Buscar

Caso Anna O. Resenha

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANNAÍS CORDEIRO FRUTUOSO
DANIELA BOTTEGA
ESTEFANI CECATTO 
INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE
II – CASOS CLÍNICOS – BREUER E FREUD
CASO 1 – SRTA. ANNA O. (BREUER)
A Srta. Anna O. ficou doente em 1880, com 21 anos, ela apresentava uma neuropatia moderada grave considerada hereditária já que havia casos em seus parentes distantes, antes de apresentá-la era uma jovem surpreendentemente saudável e dotada de um ótimo intelecto que a ajudava a aprender com rapidez,  era imaginativa sem perder o bom senso, não poderia se dizer que era sugestionável diante destas características,  somente um bom argumento a influenciava.
Era generosa e isso apareceu até mesmo quando se encontrava doente, seus humores oscilavam facilmente e, possuía uma noção de sexualidade quase que nula, em nenhum momento essa noção apareceu. Tinha uma vida calma e monótona no seio de sua família, o que provavelmente a levou em direção à doença foram seus “devaneios sistemáticos ou teatro particular", ao invés de prestar atenção ao que os outros a falavam ela imaginava cenas e histórias, exercia seu teatro durante o dia a dia quase ininterruptamente.
Podemos dizer que sua doença teve várias fases: (A) Incubação latente: fase em que a doença não é observável. (B) Doença manifesta: Uma psicose que apresentava parafasia, estrabismo convergente, perturbações da visão, paralisias, etc.(C) Sonambulismo alternado com estados normais.(D) Cessação gradual dos sintomas da patologia em 1882.
O pai de Anna adoeceu em julho de 1880, e morreu em abril de 1881, Anna era muito afeiçoada a ele, nos primeiros meses da doença dedicava-se somente a cuidar do pai, essa dedicação deteriorava sua saúde, ao proibirem-na de cuidar do pai a consequência imediata foi uma tosse, ao qual Breuer denominou "tussis nervosa típica", ela também mostrava uma necessidade de repouso a tarde, e ao anoitecer um estado semelhante a sono e uma intensa excitação. 
Logo após passar a exibir um estrabismo convergente,  e então cair de cama por um longo período, veio apresentando logo após uma série de dores e perturbações graves, contraturas tomaram primeiro o lado direito e após o lado esquerdo.  Neste período Breuer começa a tratá-la, percebendo seus dois estados de consciência diferenciados, no primeiro ela reconhecia o ambiente,  tinha melancolia e angústia, numa normalidade relativa. Já no outro tinha alucinações e ficava agressiva, nesse estágio se algo era retirado ou alguém entrava no quarto dizia ter "perdido tempo" fazendo comentários sobre as lacunas em seu consciente.
Breuer chamou de absences momentos que, por exemplo, ela parava no meio da frase, então repetia as últimas palavras e após uma pausa prosseguia, esses episódios aumentaram de forma gradual até que em poucos momentos do dia ela se encontrava num grau de normalidade com rápidas mudanças de humor.
Mais a tarde adormecia e uma hora após o pôr do sol, quando acordava, repetia "atormentando", ao mesmo tempo em que as contraturas a tomavam surgem também uma profunda desorganização funcional da fala que também avançou e chegou a certo ponto onde ficou quase que total desprovida de fala misturando palavras de diversos idiomas. Nesse momento Breuer diz que o mecanismo da doença se expôs, sendo o fato que ela se sentirá tão ofendida com algo que tomara a decisão de não falar a respeito e após falar a inibição desaparece. 
Essa ligeira mudança também trouxe a capacidade de utilização do lado esquerdo,  nesse período ela se expressava em inglês, sem perceber que o estava fazendo,  e após alguns meses se convenceu desse fato, e somente em momentos de ansiedade sua capacidade de fala desaparecia assim como o estrabismo se apresentava em momentos de excitação. Conseguiu então sustentar a cabeça e após levantou-se.
Seu pai faleceu quatro dias após ela levantar-se, ela o via pouco e foi um grande trauma psíquico, enfrentou então uma explosão de excitação e após foi tomada por um estupor do qual emergiu diferente, primeiro agindo mais tranquilamente,  os sintomas físicos acalmaram também, mas apresentava diminuição do campo visual, afirmava ser difícil reconhecer rostos. Dez dias após a morte do seu pai, outro médico foi chamado para opinar, e ela teve para com ele uma alucinação negativa, ele simplesmente não conseguia chamar-lhe a atenção, o que só se rompe quando ele sopra fumaça no rosto de Anna, que causou em Anna uma crise de raiva e ansiedade, após o acontecimento Breuer viaja e quando volta a encontra muito pior que a deixou,  tendo absenses mais assustadoras. 
A ordem de seu dia, no entanto seguia a mesma, estado sonolento a tarde, hipnose após o pôr do sol, ao qual durante ela narrava os acontecimentos do dia e despertava melhor, capaz de exercer atividades como escrever e desenhar até tarde.
Mas seu estado psíquico estava a se deteriorar, com os impulsos suicidas foi necessário mudar-se para uma casa de campo nas proximidades de Viena e essa mudança lhe causou três dias de insônia e sem alimentação alguma. Nesse período tentou suicídio mais algumas vezes, mas conseguia ter maior discernimento de que era uma alucinação quando tinha uma. 
Breuer então diz intuitivamente que, sua sonolência a tarde pode ser relacionada com o período que cuidava de seu pai, velando ele a noite e as tardes se deitando para repousar, após entrar na fase hipnótica e começava a murmurar “atormentando", já durante suas absenses diurnas ela criava situações ao qual dava pistas murmurando, se alguém o repetisse enquanto ela dizia ”atormentando" ela então retratava essa questão primeira parafrasicamente até chegar a uma linguagem fluente,  o ponto de partida, portanto era ser uma moça que se sentava ansiosa na cabeceira do pai doente,  quando não conseguia contar suas histórias durante a hipnose não conseguia se acalmar até contar duas histórias no dia seguinte.
Após a morte do pai, a paciente passou a apresentar histórias mais trágicas e sombrias, deixando a composição poética de lado, de uma forma menos livre das demais. Transformando-se em alucinações. Porém apresentava-se mais aliviada depois de reproduzir as imagens sóbrias e perturbadoras de forma verbal.
Anna ficou um tempo em uma casa de campo, onde não recebia visitas diárias. “A situação processou-se da seguinte maneira. Visitava-a à tardinha, quando sabia que a encontraria em hipnose, e então a aliviava de toda a carga de produtos imaginativos que ela havia acumulado desde minha última visita. Era essencial que isso fosse feito de forma completa se quisesse alcançar bons resultados. Quando isso surtia efeito, ela ficava perfeitamente calma e, no dia seguinte, mostrava-se agradável, fácil de lidar, diligente e até mesmo alegre; no segundo dia, porém, tornava-se cada vez mais mal-humorada e desagradável, o que se acentuava ainda mais no terceiro dia. Quando ficava assim, nem sempre era fácil fazê-la falar, mesmo em seu estado hipnótico.” A paciente descrevia esse método como “limpeza de chaminé” ou a cura pela fala. Ela sabia que quando dava expressões pra suas alucinações se sentia mais calma. Entretanto, nas noites que não se acalmava com as expressões verbais era necessário recorrer ao cloral. O uso de narcóticos já tinha sido evitado, porém no período que ficou no campo, quando não conseguia alívio hipnótico,e eram insuportáveis para Anna, então era recorrido ao uso do cloral, foi possível reduzir a dose de forma gradual.
O sonambulismo persistente não reapareceu, mas os dois estados de consciência continuaram. Ela tinha alucinações no meio de uma conversa, saia correndo, subia em arvores, etc. Quando interrompida por alguém retomava a frase que fora interrompida sem tomar conhecimento do que havia acontecido no intervalo. Mas ela relatava todas as alucinações em hipnose. 
Seu estado estava apresentando melhoras, de um modo geral. Ela ingeria alimentos sem ter dificuldade, e permitia que a enfermeira a alimentasse, com exceção do pão, A paralisia espástica da perna teve uma diminuição acentuada. Verificaram-se também melhoras em sua capacidade de julgamento,e ela ficou muito apegada a um amigo meu, o Dr. B., médico que a visitava.
Além da alucinação negativa que Anna apresentou para com o Dr. B. outro dos sintomas apresentados era a impossibilidade de beber água, a paciente vivia de sucos e frutas. Certo dia, durante a hipnose, contou a Breuer sobre o início de seu sintoma. Havia visto o cão de sua dama de companhia beber água em um copo dos que se usavam na casa, foi tomada de nojo, mas evitou falar com a senhora. Quando saiu do transe pediu um copo e bebeu normalmente. A partir de então, médico e paciente passaram a rastrear o início de cada sintoma e, um a um, eles foram desaparecendo.
A partir daí, a perturbação desapareceu de uma vez por todas. Vários outros caprichos extremamente obstinados foram eliminados de forma semelhante, depois de ela haver descrito as experiências que os tinham ocasionado. A paciente deu um grande passo à frente quando o primeiro de seus sintomas crônicos desapareceu da mesma maneira — a contratura da perna direita, que, é verdade, já havia diminuído muito. Esses achados — de que, no caso dessa paciente, os fenômenos histéricos desapareciam tão logo o fato que os havia provocado era reproduzido em sua hipnose — tornaram possível chegar-se a uma técnica terapêutica que nada deixava a desejar em sua coerência lógica e sua aplicação sistemática. Cada sintoma individual nesse caso complicado era considerado de forma isolada; todas as ocasiões em que tinha surgido eram descritas na ordem inversa, começando pela época em que a paciente ficara acamada e retrocedendo até o fato que levara à sua primeira aparição. Quando este era descrito, o sintoma era eliminado de maneira permanente.
Ou seja, foram removidos pela fala seus distúrbios de visão e de audição, as nevralgias, tosses, tremores e por fim seus distúrbios da fala.

Outros materiais