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RESUMO: GALANTAY, Ervin Y. Nuevas ciudades. De la Antigüedad a nuestros días.

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Resumo: Érica Marina 
 
RESUMO: GALANTAY, Ervin Y. Nuevas ciudades. De la Antigüedad a nuestros días. Barcelona, 
Gustavo Gili, 1977. Por Érica Marina. 
 
CIDADES NOVAS 
 
 Novas cidades: comunidades planejadas e criadas conscientemente, em resposta a 
objetivos claramente formulados. 
 A criação da cidade como ato da vontade pressupõe a existência de uma autoridade ou 
organização suficientemente efetiva para assegurar o lugar, reunir os recursos necessários 
e exercer um controle contínuo até que a cidade alcance o tamanho viável. 
 Têm uma data de nascimento conhecida, que pode ser o dia da designação do lugar ou o 
dia do ato oficial da fundação que dá existência legal ou ritual à nova comunidade. 
 Construídas com rapidez para alcançar uma “massa crítica” dentro de um intervalo de 
tempo que é crucial. Difere das cidades do tipo “orgânico” ou aglomerados que emergem 
de núcleos pré-urbanos e se desenvolvem mediante um processo lento e às vezes 
descontínuo de ações desconexas. 
 Permitem fixar um “patamar” de população  necessário para fazer as previsões que 
possibilitem, no futuro, atender às necessidades físicas e sociais dos habitantes. 
Necessidades que dependem também da cultura e desenvolvimento econômico relativo 
da sociedade que constrói a nova cidade. 
o A ideia de um tamanho pré-fixado e finito está sendo substituída ultimamente por 
um marco mais flexível que dê conta de sucessivas etapas de crescimento  
“planos estratégicos” que oferecem “futuros alternativos”. 
Base econômica 
 Uma cidade nova está equilibrada se apresenta uma boa distribuição de idades e sexos, e 
seu número de postos de trabalho correspondem ao de solicitantes em potencial. 
 Este equilíbrio teórico não exclui a possibilidade de intercâmbios com o exterior 
o Não precisa ser uma cidade auto-suficiente, no que se refere a emprego: fica 
óbvio que uma cidade nova que se situa numa localização isolada será mais auto-
suficiente que outra localizada no interior de uma área metropolitana, onde a 
auto-suficiência se dá em escala regional e, portanto, é possível um alto grau de 
especialização. 
As novas cidades na história e na evolução das sociedades. 
 Ao longo da história, ondas de construção de cidades novas têm sido alternadas com 
longos períodos de apatia e falta de interesse. 
o Possível explicação: a necessidade de cidades novas surge nas fases de transição 
de evolução de uma sociedade. Cada “onda de cidades novas” representa o 
esforço por desenvolver na comunidade uma estrutura nova que corresponde a 
uma base econômica também nova. Nisto, as novas cidades atuam como 
protótipos da reestruturação e modernização posteriores das grandes cidades. 
Segundo Colin Clark e Jean Fourastié, a evolução das sociedades urbanas se expressa nas trocas de 
composição da população ativa: 
 Numa sociedade pré-industrial, a imensa maioria da população está ocupada na 
agricultura; 
Resumo: Érica Marina 
 
 Numa sociedade industrial, mais de 30% da força de trabalho está empregada na 
produção de mercadorias, com uma porcentagem decrescente na agricultura e uma 
porcentagem crescente nos serviços; 
 Finalmente, em uma sociedade pós-industrial ou terciária, a porcentagem dos empregados 
na agricultura se estabiliza abaixo dos 10%, há um contínuo decréscimo do setor 
manufatureiro e uma porcentagem cada vez maior da população empregada nas diversas 
atividades “terciárias”: administração, comércio, comunicações, educação e pesquisa. 
Os países ocidentais completaram esta fase no século XIX e a Europa oriental, com considerável 
atraso, no período 1900-1950. América Latina, África e Ásia (incluindo a metade asiática da União 
Soviética) estão atualmente em diversas etapas desta transição e, portanto, vitalmente envolvidas 
na criação de cidades industriais como instrumento de uma modernização forçada. Antigamente, 
o problema do descongestionamento das grandes cidades mediante a criação de cidades satélites 
e cidades ampliadas anuncia a transição da sociedade industrial para a pós-industrial, esta última 
orientada ao ócio e ao consumo e caracterizada por uma grande predominância dos trabalhadores 
autônomos. 
Estas ideias nos sugeriram a princípio uma simples representação cronológica das cidades novas 
pré-industriais, industriais e pós-industriais. Sem dúvida, preferimos uma divisão tipológica, 
baseada na função principal das cidades novas. 
1. Novas Capitais 
Razões para uma nova capital: 
1) Criação de um novo estado 
 Alterações políticas ou pela reorganização territorial. 
o Ex: colônias que conseguem a independência  nova capital como símbolo de 
uma identidade nacional. 
 Alteração territorial 
o Ex: Estado de Punjab, na Índia. A perda de Lahore, que passou a pertencer ao 
Paquistão com a divisão, impulsionou a decisão de construir Chandigarh. 
 A localização de uma capital nova em terrenos virgens pode oferecer uma solução de 
compromisso entre regiões e cidades anteriormente rivais: 
o Ex1: Washington D.C. foi fundada para manter um equilíbrio entre os estados do 
Norte e do Sul 
o Ex2:Camberra foi criada para superar a rivalidade entre Melbourne e Sidney. 
2) Necessidade de transferir a sede de governo a uma localização mais vantajosa  razões 
estratégicas: 
 Desejo de distanciar-se de uma fronteira ameaçada. 
o Ex: a mudança do Império Romano de Roma para Bizâncio por Constantino I no 
ano 337 d.C. 
 Desejo de aproximar-se da fronteira para constituir a vanguarda de uma expansão 
territorial desejada 
o Ex1: a mudança da capital da Espanha de Valladolid para Madrid em 1561 
o Ex2: a criação de São Petersburgo – hoje Leningrado 
 Política nacional destinada a abrir áreas subdesenvolvidas do país promovendo uma 
redistribuição demográfica: mudança da capital da periferia para uma posição mais central 
dentro do território nacional 
o Ex: criação de Brasília 
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 Governo com política progressista, de modernização: abandonar uma capital 
excessivamente identificada com as tradições e a inércia de um antigo regime 
 Novas técnicas, uma cultura diferente ou uma nova ordem social, pode ser desejável uma 
localização mais periférica para a capital. 
o Ex1: Alexandria, capital do Egito ptolemaico, cultural e economicamente orientada 
para a Grécia 
o Ex2: São Petersburgo na Rússia, criada por Pedro I como “janela para o Ocidente”. 
 Ou contrariamente, de afastar-se das fronteiras: 
o Ex1: Lênin devolveu a sede do governo a Moscou para eliminar as agonizantes 
lembranças da dinastia Romanov. 
o Ex2: Considerações similares levaram Kemal Atatürk a instalar, em 1923, sua 
capital em Ankara, em lugar de Istambul, para marcar seu rompimento com o 
Império Otomano. 
Nova capital - duas possibilidades: 
1) Territórios virgens 
 Necessário importar não só os materiais, mas também a força de trabalho. Ex: Brasília 
 Provoca invariavelmente a construção de novas vias de comunicação – canais, estradas, 
vias férreas – ao longo das quais surgem fileiras de novos assentamentos. Por isto é 
preciso eleger o local através de uma análise cuidadosa das alternativas. Sem dúvida, o 
oportunismo político deve prevalecer sobre as considerações da geografia econômica. 
2) Justapor-se a uma cidade pré-existente 
 Mão-de-obra e os serviços básicos necessários disponíveis durante a crucial fase de 
construção 
 Ao cabo de certo tempo, a nova capital pode eclipsar e absorver completamente a 
população original ou também formar com ela um par de cidades gêmeas com uma 
divisão simbiótica de funções. Ex: proposta para Rawalpindi-Islamabad. 
 
Economia da capital: 
“O governo recolhe, mediante os impostos, dinheiro que procede do exterior da região da capital, 
e a concentração de poder e riqueza atrai para si mais entradas “não ganhas” quese empregam 
em serviços locais e edifícios representativos. As capitais consomem mais do que lhes corresponde 
por sua participação na renda nacional; por isso que frequentemente são acusadas de 
“parasitárias”; urge, então, alargar sua base econômica criando nelas indústrias manufatureiras. 
Isto pode ser factível em países com grandes reservas de mão-de-obra marginalmente empregada. 
Em troca, o alto nível de entrada dos empregados governamentais converte as capitais em “zonas 
de altos salários”, e por isto as indústrias têm pouco interesse em nela se instalar. De fato, a 
“indústria” básica das capitais é a função burocrática central do governo, que exporta seus 
serviços para o resto do país. O emprego governamental tenderá a dominar a menos que se 
desenvolvam produtos “exportáveis” não governamentais que tenham alcance nacional. Tais 
serviços (educação de nível superior, a pesquisa, o turismo, etc.) podem oferecer uma 
contrapartida importante.” 
Panorama histórico 
 Rápido crescimento de algumas capitais  identificação pessoal de um governante ou um 
chefe de estado com o projeto. 
 Para assegurar o impacto exemplar e modernizador da capital são recrutados os melhores 
cérebros, no exterior, caso fosse necessário. 
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 Projetistas das novas capitais  preocupados com aspectos monumentais da estrutura 
urbana, assim como com a relação geométrica entre o traçado das ruas e os edifícios 
públicos. 
 Capitais do século XX  planejamento dominado pelas considerações relativas ao tráfego 
e pela atenção com a escala das áreas residenciais. 
 Pouco caso do planejamento social. 
o Desta maneira têm-se perpetuado as barreiras sociais. 
 Porém as novas capitais são ímãs para os grupos marginalizados e para as minorias. 
Desejando-se ou não, as capitais têm vocação de “crisol” e inevitavelmente tendem a 
integrar os grupos discriminados na corrente da vida nacional. 
o Por isso a estrutura física da cidade deveria perseguir este objetivo social 
 As capitais devem ser exemplares tanto por seu planejamento como pela qualidade e 
quantidade de seus equipamentos. 
 
Generalizações sobre as novas capitais: 
 Demonstram que se pode construir rapidamente cidades muito grandes seguindo um 
plano global, inclusive em países subdesenvolvidos (falta de recursos financeiros e 
escassez de pessoal qualificado). Exemplo de planejamento em escala crescente de 
populações de novas cidades destinadas a reestruturar ou descongestionar conurbações 
existentes. 
 Apontam a possibilidade de novas cidades baseadas e postos de trabalho em atividades 
como educação, pesquisa e lazer (contra o argumento da necessidade de uma base 
industrial). 
 Os exemplos de Washington e Camberra demonstram que também em países 
politicamente plurais (“democrático” é obstáculo para grandes projetos) é possível manter 
a continuidade de um programa e ajustar-se a um plano, sempre que: a) o projeto original 
tenha um conteúdo simbólico suficiente para se impor por si mesmo aos executivos que 
intervenham depois; e b) os grandes investimentos iniciais criem um “compromisso 
irreversível”. 
2. Cidades coloniais 
 Grande importância para a urbanização mundial (duas Américas, na África do Sul, Austrália 
e Sibéria e alguns portos e centros comerciais sul e do sudeste da Ásia e da África). 
 Razões para criação das cidades coloniais: 
1) Objetivo princpal: exploração dos recursos humanos e naturais da colônia 
2) Objetivo secundário: descongestão mediante a emigração, que permite a manutenção de 
certo equilíbrio demográfico e ecológico na metrópole. 
 
Dois tipos de colonização: 
 Colonização exterior: dirigida por um Estado para territórios situados fora de suas 
fronteiras e em geral implica o assentamento de colonos em zonas já reclamadas por uma 
população autóctone. 
 Colonização interior: política de desenvolvimento que se opera em Estados com fortes 
desequilíbrios regionais a fim de aproveitar melhor todos os recursos disponíveis dentro 
das fronteiras nacionais. Ex: política de urbanização da União Soviética em seus territórios 
asiáticos  moderno exemplo de colonização interior sistemática. 
 
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Cinco categorias em função de suas origens: 
1. Assentamentos agromilitares. Função de assegurar uma fronteira disputada e manter 
presença permanente. 
 Ex: veteranos romanos, as bastides medievais, populações hispânicas na América, 
colonos franceses na Argélia durante o século XIX e as novas cidades de Israel. 
2. Centros comerciais. Fundamentalmente cidades portuárias: função de manter as 
comunicações com a metrópole, regulagem de importação e exportação com as 
metrópoles. Cidades “extrovertidas” e fortificadas tecidos urbanos de densidade muito 
alta. 
3. Centros regionais. Função de mercado e centro administrativo e de serviços de sua região. 
Criadas em uma segunda fase da colonização, no interior de colônias já estabilizadas. 
Cidades introvertidas não requerem fortificações  densidades mais baixas. 
4. Cidades mineiras e industriais. Crescimento rápido, cidades carentes em termos de 
planejamento, se desenvolvendo caoticamente ao redor da mina ou da fábrica. As cidades 
industriais modernas devem ser usadas como “pólo de desenvolvimento” de regiões 
deprimidas e como elementos chave da colonização interior. Devido à sua importância, 
serão estudadas à parte. 
5. As novas cidades fundadas sobre terrenos criados artificialmente constituem um caso 
especial da colonização interior. 
 Ex1: Em alguns casos ocupam ilhas artificiais construídas em cima de jazidas 
subterrâneas de petróleo ou carbono como Gunkajima na baía japoneza de Nagasaki. 
 Ex2: Em 1930, Mussolini ordenou a drenagem dos pântanos Pontinos na Itália central e 
a criação de cinco assentamentos modelo. A cidade de Littoria (hoje Latina) é o centro 
administrativo da região. 
 Ex3: Aproximadamente na mesma época, os holandeses empreenderam seu projeto 
mais ambicioso de recuperação de terras: 225.000ha já vencidas do mar no Zuiderzee. 
Em 1932, terminava-se o dique principal e se iniciavam as obras dos quatro grandes 
lagoas. O sistema de assentamento proposto para esta região baseia-se em aldeias de 
cerca de 3.000 habitantes que contam com cerca de 90 Km² de terras de fazenda. 
Origens e radiação dos planos ortogonais 
 Ao longo da história, o uso do sistema de ruas ortogonais tem sido a marca distintiva das 
cidades coloniais. 
o Origens da quadrícula ocidental nas práticas romanas, helenísticas, gregas e 
inclusive assírias. Amplo uso da quadrícula na China da dinastia Chou (1123 – 256 
a.C.), caracteres gravados nos ossos oraculares do tempo da dinastia Shang (1765-
1123 a.C.) impliquem já uma hierarquia de cidades muradas retangulares. o 
sistema de quadrícula foi utilizado também na América pré-Colombiana. Além do 
seu uso durante o Império Inca do século XV, está provado também que os 
métodos de recuperação de terrenos empregados nas extensões de Tenochtitlán-
México deram lugar a um sistema de quadrículas regulares e que a antiga cidade 
de Teotihuacan evoluiu gradualmente da forma axial para a ortogonal e assim 
num sistema quadricular no sentido estrito do termo. 
o O uso localizado da quadrícula por civilizações muito distantes no tempo e no 
espaço contradiz a ideia segundo a qual a estrutura urbana é uma espécie de 
ideograma da organização econômica e dos valores culturais da sociedade. 
 A retícula, mais do que por um esquema ortogonal, é formada pela intersecção de duas 
séries de linhas paralelas e implica uma prioridade para o sistema dos movimentos 
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públicos. A urbanização reticular maximiza a eficiência; é o contrário de um planejamento 
baseado na célula e orientada para o bem-estar (o indivíduo, a família ou o bairro). 
 Autor crê queesquema reticular pode ser descoberto espontaneamente por qualquer 
civilização que tenha chegado a certa maturidade evolutiva. Determinados sistemas 
agrícolas – irrigação, recuperação de terrenos – levam quase inevitavelmente ao uso do 
eficiente esquema de quadrículas. Todos os países que utilizaram métodos de irrigação em 
grande escala parecem tê-lo descoberto: Mesopotâmia, Vale do Indo, Egito, China e a 
zona costeira do antigo Peru. 
 O esquema reticular pode se originar também na ordem e na disciplina de uma 
organização militar  formações ordenadas representando batalhas, agrupando seus 
homens em ordenados retângulos e acampamentos da mesma forma. 
 
Vantagens da retícula: 
 O sistema mais fácil de supervisionar e dividir o solo 
 Facilmente executável com ajuda da corda e da régua 
 Se presta a um registro fácil  censo e o imposto 
 Fluidez da compra e venda de propriedades e a especulação do solo naquelas sociedades 
onde é permitido conservar e alterar a propriedade privada 
 Facilita a orientação dos forasteiros 
 Configuração agradável em populações médias ou pequenas. Apenas se torna 
insuportavelmente monótona quando se estende a superfícies muito grandes. 
A popularidade da retícula estimula a escolha de lugares planos, pois neles este sistema é mais 
fácil de executar. Nada impede de instalar em aclives consideráveis. 
3) Cidades industriais 
 Novas cidades industriais  exploração de recursos naturais situados nas proximidades ou 
na constituição de pólos de desenvolvimento para a aplicação de uma política de 
desenvolvimento regional. 
 Criadas para abrigar a força de trabalho necessária 
 Localização escolhida em função das necessidades encontradas  maximizar a 
acessibilidade e evitar ao máximo o ruído, a poluição e o tráfego gerados pela indústria. 
 Objetivos de desenvolvimento e produção eficiente: são prioritários 
o Favorecidos os investimentos diretamente ligados ao setor produtivo (indústrias, 
estradas, etc.) em prejuízo daqueles de ordem social (habitações, escolas, etc.). 
o Trata-se do contrário dos programas de desenvolvimento das novas cidades 
criadas para descongestionar as áreas metropolitanas, que oferecem postos de 
trabalho na indústria, mas seu planejamento não está subordinado às 
necessidades de um empresário industrial concreto, mas se baseia na criação de 
um entorno atrativo para a vida que estimule certas indústrias a mudar sua 
localização ou a investir na nova cidade. 
o Assim, nas cidades industriais, os postos de trabalho são oferecidos em uma 
velocidade maior que as habitações e as instalações sociais. 
o Criação de habitações adequada para os trabalhadores industriais converte-se em 
um problema agudo. 
o Deslocamentos consideravelmente longos das novas cidades de descongestão 
para as cidades industriais: elevada porcentagem de pessoas que trabalham fora. 
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 Período de transição de sociedade pré-industrial para uma sociedade industrializada 
(industrialização intensiva ou forçada)  novas cidades industriais. 
 A União Soviética foi pioneira na construção de novas cidades industriais como 
instrumentos da colonização interior. Seguindo o exemplo russo foram construídas 
também novas cidades industriais depois da segunda guerra mundial pelos governos 
comunistas da Europa Oriental. Mais recentemente, alguns países subdesenvolvidos como 
a Índia, Venezuela, Irã e Turquia têm empreendido uma vigorosa política de 
industrialização apoiada igualmente na criação de novas cidades. 
 Proximidade das fontes de matéria prima apresenta vantagens evidentes: pode impor a 
escolha de um local sujeito a um clima duro e inóspito. 
o Ex: Kitimat (Canadá) sofre chuvas nevadas e vendavais incessantes; Vorkuta 
(URSS), situada no paralelo 65° Norte, foi construída sobre terrenos de permafrost 
(área sempre gelada); em Arlashahr (Irã), o termômetro sobe no verão acima dos 
42°C; é possível melhorar o microclima destas localizações: em Dushanbe 
(Tadjikistan, URSS), o plantio de bosques e a criação de lagos contribuíram para 
reduzir o asfixiante calor entre 4 a 5°C. 
 As boas comunicações são mais importantes ainda para a indústria pesada que a 
proximidade dos recursos naturais. 
 Os tipos de indústria que mais se prestam a provocar o nascimento de cidades novas são 
as de ferro e aço, alumínio, de construção de maquinaria pesada e armamento, 
petroquímica e a de automóvel. 
 No século XIX, as empresas privadas criaram numerosos povoados industriais. Estas 
cidades tornaram-se muito vulneráveis às flutuações e depressões do mercado devido à 
sua base econômica única. 
o É possível coordenar a provisão de habitações e instituições com as etapas de 
desenvolvimento industrial. 
o Nos países em desenvolvimento, essa previsão não é garantida. Como os 
imigrantes chegam de forma aleatória e constroem suas próprias favelas, as taxas 
de crescimento não podem ser relacionadas diretamente com os programas de 
criação de postos de trabalho. 
 O recrutamento da população coloca um problema, sobretudo em áreas remotas e de 
clima extremo. 
o Carência de postos de trabalho para mulheres e isto conduz a um desequilíbrio 
entre os sexos. Para eliminá-lo é preciso criar indústrias leves com abundância de 
mão de obra feminina. Isto é difícil de obter nas economias de mercado, já que as 
indústrias auxiliares teriam que oferecer um nível de salários e benefícios 
comparável ao da indústria básica, contrariamente às taxas dominantes no 
mercado. 
o A menos que a cidade ofereça um entorno agradável, o pessoal chave da indústria 
terá que ser renovado constantemente. E como é essencial uma força de trabalho 
estável para um funcionamento eficiente, terá que se considerar que a qualidade 
do entorno físico é um fator fundamental para o êxito do projeto. O traçado das 
cidades industriais é determinado em grande medida pelo desejo de reduzir ao 
mínimo a distância a ser percorrida até o lugar de trabalho. Isto é de grande 
importância naquelas cidades industriais em que o emprego se concentra em 
apenas uma zona. 
o Nas cidades industriais do século XIX, as habitações dos operários costumavam se 
situar frente às portas da fábrica. Em planos posteriores, o povoado é separado da 
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indústria mediante um canal ou uma área verde de um ou dois quilômetros de 
largura. Atualmente, o normal é uma separação de 10 a 15 Km entre as zonas 
residenciais e a indústria pesada.  essas distâncias pressupõem a existência de 
um sistema de transporte público eficaz. 
Conclusões 
 Plano geral de uma cidade industrial  solucionar o conflito entre maximizar 
acessibilidade x minimizar os malefícios ambientais (poluição, o ruído e os acidentes). 
o Resultado: separação maior entre o núcleo urbano e a indústria pesada 
 Tendência a distribuir indústrias leves, que empregam mais mão-de-obra 
por unidade de capital investido, e de uma maneira mais uniforme por 
toda a cidade. 
 Otimizar o fluxo de tráfego e eficiência operacional dos sistemas de 
transporte público. 
 Do mesmo modo que existe um tamanho ótimo para a indústria básica, deveria haver uma 
dimensão máxima para a cidade industrial. 
o A cidade localizada num sítio isolado não crescerá além de um tamanho que é 
determinado pelo emprego básico, a menos que adquira funções adicionais de 
centro regional. 
 Nos países em desenvolvimento, as técnicas com emprego intensivo de mão-de-obra 
combinada com os métodos de trabalho autônomo podem converter a construção da 
nova cidade em uma vasta oportunidade de treinar os trabalhadores não qualificados. 
4) Descongestão 
 Descongestão: tentativa de contrabalançar o gigantismo das metrópoles modernas desviando 
para comunidades novas parte do excesso de população. 
o Esta política se baseia na convicçãode que toda cidade tem um tamanho ótimo 
o Crescimento incontrolado provoca deseconomias como resultado da aglomeração 
e da extensão aleatória da cidade 
 
Fontes do crescimento da população urbana: 
1) Crescimento natural 
2) Migração 
 nenhuma das duas é fácil de regular 
o controle forçado da natalidade ou a exigência de passaportes internos  não 
eficientes 
 
Medidas estratégicas de descongestão podem servir para alcançar estes objetivos: 
1. O desenvolvimento de outras regiões de crescimento 
2. A criação de cidades satélites 
3. A fundação de novas cidades independentes 
4. A criação paralela de uma cidade gêmea ou paralela. 
 
Distinção: 
1) Cidades criadas como resposta a um aproveitamento dos recursos exploráveis (colônias) 
2) Cidades criadas para descongestionar  como resposta a um excesso de população. 
 
Tipos de cidade para descongestão: 
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1) Cidades satélites: comunidades novas planejadas totalmente dentro da área metropolitana, 
mantendo fortes laços funcionais com a cidade central. 
o A existência de boas comunicações é fundamental: tempo de deslocamento até 
30-45 minutos. 
o A cidade satélite se beneficia do mercado de trabalho da metrópole. 
o Depende da cidade central com relação aos serviços de nível superior, às lojas 
especializadas e às instalações culturais e de recreio. 
 
2) Novas cidades independentes: propositalmente distantes da metrópole, para desestimular o 
deslocamento até o seu centro. 
o Devem que oferecer uma gama completa de atividades e serviços urbanos. 
o Postos de trabalho deve corresponder à demanda em potencial. 
o Equipamento social e cultural  variedade suficiente para seduzir os que de outro 
modo emigrariam para a metrópole. 
 Ou seja: um centro urbano grande e muito dinâmico. 
 
3) Cidades paralelas: núcleos urbanos novos que apresentam uma ordem de magnitude igual à da 
metrópole gêmea pré-existente. 
 Caso extremo de descongestão 
o Quando os limites geográficos da metrópole chegam a provocar custos proibitivos 
para o crescimento ulterior. Ex: Caracas e Rio de Janeiro 
o Quando a oferta de água coloca problemas insuperáveis. Ex: Cidade do México e 
Calcutá. 
 O “segundo Rio”, dimensionado para dois ou três milhões de habitantes  Baía de 
Jacarepaguá (a 20 Km do centro do Rio de Janeiro, mas separado dele pela formidável 
barreira do maciço da Tijuca.) 
o Plano de Lúcio Costa aproveita muito bem os 18 Km de costa e os pântanos que 
seguem paralelos a ela 
o Novo centro que agruparia os escritórios governamentais do Estado da 
Guanabara, uma universidade, instituições de pesquisa e edifícios de escritório no 
centro de uns terrenos triangulares tão grandes como o próprio Rio. 
 A atual tendência frente a novas cidades cada vez maiores torna-se irônica ao se recordar 
que a moderna política de novas cidades tem sua origem no movimento das Cidades 
Jardins, que defendia a limitação do tamanho das novas comunidades entre 30.000 e 
60.000 pessoas. 
Do subúrbio à cidade jardim 
“Na segunda metade do século XIX, a superpopulação crescente e os serviços cada vez mais 
imperfeitos tornaram menos agradável a vida nos centros das cidades. Este fator combinou-se 
com o movimento romântico para converter a vida no campo em um ideal altamente desejado. 
Muitos puderam tornar realidade este sonho quando os trilhos ferroviárias garantiram um serviço 
rápido e adequado entre os centros urbanos e seus arredores. As companhias ferroviárias 
apressaram-se em promover urbanizações suburbanas: La Vesinet, o primeiro subúrbio de Paris, 
foi previsto em 1856 por uma companhia ferroviária e destinado a seus empregados, mas na 
realidade atraiu para si indivíduos de classe média e alta. Os subúrbios prometeram em entorno 
agradável e tranquilo e logo mostraram um esquema característico de uso do solo: F. L. Olmsted o 
aplicou pela primeira vez em grande escala em Riverside, Illinois (1859). Em lugar da quadrícula, 
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com suas linhas retas que estimulam um tráfego rápido, Olmsted propunha um tecido curvilíneo 
que produzisse quadras em forma de rins ou de forma livre.” 
 Em 1882, o espanhol Arturo Soria Y Mata lançou a ideia de sua Cidade Linear, formada 
por grandes quadras de habitações unifamiliares situadas ao longo de uma via férrea. 
o Soria foi o primeiro a propor transporte de massa ao longo de um espigão 
estrutural para toda uma comunidade 
o Porém modelo muito primitivo  os urbanistas soviéticos desenvolveriam 
posteriormente as ideias de Soria, e o mesmo faria Le Corbusier 
 Inglês Ebenezer Howard, o pai do movimento das cidades-jardins. 
o Novas cidades auto-suficientes de cerca de 30.000 habitantes. 
o Combinariam as “vantagens da vida urbana intensiva com a beleza e os prazeres 
do campo”. 
o “cidade projetada para uma vida e uma indústria saudáveis; de um tamanho que 
tornasse possível a plenitude da vida social, mas não mais; rodeada por um 
cinturão rural cujos terrenos fossem totalmente de propriedade pública ou de 
propriedade coletiva da comunidade”. 
o A cidade ofereceria suficientes postos de trabalho e estaria confinada em suas 
dimensões ótimas por um cinturão verde permanente. 
 Programa britânico das new towns: primeira Cidade Jardim em Letchworth, em 1903 e 
uma segunda em Welwyn, em 1919. Ambas estavam ligadas a Londres por boas 
comunicações ferroviárias mas cresceram lentamente, pois eram demasiadamente caras 
para os operários e, consequentemente, a princípio não se assentaram nelas muitas 
indústrias. 
 O fato de que as cidades jardim não dessem lugar a centros auto-suficientes talvez 
influenciou Raymond Unwyn – o arquiteto de Letchworth – que elaborou um modelo 
alternativo de cidade dormitório nos arredores de um centro industrial (1922). 
 Em 1923, o alemão E. Gloeden: esquema regional descentralizado consistente em células 
urbanas inter-relacionadas, de tamanho similar e despregadas sobre uma rede triangular 
de linhas de comunicação. 
 Os discípulos de Soria criticaram no continente a Cidade Jardim de Howard por considerá-
la estática e incompatível com um crescimento dinâmico, e o mesmo fez Le Corbusier, 
para quem resultava ineficaz e aproveitava mal o terreno. Este último afirmava que as 
densidades baixas “estimulariam o individualismo e a decadência das forças coletivas”, por 
isso preferia sua própria concepção de “cidades jardins verticais” com “super densidades” 
de até 1.000 hab/ha. 
 Le Corbusier lançou o grito de guerra de “morte à rua”, colocando seus blocos sobre 
pilotis para maximizar “o ar, o espaço e o verde” e o “supremo prazer de trabalhar para a 
coletividade”. Esta “cidade radiosa” exerceu uma tremenda influência sobre o urbanismo 
posterior, especialmente em sua rígida segregação das funções; na separação de veículos 
e pedestres, e na ordenação hierárquica do sistema de tráfego baseada na velocidade do 
movimento. 
 Clarence Perry, norte-americano: unidades de vizinhança auto-suficientes de 5.000 
habitantes, providos de centro comunitário, escolas e outras instituições situadas a quatro 
minutos a pé de qualquer edifício. 
o Unidade de vizinhança: unidade social em pequena escala que estimularia a 
iniciativa local e restauraria a participação democrática nos níveis característicos 
do que ocorriam nos pequenos povoados da Nova Inglaterra. 
Resumo: Érica Marina 
 
 Até 1933 foram fundadas nos Estados Unidos várias novas cidades com cinturões verde 
como consequência da política do New Deal, que tentava suprir trabalhos úteis que 
aliviassem o desemprego. Ainda que estas cidades continuassem sendo pequenas (3.000 – 
7.000 habitantes) e carecessem de indústrias, popularizaram ainda mais os elementos 
fundamentais do conceito da cidade jardim na América do Norte. 
“New Tonws” britânicas 
 Política britânicadas new towns: legislação urbanística global, opôs-se sistematicamente 
ao nascimento de novos subúrbios nas grandes cidades e lutou em favor da descongestão 
mediante a criação de new towns. 
 A disciplina própria do tempo de guerra  aceitação pública de projeto de descongestão 
para Londres 
 Em 1945: Comitê Reith para a elaboração de projetos de new towns 
o Novas cidades fossem auto-suficientes em lugar de satélites; que se localizassem a 
uma distância entre 40 e 50 Km de Londres e com populações entre 20.000 e 
60.000 habitantes. 
 
3 gerações de new towns britânicas (desenvolvimento teórico): 
1) Primeira geração: 14 new towns projetadas antes de 1950. Oito delas eram destinadas a desviar 
indústrias e habitantes de Londres. 
o A filosofia da cidade jardim e a preocupação por um English way of life, em que F. 
Gibbert incluía “a separação da moradia e do trabalho, uma preferência pelos 
espaços abertos e uma habitação com um jardim privado” influenciaram 
intensamente o planejamento destas cidades. Os planos resultantes 
caracterizavam-se por baixas densidades e valorizar as vizinhanças introvertidas e 
auto-suficientes. 
o Certos defeitos dos planos da primeira geração logo se tornaram objeto de agudas 
críticas: as baixas densidades e a generosa provisão de áreas verdes davam lugar a 
elevados custos de infra-estrutura. Além disso, se rejeitou a falta de variedade 
visual e animação. A multiplicação de seus centros minava a vitalidade do centro 
urbano. O objetivo inicial de população, fixado em 60.000 habitantes, resultou 
muito pequeno para sustentar uma variedade suficiente de instalações culturais e 
de lazer. Ao mesmo tempo, o aumento no número de carros fez subir a demanda 
por estacionamentos e garagens. Tudo isto combinava para favorecer um 
aumento da população prevista e uma ampliação dos centros, mas os planos 
baseados em diversos núcleos tornavam muito caras as modificações. 
2) Segunda geração – entre 1950 e 1960 – intensificar a “urbanidade” com densidades mais 
elevados e tecidos mais compactos, de modo que saísse fortalecido o predomínio do centro 
urbano na composição global. 
3) Terceira geração - Cumbernauld continua sendo o único exemplo, entre todas as new towns da 
Grã-Bretanha, de cidade compacta, e ainda influenciou o projeto do Thamesmead Development 
do London City Council. Esta última é uma new town-in town para 60.000 habitantes, situada 
dentro da área do condado de Londres.

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