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Direito Constitucional OAB CONSTITUIÇÃO • Conceito: Conjunto de normas jurídicas, escritas ou costumeiras que regula a forma do estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do Poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua atuação, os direitos fundamentais do homem e suas respectivas garantias. OBS.: Forma de Estado = Estado Federativo ou Estado Unitário. Direitos fundamentais do homem e suas garantias = Escolha de seus representantes populares. O SENTIDO DA PALAVRA “CONSTITUIÇÃO” • Sentido Sociológico: → Seu precursor foi Ferdinand Lassalle, em 1853. → Tem que expressar os fatores sociológicos da sociedade – fatores reais do Poder, dentro de um contexto histórico. → Constituição Democrática. • Sentido Político: → Seu precursor foi Carl Schimitt (era o constitucionalista do Hitler), em 1928. → Constituição não deve observar os direitos e garantias do homem, mas sim, o conjunto das opções políticas fundamentais de um Estado. → Direitos e Garantias do homem seriam tema de uma declaração de direitos e não tema de constituição. → A Constituição que organiza o Estado. • Sentido Jurídico: → Seu precursor foi Hans Kelsen – Teoria do positivismo jurídico. → O que vale é o que está escrito na constituição. → Não tem que avaliar os aspectos axiológicos. Mônica Berrondo 1 Direito Constitucional OAB → Deve instituir um Estado de Direito, sendo o documento jurídico mais importante (de maior hierarquia) dentro do ordenamento jurídico, estabelecendo a “pirâmide de Kelsen”. → O que importa é a constituição escrita e não propriamente o seu conteúdo. → Todas as normas abaixo, hierarquicamente da Constituição tem que estar em harmonia com ela. → Nasce o princípio da supremacia da constituição e, em conseqüência, o controle de constitucionalidade das normas. • Novos Sentidos: 1) A Força Normativa: Precursor foi Konrad Hesse, em 1960. Retoma a idéia de fatores reais do Poder, de Ferdinand Lassalle (sentido sociológico). Contudo, deve ser algo a mais também, pois, se espelhar-se somente nos fatores reais de Poder vai demonstrar desigualdades sociais, etc., devendo ainda, o texto da constituição ser um fator de Poder, de fato (mais um fator de poder, aos lado dos fatores sociais), pis, tem força transformadora da sociedade, devendo ser um documento voltado para o futuro. 2) Constitucionalização Simbólica: Precursor foi Marcelo Neves. Envolve a positivação das normas de conteúdo programático, fruto da retórica dos detentores do Poder, som compromisso com a efetivação destas normas. 3) Constituição Dirigente: Precursor foi J. J. Gomes Canotilho. As constituições do século XX são recheadas de normas programáticas, as quais vão significar sempre um objetivo, uma diretriz, que conduz o Estado. A constituição no alto de sua hierarquização dirige os Poderes, para que estes efetivem as normas contidas na Constituição. A Constituição Federal Brasileira de 1988 segue esta linha. Mônica Berrondo 2 Direito Constitucional OAB CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 1) Quanto à forma: Pode ser material (ou substancial) e Formal: → Material ou Substancial: As normas que tratam da forma de Estado, força de governo, organização dos poderes, das distribuições das competências. Lembra a Constituição de Carl Schimtt (de sentido político). Na Constituição Federal Brasileira de 88 é encontrado nos artigos 21 a 24 e 84 – São normas que tratam da organização do Estado. → Formal: Representada por um documento escrito e solene, com ou sem conteúdo constitucional (ex.: Art. 242 § 2°, Constituição Federal). 2) Quanto à Elaboração: Pode ser Escrita (ou instrumentária) e Não escrita (ou costumeira). → Escrita ou instrumentária: Um conjunto de regras codificadas e sistematizadas em um único documento escrito. Pressupõe um único processo de elaboração que faz um bloco único de normas constitucionais. → Não escrita ou costumeira: Decorre da elaboração de regras não aglutinadas em um único texto escrito ou o fruto da consolidação dos usos e dos costumes. Chamada também de Consuetudinária. Está em diplomas jurídicos diferentes. 3) Quanto à Origem: Podem ser Promulgadas (democrática ou popular), Outorgadas, Pactuadas e Cesarista. → Promulgadas (democrática ou popular): É o caso da Constituição Federal brasileira de 88. Decorre de um processo legitimo, de elaboração de suas normas e representa a vontade Mônica Berrondo 3 Direito Constitucional OAB soberana do povo. Tem a ver com o sentido sociológico de Ferdinand Lassalle. → Outorgadas: Elaborada sem a participação popular e imposta autoritariamente pelo detentor do poder. É antidemocrata, pois é feita sem a participação popular e é imposta à sociedade. As Constituições Federais Brasileiras dos anos de 1924, 1937, 1967 e 1969 são exemplos. → Pactuada: Fruto do resultado de um pacto ou compromisso entre forças políticas rivais (normalmente para por fim a guerras ou conflitos entre classes). → Cesarista: Aquela que é elaborada pelo monarca (unilateralmente) e submetida ao plebiscito ou referendo popular, dependendo da ratificação popular. 4) Quanto à origem: Podem ser Super Rígidas ou imutável; Rígida, Flexível; Semi rígida ou Semi flexível. → Super Rígidas ou Imutável: É aquela em que não há qualquer previsão de alteração do seu texto, por isso o seu texto será imutável, solidificado, eterno, não podendo ser alterado. → Rígida: Prevê um processo legislativo de alteração das suas normas. Não é eterno o texto desta constituição. O processo Legislativo para alteração será mais solene, diferenciado e complexo. A Constituição Federal brasileira de 88 aqui se enquadra. → Flexível: Não exige nenhum procedimento especial para alteração de se texto, basta, portanto, o simples processo legislativo ordinária, em conseqüência, a hierarquia da constituição irá se equiparar a das leis ordinárias. → Semi Rígida ou Semi Flexível: Aquela em que algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário e Mônica Berrondo 4 Direito Constitucional OAB outras somente podem ser alteradas pelo processo legislativo mais complexo (através de Emendas Constitucionais). 5) Quanto à Extensão: Podem ser Analíticas (Prolixas ou extensas) ou sintética (breve ou concisa). → Analíticas (prolixas ou extensas): Tendência da cultura jurídica Romana. Normalmente vista quando a Constituição é elaborada após um grande conflito social, como ocorreu no Brasil, na época das “Diretas Já!”. → Sintéticas (Breves ou Concisas): Trata apenas dos temas centrais, as regras básicas e nada mais, abrindo grande margem para interpretação constitucional feita pela doutrina. É a tendência dos países de cultura jurídica anglo saxônia. ESTRUTURA DAS CONSTITUIÇÕES • Toda Constituição é formada por Preâmbulo, Parte Dogmática e Parte Transitória. Preâmbulo: Uma exortação da própria constituição. Parte Dogmática: Texto permanente da constituição – É o conjunto dos dispositivos constitucionais que formam a constituição escrita em um único documento (encontrada em toda nossa Constituição Federal de 1988, do artigo 1° até o último artigo). É elaborada para o presente e para o futuro. Parte Transitória: ADCT/88 – É a parte do texto constitucional que regulamenta a transição entre o direito preexistente e a nova ordem constitucional. É voltada para o passado. (ex.: Constituição Federal brasileira – ADCT/88 – Territórios transformados em Estados). Mônica Berrondo 5 Direito Constitucional OAB ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO 1) Preâmbulo: Uma apresentação da própria constituição à sociedade. É o Poder Constituinte entregando a Constituição Federal ao povo. *O preâmbulo faz parteda Constituição Federal: -1ª Corrente Doutrinária: Sim, para todos os efeitos, inclusive é dotada de força normativa. -2ª Corrente Doutrinária: Não, pois, o preâmbulo introduz o texto constitucional, mas não é dotado da mesma força normativa. OBS.: *O Estado Brasileiro é Laico, ou seja, não tem religião definida como oficial. * A expressão “Sob a proteção de Deus” não contem força normativa ou vinculante e por essa razão não é parâmetro para o controle de constitucionalidade. Não é norma de reprodução obrigatória nas constituições estaduais. 2) Parte Permanente: Se projeta para o futuro. É a parte rígida da Constituição Federal (encontrado no primeiro ao último artigo). Toda a parte permanente é parâmetro para o exercício do controle de constitucionalidade, independente do seu conteúdo. É fruto de um Processo legislativo complexo, rígido de elaboração. 3) Parte Transitória: Se projeta para o passado. É o conjunto dos dispositivos que vai realizar a transição entre a realidade e o direito preexistente e a nova ordem constitucional. ADCT – tem normas de eficácia exaurível. São parâmetros para o controle de constitucionalidade. OBS.: Não existe direito adquirido diante da norma ordem constitucional. Mônica Berrondo 6 Direito Constitucional OAB CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS Segundo José Afonso da Silva 1) Normas Constitucionais de Eficácia Plena: → São aquelas que têm incidência imediata e integral, independentemente de Lei posterior regulamentadora. → Se distingue das demais porque o dispositivo constitucional não cita, não comenta, não exige a criação de nova lei infraconstitucional, ou seja, não faz referência a uma outra Lei. → Exemplos: São todos os elementos orgânicos da Constituição Federal. Arts 20 a 23 (são normas constitucionais auto aplicáveis). Art 5° § 1°. 2) Normas Constitucionais de Eficácia Contida: → Tem aplicabilidade direta e imediata, mas, não integral, dependendo da edição de complemento normativo infraconstitucional (leis restritivas de direito) para que, então, tenha aplicabilidade integral que lhe falta. → Na falta de Lei que o complemente, vale o direito fundamental em sua inteireza. → Exemplo: art. 5°, inciso XII Constituição Federal (Leis restriti 3) Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: → São normas que deixam a cargo do legislador ordinário a tarefa de dar-lhe regulamentação e exeqüibilidade. → Não tem aplicabilidade direta, dependendo, portanto, da edição do complemento normativo. → Podem ser: 3.1) Princípio Institutivo: Aquele que cria e organiza órgãos, entes, ações do Estado. Exemplos: Art. 90 § 2° da Constituição Federal – trata da criação do Conselho da Republica – através de lei que o regule. Art. 102 § 1° da Constituição Federal – institui um tipo de ação (ADPF) e a Lei 9882/99 a regula. Mônica Berrondo 7 Direito Constitucional OAB 3.2) Princípio Programático: É o princípio adotado pelo STF. São normas que instituem metas, diretrizes, programas, de atuação para poderes constituídos. Terá aplicabilidade postergada. A aplicabilidade depende das Leis e dos atos que vão instituir os seus valores. Ex.? Art. 3° da Constituição Federal – erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades – mesmo que não haja o complemento, as normas constitucionais de eficácia limitada, de princípio programático ainda gozam de uma eficácia mínima, que significa força paralisante e impeditiva da edição de normas legais contrarias a constituição. Pode ainda se tomar como parâmetro de controle de constitucionalidade. Exemplos: Artigos 170, III; 196 e 205, todos da Constituição Federal. PODER CONSTITUINTE • Evolução e Conceito: Segundo Abade Siejés → Constituição escrita com o retrato dos interesses da sociedade. → Poder Constituinte é poder supremo, capaz de criar ou alterar a ordem jurídica do Estado, organizando-o, delimitando seus poderes e, por fim, editando normas constitucionais: O povo e o verdadeiro soberano. → Poder constituinte é diferente dos poderes constituídos. → Poder Constituinte é a fonte guardadora dos poderes constituídos. → Poder Constituinte não tem um pressuposto jurídico. → A natureza jurídica do Poder constituinte é uma manifestação social, é um poder de fato e não de direito. • Classificação: 1) Originário: Se manifesta com a criação de novas ordens jurídicas constitucionais com a feitura de uma nova constituição. 2) Derivado: Poder que significa aptidão para modificar a constituição. Se manifesta a partir do Poder de Reforma Constitucional (Emenda e Revisão). Mônica Berrondo 8 Direito Constitucional OAB 3) Decorrente: Poder de editar constituições estaduais. Só existe em Estados Federados. Obs.: Lei Orgânica – só a do DF é manifestação do Poder Constituinte Decorrente. Quanto as Leis orgânicas dos municípios, a corrente majoritária da doutrina diz que ao é manifestação do Poder Constituinte Decorrente. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO • Conceito: É o poder de elaborar uma nova constituição, rompendo com a norma constitucional vigente e instaurando uma nova ordem. -Pode ser de primeiro grau ou genuíno – sinônimos do Poder Constituinte Originário -É uma ruptura com a norma constitucional anterior. • Características: 1) Inicial: É um poder inicial, iniciando uma nova ordem jurídica e, por isso, não precisa de uma autorização jurídica anterior ou de um Poder Procedente. Nada precede o Poder Constituinte. 2) Ilimitado: Não se vincula ou subordina a nenhuma norma anterior, estando livre para dispor de qualquer forma, sobre qualquer tema. OBS.: no que tange a garantia dos direitos fundamentais não é ilimitado, com base no princípio da vedação do retrocesso social, segundo a doutrina explica. NA OAB É ILIMITADO E PRONTO! 3) Incondicionado: O poder Constituinte não está condicionado por nenhuma regra de manifestação, não havendo procedimento legislativo prévio para o seu exercício. 4) Extraordinário: Se manifesta de forma esporádica, um capitulo especial na vida política de um país. Está relacionada com a constituição escrita ou rígida. 5) Soberano: Para dispor sobre a organização de um novo Estado. Mônica Berrondo 9 Direito Constitucional OAB • Classificação: 1) Poder Constituinte Originário Histórico ou Fundacional: Se manifesta com a criação original de um novo Estado, até então não existente. Se manifesta uma única vez. 2) Poder Constituinte Originário Revolucionário: Decorre de um processo violento ou ruptura com a ordem constitucional anterior, através de guerra, lutas armadas, revoluções, etc. Ex.: Constituição Federal Francesa depois da Revolução Francesa; Constituição Federal Brasileira de 37 e 64. 3) Poder Constituinte Originário Não Revolucionário: Porque significa a criação de uma nova ordem constitucional sem violência ou sem a ruptura da ordem. Fruto de um processo de evolução da sociedade que, pacificamente resolve instaurar uma nova ordem constitucional. Ex.: Constituição Federal Brasileira de 1988. PODER CONSTITUINTE DERIVADO Também chamado de: Constituído, de 2° grau, instituído, secundário e de revisão. Não pode alterar as normas constituintes relativas aos limites do poder derivado. 4) Conceito: É o poder de reforma e adaptação que permite a mudança do texto da constituição rígida, adaptando-a às necessidades de uma nova realidade e à dinâmica dos “fatores reais do poder”, sem que seja preciso recorrer-se ao poder constituinte originário. 5) Características: • Derivado: Decorre de um outro poder (poder constituinte originário) e, portanto, é expressamente prevista no texto constitucional. Mônica Berrondo 10 Direito Constitucional OAB • Subordinado:Está adstrito aos limites impostos pelo poder originário, sendo que, o exercício do poder derivado é limitado por regras que estão contidas na própria constituição. A atuação é preestabelecida pela norma constitucional. • Condicionado: é condicionado às normas, formas e ao procedimento legislativo previsto na constituição escrita. 6) Classificação: A) Poder Constituinte: • Derivado – Reformador: Poder de alterar a norma constitucional originária, adaptando-a a nova realidade. • Reforma via Emenda: Trata-se de procedimento ordinário e permanente de alteração do texto constitucional, através de emendas constitucionais, com processo legislativo mais rigoroso. A atuação será pontual, especifica. É ainda feita na parte permanente ou dogmática da constituição (art. 60 Constituição Federal). • Reforma via Revisão: Trata-se de procedimento extraordinário, esporádico e provisório de alteração do texto constitucional, com a prerrogativa de realizar reformas de forma global da norma constitucional, com processo legislativo mais célere e menos rigoroso do que o processo legislativo previsto para emenda, podendo ainda ser eito na parte transitória da constituição (ADCT). • Diferença entre reforma via emenda e reforma via revisão: São os seus critérios e atuação do processo legislativo. B) Poder Constituinte Decorrente: Abrange a capacidade para elaborar as constituições estaduais dos entes da Federação. É um desdobramento do poder originário (inicial). É limitado pelo poder constituinte originário (art. 25, caput, Constituição Federal). É uma manifestação do principio Federativo.Não é poder constituinte decorrente a edição das Leis Orgânicas dos Municípios, pois, tal trata- se de manifestação de um poder constituído originário. Não irá ocorrer nos estados unitários (ou seja, os estados sem estados membros, com poder centralizado). Mônica Berrondo 11 Direito Constitucional OAB Limitações do Poder Constituinte Derivado: 1) Limites Circunstanciais: São restrições quanto ao momento da reforma constitucional, fé forma a impedir que o poder constituinte derivado se manifeste em períodos de crises político-institucional. 2) Limites Temporais: Referem-se ao tempo e a periodicidade da atuação do poder de reforma. A nossa Constituição Federal só traz limites temporais para o poder de reforma na revisão constitucional. 3) Limites Formais: Abrange o processo legislativo especial, complexo e mais rigoroso previsto pela Constituição Federal, diverso do processo legislativo ordinário. 4) Limites Materiais: Envolvem os temas de mais relevância para o Estado, garantidores da sua integridade, insuscetíveis a reforma constitucional. São as clausulas pétreas. a. Explícitos: temas que não podem ser reformados, pois estão expressamente elencados no rol das cláusulas pétreas (art. 60 § 4° da Constituição Federal). b. Implícitos: Trata-se de limites impostos ao conteúdo, ao sentido e ao espírito do texto constitucional que protegem as cláusulas pétreas e as opções políticas fundamentais do Estado. Trata-se, portanto, de assuntos não expressos no art. 60 § 4° da Constituição Federal, mas que também são imunes às reformas constitucionais. 1°) Não podem ser alteradas as disposições constitucionais que tratem das opções políticas fundamentais 2°) Não pode ser alterada a titularidade do Poder Constituinte Originário. 3°) Não podem ser alteradas as regras relativas ao processo de emenda ou de revisão constitucional. 4°) Não se pode incluir na Constituição Federal a possibilidade de revisão total de seu texto. Mônica Berrondo 12 Direito Constitucional OAB Mutação Constitucional: A norma constitucional ao submeter-se às influências da realidade, política e social, pode sofrer mutações, processo de alteração do conteúdo da norma constitucional sem mudança de suas formas textuais. Repristinação Constitucional: Em regra não se admite no Brasil, segundo o art. 2°, § 3° da LICC, salvo nos termos do art. 11. §2° da Lei 9868/99, desde que o SRF não se expresse em sentido contrário, tratando-se, pois, de repristinação por inconstitucionalidade. O STF tem admitido a repristinação constitucional não apenas em face de decisões liminares, como também das decisões definitivas de declaração de inconstitucionalidade, com redução de texto. Dupla Revisão Constitucional: não é admitida no Brasil. É, na verdade, um golpe de estado. É o procedimento de alteração do texto constitucional em 02 etapas, são elas: 1°) São suprimidas as clausulas pétreas e são eliminadas as limitações ao poder de reforma. 2°) Elaborar as normas constitucionais sem limites, especialmente os limites materiais. ARTIGO 60 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Subseção II Da Emenda à Constituição Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. Mônica Berrondo 13 Direito Constitucional OAB § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Iniciativa da PEC (limitação formal) → 1/3 dos componentes da Câmara dos deputados ou do Senado federal. → Presidente da Republica → Mais de ½ das Assembléias legislativas – Maioria relativa. §1° - Limitação Circunstancial. § 2° - Processo: → Votação bicameral, em 2 turnos de cada uma das casas (câmara dos deputados e senado federal), com quorum de 3/5. OBS.: Art. 5°, § 3° Constituição Federal: Em tratados referentes a direitos humanos, aprovados em 3/5 na Câmara dos deputados e no Senado federal, são equivalentes a Emenda constitucional. §3° - Limitação formal → Emenda constitucional não se subordina a aprovação do presidente da republica, sendo assinadas pelos presidentes da câmara dos deputados e do senado federal. §4° - Limitação material § 5° - Limitação formal. Mônica Berrondo 14 Direito Constitucional OAB EMENDA REVISÃO Limitação Temporal Não há Uma única vez 5 anos após a promulgação da Constituição Federal de 1988 (art. 3° ADCT) Votação e Deliberação Bicameral (Câmara dos Deputados e Senado Federal) Em 2 turnos Unicameral (Congresso Nacional) Em um único turno Quorum 3/5 dos votos Maioria Absoluta Limitação Material Materiais Materiais Federação ou Estado Federado: É uma forma de Estado que leva em consideração a descentralização geográfica (as atividades e o poder são descentralizados) criando uma espécie de Estado composto, gerando pluralidade de entes governamentais (diversas esferas da administração / governo). Classificação das formas de Estado: o Unitário: É aquele caracterizado pela concentração territorial do poder com um único ente dotado de poder político no territorialestatal (não reparte o poder / competências; não cria outras esferas de poder). O Brasil já foi Estado Unitário no período do Brasil Império – Constituição Imperial de 1824. Mônica Berrondo 15 Direito Constitucional OAB o Composto ou Complexo: Caracterizado pela divisão territorial do poder, gerando uma pluralidade de entes governamentais dotados de autonomia, cabendo ao poder central o exercício da soberania. Características Essenciais do Estado Federal: o Existência de uma constituição rígida que organiza o Estado Federado. O próprio texto constitucional organiza o Estado e determina a repartição das competências. o Estado Federado como o único ente dotado de soberania. o Entidades Federativas dotadas de autonomia (relações internas). o Impossibilidade do direito de Secessão (impossibilidade de se desmembrar / separar do Estado Federal; a Constituição Federal não prevê esse direito). Essa característica se traduz no princípio da indissolubilidade do Estado Federal (art. 1°, caput, Constituição Federal). o Repartição de competência entre os entres: competências legislativas ou administrativas. o Participação das entidades federativas na formação da vontade nacional (número igual de senadores para os entes federados), através do Senado, que é formado por representantes eleitos paritariamente nos estados e no DF. o Controle de constitucionalidade – é a garantia de que os entes da federação não irão invadir as competências legislativas alheias. O controle de constitucionalidade que preserva o pacto federativo analisa a constitucionalidade formal das leis estaduais. o Existência de uma corte constitucional que atue como guardiã da Constituição Federal. Mônica Berrondo 16 Direito Constitucional OAB Aspectos do Federalismo Brasileiro – Constituição Federal/88: o Formação: Federalismo por desagregação ou Federação Centrífuga, em que há preferência das competências. OBS.: Desagregação – 1981 – mudança de governo (monarquia para república), mudança de Estado (unitário para fechado) e substituição da religião oficial por um Estado Laico. o Entes Iguais: Não existe hierarquia entre os entes da federação União: Poder central Estado: Poder regional DF: Poder regional Municípios: Poder local ↕ Federalismo Tricotômico OBS.: Mais uma vez se afastou do federalismo norte americano, ou seja, o federalismo dual (estados membros e poder central). o Posição dos Municípios: Os municípios fazem parte do pacto federativo como uma verdadeira entidade federativa dotada de autonomia. O município não tem participação na formação de vontade nacional. Ao editar suas leis organizas, o município não realiza um poder constituinte decorrente, ou seja, não edita constituições estaduais. o Figura dos Territórios: ADCT arts. 14 e 15. Os territórios não fazem parte do federalismo, ou seja, não são entes federativos, são uma descentralização administrativa dos poderes da União Federal denominados de autarquias territoriais, dotadas de personalidade jurídica própria de direito público (não tem autonomia política). Ex.: Fernando de Noronha foi incorporado no Estado de Pernambuco. o Criação dos Territórios: Mônica Berrondo 17 Direito Constitucional OAB Consulta Popular (plebiscito). Edição de Lei complementar. Parecer não vinculante das Assembléias Legislativas. OBS.: O território pode ser dividido em municípios; o governador é nomeado pelo Presidente da República com a aprovação do Senado Federal (art. 84, XIV, Constituição Federal); o território não elege senador (porque não tem autonomia política), mas elege deputados em número de 04 deputados federais (art. 45 § 2° Constituição Federal). Vedações Constitucionais de Natureza Federativa (art. 19, Constituição Federal): o Embaraçar funcionamento de cultos religiosos; o Recusar fé dos documentos públicos; o Criar distinções entre brasileiros de preferências entre si. Componentes do Estado Federal: o União: dois aspectos: Visão Externa: representa a Republica Federativa nas relações externas, internacionais. A república Federativa do Brasil é pessoa jurídica de direito público externo que exerce a soberania nas relações internacionais. Visão Interna: É a União Federal nas relações de direito constitucional. É pessoa jurídica de direito público interno dotada de autonomia política administrativa, financeira e tributária. o Bens da União – Art. 20, I a XI da Constituição Federal: Inciso II: Terras devolutas são bens do Estado, salvo as indispensáveis a defesa das fronteiras, das fortificações e Mônica Berrondo 18 Direito Constitucional OAB construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental. OBS.: *Terras devolutas (devolvidas): são todas aquelas que não são utilizadas pelo poder público nem estão destinadas a fins específicos, em regra pertencem ao domínio público dos Estados, excedo a hipótese do inciso II do art. 20 da Constituição Federal. *Bens públicos desafetados: são aqueles que não têm destinação de uso específico, sem finalidade. Inciso III: Rios e Lagos • Banham mais de um Estado. • Limites dos países. • Territórios internacionais. • EC 46/05 – ilhas costeiras sem sede de município (Ex.: Florianópolis). Inciso IV: • Mar territorial – 12 milhas marítimas. • Zona econômica exclusiva: recursos naturais são bens da União, mas não é território brasileiro, em caso de crime aplica-se o princípio da bandeira. OBS.: Art. 225 § 4° Constituição Federal – São bens da União a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal e a Zona Costeira. Mônica Berrondo 19 Direito Constitucional OAB Estados Membros: Pessoa Jurídica de direito público interno dotadas de autonomia, ou seja, capacidade para tomar decisões de cunho político dentro da esfera de sua competência. o Autonomia Estadual – Características: Auto-organização e normatização própria: Prerrogativa de editar as constituições estaduais (art. 25 Constituição Federal). Auto-governo: Os estados possuem poderes constituídos (judiciário / legislativo / executivo), cabendo a população do Estado escolher seus representantes – arts. 27, 28 e 125, Constituição Federal. OBS.: Deputado Estadual ganha 75% do que ganha Deputado Federal. Auto-administração: O Estado organiza sua administração direta e sua administração indireta; regula os serviços públicos, o poder de polícia e os servidores públicos. Autonomia tributária e financeira: Competência dos Estados membros para criar, majorar ou reduzir tributos – tributos estaduais (art. 155 Constituição Federal). o Bens – art. 26 Constituição Federal – Águas / Estados: DF: integra o pacto federativo; é ente político; é pessoa jurídica de direito público interno; é dotado de autonomia, como os estados. Art. 32 Constituição Federal: é vedada a divisão do DF em municípios, porque o DF é uma entidade da federação híbrida, vez que reúne competências legislativas estaduais e municipais. Mônica Berrondo 20 Direito Constitucional OAB O DF tem autonomia distrital: Auto-governo (legislativo, executivo e judiciário), auto-administração, autonomia tributária e auto-organização (leis). DISTRITO FEDERAL Competências: CF/88 – art. 32,§ 1° 1) Auto-organização 2) Auto-governo Autonomia Distrital 3) Auto-administração 4) Autonomia tributária e financeira 1) CF/88 art. 21 XII (sempre cai na prova) Competências Excluídas 2) CF/88 art. 22 XVII 3) CF/88 art. 21 XIV SISTEMA DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS: NACIONAL REGRA: Princípio da Preponderância do Interesse REGIONAL (STF) arts. 22,23 e 24 LOCAL 1) Competência * Competência Administrativa ou material Exclusiva - Para implementar ações de governo 2)Competência TIPOS DE COMPETÊNCIA (serviços públicos e poder de polícia) Comum 1) Competência Privativa * Competência Legislativa 2) Competência Concorrente Mônica Berrondo 21 Direito Constitucional OAB Competência Exclusiva material é da União (art.21) – a competência exclusiva não há possibilidade de delegação,é aquela que não pode ser transferida.Logo é indelegável. Art. 21, XII – todas as alíneas já caíram em prova. Competência comum – atribuição de competência de forma compartilhada entre os entes federativos, regulada no art. 23. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público; II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; * V. art. 203, V, CF. III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural; V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; X – combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos; * V. Emenda Constitucional n. 31/2000 (Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza). XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; XII – estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. Competência Legislativa: para editar lei dentro do pacto federativo. Mônica Berrondo 22 Direito Constitucional OAB • Competência privativa: atribuição de competência com possibilidade de delegação desta para outros entes federativos, regulada no art. 22 da CF/88. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (legislação federal) II – desapropriação; * V. arts. 184 e 185, I e II, CF. III – requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V – serviço postal; VI – sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII – política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII – comércio exterior e interestadual; IX – diretrizes da política nacional de transportes; X – regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI – trânsito e transporte; XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII – nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV – populações indígenas; * V. art. 231, CF. XV – emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI – organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII – organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; XX – sistemas de consórcios e sorteios; XXI – normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; XXII – competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII – seguridade social; XXIV – diretrizes e bases da educação nacional; XXV – registros públicos; XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal Mônica Berrondo 23 Direito Constitucional OAB e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III; * Inciso XXVII com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 19/1998. * V. art. 37, XXI, CF. XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XXIX – propaganda comercial. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Requisito da delegação: ( Os Estados/DF) 1) Lei complementar Federal; 2) Para um tratamento de questões especificas; 3) Delegação de uma das matérias elencadas no art.22. • Competência concorrente: É a atribuição de competência para editar leis repartida entre os entes da federação. (art. 24 da CF/88). Compete a União as normas gerais. É uma lei federal. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II – orçamento; III – juntas comerciais; IV – custas dos serviços forenses; V – produção e consumo; VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX – educação, cultura, ensino e desporto; X – criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; * V. art. 98, I, CF. XI – procedimentos em matéria processual; * V. art. 98, I, CF. XII – previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII – assistência jurídica e defensoria pública; XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; * V. art. 203, V, CF. Mônica Berrondo 24 Direito Constitucional OAB XV – proteção à infância e à juventude; XVI – organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. • UNIÃO – competência taxativa arts. 21 (competência material comum) e 22 ( competência privativa). - competência material comum – do art.23, onde a União reparte a competência com os Estados/DF. - competência legislativa concorrente – normas gerais • ESTADOS – Remanescente ou reservada – art. 25 § 1° - Competência material comum - Competência legislativa concorrente – normas especiais - Competência legislativa delegada da União. Art. 25. Os Estados organizam-see regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. * V. art. 19, CF. • DF – Tem a competência dos Estado e dos Municípios Remanescente ou reservada – art. 25 § 1° - Competência material comum - Competência legislativa concorrente – normas especiais - Competência legislativa delegada da União. • MUNICÍPIOS – art. 30 da CF/88 Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; * V. art. 156, CF. Mônica Berrondo 25 Direito Constitucional OAB IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI – manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental; VII – prestar, com cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; * V. art. 182, CF. IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. SEPARAÇÃO DE PODERES: Características: 1) Existência de mecanismo de controle recíprocos (sistema de freios e contrapesos), como os poderes não são escalonados hierarquicamente, são fiscalizados uns pelos outros. Ex: Controle de Constitucionalidade, controle da atividade legislativa feita pelo Poder Judiciário.Quem faz o controle orçamentário do Poder Executivo é o Poder Legislativo, auxiliado pelo TCU e TCM. 2) Separação não absoluta dos poderes – as funções estatais são repartidas entre os poderes de maneira não exclusiva, de modo que cada poder tenha uma função predominante ou típica ao lado de funções atípicas. Ex: quando o PE participa da criação da lei está na sua função atípica. Todos os poderes fazem todas as funções dentro da sua função típica diferenciada. - Legislativa (art. 60) - Funções Típicas Poder Legislativo - Fiscalizadora ( - Função de Administrativa (art. - Funções Atípicas - Função Julgadora Mônica Berrondo 26 Direito Constitucional OAB • Poder Legislativo: tem duas funções típica (funções predominante do PL): 1) Função de legislar: Regulada pelo art. 60/59 - abrange a produção de normas jurídicas gerais, abstratas, coercitivas e inovadoras que buscam legitimidade diretamente do texto constitucional (é a partir dessa idéia que se faz o controle de constitucionalidade). Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I – emendas à Constituição; II – leis complementares; III – leis ordinárias; IV – leis delegadas; V – medidas provisórias; * V. art. 73, ADCT. VI – decretos legislativos; VII – resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Subseção II Da emenda à Constituição Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II – do Presidente da República; III – de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. * V. arts. 34 a 36 e 136 a 141, CF. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; * V. arts. 1° e 18, CF. II – o voto direto, secreto, universal e periódico; * V. arts. 1°, 14 e 81, § 1°, CF. Mônica Berrondo 27 Direito Constitucional OAB III – a separação dos Poderes; * V. art. 2°, CF. IV – os direitos e garantias individuais. * V. art. 5°, CF. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 2) Função de Fiscalizar: consiste na fiscalização das atividades dos outros poderes ( principalmente do PE), que se realiza através da criação de CPIS e do controle externo financeira e tributária (art. 70 a 75) Da fiscalização contábil, financeira e orçamentária Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. * Parágrafo único com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 19/1998. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; Mônica Berrondo 28 Direito Constitucional OAB IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V – fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres,a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII – prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, § 1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. * V. art. 16, § 2°, ADCT. § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave Mônica Berrondo 29 Direito Constitucional OAB lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação. Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. * V. art. 84, XV, CF. § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: I – mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II – idoneidade moral e reputação ilibada; III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV – mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior. § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I – um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; II – dois terços pelo Congresso Nacional. § 3º Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. * § 3° com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 20/1998. § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Mônica Berrondo 30 Direito Constitucional OAB § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros. • O Poder Legislativo tem duas funções atípicas: 1) Função Administrativa - Exercida pelo PL quando dispõem sobre a sua organização, polícia e funcionamento.(art. 51, IV e 52, XIII da CF/88). 2) Função Julgadora – Exercida pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade do Presidente da Republica e do Vice Presidente, e demais. (art. 52, I e II da CF/88). CONGRESSO NACIONAL: Sistema Bicameralismo Câmara dos Deputados: representante eleitos do POVO. São 513 representantes Senado Federal: representantes eleitos dos ESTADOS/DF. São 81 representantes Do Congresso Nacional Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos. Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. § 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo- se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. Mônica Berrondo 31 Direito Constitucional OAB Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. § 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Reuniões: Sessão Legislativa – é o período em que se realizam as reuniões ordinárias do CN – da Câmara do Deputados e do Senado Federal - De 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.1 Legislativa 04 anos – Mandato do Deputado Federal Recesso Parlamentar: nesse período para que haja reuniões, terá que haver convocação extraordinária (art. 57 - De 18/07 a 31/07 - De 23/12 a 01/02 Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. * Caput com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 50/2006. § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados. § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I – inaugurar a sessão legislativa; II – elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III – receber o compromisso do Presidente e do Vice- Presidente da República; IV – conhecer do veto e sobre ele deliberar. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da Mônica Berrondo 32 Direito Constitucional OAB legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. * § 4º com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 50/2006, que manteve a redação original. § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far- se-á: * Caput do § 6º com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 50/2006, que manteve a redação original. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far- se-á: I – pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República; II – pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. * Inciso II com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 50/2006. § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. * § 7º com redação determinada pela Emenda Constitucional n. 50/2006. § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. * § 8° acrescentado pela Emenda Constitucional n. 32/2001. EC 50/06 Art. 57, § 7° Comissões: São reguladas na CF/88 pelo art. Classificação 1 – Temporários : são criadas esporadicamente para realizar um determinada atividade com prazo de duração. 2 – Permanentes : CCJC; Mônica Berrondo 33 Direito Constitucional OAB 3 – Mistas : são comissões que envolve Deputados e Senadores CPMI 4 – Comissão Representativa do Congresso Nacional: prevista no art.58 § 4 . é responsável pela atuação durante o período do recesso parlamentar. STF: existe um direito liquido e certo dos parlamentares de exigir da mesa da casa legislativa a instalação de uma CPI, como manifestação do direito das minorias partidárias. ( para que seja criada tem que ser pelas mesas da casa, depende do pedido de 1/3 dos membros da casa, requer a mesa a instalação de um CPI) PODER LEGISLATIVO Função Típica→ fiscalização → CPIs / TCU COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO – CPI Art 58 § 3°, Constituição Federal Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Requisitos: o Poderes: Poderes investigatório próprios das autoridades judiciais / poderes instrutórios da autoridade judicial, não Mônica Berrondo 34 Direito Constitucional OAB incluindo-se os poderes jurisdicionais, tratados na Constituição Federal como “Cláusula de reserva de jurisdição”. o Criação: Pode ser conjunta ou separadamente. Pode ser de deputados; de senadores ou mista. O quorum será de 1/3 dos parlamentares. o Finalidade: Apurar um fato determinado. CPI não pode ser criada para apuração de fato indeterminado. No ato de criação, feito pelo presidente do Senado ou da Câmara, este irá especificar / determinar o fato a ser apurado. OBS.: Art. 35 § 1° do Regimento Interno da Câmara dos Deputados – fato determinado é o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e para a ordem constitucional legal, econômica ou social do país, devidamente caracterizado em um requerimento (1/3 dos parlamentares) e no ato de instauração (presidente da mesa). o Prazo: O prazo de duração da CPI é determinado, devendo ser estabelecido no ato de instauração. Contudo, o prazo poderá ser prorrogável, inclusive, sucessivamente. Os trabalhos da CPI terminam com o relatório que é encaminhado para o Ministério Público para apuração em juízo da responsabilidade civil e criminal dos investigados. Limites do Poder Investigativo das CPIS – STF – MS 24217/DF. Rel.: Maurício Correa: CPI PODE CPI NÃO PODE Requisitar documentos e informações dos órgãos públicos. Todas as cláusulas de reserva de jurisdição: ↓ Mônica Berrondo 35 Direito Constitucional OAB Determinar a realização de perícias. Conduzir coercitivamente o acusado. Inquirir testemunhas. Interceptação telefônica (escuta), a qual depende de ordem judicial. Compromissar as testemunhas sob pena de crime de falso testemunho se faltar ou omitir a verdade. Realizar atos de natureza cautelar (decretar indisponibilidade de bens, seqüestro e arresto). Condução coercitiva das testemunhas intimadas que não comparecerem. Decretar a prisão dos investigados – prisões cautelares: temporária, preventiva, de pronuncia e de sentença recorrível. Inquirir suspeitos indiciados / investigados (aplica-se a Lei 10792 quanto ao interrogatório). Expedir mandados de busca e apreensão domiciliar. O interrogado ao ser ouvido tem o direito de não produzir provas contra si mesmo – Privilege against self incrimination / nemo tenetur se deterge. Impedir a presença de advogados dos depoentes. Determinar a quebra dos sigilos bancários, fiscal ou de dados (inclusive o sigilo telefônico – extrato telefônico), independente de pedido em juízo ou de ordem judicial. MS 23452/RJ. Rel.: Celso Mello. Mônica Berrondo 36 Direito Constitucional OAB Prenderem flagrante. OBS.: STF - As constituições estaduais podem autorizar que as assembléias legislativas ou câmara distrital a criação de CPIs estaduais. Contudo, deve-se preservar as característica de CPI conforme o art. 58 § 3° da Constituição Federal. É a chamada Simetria Constitucional, vez que o art. 58 § 3° da Constituição Federal é norma constitucional de reprodução obrigatória. TCU – ART. 71 Constituição Federal Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Mônica Berrondo 37 Direito Constitucional OAB Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. Mônica Berrondo 38 Direito Constitucional OAB o Função Fiscalizadora: É o controle externo do Congresso Nacional – fiscalização contábil, financeira, orçamentária dos entes da administração direta ou indireta e das demais pessoas jurídicas e físicas que recebam repasses de verbas públicas. A abrangência do controle externo / político é o mais abrangente possível, abrange o controle de legalidade; controle de legitimidade; controle de eficiência; controle de economicidade e controle de mérito. O controle judiciário por sua vez tem abrangência limitada, só abrangendo o controle de legalidade e de legitimidade (art. 70 Constituição Federal). Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) o Atos e Contratos – art. 71, X e 71 §§ 1° e 2° da Constituição Federal: Art. 71, X – Ato administrativo: compete ao TCU sustar os atos administrativos comunicando esta decisão a câmara ou ao senado. Art. 71 § 1° - Contrato administrativo: ato de sustação adotada pelo congresso nacional. Art. 71 § 2°: Em caso de inércia do poder do congresso nacional (90 dias), o TCU poderá decidir acerca da sustação de contratos administrativos. Mônica Berrondo 39 Direito Constitucional OAB Estatuto dos Congressistas – IMUNIDADES: o Conceito de Imunidade: Prerrogativas públicas conferidas aos congressistas pela Constituição Federal, visando garantir-lhes a liberdade de exercício da função parlamentar. A imunidade parlamentar visa garantir a independência do poder legislativo dentro da separação de poderes, bem como visa garantir o regime democrático, a liberdade de atuação dos parlamentares em que prevalece a vontade das maiorias, com respeito da vontade das minorias. o Classificação de Imunidades: Imunidade Material: Art. 53, caput, Constituição Federal. Também chamada de imunidade real, imunidade substantiva ou liberdade da palavra (Freedon of speach) ou ainda de inviolabilidade parlamentar. • Os parlamentares são invioláveis pelas suas palavras, votos e opiniões. • A inviolabilidade parlamentar acarreta a irresponsabilidade civil, penal, administrativa, política, pelos atos, palavras, manifestações e votos proferidos por parlamentares em razão do mandato parlamentar. • Pela doutrina majoritária a imunidade parlamentar tem natureza de causa excludente da ilicitude. • O parlamentar é imune ao crime de opinião (crimes conta a honra – calúnia, injúria e difamação). • STF – Depende a imunidade material de uma “relação de pertinência temática” entre a palavra e a opinião e o mandato parlamentar. Deve ser dito no estrito cumprimento do mandato ou em decorrência dele – “Ratione Muneris” ou “Propter Officium”. • Não há ação de reparação de danos contra parlamentares. Mônica Berrondo 40 Direito Constitucional OAB • Palavra e opiniões proferidas dentro do parlamento (imunidade parlamentar) – de acordo com entendimento do STF, a imunidade parlamentar é absoluta quando o parlamentar está no interior da casa legislativa. • Imunidade fora do parlamento – o parlamentar goza de imunidade em qualquer lugar do território nacional, exigindo-se, no entanto, que as palavras e manifestações do parlamentar, proferidas fora do parlamento guardem a relação de pertinência temática com o mandato, ou seja, que seja proferida em razão das atividadesinerentes a função parlamentar. Neste caso, se o parlamentar profere um discurso ofensivo a um inimigo político, por exemplo, este poderá ajuizar ação contra o parlamentar (RE 226643 – STF). • A imunidade parlamentar é irrenunciável – é matéria de ordem pública inerente ao cargo e não a pessoa. Imunidade Formal: Art. 53 da Constituição Federal. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a Mônica Berrondo 41 Direito Constitucional OAB decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) • Quanto ao Foro: Foro por prerrogativa de funções – art. 53 § 1° Constituição Federal. É uma regra de competência material, processual penal, que exclui qualquer outro foro. OBS.: *Homicídio = foro privilegiado. Vale ao parlamentar a regra especial, dando-lhe foro privilegiado, inclusive a um co-réu, o qual terá este benefício, salvo se for crime doloso contra a vida, onde o co-réu será julgado pelo tribunal do júri (competência do tribunal do júri é constitucional), desmembrando-se, pois, a competência. Mônica Berrondo 42 Direito Constitucional OAB *Foro privilegiado é exclusivo para crimes comuns e de responsabilidade. Só desloca a competência processual penal. Não há foro privilegiado para o julgamento de ilícitos civis. *STF: Improbidade administrativa é ilícito civil. As ações de improbidade não são atraídas para o foro privilegiado – Constituição Federal art. 37 § 4°. • Quanto a Prisão: Desde a expedição do diploma os parlamentares não poderão ser presos, salvo em caso de prisão em flagrante de crime inafiançável, sendo que, em 24 horas os autos da prisão devem ser encaminhados a respectiva casa legislativa, podendo ser aprovada por maioria de votos. OBS.: STF – a imunidade quanto a prisão abrange todas as espécies de prisão cautelar (salvo prisão em flagrante de crime inafiançável). Essa imunidade formal quanto à prisão não abrange a prisão definitiva decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado. • Quanto ao Processo: Antes da EC 35/2001 Depois da EC 35/2001 O processo penal para sua instauração dependia de autorização da respectiva casa legislativa. Art. 53 § 2° Constituição Federal – Recebida a denúncia o STF encaminha à respectiva casa, podendo, por maioria de votos, sustar o andamento da ação. Art. 53 § 4° - O pedido de sustação será apreciado pela respectiva casa no prazo improrrogável de 45 dias do Mônica Berrondo 43 Direito Constitucional OAB seu recebimento pela mesa diretora. Art. 53 § 5°: Suspende o processo e o curso do prazo prescricional enquanto durar o mandato Parlamentar como Testemunha – art. 53 § 6° Constituição Federal: Não é obrigado a testemunhar acerca de informações inerentes ao exercício de sua função. Se o parlamentar aceitar ser ouvido, deverá ser inquirido na casa parlamentar. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Fundamentos: o Estado Democrático de Direito – Constituição Rígida: A Constituição Federal a todos se impõe – harmonia jurídica – a Constituição Federal é a norma hierarquicamente superior. O Estado Democrático de direito se constrói dentro de uma constituição rígida. o Supremacia da Constituição – Norma Fundamental: A rigidez da Constituição Federal configura a supremacia da mesma, sendo que todas as normas devem com ela se harmonizar. É a norma fundamental que tem um status diferenciado – Pirâmide de Hans Kelsen. OBS.: Alguns doutrinadores ainda defendem como fundamente do controle de constitucionalidade um órgão guardião da Constituição Federal, no caso o STF. Sistemas de Controle de Constitucionalidade: Mônica Berrondo 44 Direito Constitucional OAB o Quanto à natureza do órgão que realiza o controle: a) Controle Político: O órgão responsável pelo controle faz parte do poder legislativo, ou não integra a estrutura de nenhum dos três poderes. • No Brasil existe controle político em caráter excepcional. O critério do controle é feito com base na supremacia da Constituição Federal. b) Controle Judicial / Jurisdicional / Jurídico: Submete a aferição da constitucionalidade das leis a um ou vários órgãos do Poder Judiciário. • Para o Brasil e demais países que seguem o modelo norte americano o controle judicial é a regra e inaugura a idéia de jurisdição constitucional. • Todos os órgãos do poder judiciário têm competência para exercer o controle de constitucionalidade. c) Controle Misto: É aquele em que Constituição submete certas categorias de Leis ao controle político e outras leis ao controle judicial. • A própria Constituição Federal separa. • No Brasil não é admitido, pois, todas as leis são submetidas ao controle judicial e ao controle político. o Quanto ao Momento da Realização do Controle de Constitucionalidade: a) Controle Preventivo / A Priori: Visa evitar, prevenir, a ocorrência de uma inconstitucionalidade, buscando evitar a promulgação de leis inconstitucionais. É realizado, pois, ao projeto de lei. Em regra é feito ao Poder Legislativo, se associando, pois, ao controle político. • Exemplos: Mônica Berrondo 45 Direito Constitucional OAB * Atuação das comissões de constituição e justiça nas diversas casas legislativas (no senado e na câmara chama-se Comissão de constituição, justiça e cidadania). * Veto Presidência: Imotivado (por interesse público) ou Motivado / Vinculante (o presidente da república entende que o projeto de lei é inconstitucional). b) Controle Regressivo / Sucessivo / A posteriori: Atua sobre a lei ou ato
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