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Montes Claros/MG - 2011
Iara Soares França
Marcos Esdras Leite
Geografia Urbana
2011
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
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Ficha Catalográfica:
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITOR
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DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
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CONSELHO EDITORIAL
Maria Cleonice Souto de Freitas
Rosivaldo Antônio Gonçalves
Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho
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REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Ângela Heloiza Buxton
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Aurinete Barbosa Tiago
Carla Roselma Athayde Moraes
Daniela Imaculada Pereira Costa 
Julieta Sueldo Boedo 
Luci Kikuchi Veloso
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Maria Lêda Clementino Marques
Ubiratan da Silva Meireles
REVISÃO TÉCNICA
Admilson Eustáquio Prates
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Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Káthia Silva Gomes
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DESIGN EDITORIAL E PRODUÇÃO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
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Francielly Sousa e Silva
Hugo Daniel Duarte Silva
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Sanzio Mendonça Henriques
Tatiane Fernandes Pinheiro
Tatylla Ap. Pimenta Faria
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Chefe do Departamento de Ciências Sociais
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Chefe do Departamento de Geociências
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Maria Elvira Curty Romero Christoff
Coordenador do Curso a Distância de Ciências Biológicas
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Coordenadora do Curso a Distância de Ciências Sociais
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Coordenadora do Curso a Distância de Geografia
Janete Aparecida Gomes Zuba
Coordenadora do Curso a Distância de História
Jonice dos Reis Procópio
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Espanhol
Orlanda Miranda Santos
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês
Hejaine de Oliveira Fonseca
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Ana Cristina Santos Peixoto
Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Maria Narduce da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Coordenador Geral da Universidade Aberta do Brasil
Celso José da Costa 
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Alberto Duque Portugal
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitora de Ensino
Anete Marília Pereira
Diretor do Centro de Educação a Distância
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
Antonio Wagner Veloso Rocha
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Artes
Maria Elvira Curty Romero Christoff
Autores
Iara Soares França
Professora e pesquisadora do Departamento de Geociências da UNIMONTES.
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Marcos Esdras Leite
Professor e pesquisador do Departamento de Geociências da UNIMONTES
Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
UNIDADE 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Cidade, urbanização e produção do espaço urbano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 O estudo da geografia urbana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 A história da cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.3 O crescimento das cidades e as atividades que transformam as cidades . . . . . . . . . . .19
1.4 Cidade, urbano e espaço urbano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
1.5 A Urbanização Brasileira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
UNIDADE 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Problemas socioambientais urbanos, a gestão urbana e as políticas públicas . . . . . . . . .45
2.1 Problemas socioambientais urbanos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
2.2 Gestão urbana e políticas públicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
Atividades de aprendizagem – AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71
9
Geografia - Geografia Urbana
Apresentação
Estudar o espaço urbano, a partir da geografia urbana é estimulante, haja vista que a cidade 
é um espaço complexo e dinâmico. As transformações do ambiente urbano são rápidas compa-
radas a outros espaços estudados pela geografia como as transformações naturais. Essa dinâmi-
ca intensa torna o interesse pela cidade ainda maior, pois não corremos o risco de cair na mono-
tonia ao estudar a reprodução do espaço urbano.
Além desse fato, a concentração de pessoas nas cidades, devido sua concentração econômi-
ca, tem chamado a atenção dos pesquisadores e dos órgãos de planejamento e gestão. O cres-
cimento das cidades implica em uma série transformações como a ambiental. O meio ambiente 
urbano foi bastante alterado com o processo crescente de urbanização, dessa forma, entender 
esses problemas ambientais é o primeiro passo para propor alternativas para reverter essa situa-
ção. 
Além disso, a convergência de capital para a cidade e a subordinação do campo relação ao 
urbano tem feito com que o espaço intra-urbano sofra mutações e adaptações que culminaram 
em novas formas de organização da cidade. A mudança econômica tem impacto direto no as-
pecto social, pois a cidade é a materialização das relações sociais que são regidas pela lógica do 
capital. Com isso, a presença do capital na cidadegera espaços segregados, como as favelas. 
Diante dos diversos problemas presentes no espaço urbano, o Estado, através da constituição 
tem imposto alguns instrumentos para melhorar a gestão urbana e da cidade.
Essa diversidade de elementos e processos presentes na cidade torna o estudo da geografia 
urbana entusiasmante, sobretudo para aqueles que desenvolvem um racíocinio crítico sobre as 
formas desiguais de reprodução do espaço. 
No intuito de facilitar o processo de ensino-apreendizagem, principalmente por se tratar de 
uma material para a educação à distância, este material de geografia urbana está dividido em 
duas unidades e estas estão divididas em tópicos e subtópicos, como exposto no sumário apre-
sentado em seguida.
Essa estrutura do texto tem como objetivo facilitar o entendimento e o debate sobre a ge-
ografia urbana, além de dar maior coesão aos temas tratados na disciplina de geografia urbana.
Compreendemos também que a busca do conhecimento deve ser realizada sempre de for-
ma crítica, uma vez que a ciência se desenvolve refletindo o momento histórico da sociedade 
que a cria e a amplia. 
Professor Marcos Esdras Leite
Professora Iara Soares França
11
Geografia - Geografia Urbana
UNIDADE 1
Cidade, urbanização e produção 
do espaço urbano
1.1 O estudo da geografia urbana
Durante a disciplina História do Pensa-
mento Geográfico (HPG) podemos entender 
que a ciência geográfica teve um processo de 
formação complexo e passou por interferência 
de algumas linhas de pensamento. Essa diver-
sidade de formação fez com que a geografia, 
em alguns momentos apresentasse crises, pois 
havia linhas de pensamentos divergentes. No 
entanto, isso que no início se apresentou com 
um problema é, atualmente, responsável pela 
riqueza e multidisciplinaridade dessa ciência.
A geografia se configura como a ciência 
responsável por estudar o espaço geográfico. 
Esse objeto de estudo complexo leva a geo-
grafia a interagir com profundidade com ou-
tras ciências. Embora, isso não afirme que a 
geografia é apenas uma “ciência de síntese”, 
pois a geografia produz conhecimento sobre 
os processos espaciais e as transformações 
pelas quais o espaço geográfico passa. Sendo 
assim, quando trabalhamos com espaços com-
plexos que exigem vários olhares para enten-
dê-lo, o profissional da geografia se torna re-
comendado para fazer a análise espacial.
A cidade é um desses espaços complexos, 
pois nele encontramos a manifestação de vá-
rios fenômenos de diversas ordens, que vão 
desde processos naturais até os culturais. Na 
cidade as relações tanto naturais, quanto so-
ciais são mais intensas e, consequentemente, 
há constantes transformações resultantes des-
sas relações. Assim o espaço urbano se torna 
um espaço onde as coisas mudam com maior 
rapidez e, por isso, necessita uma visão inter-
disciplinar para entendê-lo.
Na ciência geográfica, a geografia ur-
bana é a disciplina responsável por estudar o 
espaço urbano, bem como sua relação com o 
espaço rural. O objeto de estudo da geografia 
urbana é a cidade e o processo de produção 
desse espaço. 
A geografia urbana, como outras áreas 
da geografia, interessa-se por um determina-
do espaço e seus fenômenos de (re)produção, 
como a geografia agrária que se interessa pelo 
espaço rural. Sendo assim, os elementos socio-
espaciais que compõem a cidade são analisa-
dos dentro dessa disciplina, denominada de 
geografia urbana.
Para estudar a geografia urbana é impor-
tante definir cidade. Esse é um problema no 
Brasil, haja vista que no nosso país não adota-
mos um critério quantitativo para definir cida-
de, isto é, não é o número de moradores que 
determina se um espaço é cidade ou não. No 
Brasil, cidade é a sede administrativa do muni-
cípio. É na cidade que temos o poder local, ou 
seja, a Prefeitura e a câmara de vereadores. 
Em outros países, o critério quantitativo é 
utilizado, no caso da França os povoados com 
mais de 20 mil habitantes passam a ser con-
siderados como cidade. No Brasil, o distrito 
deve se emancipar do município ao qual per-
tence, para isso, deve ser aprovado pelo poder 
legislativo estadual.
Outro ponto complexo é a definição da 
população rural e urbana. Indiscutivelmente, o 
Brasil é um país predominantemente urbano. 
No entanto, alguns autores como Veiga (2002) 
acredita que o “Brasil é menos urbano do que 
se calcula se utilizarmos critérios mais comu-
mente usados internacionalmente”. Para esse 
autor não podemos generalizar e considerar 
que o urbano é apenas o que está dentro do 
limite da cidade e que o rural é tudo que está 
fora desse limite. Da mesma forma, não po-
demos definir se a população é rural, apenas 
pelo fato de se dedicar a atividades econômi-
cas primárias.
As considerações feitas pelo professor 
José Eli da Veiga, em seu livro Cidades Ima-
ginárias, traz um debate importante sobre 
como devemos classificar o urbano e o rural. 
Singer (2002), também compartilha dessa 
preocupação. Podemos compreender essa si-
tuação com o exemplo dos trabalhadores em 
GLOSSáRIO
Município é a menor 
divisão administrativa 
no Brasil. É a unidade 
em que o estado (uni-
dade da federação) é 
dividido. O município é 
composto pela cidade 
e a área rural.
Cidade é a sede do mu-
nicípio, isto é, o núcleo 
urbano principal. 
12
UAB/Unimontes - 6º Período
atividades de comércio e serviço, como hotel 
fazenda, pesque-pague e restaurantes. Esses 
empreendimentos estão localizados na zona 
rural, mas esses trabalhadores se dedicam a 
funções urbanas. Outro caso são os moradores 
da zona rural que trabalham na cidade e retor-
nam no final do expediente para suas casas. 
Por isso, Veiga (2002) critica o fato do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
- IBGE considerar como urbana a população 
que mora nas cidades. Entretanto, esse estu-
do de Veiga é entendido por muitos autores 
como provocativo, mas nada prático, pois qual 
seria a forma de se quantificar a população ur-
bana se não pelo fato da população residir na 
cidade?
Essa abordagem expõe sucintamente al-
guns questionamentos teóricos e metodológi-
cos que a geografia urbana tem se dedicado. 
Mas, apesar desses questionamentos os dados 
oficiais mostram que o índice de urbanização 
não apenas no Brasil, mas no mundo tem ele-
vado bastante. O crescimento demográfico 
nas cidades tem despertado o interesse pela 
geografia urbana, por isso, essa é umas das 
disciplinas com elevado número de obras pu-
blicadas na geografia.
Os relatórios divulgados pelo Fundo de 
População das Nações Unidas (UNFPA) de-
monstram a preocupação que os organismos 
internacionais e mesmo nacionais tem tido 
com a migração intensa da população para as 
cidades dos países em desenvolvimento e os 
periféricos. Em 2007 foi divulgado o estudo da 
UNFPA “Situação da população mundial em 
2007: Desencadeando o potencial para o cres-
cimento urbano”. Os dados desse relatório são 
preocupantes, pois aponta para o crescimento 
da população mundial em 2050 em cerca de 
2,5 bilhões de habitantes a mais do que em 
2007. Esse número elevará o total de habitan-
tes do planeta para nove bilhões. O ponto de 
maior enfoque desse relatório trata do cresci-
mento da população urbana do planeta, que 
nesse documento prevê que, em 2030, cinco 
bilhões de pessoas viverão nas cidades, o que 
representará 60% da população mundial nes-
se período. (LEITE; PEREIRA, 2008). 
Com esse crescimento acelerado e con-
centrado nos países mais pobres, as cidades, 
sobretudo dos países periféricos multiplica-
rão os problemas sociais de forma exponen-
cial, considerando que são vítimas de um 
crescimento populacional incompatível com 
a capacidade de absorção econômica dessa 
população crescente, além de estarem des-
providas de infraestrutura para atender a to-
dos.
Essa dinâmica faz com que Díaz (2005, 
p.76) conclua que:
as cidades são construídas em espaços contraditórios. Por um lado, são vistas 
como geradoras de oportunidades, em relação ao emprego e ao acesso ao 
conhecimento, mas, por outrolado, se tornam os lugares onde existe a mais 
variada problemática social, pobreza, marginalização, insegurança, violência, 
entre outras coisas. 
Corroborando com as palavras de Diaz 
(2005) temos que entender que a concentra-
ção de pessoas na cidade traz graves conse-
quências, que, normalmente, resultam em 
problemas socioambientais. No entanto, as 
pessoas de menor renda são as mais vulne-
ráveis a esses problemas, pois a cidade é um 
espaço desigual. Existe uma cidade destinada 
a população de maior renda e um destinada 
as pessoas de baixa renda. Nesta última, a 
presença do Estado é menor e os problemas 
são potencializados.
Essa constatação imprime a necessida-
de de se pensar a cidade, por isso, o plane-
jamento urbano moderno exige um melhor 
ordenamento da cidade, sem que exista 
privilégio a determinadas classes sociais e 
interesses individuais. Essa medida interven-
cionista é importante para minimizar a apro-
priação desigual do espaço urbano e para 
promover o pleno desenvolvimento das fun-
ções sociais da cidade, garantindo o bem-es-
tar de seus habitantes e o cumprimento da 
função social do solo urbano.
Diante dessa complexidade, a cidade 
tem despertado o interesse de vários geógra-
fos que se dedicam a elementos pontuais do 
espaço urbano. A cidade como materializa-
ção das relações sociais que ocorre no espaço 
urbano, possui elementos que se relacionam 
entre si, mas que podem ser estudados de 
maneira especifica. É comum encontrarmos 
geógrafos urbanistas que se dedicam a estu-
dar o comércio urbano, da mesma forma que 
outro se interessa pelas formas de segrega-
ção social materializadas na cidade. Assim, 
dentro da geografia urbana, há certas espe-
cialidades.
A complexidade do espaço urbano e a 
concentração crescente de pessoas nas cida-
des têm destacado a geografia urbana, entre 
as disciplinas do conhecimento geográfico. 
13
Geografia - Geografia Urbana
Buscando referências sobre a importância e 
desenvolvimento da geografia urbana, encon-
tramos o livro “Iniciação ao estudo da geogra-
fia”, do professor da Universidade de Minneso-
ta, Broek (1976). Nessa obra, apesar de antiga, 
o autor destaca o crescimento dos estudos da 
geografia urbana em função da concentração 
demográfica no espaço urbano. 
As palavras desse geógrafo estaduniden-
se mostram que já em meados da década de 
1970 as cidades se tornaram ponto de conver-
gência de capital e de pessoas. Consequente-
mente, o espaço urbano passou por metamor-
fismo e provocou a formação de novas formas.
No entanto, se buscarmos na história 
das cidades perceberemos que a cidade sur-
ge com a característica de concentração. Os 
estudos ainda não revelaram com precisão o 
momento e o local de surgimento da primei-
ra cidade, embora é comum encontrarmos 
nos livros de geografia urbana, a afirmação de 
que as primeiras cidades surgiram por volta de 
3.500 a.C. Esses mesmos livros, como "Capita-
lismo e Urbanização", da professora Sposito 
(2002), apontam como local das primeiras ci-
dades a região da Mesopotâmia, atualmente é 
a área onde se localiza o Iraque, entre os rios 
Tigres e Eufrates.
1.2 A história da cidade
Para Spósito (2002) e Carlos (2003) a for-
mação das primeiras cidades está relacionada 
à “revolução agrícola”, quando o homem dei-
xa de ser nômade (não tinha moradia fixa e 
migrava atrás de alimentos) e passa ser seden-
tário, com o cultivo de alimentos e criação de 
animais. 
O desenvolvimento da atividade agríco-
la primeiramente realizada na Mesopotâmia 
(área de grande fertilidade na Ásia, situada en-
tre os Rios Tigre e Eufrates), no período Neolí-
tico, foi o grande vetor responsável pelo surgi-
mento da cidade. 
A prática agrícola iniciada neste momento 
contribuiu para a existência de excedente ali-
mentar que poderia ser armazenado e atender 
um número maior de população. Em função 
disso, as cidades iam se formando em torno 
das áreas agrícolas, que por sua vez, concentra-
vam assentamentos humanos cada vez maio-
res. Até então o homem vivia da caça, pesca e 
coleta vegetal garantidas somente para aten-
der suas necessidades imediatas. Assim, surge 
a agricultura e as cidades intrinsecamente liga-
das por meio do excedente alimentar que re-
sultou na divisão social do trabalho.
Dessa forma, o homem passa a viver em 
comunidade. Essa mudança traz alterações cul-
turais, como mencionou Mumford citado por 
Spósito (2002, p.15)
Aquilo a que chamamos revolução agrícola foi, muito possivelmente, ante-
cedido por uma revolução sexual, mudança que deu predomínio não ao ma-
cho caçador, ágil, de pés velozes, pronto a matar, impiedoso por necessidade 
vocacional, porém, à fêmea, mais passiva, presa aos filhos, reduzida nos seus 
movimentos ao ritmo de uma criança, guardando e alimentando toda sorte de 
rebentos, inclusive, ocasionalmente, pequenos mamíferos lactantes, se a mãe 
destes morria, plantando sementes e vigiando as mudas, talvez primeiro num 
ritmo de fertilidade, antes que o crescimento e multiplicação das sementes su-
gerissem uma nova possibilidade de se aumentar a safra de alimentos. (...) Com 
a grande ampliação dos suprimentos alimentares, que resultou da domestica-
ção cumulativa de plantas e animais, ficou determinado o lugar central da mu-
lher na nova economia. (...) A casa e a aldeia, e com o tempo a própria cidade, 
são obras da mulher. (SPÓSITO, 2002, p.15).
O comércio é elemento crucial para a formação das cidades da forma que conhecemos atu-
almente, pois a necessidade de realizar o comércio induziu a concentração de pessoas num de-
terminado espaço, com isso, surgiram as cidades. Sobre o desenvolvimento comercial a partir da 
agricultura, Souza relata:
[...] um processo de passagem da produção de subsistência para uma produ-
ção de alimentos visando também o comércio externo, assim como para o sur-
gimento da manufatura especializada, tudo isso tendo um rebatimento demo-
gráfico sob a forma de uma acentuada expansão da população – fundamentos 
sob os quais se darão a transformação de povoados de agricultores em cidades 
e a proliferação destas, [...]. (SOUZA, 2003, p.44). 
14
UAB/Unimontes - 6º Período
No decorrer do tempo, as cidades se 
modificam profundamente e em cada mo-
mento histórico apresentam peculiaridades, 
tornando-se complexas. As peculiaridades, a 
organização e a dinâmica das cidades, bem 
como, o conteúdo do seu conceito passaram 
por mudanças. 
No entanto, esse processo foi lento e 
gradual, pois anos mais tarde essas práticas 
se sistematizaram através do plantio, cria-
ção e domesticação de animais. A partir da 
necessidade de um lugar fixo para morar o 
homem vai produzindo e reproduzindo seu 
espaço a ponto de socializar-se. O lugar fixo 
de moradia proporciona ao homem um lo-
cal seguro para praticar suas culturas, suas 
artes e construir uma família, além de pro-
porcionar condições melhores de vida. 
Com essa nova estabilidade do homem 
na terra, surge a “cidade” que possui caracte-
rísticas de uma aldeia. Spósito (2002, p.13), res-
salta que “não é o número de pessoas, casas e 
atividades comerciais que definem se o lugar 
é uma cidade ou não”. Nessa perspectiva, a re-
ferida autora sustenta que “estruturalmente, 
a aldeia tem um nível de complexidade ainda 
elementar, pois nela quase não há divisão de 
trabalho, a não ser do feminino e masculino 
ou determinado pelas possibilidades e limites 
da idade e da força”.
Para um aglomerado humano tornar-
-se uma cidade é necessária a constituição 
de uma base sólida chamada “organização 
social” (SPÓSITO, 2002). Esta, por sua vez, 
sendo bastante complexa, deve ser inter-
pretada juntamente com a divisão social do 
trabalho, e consequentemente, com a segre-
gação socioespacial. 
A divisão social do trabalho baseada 
em uma produção de excedente alimentar 
onde o agricultor produz mais que o neces-
sário para a população é uma das condições 
básicas para o surgimento das cidades, pois 
através dela geram-se as outras subdivisões 
e os conflitos sociais. 
O excedente de produçãoé também 
um dos pilares para repensar a divisão do 
trabalho. A divisão social é revelada através 
da participação desigual dos homens, seja 
ela, no processo de produção, distribuição e 
apropriação de riquezas. (SPÓSITO, 2001). 
Essa divisão social se concretiza a partir 
do momento que diversas classes sociais se 
concentram no mesmo lugar. A classe domi-
nante tem grande possibilidade de ampliar 
territorialmente seu domínio, até o ponto de 
encontrar um poder equivalente ou maior, 
não obstante, a classe pobre tem seu poder 
enfraquecido pela classe dominante. 
Após seu surgimento, as cidades passa-
ram por modificações em cada período his-
tórico (Antiguidade, Idade Média, Moderna 
e Contemporânea), adquirindo importân-
cia e apresentando funções diversificadas. 
(BRUMES, 2001). 
Na Antiguidade, a cidade possuía uma 
função política, pois organizava, dominava, 
protegia, administrava e explorava territó-
rios com os camponeses, aldeões e pastores. 
(BRUMES, 2001, p.51). 
Nesse período, as cidades se dissemina-
ram rapidamente e o seu papel era concen-
trar o poder político e militar com nítida hie-
rarquia de trabalho. (ANDRADE, 1981).
Jericó, as margens do rio Jordão na Pa-
lestina, possivelmente foi o primeiro aden-
samento humano a receber o nome de ci-
dade. Conhecida pelos relatos bíblicos, seu 
aparecimento está situado a quase oito mil 
anos antes de Cristo. (SOUZA, 2003).
Com isso, o comércio, fundamental 
para a formação das cidades, surgiu de ma-
neira simples através da mera troca de mer-
cadorias, isto é, o escambo. Com a adoção 
da moeda para facilitar a troca, o comércio 
se intensificou e determinados locais, prin-
cipalmente, estradas com grande fluxo de 
pessoas, se tornaram ponto para feiras co-
merciais. A formação das primeiras cidades 
está relacionada ao comércio e ao poder po-
lítico e social. 
 Voltando, na origem das primeiras ci-
dades Spósito (2002) destaca a importância 
da hidrografia na localização das primeiras 
cidades, tanto na região dos rios Tigres e 
Eufrates, quanto no rio Nilo. Essa autora in-
forma que devido ao clima semiárido dessas 
regiões a proximidade de cursos de água era 
fundamental para as cidades. Esse é o caso 
da capital do Iraque, a cidade de Bagdá, 
mostrada na figura 01. Essa cidade está loca-
lizada nas margens do rio Tigres.
 
15
Geografia - Geografia Urbana
Além da proximidade com os rios, as cidades na antiguidade tinham uma estrutura orga-
nizacional interessante, pois havia uma divisão funcional. No caso da cidade de Mileto funda no 
século V a.C, na Grécia, conforme mostra a figura 02, possuía um estrutura que valoriza o co-
mércio, pois a Agora, espécie de mercado, ficava localizada no centro das cidades. Da mesma 
forma, o poder político estava nessa área. A cidade de Mileto era cercada por muros e mostrava 
a importância dada ao espaço urbano. Nesse sentido, a cidade era tratada como ponto de co-
mércio, poder político e atividades sociais. Isso a tornava o ponto principal para se estabelecer as 
relações humanas, tanto no aspecto social, como econômico. 
▲
Figura 1: Cidade de 
Bagdá nas margens do 
rio Tigres.
Fonte: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Bagd%C3%A1. 
Acesso: 29/11/2010.
◄ Figura 2: Cidade de 
Bagdá nas margens do 
rio Tigres.
Fonte: http://hipoda-
modemileto.blogspot.
com/2010/03/mileto-gre-
cia-sec-v-ac.html. Acesso: 
29/11/2010.
16
UAB/Unimontes - 6º Período
A cidade, como centro político, econômico e social, foi potencializada com a expansão dos 
impérios antigos. Isto porque a cidade era o ponto de referência para a administração do impé-
rio, logo, era o local que abrigava os reis e imperadores. Os avanços na infraestrutura se destaca-
ram nesse período, um exemplo, é a construção, para a época, de um sistema moderno de esgo-
to e abastecimento de água. O exemplo mais emblemático desse período é a cidade de Roma, 
capital do Império Romano.
Destacando as contribuições do Império Romano para a expansão das cidades Spósito 
(2002, p.22) relata que 
O poder político do Império Romano permitiu portanto, não apenas que a ur-
banização deixasse de ser um processo “espontâneo”, uma vez que muitas ci-
dades foram fundadas nas áreas recém-conquistadas para permitir a hegemo-
nia política romana sobre estas áreas, como também acabou por propiciar uma 
ampliação imensa da divisão interurbana do trabalho, pois os ofícios exercidos 
e a produção das maiores cidades do Império deixaram de suprir apenas os 
cidadãos (habitantes de uma cidade) e a população rural dos seus arrabaldes, 
para suprirem também a população de outras áreas do Império e os povos bár-
baros além fronteira, incentivando o papel comercial urbano. 
Essa narrativa de Sposito (2002) aponta o 
quanto o Império Romano foi importante para 
difundir a cidade e expandir sua centralidade 
política e comercial. Obviamente com a queda 
desse império houve um retrocesso na forma-
ção de cidades e a articulação da rede urbana. 
O fim do império Romano marca o sur-
gimento da Idade Média, que se estendeu do 
século V ao XV, durando cerca de mil anos. 
O período feudal marca a Idade Média. Esse 
sistema era demasiadamente agrícola e, ape-
nas dois tipos de cidades permaneceram, as 
cidades episcopais e os burgos. A primeira se 
destaca como ponto de administração ecle-
siástica, haja vista que a Igreja tinha grande 
força nesse período. A segunda era consti-
tuída por espaços cercados por muralhas, 
construídas por ordens dos senhores feudais. 
A figura 03 mostra a cidade de Ávila, na Es-
panha, exemplo de cidade medieval, com 
características de fortaleza com presença de 
muralha e torres.
Figura 3: Cidade 
Medieval de Ávila, na 
Espanha.
Fonte: http://www.portal-
saofrancisco.com.br/alfa/
feudalismo/economia-
-feudal.php. Acesso: 
01/12/2010.
▼
17
Geografia - Geografia Urbana
Sposito citando Mumford (2002) infor-
ma que as cidades medievais, tendiam à for-
ma arredondada, eram limitadas, concretas 
e marcadas por planos irregulares, cujas vias 
principais apontadas para o núcleo central. 
Embora esses espaços sejam considerados 
cidades, não podem ter a mesma convicção 
para afirmar que se tratava de espaços ur-
banos, pois a economia e a cultura estavam 
ligadas ao rural, uma vez que o feudo era 
basicamente agrícola.
Benevolo citado por Spósito (2002, 
p.32) afirma que para entender a cidade an-
tiga, é suficiente uma descrição completa de 
poucas cidades dominantes: Atenas, Roma, 
Constantinopla. Ao contrário, na idade mé-
dia não existe nenhuma supercidade, mas 
um grande número de cidades médias, en-
tre as quais uma dúzia nos séculos XIII e XIV 
alcança mais ou menos o mesmo tamanho: 
dos 300 aos 600 hectares de superfície e dos 
50.000 a 150.000 habitantes. 
Essa situação começa a mudar com o 
renascimento urbano. Esse fenômeno con-
siste na expansão comercial para além da 
muralha (foris-burgus). Com isso, sugiram 
novas cidades, agora baseadas na atividade 
comercial, em pontos de grande fluxo de 
pessoas. Esse momento marca a transição 
do sistema feudal para o sistema capitalista.
O renascimento das cidades ocorreu no 
final da Idade Média. Com o comércio, as ci-
dades passam a surgir nas rotas comerciais im-
pulsionando um novo modelo de produção, 
o capitalismo. Nesse contexto, Carlos (1994, 
p.65) aponta que: “o ressurgimento da cidade 
aparece como um elo responsável pela disso-
lução do modo de produção feudal e da tran-
sição deste para o capitalismo, na medida em 
que o destrói, ultrapassando-o ela mesma”. 
Depois de sua estagnação durante o 
desenvolvimento do feudalismo na Idade 
Média, com a intensificação do comércio as 
cidades passam a concentrar poder político, 
econômico e cultural.
Com o desenvolvimento do comércio 
,ocorreu a Revolução Comercial do Sécu-
lo XVI que permitiu as cidades crescerem e 
exercerem poder sobre o espaço em que si-
tuavam. A Revolução Comercial se deu por 
meio do desenvolvimento do comércio re-
alizado entre os europeus cristãos e os ára-
bes muçulmanosdominadores do Oriente 
Médio e do norte da África - e também por 
meio das grandes navegações – pós século 
XV. Como resultado da Revolução Comercial 
teve-se a acumulação de capital nas mãos 
de grupos empreendedores, fortalecimen-
to do poder do Estado e o desenvolvimento 
das técnicas ligadas à indústria e aos trans-
portes. (ANDRADE, 1981).
No início do capitalismo a classe bur-
guesa foi responsável pelo fortalecimento 
desse novo sistema econômico. A burguesia 
se enriqueceu com o capitalismo, além dis-
so, passou a ter poder político com a forma-
ção dos Estados Nacionais. Dessa forma, os 
burgueses foram responsáveis por financiar 
e se manterem do capitalismo. A vocação 
comercial dessa classe social fez com que 
ela incentivasse o comércio. Assim, a cida-
de como palco da circulação e do comércio 
se fortalece. Portanto, o capitalismo surge e 
sustenta na cidade.
O avanço do capitalismo levou ao au-
mento da divisão do trabalho, com a forma-
ção das corporações de ofício e as manufa-
turas. Isso fez com que surgisse o trabalho 
assalariado. O aumento da circulação de 
capital impulsionou o comércio, o que para 
burguesia era muito importante.
A burguesia na tentativa de desenvol-
ver ainda mais o comércio incentiva uma 
expansão marítima comercial. Esse proces-
so foi importante para levar a formação de 
cidades para as “novas terras”. Além disso, 
enriqueceram, ainda mais, a burguesia e as 
cidades das metrópoles colonialistas, como 
Lisboa, Madri e Londres. 
No caso da expansão Portuguesa, a bur-
guesia financiou várias viagens em busca de 
mercadorias, como ouro e especiarias. A im-
plantação da Escola Náutica de Sagres mos-
tra a valorização dada à expansão marítima 
e os resultados que a mesma traria para a 
burguesia. 
A figura 04 mostra as principais rotas 
realizadas pelos navegantes da Coroa Por-
tuguesa. Nela se destaca a busca por mer-
cadorias, como escravos, especiarias, pedras 
preciosas e ouro. Além da conquistas de no-
vas terras e mercadorias, esse processo foi 
importante para a criação de novas cidades 
em pontos distantes da Europa.
18
UAB/Unimontes - 6º Período
As grandes navegações realizadas pe-
los portugueses no Atlântico primeiramente 
e, depois, no Mediterrâneo - sob o pretexto 
de propagar a fé cristã - se expandiram pela 
África e Ásia. Os colonizadores (portugueses, 
espanhóis, franceses, ingleses, holandeses) 
lançavam-se às navegações, à conquista de 
novas terras e novos mercados explorando 
áreas em busca de metais preciosos, com isso, 
intensificou-se o comércio das especiarias no 
continente europeu. (Andrade, 1981). 
No caso de algumas colônias Inglesas, 
como as Treze Colônias, na América do Norte, 
as cidades se expandiram com a fixação do 
homem, que implantava uma economia só-
lida. No Brasil, os portugueses, fundaram 18 
cidades no século XVI. Entre essas, se destaca 
a cidade de Salvador. As cidades coloniais fun-
cionavam como centro político-administrativo, 
militar ou para escoamento de mercadorias. 
A importância emergente de cidades lito-
râneas e daquelas que se localizavam no interior 
dos continentes - no contexto das grandes nave-
gações - sublinha o caso das cidades da América, 
como, por exemplo, Lima/Peru, que foi constru-
ída pelos espanhóis com a finalidade de se tor-
nar porto onde eram embarcados os produtos 
vindos do interior e que atenderiam a metrópole 
portuguesa. No Brasil, Olinda, Recife, Salvador e 
Rio de Janeiro, localizadas no litoral, foram cida-
des construídas pelos colonizadores que ganha-
ram importância e riqueza. (ANDRADE, 1981).
Com o desenvolvimento do capitalismo 
e a industrialização, as cidades intensificaram 
seu papel de centro convergente de pessoas e 
dinheiro. Isso torna o espaço urbano complexo, 
pois várias atividades passam a ocorrer na cida-
de. Como consequência desse interesse pela 
cidade temos o processo de urbanização.
Foi a partir do século XVIII com a Revolu-
ção Industrial na Europa que as cidades tiveram 
mudanças ainda mais significativas e profundas 
quanto ao tamanho e complexidade. A indús-
tria, isto é, a transformação de matérias-primas 
em produtos elaborados, mudou radicalmen-
te as cidades no século XIX com o desenvolvi-
mento das máquinas. O desenvolvimento das 
máquinas multiplicou a força humana; o êxodo 
rural acelerou-se com o cercamento das terrras 
comunais e com a possibilidade de empregos 
pelas fábricas nas cidades. A urbanização se ge-
neralizou e a partir daí várias cidades começa-
ram a girar em torno da indústria.
O comércio entre os vários continentes 
e a demanda de produtos fabricados pelos 
burgueses nas indústrias dos centros urbanos 
aumentou consideravelmente e, um grande 
contingente de mão de obra proveniente do 
campo foi incorporado ao trabalho industrial 
vendendo sua força de trabalho aos burgue-
ses, nas cidades. A transferência da população 
do campo para a cidade propiciou um grande 
aumento populacional. Isto se deu, sobretu-
do1, em função da migração das populações 
para atender a demanda da mão de obra que 
as indústrias necessitavam. 
O desenvolvimento da Revolução Indus-
trial foi marcado pela intensificação da produ-
Figura 4: Principais 
rotas marítimas da 
Coroa Portuguesa.
Fonte: http://historia-
doriolbeato.blogspot.
com/2010_08_01_archive.
html. Acesso: 01/12/2010.
►
DICAS
1As populações 
também migram em 
função da deteriora-
ção das condições de 
reprodução social no 
meio rural, tais como: 
escassez de terra, efei-
tos climáticos; sendo 
que estes segmentos 
não necessariamente 
serão absorvidos como 
mão-de-obra pela 
indústria urbana.
19
Geografia - Geografia Urbana
ção de mercadorias que levou a necessidade 
de mão de obra para atender o setor e poste-
riormente, ao aumento do consumo de produ-
tos industriais pela população. 
Já neste momento começam a surgir “ci-
dades industriais, com bairros pobres, com 
grande poluição e com sérios desníveis so-
ciais”. (ANDRADE, 1981, p.270). A transforma-
ção das cidades e consequentemente do seu 
meio ambiente foi intensificada com a indus-
trialização iniciada em fins do século XVIII.
Conforme Stoke on Trent apud Kliass 
(2002), a exploração de carvão que alimen-
tava todo o processo de industrialização 
degradou a paisagem e o meio ambiente de 
regiões inteiras da Inglaterra. Nesse período, 
problemas de tráfego, congestionamento e 
atropelamentos também foram registrados 
nas cidades inglesas. Esses, entre outros im-
pactos de ordem econômica, política e pro-
dutiva foram apontados por Andrade (1981),
[...], a Revolução Industrial tornou a cidade, que antes era, sobretudo centro 
de comércio e de serviços, um centro produtivo que beneficiava a matéria-
-prima oriunda do campo, aumentando a dependência do campo em relação 
à própria cidade e permitindo que os seus habitantes tivessem maior acesso à 
riqueza que os do campo. Possibilitou também o grande crescimento urbano, 
acentuando a estratificação espacial do uso do solo – separação entre bairros 
habitados por pessoas de classes diferentes, e o aumento da poluição. (AN-
DRADE, 1981, p.270).
 
Dessa maneira, a indústria teve na cida-
de o palco para o seu desenvolvimento: “A ci-
dade guardando a reunião dos mercados, da 
força de trabalho, dos consumidores, acabou 
por potencializar a atividade industrial”. (DA-
MIANI, 1999, p.119). 
Mas a evolução e a transformação das cida-
des viriam a se intensificar ainda mais com o fe-
nômeno da urbanização (século XIX) denotando 
uma nítida e forte relação cidade-urbanização. 
Na Idade Contemporânea, as cidades não 
mais se especializam em uma mesma função, 
cada uma delas pode apresentar uma ou mais 
funções que são elas: comercial, industrial, reli-
giosa, política e turística.
A cidade contemporânea resulta de to-
das as outras e a partir das transformações 
que nelas ocorreram em diversos períodos. 
Assim, Spósito (2001, p. 11), reitera que a ci-
dade de hoje: “(...) é o resultado cumulativo, 
de todas as outras cidades de antes, trans-
formadas,destruídas, reconstruídas, enfim 
produzidas pelas transformações sociais 
ocorridas através dos tempos engendrados 
pelas relações que promovem estas trans-
formações”. 
As cidades da atualidade e suas paisa-
gens são resultados da intensa modificação 
pelas quais passou e passa a humanidade. 
Um dos fatores de grande importância que 
coopera para as modificações urbanas são 
as migrações, quando homens em busca de 
melhores condições de vida vivem em cons-
tante migração.
1.3 O crescimento das cidades e 
as atividades que transformam as 
cidades
O crescimento das cidades se dá a partir do 
momento em que elas se tornam atrativas, no-
tadamente do ponto de vista econômico e ideo-
lógico. As cidades são desiguais em dimensões, 
paisagens e fatores de atração. Tais fatores fazem 
com que cada cidade cresça de maneira desigual 
tanto territorial, social, como economicamente. 
Para Spósito (2002, p.17), “as cidades, ao do-
minarem áreas maiores, tornaram-se receptoras 
de excedente do campo, fortalecendo a força po-
lítica de seus governantes e com isso criando as 
condições para a constituição de impérios”.
Visando atender necessidades diversas de 
consumo, a população migra para centros de 
melhor infraestrutura e oferecimento de equi-
pamentos urbanos. Os motivos para os deslo-
camentos podem ser compras, trabalho, estu-
do, dentre outros. 
DICAS
Filme Sugerido para 
Debate: O Nome da 
Rosa. O filme permite 
compreender o pro-
cesso de urbanização e 
as condições históricas 
para a origem e desen-
volvimento das cida-
des. A história se passa 
em 1327, na Europa.
DICAS
Sugerimos como forma 
de aprofundamento a 
Leitura do Livro "Capi-
talismo e Urbanização" 
(SPÓSITO, Maria En-
carnação Beltrão. São 
Paulo: Contexto, 1991). 
20
UAB/Unimontes - 6º Período
Existem duas formas de expansão das 
cidades, sendo elas o crescimento horizontal 
e vertical. Quando a cidade cresce horizontal-
mente ela vai ocupando áreas que eram desti-
nadas à agricultura e pecuária. Essas áreas são 
divididas territorialmente em lotes. O lote tem 
seu caráter de mercadoria, quando bem loca-
lizado e juntamente com as benfeitorias que 
alguns locais dispõem, seu valor é acrescido e 
varia conforme a supervalorização do local.
O crescimento vertical relaciona-se a 
construção de edifícios. Esse crescimento 
decorre da necessidade de se criar espaços 
para a realização de atividades comercial e 
residencial. O adensamento de edifícios faz-
-se maior no núcleo central das cidades e à 
medida que afastamos dessa região perce-
bemos sua minimização, como podemos 
perceber na figura 5 que mostra a cidade de 
Montes Claros. 
É através da ação do poder público e da 
iniciativa privada que se têm o financiamen-
to e a construção de edifícios para os usos 
residenciais, comerciais e de prestação de 
serviços. 
As cidades alteram-se conforme a evolu-
ção da sociedade. Elas tornam-se mais dinâ-
micas e complexas. Os moradores necessitam 
dos meios de consumo coletivo, tais como: 
hospitais, escolas e áreas de lazer. Eles traba-
lham, deslocam-se no espaço urbano, pro-
duzem e reproduzem a cidade. As atividades 
urbanas desempenhadas pelo homem trans-
formam o espaço para atender as necessida-
des da sociedade.
Nesse sentido, as cidades mudam seu tra-
çado e essas modificações obedecem a uma 
lógica de distribuição de atividades comer-
ciais, prestação de serviços e migração popu-
lacional presentes na cidade. 
Além das alterações ocorridas nas ci-
dades, o cotidiano das pessoas se modifica 
 ▲
Figura 5: Vista Parcial de 
Montes Claros - MG 
Fonte: www.dkyscra-
percity.com. Acesso: 
09/11/2010.
21
Geografia - Geografia Urbana
acompanhando o ciclo de desenvolvimento 
da sociedade na qual estão inseridas. Os ha-
bitantes urbanos encontram-se em constante 
movimento, seja para trabalhar, estudar, fa-
zer compras. Com o intuito de facilitar o des-
locamento, os meios de transporte tentam 
ser mais eficientes, avenidas e ruas tornam-se 
mais largas e sinalizadas para que pessoas e 
veículos se movam com agilidade e tranqüili-
dade. Faixas de pedestres, placas, semáforos 
vão se difundindo pelas ruas na tentativa de 
controlar os fluxos de pedestres e automóveis.
As modificações ocorridas na cidade in-
fluenciam também o ritmo de vida no cam-
po. Através do aumento do consumo urbano 
intensifica-se a produção de alimentos, com 
isso novas técnicas de produção são implan-
tadas e à medida que o campo se moderniza 
inúmeras pessoas migraram para as cidades 
desenvolvendo atividades econômicas diver-
sas, contribuindo assim, para a modificação da 
estrutura urbana. 
Os elementos que constituem e modifi-
cam as cidades tais como as indústrias e o co-
mércio são de fundamental importância para 
desenvolvê-las ou estruturá-las. O consumo 
e a produção industrial crescente impactam 
a estrutura urbana, ampliando e melhorando 
os meios de transporte, telecomunicação, tais 
transformações visam facilitar a entrada e a sa-
ída de mercadoria e pessoas. 
A indústria é uma atividade que causa 
grandes transformações nas cidades. Sua lo-
calização é diferente em cada cidade. Algumas 
indústrias se localizam em áreas distantes do 
núcleo central, ou seja, em lugares onde o pre-
ço da terra é mais acessível, outras se instalam 
no interior das cidades próximas ao núcleo 
central. 
Devemos considerar ainda nessa pers-
pectiva, os fatores locacionais, ou seja, as 
vantagens oferecidas para implantação das 
atividades industriais, sendo eles: maté-
ria prima abundante e barata; mão de obra 
abundante e barata; energia abundante e 
barata; mercados consumidores; infraes-
trutura; vias de transporte e comunicações; 
incentivos fiscais; legislações fiscais, tribu-
tárias e ambientais amenas. (SPÓSITO, 2004, 
1994; ROSS, 2000). Esses fatores contribuem 
para o aumento da produção, diminuição 
dos custos e agilidade na inserção do pro-
duto no mercado.
As cidades também são modificadas por 
processos e formas espaciais, como será de-
batido no próximo item. 
1.3.1 Processos e formas espaciais
O espaço urbano se produz e reproduz cotidianamente através da ação de atores diversos. 
Essa ação resulta em processos e formas espaciais que se desenvolvem nas cidades associados à 
dinâmica econômica e espacial da sociedade capitalista. 
Os processos e as formas espaciais devem ser analisados numa perspectiva dialética, ou 
seja, são complementares entre si. Corrêa (1989) aponta os seguintes processos sociais e suas res-
pectivas formas: Centralização e Área central; Descentralização e os Núcleos secundários; Coesão 
e as Áreas especializadas; Segregação e as Áreas sociais; Dinâmica espacial da segregação; Inércia 
e as Áreas cristalizadas.
1.3.1.1 Centralização e Área Central
As atividades comerciais estão espalhadas por todo o espaço urbano, tanto em áreas cen-
trais como em áreas periféricas. Tradicionalmente, nas grandes, médias ou pequenas cidades 
tem-se a maior concentração econômica no Núcleo Central. É nesse local que se concentram o 
maior número e diversificação de atividades econômicas, pois as pessoas por ali se deslocam 
para o trabalho, consumo, lazer, enfim, satisfação de necessidades diversas, como é mostrado 
nas figuras 06 e 07.
22
Com o crescimento territorial e demo-
gráfico, a área central transforma-se profun-
damente deixando de ser o lócus de consumo 
exclusivo da população e de reprodução da 
atividade econômica. O dinamismo econômi-
co e a instalação de novas infraestrutura oca-
sionam a emergência de novas formas urba-
nas em áreas não centrais.
A centralização é um processo de concen-
tração de atividades econômicas (comércios, 
serviços e indústrias), político-administrativas 
e infraestrutura na área urbana. Esse proces-
so espacial se materializa, sobretudo, na Área 
Central. No interior das cidades, as áreas cen-
trais expressam espaços onde coexistem usos 
comerciais e residenciais com uma organiza-
ção sócioespacial bastante complexa. As áreas 
centrais recebemgrande circulação e fluxos 
de pessoas, mercadorias e capitais que possi-
bilitam o consumo e a dinâmica econômica 
desses espaços. 
A área central é um importante espaço 
das cidades que concentra atividades econô-
micas, serviços e fluxo diversos – pedestres, 
veículos, consumidores, além de ser uma área 
de grande acessibilidade e infraestrutura ur-
bana. Em função disso, possui um alto valor 
no solo urbano se comparada com as demais 
áreas de uma cidade. Ela é, portanto, dispu-
tada por diversos agentes econômicos, que a 
Figura 6: Vista parcial 
da Praça Dr. Carlos 
Versiani.
Autor: França, I. S. de./
Nov. 2005.
►
Figura 7: Rua 
Simeão Ribeiro, área 
comercial central 
conhecida como 
Quarteirão do Povo, 
Núcleo Central de 
Montes Claros – MG. 
Autor: França, I. S. de./
Nov. 2005.
►
23
Geografia - Geografia Urbana
vislumbram para instalarem atividades econô-
micas lucrativas. 
Spósito (2001, p.235) utiliza a expressão 
“área central” para designar os diferentes seto-
res urbanos nos quais se observa a concentra-
ção de atividades comerciais e de serviços, tais 
como o núcleo principal, os eixos de desdo-
bramento das atividades nele desenvolvidas, 
os subcentros de comércio, os shoppings cen-
ters, as vias especializadas, entre outras.
Tal como expõe Spósito (2001, p.237), “A 
ocorrência de áreas centrais nas cidades resulta, 
via de regra, de um processo histórico de loca-
lização das atividades comerciais e de serviços 
no interior delas”, o que faz essas áreas serem 
também o local para onde as pessoas se diri-
gem quando desejam fazer compras, uma vez 
que ali, tradicionalmente se concentram os 
setores de serviços (médicos e odontológicos; 
comerciais; bancários; administrativos - prefei-
turas e fóruns; entre outros).
Em outras palavras, a área central expres-
sa o espaço de consumo de produtos que uma 
população busca para satisfazer necessidades 
diversas, sendo um espaço dominado por seg-
mentos de vários níveis econômicos. Assim, 
pode-se afirmar que as formas de consumo e 
apropriação da área central, entre os indivídu-
os diferenciam-se conforme o maior ou menor 
poder aquisitivo da população. 
Conforme Corrêa (1989) o processo de 
centralização, ao criar a área central, a seg-
mentou em dois setores: o núcleo central e 
a zona periférica. Características associadas 
ao uso do solo, ao crescimento horizontal, a 
concentração de pessoas e o tráfico de carros 
diferenciam esses dois segmentos. O núcleo 
central apresenta ampla escala vertical, pois 
trata-se de uma área de uso intenso do solo, 
com um limitado crescimento horizontal. A 
zona periférica possui ampla escala horizontal, 
apesar do limitado crescimento horizontal, em 
virtude das novas indústrias e empresas. 
O termo “área central” precisa ser distin-
guido do conceito de núcleo central, sendo 
que as áreas centrais incluem as ruas, nas quais 
se encontram funções próprias do núcleo cen-
tral, além de áreas industriais e residenciais, 
não sendo fácil a tarefa de distinguir área cen-
tral e núcleo central. (PEREIRA, 2001). Para uma 
melhor compreensão dos significados das ex-
pressões torna-se necessário discuti-las e elu-
cidar suas diferenças e complementaridades. 
Por muito tempo, os núcleos centrais das 
cidades eram palco de atividades econômicas, 
políticas e culturais, visto que sediavam, exclu-
sivamente, órgãos de decisões governamen-
tais, escritórios, museus, bibliotecas, indús-
trias, comércios varejista e atacadista, além de 
outros setores ligados ao comércio e presta-
ção de serviços. É válido lembrar que o núcleo 
central também possuía, uma forte função 
residencial, abrigando uma população geral-
mente de alto poder aquisitivo. Mudanças no 
ritmo de consumo das populações e nas estru-
turas de transporte e telecomunicações, bem 
como a emergência de novas tecnologias, 
em geral, têm provocado novos papéis e uma 
nova dinâmica nesse espaço. 
Essa argumentação encontra sustentação 
em Corrêa (1989) quando o mesmo considera 
que o núcleo central é a área da cidade de uso 
mais intensivo, com maior concentração de 
atividades econômicas, sobretudo, ligadas ao 
setor terciário. Nele concentram-se edifícios 
e escritórios juntos uns aos outros que viabi-
lizam as ligações comerciais. Nas pequenas e 
médias cidades, notadamente, o núcleo cen-
tral é limitado em termos de extensão, sendo 
possível percorrê-lo a pé, sendo que, nele há 
concentração diurna de pessoas e pedestres 
durante as horas de trabalho. Ele é um foco de 
transportes interurbanos e é área de impor-
tantes decisões.
Os núcleos centrais das cidades consoli-
dam-se como espaços econômicos na medida 
que diminuem sua função residencial, sendo 
que as pessoas que residem no núcleo central 
optam por morar em apartamentos em razão 
de segurança e praticidade. Indústrias, comér-
cios varejista e atacadista e depósitos, que an-
tes se localizavam nos núcleos centrais, vão 
migrando para as periferias das cidades, em 
terrenos que lhes ofereçam menores custos 
e maiores vantagens locacionais e isenção de 
impostos.
Os centros das cidades modernas apresen-
tam características especiais em relação à ocu-
pação do solo e desempenham funções parti-
culares. Na medida em que o tecido urbano se 
expande eles vão se reestruturando, assumindo 
novas formas, novos usos e consolidando-se 
numa estrutura basicamente comercial. São ex-
tremamente importantes na compreensão da 
dinâmica intraurbana, pois é a partir deles que 
as cidades surgem e se expandem.
Nem sempre o núcleo central de uma ci-
dade corresponde no seu interior ao núcleo 
geográfico como também não se pode dizer 
que sempre ele equivale ao espaço histórico 
no qual tal cidade se originou e se expandiu. 
Entretanto, pode-se assegurar que o núcleo 
central é primordialmente o espaço interno 
para onde se convergem e divergem fluxos 
humanos e econômicos constantes.
Quanto às mudanças na forma e função 
dos núcleos centrais que resultam na forte ap-
tidão comercial que esses exercem atualmente, 
pode-se destacar como fatores relacionados a 
esse processo o aumento dos preços do solo ur-
24
UAB/Unimontes - 6º Período
bano, juntamente com a elevação dos aluguéis 
e impostos; o congestionamento do tráfego 
pelo grande fluxo de pedestres e veículos; ele-
vados custos no sistema de transporte individu-
al e coletivo; diminuição de espaço físico para a 
expansão das atividades econômicas e ausên-
cia ou perda de amenidades. (COLBY, 1958). 
Através do núcleo central, dotado de fi-
xos (estabelecimentos comerciais, serviços, 
praças, igrejas, bibliotecas, museus), a área 
central, dotada de fluxos (capitais, merca-
dorias, pessoas, idéias), produz e reproduz a 
centralidade e, consequentemente, a multi-
centralidade ou centralidades novas.
Se o núcleo central se revela pelo que se localiza no território, a centralidade é 
desvelada pelo que se movimenta no território, relacionando a compreensão 
da centralidade, no plano conceitual, prevalentemente à dimensão temporal 
da realidade.O que é central é definido em escalas temporais de médio e lon-
go prazo pela mudança na localização territorial de atividades. A centralidade 
é redefinida continuamente, inclusive em escalas temporais de curto prazo, pe-
los fluxos que se desenham através da circulação das pessoas, das mercadorias, 
das informações, das idéias e dos valores. (SPÓSITO, 2001, p.238).
Existe uma tendência nas grandes e médias cidades das áreas centrais se firmarem como 
espaços quase que exclusivamente comerciais, com o abandono de famílias que vendem suas 
habitações para residir em outras regiões das cidades. Com isso, a área central com boa infra-
-estrutura passa pela valorização e conseqüente especulação imobiliária.
1.3.1.2 Descentralização e núcleos secundários
A expansão territorial das cidades aconte-
ce por diversos fatores, dentre eles o aumento 
da demanda por habitações gerado pelo cres-
cimento populacional; o surgimento de novas 
formas de morar, por exemplo, a expansão dos 
loteamentosque se dá geralmente por mecanis-
mos especulativos; as transformações nas áreas 
centrais que aumentam a concentração de ati-
vidades e disponibilidade de serviços, enquanto 
diminui sua função meramente residencial. 
Quando uma cidade expande territorial-
mente, significa que ela absorve e/ou incor-
pora áreas e parcelas de território, processo 
denominado de expansão territorial horizon-
tal. Um fenômeno importante na configuração 
das cidades é a descentralização da área cen-
tral apontando novas centralidades. A expan-
são territorial viabiliza a expansão urbana para 
bairros e novos loteamentos em regiões dis-
tantes da área central, apontando o surgimen-
to de novos espaços comerciais e de prestação 
de serviços.
Corrêa (1989) argumenta que a descen-
tralização está associada ao crescimento da 
cidade em termos demográficos e espaciais. 
A competição pelo mercado consumidor leva 
as firmas comerciais a descentralizarem seus 
pontos de vendas, através da criação de filiais 
nos bairros das cidades. Esse processo é via-
bilizado pelo desenvolvimento dos meios de 
transportes mais flexíveis. 
O autor chama a atenção para a necessi-
dade de considerar a própria dinâmica capi-
talista, que atua juntamente com fatores de 
repulsão e atração de atividades, e que, nessa 
dinâmica, estão também presentes os inte-
resses individuais dos setores de transporte 
e imobiliário. A descentralização torna-se um 
meio para manutenção da taxa de lucro, que a 
exclusiva localização central não é mais capaz 
de fornecer. Assim, constata-se no capitalismo 
monopolista a centralização de capital e a des-
centralização espacial.
O processo de descentralização da área 
central vem ocorrendo no Brasil cidades gran-
des e médias, a partir da segunda metade do 
século XX. Tal área deixa de ser o espaço exclu-
sivo de produção e reprodução da atividade 
econômica.
Os subcentros em comércios e serviços, 
os shopping-centers, os supermercados, as vias 
especializadas2, entre outras, são exemplos de 
novas centralidades urbanas. Essas novas for-
mas comerciais são resultantes do crescimento 
demográfico e territorial das cidades que im-
põe a necessidade de satisfação de consumo 
de necessidades da população residente em 
espaços distantes física e geograficamente do 
núcleo central. Também a própria lógica de re-
produção e maximização do capital responde 
a essa tendência.
Corrêa (1989, p. 45-60) discute o processo 
de descentralização de equipamentos comer-
ciais para outras áreas da cidade como uma 
tendência necessária e inerente ao espaço in-
tra-urbano.
DICAS
2Para maior detalha-
mento desses temas 
consultar: FRANÇA, I. 
S. de. A cidade média 
e suas centralidades: 
o exemplo de Montes 
Claros no Norte de 
Minas Gerais. Disser-
tação de Mestrado em 
Geografia. UFU – Uber-
lândia, MG, 2006. 240f.
25
Geografia - Geografia Urbana
A descentralização aparece em razão de vários fatores. De um lado, como uma 
medida das empresas visando a eliminar as deseconomias geradas pela exces-
siva centralização na Área Central. De outro, resulta de uma menor rigidez lo-
cacional no âmbito da cidade, em razão do aparecimento de fatores de atração 
em áreas não centrais. [...] A descentralização está também associada ao cres-
cimento da cidade, tanto em termos demográficos, como espaciais, amplian-
do as distâncias entre Área Central e as novas áreas residenciais; a competição 
pelo mercado consumidor, por exemplo, leva as firmas comerciais a descentra-
lizarem seus pontos de venda através da criação de filiais nos bairros. 
A escolha de espaços potenciais ao con-
sumo e à reprodução do capital é entendida, 
na visão de Villaça (2001, p.45), como uma con-
dição primordial à instalação de novas áreas 
comerciais em diferentes espaços da cidade. 
Conforme o autor, “[...] a dominação através da 
estruturação do espaço intra-urbano visa prin-
cipalmente à apropriação diferenciada de suas 
vantagens locacionais. Trata-se de uma dispu-
ta em torno das condições de consumo”.
Carlos (2005) relaciona as novas for-
mas de consumo associadas ao processo 
de mundialização e reprodução do capital 
financeiro que busca novos espaços, inclu-
sive demandas locais de menor especializa-
ção e funcionalidade. 
Ao reunir comércio e serviços, os sub-
centros (ver figura 08) atraem equipamentos 
urbanos que, por sua vez, funcionam como 
atrativos para empreendedores interessados 
em investimentos. Além disso, atraem a po-
pulação que procura espaços para morar que 
atendam aos seus anseios. 
As vias especializadas em comércio ou serviços, também conhecidas como desdobramento 
da área central, constituem formas comercias intra-urbanas. Esses espaços se diferenciam da ex-
pansão da área central ou dos subcentros de comércio e serviços por não serem áreas contínuas 
e de expansão geográfica a eles. Ao fazer referência às vias especializadas, Ribeiro (2004, p.4-5) 
dispõe que: “Os desdobramentos são áreas que se caracterizam pela especialização de serviços, 
lazer, empresarial e financeiro. São áreas em que não se reproduzem atividades tipicamente cen-
trais, mas de seleção de algumas dessas”.
A formação de eixos comerciais especializados começa a se destacar, tanto pela sua impor-
tância comercial, como para o desenvolvimento de novas centralidades no âmbito intra-urbano. 
Corrêa (1989, p.56) considera que para a formação desses eixos especializados, há que se ter um 
processo de coesão que leve as atividades a se localizarem juntas. A esse respeito Corrêa (1989, 
p.57) destaca que: “neste sentido é preciso notar que a coesão é um processo que está presen-
te tanto na centralização como na descentralização, tornando-os de fato mais complexos, assim 
como a organização espacial intra-urbana.”
1.3.1.3 Coesão
A coesão ocorre tanto na Área Central, ou fora da mesma. O processo de formação de ruas 
ou avenidas especializadas reúne muitos comércios e/ou prestação de serviços organizados hie-
rarquicamente e articulados com várias regiões da cidade e até mesmo com alcance regional.
Em Montes Claros, cidade média norte-mineira, assistimos a formação do processo de des-
centralização associado à emergência de novas centralidades, como por exemplo, as vias espe-
cializadas ligadas a setores diversos, tais como: a) serviços automotivos e de peças e acessórios 
para automóveis - Avenida Dulce Sarmento; b) concessionárias de caminhões e tratores – Aveni-
da Deputado Plínio Ribeiro; c) concessionárias, financiamentos e aluguéis de automóveis – Ave-
▲
Figuras 8: Subcentro 
em Comércio e Serviços 
Major Prates, Zona 
Sul de Montes Claros. 
Av. Francisco Gaetani: 
Principais Atividades 
Comerciais e de 
Prestação de Serviços
Autor: FRANÇA, I. Ju-
lho/2010
26
UAB/Unimontes - 6º Período
nida Dulce Sarmento; d) serviços, peças e acessórios para motocicletas – Avenida Geraldo Athay-
de, dentre outras. 
Na Avenida Dulce Sarmento, próxima à área central de Montes Claros/MG constituiu-se uma 
via especializada com concentração de atividades terciárias voltadas para o setor de veículos. Ati-
vidades diversas ligadas a esse ramo se aglomeraram nessa via e se especializaram em um tipo 
de comércio que atende essa demanda de consumo da população. (Figuras 09 e 10).
Nessa área encontra-se a localização de atividades classificadas como centrais, mas dotadas de 
especialização funcional sendo que a Avenida Dulce Sarmento desempenha um papel de eixo comer-
cial especializado no setor de veículos com venda, compra, aluguel, serviços e acessórios. 
Já as Avenidas Geraldo Athayde e Deputado Esteves Rodrigues transformaram-se em vias espe-
cializadas em comércio e serviço para motocicletas. (Figuras 11 e 12). 
Tal concentração de atividades é fruto do 
processo de coesão já abordado e, forma um 
conjunto funcional, onde vários consumidores 
são atraídos face à possibilidade de escolha de 
determinado produto; no caso específico em 
análise, de autopeças, acessórios e serviços 
destinados a veículos automotores e moto-
cicletas; bem como ao preço, emuma porção 
específica do espaço localizado dentro da rede 
intra-urbana, constituindo assim as vias espe-
cializadas, expressão das novas formas espa-
ciais urbanas, dentro da economia capitalista. 
Os consumidores dessas áreas buscam 
por locais que se distanciem do tumulto do 
núcleo central, visando compras com maior 
praticidade e conforto. Os empreendedores 
tendem a investir em benfeitorias a fim de sa-
tisfazer essa clientela seleta e maximizar seus 
lucros. 
Essa nova centralidade, ou seja, a via 
especializada em comércio e serviços está li-
gada ao centro principal por meio dos eixos 
de transporte e infraestrutura urbana, aten-
dendo uma clientela local e regional bastan-
te diversificada. Sobre esse assunto, SPÓSITO 
(1991, p.27) aponta que as vias especializadas 
“[...] geralmente desempenham o papel de 
acesso das rodovias às áreas mais centrais, 
Figura 9: Vista parcial: 
Avenida Dulce 
Sarmento
Autor: FRANÇA, I. S. de./
julho. 2008 
▼
Figura 11: Vista parcial: 
Avenida Geraldo 
Athayde.
Autor: FRANÇA, I. S. de./
julho. 2008
►
Figura 10: Vista parcial: 
Avenida Dulce Sarmento.
Autor: FRANÇA, I. S. de./julho. 
2008
 ▼
Figura 12: Vista parcial: 
Avenidas Deputado 
Esteves Rodrigues e 
Geraldo Athayde.
Autor: FRANÇA, I. S. de./
julho. 2008
►
27
Geografia - Geografia Urbana
que se caracterizam pela incidência de ofici-
nas automobilísticas, lojas de autopeças, con-
cessionárias, enfim, comércio e serviços liga-
dos ao setor de veículos”.
A emergência de novas formas comerciais 
relaciona-se ao elevado crescimento popula-
cional vivenciado pelas cidades que tem gera-
do uma expansão da malha urbana, associada 
à necessidade de moradia, trabalho e, con-
seqüentemente, ampliação do consumo. No 
processo de expansão territorial das cidades, 
verifica-se o surgimento de bairros e novos 
loteamentos em regiões distantes da área cen-
tral, aponta-se o surgimento de novas formas 
comerciais. Esses fatores justificam o surgi-
mento de subcentros de comércio e serviços, 
vias especializadas, shopping-centers, dentre 
outros. 
1.3.1.4 Inércia e Áreas Cristalizadas 
De acordo com Correa (1989) a inércia 
ocasiona a cristalização de áreas das cidades, 
implicando na preservação ou permanência 
de determinadas formas e conteúdos. Toda-
via, tais áreas, como por exemplo, os centros 
antigos das cidades, podem ter a inércia re-
vertida, na medida em que processos de re-
vitalização desses espaços introduzam ou re-
cuperem formas de uso e ocupação. Pode-se 
destacar algumas cidades que tem investido 
em moradia e revitalização do comércio nas 
áreas centrais, como São Paulo/SP. Em Mon-
tes Claros/MG o projeto Viva o Centro é um 
exemplo.
1.3.2 Espaço Intra-urbano e Inter-urbano e a produção do espaço 
urbano: os agentes urbanos
Os espaços urbanos devem ser pensados sob duas escalas – a intra-urbana e a inter-urbana. 
O intra-urbano é aquele local onde se manifesta a vida econômica, política, social e cultural da 
cidade e de seus habitantes no âmbito interno. Já o espaço inter-urbano revela o raio de ação es-
tendido de uma determinada cidade para além do limite municipal. A partir da articulação entre 
cidades tem-se a emergência de redes urbanas. 
Sobre as escalas intra e inter-urbanas, Cavalcanti (2001, p.12-13) destaca que 
A geografia estuda o espaço urbano numa escala intra-urbana, isto é, o arranjo 
interno dos espaços urbanos e, numa escala regional, os arranjos de espaços 
que compõem uma determinada área formada por um conjunto de cidades, 
que tem sido estudados com base no conceito de rede e região. 
Nessa perspectiva, deve-se analisar o espaço – articulando seus âmbitos locais e regionais, 
“o intra-urbano não poderia mesmo ser compreendido sem a apreensão de sua relação com 
uma totalidade que o extrapola”. (CAVALCANTI, 2001).
A respeito da dinâmica interna das cidades e sua organização socioespacial e econômica en-
gendrada por processos diversos que culminam na constante transformação e competitividades 
das áreas urbanas, Bitoun (1997, p.57) destaca: “Nada aponto para o desaparecimento das cida-
des, mas tudo indica que os espaços intra-urbanos se tornam cada vez mais selecionados, quali-
tativamente diferenciados por misteriosos processos”. 
É nesse sentido que os espaços intra-urbanos devem ser analisados, ou seja, a partir de sua 
infraestrutura, tecnologia, produção, consumo, trabalho, lazer, serviços, cultura e modos de vida. 
Segundo Villaça (1998), o intra-urbano enfoca um conjunto de elementos que são muito relevan-
tes para a compreensão do urbano como modo de vida e para o estudo da estrutura interna da 
cidade.
Santos (1989) e Cavalcanti (1999) sistematizaram alguns elementos para análise da escala 
intra-urbana, sendo eles:
•	 O Plano Urbano,
•	 A Densidade da População,
•	 As Habitações e os Imóveis de Uso Comercial,
•	 Os Equipamentos de Serviços,
28
UAB/Unimontes - 6º Período
•	 Características Demográficas, Étnicas e Sócio-Profissionais,
•	 A produção, a Circulação e a Moradia.
Todos esses elementos são importantes para o estudo da dinâmica interna das cidades con-
siderando suas especificidades ao longo do tempo. 
As cidades modernas são marcadas cada vez mais por um grande crescimento demográfi-
co, econômico e científico-tecnológico o que tem levado a importantes transformações urbanas 
quanto à sua estrutura, dinâmica, função e organização. Essas transformações são materializadas 
no espaço urbano através da ação de diversos agentes. De acordo com Corrêa (1989, p.12) são 
cinco os agentes responsáveis pelas transformações e modificações do espaço das cidades, a sa-
ber: 
a. os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais;
b. os proprietários fundiários;
c. os promotores imobiliários;
d. o Estado; e
e. os grupos sociais excluídos. 
Para o autor citado acima, 
[...] a ação desses agentes serve ao propósito dominante da sociedade capi-
talista, que é o da reprodução das relações de produção, implicando a conti-
nuidade do processo de acumulação e a tentativa de minimizar os conflitos de 
classe, este aspecto cabendo particularmente ao Estado. (CORRÊA, 1989, p.12).
Cada agente realiza sua ação motivado, 
sobretudo, por interesses econômicos e po-
líticos, todavia eles possuem funções bem 
definidas. Para Corrêa (1989, p.16), “os pro-
prietários fundiários podem então exercer 
pressões junto ao Estado, especialmente na 
instância municipal, visando interferir no pro-
cesso de definição das leis de uso do solo e 
do zoneamento urbano”. 
Os promotores imobiliários, são forma-
dos por vários agentes que realizam diver-
sas operações no solo urbano, são eles: os 
arquitetos e economistas; pessoas físicas e 
jurídicas; firmas especializadas nas mais di-
versas etapas do processo produtivo, ou seja, 
as construtoras civis; os corretores, os plane-
jadores de vendas e os profissionais de pro-
paganda, etc. Eles são os responsáveis por 
fazer o capital atuar no mercado imobiliário 
de maneira efetiva, contribuindo assim com 
a especulação imobiliária no solo urbano. 
(CORRÊA, 1989).
Corrêa (1989, p.23) aborda a questão da 
dominação dos promotores imobiliários, que 
agem no solo urbano instaurando a segrega-
ção socioespacial, principalmente quando se 
cria instrumentos e ambientes que represen-
tam essa segregação, como é o caso dos con-
juntos habitacionais, que são novas formas 
de habitat que favorece as classes de média e 
baixa renda, uma vez que são mais viáveis, em 
relação aos preços, para essa população. 
O Estado é o grande responsável por be-
neficiar a construção de empreendimentos 
que favoreçam os grandes promotores imobi-
liários, sendo ele também o dono de grande 
parte do solo urbano. Corrêa (1989, p.24) lem-
bra que primeiramente devemos observar as 
ações do Estado e, posteriormente, as ações 
dos outros agentes. 
Uma primeira observação refere-se ao fato de o Estado atuar diretamente 
como grande industrial, consumidor de espaço e de localizações específicas, 
proprietáriofundiário e promotor imobiliário, sem deixar de ser também um 
agente de regulação dos usos do solo e o alvo dos chamados movimentos so-
ciais urbanos. (CORRÊA, 1989, p.24) 
Os Grupos Sociais Excluídos são o produ-
to das ações da elite social (promotores imobi-
liários, proprietários fundiários e proprietários 
dos meios de produção) e do Estado. Eles são 
excluídos de meios que lhe possibilitem melho-
res condições de vida e infraestrutura urbana: 
saneamento, pavimentação, luz elétrica, servi-
ços de saúde, educação e lazer. Esses agentes 
residem em moradias populares ou áreas se-
gregadas periféricas onde não há uma boa rede 
de transporte público e infra-estrutura urbana. 
Isso demonstra que o espaço urbano é reflexo e 
condicionante social (CORRÊA, 1989). Os grupos 
sociais excluídos representam a produção de ci-
29
Geografia - Geografia Urbana
dades desiguais, processo intimamente ligado 
ao capitalismo e ação das classes dominantes 
detentoras dos bens de capital.
Enfim, o espaço urbano se encontra em 
constante reconfiguração e dinamismo espa-
cial. As transformações nele inseridas refletem 
a ação desses agentes de acordo com as suas 
intencionalidades. 
Corrêa (1989) destaca os agentes responsá-
veis pela produção e consumo do espaço urba-
no: os proprietários dos meios de produção, os 
proprietários fundiários, os promotores imobili-
ários, o Estado e os grupos sociais excluídos. 
A ação de cada um desses agentes é es-
pecífica e ao mesmo tempo conjunta, uma vez 
que eles compõem o espaço urbano e, conse-
quentemente, a sociedade em que se inserem.
Na cidade a ação desse agentes se dá a 
partir da presença de grandes proprietários 
industriais e empresas comerciais, dos donos 
de terra urbana ou especuladores ao lado dos 
promotores imobiliários e do Estado enquanto 
[...] industrial, consumidor do espaço e de locali-
zações específicas, proprietário fundiário e pro-
motor imobiliário, sem deixar de ser também 
um agente regulador do uso do solo e o alvo 
dos chamados movimentos sociais urbanos. 
(CORRÊA, 1989, p.24). Soma-se, a presença dos 
grupos sociais excluídos – moradores que resi-
dem em áreas de risco, favelas e periferias.
Esta população é aquela que se encontra 
excluída de serviços básicos à qualidade de vida 
ou quando dispõem deles – são insuficientes. 
Problemas relacionados à habitação, baixo ní-
vel de escolaridade, subeemprego, doenças es-
tão presentes nas cidades e marcam as diferen-
ças sociais quanto ao acesso de bens e serviços 
produzidos socialmente. 
Isto porque, apreende-se o espaço 
wurbano como
[...] um reflexo da sociedade. Assim o espaço da sociedade capitalista é forte-
mente dividido em áreas residenciais segregadas, refletindo a complexa es-
trutura social em classes, [...]. Por ser reflexo social e fragmentado, o espaço 
urbano, especialmente o da cidade capitalista, é profundamente desigual: a 
desigualdade constitui-se em característica própria do espaço urbano capitalis-
ta. (CORRÊA, 1989, p.8).
O referido autor destaca entre os processos 
espaciais3 a segregação que se vincula a existên-
cia e reprodução dos diferentes grupos sociais e 
a divisão social e econômica do espaço. 
Sobre esse processo, Corrêa (1989, p.64) 
comenta “A segregação [...] aparece com um 
duplo papel, o de ser um meio de manuten-
ção dos privilégios por parte da classe domi-
nante e o de um meio de controle social por 
esta mesma classe sobre os outros grupos 
sociais, [...]”.
As desigualdades sociais e econômicas 
são processos típicos do capitalismo, mas são 
mutáveis ao longo do tempo. Sua dinâmica 
pode implicar a reprodução de novas formas 
urbanas, novos conflitos e novas áreas sociais, 
segregadas ou não. Trata-se de uma dupla di-
mensão do processo de segregação que de-
manda algumas questões, dentre elas: Quais 
estratégias e práticas podem ser desempenha-
das pelos agentes urbanos na produção de es-
paços social e economicamente mais viáveis?
1.4 Cidade, urbano e espaço 
urbano
A análise da cidade e do urbano pelas 
ciências sociais, humanas e econômicas se 
faz necessária, no sentido de unir esforços 
que contribuam para o conhecimento do 
espaço urbano em constante transformação 
e as possíveis intervenções voltadas para o 
bem estar econômico, social e ambiental 
dos citadinos; para isso é indispensável que 
as ciências atuem interdisciplinarmente, e 
se articulem para produzir o todo. Assim, a 
contribuição da Geografia é de salutar im-
portância nesse processo, uma vez que esta 
possui uma atenção especial sobre o espaço 
urbano a partir de uma perspectiva espa-
cial, o que a diferencia das demais ciências 
em termos de análise.
Nesse sentido, a produção do saber 
geográfico é de suma importância para 
contribuir com o conhecimento do espaço 
que é histórico, social, dinâmico e desigual, 
ao mesmo tempo em que é contínuo/des-
contínuo (CARLOS, 2002, p.163). Com isso, 
DICAS
3 Trata-se de uma 
expressão empregada 
por geógrafos para 
tentar dar conta do que 
ocorre no espaço ao 
longo do tempo. (COR-
RÊA, 1989, p.37).
30
UAB/Unimontes - 6º Período
a autora chama a atenção acerca de que o 
pensamento geográfico não é homogêneo 
e linear, mas ao contrário; é através dos de-
bates, contradições e múltiplas abordagens 
que se busca compreender a realidade 
socioespacial. 
Definir as cidades, assim como outros te-
mas da Geografia, não é uma tarefa fácil. Já 
existe uma vasta literatura na Geografia a res-
peito dessa temática cujo desenvolvimento se 
deu notadamente entre os séculos XIX e XX:
Entre as ciências humanas e sociais, a geografia parece ter sido a primeira a se 
interessar pelo estudo das cidades; sua produção científica nesse campo é vas-
ta e remonta ao século XIX. No Brasil, essa tradição também é antiga e data da 
terceira data do século XX. Apesar dessas precedências, só há pouco tempo a 
disciplina alcançou, em nosso país, a pluralidade de orientações teórico-meto-
dológicas que caracteriza a produção das demais áreas. (ABREU, 2002, p.43).
 
Podemos denominar cidades como uma 
aglomeração de pessoas num determinado 
local exercendo atividades econômicas que se 
alteram profundamente ao longo do tempo. 
As cidades podem ainda, serem conceituadas 
como espaço de inovação, palco político, eco-
nômico e cultural das sociedades. Do ponto de 
vista material e imaterial elas são a representa-
ção e o reflexo dos seus habitantes.
Dessa forma, a cidade pode ser interpre-
tada do ponto de vista acadêmico e político 
administrativo, tal como retrata a figura 13.
1- Os significados de Cidade
No Brasil, o município é a menor unidade 
territorial com governo próprio, formado pelo 
distrito-sede, onde está localizada a cidade, 
que é a sede municipal e que leva o mesmo 
nome do município, e que corresponde a zona 
urbana municipal, e também pelo território ao 
seu entorno, a zona rural municipal, que pode 
ser dividida em distritos, cuja maior povoação, 
recebe geralmente o nome de vila. (SOARES, 
2006, p.78).
Município e cidade não são, portanto ter-
mos sinônimos, embora muitas pessoas assim 
os considerem. Convém salientar que, no Bra-
sil, o termo cidade, desde 1938, designa a sede 
municipal, independentemente de seu núme-
ro de habitantes. (SOARES, 2006, p.78).
Ao se apresentarem como palco das 
transformações na sociedade, as cidades são 
o resultado do ambiente natural; a primeira 
natureza4 na visão de Casseti (1991); alterado 
artificialmente pelo homem para atender suas 
necessidades como ser social. 
Na visão de Corrêa (1989, p. 9) as cidades 
fazem parte do meio ambiente criado pelo ho-
mem a seu favor, elas se constituem de forma 
“fragmentada, articulada, reflexo e condicio-
nante social [...], olugar onde as diversas clas-
ses sociais vivem e se reproduzem”.
No plano socioeconômico as cidades fo-
ram bem definidas por Santos (1993, p.10)
A cidade em si, como relação social e como materialidade, torna-se criadora de 
pobreza, tanto pelo modelo socioeconômico de que é o suporte

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