Buscar

PONTO - 11 - TRF2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 351 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 351 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 351 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROVA ORAL MAGISTRATURA FEDERAL – TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
PONTO 11 
Conteúdo
CONSTITUCIONAL - Poder Legislativo. Organização e Atribuições. Funcionamento.	2
TRIBUTÁRIO: Regime Jurídico do Empréstimo Compulsório e das Contribuições em Geral. Preço Público. Pedágio.	21
ADMINISTRATIVO: Contratos Administrativos. Prerrogativas da Administração. Direitos do Contratado. Equilíbrio Financeiro. Teoria da Imprevisão. Fatos do Príncipe e de Administração. Extinção do contrato.	49
PENAL - Teoria do tipo. O tipo do crime doloso e o tipo do crime culposo. Crime qualificado pelo resultado e crime preterdoloso. Erro de tipo. Classificação jurídica dos crimes. Crimes comissivos e crimes omissivos. Crimes de dano e de perigo. Punibilidade: causas de extinção da punibilidade. Iter criminis. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível. Crimes hediondos (Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990).	66
PREVIDENCIÁRIO: Regime geral. Segurados e dependentes. Inscrição e filiação. Qualidade de segurado. Manutenção e perda.	104
CIVIL - Contratos. Teoria Geral dos Contratos. Princípios Contratuais Gerais. Elementos Constitutivos. Pressupostos de Validade. Revisão Contratual. Disposições Gerais. Extinção.	113
COMERCIAL: Contratos Bancários. Depósito. Mútuo. Desconto. Crédito Documentário. Contratos de Fomento Mercantil (Factoring). Arrendamento Mercantil (Leasing). Alienação Fiduciária em Garantia.	133
INTERNACIONAL PÚBLICO: Representações diplomáticas. Tratamento jurídico.	155
INTERNACIONAL PRIVADO: Nacionalidade: aquisição. Perda e mudança da nacionalidade. Naturalização. Espécies, condições, processo, efeitos. A Justiça Federal e o processo de naturalização.	171
PROCESSO CIVIL: Sentença. Conceito. Requisitos. Efeitos. Remessa Oficial. Execução Provisória. Coisa Julgada. Conceito. Espécies. Limites. Ação Rescisória.	179
PROCESSO PENAL: Jurisdição e competência. Questões e processos incidentes: prejudiciais; cxceções; incompatibilidades e impedimentos; incidente de falsidade e incidente de insanidade mental. Conflito de competência.	202
AMBIENTAL - Proteção às florestas. Princípios jurídicos e matéria ambiental.	269
DIREITOS HUMANOS: O direito internacional dos direitos humanos. Fundamentos da proteção internacional dos direitos humanos. Instrumentos básicos de proteção internacional dos direitos humanos. Sistema interamericano de direitos humanos. Os Tribunais supranacionais.	284
ECONÔMICO - Empresas estatais: prestadoras de serviços públicos. Regime jurídico. O conceito de fornecedor.	339
Princípios Institucionais da Magistratura: Dos vencimentos e vantagens e direitos dos magistrados.	349
CONSTITUCIONAL - Poder Legislativo. Organização e Atribuições. Funcionamento.
OBS.: O tema do ponto 12 de constitucional é
“Processo Legislativo. Iniciativa Legislativa. Comissões Permanentes e Temporárias. Poderes. Fiscalização Financeira e Orçamentaria. Imunidades.“
Talvez esses temas não precisassem constar do resumo do ponto 11, mas foram aqui mantidos, pois o termo “funcionamento” é abrangente e, aparentemente, foram feitas perguntas sobre processo legislativo no XIV Concurso no sorteio do ponto 11.
ORGANIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO
PODER. É um só e emana do povo. O art. 2º da CF normatiza a Separação das Funções a cargo do Estado. Aristóteles havia identificado as funções de Estado legislativa, executiva e judiciária e Montesquieu idealizou a tripartição orgânica de funções para evitar a concentração de poder em um único órgão.
FUNÇÕES TÍPICAS DO LEGISLATIVO. São (i) de fiscalização, que pode ser político-administrativa ou econômico-orçamentária; e (ii) legislar – inovação da ordem jurídica.
HISTÓRICO. Durante Absolutismo, havia prevalência do Executivo. As revoluções inglesas e a Revolução Francesa (1789) marcam o fortalecimento do Legislativo (Estado Garantista). No século XX, os decretos-lei e medidas provisórias surgem como formas de respostas estatais rápidas (legislações de emergência) e dão nova proeminência ao Executivo (Estado Prestador). Há quem defenda que no Século XXI há fortalecimento do Judiciário e surgimento do Estado Transformador.
BICAMERALISMO. Poder Legislativo federal opera por meio do Congresso Nacional, que se compõe da Câmara e do Senado. Apenas as CF1934 e a CF1937 tenderam ao unicameralismo.
Prós: (i) limitação do poder: é mais difícil que duas câmaras se unam para oprimir o povo; (ii) a segunda câmara tem papel moderador.
Contras: o unicameralismo favoreceria os avanços democráticos, na medida em que canaliza e exprime melhor os anseios da soberania popular por transformações. Bicameralismo seria mais propenso ao conservadorismo (José Afonso da Silva). 
	Unicameralismo
	Bicameralismo Desigual
de modelo Alemão
	Bicameralismo de Equilíbrio ou de Equivalência
	Legislativo se organiza em uma única Casa Legislativa.
Esse é o modelo adotado a nível estadual e municipal.
	Legislativo Alemão se divide entre a Câmara Alta (correspondente ao nosso Senado), que não funciona em todas as matérias cuja competência for atribuída à Câmara Baixa. Senadores e deputados atuam em assuntos específicos.
	Legislativo é dividido em duas casas.
Não há federação sem que os Estados participem da criação da lei.
Câmara de Vereadores. Posição do STF (RE197.917) é de número de vereadores deve ser proporcional à população. Resolução do TSE em 2004 reforçou a tese, o que acarretou a edição da EC58/2009 (PEC dos Vereadores), que alterou o art. 29, IV, da CF/88 e estabeleceu critérios rígidos, fixando mínimo é de 09 vereadores, nos municípios de até 15.000 habitantes e o máximo é de 55 Vereadores, nos municípios com mais de 8.000.000 de habitantes, havendo escalas intermediárias delineadas.
Assembleia Estadual. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (art. 27 da CF).
Câmara dos Deputados: sistema proporcional. 513 deputados federais (representantes do povo). Mínimo de 8 e máximo de 70 por Estado. Território tem 4 deputados federais. Idade mínima: 21 anos.
Senado Federal: sistema majoritário. 81 senadores. 3 senadores por Estado (representantes dos Estados). Mandato de 8 anos, renovação de 1/3 e 2/3, de 4 em 4 anos. Idade mínima de 35 anos.
	Sistema majoritário
	Sistema proporcional
	Vota-se na pessoa do candidato. É eleito o representante que atinge a maioria dos votos. Pode-se exigir maioria simples (como na eleição para Prefeitos de Municípios com menos de 200 mil habitantes) ou maioria absoluta (como na eleição dos demais Chefes do Executivo).
	Vota-se conforme posição política do partido ou coligação, atribuindo-se a cada partido ou coligação número de cadeiras na Câmara dos Deputados proporcional aos votos obtidos.
Na substituição presidencial a ordem é a seguinte: assunção do vice-presidente, presidente da Câmara e presidente do Senado. Já a presidência do Congresso Nacional é exercida pelo presidente do Senado.
PODER LEGISLATIVO. ATRIBUIÇÕES.
CONGRESSO NACIONAL. Art. 49 da CF – Suas atribuições abrangem:
I - resolver definitivamente sobre atos internacionais que onerem o patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores (...)
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado(...)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente (...);
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentarou dos limites de delegação legislativa;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
SENADO FEDERAL. Art. 52 da CF – Suas atribuições abrangem:
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Atribuições do Poder Legislativo da União. Classificação pentapartida de José Afonso da Silva:
	a) ATRIBUIÇÕES LEGISLATIVAS: fazer as leis, de acordo com a competência, em observância ao processo legislativo e com a sanção do Presidente da República. Art. 48. Compete ainda ao Congresso Nacional criar suas leis internas, sem ingerência tácita ou explícita de quaisquer órgãos governamentais, muito menos internacionais.
	b) ATRIBUIÇÕES MERAMENTE ADMINISTRATIVAS: através de decretos legislativos ou resoluções. Consiste na prática de atos concretos, resoluções referendárias, autorizações, aprovações, sustação de atos, fixação de situações e julgamento técnico. Estão no art. 49. Não há participação do Presidente da República.
	c) ATRIBUIÇÕES DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE: através de vários procedimentos, tais como: 1) pedidos de informação, por escrito, encaminhados pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal aos Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento no prazo de trinta dias, bem como declarações falsas; 2) comissões parlamentares de inquérito; 3) controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas e da Comissão mista permanente a qual se refere o art. 166, §1º, e que compreende todas as atribuições contidas nos arts. 71 e 72 da Constituição (Seção IX, da Fiscalização contábil, financeira e orçamentária), culminando com o julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República; 4) fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta (art. 49, X); e 5) tomada de contas pela Câmara dos Deputados, quando o Presidente não as prestar no prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, ou seja, até 15 de abril (arts. 51, II, e 84, XXIV).
	d) ATRIBUIÇÕES DE JULGAMENTO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE: no julgamento do Presidente e Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles), a Câmara dos Deputados funciona como órgão de admissibilidade do processo e o Senado Federal como tribunal político, sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal. O Senado Federal julga também (sem o prévio juízo de admissibilidade pela Câmara dos Deputados) os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União.
	e) ATRIBUIÇÕES CONSTITUINTES: compreende emendas à Constituição.
Os artigos 49, 51 e 52 tratam de atos interna corporis que regulam competências não somente legislativas, mas também administrativas (executivas) e julgadoras.
PODER LEGISLATIVO. FUNCIONAMENTO.
Legislatura. Período de 4 anos, que corresponde ao mandato dos deputados. As legislaturas são divididas em 4 sessões legislativas (coincidem com o ano civil) e cada sessão legislativa é dividida em períodos legislativos, que vão de: 2 de fevereiro a 17 de julho, e 1 de agosto a 22 de dezembro (nos intervalos há recesso parlamentar). A sessão legislativa ordinária não será interrompida sem aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (art. 57, §2º). Não pode ser reapresentado projeto de lei ou de emenda constitucional nem reeditada medida provisória rejeitados no curso da mesma sessão legislativa.
Convocação Extraordinária. Ocorre em caso de urgência ou interesse público relevante com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional, por iniciativa o Presidente da República, Presidente da Câmara, Presidente do Senado ou por requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas (art. 57, §6º, da CF). O Presidente do Senado pode fazer a convocação extraordinária também nas hipóteses de decretação de estado de defesa, de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio ou para o compromisso e a posse do Presidente e Vice-Presidente da República. Não há pagamento de valor extra aos parlamentares. Congresso só deliberará sobre a matéria para a qual convocado, ressalvada a inclusão de MPs na pauta.
REUNIÕES CONJUNTAS. Ocorrem para inaugurar a sessão legislativa, para elaborar regimento comum ou regular criação de serviços comuns às duas Casas, para receber o compromisso do Presidente da República e Vice ou para conhecer do veto e sobre ele deliberar (art. 57, §3º, da CF). A direção dos trabalhos cabe à Mesa do Congresso Nacional (presidida pelo presidente do Senado).
TCU. ATRIBUIÇÕES E FUNCIONAMENTO.
O art. 74 da CF determina o controle interno fiscalizatório, mantido por cada Poder. Convivendo harmonicamente com este, é previsto o controle externo pelo Congresso, realizado com auxílio do TCU.
CF, Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
A fiscalização contábil, financeira e orçamentária pode ser vista sob três ângulos:
1. QUANTO À ATIVIDADE CONTROLADA:
	Aspecto controlado
	Contábil
	Financeiro
	Orçamentário
	Operacional
	Patrimonial
	Objeto analisado
	Contabilidade Pública
	Receitas e Despesas
	Execução do Orçamento
	Resultados
	Acréscimos e diminuições patrimoniais.
2. QUANTO AOS ASPECTOS: abrange o controle de legalidade dos atos; delegitimidade (exame de mérito a fim de verificar se, além de legal, a despesa é legítima, tal como a atender a ordem de prioridade estabelecida no plano plurianual); economicidade (a Administração Pública deve realizar as despesas da forma mais econômica possível ao erário); fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos; cumprimento de programas e metas.
3. QUANTO ÀS PESSOAS CONTROLADAS: abrange União, Estados, Municípios, Distrito Federal e entidades da Administração Direta e Indireta, bem como qualquer pessoa física ou entidade pública, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
OAB não se submete ao TCU. Segundo STF (ADIN 3.026/DF), OAB é entidade sui generis, não se enquadrando como mera autarquia. Como não se trata de mero conselho de classe de sorte que, por esse motivo, não estaria submetida à fiscalização pelo Tribunal de Contas.
TRIBUNAL DE CONTAS. Segundo doutrina, é órgão técnico, que não exerce jurisdição, apesar do emprego do vocábulo no art. 73 do CF. Seus atos são de natureza administrativa e podem ser controlados pelo Poder Judiciário. Segundo Pedro Lenza, TCU não está subordinado ao Poder Legislativo, sendo seu auxiliar. O TCU se compõe de 9 Ministros, tem sede no DF e exerce suas atribuições com relação a todo o território nacional.
Súmula 347 STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público”. Enunciado está em discussão no STF. No MS 25.888, discutia-se atuação do TCU, que reputou inconstitucional regulamento da Petrobrás sobre procedimento simplificado de licitação. Gilmar Mendes deferiu liminar suspendendo decisão do TCU. Não houve ainda decisão definitiva. Para Gilmar Mendes, a partir da CF88, com ampliação dos legitimados para a ADI, Súmula 347 deve ser reavaliada.
Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
ATRIBUIÇÕES DO TCU
Opinativa ou consultiva: elaboração de parecer prévio às contas anuais do Presidente da República; responder à consulta formulada por autoridade competente sobre matérias de sua competência (Lei orgânica do TCU, art. 1, XVII).
Fiscalizadora: realizar, por iniciativa própria ou do Legislativo, ou de comissão técnica ou inquérito, auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nos órgãos e entes do Poder Público; fiscalizar contas nacionais de empresas supranacionais que tenha capital da União; fiscalizar os recursos repassados por meio de convênio; acompanhar a arrecadação da receita a cargo da União e da adm. Indireta, mediante inspeção e auditoria ou por meio de demonstrativos próprios; efetuar o cálculo das quotas dos fundos de participação (art. 161 CF); decidir sobre denúncia em matéria de licitação e contratos administrativos; acompanhar a evolução patrimonial dos agentes públicos (Lei 8.730/93); acompanhar o cumprimento da LRF; regulamentar e fiscalizar a divisão dos recursos da CIDE.
De Julgamento de Contas: julgar as contas dos administradores e de todos aqueles responsáveis por recursos públicos, da Adm. Direta e Indireta e contas de quem der causa a prejuízo ao erário. Observação: As empresas públicas e as sociedades de economia mista, entidades integrantes da Administração Indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante seus bens estarem sujeitos ao regime de direito privado e a aplicação do regime celetista aos seus funcionários" ( MS 26117/DF- Distrito Federal).
De Registro: aprecia a legalidade da admissão de pessoal da Adm. Direta e Indireta, salvo cargo em comissão. Aprecia a concessão de aposentadoria, reformas e pensões, salvo melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.
Atenção: STF (MS27.682) exige observância de contraditório e ampla defesa quando decorridos mais de 5 anos entre data de ingresso do processo administrativo no TCU e a efetiva apreciação do registro de aposentadoria. Do contrário, é dispensada a participação do requerente, pois entende-se que ato complexo de aposentadoria não se aperfeiçoou.
Sancionadora: Aplica multa em caso de ilegalidade de despesa; declara a inabilitação (05 a 08 anos) para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança em casos graves; declara a inidoneidade do licitante por até cinco anos.
Corretiva: (IMPORTANTE) – fixa prazo para que o órgão ou ente corrija ilegalidades; susta, se não atendida a ordem anterior, o ATO IMPUGNADO, comunicando à Câmara e Senado; pode, ainda, adotar todas as medidas necessárias às correção das irregularidades em contratos, caso o Congresso ou o Executivo não o façam, inclusive determinando a anulação da avença.
Sanções. Podem ser de natureza civil e administrativa (ex: declaração de inidoneidade). Todavia, mesmo que o agente tenha praticado falta funcional, na forma da Lei n. 8.112, o TCU não tem o condão de impor sanção disciplinar.
PROCESSOS DE CONTAS: Modalidades de Contas
1) Tomada de contas anuais (ordinárias):
1.1 contas de governo: (arts. 49, IX e 71, I da CF) TCU elabora parecer prévio, cabendo ao CN julgar as contas. Alcança o Presidente da República, Presidente do STF, Presidente da Câmara dos Deputados, Senador e Tribunais Superiores, TJDFT e MPU.
1.2 contas de gestão: definidas no art. 71, II da CF. Devem expressar a legalidade, legitimidade e a economicidade dos atos administrativos que compreendem a gestão do administrador.
2) Tomada de contas especiais: decorre da omissão em prestar contas, não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, de que resulte dano ao erário.
JULGAMENTO DAS CONTAS: As contas podem ser julgadas das seguintes formas: a) regulares: exatidão contábil e de acordo com a legalidade e economicidade dos atos de gestão; b) regulares com ressalvas: quando evidenciarem impropriedade ou falta de natureza formal de que não resulte dano ao erário; determina-se a correção das irregularidades como forma de prevenir futuras falhas c) irregulares. Tribunal condena ao pagamento da dívida, atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora devidos, podendo, ainda, aplicar multa. A decisão é título executivo extrajudicial.
IMPORTANTE: Somente o ente da Administração Pública prejudicadopossui legitimidade para executar títulos executivos extrajudiciais cujos débitos hajam sido imputados por Cortes de Contas no desempenho de seu mister constitucional. O próprio TCU não tem essa legitimidade. (STF. RE 525663)
PRINCIPAIS ÓRGÃOS DAS CASAS LEGISLATIVAS
Mesa Diretora. Exerce funções de polícia, execução e administração. Tem a função de organizar os trabalhos em cada Casa. Na sua constituição, deve ser assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares da Casa respectiva. Existe a Mesa Diretora do Senado, da CD e do CN. A Presidência da Mesa do Congresso Nacional é do Presidente do Senado e os demais cargos serão ocupados pelos equivalentes na CD e no Senado.
Há vedação à recondução para o mesmo cargo da mesa diretora. Vedação só se aplica dentro da legislatura. A legislatura tem 04 anos e o mandato dos membros da mesa tem 02 anos, assim a mesma legislatura tem 02 mandatos. Quando a legislatura acaba, virá nova legislatura com um novo primeiro mandato e um novo segundo mandato. Os membros eleitos no 2º mandato da legislatura anterior não sofrerão a limitação do artigo para a eleição para o primeiro mandato da legislatura seguinte.
Comissões Parlamentares. São constituídas em cada Casa, compostasde número restrito de membros, encarregados de convocar autoridades, realizar audiências públicas, estudar, examinar e iniciar proposições legislativas e apresentar pareceres, etc. (art. 58, § 2º).
a) Comissão Representativa: Instituída no art. 58, §4º, tem a função de representar o Congresso Nacional durante o recesso parlamentar.
b) Comissões permanentes, técnicas ou temáticas: subsistem através das legislaturas, são organizadas em função da matéria, geralmente coincidente com o campo funcional dos Ministérios.
CF, art. 58, § 2º - Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
Comissão de Constituição e Justiça. Tem a incumbência de realizar o controle prévio de constitucionalidade das proposições.
Comissão de Finanças e Orçamento. Se manifesta em todas as proposições que afetem direta ou indiretamente o erário.
→ O art. 82, III, da Lei n.º 8.078/90, dá legitimidade à comissão do Poder Legislativo que cuide de matéria de consumidores (órgão despersonalizado) para a propositura de ação judicial que tenha por objeto a defesa do consumidor.
c) Comissões temporárias (ou especiais): extinguem-se com o término da legislatura ou antes dela, neste último caso, quando constituídas para opinarem sobre determinada matéria, tenham preenchido o fim a que se destinam. Exemplo: comissão especial que, anos atrás, estudou a problemática das terras de estrangeiros no país.
d) Comissões mistas: formam-se de Deputados e Senadores, a fim de estudarem assuntos expressamente fixados, especialmente aqueles que devam ser decididos pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de suas Casas. Podem ser permanentes ou temporárias. São exemplos as comissões mistas para emissão de pareceres sobre medidas provisórias (art. 62, § 8º) e para acompanhamento orçamentário (art. 166, § 1º).
COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO
É uma Comissão Parlamentar que, por sua relevância, recebeu regramento especial na CF. A primeira constituição que tratou da CPI é a CF/1934. Todas trataram de CPI exceto a CF/1937.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em conjunto ou separadamente, poderão criar tantas CPI’s quantas julgarem necessárias, respeitadas as limitações regimentais (v.g., número máximo de cinco CPI’s simultâneas, que foi julgado constitucional pelo STF) e observados os três requisitos constitucionais (art. 58, § 3º):
	Requisitos
	Observações
	“I - requerimento de pelo menos um terço dos membros de cada Casa ou de ambas (comissão mista);” 
Eis o requisito formal.
	O primeiro requisito, segundo Pontes de Miranda, constitui um verdadeiro instrumento das minorias contra as maiorias, já que bastam 1/3 dos membros para a instauração de uma CPI, mesmo contra a vontade dos outros 2/3. Em consequência, seria inconstitucional Lei Orgânica ou Constituição Estadual que estabeleça quorum superior ao 1/3. A redução, ao contrário, é aceitável.
	“II - apuração de fato determinado” (ou, mediante aditamento, conexo ou descoberto no curso da CPI); “
É o requisito material ou substancial
	O fato determinado objeto da CPI tem que ter uma relação federativa com a Casa que está apurando, ou seja, deve estar dentre as atribuições da Casa Legislativa, que estejam estabelecidas na CF. O STF permite que uma única CPI analise FATOS DETERMINADOS (no plural), assim, podem ser analisados fatos determinados ao mesmo tempo.
	"III - prazo certo. “
É o requisito temporal
	A CF não fala qual o prazo, mas os regimentos internos dos parlamentos estabelecem:
i. Regimento interno do Senado: 90 dias, e
ii. Regimento Interno da Câmara dos Deputados: 120 dias.
Esses prazos podem ser prorrogados desde que na mesma legislatura (é o prazo de 04 anos que coincide com o mandato do Deputado Federal, nos termos do parágrafo único do artigo 44, CF; o mandato do Senador corresponde a duas legislaturas).
PODERES DE INVESTIGAÇÃO PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES JUDICIAIS
Juiz tem poder de investigação? Na República Federativa do Brasil, o juiz não investiga porque é adotado o sistema processual penal acusatório (separação entre os órgãos de acusação, de defesa e de julgamento). Se o juiz não investiga por que a expressão? Quem elaborou não tinha técnica jurídica, assim o termo deve ser entendido como PODERES DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL PRÓPRIOS DAS AUTORIDADES JUDICIAIS. O JUIZ TEM PODERES DE INSTRUÇÃO.
A CPI NÃO PODE por AUTORIDADE PRÓPRIA, ou seja, sem a integração do Poder Judiciário:
a) Determinar a BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR.
b) Decretar prisão (subtração ou restrição da liberdade de locomoção).
c) Decretar a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (artigo 5º XII, CF).
d) Determinar constrição judicial ou medidas assecuratórias (artigo 125, CPP): arresto, seqüestro, hipoteca ou indisponibilidade de bens.
e) Proibir que o cidadão saia da comarca ou país.
A CPI PODE diretamente por AUTORIDADE PRÓPRIA, sem a integração do Judiciário, praticar os seguintes atos:
a) Afastar os sigilos bancário e fiscal do investigado.
b) Requisitar dados telefônicos.
c) Notificar testemunhas, informantes e investigados. (Se não comparecerem, pode determinar a condução coercitiva. Todos estão obrigados a depor na CPI, mas algumas autoridades podem marcar hora, dia e local, desde que razoáveis.
d) Prender em flagrante por falso testemunho a testemunha. O investigado NÃO é testemunha, não podendo ser preso por falso testemunho. A testemunha tem o direito de se calar em relação ao que possa produzir prova contra si, como direito a não auto-incriminação.
e) Prender em flagrante por desacato à autoridade. EXEMPLO: dar um tapa na cara do membro da CPI.
f) Determinar a realização de diligências. EXEMPLOS: vistorias, exames, perícias.
g) Requisitar (determinar) auxílio de servidores públicos. EXEMPLO: requisitar auditores da Receita Federal e do Banco Central.
O STF em 2004 (ACO 730, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 22-9-2004,) passou a decidir que as CPI’s estaduais também podem quebrar sigilo, em nome do pacto federativo, não tendo se manifestado quanto às municipais. Entretanto, o mesmo fundamento pode ser aplicado às CPI’s municipais. Há posição contrária, no sentido de que os municípios devem requerer isso ao juiz, como medida de segurança.
MS 23639 = possibilidade de existência simultânea de CPI e IP em curso.
HC 80089 = juiz não pode ser convocado pela CPI para explicar a sua sentença, ingerência de um poder em outro.
Não há necessidade de devido processo legal ou contraditório, pois o intuito é investigatório e não acusatório.
Toda decisão da CPI deve ser fundamentada – analogia ao art. 93, IX CF (INF 216, 243 E 239)
INDICAÇÃO DE REPRESENTANTES
 	Preenchidos os requisitos para a instauração da CPI e sendo esta um instrumento de defesa das minorias, o STF afirmou ser obrigatória sua constituição, devendo o PRESIDENTE DO PARLAMENTO nomear os representantes. Assim foi decidido pelo STF na CPI dos bingos. Os partidos políticos não nomearam representantes; em razão disso, dois Senadores impetraram MS para obrigar o Presidente do parlamento a indicar os representantes para a formação da comissão.
Os partidos políticos escolhem internamente os seus representantes para participarem da CPI. As CPI’s devem obediência ao princípio da REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL PARTIDÁRIA.
CONCLUSÃO DOS TRABALHOS. CPI não condena. Faz encaminhamento de suas conclusões ao MP, quando cabível. Documentos sigilosos obtidos não podem ser divulgados (tal como se dá como MP, o juiz, a autoridade policial). Devem ficar em sigilo até o trânsito em julgado da sentença condenatória, antes disso não se pode a qualquer pretexto a quebra do sigilo, isso é aplicado ao juiz, ao MP e à autoridade policial.
CONTROLE JUDICIAL DAS CPIS
As pessoas podem se insurgir contra as deliberações e decisões da CPI por meio de MS ou HC. Competência para MS ou HC: STF (MS e HC) pois CPI é do Congresso Nacional (art. 102 I d e c art. 5º XXXV CF).
Na esfera estadual, o competente é do TJ. Na esfera municipal, o competente é o juiz de piso.
Igualmente, as CPIs, sejam da CD, sejam do SF ou do próprio Congresso Nacional (CPMI), devem absoluto respeito ao princípio federativo, e, conseqüentemente, à autonomia dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, cujas gestões da coisa pública devem ser fiscalizadas pelos respectivos legislativos.
Ressalte-se que os eventuais abusos ou ilegalidades praticados pelas CPIs deverão ser controlados pelo Poder Judiciário.
ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS
É o regime jurídico administrativo e processual aplicável aos Deputados e Senadores.
Prerrogativas. Referem-se ao cargo de parlamentar (ratione muneris) e não à pessoa, sendo irrenunciáveis (STF, RTJ 155/399). Seu fundamento maior é a necessidade de independência e autonomia do parlamentar. São comumente classificadas da seguinte forma: imunidade material, imunidade processual, privilégio de foro, isenção do serviço militar, do júri e limitação ao dever de testemunhar. Segue-se uma breve análise de cada uma.
Súmula n.º 245 do STF: “A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa.”
Súmula n.º 704 do STF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”.
	IMUNIDADE FORMAL
	IMUNIDADE MATERIAL
	Prisão	
	
	Processo penal	
	
	- Existem em função do exercício da função parlamentar, não são privilégios das pessoas, mas prerrogativas de função. Assim não violam o princípio da isonomia.
- É uma garantia da própria sociedade, porque garante a independência do órgão que representa a vontade popular.
- Sempre existiram nas CF brasileiras.
- Por essa natureza são irrenunciáveis.
Foro por prerrogativa de função é uma faceta das imunidades.
Imunidade material ou INVIOLABILIDADE PARLAMENTAR. É cláusula de irresponsabilidade geral do Direito Constitucional material que subtrai a responsabilidade civil e penal do parlamentar, por suas opiniões, que não configurarão qualquer dos chamados crimes de opinião ou crimes da palavra, como os crimes contra a honra, incitamento ao crime, apologia de criminoso, vilipêndio oral a culto religioso etc. A imunidade material exclui o crime nos casos admitidos; o fato típico deixa de constituir crime, porque a norma constitucional afasta, para a hipótese, a incidência da norma penal. O STF havia fixado que não havia, tampouco, responsabilidade civil, amparado na inviolabilidade prevista no art. 53, e o entendimento foi explicitamente positivado pela E.C. n.º 35/01.
	Dentro da CPI, o que o parlamentar disser está amparado pela imunidade. Suplente de parlamentar não possui imunidade (Ministro Celso de Melo AP 665/MT INFO 667 Maio de 2012). O congressista afastado do cargo perde o direito à imunidade parlamentar e, via de conseqüência, há o término da suspensão da prescrição. (INQ 725-RJ).
 	Se o ato tiver sido praticado fora do Congresso Nacional deve guardar relação com a atividade parlamentar para ser alcançada pela imunidade. Se for praticado dentro do recinto, tem natureza absoluta, mesmo que não tenha relação com o mandato (STF). Inq 2330/DF*(Min Celso de Mello).
NATUREZA JURÍDICA: excludente de antijuridicidade ou de tipicidade, a depender da corrente que se adote.
 
VEREADOR: Celso de Mello INFO 640 setembro de 2011: “Tratando-se de Vereador, como sucede na espécie, a inviolabilidade constitucional que o ampara no exercício da atividade legislativa estende-se às opiniões, palavras e votos por ele proferidos, mesmo fora do recinto da própria Câmara Municipal, desde que nos estritos limites territoriais do Município a que se acha vinculado.
 
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (Foro Privilegiado)
CRIME COMUM. Pode ser anterior ao mandato, se ainda não julgado em definitivo, ou na vigência do mandato, seja ou não relacionado com o exercício de suas funções. A competência será do STF, para os deputados e senadores e do TJ competente, para os deputados estaduais, sendo que os vereadores não possuem privilégio de foro previsto na CF. Atos processuais praticados pelo juízo natural antes da investidura do réu no cargo que detém foro privilegiado são considerados válidos pelo STF. Após o término do mandato, o processo retornará à 1ª instância (na ADI 2797/DF e ADI 2860, o STF julgou inconstitucional a Lei n.º 10.628/02, que alterava o art. 84 do CPP).
IMPORTANTE: Na hipótese de o réu buscar a renúncia ao mandato com o escopo único de impedir que o julgamento ocorra, notadamente quando a prescrição estiver próxima, mantém-se, excepcionalmente a competência do STF. A corte entendeu que renúncia do parlamentar revelava abuso de poder e fraude processual (AP 396 – INFO 606).
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Definição da competência é tema polêmico. A CF88, ao prever foros por prerrogativa, não mencionou a improbidade administrativa, mas apenas ações penais. Há posição no sentido de que a aplicação da perda de cargos elevados na República por juízo de 1ª instância inverteria a hierarquia constitucionalmente definida. Há quem defenda o cabimento na 1ª instância de ações de improbidade pedindo apenas os demais efeitos que não a perda do cargo, quando houver prerrogativa.
Histórico. A Lei 10.628/2012 incluiu no art. 84 do CPP foro por prerrogativa de função para Improbidade Administrativa. Foi declarada inconstitucional pelo STF (ADI 2797), que interpretou restritivamente as hipóteses constitucionalmente definidas das competências dos tribunais. Na Recl 2138, em 2007, o STF afirmou que os agentes sujeitos à Lei 1.079/50 não respondem por Improbidade Administrativa, mas dois anos depois, a Corte Especial do STJ (Rcl 2790) viria a dizer que só o Presidente da República é imunizado pela CF nesse sentido (art. 85, V) e que, portanto, os demais agentes políticos se submetiam à LIA, havendo para eles foro por prerrogativa. Em 2013, a Corte Especial do STJ volta atrás (AgRg na Rcl 12.514) e conclui que a ação de Improbidade Administrativa deve ser processada nas instâncias ordinárias, ainda que proposta por titular de foro privilegiado.
PRISÃO: Somente é cabível no flagrante de crime inafiançável. E ainda assim a Casa irá decidir se mantém ou não a prisão em flagrante. É uma decisão política. Imunidade não abrange a execução da pena definitiva (STF, AP 396, 2013)
IMUNIDADE PROCESSUAL OU FORMAL. Ocorre tanto em relação à possibilidade de prisão (penal e civil) quanto em relação à instauração do processo.
Suspensão da Ação Penal. Pode ocorrer a qualquer momento antes do trânsito em julgado, por pedido do partido. Casa deve decidir em 45 dias. Suspende o processo e a prescrição.
Antes disso o STF recebe a denúncia ou queixa, cientificando, a seguir, a Casa Legislativa.
Para os crimes praticados antes da diplomação, não haverá incidência de qualquer imunidade formal em relação ao processo. A garantia da imunidade em sentido formal não impede a instauração e não possibilita a suspensão do inquérito policial contra parlamentar. A nova disciplina da imunidade formal, em face de sua natureza processual, tem aplicação imediata.
1.3.1.6 SIGILO DA FONTE
Limitação ao dever de testemunhar
Em princípio, os parlamentares têm o dever de testemunhar. Porém, o parlamentar não pode ser conduzido sob vara. Pelo princípio da independência e harmonia entre os Poderes, o juiz deve convidá-lo a prestar seu depoimento em dia e hora convenientes. Não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercíciodo mandato, nem sobre as pessoas que lhe confiaram ou delas receberam informações (art. 53, § 6º).
INCORPORAÇÃO ÀS FORÇAS ARMADAS: Depende de licença da Casa. Isenção do Serviço Militar: Não deixa de ser uma espécie de imunidade, porque o parlamentar fica imune a uma obrigação imposta pela Constituição a todos os brasileiros (art. 143).
ESTADO DE SÍTIO: § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001).
Dentro da Casa permanece a imunidade.
VEDAÇÕES OU INCOMPATIBILIDADES
Incompatibilidades: A Constituição Federal prevê, como forma de garantia da independência do Poder Legislativo, algumas proibições aos parlamentares, conhecidas como incompatibilidades.
As incompatibilidades, segundo Alexandre de Moraes, podem ser classificadas em funcionais (art. 54, I, ‘b’ e II, ‘b’); negociais ou contratuais (art. 54, I, ‘a’); políticas (art. 54, II, ‘d’) e profissionais (art. 54, II, ‘a’ e II, ‘c’). A Constituição não as estende aos cônjuges e parentes do parlamentar, até o segundo grau, o que é feito pelos Códigos de Ética e Decoro de algumas casas legislativas, especialmente em relação às incompatibilidades do art. 54, I, ‘a’ e 54, II, ‘a’.
Vale lembrar que o art. 38, I, da Constituição, contém outra incompatibilidade, ao proibir a acumulação de mandato eletivo com cargo público (EXERCÍCIO CONCOMITANTE), exceto para os vereadores, se os horários forem compatíveis.
	Por fim, conforme já decidido pelo STF, as restrições constitucionais inerentes ao exercício do mandato parlamentar não se estendem ao suplente (MS n.º 21.266/DF).
PERDA DE MANDATO. Pode se dar por cassação ou extinção.
EXTINÇÃO não tem natureza de sanção, embora termine a investidura eletiva. Decorre de fatos como a morte, a renúncia, o não comparecimento a certo número de sessões expressamente fixado (desinteresse que a Constituição eleva à condição de renúncia), perda ou suspensão dos direitos políticos”.
CASSAÇÃO é decretada devido a falta funcional definida em lei e punida com esta sanção. Os casos de cassação de mandato previstos no art. 55, incs. I, II e VI, são por voto ABERTO (EC76) da maioria absoluta da respectiva Casa. É instaurado um processo político para a decretação da perda do mandato. A decisão é constitutiva (art. 55, § 2º; “decidida”). Nos casos do art. 55, incs. III, IV e V, que são de simples extinção do mandato, a declaração pela Mesa é meramente declaratória (art. 55, § 3º; “declarada”).
MUDANÇA RECENTE – A EC76/2014 acabou com o voto secreto na perda de mandato de parlamentar e na apreciação de veto do Presidente da República!
Quebra do decoro parlamentar. É o ato que configura abuso das prerrogativas ou a percepção de vantagens indevidas, ou que incida em outros casos regimentais, §1º do art. 55 da CF. Ato pode ocorrer durante mandato atual ou no mandato anterior (STF, MS 23388/DF). Doutrina controverte sobre possibilidade de ato ser anterior a algum mandato de parlamentar e STF não tem posição específica sobre esse tema. Não cabe ao STF reexaminar o enquadramento, feito pela Câmara dos Deputados, de atos tidos como incompatíveis com o decoro parlamentar (Regimento Interno da Câmara dos Deputados, art. 244, § 2º).
§4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
	
MANUTENÇÃO DE MANDATO. CF, Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária;
[§ 3º - o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do mandato.]
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato.
Mudança injustificada de legenda = perda de mandato, pois este pertente ao partido/coligação, e não ao deputado. Inexiste direito subjetivo autônomo à manutenção pessoal do cargo.
Condenação Penal e Perda de Mandato. Tema não está pacificado. Na AP470 (Mensalão, 13.12.2012), o STF decidiu que o o § 2º do art. 55 da CF só se aplica – e, portanto, a perda de mandato só depende de deliberação do Poder Legislativo - nos casos em que (i) a sentença foi proferida antes da expedição do diploma, com trânsito em julgado posterior; e (ii) a condenação não abrangeu a perda de mandato por falta dos requisitos legais do art. 92, I, do CP.
Na AP565 (ago 2013), STF adotou entendimento diverso. Ao ocorrer o trânsito em julgado da condenação, se o réu ainda estiver no cargo, o STF deverá oficiar à Mesa Diretiva da Câmara ou do Senado Federal para que tais Casas deliberem acerca da perda ou não do mandato, nos termos do § 2º do art. 55 da CF/88.
PROCESSO LEGISLATIVO
PROCESSO LEGISLATIVO
FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO
O processo legislativo ordinário possui três fases: fase introdutória, em que ocorre a iniciativa legislativa; fase constitutiva, formada pelas emendas, deliberação ou votação e a sanção ou veto; fase complementar, em que ocorrem a promulgação e a publicação.
FASE INTRODUTÓRIA (INICIATIVA LEGISLATIVA) – São de iniciativa privativa ou exclusiva do Presidente da República as matérias previstas no art. 61, § 1º, da CF, que, em geral, dizem respeito à organização do Poder Executivo e aos seus servidores.
Destoa apenas a iniciativa relativa ao Ministério Público (alínea d: organização do Ministério Público, bem como normas gerais para a organização dessa instituição), que é concorrente com o Procurador-Geral da República. A propositura de Emenda Constitucional também consiste em hipótese de iniciativa concorrente.
Já o Supremo Tribunal Federal tem iniciativa da lei complementar que dispõe sobre o estatuto da magistratura (art. 93, CF) e das leis de criação e extinção de cargos e fixação de remuneração de seus serviços auxiliares, bem como a sua proposta orçamentária (art. 99, § 2.º, I, CF).
Os Tribunais Superiores têm iniciativa das leis de alteração do número dos membros dos tribunais inferiores; de criação e extinção de cargos e fixação de remuneração e subsídios de seus membros, dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, dos seus serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem vinculados.
No mais, a iniciativa é dos próprios parlamentares, além da iniciativa popular, que pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles (art. 61, § 2.º, CF).
A usurpação de iniciativa gera inconstitucionalidade formal do projeto de lei, sendo insanável, mesmo que a iniciativa seja do Presidente da República e ele sancione a lei (ADIn nº 1.391-2/SP). Dessa forma, a Súmula nº 5 do STF (“A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder Executivo”) foi superada pelo seu próprio entendimento.
FASE CONSTITUTIVA (DELIBERAÇÃO OU VOTAÇÃO) – A deliberação ou votação é geralmente precedida de estudos e pareceres de comissões técnicas (permanentes ou especiais), como, p. ex., a Comissão de Constituição, Justiça e Redação, que realiza o controle prévio de constitucionalidade da proposta. O art. 58, § 2.º, I, da CF ainda permite às comissões, em razão da matéria de suacompetência, votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa. Tal forma de votação é denominada de delegação interna corporis por Manoel Gonçalves Ferreira Filho, isto é, delegação do plenário para a comissão.
A apresentação de emendas é uma faculdade dos membros ou de órgãos das Casas Legislativas. Emendas são sugestões de modificação da matéria contida em projetos de ato normativo. Cumpre observar que não será admitida emenda parlamentar que importe em aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República (ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3.º e 4.º, da CF – matéria orçamentária), e nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público (art. 63, CF). Também não pode haver emenda no caso de delegação imprópria, que ocorre quando a lei delegada é submetida à votação pelo Parlamento (art. 68, § 3º).
Conforme a iniciativa, a discussão e votação dos projetos de lei iniciarão em uma ou outra Casa do Congresso Nacional. Assim, projetos de iniciativa dos Deputados Federais e dos Senadores, ou de Comissões, iniciarão a sua discussão e votação na Casa a que pertencer o parlamentar ou a Comissão. Já os projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, e dos cidadãos, bem como as medidas provisórias, terão início na Câmara dos Deputados (art. 61, § 2.º c/c art. 64, CF). Como tais matérias costumam ser as mais importantes, a Câmara acaba funcionando como casa iniciadora predominantemente, sendo o Senado a casa revisora. Havendo emendas o projeto retorna à casa iniciadora para análise, de sorte que a casa iniciadora pode fazer prevalecer seu posicionamento, o que é criticado pela doutrina, que entende ser esse papel típico do Senado. Após a votação, sendo a propositura aprovada, será objeto de autógrafo, que é a consolidação do texto com as emendas.
A sanção é a aquiescência do Presidente da República aos termos de um projeto de lei aprovado pelo Parlamento, podendo ser expressa (o Presidente expressamente manifesta a sua concordância com o texto no prazo de até quinze dias úteis) ou tácita (decorrido o prazo de quinze dias úteis, o silêncio do Presidente da República importa em sanção – art. 66, § 3º, da CF).
	O veto é a manifestação expressa irretratável de discordância do chefe do Poder Executivo com o conteúdo (parcial ou total) do projeto de lei aprovado pelo Legislativo. De acordo com a EC 76/2013, o veto será apreciado em sessão conjunta (não unicameral), dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores (art. 66, § 4º, CF). Após a EC 76/2013, não mais é analisado em escrutínio secreto. Esgotado esse prazo sem deliberação, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (art. 66, § 6º, CF). Se não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente (art. 66, § 5º, CF).
	O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea (art. 66, § 2.º, CF). Isso evita que o veto, por exemplo, de apenas uma palavra, altere substancialmente o sentido da norma legal. Idêntica proibição não se aplica ao controle concentrado de constitucionalidade, por meio do qual o STF pode extirpar meras palavras dos textos normativos.
	Veto jurídico ocorre quando o Presidente entende que o projeto é inconstitucional (controle prévio). Veto político ocorre quando o Presidente entende que o PL é contrário ao interesse público. O veto deve ser motivado e o Presidente deve comunicá-lo em 48 horas ao Presidente do Senado, encaminhando os motivos.
Os decretos legislativos e resoluções são dispensados de sanção ou veto, bem como as Emendas à Constituição, que são promulgadas pela Mesa das duas Casas (CF, art. 60, §3º).
FASE COMPLEMENTAR (PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DA LEI) – A promulgação é um ato legislativo de comunicação, aos destinatários da lei, de que esta foi criada com determinado conteúdo. Atesta que a ordem jurídica foi inovada, declarando a existência da lei, que passará, a partir desse momento, a gerar efeitos. Desta forma, a lei nasce com a sanção ou com a rejeição do veto, mas seus efeitos somente se produzem a partir da promulgação (esse é o entendimento amplamente majoritário, embora há quem afirme ser a promulgação o ato que transforma o projeto em lei).
	Em regra, é o Presidente da República quem promulga a lei. Não sendo por ele promulgada dentro de 48 (quarenta e oito) horas, se for o caso de sanção tácita ou rejeição de veto, o Presidente do Senado Federal a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, o Vice-Presidente do Senado irá fazê-lo (art. 66, § 7.º, CF).
	A publicação é o mecanismo pelo qual se transmite a promulgação da lei (declaração solene de sua existência e de seu conteúdo) aos seus destinatários. Com a publicação no Diário Oficial, presume-se de conhecimento público a existência e o conteúdo da lei e, por consequência, seu cumprimento obrigatório. A publicação é condição para a lei entrar em vigor e tornar-se eficaz. Segundo Pontes de Miranda, promulgação e publicação diferenciam-se pelos pressupostos e características. Quanto aos pressupostos, a promulgação refere-se à existência da lei e a publicação à eficácia; quanto às características, a promulgação refere-se à executoriedade e a publicação à obrigatoriedade.
	Promulgação
	Existência da lei
	Executoriedade
	Publicação
	Eficácia da lei
	Obrigatoriedade
HIPÓTESES DE TRANCAMENTO DE PAUTA
1) MEDIDA PROVISÓRIA (artigo 62, § 6º) - A partir do 45° dia após a publicação da MP. O prazo de 45 dias aqui é comum para ambas as casas legislativas.
2) URGÊNCIA PRESIDENCIAL (artigo 64, § 2º) - Em regra, não há tempo predefinido para a aprovação de um PL. Mas pode haver regime de urgência (processo legislativo sumário):
	§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
	§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.
	§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
	Cada casa tem 45 dias para apreciar o PL em regime de urgência. Se houver emenda, esta deve ser apreciada em 10 dias. Por essa razão, diz-se que o regime de urgência dura 100 dias (45 + 45 + 10). Se o prazo não for observado, tranca-se a pauta, exceto quanto às deliberações legislativas que tenham prazo constitucional determinado.
	
3) APRECIAÇÃO DE VETO (art. 66, § 6º) - Esgotado o prazo de 30 dias para apreciação do veto, ela acaba tendo precedência em relação às outras duas hipóteses de trancamento de pauta.
	É possível o desrespeito à ordem cronológica para análise dos vetos. O Min. Teori Zavascki (MS 31816 AgR-MC/DF, 2013) afirmou que, em face da inércia parlamentar, caso houvesse a aplicação rígida dos §§ 4º e 6º do art. 66, com eficácia retroativa, isso significaria um caos para a atuação do Legislativo e causaria insegurança jurídica, dado grande número de vetos aguardando apreciação pelo Congresso. Em razão disso, diante da singular gravidade do cenário fático e jurídico da situação em apreço, por maioria, o Plenário do STF deu provimento ao agravo regimental para revogar a medida liminar anteriormente concedida pelo Min. Luiz Fux, que determinou a observância da ordem cronológica dos vetos para que entãose analisasse a nova lei de distribuição dos royalties de petróleo.
Como será feito o destrancamento da pauta quando ocorrer simultaneamente as 3 hipóteses?
	MP
e
URGÊNCIA PRESIDENCIAL
	SESSÃO SEPARADA
	CADA CASA
	VETO
	SESSÃO CONJUNTA
	MESA DO CONGRESSO
	Vota primeiro a MP, por força do §2º do artigo 64, CF. Contudo, há quem defenda que o veto tem precedência até mesmo em relação à MP.
REJEIÇÃO DE PROJETO DE LEI E DE PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO
	Projeto de lei rejeitado pode ser reapresentado na mesma sessão legislativa? Em regra, não, aplicando-se o princípio da irrepetibilidade. Mas ele poderá ser reapresentado mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas (art. 67). Neste caso, surge mais uma hipótese de iniciativa: iniciativa de maioria absoluta dos membros de uma das casas em caso de rejeição do PL, na mesma sessão legislativa. O princípio da irrepetibilidade não é, pois, absoluto para os projetos de lei. Será apenas para as PECs (e para as MPs, no caso do Executivo).
PL – REJEITADO – POSSÍVEL A REPROPOSITURA NA MESMA SESSÃO (MAIORIA ABSOLUTA)
PEC – REJEITADA - IMPOSSÍVEL A REPROPOSITURA NA MESMA SESSÃO
CONTROLE PREVENTIVO JUDICIAL SOBRE O PROCESSO LEGISLATIVO
Legitimidade Ativa. STF não a reconhece a terceiros que invocam sua potencial condição de destinatários da norma, sob pena de criar controle preventivo em abstrato.
Hipóteses de cabimento, conforme Plenário do STF (MS 32033/DF, 20/6/2013). A regra é o do não cabimento de ação judicial de controle preventivo judicial de constitucionalidade. Há 2 exceções:
a) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva à cláusula pétrea; e
b) tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição que viola regra constitucional sobre o processo legislativo.
ATENÇÃO: a tramitação de projeto de lei com violação apenas de regimento interno da Casa é matéria interna corporis, não sujeita à apreciação do Judiciário. O Parlamentar tem direito líquido e certo apenas a não ser obrigado a participar de processo legislativo contrário à CF.
CLÁUSULAS PÉTREAS
Cláusulas pétreas são limitações materiais ao Poder Constituinte Derivado Reformador (poder de reforma da Constituição). São condicionantes relativas ao conteúdo, à matéria. São aquelas cláusulas que não podem sofrer redução, apenas ampliação.
CLÁUSULAS PÉTREAS EXPLÍCITAS as tendentes a abolir:
	a) a forma federativa de estado;
	b) o voto direto, secreto, universal e periódico;
	c) a separação dos Poderes;
	d) os direitos e garantias individuais.
Não se permite sequer a deliberação sobre proposta de emenda tendente a aboli-las. Daí dizer-se em cláusulas pétreas (art. 60, § 4.º).
Segundo o entendimento do STF:
1- todo o art. 5º é cláusula pétrea.
2- do art. 6º ao 17, só são cláusulas pétreas os princípios asseguradores da dimensão social, política e nacional; aqueles que são necessários à essência dessas dimensões, que garantem a existência dos mesmos. Só podem ser declarados diante do caso concreto. Ex.: já foi decidido que o princípio da proteção do trabalho é cláusula pétrea, art. 7º, I;
3- também são cláusulas pétreas outros princípios que decorram implicitamente do regime e dos princípios adotados pela constituição. É o que decorre do art. 5º, § 2º, da CF. Com fundamento nesse dispositivo, é que o STF já declarou serem cláusulas pétreas os princípios e limitações ao direito de tributar, que são decorrentes da própria sistemática da CF. Esses princípios são direitos e garantias individuais e também cláusulas pétreas.
• São limites IMPLÍCITOS do poder de reforma aqueles que, embora não escritos, decorrem da própria sistemática constitucional. Costuma-se apontar os seguintes limites implícitos:
1- inalterabilidade da titularidade do poder constituinte originário. O titular é o povo, através do consenso, o que está expresso no parágrafo único do art. 1º, constituindo o princípio da soberania popular. O Congresso Nacional não pode alterar esse princípio.
2- indelegabilidade da titularidade do poder constituinte reformador. Ex.: emenda autorizando o Presidente a emendar a Constituição. O Congresso é o único legitimado para alterar a Constituição, assim como o STF é o último intérprete da Constituição.
3- inalterabilidade do processo legislativo de reforma da constituição. No final do período revisional, o poder constituinte reformador tentou alterar o quorum para a emenda e marcar outro período revisional, o que não conseguiu devido ao limite implícito aqui mencionado. O processo legislativo de reforma é inalterável.
4- inalterabilidade dos limites explícitos, temporais, circunstanciais e materiais, como o art. 60, § 4.°.
5- impossibilidade de reforma constitucional que reduza a competência dos Estados, posto que tende a abolir a Federação.
6- impossibilidade de permissão da perpetuidade dos mandatos (sua temporariedade é assento do princípio republicano).
7- impossibilidade de modificação do critério de rigidez estabelecido pelo legislador constituinte para a reforma constitucional.
ESPÉCIES NORMATIVAS
1) EMENDAS À CONSTITUIÇÃO
 	As propostas de emendas constitucionais são de iniciativa de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República; ou de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros (art. 60, I a III, CF).
A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros, e será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (art. 60, §§ 2.º e 3.º, CF). Se a proposta de emenda for rejeitada ou havida por prejudicada, a sua matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, § 5.º, CF). (nem mesmo a pedido da maioria absoluta de cada Casa do Congresso, como ocorre com as demais espécies normativas)
 	Há vedações de natureza circunstancial e de natureza material à edição de emendas constitucionais.
 	As vedações de natureza circunstancial estão previstas no art. 60, § 1º, segundo o qual a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
As vedações de natureza material correspondem às cláusulas pétreas ou núcleo rígido da Constituição (art. 60, § 4º), impedindo que seja deliberada a proposta de emenda tendente a abolir:
	I - a forma federativa de Estado;
	II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
	III - a separação dos Poderes;
	IV - os direitos e garantias individuais.
Há, ainda, as vedações implícitas, que são as que impedem a supressão dos dispositivos de vedação de emendas constitucionais (art. 60) e as que proíbem a mudança de titularidade do poder constituinte.
Importante ressaltar que a E.C. n.º 45/04, atendendo às reivindicações de prestigiada doutrina, equiparou às emendas constitucionais os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros (CF, art. 5º, § 3º).
Importante destacar que, de acordo com a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais sobre direitos humanos celebrados e incorporados ao nosso ordenamento jurídico em momento anterior à EC nº 45/04 ou que não tenham passado pelo procedimento semelhante ao das emendas à Constituição, terão natureza supralegal, ou seja, permanecerão acima das leis infraconstitucionais, mas abaixo da Constituição.
2) LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA
Pode-se dizer que as matérias reguláveis por lei ordinária são determinadas em função daquelas da lei complementar, uma vez que somente poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente prevista na Constituição Federal, enquanto todas as demais matérias deverão ser objeto de lei ordinária (campo material residual).
	As leis complementares seguemo mesmo procedimento de elaboração das leis ordinárias, tendo como peculiaridade apenas o quorum de aprovação, que será, conforme o art. 69, da CF, por maioria absoluta.
 	Era bastante controversa no direito pátrio a existência de hierarquia entre as leis complementares e ordinárias. Contudo, a orientação atual do STF é de não existir hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, tratando-se de espécies legislativas com campos materiais distintos: Inexiste hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. O que há, na verdade, é a distribuição constitucional de matérias entre as espécies legais. 3. Agravo regimental ao qual se nega provimento.(re 348605 Dias Toffoli).
 	Se uma matéria de LO for tratada por LC, há duas posições:
a) LC é INCONSTITUCIONAL: os que defendem essa tese indicam que, em que pese o quórum qualificado de aprovação (argumento para salvar a lei), há uma efetiva VIOLAÇÃO AO PROCESSO LEGISLATIVO; se a CF determinou as matérias que seriam tratadas por LO e LC, não pode o parlamento decidir de forma diversa.
b) LC é CONSTITUCIONAL (STF): o STF reconhece a constitucionalidade, mas ressalva que a sua natureza jurídica é de LO, o que tem como conseqüência que poderá ser modificada no futuro por LO.
 	AR 1264/RJ: TRATADO INTERNACIONAL não pode tratar sobre matéria de lei complementar, somente sobre matéria de lei ordinária. Não se resolve o conflito entre LO e LC pela hierarquia, mas sim pela matéria.
Informativo 429 (RE-419629)
3) LEI DELEGADA
A lei delegada, prevista no art. 59, IV, e 68 da Constituição, é uma exceção ao princípio da indelegabilidade de atribuições de um Poder para outro. A delegação é para o Presidente da República, e chama-se delegação externa corporis, porque é para fora do Poder Legislativo. A delegação se faz por meio de resolução do Congresso Nacional (art. 68, par. 2º) e por solicitação do Chefe do Executivo ao Congresso Nacional. É possível que a Resolução estabeleça a necessidade de apreciação do projeto pelo CN (delegação imprópria), o que ocorrerá em votação única, vedada qualquer emenda.
São INDELEGÁVEIS:
- os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
- as leis sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público,
- a legislação sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos, eleitoral, e
- Legislação sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamento.
- Matérias reservadas à lei complementar.
4) MEDIDAS PROVISÓRIAS
Não são leis, mas tem força de lei. Existem matérias que não podem ser objeto de MP. Ver art. 62, §1º, CF.
Segundo Alexandre de Moraes, historicamente, não há dúvidas de que o antecedente imediato das atuais medidas provisórias é o antigo decreto-lei, previsto na Constituição anterior, com larga e abusiva utilização pelo Presidente da República. Apesar dos abusos efetivados com o decreto-lei, a prática demonstrou a necessidade de um ato normativo excepcional e célere, para situações de relevância e urgência. Pretendendo regularizar esta situação e buscando tornar possível e eficaz a prestação legislativa do Estado, o legislador constituinte de 1988 previu as chamadas medidas provisórias, espelhando-se no modelo italiano (Constituição da República Italiana de 1947, art. 77). Nelson Nery Jr. está entre os que criticam a sua manutenção no texto constitucional após a opção popular pelo Presidencialismo, haja vista ser uma espécie normativa típica do regime parlamentarista, em que a sua rejeição pode acarretar a queda do Primeiro-ministro, ao passo que no regime presidencialista não há qualquer sanção para o uso indevido da medida provisória.
A Emenda Constitucional nº 32, promulgada em 11 de setembro de 2001 teve como finalidade diminuir a excessiva discricionariedade na edição de medidas provisórias, prevendo uma série de limitações materiais, bem como a impossibilidade de reedições sucessivas.
A doutrina afirma que os Estados e Municípios podem editar medidas provisórias, desde que haja previsão na Constituição estadual e na Lei Orgânica.
Não pode versar sobre matérias entregues à lei complementar, as que não podem ser objeto de delegação legislativa, a matéria penal, processo civil, processo penal, nacionalidade, cidadania, direitos políticos e direito eleitoral, organização do MP e Poder Judiciário, leis orçamentárias, já aprovado em projeto de lei pendente de sanção do Presidente da República.
	Obs: MP que trate sobre majoração ou instituição de impostos, exceto os que não respeitem ao princípio da anterioridade, somente produzirão efeitos no exercício financeiro seguinte ao que tiverem sido convertidas em lei até o último dia do exercício em que editada.
	O art. 62 da CF/88 determina que, em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Uma vez editada, a MP permanecerá em vigor pelo prazo de 60 dias e será submetida, imediatamente, ao Poder Legislativo, para apreciação, nos termos do art. 62, incluídos pela EC nº 32/01, que disciplinam o processo legislativo especial das medidas provisórias.
	A EC nº 32/01 não só alterou o novo prazo constitucional de vigência das medidas provisórias, como também o disciplinou de maneira diversa da redação original do texto constitucional.
	O prazo será contado da publicação da medida provisória, porém, ficará suspenso durante os períodos de recesso do Congresso Nacional; diferentemente do que ocorria anteriormente, quando o Congresso deveria ser convocado extraordinariamente para reunir-se no prazo de 5 dias e deliberar sobre a MP. Assim, a medida provisória poderá excepcionalmente exceder o prazo constitucional de 60 dias, se for editada antes do recesso parlamentar. Por exemplo, uma medida provisória publicada em 14 de dezembro somente perderá sua vigência em 14 de março do ano seguinte, permanecendo em vigor por mais de 120 dias, em face da existência do recesso parlamentar de final de ano.
	Havendo, porém, convocação extraordinária, entendemos que o prazo constitucional das medidas provisórias não ficará suspenso durante os trabalhos legislativos, em face da nova redação do §8º, do art. 57, que determina sua inclusão automática na pauta de votação.
Controle de Constitucionalidade. Controle dos requisitos de relevância e urgência pode ser feito excepcionalmente, quando um deles se apresente objetivamente ausente (ADI-MC 2527). A lei de conversão da MP não convalida os vícios formais porventura existentes na MP (ADI-MC 3090).
RELEVÂNCIA E URGÊNCIA. O STF entende que a MP deve ser objeto de controle, no tocante aos pressupostos constitucionais (relevância e urgência), pelo Executivo e pelo Legislativo. Apenas excepcionalmente, quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva, pode o Judiciário analisar tais pressupostos. Não é mais cabível a reedição de MP. EXEMPLO: MP do plano real que foi reeditada por 70 vezes.
Se a MP for inconstitucional não há posição do STF tratando do assunto: se adepto da NULIDADE não será aplicada; se da anulabilidade, aplica-se a MP. ROBÉRIO: a ausência do decreto NÃO pode fazer valer a MP inconstitucional, não pode a omissão dar efeitos jurídicos ao ato inconstitucional. E se o decreto legislativo mandar valer a MP inconstitucional? Ou seja, é uma situação mais forte: apesar de inconstitucional a MP irá viger pelos dias? Se se admite que o STF pode, porque o Legislativo não poderá fazê-lo? Ou seja o STF pode dizer que a lei inconstitucional tenha validade.
	O Presidente editou a MP, que é convertida em lei. Irá a mesma para a sanção ou veto do Presidente? Se não houve nenhuma modificação, não precisa; se houve uma modificação do texto, deverá ser encaminhada para a apreciação do Presidente. As alterações que os parlamentares fizerem somente vão valer depois de aprovada a modificação pela lei de conversão, antes disso permanece a MP com o texto original.
O vício da MP contamina a lei de conversão? SIM.
Nas emendas dos parlamentares é possível emendarcom matéria de iniciativa privativa do PR? NÃO.
A MP pode ser objeto de controle de constitucionalidade? SIM. Proposta a ADI contra a MP, deferida uma cautelar, o prazo de aprovação da MP fica suspenso. Na decisão final da ADI, se a MP é tida por inconstitucional, ela desaparece, não podendo continuar a tramitar. Se é tida por constitucional, o prazo recomeça a ser contado. Se não foi deferida a liminar, a MP continua até a sua conversão, assim a inicial da ADI deve ser emendada para incluir a lei de conversão.
Quando o Presidente edita a MP não pode retirá-la? NÃO, pode até editar outra, mas não pode retirar a que foi editada.
As medidas provisórias anteriores à EC/32 ficam como? Nos termos do artigo 2º, da EC, se perpetuaram no ordenamento jurídico, não precisando ser apreciada pelo CN, ficaram todas válidas.
5) DECRETO LEGISLATIVO
 	Em geral, cabível nas hipóteses de matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49) e de efeitos externos. São eles os que referendam atos do Presidente da República, aprovam os que dependem de sua prévia autorização e que apreciam contas do Presidente da República. 
Quanto ao seu processo legislativo, há hipóteses em que a deflagração do processo formativo depende do Presidente da República, e em outras depende da iniciativa de membro ou comissão do Congresso Nacional. A discussão se passa no Congresso Nacional. A aprovação se dá por maioria simples (art. 47). Sendo de competência exclusiva do Congresso Nacional, não há sanção. A promulgação é feita pelo Presidente do Senado Federal, que o manda publicar.
6) RESOLUÇÕES
Resoluções são os atos de competência privativa do Congresso Nacional, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, geralmente com efeitos internos, utilizados para as competências previstas na Constituição (artigos 51 e 52) e nos respectivos regimentos internos. A Constituição prevê outros casos: delegação ao Presidente da República (art. 68, § 2º) e fixação de alíquotas de ICMS pelo Senado (art. 155, §2º, IV).
	Segundo Celso Bastos, “a promulgação é feita pela Mesa da Casa Legislativa que as expedir. Quando se tratar de resolução do Congresso Nacional, a promulgação é feita pela Mesa do Senado Federal.”
TRIBUTÁRIO: Regime Jurídico do Empréstimo Compulsório e das Contribuições em Geral. Preço Público. Pedágio.
REGIME JURÍDICO DO EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO 
[art. 148, CF]
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos, porém restituíveis. A obrigação de pagá-los não nasce de um contrato, de uma manifestação livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado. 
-competência exclusiva para instituição: União.
-instrumento normativo: Lei Complementar.
Características:
· Restituibilidade (obrigatoriamente em dinheiro)
· causalidade e vinculação: a aplicação dos recursos será vinculada à despesa que fundamentou a sua instituição. O empréstimo compulsório é um tributo de arrecadação vinculada.
Para relembrar: Tributo vinculado: quando o Estado de tem de realizar alguma atividade específica relativa ao sujeito passivo para legitimar a cobrança. A exigência não tem correlação com a destinação da arrecadação.
Tributo com arrecadação vinculada: necessidade de utilização da receita obtida exclusivamente com determinadas atividades. É o caso do Empréstimo Compulsório.
	
	EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS
	CALAMIDADE PÚBLICA OU GUERRA EXTERNA IMINENTE OU DEFLAGRADA
	INVESTIMENTO PÚBLICO DE CARÁTER URGENTE OU RELEVANTE INTERESSE NACIONAL
	Caráter emergencial
	Caráter urgente
	Constitui exceção ao princípio da anterioridade de exercício
	Obedece ao princípio da anterioridade (tanto anual quanto nonagesimal). Vide observação abaixo.
	Refere-se a despesas extraordinárias
	Refere-se a antecipação de receita
	Ambos por Lei Complementar
obs: a alínea “c” do art. 150, vi, foi incluída pela ec 42/2003, portanto é posterior ao inciso ii do art. 148. Logo, este dispositivo não afasta a incidência daquele.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
· Essas hipóteses (calamidade, guerra ou investimento público) não são os seus fatos geradores, os quais virão definidos em sua lei instituidora, são apenas os fatos que a autorizam o exercício da competência tributária da União. Em tese, qualquer fato econômico pode ser utilizado como gerador desse tributo, inclusive aqueles que já são os fatos geradores dos tributos ordinários (posição majoritária na doutrina).
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO – DISTINGUE-SE POR SER TRIBUTO RESTITUÍVEL E COM DESTINAÇÃO ESPECÍFICA 
O art. 20, § 1º, que estabelece a participação dos entes e de órgãos da administração direta no resultado de exploração de petróleo etc não cria tributo. Trata-se de receitas patrimoniais (compensação financeira). Não são receitas derivadas (patrimônio do particular), e sim receitas originárias, resultantes, direta ou indiretamente, da exploração de bens de propriedade do próprio Estado.
Como a definição de tributo, inserta no art. 3º do CTN, não contempla nenhum requisito relativo à definitividade do ingresso da receita tributária nos cofres públicos, o fato de o empréstimo compulsório ser restituível não retira a sua qualidade de tributo. 
IMPORTANTE: O art. 15, III, do CTN, prevê uma terceira situação, qual seja, “a conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo”. Contudo, tal previsão não foi recepcionada pela CF. 
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
RESTITUIÇÃO DO EC
O art. 15, parágrafo único, do CTN exige que a lei instituidora do EC fixe o prazo e as condições do resgate. Assim, a tributação não será legítima sem a previsão de restituição. Tal previsão seria até desnecessária, pois o resgate faz parte da natureza do tributo.
Segundo o STF, a restituição deve ser efetuada na mesma espécie em que recolhido. Geralmente é dinheiro. Este foi um dos fundamentos para a declaração de inconstitucionalidade dos empréstimos compulsórios sobre veículos e sobre combustíveis, surgidos conjuntamente ainda na vigência da CF/69. A devolução foi prevista não em dinheiro, mas em quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento. 
Exceção: do empréstimo compulsório instituído pela Eletrobrás (ADCT, ART. 34, 12º: “A urgência prevista no artigo

Continue navegando