, união estável, o vínculo de parentesco e os 
institutos complementares da tutela, curatela e ausência1. 
 
Nelson Nery Júnior acrescenta que “o direito de família 
também cuida de estabelecer as bases de segurança 
jurídica para resguardar as relações de afeto entre 
pessoas não unidas pelos vínculos do casamento”2. 
 
Realmente, a função do direito de família se alarga para 
exibir a verdadeira sociedade que se espelha 
contemporaneamente. Assim, regular os direitos e 
balancear interesses é obrigação do legislador ao cuidar 
do direito do indivíduo como um todo, inserido em relação 
ao organismo familiar. 
 
 
 
Evolução Histórica 
 
A família brasileira sofreu as influências da família Romana, Canônica e 
Germânica. 
 
No Direito Romano o pater familiae, ascendente (homem) comum, vivo e mais 
velho, exercia sua autoridade sobre todos os seus descendentes não 
emancipados (potestas). Ele era uma pessoa sui juris e os que recebiam 
ordens, ou seja, sujeitos à autoridade do pater eram denominados de alieni 
iuris. 
O casamento se apresentava de dois modos: com manus em que a mulher 
ingressava na família marital ou casamento sem manus, em que a mulher 
continuava sob a autoridade paterna. 
 
Do Direito Canônico a peculiaridade que herdamos foi, sobretudo, a questão 
do divórcio. Os canonistas sempre se opuseram ao divórcio, considerando-o 
um instituto contrário à própria índole da família e ao interesse dos filhos, cuja 
formação prejudica: O que Deus uniu não o separe o homem (quod Deus 
conjunxit homo non separet). Até hoje nos deparamos com a diferença entre a 
posição canônica e a romana. Veja na ilustração a seguir... 
 
 
1 BEVILAQUA, Clóvis apud SHIKICIMA, Nelson et al. Direito civil – 3.ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo: 
DJP Editora, 2008. – Coleção lições do direito para exame da OAB. 
2 Nery Junior, Nelson. Novo código civil e legislação extravagante anotados – São Paulo: Editora Revista 
dos Tribunais, 2002, p.512. 
 
3 
 
 
 
 
No Brasil, o Direito de Família 
antes do Código Civil Brasileiro 
seguia as regras portuguesas. O 
alvará 12.09.1564 – Concílio 
Tridentino, de Portugal delegava às 
autoridades eclesiásticas a 
competência para tratar dos 
assuntos de família. Somente em 
1595 com as Ordenações Filipinas 
é que houve sensível diminuição de 
prestígio eclesiástico. 
 
 
Já no Código Civil de 1916 o Direito de Família estava entre os arts. 180 a 484, 
CC. Foi a Constituição Federal de 1988 que inovou e rompeu com a trajetória 
que o Direito de Família herdara em nosso país. O art. 226 (e seus parágrafos) 
reconheceu os direitos oriundos da união estável, da família monoparental, 
equiparação entre homens e mulheres e os direitos de filiação, para todos 
indistintamente. Todavia, tramitava desde 1975, no legislativo, um Projeto de 
Código Civil (o atual). Somente 11.01.2002 ele foi publicado. Nosso Novo 
Código Civil, Lei 10.406/02, emerge com um ano de vacatio legis, ou seja, 
vigência em 11.01.2003. O Direito de Família, então, ficou localizado entre os 
arts. 1511 a 1783. 
 
Atualmente, os julgados dos órgãos superiores estão trazendo facetas 
diferenciadas ao ramo do direito que estamos tratando: 
 
“As uniões afetivas plúrimas, múltiplas, simultâneas e paralelas têm ornado o 
cenário fático dos processos de família, com os mais inusitados arranjos, entre 
eles, aqueles em que um sujeito direciona seu afeto para um, dois, ou mais 
outros sujeitos, formando núcleos distintos e concomitantes, muitas vezes 
colidentes em seus interesses. Ao analisar as lides que apresentam 
paralelismo afetivo, deve o juiz, atento às peculiaridades multifacetadas 
apresentadas em cada caso, decidir com base na dignidade da pessoa 
humana, na solidariedade, na afetividade, na busca da felicidade, na liberdade, 
na igualdade, bem assim com redobrada atenção ao primado da monogamia, 
com os pés fincados no Princípio da Eticidade” (STJ; REsp No. 1157273-RN; 
Rel. Min. Nancy Andrighi; 3a. T.; public. 7/6/2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
A Família Propriamente Dita 
 
A denominação “família” tem duas acepções: 
em sentido amplo designa as pessoas 
interligadas por vínculos sanguíneos, naturais, 
oriundas de um ancestral comum, admitindo 
também a inclusão dos afins (parentes do outro 
cônjuge). Em um sentido muito restrito envolve 
o vínculo entre os pais e sua prole 
(independente de formalização ou casamento). 
 
O fundamento Constitucional é o art. 226: 
 
 
 
CF: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do 
Estado. 
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar 
sua conversão em casamento. 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são 
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Parágrafo 
alterado pela EC/66 de 13 de julho de 2010). 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do 
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e 
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma 
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada 
um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no 
âmbito de suas relações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
Do texto da Carta Magna pode ser 
retirada a origem da célula familiar: 
casamento, união estável e família 
de um dos pais com sua prole 
(monoparental). 
 
 
A família, portanto, recebe proteção do ente estatal através de normas 
jurídicas e princípios que formam uma estruturação jurídica. São princípios 
apontados pela doutrina3: Princípio da ratio: o vínculo da vida conjugal é a 
afeição e comunhão de vida; Princípio da igualdade jurídica entre os 
cônjuges; Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos. 
 
Os direitos referentes à família são muito importantes e transcendem a 
pessoa de cada membro. Assim, as normas que regem tais direitos 
obedecem normas cogentes, de ordem pública (significa que não podem 
ser afastadas unicamente por vontade do sujeito e dependem de 
solenidades específicas) e tutelam direitos personalíssimos4 e 
extrapatrimoniais. 
 
Há ainda, formatos familiares contemporâneos que constituem-se de: 
 
• União homoafetiva (reconhecimento STJ e STF através de ADIN/ ADPF, 
com força “erga omnes”) – pessoas do mesmo sexo que vivem como se 
casados fossem. Podem contrair matrimônio diretamente em Cartório. 
Todos os direitos sucessórios também são garantidos. Não está previsto 
na legislação este formato de família. Está na jurisprudência. 
 
• Filiação socioafetiva (padrasto e madrasta que tratam e cuidam de seu 
enteado como se filho fosse). Jurisprudência aceita que este vínculo 
suplanta o meramente biológico – há ação declaratória de filiação 
socioafetiva. Os pais socioafetivos substituem os pais meramente 
biológicos (retira na Certidão de Nascimento o genitor ou genitora que 
apenas possui o vínculo exclusivamente biológico). Pode ser realizado o 
reconhecimento até em caso de falecimento. Há a substituição,nos 
direitos sucessórios, do vínculo biológico pelo socioafetivo. 
 
Obs. Difere da união poliafetiva ou poliamorismo (é aquela em que três 
ou mais pessoas que vivem como se casados fossem: um homem com 
várias mulheres, uma mulher com vários homens - simultaneamente. 
Ou ainda, várias mulheres com vários homens). Não se fala em bigamia 
porque não há casamento, é união. 
 
 
 
 
 
3 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 16. 
4 Não podem ser renunciados tais direitos, nem transferidos a outrem, tão pouco admitem condição, termo 
ou exercício por meio de procuração. 
 
6 
 
Multiparentalidade – o padrasto ou a madrasta se vinculam ao menor e o 
reconhecem como filho na certidão de nascimento, sem excluir os verdadeiros 
pais, ou seja, os biológicos que também exercem bem a 
paternidade/maternidade com os vínculos afetivos. Exemplo de decisão judicial 
em Cascavel em que há dois pais e uma mãe (TJ – Paraná - Autos 0038958-
54.2012.8.16.0021) – disponível no material complementar. 
 
O Direito Convivencial 
 
 
O direito CONVIVENCIAL é aquele formado por normas e regras da união 
estável e do concubinato. 
 
 
A União Estável está definida no art. 1.723 do Código Civil: 
 
 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre 
o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
 
 
Obs. Há julgados dos tribunais superiores acerca da união homoafetiva e os 
direitos de pensão entre os parceiros. Neste caso, para reconhecimento judicial 
do vínculo, deve ter, entre os interessados, a prova do objetivo do 
relacionamento: intenção de constituir família, de ser um núcleo familiar. 
 
A partir do reconhecimento das partes sob o status de núcleo familiar são 
possíveis consequências legais (ou seja, vínculo de efeitos patrimoniais no 
âmbito de partilha de bens, herança e alimentos). 
 
7 
 
CARACTERÍSTICAS5 que a lei determina: 
 
• A União é entre homem e mulher; 
• A Convivência deve ser duradoura (sem prazo determinado); 
• Notoriedade pública, contínua, com reconhecimento pelo 
grupo social; 
• Objetiva constituir uma família (com fidelidade e respeito 
recíprocos): Art. 1.724. As relações pessoais entre os 
companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, 
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação 
dos filhos (CC). Súmula 382 (STF)6. 
 
 
Alcança todos os não impedidos de se casarem, justamente para evitar 
confusão patrimonial e de filiação: 
 
 
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos 
do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a 
pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. 
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a 
caracterização da união estável. 
 
 
 
Considerando que de fato não há sanção aos conviventes, se não observarem 
a regra civil, pode ser reconhecida a união entre: 
 
➔ Solteiros 
➔ Separados de fato 
➔ Separados judicialmente 
➔ Divorciados 
➔ Viúvos 
 
Quanto ao regime legal do patrimônio, a união estável será o da comunhão 
parcial de bens: bens adquiridos na constância da união a título oneroso 
(excluídas as doações, heranças e legados), mesmo quando em nome de 
apenas um dos conviventes, se comunicam. Em caso de dissolução devem ser 
partilhados. Admite-se a convenção ou contrato que expresse outra vontade 
sobre o regime patrimonial dos companheiros (é o contrato de CONVIVÊNCIA): 
 
 
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os 
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o 
regime da comunhão parcial de bens. 
 
 
 
 
5 SHIKICIMA, Nelson. Op. Cit. p. 226. 
6 Súmula 382 do STF: A vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à 
caracterização do concubinato. 
 
 
8 
 
A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos 
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil (Art. 1.726 CC). 
 
 
1.2. Ainda no direito convivencial, há a previsão legal do Concubinato. 
No Código Civil ele se encontra no art. 1.727. Nas palavras do prof. 
Nelson Sussumo... 
 
 
 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, 
impedidos de casar, salvo os separados de fato e judicialmente, 
constituem concubinato. 
 
 
Vimos que a família é base da sociedade. O Código Civil de 1916 apresentava 
o modelo da família com ênfase no poder patriarcal, fruto do casamento 
indissolúvel. As demais formas de direito convivencial estavam excluídas da 
proteção legal, pois esbarravam e se incompatibilizavam com o conceito de 
família. 
Contudo, as mudanças que no Brasil se deram, alteraram profundamente as 
relações familiares. O divórcio fez com que o objetivo familiar passasse da 
manutenção do patrimônio para o afeto. O concubinato, até então, dividia-se 
em puro e impuro. O puro era a denominação para aqueles em que os 
conviventes não tinham impedimento para casar, enquanto o impuro era o 
contrário. 
O concubinato puro recebia a proteção do poder estatal, como pode ser 
verificado na súmula 380 do Supremo Tribunal Federal: "Comprovada a 
existência de sociedade de fato entre os concubinos é cabível a sua dissolução 
judicial com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum". 
 
A proteção ao concubinato puro foi aumentando até receber o status de 
casamento informal ou de fato, que é a chamada união estável hoje! 
 
Já o denominado concubinato 
impuro, também chamado de 
adulterino, era a relação afetiva, 
duradoura e pública entre homem e 
mulher, na qual uma das partes 
estava casada, configurando-se a 
existência de famílias simultâneas. 
Nesses casos, a proteção do 
Estado era mínima. 
 
 
9 
 
A Constituição Federal de 1988 reconheceu de modo expresso, conforme 
verificamos no art. 226, ao lado do casamento, outras entidades familiares 
como a união estável (conhecida antes por concubinato puro) e as famílias 
monoparentais, constituídas por um dos pais e os filhos. 
No concubinato o regime patrimonial dos conviventes funciona de forma 
diferenciada para com a união estável. É que no concubinato se mostra 
necessário provar com o que efetivamente cada um dos participantes 
contribuiu para a construção do patrimônio. É o esforço individual que será 
verificado, sendo o companheiro (a) prejudicado restituído, via de regra, com 
uma indenização. 
 
Resolução 175, de 14 de maio de 2013 do Conselho Nacional de 
Justiça 
 
Determina o direito de habilitação, celebração de casamento civil, ou de 
conversão de união estável em casamento, entre pessoas do mesmo sexo. 
 
Não há óbice legal para formalização de casamento ou de união estável, com 
os mesmos efeitos jurídicos referentes a institutos de Direito de Família em 
vigor. 
 
 
Parentesco (artigo 1.591 CC) 
 
É a relação vinculatória existente não só entre pessoas que descendem umas 
das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre o cônjuge e os 
parentes do outro e entre adotante e adotado. 
 
O parentesco se divide em: 
 
1. Linha Reta – é ascendente ou descendente, segundo se sobe da 
pessoa considerada para os seus antepassados (do filho para o pai, 
desta para o avô etc.) ou se desce da 
pessoa considerada para os seus 
descendentes (do avô para o filho, 
deste para o neto e assim por diante). 
 
O grau de parentesco em linha reta é 
infinito (artigo 1.591 CC). 
 
Ascendente (sobe da pessoa 
considerada* para seus antepassados): 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
Descendente (desce da pessoa considerada* para seus 
descendentes): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Linha Colateral ou Transversa - é colateral quando as pessoas, entre 
si, não descendem umas das outras, mas procedem de um tronco 
ancestral comum (artigo 1.592 CC). 
 
Vai até o 4° grau, para o vínculo consanguíneo, sendo que para a 
afinidade irá até o 2° grau.Exemplo: Família Matarazzo informações wikipedia. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
João é colateral em 2o grau de André: 
 
• De João sobe a contagem para o pai Eduardo (ancestral comum) – 
1o. Grau e deste para o irmão André – 2o. Grau 
 
 
João e Lenak: 
 
• De João sobe a contagem para o pai Eduardo – 1o. Grau 
• De Eduardo sobe a contagem para Filomena – 2o. Grau 
• De Filomena sobe a contagem para Andréa – 3O. Grau 
• De Andréa desce para Francesco (1910) – 4o. Grau 
• De Francesco desce para Lenak. 
 
 
João e Lenak não são considerados legalmente consanguíneos: vai até o 4° 
grau, para o vínculo consanguíneo. 
 
 
Para a afinidade são considerados parentes em 2° grau. Veja mais nas 
espécies agora... 
 
 
Espécies 
 
a) Consanguinidade é o vínculo entre pessoas descendentes de um 
mesmo tronco ancestral, portanto, umas às outras, pelo mesmo 
sangue. P. ex.: Pai e Filho, dois irmãos, dois primos etc. O 
parentesco natural ou consanguíneo pode ser duplo ou simples 
conforme derivação dos genitores, ou seja, dos dois ou de apenas 
um deles. Assim, teremos os irmãos germanos (nascidos dos 
mesmos pais), os irmãos UNILATERAIS consanguíneos (nascidos 
do mesmo pai) e os irmãos UTERINOS (nascidos da mesma mãe). 
 
b) Afinidade é estabelecida através do vínculo matrimonial (artigo 
1.595 do CC), ou seja, entre um consorte e os parentes 
consanguíneos do outro estabelecido na lei. A afinidade é um vínculo 
pessoal, portanto os afins de um cônjuge não são afins entre si, logo 
não há afinidade entre concunhados. Se houver um segundo 
matrimônio, os afins do primeiro casamento não se tornam afins do 
cônjuge em segundas núpcias. Lembrar dos impedimentos em linha 
reta, pois não podem se casar genro e sogra, nora e sogro, mesmo 
após a dissolução da sociedade conjugal (1.595 § 2° do CC). Porém, 
na linha colateral, cessa a afinidade com a dissolução da sociedade 
conjugal, pois não está vedado o casamento entre cunhados. No 
“codex” atual, também faz parentesco por afinidade, através da união 
estável. Na linha reta tem-se, então, a afinidade entre sogro e nora, 
sogra e genro, padrasto e enteada, madrasta e enteado. São, 
portanto, afins em primeiro grau. 
 
12 
 
Em segundo grau, na linha reta, o marido será afim com os avós de 
sua mulher e esta com os avós de seu marido, porque na linha reta 
não há limite de grau. 
 
Na linha colateral, o parentesco por afinidade não vai além do 
segundo grau, existindo tão somente com os irmãos do cônjuge; assim, 
com o casamento, uma pessoa torna-se afim com os irmãos do cônjuge. 
Cunhados serão parentes por afinidade em segundo grau, mas entre 
marido e mulher não há parentesco, nem afinidade. 
 
 
c) Civil, é o que se refere à adoção. Estabelece um vínculo entre o 
adotante e o adotado, bem como os seus parentes. Pai e filho 
adotivo são parentes civis em virtude de lei (artigo 1.593 do CC): 
 
 
 
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de 
consanguinidade ou outra origem. 
 
 
 
 
Casamento 
 
Esponsais ou Promessa de Casamento 
 
Os esponsais eram definidos no Direito Romano como a promessa mútua e 
recíproca de casamento futuro. Tratava-se de um contrato verbal (sponsio) que 
se realizava em forma não muito diferente do atual noivado. O compromisso de 
casamento se fazia com o assentimento dos pais dos noivos perante parentes 
e amigos, dando o noivo à noiva o anel esponsalício. O rompimento do noivado 
dava margem a uma ação de perdas e danos (actio de sponsu). 
 
Não tendo o Código Civil regulado os esponsais, houve dúvidas quanto à 
validade dos mesmos no direito brasileiro. 
 
Alguns autores defendem que: 
 
• Atos da vida social - quando violados não geram indenização; 
• Contratos preliminares - cuja violação foi injustificada dá margem 
a uma ação de indenização, pelos danos morais e materiais – se 
ocorridos. 
 
A jurisprudência tem, todavia, mandado indenizar - em caso de rupturas 
injustificadas de noivado, as despesas feitas com a compra de móveis para o 
casal e o prejuízo decorrente do abandono do emprego pela noiva, a pedido do 
noivo, afim de melhor atender aos seus encargos de família, entre outros. 
 
13 
 
 
“RESPONSABILIDADE CIVIL - ROMPIMENTO DE NOIVADO AS 
VÉSPERAS DO CASAMENTO - FALTA DE MOTIVO JUSTO, 
GERANDO RESPONSABILIDADE E INDENIZAÇÃO - DANO 
MORAL – CONFIGURAÇÃO - VALOR DA INDENIZAÇÃO 
FIXADO MODERADAMENTE – RECONVENÇÃO 
IMPROCEDENTE FACE A CULPA DO RÉU PELO 
ROMPIMENTO - RECURSO DA APELANTE PROVIDO E DO 
APELADO DESPROVIDO. 
O noivado não tem sentido de obrigatoriedade. Pode ser rompido 
do modo unilateral até o momento da celebração do casamento, 
mas a ruptura imotivada gera responsabilidade civil, inclusive por 
dano moral, cujo valor tem efeito compensatório e repressivo, por 
isto deve ser em quantia capaz de representar justa indenização 
pelo dano sofrido; no que tange a reconvenção apresentada pelo 
réu, a fim de imputar a autora a culpa pelo rompimento ante os 
motivos expendidos, obrigando-a a devolução de quantia a ela 
enviada pelo então namorado, resta a mesma improcedente, pela 
a culpa exclusiva do réu no episódio analisado”7. 
 
 
 
Casamento 
 
É o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que visa 
o auxílio mútuo material e espiritual, de modo que haja 
uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma 
família legítima8. 
 
Portanto, o matrimônio não é apenas a formalização ou 
legalização da união sexual, mas a conjunção de 
matéria e espírito de dois seres de sexo diferente para 
atingirem a plenitude do desenvolvimento de sua 
personalidade, através do companheirismo e do amor. 
 
 
 
Natureza Jurídica do Casamento 
 
 
a) Concepção contratualista - originária do direito canônico - para essa 
corrente, o matrimônio é um contrato civil, regido pelas normas comuns 
a todos os contratos, ultimando-se e aperfeiçoando-se apenas pelo 
simples consentimento dos nubentes, que há de ser recíproco e 
 
7 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná; Acórdão nº 4651; Processo nº 
081708900; Relator: Desembargador Antônio Gomes da Silva; julgamento em 15 de fevereiro de 2000. 
 
8 Conceito baseado em Gangi, Il matrimonio, Milano, 1947, p. 5 apud DINIZ, Maria Helena. Op. 
Cit. p. 1029. 
 
14 
manifesto por sinais exteriores. Há civilistas que vislumbram no 
casamento um contrato especial ou sui generis. 
 
b) Concepção institucionalista - vê no matrimônio um estado em que os 
nubentes ingressam. O casamento é tido como uma grande instituição 
social, refletindo uma situação jurídica que surge da vontade dos 
contraentes, mas cujas normas, efeitos e forma encontram-se 
preestabelecidos pela lei. As partes são livres, podendo cada uma 
escolher o seu cônjuge e decidir se casa ou não; uma vez acertada a 
realização do matrimônio, não lhes é permitido discutir o conteúdo de 
seus direitos e deveres, o modo pelo qual se dará a resolubilidade da 
sociedade ou do vínculo conjugal ou as condições de legitimidade da 
prole, pois não lhes é possível modificar a disciplina legal de suas 
relações; aderido o estado matrimonial, a vontade dos nubentes é 
impotente, sendo automáticos os efeitos da instituição que é de ordem 
pública, bem como as normas que a regem. Portanto, o estado 
matrimonial é um estatuto imperativo preestabelecido, ao qual os 
nubentes aderem. Assim, não é um contrato, uma vez que, na realidade, 
é a aceitação de um estatuto como ele é, sem qualquer liberdade de 
adotar outras regras. 
 
c) Concepção mista - um ato complexo, concomitantemente contrato (na 
formação) e instituição (no conteúdo), sendo bem mais do que um 
contrato. 
 
Objetivo do Matrimônio 
 
• A legitimidade da família - art. 226 §§ 1o e 2o CF; 
• A procriação dos filhos e educação da prole; 
• A legalização das relações sexuais, ao lado do direito convivencial; 
• A prestação do auxílio mútuo espiritual e material; 
• O estabelecimento de deveres patrimoniais e extrapatrimoniais;• A atribuição do nome (art. 70 da Lei 6.015/73 – art. 1565 § 1° CC). 
 
Características do Matrimônio 
 
a) Liberdade na escolha do nubente – há a possibilidade de se escolher o 
cônjuge não podendo ser imposta a opção; 
 
b) Solenidade do ato nupcial – a celebração é cercada de formalidades 
prescritas em lei, como a habilitação para o casamento e testemunhas; 
 
c) Legislação matrimonial é de ordem pública – são necessários proclamas 
(publicação do edital do casamento dos nubentes), não se pode 
negociar os direitos e deveres do matrimônio, já que estão definidos na 
lei civil; 
 
d) União permanente – não há prazo para sua duração, herança do direito 
canônico que o celebra como união indissolúvel; 
 
 
15 
e) União exclusiva – os direitos e deveres do casamento são pessoais e 
exigem a fidelidade recíproca, sob pena de, se infringidos, 
acarretarem divórcio. 
 
 
Princípios do Direito Matrimonial 
 
A livre união dos futuros cônjuges – art. 1.513 do CC: 
 
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou 
privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. 
 
 
A monogamia – não é admissível a bigamia (manter dois casamentos 
simultâneos). 
 
A comunhão indivisa – art. 1.511 do CC: 
 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com 
base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
 
 
 
 
Formalidades do Casamento (Art. 1525 do C.C.) 
 
 
1. Formalidades preliminares à celebração do casamento - Devido à 
grande importância do matrimônio e dos efeitos dele decorrentes, a lei 
requer certas formalidades que o devem preceder, com o fim de verificar 
a inexistência de impedimentos e de demonstrar que os nubentes estão 
em condições de convolar núpcias, evitando a realização de casamento 
com infração às normas jurídicas vigentes. 
 
2. Habilitação matrimonial - A habilitação matrimonial é o processo que 
corre perante o oficial do registro civil para demonstrar que os nubentes 
estão legalmente habilitados para o ato nupcial. Para tanto, os noivos 
deverão apresentar requerimento subscrito por eles ou por procurador. 
Se um ou ambos forem analfabetos, será assinado a rogo, com duas 
testemunhas (RT, 183:835). Tal requerimento deverá estar 
acompanhado dos documentos arrolados no artigo 1.525 do CC: 
 
 
a) Certidão de nascimento (para comprovar a idade) ou prova 
equivalente (os que possuem 16 anos devem apresentar a 
autorização dos pais –1.517 do CC); 
b) Declaração do estado, do domicílio e da residência atual dos 
contraentes e de seus pais, se forem conhecidos. 
c) Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou 
ato judicial que a supra. 
 
16 
d) Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou estranhos, 
que atestem conhecer os nubentes e afirmem não existir 
impedimento que os iniba de casar. 
e) Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento 
anterior ou do registro da sentença de divórcio. 
f) Atestado, comprovado por duas testemunhas, de que o nubente que 
residiu a maior parte do último ano em outro Estado ou no exterior o 
deixou sem impedimento para casar ou de que cessou o existente. 
g) Certidão da sentença do divórcio proferida no estrangeiro, com a 
devida homologação pelo STJ (CPC, artigos 483 e s.; RT, 538:258; 
Lei n. 6.515/77, artigo 49, alterado pela E.C. n° 45/2004). 
h) Certificado de exame pré-nupcial, se tratar de casamento de 
colaterais do 3° grau (Dec.-lei n. 3.200/41) - o impedimento entre 
TIOS e SOBRINHOS (colaterais de 3ograu) apenas vigorará se 
houver conclusão médica desfavorável, portanto, com ressalvas. 
 
 
HOMOLOGAÇÃO - após o requerimento e entrega dos documentos da 
habilitação deverá ser ouvido o Ministério Público - art. 1526 do CC: 
 
 
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do 
Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. 
 
 
 
Apresentados os documentos necessários para as formalidades 
preliminares do casamento, o oficial do registro verificará se estão em 
ordem e lavrará os proclamas do casamento, mediante edital, que será 
afixado, durante quinze dias, em local do edifício, onde se celebram os 
matrimônios, e publicado pela imprensa, onde houver (artigo 1527 do 
CC). 
 
Se houver urgência, o oficial poderá dispensar a publicação (art. 1527 § 
único do CC) 
 
Se após este prazo de 15 dias da publicação dos proclamas não houver 
oposição de impedimentos matrimoniais, o oficial do registro deverá passar 
uma certidão declarando que os nubentes estão habilitados para casar 
dentro nos 90 dias imediatos. Se os nubentes não convolarem núpcias 
nesse período, terão de renovar o processo de habilitação, com a 
publicação de novos proclamas e nova certidão, por se tratar de prazo de 
caducidade (artigos 1531 e 1532 do C.C.). 
 
 
 
Celebração do Casamento (art. 1.533 Do C.C) 
 
 
1. Celebração do casamento 
Preenchidos todos os requisitos do processo de habilitação, os 
contraentes, de posse da certidão do Registro civil, requererão à 
 
17 
autoridade competente a designação de dia, hora e local para 
celebração do casamento (art. 1533 do C.C.). 
 
Caso um dos nubentes não souber ou não puder escrever ou a 
celebração for se realizar em recinto particular deverá haver 4 
testemunhas - art. 1.534, § 2° do CC. 
 
A celebração do ato nupcial é da competência do juiz do lugar em que 
se processou a habilitação. 
 
O casamento pode realizar-se em qualquer dia da semana, inclusive 
domingos e feriados (Lei n. 1.408/51 artigo 5°, parágrafo único). 
 
 
2. Formalidades da cerimônia de casamento 
 
A publicidade do ato nupcial é de ordem pública. É essencial para a 
celebração a presença real e simultânea dos contraentes, embora se 
admita casamento por procuração, em casos excepcionais. Presentes os 
nubentes (ou, se for o caso, o procurador) e as testemunhas, o juiz 
perguntará, sucessivamente, ao futuro marido e à futura mulher se 
persistem no propósito de se casar por livre e espontânea vontade. 
Obtendo a resposta afirmativa pura e simples, sem qualquer condição ou 
termo, o celebrante declara contraído o matrimônio, ao pronunciar as 
seguintes palavras: “de acordo com a vontade que ambos acabais de 
afirmar perante mim, de vos receberdes como marido e mulher, eu, em 
nome da lei, vos declaro casados” - art. 1.535 do CC. Completando os 
atos formais do casamento, que se iniciam com a habilitação e 
prosseguem com a cerimônia solene, dever-se-á lavrar o casamento no 
livro de registro, para perpetuar o ato e servir de prova, art. 1536 do CC. 
 
 
3. O ato é formal e solene - não se admitem gracejos, sob pena de 
suspensão da cerimônia. 
 
4. Suspensão da cerimônia 
O matrimônio não se efetivará, sendo sua celebração suspensa, se um 
dos nubentes recusar a solene afirmação de sua vontade ou manifestar-
se arrependido (artigo 1.538, I CC.). O nubente que der causa a 
suspensão do ato não poderá retratar-se no mesmo dia, mesmo que 
afirme sua intenção de reiniciar a celebração suspensa, que poderá ser 
celebrada somente nas próximas 24 horas (artigo 1538, parágrafo 
único). 
 
5. Casamento por procuração 
Embora imprescindível a presença real e simultânea dos contraentes 
para que se realize o casamento, permite nosso Código Civil que, se um 
deles não puder estar presente ao ato nupcial, se celebre o matrimônio 
por procuração, desde que o nubente outorgue poderes especiais a 
alguém, para comparecer em seu lugar e receber, em seu nome, o outro 
contraente (artigo 1.542 do CC), indicando o nome deste, individuando-o 
de modo preciso, uma vez que, ninguém pode conferir poderes para o 
 
18 
procurador casar com quem quiser. A forma da procuração será a 
pública: 
 
 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por 
instrumento público, com poderes especiais. 
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento 
do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o 
mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da 
revogação, responderáo mandante por perdas e danos. 
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá 
fazer-se representar no casamento nuncupativo. 
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. 
 
Portanto, é cabível a procuração como meio de viabilizar o casamento 
nuncupativo, art. 1.542 § 2° do CC. 
 
6. Casamento nuncupativo (artigo 1.540 do CC.) 
 
• Casamento nuncupativo ou in extremis é uma forma 
excepcional de celebração do ato nupcial. Possibilita o não 
cumprimento das formalidades vistas (1533 do CC) ante a 
urgência do caso, já que um dos nubentes se encontra em 
iminente risco de vida. O oficial do Registro, mediante 
despacho da autoridade competente, à vista dos documentos 
exigidos nos artigos 1.525 do CC, independentemente de 
edital de proclamas, dará certidão de habilitação. 
• Chega-se até mesmo a dispensar a autoridade competente, se 
impossível sua presença e a de seu substituto, caso em que 
os nubentes figurarão como celebrantes, declarando que 
querem receber-se por marido e mulher, perante seis 
testemunhas que com eles não tenham parentesco em linha 
reta ou colateral em 2° grau (artigo 1.540 do CC). 
• Todavia requer esse casamento habilitação a posteriori e 
homologação judicial em 10 dias (artigo 1.541, I, II, III e §§ do 
C.C.) 
• Não se confunde com o casamento em caso de moléstia grave 
(artigo 1.539 do CC). 
 
 
7. Casamento perante autoridade diplomática ou consular 
 
Previsto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, artigo 7°, 
§ 2°, com alteração da Lei nº 3238/57. 
 
 
19 
Em seu artigo 18, permite que brasileiros convolem núpcias, no exterior, 
perante nosso cônsul: 
 
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades 
consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de 
Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de 
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do 
Consulado.(Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a 
separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não 
havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os 
requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva 
escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos 
bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à 
retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do 
nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº 
12.874, de 2013).Vigência 
 
§ 2o É indispensável a assistência de advogado, devidamente 
constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente 
com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua 
advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do 
advogado conste da escritura pública.(Incluído pela Lei nº 12.874, de 
2013). Vigência 
 
Todavia esse casamento deve ser registrado no Brasil, pois a Lei n. 
6.015/73, no seu artigo 32 e em seus parágrafos dispõem: os assentos 
de casamento de brasileiros em país estrangeiro serão considerados 
autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos, legalizadas 
as certidões pelos cônsules ou, quando por estes tomados, nos termos 
do regulamento consular. 
 
Os assentos deverão ser trasladados nos cartórios do 1° Ofício do 
domicílio do registrado ou no 1° Ofício do distrito federal, em falta de 
domicílio conhecido, quando tiverem de produzir efeito no país, ou, 
antes, por meio de segunda via que os cônsules serão obrigados a 
remeter por intermédio do Ministério das Relações Exteriores. Por fim, 
confirma o artigo 1.544 do CC, acrescentando que, devem ser 
registrados em 180 dias da volta de um dos cônjuges ao Brasil. 
 
 
8. Casamento civil e religioso 
 
Até o advento da República, o único casamento válido para os católicos 
era o religioso, e para os não católicos somente em 1861 é que surgiu a 
possibilidade de realizar o casamento civil. 
 
Com a ruptura entre o Estado e a Igreja, veio o Decreto 181, de 1890, 
que admitia como casamento válido somente o civil (artigo 180): 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12874.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12874.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12874.htm#art3
 
20 
 
O casamento civil, único válido nos termos do 
artigo 108 do Dec. 181, de 24 de janeiro último, 
precederá sempre às cerimônias religiosas de 
qualquer culto, com que desejem solenizá-las os 
nubentes. 
 
O ministro de qualquer confissão, que celebrar 
as cerimônias religiosas do casamento antes do 
ato civil, será punido com seis meses de prisão 
e multa correspondente à metade do tempo. 
 
 
Com a Constituição de 24.02.1891, no artigo 72, parágrafo 4°, só 
reconhecia o casamento civil sem cogitar no religioso, tornando 
problema de consciência individual. Em 1937 veio a Lei No. 379, que 
dizia que o casamento religioso teria efeitos civis, sendo modificada pelo 
Decreto 3.200 de 1941. 
 
Atualmente a matéria é regulada pelo artigo 226 e parágrafos 1° e 2° da 
Constituição Federal: 
 
 
§ 1° “O casamento é civil e gratuita a celebração”. 
§ 2° “O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei”. 
 
 
A Lei 6015 de 31.12.73 cogita da habilitação prévia e da habilitação 
posterior. Admite, assim, que terminada a habilitação para o casamento 
perante o oficial do Registro Civil, os nubentes, munidos da certidão de 
que estão habilitados, possam celebrar o matrimônio perante a 
autoridade civil ou religiosa, devendo no prazo de trinta dias, a contar da 
realização, ser requerida a inscrição do casamento religioso no Registro 
Civil. A prova do ato do casamento religioso subscrita pelo celebrante 
deverá conter os requisitos estabelecidos no artigo 70 da referida Lei. 
 
Também é possível que seja efetuada a habilitação posterior, quando 
realizado o casamento religioso sem a habilitação prévia. Nesta hipótese 
as partes fazem a habilitação após o casamento religioso, publicam os 
editais, suprem as falhas da certidão da autoridade religiosa se a mesma 
não estiver completa com os requisitos exigidos pela lei civil, sendo 
finalmente inscrito o casamento religioso, produzindo (a inscrição) 
efeitos jurídicos a contar da sua celebração (artigos 74 e 75 da Lei 
6015/73). 
 
 
Com o advento do Código Civil de 2002, o casamento religioso tem a 
mesma validade que o civil, desde que atenda todas as exigências 
legais e desde que o faça registrar no Registro Civil no prazo de 90 dias, 
mediante prévia habilitação. Deve-se salientar que tal modalidade de 
casamento não estava prevista no Código Civil de 1916, no entanto, a 
Constituição Federal a trouxe em seu bojo. 
 
21 
 
 
 
Provas do Casamento 
 
Os casamentos anteriores a 1889 se provam pelos assentos das autoridades 
eclesiásticas. 
 
1. Provas diretas específicas 
 
a) O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do Registro 
Civil (1.543 do CC.). Se houve casamento religioso registrado nos 
livros competentes, a prova se fará pela certidão do assento no 
Registro Civil atualizada. É o melhor meio de se provar o casamento. 
 
b) Se o casamento se celebrou fora do Brasil, a sua prova reger-se-á 
pela lei do país em que se realizou, salvo se tiver sido celebrado 
perante agente consular brasileiro. Mesmo o casamento realizado no 
estrangeiro pode ser provado mediante justificação perante a Justiça 
brasileira quando interessados forem domiciliados em nosso País, 
quer a lei do país em que se realizou o casamento admita ou não 
essa forma de prova. Os casamentos de brasileiros no estrangeiro 
deverão ser registrados no Brasil - art. 1.544 do CC (já mencionado). 
 
 
2. Provas diretas supletórias 
 
a) Justificada a falta ou perda do registro civil (1.543 § ún.CC.), é 
admissível qualquer outra espécie de prova que pode ser feita 
mediante ação declaratória ou por simples justificação judicial. Ex: 
quando houver destruição ou perda dos livros do registro ou mesmo 
falta de registro por ato culposo ou não do oficial (passaporte, 
testemunhas do ato, certidão dos proclamas e documentos). 
 
b) Provada a celebração do casamento por processo judicial (ação 
declaratória ou justificação), a sentença deverá ser inscrita no livro do 
Registro Civil competente, produzindo, no tocante aos cônjuges e 
aos filhos, todos os efeitos legais desde a data do casamento. 
 
 
3. Provas indiretas 
 
A posse do estado de casado (art. 1.545 do CC.). Para comprovar 
indiretamente casamento de pessoas falecidas, em benefício da prole; 
para eliminar dúvidas entre provas a favor ou contra o matrimônio e para 
sanar eventuais falhas de forma no respectivo assento. Os filhos só 
poderão invocar a posse de estado de casados se seus pais já 
faleceram ou, por analogia, se, embora vivos, sofrem de alguma doença 
mental. 
 
 
 
 
22 
Requisitos 
 
Nomen utilização do sobrenome do outro cônjunge 
Tractatus ambos, ostensivamente, devem tratar-se, como casados. 
 
Fama a sociedade deve reconhecer a condição de cônjuges. 
 
 
4. “In dubio pro matrimonio” (artigo 1.547 do CC.): 
 
 
Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-
se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, 
viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. 
 
 
 
Impedimentos do Matrimônio e Causas Suspensivas 
 
 
1. Conceito de impedimento matrimonial 
É a falta de requisito para o casamento. 
 
2. O objetivo é evitar uniões que afetem a prole, a ordem moral ou 
pública, por representarem um agravo ao direito ou aos interesses de 
terceiros, tal a influência que exerce o matrimônio nas relações 
familiares e em toda esfera social, impedindo a celebração do 
casamento. Se alguém mesmo impedido de se casar, contrair o 
matrimônio a norma o fulminará com a decretação de nulidade, com 
efeitos ex tunc (retroagem como se o casamento não tivesse 
existido). 
 
3. Não se confunde incapacidade para casar com impedimento. 
Exemplo: o irmão está impedido de casar com sua irmã, mas tem 
capacidade para se casar com outra moça. O irmão é capaz, estando 
somente proibido de casar com sua irmã, por impedimento legal. Já o 
menor de 10 anos de idade não tem aptidão para se casar com 
pessoa alguma, sendo, portanto, incapaz. Incapacidade obsta 
convolar núpcias (com quem quer que seja, já que é inerente à 
pessoa). Impedimento é falta de requisito para contrair casamento 
somente nas condições estabelecidas pela lei. 
 
4. Causas suspensivas 
Se arguidas antes das núpcias, poderá suspender o processo de 
celebração. A violação das causas suspensivas previstas no artigo 
1523 CC, não acarreta nulidade ou anulabilidade matrimonial, mas 
tão somente aplicação de sanção de ordem econômica: 
 
 
 
 
 
23 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto 
não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido 
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da 
sociedade conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a 
partilha dos bens do casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, 
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto 
não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas 
contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes 
sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV 
deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para 
o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no 
caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou 
inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
 
 
5. Classificação 
 
a) Impedimentos dirimentes públicos ou absolutos (artigo 1.521, 
I a V, do CC.), podem ser levantados por qualquer interessado e 
pelo Ministério Público, na qualidade de representante da 
sociedade, acarretando a nulidade (1548, II CC.) do matrimônio 
realizado com a inobservância da proibição. 
 
Impedimentos resultantes de parentesco (1521, I a V) se 
subdividem: 
 
• Impedimento de consanguinidade (I e IV), que se funda por 
razões morais (impedir núpcias incestuosas) e biológicas 
(para preservar a prole de taras fisiológicas, malformação 
somática, defeitos psíquicos).Em linha reta os impedimentos 
vão, teoricamente, até o infinito.Os colaterais impedidos até 
o 3° grau, salvo nas hipóteses do decreto 3.200/41 (podem 
casar desde que o exame pré-nupcial lhes seja favorável). 
 
• Impedimento de afinidade (II), parentesco por afinidade é 
aquele que se estabelece em virtude de casamento entre um 
dos cônjuges e os parentes do outro. Ex: sogro e nora, 
cunhados. O impedimento por afinidade se dá somente 
em linha reta. Ex. sogra e genro, sogro e nora; padrasto e 
enteada, madrasta e enteado ou qualquer outro 
descendente do marido (neto, bisneto) nascido ou não de 
uma união legítima, embora tenha sido dissolvido o 
 
24 
casamento ou união estável que originou a afinidade Art. 
1.595, § 2°, CC. 
 
• Impedimento de adoção (III e V), esse impedimento é uma 
decorrência natural do respeito e da confiança que deve haver 
na família. 
 
Impedimento de vínculo (VI), que deriva da proibição da bigamia, por 
ter a família base monogâmica. A monogamia é a forma natural e 
mais apropriada de aproximação sexual da raça humana, passo que 
a poligamia, é o estágio menos avançado da moral. 
 
Impedimentos de crime (VII). O homicídio ou tentativa de homicídio 
cometido contra um dos cônjuges constitui impedimento ao 
matrimônio entre o criminoso e o cônjuge sobrevivente, por razão de 
ordem moral. 
 
Observação: os Impedimentos dirimentes privados ou relativos (hoje 
são tidos como casamentos anuláveis - artigo 15509 do CC), não 
existem mais com tal denominação no Código atual. 
 
 
b) Impedimentos Impedientes ou Causas Suspensivas (artigo 
1.523, I a IV), proíbem o ato nupcial, sem, contudo acarretar a sua 
invalidação, mas sujeitam os infratores a determinadas sanções 
de ordem econômica. Ex. imposição do regime obrigatório da 
separação de bens, artigo 1.641, I, CC e hipoteca legal, artigo 
1.489, II, CC. O objetivo é evitar a confusão patrimonial dos filhos 
do primeiro casamento com o da nova sociedade conjugal. 
Exceção artigo 1523, § único do CC. 
 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não 
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter 
sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da 
dissolução da sociedade conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a 
partilha dos bens do casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, 
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto 
 
9 Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor 
em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos 
dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o 
consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação 
do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade 
celebrante. Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. 
 
25 
não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas asrespectivas contas. 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes 
sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV 
deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, 
para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou 
curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de 
filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. 
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem 
ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam 
consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam 
também consanguíneos ou afins. 
 
 
 
Oposição dos Impedimentos do Casamento 
 
 
É um ato praticado por pessoa legitimada que, antes do casamento, leva 
ao conhecimento do oficial do cartório. 
 
• Impedimentos dirimentes públicos ou absolutos (1522 e § único, CC) 
podem ser arguidos: 
 
➔ “ex officio” pelo oficial do cartório; 
➔ por quem presidir à celebração do casamento; 
➔ por qualquer pessoa maior que, sob sua assinatura apresente 
declaração escrita, instruída com as provas do fato que alegar. 
 
 
• Impedimentos impedientes ou proibitivos (1524, CC), só poderão ser 
opostos (por interessarem exclusivamente à família): 
 
➔ pelos parentes, em linha reta (ascendentes ou descendentes e 
afins); 
➔ pelos colaterais, em segundo grau, consanguíneos ou afins 
(irmãos ou cunhados) 
 
 
 
Da Invalidade do Casamento 
 
 
Nulidade e Anulação do matrimônio (artigos 1.548 a 1.564, do CC.) 
 
 
1. Nulo é o casamento contraído com infração a impedimento dirimente 
ou absoluto (art. 1.548, II do C.C.): 
 
 
 
 
26 
 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou 
civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com 
quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 
terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou 
tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 
 
Ainda, nulo é o casamento contraído por enfermo mental sem o 
discernimento para os atos da vida civil (art. 1.548, I, CC): 
 
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: 
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos 
da vida civil; 
 
A decretação da nulidade pode ser promovida mediante ação direta, 
por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público (artigo 1.549 CC) 
 
2. Casamento putativo, casamento nulo em que ao menos um dos 
cônjuges estava de boa-fé. O casamento nulo passa a ser putativo 
provando-se a boa-fé de um dos cônjuges e o erro em que incidiu, 
cabendo ao tribunal apreciar as circunstâncias de cada caso 
concreto. A ignorância pode decorrer de erro de fato ou de direito. 
Ex.: casam-se duas pessoas, que são irmãs, mas desconhecem tal 
parentesco,que só é descoberto após o casamento. Artigo 1.561 do 
CC: 
 
 
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por 
ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, 
produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. 
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os 
seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. 
 
27 
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, 
os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. 
 
 
A decretação da nulidade pode ser promovida mediante ação direta, 
por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público (artigo 1.549 CC). 
 
 
3. Anulável é o casamento contraído com infração aos artigos 1.550, 
1.556, 1.557 e 1.558 do CC, incidindo erro essencial (boa fama, 
honra), tornando insuportável a vida em comum e de defeito físico 
irremediável ou de moléstia grave transmissível por herança ou 
contágio, capaz de pôr em risco a vida do outro cônjuge ou de sua 
prole. 
 
• Honra e boa fama - ex.: mulher prostituta e homem 
homoafetivo. 
 
A recusa da mulher em ter relações sexuais com o marido é 
interpretada em erro quanto à pessoa. 
 
• Ignorância de crime, anterior ao casamento, desde que torne 
insuportável a vida em comum 
. 
• Ignorância de defeito físico, anterior ao casamento, 
irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia 
grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de 
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua 
descendência. O defeito físico irremediável importa em 
anulação. Ex.: impotência “coeundi”, a coitofobia, moléstias 
(lepra, tuberculose, moléstias venéreas) graves e 
transmissíveis, por contágio ou por herança, capaz de pôr em 
risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência. 
 
 
Prazos para propor a anulação do casamento 
Artigo 1560 do CC: 
 
 
Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do 
casamento, a contar da data da celebração, é de: 
II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; 
III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; 
IV - quatro anos, se houver coação. 
§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o 
casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o 
menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para 
seus representantes legais ou ascendentes. 
 
28 
§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do 
casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o 
mandante tiver conhecimento da celebração. 
 
 
 
 
Efeitos do Casamento 
 
Efeitos Jurídicos do casamento - com o casamento realizado, são três os 
tipos de efeitos na órbita jurídica (efeitos sociais, pessoais e 
patrimoniais). 
 
 
1. Efeitos sociais - cria família “legítima”, faz afinidade entre os 
parentes dos cônjuges com outro cônjuge, emancipa menor, nos 
termos do artigo 5°, § único, II, CC. 
 
2. Efeitos pessoais do casamento (arts. 1.565 e ss. do CC): 
 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a 
condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos 
da família. 
§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o 
sobrenome do outro. 
§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao 
Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício 
desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições 
privadas ou públicas. 
 
 
Direitos e Deveres de ambos os cônjuges - com o ato matrimonial 
nascem, automaticamente, para os consortes, situações jurídicas que 
impõem direitos e deveres recíprocos, reclamados pela ordem pública e 
interesse social, e que não se medem em valores pecuniários, tais como 
fidelidade recíproca, vida em comum no domicílio conjugal, mútua 
assistência, sustento, guarda, educação dos filhos, respeito e 
consideração mútuos (art. 1.566, I, II, III, IV, V do C.C.). 
 
 
a) fidelidade recíproca – são deveres recíprocos entre os cônjuges, 
os de fidelidade, que é entendida no sentido físico, moral e 
virtual, ou seja, como manutenção de relações sexuais 
exclusivamente com o outro cônjuge e dever de lealdade de cada 
membro do casal em relação a outro. A infração da infidelidade 
pode trazer justa causa para a separação litigiosa (art. 1573, I, 
CC) quando comprovada a traição física. A infidelidade moral 
não está munida de sanção eficiente, podendo, todavia, a 
deslealdade de um cônjuge em relação ao outro (namoro com 3ª 
pessoa) autorizar o divórcio litigioso. A infidelidade virtual não 
 
29 
está prevista no código, mas é aceita pelos Tribunais e doutrina (é 
aquela em que é praticada a infidelidade através da internet, com 
aces so a sites eróticos e e-mails com indicação ao namoro). 
b) Washington de Barros salienta que, somente o homem ou a 
mulher terá a liberdade sexual com o divórcio, não com a 
separação de fato. 
 
c) A vida em comum ou coabitação – é a residência no mesmo local, 
escolhidode comum acordo e no interesse do casal e não por 
coação. Se descumprido o dever de vida em comum pode gerar 
abandono do lar, que pode ser causa para o divórcio. Antonio 
Chaves divide o tema em dois aspectos fundamentais: viverem 
juntos os consortes e o de prestarem mutuamente o débito 
conjugal. 
 
d) Mútua assistência – moral, ou seja, tanto nos momentos felizes 
como nos instantes cercados de infortúnios deve haver a mútua 
assistência. Econômica ou material – obrigação alimentar, de 
vestuário, transporte, medicamentos, etc. (arts. 1.566, III, 1.694, 
1.695, 1.699, 1.702, 1.704, 1.708 e 1.709 do CC). 
 
e) Sustento, guarda e educação dos filhos – criando-os, amparando-
os, educando-os e preparando-os para os embates da vida. 
 
f) Respeito e considerações mútuas – devendo ambos os cônjuges 
velar pela integridade física ou moral um do outro. 
 
A igualdade jurídica entre os cônjuges - é um princípio que determina a 
tomada de decisões de comum acordo entre o casal, com paridade de 
direitos e deveres – art. 1567 e segs do CC. 
 
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em 
colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e 
dos filhos. 
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá 
recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles 
interesses. 
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de 
seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a 
educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. 
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, 
mas um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender 
a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses 
particulares relevantes. 
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não 
sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado 
judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de 
enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a 
direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens. 
 
30 
 
 
Outorga Uxória e Autorização Marital 
 
A lei determina que certos atos o marido não pode praticar sem a 
outorga uxória ou a esposa não pode praticar sem a autorização marital 
(1647, I a IV, C.C.): 
 
 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges 
pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação 
absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
III - prestar fiança ou aval; 
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos 
que possam integrar futura meação. 
 
 
Restringe, portanto, a atuação dos cônjuges, desde que possa afetar ou 
comprometer a estabilidade econômica do lar. 
 
Assim, não pode o cônjuge, sem consentimento do outro, excetuando-se 
o regime da separação absoluta de bens, alienar, hipotecar ou gravar 
ônus real sobre os imóveis, pleitear ação referente a estes bens, dar 
aval e fazer doação que implica em bens comuns. Fiança - também não 
pode o marido ou a esposa ser fiador comprometendo o imóvel da 
família sem o consentimento do consorte. 
 
• Forma da outorga uxória ou autorização marital deverá ser 
expressa e deve constar de instrumento público ou particular, 
desde que autenticado (artigo 1649, § único do CC): 
 
 
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando 
necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o 
outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de 
terminada a sociedade conjugal. 
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita 
por instrumento público, ou particular, autenticado. 
 
 
• Suprimento Judicial – Cabe ao juiz suprir a autorização do 
marido e a outorga da mulher, quando esta a denegue sem 
motivo justo, ou lhe seja impossível dá-la (artigo 1.648 do 
CC): 
 
 
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a 
outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou 
lhe seja impossível concedê-la. 
 
 
 
31 
• A recusa pode ser justa, hipótese em que será negada a 
concessão da alienação dos bens imóveis: 
 
➔ O bem é único imóvel e moradia do casal; 
➔ A venda está sendo efetuada por preço vil; 
➔ Casal está separado de fato e a mulher ou o marido 
não tem a garantia da meação; 
➔ Se não há prova da necessidade da venda; 
➔ Se vender para sustentar concubino (a). 
 
• Falta de outorga e prazos prescritivos 
A anulação dos atos praticados pelo cônjuge deverá ser 
pleiteada pelo consorte ou seus herdeiros quando praticados 
sem o consentimento do outro ou suprimento do juiz: 
 
 
Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem 
outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só 
poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, 
ou por seus herdeiros. 
 
 
 
• Prazo 
O lapso temporal para o prejudicado requerer a anulação do 
ato é de 02 (dois) anos, a partir do término da sociedade 
conjugal (artigo 1649 do C.C.): 
 
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando 
necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, 
podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos 
depois de terminada a sociedade conjugal. 
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita 
por instrumento público, ou particular, autenticado. 
 
 
 
 
3. Efeitos Jurídicos Patrimoniais do Matrimônio 
 
Regime de bens entre o marido e a mulher 
É um estatuto patrimonial dos consortes. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
• Princípios do Regime de Bens entre o marido e a mulher: 
 
 
➔ O da variedade de regime de bens: Não impõe um só 
regime de bens aos nubentes, mas oferece quatro tipos 
diferentes: 
 
 Comunhão Universal de Bens; 
 Comunhão Parcial de Bens; 
 Separação de Bens; 
 Participação final dos aquestos. 
 
➔ O da liberdade dos pactos antenupciais permite aos 
nubentes a livre escolha do regime que lhes convier 
(artigo 1.639 do C.C.) que deverá ser feito mediante 
pacto antenupcial (ou seja, contrato solene, realizado 
antes do casamento, por meio do qual as partes 
dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre elas 
durante o matrimônio) – arts. 1.640, 1.653 a 1.657 do 
CC: 
 
 Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou 
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o 
regime da comunhão parcial. 
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de 
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código 
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela 
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por 
escritura pública, nas demais escolhas. 
(...) 
 
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por 
escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
(...) 
 
Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito 
perante terceiros senão depois de registradas, em livro 
especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos 
cônjuges. 
 
 
 
O pacto antenupcial deverá ser feito por escritura pública 
(art. 1.653, CC), se não feito desta forma acarreta em 
nulidade. Devendo ser registrado no Cartório de 
Registro de Imóveis do domicílio (6015/73 e art. 1.657, 
CC) para ter validade contra terceiros e efeito “erga 
omnes”. Caso não registrado no Cartório de Registro de 
imóveis, não torna nula, mas terá efeito somente perante 
os cônjuges e herdeiros. 
No caso de empresários, deverá ser averbada no Cartório 
de Registros Públicos de Empresas Mercantis - art. 979 do 
CC: 
 
33 
 
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e 
averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os 
pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de 
doação, herança, ou legado, de bens clausulados de 
incomunicabilidade ou inalienabilidade. 
 
Para que o pacto antenupcial tenha validade exige-se que 
ocorra o casamento. 
 
O pactoantenupcial somente se diz respeito aos efeitos 
patrimoniais do casamento. 
 
O pacto antenupcial não é um contrato regulado no direito 
das obrigações, por ser de ordem institucional, pois após o 
casamento, o casal é regido por normas de ordem pública. 
 
 
➔ O da mutabilidade do regime adotado, desde que 
justificada. 
 
Com o advento do novo Codex, uma vez adotado o regime 
de bens, e celebrado o casamento, é possível que os 
nubentes alterem o regime de bens, desde que com motivo 
e a pedido de ambos os consortes perante autoridade 
judicial (artigo 1.639, § 2°, CC). 
 
A disposição é diferente de como previa o CC de 1916, o 
qual, uma vez adotado o regime de bens, não poderia mais 
ser modificado (artigo 230 do C.C./1916). 
Somente será extinto pela dissolução da sociedade 
conjugal o regime de bens. 
 
A jurisprudência tem admitido a comunicação de bens 
adquiridos na constância do casamento, pelo esforço 
comum de ambos os consortes, mesmo se casados no 
estrangeiro pelo regime de separação de bens, pois justo 
não seria que esse patrimônio, fruto do mútuo labor, só 
pertencesse ao marido ou a esposa apenas porque, em 
seu nome, se fez a respectiva aquisição. 
 
Regime da comunhão parcial de bens 
 
Também é chamado de regime legal da comunhão de aquestos, ou seja, 
aquele que advém da falta ou nulidade de pacto antenupcial, intervindo a 
lei sobre a opção dos nubentes. Inclui na comunhão somente os bens 
adquiridos posteriormente ao casamento, conservando os bens dos 
nubentes como estavam antes do casamento. 
 
Introduzido pela Lei n. 6.515/77 este regime passou a ser o regime legal 
de bens. Não sendo necessário pacto antenupcial. Com o advento do 
 
34 
Novo Código, no artigo 1640 e 1.658 e ss, também ficou denominado de 
regime legal da comunhão de aquestos. 
 
Os bens que não se comunicam são aqueles que constituem patrimônio 
pessoal do marido ou da mulher (artigo 1.659 e 1.661 do CC): 
 
➔ Os bens que cada cônjuge possuir ao casar e os 
que lhe sobrevierem, na constância do matrimônio, 
por doação ou sucessão. Ex.: Se um dos nubentes é 
herdeiro necessário e seu pai faz doação a este, não se 
comunica o bem, pois há expectativa de direito. 
 
➔ Os adquiridos com valores exclusivamente 
pertencentes a um dos cônjuges, em sub-rogação 
dos bens particulares. Se um dos nubentes ao 
convolar núpcias tinha um terreno, vendendo-o 
posteriormente, e adquirindo uma casa com o produto 
dessa venda, o imóvel comprado continua a lhe 
pertencer com exclusividade. Tem-se uma sub-rogação 
real. 
 
➔ As obrigações anteriores ao matrimônio. Responde 
exclusivamente o cônjuge que contraiu obrigações 
anteriores ao casamento, com seus bens particulares. 
 
➔ As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo 
se reverterem em proveito comum. O cônjuge que 
praticar o ato ilícito responderá exclusivamente, com o 
seu patrimônio, salvo se provar que o outro também se 
aproveitou do ilícito, onde ambos responderão com 
seus patrimônios. 
 
➔ Os bens de uso pessoal, os livros e instrumento de 
profissão. 
 
➔ Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge. 
O produto do trabalho dos consortes e os bens com ele 
adquiridos não se comunicam. 
 
➔ As pensões, meio-soldos, montepios e outras 
rendas semelhantes. Essa vantagem pecuniária não 
se comunicará ao seu cônjuge, por ser uma renda 
pessoal. 
 
➔ Bens cuja aquisição tiver por título uma causa 
anterior ao casamento. 
 
 
Bens que se comunicam (artigo 1.660 do CC.) 
 
 
35 
➔ Os bens adquiridos na constância do casamento 
por título oneroso (troca, venda etc.) ainda que só em 
nome de um dos cônjuges. 
 
➔ Os bens adquiridos por fato eventual (jogo, aposta, 
rifa, loteria, etc.), com ou sem concurso de trabalho ou 
despesa anterior. 
 
➔ Os adquiridos por doação, herança ou legado, em 
favor de ambos os cônjuges. 
 
➔ As benfeitorias em bens particulares de cada 
cônjuge. 
 
➔ Os frutos dos bens comuns ou dos particulares de 
cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, 
ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão dos 
adquiridos. Por serem ganhos posteriores ao 
casamento. 
 
➔ Os direitos do patrimônio do autor, excetuados os 
rendimentos resultantes de sua exploração, salvo pacto 
antenupcial em contrário. 
 
 
Regime da Comunhão Universal de Bens 
 
Por meio do pacto antenupcial os nubentes podem estipular que o 
regime matrimonial de bens será o da comunhão universal. 
 
Neste regime todos os bens presentes ou futuros, adquiridos antes ou 
depois do matrimônio, tornam-se comuns, constituindo uma só massa. 
Instaura-se o estado de indivisão, passando a ter cada cônjuge o direito 
à metade ideal do patrimônio comum. Antes da dissolução e partilha não 
há meação, mas tão-somente metade ideal de bens e dívidas comuns. 
Há comunicação do ativo e passivo, pois há na comunhão universal 
de bens uma espécie de sociedade, disciplinada por normas próprias e 
peculiares. Logo, nenhum dos consortes tem a metade de cada bem, 
enquanto durar a sociedade conjugal, muito menos a propriedade 
exclusiva de bens discriminados, avaliados na metade do acervo do 
casal. 
Excepcionalmente são excluídos da comunhão - artigo 1.668 do CC. 
(por terem efeitos personalíssimos ou pela sua própria natureza): 
 
➔ Os bens doados ou herdados com a cláusula de 
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar, 
assim se um imóvel doado com cláusula de 
incomunicabilidade vier a ser desapropriado, a 
indenização é paga pelo poder público só ao cônjuge 
que lhe detinha. 
 
36 
 
➔ Os bens gravados de fideicomisso e o direito do 
herdeiro fideicomissário, antes de realizar a 
condição suspensiva, pois a propriedade do fiduciário 
é resolúvel, contrariando o princípio da imutabilidade do 
regime matrimonial. 
 
➔ As dívidas anteriores ao casamento, salvo se 
provierem de despesas com seus aprestos, ou 
reverterem em proveito comum. Pelos débitos 
anteriores ao matrimônio, que não se comunicam, 
responde, exclusivamente, o devedor com os seus bens 
particulares ou com os bens que ele trouxe para a 
comunhão conjugal. Só com a dissolução do 
casamento, a meação do devedor responde pelos seus 
débitos contraídos antes das núpcias. Se o credor 
provar que as dívidas são oriundas de despesas com os 
aprestos do casamento, como aquisição de móveis, 
enxoval ou festa, ou que reverteram em proveito de 
ambos os consortes, como o dinheiro emprestado para 
comprar imóvel destinado à residência do futuro casal 
ou para a viagem de núpcias, ter-se-á a 
comunicabilidade. 
 
➔ As doações antenupciais feitas por um dos 
cônjuges ao outro com cláusula de 
incomunicabilidade, a fim de proteger o donatário 
ainda que o doador seja o outro consorte. 
 
➔ As roupas de uso pessoal, as joias esponsalícias 
dadas antes do casamento pelo esposo, os livros e 
instrumentos de profissão e os retratos de família, 
devido a seu cunho nitidamente pessoal. 
 
➔ As pensões, meio-soldos, montepios, tenças e 
outras rendas semelhantes, por se tratarem de bens 
personalíssimos: 
 
Pensão é a quantia que se paga, periodicamente, em 
virtude de lei (Lei n° 8255/64), decisão judicial, ato “inter 
vivos” ou “causa mortis”, a alguém, visando sua 
subsistência; 
 
Meio-soldo é a metade do soldo que o Estado paga a 
militar reformado (Dec. Lei 9.698/46, art. 108); 
 
Montepio é a pensão que o Estado paga aos herdeiros 
de funcionário falecido, em atividade ou não; 
 
Tença é a pensão alimentícia, geralmente em dinheiro, 
paga periodicamente, pelo Estado, por pessoa de direito 
 
37 
público ou privado, para assegurar a subsistência de 
alguém; 
 
➔ Os frutos civis do trabalho ou indústria de cada 
cônjuge ou de ambos. 
 
➔ Os direitos patrimoniais do autor, excetuados os 
rendimentos resultantes de sua exploração, salvo pacto 
antenupcial em contrário (Lei n. 9.610/98, artigo 39). 
 
 
4. Regime de Participação Final nos Aquestos 
 
Em substituição ao regime dotal, o novo código trouxe o regime de 
participação final nos aqüestos,constantes nos artigos 1.672 a 1.686. 
Deve-se salientar que, não se confunde com o regime da comunhão 
parcial de bens. 
 
Consiste em uma formação de massa patrimonial particular 
incomunicável durante o casamento, tornando-se comum no 
momento da dissolução da sociedade conjugal. Assim, cada cônjuge 
é credor de 50% dos bens que foram adquiridos pelo casal, 
onerosamente na constância do matrimônio, bem como os frutos dos 
bens particulares. Este é o chamado REGIME MISTO. 
 
 
➔ Quanto à administração – cada cônjuge administrará os bens 
adquiridos antes e posteriormente ao casamento, podendo alienar 
bens móveis livremente. No entanto, se forem imóveis deverá o 
interessado obter a autorização de outro cônjuge, sendo que, 
excepcionalmente, para se abster desta exigência o fato deve 
constar no pacto antenupcial e desde que o bem seja particular - 
artigo 1.656 do CC. 
 
➔ Da incomunicabilidade dos débitos efetivados durante a 
vigência matrimonial – cada consorte arcará com suas dívidas, 
salvo se provar que reverteram em proveito comum - artigo 1.677, 
CC. 
 
➔ Da apuração do montante dos aquestos – é efetuada no 
momento da dissolução da sociedade conjugal, excluindo-se os 
bens particulares, os adquiridos através de doação, legado ou 
herança - artigo 1.674 do CC. Porém os frutos dos bens 
particulares se comunicam. Cabe salientar que é um regime 
misto, pois na vigência do casamento, aplicam-se normas 
semelhantes ao do regime da separação de bens, e ao final do 
matrimônio é aplicada regra que se assemelha ao regime legal. 
 
 
 
 
 
 
38 
5. Regime da Separação de Bens 
 
O regime de separação de bens vem a ser aquele em que cada 
consorte conserva, com exclusividade, o domínio, posse e 
administração de seus bens presentes e futuros e a responsabilidade 
pelos débitos anteriores e posteriores ao matrimônio. Há 
incomunicabilidade não só dos bens que cada qual possuía ao se 
casar, mas também dos que veio a adquirir na constância do 
casamento, havendo uma completa separação de patrimônio dos 
dois cônjuges. 
 
Esse regime nada influi na esfera pecuniária dos consortes, art. 
1.647, “caput” do CC. O passivo dos cônjuges também é separado, 
não se comunicando os débitos anteriores ou posteriores ao 
casamento, pelos quais responde o consorte que os contraiu, 
isoladamente, e, se créditos houver entre os consortes. 
 
A lei impõe a certos casos, que esse regime seja obrigatório (art. 
1.641, CC)... 
 
 
a) Pessoas que o celebrarem o casamento com infração ao artigo 
1.523, I, II, III e IV, CC. 
 
 
b) Da pessoa maior de 70 anos (porém, se suceder de união estável 
de mais de 10 anos ou do qual tenham nascido filhos, não se 
aplica a regra, podendo os nubentes, de acordo com o artigo 45 
da Lei 6.515/77, escolher livremente o regime matrimonial de 
bens). 
 
ATENÇÃO: 
A Lei 12.344, de 09 dezembro de 2010, publicada no D.O.U em 
10/10/2010, alterou este inciso do Código Civil aumentando para 70 
anos a idade a partir da qual se torna obrigatório o regime da 
separação de bens no casamento. 
Segundo Clóvis Beviláqua, no Código Civil de 1.916, visava o regime da 
separação obrigatória, evitar a prática do que popularmente 
conhecemos hoje, “golpe do baú” contra idosos. 
Hodiernamente, com os avanços da medicina, o ser humano desfruta 
de melhores condições de vida, resultando daí, em uma maior 
longevidade. 
Ainda assim, a idade não deveria ser impedimento para a escolha do 
regime de bens no casamento. 
 
c) De todos os que dependem, para casar, de autorização judicial 
(artigos 1.517, 1.519, 1.634, III, 1.747, I e 1.774 do CC). 
 
É controvertida a questão, quanto à comunicabilidade de bens no 
regime da separação imposta pela legislação, pois nada esclarece o 
código sobre o tema. 
 
 
39 
A súmula 377 do STF afirma que no regime da separação 
obrigatória deverão se comunicar os bens adquiridos na 
constância do matrimônio a título oneroso, como no regime da 
comunhão parcial de bens. 
 
Para que haja permanência da separação absoluta de bens (ou seja, 
não se comunicarem após o casamento) basta fazer o pacto 
antenupcial, afastando o determinado na Súmula. 
 
A Separação de bens pode ser pura ou absoluta e limitada ou 
relativa. 
 
a) Pura ou absoluta é a que estabelece a incomunicabilidade de 
todos os bens adquiridos antes e depois do matrimônio, inclusive 
frutos e rendimentos. 
 
b) Limitada ou relativa circunscreve-se aos bens presentes, 
comunicando-se os frutos e rendimentos futuros. De forma que os 
nubentes disporão na escritura antenupcial acerca dos aquestos 
como bem lhes aprouver, impondo-lhes a comunicabilidade ou 
incomunicabilidade. 
 
 
 
Das Doações Antenupciais 
 
1. Doações pelos próprios cônjuges – Pelo Código Civil de 1916 o 
marido não podia constituir dote em favor da mulher, mas não havia 
impedimento de fazer doações no pacto antenupcial, salvo se o 
regime de bens fosse o da separação, por imposição da lei (artigo 
258, parágrafo único/ CC-1916). Hodiernamente, não existe o regime 
dotal, no entanto, as doações antenupciais permanecem na maior 
parte dos regimes, conforme artigos 546 e 1.668, IV do CC. 
 
2. Proibição das Doações Antenupciais - “Salvo o caso de separação 
obrigatória de bens (Artigo 1.641 do C.C.), é livre aos contraentes 
estipular, na escritura antenupcial, doações recíprocas, ou de um ao 
outro, contanto que não excedam à metade dos bens do doador”. 
 
 
Da Dissolução da Sociedade Conjugal 
 
 
A lei 6.515/77 regulava os casos de dissolução da sociedade conjugal e do 
casamento, com os efeitos e respectivos processos e dava outras providências, 
em seu artigo 54, revogando expressamente os artigos 315 a 328 do Código 
Civil de 1916. 
 
Hoje a matéria está regulada pelo estatuto Substantivo Civil, conforme arts. 
1.571 a 1.582. 
 
 
 
40 
1. Fim do Vínculo Conjugal 
 
A sociedade conjugal termina de acordo com o art. 1571 do CC: 
 
a) pela morte de um dos cônjuges (real ou presumida, com ou sem 
declaração de ausência); 
b) pela nulidade ou anulação do casamento; 
c) pelo divórcio. Depois de várias restrições, o divórcio foi 
introduzido em nossa legislação. 
 
 
Observação.– Antes do advento da Emenda Constitucional 66/2010 havia 
ainda a separação judicial - terminologia proposta pelo legislador, em 
substituição ao termo clássico e tradicional desquite, o qual, todavia, sem 
embargo da relutância da nova lei, subsiste ainda em numerosos diplomas, 
como por exemplo, na Lei n° 6015/73 (artigos 100 e 167, II, 5) – Lei de 
Registros Públicos. 
 
A separação judicial, desconhecida do direito romano, introduzida em nosso 
direito em substituição ao antigo desquite, teve origem canônica. Ela colocava 
ponto final à vida em comum, terminava a comunhão conjugal e separava os 
cônjuges. Entretanto, conservava intacto o vínculo, de modo que NÃO era lícito 
não a qualquer deles contrair novas núpcias. A separação constituía um 
abrandamento ao princípio da indissolubilidade, mas não acarretava a 
desintegração do vínculo. Pois no artigo 2°, parágrafo único, da Lei 6.515/77, 
“casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo 
divórcio”. 
 
2. A sociedade conjugal é dissolvida (art. 1571, § 1° do CC): 
 
a) pela morte; 
 
b) pelo divórcio. 
 
3. A chamada “Separação Judicial” 
 
Com o advento da Emenda Constitucional 66/2010 não se utiliza mais o 
hiato entre o fim do casamento e o divórcio. A separação judicial colocava 
termo ao dever de coabitação, fidelidade recíproca e ao regime matrimonial, 
como se o casamento fosse dissolvido (artigo 3° da Lei 6.515/77), com o 
trânsito em julgado da sentença. 
Decretada a separação era encerrada a situação econômica que derivava 
da sociedade conjugal. 
 
Caberá propor a separação somente aos cônjuges (ação personalíssima), e 
no caso de incapacidade, admite a representação por curador, ascendente 
ou irmão. 
 
 
 
 
 
 
41 
Outros efeitos (1.576 do CC): 
 
• Término da sociedade conjugal; 
• Extinção

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