Buscar

Ponto 3 Resumão (150p.) TRF5 2016

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 161 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 161 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 161 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

>>> DIREITO CONSTITUCIONAL <<<
Ponto 3 - Poder Legislativo. Organização e atribuições. O processo legislativo. Cláusulas pétreas. Natureza. Espécies. Iniciativa legislativa. Normas constitucionais e processo legislativo. Orçamento. Princípios constitucionais. Fiscalização financeira e orçamentária. O Tribunal de Contas. Natureza e atribuições.
Poder Legislativo. Organização e Atribuições. 
Estrutura e funcionamento: opera por meio do Congresso Nacional, que é bicameral (Câmara e Senado).
BICAMERALISMO: o bicameralismo é uma característica da federação, pois é necessária a instalação de um órgão representativo dos Estados. Apesar de ser uma característica da federação, nem sempre é o reflexo de um federalismo. Ex: Inglaterra (Estado Unitário) – câmara dos lordes e câmara dos comuns. 
Segundo José Afonso da Silva, é da tradição constitucional brasileira a organização do Poder Legislativo em dois ramos, sistema denominado bicameralismo, que vem desde o Império, salvo as limitações contidas nas Constituições de 1934 e 1937, que tenderam para o unicameralismo, sistema segundo o qual o Poder Legislativo é exercido por uma única câmara. "Tem-se o bicameralismo como um sistema mais propício ao conservadorismo, enquanto o unicameralismo favoreceria os avanços democráticos”
Como bem expõe UADI Lammego Bulos, existe ainda o bicameralismo desigual, adotado na República Federal da Alemanha. Por esse modelo, a Câmara Alta (correspondente ao nosso Senado) não funciona em todas as matérias cuja competência for atribuída à Câmara Baixa. Assim, senadores e deputados atuam em assuntos específicos. O bicameralismo é só federal, diferentemente dos Estados e Municípios, nos quais é consagrado o unicameralismo (CF, arts. 27, 29 e 32).
Direito Positivo Brasileiro
O poder é um só e emana do povo. Existem funções do Estado que são identificadas desde Aristóteles, a saber: Função legislativa; função executiva; e função judiciária. MONTESQUIEU idealizou a tripartição orgânica de funções para garantir a não-cumulação de poder demais em um único órgão.
A Constituição Federal normatizou em seu art. 2º o Princípio da separação das funções a cargo do Estado, estabelecendo a independência e harmonia entre os Poderes. O Legislativo tem duas funções típicas: a) inovação da ordem jurídica (legislar); b) fiscalização e controle: que pode ser de duas formas: POLÍTICO-ADMINISTRATIVA e ECONÔMICA-ORÇAMENTÁRIA.
Câmara: sistema proporcional. 513 deputados federais. Mínimo de 8 e máximo de 70 por Estado (número é estabelecido por LC 78/93). Território tem 4 deputados federais. Idade mínima: 21 anos. O número de deputados na Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do estado na CD. Contudo, atingido o número de 36, a partir daí será acrescido de tantos quantos forem os deputados federais acima de 12. 
Quociente partidário: divisão do número de votos válidos sob uma mesma legenda ou coligação (desprezada a fração) pelo quociente eleitoral. Quociente eleitoral: divisão do número de votos válidos pelo de lugares a preencher (desprezada a fração se igual ou inferior a meio e equivalente a um, se superior). 
Senado: sistema majoritário. 81 senadores. 3 senadores por Estado. Mandato de 8 anos, renovação de 1/3 e 2/3, de 4 em 4 anos. Idade mínima: 35 anos. 
OBS: No info 752, o STF julgou procedentes os pedidos formulados em ações diretas de inconstitucionalidade para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 1º da LC 78/1993, e da Resolução TSE 23.389/2013 — v. Informativos 750 e 751. [...] Concluiu, no ponto, que a tradição histórica do federalismo brasileiro não permitiria a delegação à Justiça Eleitoral ou ao TSE da responsabilidade de fixar o número de representantes. Entendeu, assim, que o art. 1º da LC 78/93 e a Resolução TSE 23.389/2013 são INCONSTITUCIONAIS por violarem o § 1º do art. 45 da CF/88 e a independência do Poder Legislativo; O Decreto Legislativo 424/2013, editado pelo Congresso Nacional, é INCONSTITUCIONAL por violar o art. 49, V, da CF/88 e a independência do Poder Judiciário. 
Jurisprudência do STF sobre o número de vereadores por município. Informativo 398 [31 de agosto de 2005] (ADI-3365) considerou constitucional resolução do TSE que uniformizou os critérios para o cálculo da quantidade de vereadores em cada município (Resolução 21.702/2004). Essa questão foi pacificada posteriormente com o advento da Emenda Constitucional nº 58 de 2009, que alterou o art. 29, IV, da CF/88 e estabeleceu critérios rígidos para a fixação do número de Vereadores, levando em conta a população dos Municípios.
O mínimo é de 09 vereadores, nos municípios de até 15.000 habitantes e o máximo é de 55 Vereadores, nos municípios com mais de 8.000.000 de habitantes, havendo escalas intermediárias delineadas na referida EC.
O total de despesas com a remuneração dos vereadores não poderá ultrapassar 5% da receita do município. A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com subsídio dos vereadores. 
Congresso Nacional
Legislatura é diferente de Mandato. A primeira tem duração de 4 anos e corresponde ao período que vai do início do mandato dos membros da Câmara dos Deputados até o seu término (art. 44, parágrafo único).
Atribuições do Congresso Nacional
José Afonso da Silva divide as atividades em cinco grupos: a) atribuições legislativas; b) atribuições meramente administrativas; c) atribuições de fiscalização e controle; d) atribuições de julgamento de crimes de responsabilidade; e) atribuições constituintes. 
a) ATRIBUIÇÕES LEGISLATIVAS: fazer as leis, de acordo com a competência, em observância ao processo legislativo. 
b) ATRIBUIÇÕES MERAMENTE ADMINISTRATIVAS: através de decretos legislativos ou resoluções. Consiste na prática de atos concretos, resoluções referendárias, autorizações, aprovações, sustação de atos, fixação de situações e julgamento técnico. Estão no art. 49. Não há participação do Presidente da República.
c) ATRIBUIÇÕES DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE: através de vários procedimentos, tais como: 1) pedidos de informação, por escrito, encaminhados pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal aos Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento no prazo de trinta dias, bem como declarações falsas; 2) comissões parlamentares de inquérito, cujas atribuições serão vistas a seguir; 3) controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas e da Comissão mista permanente a qual se refere o art. 166, §1º, e que compreende todas as atribuições contidas nos arts. 71 e 72 da Constituição, culminando com o julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República; 4) fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta (art. 49, X); e 5) tomada de contas pela Câmara dos Deputados, quando o Presidente não as prestar no prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, ou seja, até 15 de abril (arts. 51, II, e 84, XXIV).
d) ATRIBUIÇÕES DE JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE: no julgamento do Presidente e Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles), a Câmara dos Deputados funciona como órgão de admissibilidade do processo e o Senado Federal como tribunal político, sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal. O Senado Federal julga também (sem o prévio juízo de admissibilidade pela Câmara dos Deputados) os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União.
e) ATRIBUIÇÕES CONSTITUINTES: compreende emendas à Constituição.
Os artigos 49, 51 e 52 tratam de atos interna corporis que regulam competências não somente legislativas, mas tambémadministrativas (executivas) e julgadoras.
Deputados e Senadores
Ao se falar em poder, deve-se sempre mencionar o artigo 2º como princípio fundamental:
a) harmonia e independência dos poderes;
b) funções típicas e funções atípicas; (ARISTÓTELES e MONTESQUIEU): função fiscalizadora é uma função TÍPICA do Poder Legislativo;
c) estatuto constitucional dos congressistas.
Estatuto dos Congressistas:
É o regime jurídico administrativo e processual aplicável aos Deputados e Senadores.
Prerrogativas 
As prerrogativas referem-se ao cargo de parlamentar (ratione muneris) e não à pessoa que o ocupa. Por isso, são irrenunciáveis (STF, RTJ 155/399). Seu fundamento maior é a necessidade de independência e autonomia do parlamentar. São comumente classificadas da seguinte forma: imunidade material, imunidade processual, privilégio de foro, isenção do serviço militar, do júri e limitação ao dever de testemunhar. Segue-se uma breve análise de cada uma.
Imunidade material ou Inviolabilidade Parlamentar
A imunidade material implica a subtração da responsabilidade penal e civil do parlamentar, por suas opiniões, palavras e votos, pois se trata de cláusula de irresponsabilidade geral do Direito Constitucional material. Se o ato tiver sido praticado fora do Congresso Nacional deve guardar relação com a atividade parlamentar para ser alcançada pela imunidade. Se for praticado dentro do recinto, tem natureza absoluta, mesmo que não tenha relação com o mandato (STF). Inq 2330/DF*(Min Celso de Mello).
VEREADOR: A interpretação da locução “no exercício do mandato” deve prestigiar as diferentes vertentes da atuação parlamentar, dentre as quais se destaca a fiscalização dos outros Poderes e o debate político [...] A ausência de controle judicial não imuniza completamente as manifestações dos parlamentares, que podem ser repreendidas pelo Legislativo. [...] (RE 600063, 2015)
NATUREZA JURÍDICA: excludente de antijuridicidade ou de tipicidade, a depender da corrente que se adote.
CPI: dentro da CPI, o que o parlamentar disser está amparado pela imunidade.
Obs: Suplente de parlamentar não possui imunidade (Ministro Celso de Melo AP 665/MT INFO 667 Maio de 2012), nem prerrogativa de foro prevista na CF/88. 
O congressista afastado do cargo perde o direito à imunidade parlamentar MATERIAL (CANCELADA A S. 4 STF, segundo a qual "Não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado ministro de estado"), mas não perde a garantia constitucional da prerrogativa de foro em matéria penal (DIRLEY DA CUNHA, p. 1072). INQ 725-RJ (2002). 
 “Foro Privilegiado”
Foro por prerrogativa de função – Tratando-se de crime comum praticado pelo parlamentar antes (desde que ainda não julgado em definitivo) ou na vigência do mandato, seja ou não relacionado com o exercício de suas funções, a competência será do STF, para os deputados e senadores. Tribunal Estadual para os deputados estaduais, sendo que os vereadores não possuem privilégio de foro. Importante ressaltar que os atos processuais praticados pelo juízo natural antes da investidura do réu no cargo que detém foro privilegiado são considerados válidos pelo STF.
Crime comum, para tanto, é crime diverso do de responsabilidade.
Após o término do mandato, o processo retornará à 1ª instância (na ADI 2797/DF e ADI 2860, o STF julgou inconstitucional a Lei n.º 10.628/02, que alterava o art. 84 do CPP). 
IMPORTANTE: O STF vem entendendo que na hipótese de o réu buscar a renúncia ao mandato com o escopo único de impedir que o julgamento ocorra, notadamente quando a prescrição estiver próxima, mantém-se, excepcionalmente a competência do STF. A corte entendeu que a conduta do parlamentar revelava abuso de poder e fraude processual (AP 396 – INFO 606).
IMPORTANTE: Recentemente, o STJ mudou seu entendimento sobre foro por prerrogativa de função em relação à improbidade administrativa, in verbis: “a ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado no âmbito penal e nos crimes de responsabilidade.” (AgRg na Rcl 12514/MT, 2013). Atualmente as duas turmas do STF também entendem que inexiste prerrogativa de foro em ação civil pública por improbidade administrativa (AI 786438 AgR, 2014).
Atenção: O tema é extremamente polêmico. Demanda análise mais aprofundada do histórico jurisprudencial, inclusive da declaração de inconstitucionalidade do art. 84, CPP, na ADIN nº 2797. 
Prisão
Somente é cabível no flagrante de crime inafiançável. E ainda assim a Casa irá decidir se mantém ou não a prisão em flagrante, pela maioria dos membros, em 24h. É uma decisão política. Vale lembrar que os Parlamentares não têm imunidade formal quanto à prisão decorrente de condenação definitiva. Essa imunidade formal quanto à prisão estende-se aos deputados estaduais e distritais, mas não aos vereadores. 
PRISÃO DO SENADOR DELCÍDIO DO AMARAL (AC 4039 – 2ª Turma, Min. Teori Zavascki, 24/11/2015): Fundamentos: (a) garantia de natureza relativa – excepciona prisão em flagrante de crime inafiançável; (b) estado de flagrância do crime de organização criminosa (crime permanente – art. 2º, caput e § 2º, da Lei 12.850/2013); (c) inafiançabilidade decorrente do art. 324, IV, do CPP (presença dos motivos que autorizam a preventiva – art. 312); (d) necessidade de interpretação sistemática e teleológica do § 2º do art. 53; (e) gravidade da situação, atentatória à própria jurisdição do STF. 
Imunidade Processual ou Formal 
Ocorre tanto em relação à possibilidade de prisão (penal e civil) quanto em relação à instauração do processo. Quanto à imunidade processual do parlamentar, a partir da EC nº 35/01, há possibilidade da Casa Legislativa respectiva sustar, a qualquer momento antes da decisão final do Poder Judiciário, o andamento da ação penal proposta contra parlamentar por crimes praticados após a diplomação. Não há mais necessidade de autorização prévia da respectiva Casa para ser iniciado o processo criminal.
O partido pode pedir a qualquer tempo (antes do trânsito em julgado), mas a Casa deve decidir em 45 dias. Suspende o processo e a prescrição.
Primeiro o STF recebe a denúncia ou queixa, depois cientifica a Casa Legislativa.
Para os crimes praticados antes da diplomação, não haverá incidência de qualquer imunidade formal em relação ao processo. A garantia da imunidade em sentido formal não impede a instauração e não possibilita a suspensão do inquérito policial contra parlamentar. A nova disciplina da imunidade formal, em face de sua natureza processual, tem aplicação imediata.
Sigilo da Fonte 
Limitação ao dever de testemunhar: Em princípio, os parlamentares têm o dever de testemunhar. Porém, o parlamentar não pode ser conduzido sob vara. Pelo princípio da independência e harmonia entre os Poderes, o juiz deve convidá-lo a prestar seu depoimento em dia e hora convenientes. Não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhe confiaram ou delas receberam informações (art. 53, § 6º). 
Incorporação às Forças Armadas: 
Depende de licença da Casa. Isenção do Serviço Militar: Não deixa de ser uma espécie de imunidade, porque o parlamentar fica imune a uma obrigação imposta pela Constituição a todos os brasileiros (art. 143).
Estado de Sítio: § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela EC nº 035, de 2001). 
Vedações ou Incompatibilidades
As incompatibilidades, segundo Alexandre de Moraes, podem ser classificadas em funcionais (art. 54, I, ‘b’ e II, ‘b’); negociais ou contratuais (art. 54, I, ‘a’); políticas (art. 54, II, ‘d’) e profissionais (art. 54, II, ‘a’ e II, ‘c’). A Constituição não as estende aos cônjugese parentes do parlamentar, até o segundo grau, o que é feito pelos Códigos de Ética e Decoro de algumas casas legislativas, especialmente em relação às incompatibilidades do art. 54, I, ‘a’ e 54, II, ‘a’.
Vale lembrar que o art. 38, I, da Constituição, contém outra incompatibilidade, ao proibir a acumulação de mandato eletivo com cargo público (EXERCÍCIO CONCOMITANTE), exceto para os vereadores, se os horários forem compatíveis. Por fim, conforme já decidido pelo STF, as restrições constitucionais inerentes ao exercício do mandato parlamentar não se estendem ao suplente (MS n.º 21.266/DF).
Perda de Mandato 
A perda do mandato pode se dar por cassação ou extinção. CASSAÇÃO, segundo Hely Lopes Meirelles, “é a decretação da perda do mandato, por ter o titular incorrido em falta funcional, definida em lei e punida com esta sanção”. EXTINÇÃO do mandato “é o perecimento do mandato pela ocorrência de fato ou ato que torna automaticamente inexistente a investidura eletiva, tais como a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número de sessões expressamente fixado (desinteresse que a Constituição eleva à condição de renúncia), perda ou suspensão dos direitos políticos”.
Os casos de cassação de mandato previstos no art. 55, incs. I, II e VI, são por voto ABERTO da maioria absoluta da respectiva Casa. É instaurado um processo político para a decretação da perda do mandato. A decisão é constitutiva (art. 55, § 2º; “decidida”). Nos casos do art. 55, incs. III, IV e V, que são de simples extinção do mandato, a declaração pela Mesa é meramente declaratória (art. 55, § 3º; “declarada”). Art. 55, § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013)
Quebra do decoro parlamentar é o abuso das prerrogativas ou a percepção de vantagens indevidas, ou que incida em outros casos regimentais, §1º do art. 55 da CF.
Pode existir quebra de decoro parlamentar antes do início do mandato? Sim, caso a sanção por perda de decoro refira-se a ato praticado durante mandato anterior (isso é tranquilo na doutrina e na jurisprudência), STF: MS 23388/DF e INFO 298. Quanto a fatos ocorridos quando o agente não exercia mandato parlamentar algum, a doutrina é vacilante, não tendo o STF se posicionado especificamente.
Não cabe ao STF reexaminar o enquadramento, feito pela Câmara dos Deputados, de atos tidos como incompatíveis com o decoro parlamentar.
NÃO HÁ PERDA DE MANDATO do parlamentar nas hipóteses do art. Art. 56 da CF.
O STF decidiu recentemente que o mandato pertence ao partido, sendo que, todo aquele que mudar de legenda injustificadamente perderá o mandato. Esse entendimento não se aplica aos Senadores, eleitos pelo sistema majoritário (ADI 5081, Min. Roberto Barroso, 25/05/2015).
No julgamento da Ação Penal 470/MG (Mensalão), o STF decidiu a respeito da perda do mandato decorrente de condenação que o § 2º do art. 55 da CF/88 não é aplicado em todos os casos nos quais o Deputado ou Senador tenha sido condenado criminalmente, mas apenas nas hipóteses em que a decisão condenatória não tenha decretado a perda do mandato parlamentar por não estarem presentes os requisitos legais do art. 92, I, do CP ou se foi proferida anteriormente à expedição do diploma, com o trânsito em julgado em momento posterior. Assim, nesse julgamento, decidiu o STF que, se a decisão condenatória determinou a perda do mandato eletivo do Deputado Federal ou Senador, nos termos do art. 92, I, do CP, a perda do mandato ocorrerá sem necessidade de que isso seja votado pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Todavia, em momento seguinte, o STF, de forma diversa ao entendimento aplicado no caso do Mensalão, decidiu que, ao condenar um Parlamentar federal, NÃO poderá a Corte determinar a perda do mandato eletivo. Ao ocorrer o trânsito em julgado da condenação, se o réu ainda estiver no cargo, o STF deverá oficiar à Mesa Diretiva da Câmara ou do Senado Federal para que tais Casas deliberem acerca da perda ou não do mandato, nos termos do § 2º do art. 55 da CF/88. STF. Plenário. AP 565/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 7 e 8/8/2013 (Info 714).
Reuniões
A SESSÃO LEGISLATIVA é anual, mas tem dois períodos intercalados por recessos. Cada legislatura terá duração de quatro anos, compreendendo quatro sessões legislativas ou oito períodos legislativos.
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA: é o período anual em que deve estar reunido o Congresso Nacional para os trabalhos legislativos. Divide-se em dois períodos legislativos de 02 de fevereiro a 17 de julho e 1º de agosto a 22 de dezembro (EC 50/06). A sessão legislativa ordinária não será interrompida sem aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art. 57, §2º). Os espaços que vão de 22 de dezembro a 02 de fevereiro constituem recesso parlamentar, nos quais o Congresso é representado pela Comissão Representativa (art. 58, § 4º).
REUNIÕES CONJUNTAS: pelo princípio do bicameralismo, as Casas do Congresso devem funcionar e deliberar cada qual por si, separadamente. Mas a Constituição prevê hipóteses em que se reunirão em sessão conjunta, caso em que a direção dos trabalhos cabe à Mesa do Congresso Nacional (presidida pelo presidente do Senado).
A vedação à recondução para o mesmo cargo da mesa diretora somente se aplica dentro da legislatura. 
Comissões
a) Comissões permanentes, técnicas ou temáticas: subsistem através das legislaturas, são organizadas em função da matéria, geralmente coincidente com o campo funcional dos Ministérios. 
b) Comissões temporárias (ou especiais): extinguem-se com o término da legislatura ou antes dela, neste último caso, quando constituídas para opinarem sobre determinada matéria, tenham preenchido o fim a que se destinam. Exemplo: comissão especial que, anos atrás, estudou a problemática das terras de estrangeiros no país.
c) Comissões mistas: formam-se de Deputados e Senadores, a fim de estudarem assuntos expressamente fixados, especialmente aqueles que devam ser decididos pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de suas Casas. Podem ser permanentes ou temporárias. São exemplos as comissões mistas para emissão de pareceres sobre medidas provisórias (art. 62, § 8º) e para acompanhamento orçamentário (art. 166, § 1º).
d) Comissões Parlamentares de Inquérito - CPI: são órgãos que desempenham papel de grande relevância na fiscalização e controle da Administração. Na Constituição vigente foram bastante prestigiadas, a ponto de receberem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em conjunto ou separadamente, poderão criar tantas CPI’s quantas julgarem necessárias, respeitadas as limitações regimentais (v.g., número máximo de cinco CPI’s simultâneas, que foi julgado constitucional pelo STF).
e) Comissão Representativa: tem natureza diversa das comissões anteriores. A comissão representativa, instituída no art. 58, §4º, tem a função de representar o Congresso Nacional durante o recesso parlamentar.
Comissões Parlamentares de Inquérito
CPI: A primeira constituição que tratou da CPI é a CF/1934. Todas trataram de CPI exceto a CF/1937.
As CPI’s também são função típica do Poder Legislativo. É o controle parlamentar stricto sensu (fiscalização).
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA CPI:
a) REQUISITO FORMAL: mínimo de 1/3 dos Deputados Federais ou Senadores subscrevam o pedido para a constituição da CPI. Deputados são 513, no mínimo, 171 devem subscrever. Senadores são 81, 27 devem subscrever.
b) REQUISITO SUBSTANCIAL OU REQUISITO MATERIAL: fato determinado.
c) REQUISITO TEMPORAL: em função da razoabilidade, da proporcionalidade e da segurança jurídica um indivíduo não pode ficar eternamente sendo investigado. A CF não fala qual o prazo, masos regimentos internos dos parlamentos estabelecem: i. Regimento interno do Senado: 90 dias, e ii. Regimento Interno da Câmara dos Deputados: 120 dias.
Esses prazos podem ser prorrogados desde que na mesma legislatura.
Poderes de Investigação Próprios das Autoridades Judiciais
A CPI NÃO PODE por AUTORIDADE PRÓPRIA, ou seja, sem a integração do Poder Judiciário:
a) Determinar a BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR.
b) Decretar prisão (subtração ou restrição da liberdade de locomoção).
c) Decretar a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (artigo 5º XII, CF).
d) Determinar constrição judicial ou medidas assecuratórias (artigo 125, CPP): arresto, seqüestro, hipoteca ou indisponibilidade de bens.
e) Proibir que o cidadão saia da comarca ou país.
A CPI PODE diretamente por AUTORIDADE PRÓPRIA, sem a integração do Judiciário, praticar os seguintes atos:
a) Afastar os sigilos bancário e fiscal do investigado. (EXCETO CPI MUNICIPAL)
b) Requisitar dados telefônicos.
c) Notificar testemunhas, informantes e investigados. (Se não comparecerem, pode determinar a condução coercitiva. Todos estão obrigados a depor na CPI, mas algumas autoridades podem marcar hora, dia e local, desde que razoáveis).
d) Prender em flagrante por falso testemunho a testemunha. O investigado NÃO é testemunha, não podendo ser preso por falso testemunho. A testemunha tem o direito de se calar em relação ao que possa produzir prova contra si, como direito a não auto-incriminação.
e) Prender em flagrante por desacato à autoridade. EXEMPLO: dar um tapa na cara do membro da CPI.
f) Determinar a realização de diligências. EXEMPLOS: vistorias, exames, perícias.
g) Requisitar (determinar) auxílio de servidores públicos. EXEMPLO: requisitar auditores da Receita Federal e do Banco Central.
Quando pratiquem atos abusivos, poderão as CPI’s ser submetidas à ação judicial no STF. 
O STF em 2004 (ACO 730, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 22-9-2004,) passou a decidir que as CPI’s estaduais também podem quebrar sigilo, em nome do pacto federativo, não tendo se manifestado quanto às municipais. Entretanto, o mesmo fundamento NÃO pode ser aplicado às CPI’s municipais. Os municípios devem requerer isso ao juiz, como medida de segurança.
MS 23639 = possibilidade de existência simultânea de CPI e IP em curso.
HC 80089 = juiz não pode ser convocado pela CPI para explicar a sua sentença, ingerência de um poder em outro.
Não há necessidade de devido processo legal ou contraditório, pois o intuito é investigatório e não acusatório.
Toda decisão da CPI deve ser fundamentada – analogia ao art. 93, IX CF (INF 216, 243 E 239)
Formação
Pode ser de cada casa isolada ou em conjunto:
a) CPI SIMPLES: formada somente por Deputados Federais ou somente por Senadores.
b) CPI MISTA: formada por membros mistos, ou seja, Deputados Federais e Senadores.
Seria inconstitucional Lei Orgânica ou Constituição Estadual que estabeleça quórum superior ao 1/3, de acordo com o entendimento do STF, sendo um instrumento de proteção das minorias parlamentares. ATENÇÃO: a redução do quórum é possível. O alargamento é que não é possível, já que prejudicaria o direito das minorias.
Fato Determinado
O fato determinado objeto da CPI tem que ter uma relação federativa com a Casa que está apurando, ou seja, deve estar dentre as atribuições da Casa Legislativa, que estejam estabelecidas na CF. O STF permite que uma única CPI analise FATOS DETERMINADOS (no plural), assim, podem ser analisados fatos determinados ao mesmo tempo.
Indicação de Representantes
Preenchidos os requisitos para a instauração da CPI e sendo esta um instrumento de defesa das minorias, o STF afirmou ser obrigatória sua constituição, devendo o PRESIDENTE DO PARLAMENTO nomear os representantes. Os partidos políticos escolhem internamente os seus representantes para participarem da CPI. As CPI’s devem obediência ao princípio da REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL PARTIDÁRIA.
Conclusão
A CPI conclui o inquérito parlamentar, mas não pode condenar. Os documentos sigilosos não podem ser divulgados (assim como o MP, o juiz, a autoridade policial). Devem ficar em sigilo até o trânsito em julgado da sentença condenatória, antes disso não se pode a qualquer pretexto a quebra do sigilo. 
Competência
As pessoas podem se insurgir contra as deliberações e decisões da CPI por meio de MS ou HC. Competência para MS ou HC: STF (MS e HC) pois CPI é do Congresso Nacional (art. 102 I d e c art. 5º XXXV CF).
Na esfera estadual, o competente é do TJ. Na esfera municipal, o competente é o juiz de piso.
Espécies Normativas
Emendas à Constituição
As propostas de emendas constitucionais são de iniciativa de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República; ou de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros (art. 60, I a III, CF).
A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros, e será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (art. 60, §§ 2.º e 3.º, CF). Se a proposta de emenda for rejeitada ou havida por prejudicada, a sua matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, § 5.º, CF). (nem mesmo a pedido da maioria absoluta de cada Casa do Congresso, como ocorre com as demais espécies normativas)
Há vedações de natureza circunstancial e de natureza material à edição de emendas constitucionais.
Vedações de natureza circunstancial: não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Vedações de natureza material: cláusulas pétreas ou núcleo rígido da Constituição.
Há, ainda, as vedações implícitas, que são as que impedem a supressão dos dispositivos de vedação de emendas constitucionais (art. 60) e as que proíbem a mudança de titularidade do poder constituinte.
Importante ressaltar que a E.C. n.º 45/04 equiparou às emendas constitucionais os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. De acordo com o STF, os tratados internacionais sobre direitos humanos celebrados e incorporados ao nosso ordenamento jurídico em momento anterior à EC nº 45/04 ou que não tenham passado pelo procedimento semelhante ao das emendas à Constituição terão natureza supralegal.
Lei Complementar e Lei Ordinária
Reservam-se à lei complementar as matérias taxativamente previstas na Constituição Federal, enquanto todas as demais poderão ser objeto de lei ordinária (campo material residual).
As leis complementares seguem o mesmo procedimento de elaboração das leis ordinárias, tendo como peculiaridade apenas o quórum de aprovação, que será, conforme o art. 69, da CF, por maioria absoluta. Inexiste hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. O que há, na verdade, é a distribuição constitucional de matérias entre as espécies legais.
Se uma matéria de LO for tratada por LC, há duas posições:
a) LC é INCONSTITUCIONAL: os que defendem essa tese indicam que, em que pese o quórum qualificado de aprovação, há uma efetiva VIOLAÇÃO AO PROCESSO LEGISLATIVO; se a CF determinou as matérias que seriam tratadas por LO e LC, não pode o parlamento decidir de forma diversa.
b) LC é CONSTITUCIONAL (STF): o STF reconhece a constitucionalidade, mas ressalva que a sua natureza jurídica é de LO, o que tem como consequência que poderá ser modificada no futuro por LO.
AR 1264/RJ: TRATADO INTERNACIONAL não pode tratar sobre matéria de lei complementar, somente sobre matéria de lei ordinária. Não se resolve o conflito entre LO e LC pela hierarquia, mas sim pela matéria.
Lei Delegada
A lei delegada, prevista no art. 59, IV, e 68 da Constituição, é uma exceção ao princípio da indelegabilidadede atribuições de um Poder para outro. A delegação é para o Presidente da República, e chama-se delegação externa corporis, porque é para fora do Poder Legislativo. A delegação se faz por meio de resolução do Congresso Nacional (art. 68, par. 2º) e por solicitação do Chefe do Executivo ao Congresso Nacional. É possível que a Resolução estabeleça a necessidade de apreciação do projeto pelo CN (delegação imprópria), o que ocorrerá em votação única, vedada qualquer emenda.
São INDELEGÁVEIS:
- os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
- as leis sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público,
- a legislação sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos, eleitoral, e
- Legislação sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamento.
- Matérias reservadas à lei complementar. 
Medidas Provisórias
Não são leis, mas tem força de lei. Existem matérias que não podem ser objeto de MP. Ver art. 62, §1º, CF. 
Apesar dos abusos efetivados com o antigo decreto-lei, a prática demonstrou a necessidade de um ato normativo excepcional e célere, para situações de relevância e urgência. A Emenda Constitucional nº 32/2001 teve como finalidade diminuir a excessiva discricionariedade na edição de medidas provisórias, prevendo uma série de limitações materiais, bem como a impossibilidade de reedições sucessivas.
A doutrina afirma que os Estados e Municípios podem editar medidas provisórias, desde que haja previsão na Constituição estadual e na Lei Orgânica.
Não pode versar sobre matérias entregues à lei complementar, as que não podem ser objeto de delegação legislativa, a matéria penal, processo civil, processo penal, nacionalidade, cidadania, direitos políticos e direito eleitoral, organização do MP e Poder Judiciário, leis orçamentárias, já aprovado em projeto de lei pendente de sanção do Presidente da República.
Obs: MP que trate sobre majoração ou instituição de impostos, exceto os que não respeitem ao princípio da anterioridade, somente produzirão efeitos no exercício financeiro seguinte ao que tiverem sido convertidas em lei até o último dia do exercício em que editada.
O Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. A MP permanecerá em vigor pelo prazo de 60 dias e será submetida, imediatamente, ao Poder Legislativo, para apreciação, nos termos do art. 62, incluídos pela EC nº 32/01.
O prazo será contado da publicação da medida provisória, porém, ficará suspenso durante os períodos de recesso do Congresso Nacional, diferentemente do que ocorria anteriormente. Assim, a medida provisória poderá excepcionalmente exceder o prazo constitucional de 60 dias, se for editada antes do recesso parlamentar. .
Havendo, porém, convocação extraordinária, entendemos que o prazo constitucional das medidas provisórias não ficará suspenso durante os trabalhos legislativos, em face da nova redação do §8º, do art. 57, que determina sua inclusão automática na pauta de votação.
Relevância e Urgência
Em tese, a MP não é um instrumento ruim, já que cabível em momentos de crise: RELEVÂNCIA e URGÊNCIA. Não obstante tenha força de lei, com esta não se confunde, pois não provém do Poder competente para legislar. Não é equivalente de lei parlamentar, nem é lei expedida pelo Poder Executivo. A medida provisória é apenas uma medida administrativa de natureza normativa. 
O STF entende que a MP deve ser objeto de controle, no tocante aos pressupostos constitucionais (relevância e urgência), pelo Executivo e pelo Legislativo. Apenas excepcionalmente, quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva, pode o Judiciário analisar tais pressupostos.
Não é mais cabível a reedição de MP. EXEMPLO: MP do plano real que foi reeditada por 70 vezes.
Se a MP for inconstitucional não há posição do STF tratando do assunto: se adepto da NULIDADE não será aplicada; se da anulabilidade, aplica-se a MP.
O Presidente editou a MP, que é convertida em lei. Irá a mesma para a sanção ou veto do Presidente? Se não houve nenhuma modificação, não precisa; se houve uma modificação do texto, deverá ser encaminhada para a apreciação do Presidente. As alterações que os parlamentares fizerem somente vão valer depois de aprovada a modificação pela lei de conversão, antes disso permanece a MP com o texto original. 
O vício da MP contamina a lei de conversão? SIM.
Nas emendas dos parlamentares é possível emendar com matéria de iniciativa privativa do PR? NÃO.
A MP pode ser objeto de controle de constitucionalidade? SIM. Proposta a ADI contra a MP, deferida uma cautelar, o prazo de aprovação da MP fica suspenso. Na decisão final da ADI, se a MP é tida por inconstitucional, ela desaparece, não podendo continuar a tramitar. Se é tida por constitucional, o prazo recomeça a ser contado. Se não foi deferida a liminar, a MP continua até a sua conversão, assim a inicial da ADI deve ser emendada para incluir a lei de conversão. 
Quando o Presidente edita a MP não pode retirá-la? NÃO, pode até editar outra, mas não pode retirar a que foi editada.
As medidas provisórias anteriores à EC/32 se perpetuaram no ordenamento jurídico, não precisando ser apreciada pelo CN, ficaram todas válidas.
A partir de agora, as novas medidas provisórias (MPs) que vierem a ser encaminhadas pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional terão de observar, em sua tramitação, o rito previsto pela Constituição Federal (CF) em seu artigo 62, parágrafo 9º, isto é, deverão ser obrigatoriamente apreciadas por uma comissão integrada por deputados e senadores, não podendo mais ser apreciadas pelo Parlamento apenas com parecer do relator, quando esgotado o prazo para sua apreciação pela comissão mista. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), entretanto, não alcança as MPs já convertidas em lei e as que estão em tramitação no Legislativo. A ADI 4029 questionava o rito pelo qual foi aprovada a MP que se transformou na Lei 11.516/2007, que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e pedia a declaração da sua inconstitucionalidade. O acolhimento da questão de ordem resultou na declaração de improcedência da ação. Informativo 657.
Decreto Legislativo
Em geral, cabível nas hipóteses de matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49) e de efeitos externos. São eles os que referendam atos do Presidente da República, aprovam os que dependem de sua prévia autorização e que apreciam contas do Presidente da República. 
Quanto ao seu processo legislativo, há hipóteses em que a deflagração do processo formativo depende do Presidente da República, e em outras depende da iniciativa de membro ou comissão do Congresso Nacional. A discussão se passa no Congresso Nacional. A aprovação se dá por maioria simples (art. 47). Sendo de competência exclusiva do Congresso Nacional, não há sanção. A promulgação é feita pelo Presidente do Senado Federal, que o manda publicar.
Resoluções
Resoluções são os atos de competência privativa do Congresso Nacional, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, geralmente com efeitos internos, utilizados para as competências previstas na Constituição (artigos 51 e 52) e nos respectivos regimentos internos. A Constituição prevê outros casos: delegação ao Presidente da República (art. 68, § 2º) e fixação de alíquotas de ICMS pelo Senado (art. 155, §2º, IV). 
Segundo Celso Bastos, “a promulgação é feita pela Mesa da Casa Legislativa que as expedir. Quando se tratar de resolução do Congresso Nacional, a promulgação é feita pela Mesa do Senado Federal”. 
Cláusulas Pétreas. Natureza. Espécies. 
Cláusulas pétreas são limitações materiais ao Poder Constituinte Derivado Reformador (poder de reforma da Constituição). São condicionantes relativas ao conteúdo, à matéria. São aquelas cláusulas que não podem sofrer redução, apenas ampliação. 
Existem cláusulas pétreas explícitas e cláusulas pétreas implícitas:
• São EXPLÍCITASas tendentes a abolir: 
a) a forma federativa de estado; 
b) o voto direto, secreto, universal e periódico; 
c) a separação dos Poderes; 
d) os direitos e garantias individuais. 
Segundo o entendimento do STF:
1- todo o art. 5º é cláusula pétrea.
2- do art. 6º ao 17, só são cláusulas pétreas os princípios asseguradores da dimensão social, política e nacional; aqueles que são necessários à essência dessas dimensões, que garantem a existência dos mesmos. Só podem ser declarados diante do caso concreto. Ex.: já foi decidido que o princípio da proteção do trabalho é cláusula pétrea, art. 7º, I;
3- também são cláusulas pétreas outros princípios que decorram implicitamente do regime e dos princípios adotados pela constituição. É o que decorre do art. 5º, § 2º, da CF. Com fundamento nesse dispositivo, é que o STF já declarou serem cláusulas pétreas os princípios e limitações ao direito de tributar, que são decorrentes da própria sistemática da CF. Esses princípios são direitos e garantias individuais e também cláusulas pétreas.
• São limites IMPLÍCITOS do poder de reforma aqueles que, embora não escritos, decorrem da própria sistemática constitucional:
1- inalterabilidade da titularidade do poder constituinte originário. O titular é o povo, através do consenso, o que está expresso no parágrafo único do art. 1º, constituindo o princípio da soberania popular. O Congresso Nacional não pode alterar esse princípio.
2- indelegabilidade da titularidade do poder constituinte reformador. Ex.: emenda autorizando o Presidente a emendar a Constituição. O Congresso é o único legitimado para alterar a Constituição, assim como o STF é o último intérprete da Constituição.
3- inalterabilidade do processo legislativo de reforma da constituição. No final do período revisional, o poder constituinte reformador tentou alterar o quorum para a emenda e marcar outro período revisional, o que não conseguiu devido ao limite implícito aqui mencionado. O processo legislativo de reforma é inalterável.
4- inalterabilidade dos limites explícitos, temporais, circunstanciais e materiais, como o art. 60, § 4.°.
5- impossibilidade de reforma constitucional que reduza a competência dos Estados, posto que tende a abolir a Federação.
6- impossibilidade de permissão da perpetuidade dos mandatos (sua temporariedade é assento do princípio republicano).
7- impossibilidade de modificação do critério de rigidez estabelecido pelo legislador constituinte para a reforma constitucional.
Fases do Processo Legislativo
O processo legislativo possui três fases: fase introdutória, em que ocorre a iniciativa legislativa; fase constitutiva, formada pelas emendas, deliberação ou votação e a sanção ou veto; fase complementar, em que ocorrem a promulgação e a publicação.
Iniciativa Legislativa 
São de iniciativa privativa ou exclusiva do Presidente da República as matérias previstas no art. 61, § 1º, da CF, que, em geral, dizem respeito à organização do Poder Executivo e aos seus servidores. Destoa apenas a iniciativa relativa ao Ministério Público (alínea ‘d’), que deveria ser do Procurador-Geral da República (é concorrente). Já o Supremo Tribunal Federal tem iniciativa da lei complementar que dispõe sobre o estatuto da magistratura (art. 93, CF) e das leis de criação e extinção de cargos e fixação de remuneração de seus serviços auxiliares, bem como a sua proposta orçamentária (art. 99, § 2.º, I, CF). Os Tribunais Superiores tem iniciativa das leis de alteração do número dos membros dos tribunais inferiores; de criação e extinção de cargos e fixação de remuneração e subsídios de seus membros, dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, dos seus serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem vinculados. No mais, a iniciativa é dos próprios parlamentares, além da iniciativa popular, que pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles (art. 61, § 2.º, CF). A usurpação de iniciativa gera inconstitucionalidade formal do projeto de lei, sendo insanável, mesmo que a iniciativa seja do Presidente da República e ele sancione a lei. Neste sentido, ADIn nº 1.391-2/SP. Desta forma, a Súmula nº 5 do STF (“A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder Executivo”) foi superada pelo seu próprio entendimento.
Emendas a Projeto de Lei 
A apresentação de emendas é uma faculdade dos membros ou de órgãos das Casas Legislativas. Emendas são sugestões de modificação da matéria contida em projetos de ato normativo. Cumpre observar que não será ADMITIDA emenda parlamentar que importe em aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3.º e 4.º, da CF (matéria orçamentária), e nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público (art. 63, CF). Também não pode haver emenda no caso de delegação imprópria, que ocorre quando a lei delegada é submetida à votação pelo Parlamento (art. 68, § 3º).
Deliberação ou Votação 
A deliberação ou votação é geralmente precedida de estudos e pareceres de comissões técnicas (permanentes ou especiais), como, p. ex., a Comissão de Constituição, Justiça e Redação, que realiza o controle prévio de constitucionalidade da proposta. O art. 58, § 2.º, I, da CF, ainda permite às comissões, em razão da matéria de sua competência, votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa. Tal forma de votação é denominada de DELEGAÇÃO INTERNA CORPORIS por Manoel Gonçalves Ferreira Filho, isto é, delegação do plenário para a comissão. Conforme a iniciativa, a discussão e votação dos projetos de lei iniciarão em uma ou outra Casa do Congresso Nacional. Regra: todos os projetos de lei (inclusive iniciativa popular) começam a tramitar pela Câmara, exceto os projetos de lei propostos por senadores, que iniciarão no Senado.
Assim, a Câmara acaba funcionando como casa iniciadora predominantemente, sendo o Senado a casa revisora. Havendo emendas o projeto retorna à casa iniciadora para análise, de sorte que a casa iniciadora pode fazer prevalecer seu posicionamento, o que é criticado pela doutrina, que entende ser esse papel típico do Senado. Após a votação, sendo a propositura aprovada, será objeto de autógrafo, que é a consolidação do texto com as emendas. 
Sanção ou Veto
A SANÇÃO é a aquiescência do Presidente da República aos termos de um projeto de lei aprovado pelo Parlamento, podendo ser EXPRESSA (o Presidente expressamente manifesta a sua concordância com o texto no prazo de até quinze dias úteis) ou TÁCITA (decorrido o prazo de quinze dias úteis, o silêncio do Presidente da República importa em sanção, na forma do art. 66, § 3º, da CF). 
O VETO é a manifestação expressa irretratável de discordância do chefe do Poder Executivo com o conteúdo (parcial ou total) do projeto de lei aprovado pelo Legislativo. De acordo com a EC 76/2013, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. (art. 66, § 4.º, CF), deixando de ser analisado em voto secreto. Esgotado esse prazo sem deliberação, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (art. 66, § 6.º, CF). Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República (art. 66, § 5.º, CF). 
O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea (art. 66, § 2.º, CF). Isso evita que o veto, por exemplo, de apenas uma palavra, altere substancialmente o sentido da norma legal. 
Promulgação e Publicação da Lei 
Apromulgação é um ato legislativo de comunicação, aos destinatários da lei, de que esta foi criada com determinado conteúdo. Atesta que a ordem jurídica foi inovada, declarando a existência da lei, que passará, a partir desse momento, a gerar efeitos. Desta forma, a lei nasce com a sanção ou com a rejeição do veto, mas seus efeitos somente se produzem a partir da promulgação (esse é o entendimento amplamente majoritário, embora há quem afirme ser a promulgação o ato que transforma o projeto em lei). 
Em regra, é o Presidente da República quem promulga a lei. Não sendo por ele promulgada dentro de 48 (quarenta e oito) horas, se for o caso de sanção tácita ou rejeição de veto, o Presidente do Senado Federal a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, o Vice-Presidente do Senado irá fazê-lo (art. 66, § 7.º, CF). A PUBLICAÇÃO é o mecanismo (instrumento) pelo qual se transmite a promulgação da lei (declaração solene de sua existência e de seu conteúdo) aos seus destinatários. 
Com a publicação no Diário Oficial, presume-se de conhecimento público a existência e o conteúdo da lei e, por consequência, seu cumprimento obrigatório. A publicação é condição para a lei entrar em vigor e tornar-se eficaz. Segundo Pontes de Miranda, promulgação e publicação diferenciam-se pelos pressupostos e características. Quanto aos pressupostos, a promulgação refere-se à existência da lei e a publicação à eficácia; quanto às características, a promulgação refere-se à executoriedade e a publicação à obrigatoriedade.
Hipóteses de trancamento de pauta:
1) MEDIDA PROVISÓRIA (artigo 62, § 6º)
OBS: a partir do 45° dia após a publicação da MP. O prazo de 45 dias aqui é comum para ambas as casas legislativas.
2) URGÊNCIA PRESIDENCIAL (artigo 64, § 2º)
OBS: aqui é um prazo de 45 dias para Câmara e outro prazo de 45 dias para o Senado. (o prazo total para tramitação dos processos em caráter de urgência é de 100 dias, levando em conta que além dos 45 dias fixado para cada casa, ainda é estabelecido o prazo de 10 dias para apreciação de emendas).
3) VETO (artigo 66, § 6º)
OBS: esgotado o prazo de 30 dias para apreciação do veto, ela acaba tendo precedência em relação às outras duas hipóteses de trancamento de pauta.
Desrespeito à ordem cronológica para análise dos vetos: possibilidade. O Min. Teori Zavascki (MS 31816 AgR-MC/DF, 27/02/1013), cujo voto prevaleceu, afirmou que, em face da inércia parlamentar, caso houvesse a aplicação rígida dos §§ 4º e 6º do art. 66, com eficácia retroativa, isso significaria um caos para a atuação do Legislativo e causaria insegurança jurídica. Em razão disso, diante da singular gravidade do cenário fático e jurídico da situação em apreço, por maioria, o Plenário do STF deu provimento ao agravo regimental para revogar a medida liminar anteriormente concedida pelo Min. Luiz Fux, que determinou a observância da ordem cronológica dos vetos para que então se analisasse a nova lei de distribuição dos royaltes de petróleo. 
Como será feito o destrancamento da pauta quando ocorrer as 03 hipóteses? Depende, pode ser que seja um falso caso de trancamento.
	MP e URGÊNCIA PRESIDENCIAL
	SESSÃO SEPARADA
	CADA CASA
	VETO
	SESSÃO CONJUNTA
	MESA DO CONGRESSO
Vota primeiro a MP, por força do §2º do artigo 64, CF.
OBS: contudo, há quem defenda que o veto tem precedência até mesmo em relação à MP. Observe que o texto do art. 66, par. 6° foi dado pela EC 32/01, exatamente a Emenda que alterou todo o procedimento das MPs. Caso a intenção da Emenda fosse priorizar absolutamente a apreciação das MPs, bastaria ter dito isto expressamente. Mas a Emenda assim não o fez.
Orçamento 
Princípios constitucionais
Alguns princípios orçamentários estão previstos na Lei n. 4.320/64: “Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Govêrno, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade.”
Princípio da unidade: A peça orçamentária deve ser única contendo todos os gastos e todas as receitas. Reflete a necessidade de harmonia entre as várias peças orçamentárias. Atualmente existem 3 peças orçamentárias. A idéia do princípio da unidade não é que exista uma única peça, o que se exige é que as várias peças tenham harmonia entre si. Um dos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal é garantir essa harmonia.
Princípio da universalidade: Todas as receitas e despesas devem estar previstas na lei orçamentária, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei (Lei 4.320/64, art. 3º) 
Súmula 66 STF - pelo princípio da universalidade toda e qualquer receita ou despesa deve constar no orçamento, ainda que o orçamento não tenha previsto determinado tributo, este poderá ser normalmente arrecadado se cumprida a legislação tributária.
EXCEÇÕES:
1) As receitas e despesas operacionais (correntes) das empresas públicas e sociedades de empresas públicas consideradas estatais independentes.
2) ARO – Operações de crédito por antecipação de receita. 
3) Emissões de papel moeda;
4) Outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro.(cauções, depósitos, consignações etc)
Princípio da Anualidade (ou periodicidade): Determina que o orçamento seja atualizado a cada ano, ou seja, que para cada ano haja um orçamento. Representa a necessidade da existência de uma periodicidade na vigência das leis orçamentárias. Enuncia a Súmula 66 STF que “É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro.” 
Princípio da proibição do estorno de verbas: Impossibilidade de transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro sem autorização legislativa prévia. Disposição constitucional: art. 167, VI. 
Também está vedada a utilização, sem autorização legislativa específica, dos recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações ou fundos (CF, art. 167, VIII).
Antes o Chefe do Executivo tinha o poder de unilateralmente remanejar e transpor dotações. Hoje, isso só é possível mediante autorização legislativa.
Princípio da Não Afetação da Receita de Impostos: Vedação à vinculação da receita proveniente dos impostos a órgão, fundo ou despesa. Disposições constitucionais: art. 167, IV e § 4º.
Exceções:
1) repartição das receitas tributárias (arts. 158 e 159, CF);
2) destinação de recursos para a saúde, atualmente regulada pela LC 141/2012, que prevê o percentual aplicável pelos Estados e DF (12%) e pelos municípios e DF (15%) da arrecadação de impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea "b" do inciso I do caput e o parágrafo 3º do art. 159 da CF. No caso da União, será aplicado, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos da LC 141, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual; 
3) destinação de recursos para a educação, sendo U 18%, E, DF e M 25% (art. 212, CF);
4) realização de atividades da administração tributária (art. 37, XXII, CF);
5) prestação de garantias em relação às operações de crédito por antecipação de receitas (art. 165, § 8º; art. 167, § 4º, CF)
6) fundo de combate e erradicação da pobreza;
Um fundo especial pode ser criado por lei ordinária, mas, neste caso, não poderia haver qualquer vinculação de receita de impostos, sob pena de afrontar o art. 167, IV, da CF. Para evitar tal situação, o Governo Federal tem utilizado o artifício jurídico da criação de fundos por meio de EC. 
7) vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para programa de apoio à inclusão e promoção social (Art. 204, Constituição)
É vedada a utilização desses recursos parapagamento de: (a)despesa com pessoal e encargos sociais; (b)serviço da dívida; (c)qualquer outro investimento não vinculado diretamente aos investimentos ou ações apoiadas.
8) vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para fundos destinados para o financiamento de programas culturais. (Art. 216, Constituição, com as mesmas vedações vistas acima).
DRU – Desvinculação das Receitas da União - com objetivo de livrar-se parcialmente das vinculações obrigatórias, a reforma tributária (EC 42) prorrogou os efeitos da EC 27. Desvinculação de órgão, fundo ou despesa de 20 % da arrecadação de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, incluindo seus adicionais e acréscimos. Os cálculos das transferências tributárias constitucionais estão livres da subtração de 20%, não sendo, pois, afetadas pelos efeitos da DRU.
Princípio da Exclusividade: Determinação de que as leis orçamentárias contenham apenas fixação de despesas e previsão da receita. Como regra, a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão de receita e à fixação da despesa. Exceções: é possível que a lei orçamentária preveja, além de despesas e receitas: autorização para abertura de crédito suplementar; autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita. 
Princípio da Publicidade: Necessidade de se dar publicidade à execução orçamentária. As leis orçamentárias devem ser publicadas e divulgadas de forma clara e precisa, possibilitando o controle social da Administração Pública.
O Poder executivo deverá publicar relatório resumido da execução orçamentária até o 30º dia após o encerramento de cada bimestre. (CF, art. 165, § 3º)
Os cidadãos devem tomar conhecimento de todas as etapas que antecedem e sucedem a aplicação desses recursos. A transparência é um princípio decorrente do princípio republicano.
As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. É o que também determina Lei Complementar 101/00.
Princípio da especialização, especificação ou discriminação: As receitas e as despesas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada, de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos recursos e sua aplicação. A lei orçamentária não poderá consignar dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, de material, de serviços de terceiro, transferências etc. Exceções: a) reserva de contingência: dotação global, genérica, colocada na Lei Orçamentária, destinada a atender passivos contingentes e outras despesas imprevistas; b) programas especiais de trabalho: possibilidade do custeio por dotação global no caso dos programas que por sua natureza não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa (Lei n. 4.320/64, art. 20).
Princípio do orçamento-bruto: Todas as receitas e despesas constarão da Lei Orçamentária pelos seus totais, seus valores brutos, vedadas quaisquer deduções. Alguns autores assinalam como inserido no princípio da universalidade. Ex.: parte do IPI e do IR arrecadado pela União, por determinação constitucional, deve ser transferido para os Estados e Municípios. Não poderá a União colocar a previsão dos valores líquidos (já descontadas as transferências) desses impostos. Deverá colocar a estimativa integral do valor recebido (receita) e a parte que constitucionalmente se destina a Estados e Municípios (despesa).
Fiscalização financeira e orçamentária
A Constituição Federal disciplina, nos artigos 70 a 75, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, com auxílio do Tribunal de Contas da União e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Determina, no último dispositivo, que essas normas se aplicam, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. 
O controle externo será feito pelo Poder Legislativo com o auxílio dos tribunais de contas.
Da análise dos referidos dispositivos, é possível enxergar a fiscalização contábil, financeira e orçamentária sob três ângulos:
1. QUANTO À ATIVIDADE CONTROLADA, a fiscalização abrange os aspectos contábil, financeiro, orçamentário, operacional e a patrimonial, o que permite a verificação da contabilidade, das receitas e despesas, da execução do orçamento, dos resultados, dos acréscimos e das diminuições patrimoniais;
2. QUANTO AOS ASPECTOS: abrange o controle de legalidade dos atos; de legitimidade (exame de mérito a fim de verificar se, além de legal, a despesa é legítima, tal como a atender a ordem de prioridade estabelecida no plano plurianual); economicidade (a Administração Pública deve realizar as despesas da forma mais econômica possível ao erário); fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos; cumprimento de programas e metas.
3. QUANTO ÀS PESSOAS CONTROLADAS: abrange União, Estados, Municípios, Distrito Federal e entidades da Administração Direta e Indireta, bem como qualquer pessoa física ou entidade pública, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
OAB: O STF – Supremo Tribunal Federal -, na ADIN - Ação Direta de Inconstitucionalidade - nº 3.026/DF, estabeleceu o entendimento no sentido de que a OAB é uma entidade sui generis, não se enquadrando como mera autarquia, não se tratando de mero conselho de classe de sorte que, por esse motivo, não estaria submetida à fiscalização pelo Tribunal de Contas. 
O Tribunal de Contas. Natureza e atribuições.
O controle externo foi consideravelmente ampliado na atual Constituição, encontrando-se a cargo do Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas.
Maioria da doutrina afirma que se trata de uma função típica do Poder Legislativo.
Lucas Rocha Furtado entende que não se reconhece às decisões do TCU natureza judicial, pois não integra o Poder Judiciário e pelo fato de que as decisões proferidas pelos Tribunais de Contas se regem por normas de Direito Administrativo e Constitucional, e não Processual. Não se pode deixar de reconhecer, ainda, que as decisões dos Tribunais de Contas não são imutáveis, não gerando coisa julgada, visto que podem ser desconstituídas pelo Poder Judiciário. O Ministro Sepúlveda Pertence no MS 24544 chegou a reconhecer que as decisões dos Tribunais de Contas, não obstante tenham natureza administrativa, estão em patamar superior aos meros atos administrativos, possuindo o que denominou de “colorido quase jurisdicional”.
 Essa informação não conflita com a Súmula nº 347 – STF (“O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público”), visto que o Legislativo também pode realizar controle de constitucionalidade. 
ATRIBUIÇÕES: 
Opinativa ou consultiva: elaboração de parecer prévio às contas anuais do Presidente da República; responder à consulta formulada por autoridade competente sobre matérias de sua competência (Lei orgânica do TCU, art. 1, XVII).
Fiscalizadora: realizar, por iniciativa própria ou do Legislativo, ou de comissão técnica ou inquérito, auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nos órgãos e entes do Poder Público; fiscalizar contas nacionais de empresas supranacionais que tenha capital da União; fiscalizar os recursos repassados por meio de convênio; acompanhar a arrecadação da receita a cargo da União e da adm. Indireta, mediante inspeção e auditoria ou por meio de demonstrativos próprios; efetuar o cálculo das quotas dos fundos de participação (art. 161 CF); decidir sobre denúncia em matéria de licitação e contratos administrativos; acompanhar a evoluçãopatrimonial dos agentes públicos (Lei 8.730/93); acompanhar o cumprimento da LRF; regulamentar e fiscalizar a divisão dos recursos da CIDE.
De Julgamento de Contas: julgar as contas dos administradores e de todos aqueles responsáveis por recursos públicos, da Adm. Direta e Indireta e contas de quem der causa a prejuízo ao erário. Observação: As empresas públicas e as sociedades de economia mista, entidades integrantes da Administração Indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante seus bens estarem sujeitos ao regime de direito privado e a aplicação do regime celetista aos seus funcionários" ( MS 26117/DF- Distrito Federal). 
De Registro: aprecia a legalidade da admissão de pessoal da Adm. Direta e Indireta, salvo cargo em comissão. Aprecia a concessão de aposentadoria, reformas e pensões, salvo melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.
Sancionadora: Aplica multa em caso de ilegalidade de despesa; declara a inabilitação (05 a 08 anos) para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança em casos graves; declara a inidoneidade do licitante por até cinco anos.
Corretiva: (IMPORTANTE) – fixa prazo para que o órgão ou ente corrija ilegalidades; susta, se não atendida a ordem anterior, o ATO IMPUGNADO, comunicando à Câmara e Senado; pode, ainda, adotar todas as medidas necessárias às correção das irregularidades em contratos, caso o Congresso ou o Executivo não o façam, inclusive determinando a anulação da avença.
As sanções do TCU podem gerar sanções de natureza civil e administrativa (ex: declaração de inidoneidade). Todavia, mesmo que o agente tenha praticado falta funcional, na forma da Lei n. 8.112, o TCU não tem o condão de impor sanção disciplinar.
PROCESSOS DE CONTAS: Modalidades de Contas: 
1) contas anuais (ordinárias):
1.1 contas de governo: a prestação está nos arts. 49, IX e 71, I da CF. TCU elabora parecer prévio, cabendo ao CN julgar as contas. Leva em conta aspectos gerais relacionados à execução dos orçamentos públicos federais, notadamente a compatibilidade com a LRF. Verifica aspectos macroeconômicos. Sistemática restrita ao Chefe do Poder Executivo. No caso dos demais Poderes, o TCU realiza o próprio julgamento: I. O art. 75, da Constituição Federal, ao incluir as normas federais relativas à "fiscalização" nas que se aplicariam aos Tribunais de Contas dos Estados, entre essas compreendeu as atinentes às competências institucionais do TCU, nas quais é clara a distinção entre a do art. 71, I - de apreciar e emitir parecer prévio sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, a serem julgadas pelo Legislativo - e a do art. 71, II - de julgar as contas dos demais administradores e responsáveis, entre eles, os dos órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. (ADI 849, Min. Sepúlveda Pertence, 11/02/1999)
1.2 contas de gestão: definidas no art. 71, II da CF. Devem expressar a legalidade, legitimidade e a economicidade dos atos administrativos que compreendem a gestão do administrador (Lucas Rocha Furtado. Curso de Direito Administrativo). Verificam-se os atos dos ordenadores de despesas das diversas unidades administrativas.
2) contas especiais: decorre da omissão em prestar contas, não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, de que resulte dano ao erário.
JULGAMENTO DAS CONTAS: As contas podem ser julgadas das seguintes formas: a) regulares: exatidão contábil e de acordo com a legalidade e economicidade dos atos de gestão; b) regulares com ressalvas: quando evidenciarem impropriedade ou falta de natureza formal de que não resulte dano ao erário; determina-se a correção das irregularidades como forma de prevenir futuras falhas c) irregulares. Tribunal condena ao pagamento da dívida, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora devidos, podendo, ainda, aplicar multa. A decisão é título executivo extrajudicial.
IMPORTANTE: O STF tem posicionamento no sentido de que o Tribunal de Contas ou o Ministério Público que nele atua não tem legitimidade para executar suas decisões. (ARE 823347 RG/MA, Min. Gilmar Mendes, 02/10/2014)
Não basta a legalidade (MAS A LEGALIDADE É O PONTO DE PARTIDA), o administrador deve agir de forma legítima e econômica. No parágrafo único estão previstos aqueles que irão prestar contas: qualquer pessoa que tocar em dinheiro público deve ser responsabilizada.
MS 27339/DF: MP DO TRIBUNAL DE CONTAS - o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas possui fisionomia institucional própria, que não se confunde com a do Ministério Público comum, sejam os dos Estados, seja o da União, o que impede a atuação, ainda que transitória, de Procuradores de Justiça nos Tribunais de Contas.
Informativo 408 STF - TCU: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. O Tribunal de Contas da União, por força do disposto no art. 71, II, da CF, tem competência para proceder à tomada de contas especial de administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos das entidades integrantes da administração indireta, não importando se prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade econômica.
Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
>>> DIREITO ADMINISTRATIVO <<<
Ponto 3 - Direito Administrativo Regulador. Agências: Reguladoras e Executivas. O regime jurídico das Agências Reguladoras: natureza jurídica, características, contrato de gestão, pessoal e poder normativo. A concessão de serviços. Conceito, características. Direitos do concedente e do concessionário. Equilíbrio do contrato. Formas de extinção. As permissões e autorizações. As parcerias da Administração Pública. Parcerias público-privadas.
DIREITO ADMINISTRATIVO REGULADOR
Origem. O modelo regulatório brasileiro tem inspiração no modelo norte-americano. Só que, enquanto nos EUA elas possuem caráter intervencionista (New Deal), no Brasil as agências reguladoras foram instituídas a partir da década de 90, período marcado pela diminuição da intervenção estatal direta na economia. 
A DESLEGALIZAÇÃO é o fenômeno pelo qual a normatização de determinadas matérias passa a ser feita por ato infralegal. 
A DESREGULAÇÃO é o fenômeno de diminuição da quantidade de regras sobre determinados setores da economia, de modo a permitir que o mercado se autorregule pela competição entre os diversos agentes. 
Fundamento sócio-político: reformulação do modelo de Estado, com redução do seu tamanho, deixando de agir diretamente e passando a intervir por regulação. Trata-se da transição da “administração de gestão” para a “administração de regulação”. 
Agências executivas, agências reguladoras e associações públicas: nomenclatura própria atribuída a determinadas autarquias, em razão de suas características especiais.
Fontes
Art. 21, XI, da CF (EC 08/95) e Lei 9.472/97: Anatel (telecomunicações).
Art. 177, § 2º, III, da CF (EC 09/95): ANP (setor do petróleo e gás natural).
Lei 9.427/96: ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) 
Lei 10.233/01: ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) e ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aqüaviários)
Agências reguladoras que fiscalizam o serviço público prestado por particular e público:
- Lei 9961/00: ANS (Agência Nacional da Saúde) 
- Lei 9.782/99: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
- Lei 11.182/02: ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil
Agências que cuidam do patrimônio público: ANA (Agência Nacional da Águas) (Lei 9984/00);
Agências que fomentam a atividade privada: ANCINE (Agência Nacional de Cinema) (MP 2228-1/01 e Lei 10.454/02)
Algumas impropriedades: 
-exemplos de autarquias que têm indevidamente nome de agência: ADA; ADENE; AEB (Agência Espacial Brasileira). 
- Há órgão da administração direta que ganhou o nome de Agência: ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). 
- Há uma autarquia de regime especial que não ganhou o nome de agência: CVM (Comissão de Valores Mobiliário), a própria lei estabeleceu que se trata de uma autarquia em regime especial (Lei 10.411/02).
AGÊNCIAS EXECUTIVAS. Conceito. São autarquias ou fundações que celebram contrato de gestão com o órgão da administração direta ao qual estão vinculadas, para melhoria da eficiência e redução de custos. 
Requisitos para obter esta qualificação:
1) possuir plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional em andamento; e, aprovado o plano, 
2) celebrar contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor. Após, o Chefe do Executivo editará um decreto que lhe conferirá o status de agência executiva.
Características básicas: 
1) A natureza jurídica de agência executiva é temporária, somente enquanto estiver vigente o contrato de gestão; e 
2) Deverá implementar as METAS definidas no contrato de gestão e, em contrapartida, receberá mais dinheiro e maior autonomia de gestão gerencial, orçamentária e financeira. Se houver descumprimento do plano de reestruturação e desenvolvimento institucional, a entidade perde a qualificação. 
Exemplo de agência executiva: INMETRO, autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 
OBS.: O art. 24, p.u., da Lei nº 8.666/93 prevê que as agências executivas poderão dispensar a licitação na contratação de bens, serviços e obras pelo dobro do limite estipulado para as autarquias e fundações não qualificadas, o que corresponde a 20% do limite estipulado para a licitação na modalidade convite (atualmente, 30 mil reais para contratação de obras e serviços de engenharia, e 16 mil reais para aquisição de bens ou contratação de outros serviços). 
AGÊNCIAS REGULADORAS. Conceito. Designa autarquias que têm a incumbência de regular o desempenho de certas atividades econômicas ou a prestação de serviços públicos (matérias específicas). Ex. ANEEL. Todas as regras da autarquia se aplicam às agências reguladoras. 
Principais características:
1) a concessão do rótulo “agência reguladora” é efetivada pela LEI que cria a autarquia; 
2) a agência exerce função regulatória que envolve atividades EXECUTIVAS tradicionais, mas também PODERES NORMATIVOS e JUDICANTES. 
Regime jurídico especial: forte autonomia NORMATIVA, ADMINISTRATIVA e FINANCEIRA.
- mais autonomia e liberdade, quando comparadas com as demais autarquias; 
- exercício de atividade de regulação.
- controle e fiscalização do poder público (independência administrativa e autonomia financeira).
PODER NORMATIVO E DESLEGALIZAÇÃO.
Deslegalização é o fenômeno pelo qual a normatização de determinadas matérias passa a ser feita por ato infralegal. 
Desregulação é o fenômeno de diminuição da quantidade de regras sobre determinados setores da economia, de modo a permitir que o mercado se autorregule pela competição entre os diversos agentes.
Pela deslegalização a legislação confere autonomia às agências reguladoras para editar atos administrativos normativos, dotados de conteúdo técnico e respeitados os parâmetros (standards) legais, no âmbito do setor regulado. A intenção é despolitizar o respectivo setor, retirando do âmbito politico e transferindo ao corpo técnico da agência a atribuição para normatizar a atividade regulada. 
Há forte controvérsia doutrinária em relação à constitucionalidade da amplitude e do fundamento do poder normativo conferido às agências reguladoras. A CF/88 permite que se delegue função normativa às agências?
1a corrente: não. Para Celso Antônio Bandeira de Mello é inconstitucional o poder normativo amplo das agências reguladoras viola os princípios da separação de poderes e da legalidade. A CF só possibilita o exercício do poder normativo primário no Executivo por meio das Medidas Provisórias (art. 62) e das Leis Delegadas (art. 68). Os atos normativos das agências são infralegais e restringem-se à sua organização e funcionamento interno. Maria Sylvia Zanella Di Pietro também segue esta linha, mas excepciona as duas agências que têm fundamento expresso na CF (ANATEL e ANP), que podem ter função reguladora (editar normas que se equiparariam aos regulamentos autônomos). Para ela, a CF reconhece ao órgão regulador a possibilidade de regulamentar a lei a partir de conceitos genéricos, princípios, Standards (conceitos indeterminados), tal como as agências reguladoras norte-americanas. Esse foi o entendimento adotado pelo STF, que, ao apreciar a capacidade normativa da ANATEL, disse que essa agência se subordina ao princípio da legalidade, de forma que sua normatização deve ser complementar à lei, nos moldes estabelecidos pela lei. (Adin 1668-DF). 
2a Corrente (José dos Santos Carvalho Filho e Diogo de Figueiredo Moreira Neto): é constitucional o poder normativo técnico ampliado reconhecido às agências reguladoras que poderão editar atos normativos, respeitados os parâmetros (standards) legais, em razão do fenômeno da deslegalização. Nessa Linha, Rafael Carvalho Rezende Oliveira sustenta que as normas editadas pelas agências não podem ser classificadas como “autônomas” fruto de delegação legislativa inominada, pois encontram fundamento na lei instituidora da entidade regulatória que estabelece os parâmetros que deverão ser observados pelo regulador. A prerrogativa normativa das agências funda-se na releitura do princípio da legalidade. Assim, o fundamento do poder normativo das agências reguladoras seria a técnica da deslegalização (ou delegificação), que significa a retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias do domínio da lei (“domaine de la loi”), passando-as ao domínio do regulamento (“domaine de l’ordonnance”). Nesse sentido, para Eduardo Garcia de Enterría a delegação legislativa divide-se em:
Delegação receptícia: é a delegação da função legislativa para o Poder Executivo editar, dentro do período e das matérias determinadas na lei delegante, normas com força de lei (ex. Lei delegada – arts. 59, IV, e 68 da CF).
Delegação remissiva (remissão): a Administração tem a prerrogativa de editar atos normativos, sem força de lei, que deverão respeitar a moldura legal (ex. Regulamento executivo – art. 84, IV, da CF).
Deslegalização: o legislador transfere o tratamento de determinada matéria ao administrador, estabelecendo apenas parâmetros gerais (standards e princípios) que deverão ser observados no momento da fixação dos direitos e obrigações (ex. Art. 96, I, “a”, 207, “caput”, e 217, I, da CF). 
Rafael Oliveira entende que o exercício da competência normativa das agências recebe um reforço de legitimidade por meio da participação dos cidadãos na discussão e elaboração de normas regulatórias (consultas e audiências públicas). Ainda, inexiste 
“reserva de regulamento” na técnica da deslegalização, pois nada impede que o legislador, que é quem atribui liberdade normativa ampla por meio da lei deslegalizadora, volte a tratar diretamente da matéria deslegalizada. 
Limites constitucionais à deslegalização: casos de “reserva legislativa específica” previstos na CF, que devem ser veiculados por lei formal (ex. arts. 5o VI, VII, VIII, XII, da CF), matérias que devem ser reguladas por lei complementar, além das matérias que devem ser legisladas com caráter de normas gerais (ex. Art. 24, p. 1 e 2 da CF), tendo em vista que estas últimas possuem alcance federativo, abrangendo Estados-membros e Municípios.
Lei e Superveniência de Ato Regulatório: Revogação Diferida
Conflito entre norma editada pela agência reguladora e a legislação anterior. 
1a Corrente: em qualquer hipótese, a lei prevalecerá sobre os atos das agências.
2a Corrente: o ato normativo da agência, que respeita os parâmetros fixados pela própria lei deslegalizadora, prevalece

Continue navegando