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CASO CLÍNICO REAL – EQUIPE B
Dados gerais
Paciente J.E.S. , 1 ano e 8 meses, natural de Guaraciaba do Norte, filho único. 
Histórico clínico 
 A mãe, M.S.F.R. , relata que o filho nasceu aparentemente normal, e nos primeiros meses de vida ele reagia bem aos estímulos ambientes, sorrindo e interagindo com as pessoas. Com cerca de 8 meses, ele passou a ter um comportamento mais "sério", demorando mais tempo para responder aos estímulos. Mas nada que aparentasse ser fora da normalidade. Com 1 ano de vida, ele ainda não caminhava nem conseguia ficar "firme" quando era sentado. Também não emitia mais quaisquer tipos de sons. Os lábios tinham aparência arroxeada. A mãe, atenta a esses sintomas, procurou auxílio médico. Como houve certa demora para passar por especialistas, outros sinais foram aparecendo : Ele tinha o "olhar perdido", e só a luz chamava sua atenção. Em consulta com oftalmologista, foi encontrada uma mancha na retina. Ele então encaminhou para o pediatra, que por sua vez, encaminhou para um neurologista. Uma ressonância de crânio mostrou uma hidrocefalia externa, que inclusive justificava o aumento do perímetro encefálico da criança. Começaram a haver crises convulsivas com frequência de aproximadamente 8 crises por dia. Nos últimos três meses, houve uma rápida deterioração do estado de saúde. Suspeitando de alguma síndrome genética, o médico o encaminhou para a Rede Sarah, onde foi detectada uma ausência de Hexosaminidase A no sangue. A mancha da retina foi diagnosticada como a famosa "mancha cereja". Os pais são primos de primeiro grau, e há outros casos de casamentos consanguíneos em gerações anteriores na mesma família. Atualmente se alimenta exclusivamente por nutrição parenteral, e há comprometimento total da visão. Aguarda procedimento de gastrostomia. Também enfrenta múltiplas infecções por Enterococcus gallinarum e Klebsiella pneumoniae. 
Diagnóstico 
Sindrome de Tay-Sachs
Resumo 
A Doença de Tay-Sachs é uma desordem autossômica recessiva resultante de uma deficiência da enzima hexosaminidase A. Também é denominada de Degeneração cerebromacular, Gangliosidose GM2 tipo I, Gangliosidose tipo I, Deficiência em hexosaminidade, unidade alfa, variante B, Idiotia amaurótica familial, Idiotia amaurótica infantil e Lipidose por deposição de gangliósides.
Na ausência da enzima hexosaminidase A, a GM2 gangliosidase não é hidrolisada e acumula principalmente no tecido neuronal. Isto resulta em uma degeneração neuronal progressiva. Clinicamente, uma criança com Doença de Tay-Sachs desenvolve-se normalmente até os 3 ou 6 meses de idade , os primeiros sintomas aparecem por volta do terceiro mês de vida com uma mancha na mácula dos olhos em forma de "cereja-vermelha".
Os sintomas da doença aparecem lentamente, ocorrendo perda da visão periférica e surgimento de uma resposta anormal ao medo. A criança apresenta uma regressão gradual das funções neurológicas e eventualmente se torna incapaz de engatinhar, de se virar, sentar ou segurar coisas. Outros sintomas incluem aumento da perda da coordenação progressiva, incapacidade para engolir e dificuldades respiratórias. Eventualmente, a criança fica cega, com atraso mental, paralisia, e não responde aos estímulos do ambiente que a rodeia. Pacientes com Tay-Sachs infantil vêm a óbito geralmente antes dos cinco anos de idade.
Pacientes com as formas de inicio juvenil ou idade adulta são normalmente heterozigotos com um alelo HEXA nulo e um alelo com baixa atividade residual da hexosaminidase A.Os sintomas aparecem entre 2 e 4 anos e em geral ao fim da primeira década o jovem entra em estado vegetativo e acabam falecendo na sua segunda década de vida.
Não há diferença significativa na sua prevalência quanto ao sexo, mas é predominante na infância,acometendo mais raramente jovens e adultos. Como a severidade da doença relaciona-se a atividade enzimática residual, as crianças apresentam a forma mais severa, pois nelas encontra-se uma atividade enzimática residual ou ausente. Os jovens apresentam severidade intermediária e os adultos têm quadro clínico menos agressivo. ⁠⁠
 Para fazer o diagnostico de Tay-Sachspode temos como opções a analise quantitativa da enzima hexosaminidase A no sangue outra opção e a realização de um PCR ,porem esse exame é caro e de difícil acesso na rede publica de saúde . Em fetos a analise pode ser feita por amostra de villus Coriónico (10 e 14 semanas)e o teste do Líquido amniótico( 15 e 20 semanas).
Atualmente, não há cura ou tratamento para a doença de Tay-Sachs. Contudo, os pacientes devem receber cuidados de suporte para aliviar os sintomas e prolongar a vida, embora as tentativas nesse sentido não tenham tido um resultado significativo. Nos casos de início tardio, as medicações podem controlar os sintomas e as crises psiquiátricas. 
Genética
O gene Hexa, situado em 15q23-q24, codifica a subunidade alfa da hexosaminidase A. Mutações neste gene levam a 98% dos casos de Doença de Tay-Sachs na população judaica Ashkenazi. 80% dos casos se devem a uma inserção de 4 bases no exon 11 (InsTATC1278). A substituição de G para C no intron 12
(IVS12+1) responde por 16% dos casos. Por sua vez, 2% dos casos se devem a transição de glicina para serina na posição 269 na subunidade alfa da hexosaminidase A.
 Importância do screening genético
A freqüência de portadores das mutações que causam a doença de Tay-Sachs é extremamente aumentada na população de origem judaica, atingindo cerca de 1 a cada 36 nascimentos em países ocidentais. A incidência da doença também é grande, atingindo aproximadamente 1 em cada 3.600 nascimentos nesta população. Um estudo realizado em Porto Alegre apresentou uma freqüência de 0,024 para uma população judaica de origem Ashkenazi. A recente elucidação das mutações que causam a doença de Tay-Sachs introduziu a possibilidade de utilizar testes para detectar portadores das mutações na população geral e nas populações com maior prevalência da doença. O estudo é indicado para pessoas com história familiar de Tay-Sachs e deve ser utilizado principalmente em famílias de origem judaica, onde a incidência da doença é alta, para a detecção de portadores e auxílio no aconselhamento genético. No Brasil, a população judaica esta estimada em 90.000 indivíduos, justificando a necessidade do teste genético no país.
Referências Bibliográficas
1. Geller, Mauro; Squeff, Fabiano Alves; Guerra, Juliana Elvira Herdy; Lima, Olímpia Alves Teixeira.
Aspectos genéticos e clínico-terapêuticos da Doença de Tay-Sachs / Genetic and clinical therapeutics
aspects of Tay-Sachs disease. J. Bras. Med. 81(5/6):17-22, nov.-dez. 2001.
2. Rozenberg, Roberto e Pereira, Lygia da Veiga. The frequency of Tay-Sachs disease causing mutations
in the Brazilian Jewish population justifies a carrier screening program. Sao Paulo Med. J., July 2001,
vol.119, no.4, p.146-149.
3. http://www.phar-mecum.com.br/atual_jornal.cfm?jor_id=3485
4. Buchalter, M. S; Wannmacher, C. M; Wajner, M. Tay-Sachs disease: screening and prevention program
in Porto Alegre. Rev. Bras. genetica;6(3):539-47, 1983.

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