Buscar

Antígone - Sófocles (Resumo)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

1 INTRODUÇÃO
O livro retrata mais uma de várias obras literárias gregas, escritas essencialmente para o teatro, na qual nos deparamos não só com o “confronto” entre correntes do direito, mas também com os reflexos entre posições antagônicas e rígidas, onde independente da razão, fixa-se na “minha” verdade.
Importante ressaltar que a tragédia expressa na obra, origina-se em outra tragédia familiar, onde o choque de direito já se expressava, na própria origem de Antígona, filha e irmã de seu próprio pai, Édipo. O destino de Édipo, traçado por um oráculo, previa que ele mataria seu pai e desposaria sua mãe, Jocasta, já pairando aí uma tragédia familiar e de descumprimento, mesmo que, possivelmente, de forma inadvertida, de leis naturais ou, aqui também, morais. A descoberta ocasionou o suicídio de Jocasta e a automutilação em Édipo, que perfurou seus olhos. Da união citada vieram também Ismênia, Polinice e Eteócles, irmã e irmãos de Antígona. Todos, como se depreende, irmãos de seu pai. Os irmãos, Polinice e Eteócles, em lados opostos e por causa do trono que fica vago com a ausência de Édipo, acabam se matando. Assume o reino de Tebas, o irmão de Jocasta, Creonte, o qual se transforma em um tirano e oposto à Antígona na história que se segue e objeto deste. Antes da morte, Etéocles era favorável ao tio e Polinice, por sua vez reivindicava o trono.
2 DESENVOLVIMENTO
A assunção ao trono por Creonte já expressava, forma do direito, uma vez que na ausência de herdeiros naturais, homens, ele, na sua condição de único parente vivo da linhagem, se apossou do reino tornando-se rei de Tebas.
A partir da morte dos irmãos Polinice e Etéocles, Creonte determina de forma diversa como serão tratados o destino dos corpos daqueles. A Eteócles, que lutou ao seu lado na defesa do reino, sepultamento conforme regra (dever ser) e com as honras da época; a Polinice, seu inimigo, nada de honras e sim, de forma autoritária (ser), decretou como seria tratado seu corpo: sem sepultamento e deixado como alimento aos animais. Tal “lei” tem como objetivo demonstrar poder e que a ele cabe decidir sobre os fatos de seu reino. Apesar de consultar um conselho de anciãos e referenciar aos deuses, tal determinação já estava tomada. Àqueles que descumprirem, punições também severas e cruéis. As decisões de um tirano levam seu povo a agir sempre de forma temerosa, gerando assim um movimento de autodefesa e constante vigilância aos atos alheios, na tentativa de não ser incriminado e punido por algo que não lhe pode ser imputado.
O não sepultamento de Polinice gerou em Antígona a manifesta intenção de não “cumprir” a lei de Creonte. Sustentou ela sua decisão nas leis divinas, as quais, fundadas no binômio moral-religião, no seu entendimento, sobrepõem às determinações humanas. O irmão, considerando as premissas naturais e divinas, tinha o direito, assim como todos, de um sepultamento digno, independente de seus atos e da interpretação daquele que detinha o poder. Comunicado seu intuito à irmã, Ismênia, esta, mesmo em conflito interior, se mostra contrária à decisão de não cumprir o decreto do Rei, a lei, avocando assim as consequências de tal ato. Antígona, em determinado momento expressa à irmã sua revolta contra a lei imposta e que não está disposta a aceitar tal violência moral: “Ele não tem o direito de me coagir a abandonar os meus” (SOUZA, J.B. Mello, p.8). Impõe a si o dever de cumprir aquilo que a interpretação da lei dos deuses (imutável, inviolável e eterna) determina, independente das consequências “legais”. Ismênia traz a realidade o que são as duas, mulheres, as quais não tinham direito algum, de lutar contra os homens e muito menos de desrespeitar a lei, mesmo que com isso ofendam a memória dos mortos. Antígona mantém-se irredutível e fiel a cumprir a lei divina, não se importando com a punição que lhe será imposta, pois entende que estará em consonância com os deuses, a quem deve agradar.
Descumprida a lei, vem à tona no momento de expor ao Rei tal infâmia, o medo que imperava no despotismo, onde se confundia claramente as leis com o desejo do rei, com todos buscando o culpado no interesse de se verem livres de quaisquer acusações. Nestes pontos percebe-se claramente mais uma sobreposição das leis, dos homens e divina, quando para se salvar apegam-se aos deuses para resolver o crime. O embate entre Creonte e Antígona, após ser surpreendida sepultando o irmão, precede da explicação do guarda, onde por suas palavras deduz-se que como a atuação divina estava impregnada naquele tempo, no momento de se identificar e aprisionar o culpado: “Todo o céu escureceu; e nós com os olhos cerrados, esperamos o fim desse flagelo divino” (SOUZA, J.B. Mello, p.28) (grifo nosso). Antígona não se furta a assumir o que fizera e que tampouco desconhecia da proibição, assim como todos os habitantes de Tebas. Começa assim, o embate de acusação e defesa entre Creonte e Antígona, esta se posicionando sempre que o que fizera atendia às leis divinas, não escritas e eternas, a justiça, a dike, que não poderiam ser revogadas por atos de um homem. Não temia a punição dos homens, pois entendia não ter ido contra os deuses, colocando em dúvida a racionalidade da lei vigente. Expõe também que o seu ato era de aprovação entre todos, porém, ninguém se levantaria a defendê-la, pois o medo de um tirano era maior que a assunção da própria verdade. A participação posterior de Ismênia no embate traz a tona de forma subjetiva o termo justiça, pois mesmo inicialmente contrária e não participante na ação, a mesma se diz culpada; Antígona, não aceita esta postura e rebate que a Justiça não a permitiria, pois, como não compartilhou de sua vontade e ação, não caberia a ela ser responsabilizada na plenitude por seus atos, e presenciado pelos deuses. Antígona expõe que Ismênia, ao não compartilhar da ação, atendeu a lei e sua punição, no âmbito da lei natural, será interior, de caráter moral, na sua consciência.
Ismênia, em ato último a Creonte, apela para como ficará a situação de Hémon, seu filho e noivo de Antígona. Creonte, em nossa avaliação, define como as mulheres eram vistas naqueles tempos, pois eram objetos e serviam apenas como campos cultiváveis, ou seja, objeto de procriação e pouco se importava com os sentimentos, desejos e principalmente com a opinião do filho. Para ele, nesta situação, aplica-se que quem está encerrando o noivado são forças divinas. A dualidade se expressa de forma contundente neste posicionamento de Creonte, intercalando positivo e natural, quando lhe favorece.
A entrada de Hémon, inicialmente concordando com a vontade do pai e soberano, demonstra como era a hierarquia familiar e de obediência, mas também demonstram a visão da lei, onde as decisões, justas ou não, devem ser cumpridas. Hémon tenta mostrar ao pai, o soberano, como uma peça de defesa, que apesar da lei, a mesma pode não ser justa e ir de encontro ao que pensa a sociedade, a qual por temor acaba acatando. Sugere que o bom senso deve imperar na decisão e que se deve ouvir o clamor da sociedade. Creonte, de forma soberba, indigna-se com a possibilidade de ter que consultar outros ou a própria população na elaboração de leis e que as mesmas não sejam conforme sua vontade e decisão. Hémon expõe que o pai, rei e soberano, não está seguindo os preceitos da Justiça e assim indo de encontro ao desejo dos deuses e que sua intervenção visa o bem de todos, inclusive do próprio rei e dos deuses. A visão míope e embaçada pelo ódio, impedem que Creonte assimile as palavras do filho, inclusive considerando-as ameaças, porém sem nunca deixar de referenciar que, também os deuses, estão presentes em suas decisões. Sob influência e indagação do Corifeu, Creonte decide que Ismênia não será castigada, revogando assim sua sentença inicial quanto a ela, ordenando que se cumpra a de Antígona e que somente os deuses poderão salvá-la da punição.
Tirésias, profeta e adivinho cego, aparece para conversar com Creonte e lhe repassar seus oráculos (conselhos). Com sua credibilidade econfiança, informa a Creonte que suas decisões têm causado males e desgraças, pois estão em desacordo com aquilo que é preconizado pelo divino e que, como sabido, são eternos e não podem ser modificados. Tirésias explica que os deuses não estão atendendo aos pedidos, devido a sua atitude de não dar a Polinice aquilo que é dado a todos os mortais e que os oráculos estão prevendo momentos difíceis e trágicos em decorrência deste fato. Explana que o erro é parte dos homens, mas assumir e repará-lo transforma aquilo que era repudiado em um ato de grandeza e felicidade. Tirésias valoriza a morte como um ser sobrenatural, invocando seu poder e pedindo a Creonte que respeite este poder, não profanando o cadáver e dando a Polinice o devido sepultamento e perdoando a atitude de Antígona, que nada mais foi do que seguir o que preconiza a tradição, os costumes e a lei natural. Creonte permanece irredutível em não aceitar os conselhos e o embate entre ambos se torna ríspido a ponto de Creonte por em dúvida as palavras e os ensinamentos e conselhos advindos de oráculos, atrelando suas palavras à ganância dos adivinhos. Apesar da discussão entre ambos, o medo do que está por vir e que pode estar nos oráculos, mesmo de forma não aparente, mantém o respeito de Creonte e o inibe de atitudes pesadas em relação a Tirésias. 
O tratamento a que foi submetido por Creonte leva Tirésias a anunciar o oráculo, carregado de tragédias para Creonte e decorrentes de sua soberba e intolerância. O oráculo relaciona os atos de Creonte e as consequências a que será submetido, principalmente por estar infringindo as leis divinas e não se voltando para o desejo dos habitantes de seu reino e até de seu filho: por causa da pena de Antígona e o destino de Polinice, ele (Creonte) será castigado com a vida de um dos seus descendentes e os mesmos males lhe serão infringidos. Os habitantes de Tebas reagirão contra estas resoluções que atingiram os preceitos divinos. O Corifeu, de forma aconselhadora, intervém após a saída de Tirésias, reforçando a Creonte que um aviso de Tirésias nunca deixou de se concretizar, enfatizando subjetivamente assim o dom que lhe era exercido em contato com o sobrenatural, com os deuses. Mesmo antes do Corifeu, Creonte já havia absorvido a situação a que estava exposto e, percebe-se que o oráculo de Tirésias, o havia abalado. Como tirano, aceitar o erro é quase inadmissível, porém perceber que continuar no erro, pode trazer consequências nefastas, principalmente após Tirésias, fê-lo enxergar que retroceder seria prudente. Porém, já não tinha discernimento para avaliar o que fazer e de forma primeira, consultou o Corifeu quanto a fazer. Desta forma revogou as punições a Polinice e Antígona, incumbindo-se do cumprimento e assim o foi. Entendeu ali que as regras devem atender, acima de tudo, a Justiça a que a sociedade busca e espera. Não foi possível pôr em prática parte da revogação tardia de seus atos com a morte de Antígona. O “castigo” divino corroborado com as mortes de Hémon e Eurídice, sua esposa, amaldiçoando-o como culpado da morte do filho.
O arrependimento tardio lhe trouxe consequências, desdenhar dos adivinhos de Tirésias, o não escutar com a razão as palavras de Hémon e não atender os desígnios de uma lei maior, que não está escrita, mas está presente e reflete, neste caso, a essência de Justiça.
3 CONCLUSÃO
O texto nos induz a analisar as possíveis várias formas como se vivia na antiguidade e como os conceitos de direito e justiça (dike) se aplicavam e hoje ainda presentes em nosso ordenamento jurídico. 
Como conclusão do embate que se apresenta Antígona versus Creonte, Direito Natural (moral-religioso) versus Direito Positivo, podemos extrair dos vários episódios o que representa o “ser” e a luta de Antígona em defesa de suas convicções que demonstra a influência e as características do jus naturalismo, imutável, inviolável e eterno, normas que não se escrevem, mas que se transportam entre gerações e impregnadas no consciente. Em contrapartida, o posicionamento de Creonte reflete o jus positivismo, impositivo, punitivo, porém mutável, pois seu objetivo é atender os anseios da sociedade, se adequando e adaptando a evolução dessa, baseado nas necessidades apresentadas através dos fatos sociais. Induz-nos a concluir que a interação do jus naturalismo e jus positivismo se tornam essenciais na busca pelos legisladores daquilo que a sociedade aspira, a Justiça. E quanto a esta interação, corroborando o dito anteriormente, o que se viu foi exatamente que a inexistência dela no conflito entre a visão de Antígona, convicta nas leis naturais, divinas, e Creonte, o Estado, a lei positiva, porém déspota e intransigente, ambos se tornaram vítimas da própria persistência em defender com afinco suas posições, sem a busca da racionalidade e do consenso. O tardio recuo de Creonte não impedindo que outras pessoas sofressem as consequências desta mútua intransigência, também nos revela como é importante que o Direito seja elaborado e aplicado coerentemente em busca da Justiça.
 4 OBSERVAÇÃO
 É importante citar que na obra Antígona encontra-se muitas características de Direito que, vigoram ainda nos dias atuais ou de coisas atuais que aplicavam ao direito da época, embora que ainda não eram conceituadas de modo correto. Uma delas se faz às características de imposição da norma, em que são elas, a Sanção, presentes a partir do momento em que o Rei Creonte decretou que Antígona deveria ser sepultada viva (Pena ao sepultamento de seu irmão Polinice). A Coerção, quando Ismênia de forma sugestiva disse à irmã para não cometer o delito pois, descumpriria com a norma positiva do Rei e teria a sua morte como consequência e por último, o efeito da Coação. Este deve ser observado por sua vez com atenção, pois, embora tenha existido um sentido revogatório por parte de Creonte, esta não foi possível, devido ao fato que Antígona já havia se matado, atribuindo para o Rei o adjetivo de que este vigorava para si, desprezando as leis naturais. 
Referências bibliográficas:
SÓFOCLES, Antígona Sófocles. Traduzido por J. B. de Mello e Souza - Clássicos Jackson, Vol. XXII - Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/antigone.pdf.Acesso em: 20.fev. 2017.
SÓFOCLES. Antígona. Tradução Millôr Fernandes. São Paulo: Paz e Terra, 2003.