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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DO CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO PROJETO DE PESQUISA PARA INGRESSO NO CURSO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO I. Título O empreendedorismo e o planejamento estratégico: novas práticas de gestão e políticas educacionais regionais. II. Linha de Pesquisa e Orientador (a) pretendido (a) A linha de pesquisa escolhida é sobre o tema Política e Gestão Educacional, com pretensão de orientação pela Prof.ª Dr.ª Lúcia de Fátima Melo. III. Justificativa A evolução do modelo educacional tem acompanhado as transformações que nossa sociedade vive ao longo dos anos, sempre em direção a um cenário cada vez mais exigente. O sistema público de ensino busca inspiração no mercado corporativo, onde o perfil necessário para atuação começa a ser construído na escola. Apesar do surgimento de novos métodos e teorias de gestão educacionais, algumas instituições permanecem engessadas em conceitos antiquados, onde os educadores, desmotivados, não veem a necessidade de fazer “um algo a mais” na formação das pessoas, bem como os gestores, limitados em seu raio de ação, pela escassez de recursos e pela própria hierarquia do sistema educacional, deixam, muitas vezes, de colocar em prática ações estratégicas fundamentais para o cumprimento da missão de motivar os agentes educadores para a formação de pessoas criativas, críticas e inconformadas – três características pessoais essenciais ao empreendedor, que se formam, ou se desenvolvem, em ambiente adequado e propício ao aprendizado. A gestão estratégica no ambiente educacional deve estar alinhada com o planejamento estratégico nacional desenvolvido pelo Ministério da Educação e com as Políticas Públicas Educacionais, levando em consideração as características regionais e o ambiente onde estão inseridas essas instituições – cidades e bairros. A gestão estratégica é o plano de ação determinado pelo Planejamento Estratégico, que é uma das ferramentas de gestão que vem sendo ajustadas às instituições educacionais, proporcionando elaborar ações para a gestão eficaz dos recursos e pessoas, devendo ser elaborado e implementado em comum acordo, em todos os níveis da instituição, atingindo todos os seus agentes. A falta de estratégias bem elaboradas impede, diretamente, o desenvolvimento de ações criativas e inovadoras, tanto pela direção quanto pelos agentes educadores, e que são fatores críticos para o sucesso na formação de “seres sociais” capazes de agregar valor à sociedade, uma vez que as políticas educacionais devem, sempre, estar voltadas para a educação inclusiva, cidadã e de qualidade. As instituições privadas, que realizam planejamento estratégico, esperam, quando da participação de seus colaboradores, que lhes sejam apresentadas alternativas e ideias, não apenas sob a ótica empresarial, mas do ponto de vista pessoal, com uma pitada de personalidade, visão empreendedora e, principalmente, criatividade. A falta de criatividade e empreendedorismo no meio corporativo é reflexo da formação inadequada de profissionais. A criatividade tem a ver com os processos de pensamento, associados com a imaginação, insight, invenção, inovação, intuição, inspiração e originalidade, de pensar diferente, de aprender a brincar com as ideias, pois nem sempre os lampejos criativos ocorrem quando desejamos ou estamos em busca de soluções para determinadas situações, mas surgem repentinamente, quase sempre, em circunstancias que estamos distantes da situação problemática. A criatividade é o combustível do comportamento empreendedor, que abrange a proatividade individual (tomada de iniciativa), a organização, ou reorganização, dos mecanismos socioeconômicos para transformação dos recursos (planejamento) e a capacidade de aceitar os riscos (ônus e bônus) de adotar este comportamento (execução e controle). Gestores e educadores visionários auxiliam no desenvolvimento econômico e social do país, utilizando-se dos quatro pilares da educação – aprender a conhecer, fazer, ser e conviver – para a formação de pessoas. Mas é necessário que se inclua um quinto, que é o “aprender a empreender”, ou seja, adotar um perfil comportamental que fomente um ambiente propício para o desenvolvimento criativo e o despertar das habilidades empreendedoras em todos os agentes envolvidos com a formação de pessoas. Esse perfil comportamental está relacionado com a capacidade de identificar e avaliar oportunidades, desenvolver um plano de ação, captar os recursos necessários e fazer o gerenciamento desses recursos, bem como o acompanhamento das ações estratégicas que levarão a consolidação de um clima favorável para que os educadores se tornem agentes autônomos da inovação sustentável dentro do ambiente escolar. A construção do perfil empreendedor está além da formação técnica dos profissionais, pois a capacidade intuitiva ainda é a característica determinante das pessoas que conseguem gerenciar – no caso dos diretores escolares – ou conduzir – no caso dos educadores – situações cotidianas de maneira cada vez mais eficientes, utilizando-se apenas dos recursos disponíveis para desenvolvimento de suas tarefas. É necessário esclarecer que empreendedor não é, exclusivamente, aquele que cria um produto, serviço, negócios (empresário) mas todo aquele que é capaz de inovar e proporcionar o aumento das possibilidades de crescimento no ambiente onde estão inseridos. A palavra-chave que descreve o empreender é “inovação”, que Alencar define da seguinte maneira (1996, p. 15 e 16): (...) inovar significa, como o próprio termo sugere, introduzir novidade, concebendo-se a inovação organizacional como o processo de introduzir adotar e implementar uma nova ideia (processo, bem ou serviço) em uma organização em resposta a um problema percebido, transformando uma nova ideia em algo concreto. (...). Observa-se que não basta a ideia criativa. É também necessário que haja motivação para transformar a ideia em algo concreto, a par dos recursos materiais e conhecimentos necessários para tal. A formação de gestores empreendedores é a alavanca de potencialização da capacidade de criação e inovação dos educadores, que alinhadas às políticas educacionais, favorecem o desenvolvimento de um ambiente propício para o crescimento socioeconômico, a formação do senso crítico, e o desenvolvimento pessoal dos indivíduos que compõem a massa usuária do sistema educacional, preparando-os para o universo acadêmico e o mercado de trabalho. Assim, justifica-se esta pesquisa, com foco na identificação das características e habilidades empreendedoras nos agentes educacionais, principalmente os professores, pois estes são a referência, a motivação, o modelo e o exemplo de empreendedorismo para seus alunos, de forma a motivá-los para que o possam ser também. IV. Objeto e problema da pesquisa As políticas educacionais fazem parte das políticas públicas, nas três esferas governamentais. As políticas públicas caracterizam-se pela reflexão, elaboração e implementação dos projetos governamentais voltados para setores específicos da sociedade, dentre eles, a educação, cuja finalidade é resolver as “questões críticas educacionais”, com base na legislação vigente, que prevê planos e ações estratégicas para o desenvolvimento das boas práticas de gestão e aprendizado nas instituições. Os agentes educacionais devem desenvolver competências (conhecimento técnico e teórico), habilidades (saber fazer) e atitudes (querer fazer)1, não apenas nas1 Perfil C.H.A. – Competências, Habilidades e Atitudes suas atividades de gestão ou de sala de aula, em conteúdo específico, mas no seu relacionamento e comportamento com os alunos. O Brasil é considerado o berço do empreendedorismo empresarial2, mas o empreendedorismo na educação é uma novidade, pois, para a maioria das pessoas, empreender com sucesso ainda é uma atividade que exige talento e motivação incessante na busca por resultados financeiros. Isso é um grande mito que precisa ser quebrado. Empreendedorismo é o resultado de boas práticas de planejamento e controle de ações programadas, ou seja, fazer acontecer. Um empreendedor é um agente de mudanças, que sofre influências do ambiente e consegue transformá-las em ações práticas para a solução de problemas que se apresentam no seu dia a dia. O perfil do gestor e educador empreendedor é formado por um conjunto de características, que em algumas pessoas são natas, mas que podem ser desenvolvidas por qualquer pessoa, pois o empreendedorismo é um padrão comportamental de aprendizado. É o aprender a empreender, o quinto pilar da educação, que leva as pessoas a mudarem de atitudes, saírem da zona de conforto, da rotina, e buscar melhores resultados através de ações inovadoras. Segundo Alencar (1996, p. 7) “muitas das práticas vigentes atualmente na escola tendem a reduzir a criatividade do indivíduo abaixo do nível de suas reais possibilidades”, tanto para os alunos, quando para os educadores, visto a limitação das ações, seja pelas coordenações, pela direção, ou pelo próprio plano de ensino em vigor. Diferente de uma empresa privada, as instituições de ensino público, não realizam processos de recrutamento e seleção para formação de seu quadro de servidores, buscando competências e habilidades específicas para determinadas funções, pois os mesmos ingressam através de concurso público. Desta forma, é impossível identificar, em um primeiro momento, as características que formam o padrão comportamental de um empreendedor. Na iniciativa privada a gestão por competências é um processo continuo, alinhado com as estratégias organizacionais definidas no plano de ação, com foco nos resultados e objetivos futuros das organizações. As estratégias para gestão empreendedora envolvem desde o 2 De acordo com o Projeto GEM – Global Entrepreneurship Monitor – Empreendedorismo no Brasil 2015, Relatório Executivo publicado pelo SEBRAE. recrutamento e seleção à formação de alianças e parcerias para capacitação, formação e desenvolvimento das competências necessárias. Nas instituições públicas é possível adaptar esse processo de capacitação para identificar nos servidores suas habilidades e competências, através de avaliações continuas do perfil C.H.A., e de dois fatores importantes – Cultura e Clima Organizacional – para o desenvolvimento de padrões comportamentais que levem à uma gestão eficaz em todos os níveis da instituição. A Cultura Organizacional inclui todo o sistema de normas, valores, crenças, sentimentos, compartilhados pelos agentes que compõem a instituição, e que se espelham, principalmente, nas ações dos líderes e gestores que estão no topo da estrutura organizacional. Clima organizacional é propriamente o clima psicológico predominante no ambiente institucional, o que determina o comportamento dos agentes dentro da sua estrutura. Pode-se afirmar ainda, que o clima organizacional é favorável ou não ao comportamento empreendedor dos agentes, possibilitando ou anulando o estímulo à liberdade criativa e inovadora e a capacidade de expressar opiniões. Segundo Alencar (1996, p. 22): “Dependendo das características da cultura e do clima prevalecentes na instituição, um maior ou menor número de barreiras que bloqueiam a criatividade podem ser observadas, como a rigidez da organização, atitudes excessivamente autoritárias, aliadas a uma série de práticas organizacionais, que tendem a inibir a maior parte das expressões de novas ideias”. Levando em consideração que a gestão empreendedora, no ambiente educacional, deve ser uma gestão democrática, esse novo modelo deve respeitar a diversidade e os pensamentos divergentes dos agentes que compõem a sua estrutura. Como resultado dessa gestão participativa temos, segundo Araújo (2000), a formação e a instrução das pessoas visando a sua instrumentalização para participação motivada e competente na vida política e pública. Portanto, a análise da cultura e clima organizacionais das instituições de ensino públicas, impactados pelo planejamento estratégico, é o objeto central desta pesquisa, onde buscarei identificar, nos colaboradores, as características do padrão comportamental empreendedor, que levam à mudança do conceito de administração educacional, para novas práticas de gestão democrática educacional. V. Objetivos e hipóteses/questões O mercado onde estão inseridas as empresas comerciais e industriais está cada vez mais competitivo, exigindo profissionais competentes e comprometidos. A formação educacional desses profissionais começa na base escolar, antes da formação técnica ou de nível superior. Para que o sistema educacional funcione de maneira eficiente, é importante que a gestão das instituições seja realizada de maneira participativa, democrática, com ações pautadas em estratégias com objetivos de curto e longo prazo. A falta de metas e estratégias leva os gestores a trabalharem, literalmente, apagando incêndios, pois suas ações serão orientadas pelas diversas situações que ocorrem no dia a dia da instituição, não tendo tempo para pensar e planejar ações corretivas eficazes, e suas medidas acabam sendo paliativas, solucionando os problemas temporariamente. A técnica de administrar motivada pela crise, sem planejamento, impede que a escola cumpra seu papel frente ao ambiente – interno, que engloba os processos administrativos, a gestão de pessoas, e a sua participação na elaboração dos projetos pedagógicos, e externo, voltado para a comunidade, como função social, com o compromisso de produzir, divulgar e socializar o conhecimento. O planejamento deve estabelecer objetivos e metas alcançáveis, que efetivamente possam ser realizadas, de forma participativa, com envolvimento de todos os agentes, permitindo que sugestões, ideias e inovações sejam compartilhadas, estimulando o comportamento empreendedor dos colaboradores. O resultado da gestão eficaz dos recursos e das pessoas que compõem o sistema educacional, impacta diretamente no mercado de trabalho, através de pessoas capacitadas, empreendedores formados em um ambiente motivador. Com base nesta temática, surgem os seguintes questionamentos: - Qual a influência do planejamento estratégico nas instituições educacionais públicas? - O ambiente educacional proporciona o desenvolvimento de características empreendedoras? - Os agentes educacionais participam, democraticamente, da gestão das instituições? - Os agentes educacionais possuem as características comportamentais do empreendedor? - Existem programas de capacitação e orientação para desenvolver o empreendedorismo no modelo de gestão e aprendizado no ambiente educacional? - A gestão empreendedora é fator de motivação e exemplo para a comunidade escolar? Respondendo a estas reflexões, a análise sobre a contribuição do planejamento estratégico e do comportamento empreendedor para a construção de novas práticas de gestão e políticas públicas educacionais é o objetivo desde projeto de pesquisa. VI. Referencial teórico, fontes e procedimentos de pesquisa O PlanejamentoEstratégico intervém diretamente na gestão de pessoas dentro das instituições, sejam elas públicas ou privadas, e proporciona a formação de uma nova visão sobre a forma de sua organização, tanto pelos colaboradores, quanto por elementos externos a ela, como a comunidade e os demais órgãos e agências públicas que fiscalizam o sistema educacional. Esta nova visão deve estar alinhada com os objetivos estratégicos do sistema educacional, de forma que venham a proporcionar uma reflexão sobre o futuro das instituições e das pessoas que fazem e fizeram parte da construção da sua história. Esta pesquisa reforça a importância da participação de todas as pessoas, sem exceções, na elaboração, implementação e adaptação as diretrizes determinadas no Planejamento Estratégico e nas Políticas Educacionais, identificando os fatores que motivam a formação de agentes empreendedores, levando os mesmos a comprometerem-se com a instituição, aceitando e adaptando-se facilmente ao novo modelo de gestão educacional, democrática, participativa e empreendedora. Considerando a importância do planejamento, para que seja possível alcançar ou aumentar o sucesso das instituições educacionais, em um ambiente cada vez mais exigente, se destaca, por sua utilidade, o Planejamento Estratégico como ferramenta de auxílio ao alcance dos objetivos globais da organização, conforme destacado por Sampaio (2002, p.7): O Planejamento Estratégico deve fazer parte do cotidiano das empresas, não importando seu porte nem sua estrutura. É certo que nenhuma empresa sobrevive sem um adequado gerenciamento do dia-a-dia. Entretanto, a chave do sucesso é aliar as ações presentes com uma postura voltada para o futuro. O Planejamento Estratégico é um processo gerencial contínuo e sistemático, que diz respeito à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução, levando em conta as condições internas e externas às instituições e sua evolução esperada. No decorrer de sua elaboração são realizadas análises sistemáticas dos gargalos e das oportunidades que o ambiente onde está inserida lhe proporciona, com o intuito de estabelecer os objetivos e as ações que possibilitem o aumento da sua credibilidade e capacidade de formar cidadãos capacitados. Mais importante que elaborar um bom Planejamento Estratégico, é administrar a instituição e a mudança que ele provoca em sua estrutura, conforme destaca o próprio autor (2002, p.8) Planejamento é um processo dinâmico, necessariamente flexível para incorporar as mudanças previstas do ambiente. Não significa dizer também que a empresa deve apenas esperar que as coisas aconteçam. As empresas devem fazer as coisas acontecerem, devem ser proativas, devem fazer as mudanças. O Planejamento Estratégico considera premissas básicas que a instituição deve respeitar para que todo o processo tenha coerência e sustentação. Este processo permite fixar as grandes orientações para que gestores possam modificar, adaptar, melhorar ou fortalecer a instituição face à sociedade. Deste processo, devem participar todos os agentes educacionais, e não somente os gestores e diretores, pois os objetivos e metas estabelecidos no planejamento somente serão bem executados, se forem conhecidos e entendidos por todos. Sampaio (2002, p.12) destaca: Deve existir na empresa uma efetiva decisão da utilização, com envolvimento e participação de todas as pessoas – principalmente o executivo maior – para que o clima de implantação seja propício, para que exista comprometimento e engajamento. [...] quanto maior o envolvimento de pessoas nessa fase de formulação [...] mais facilmente será para a empresa buscar o engajamento. A elaboração do Planejamento Estratégico envolve três etapas distintas, compostas de itens importantes que irão nortear as metas futuras da organização. As etapas são: 1ª – Análise filosófica: é a mais permanente, mostra aquilo a que a instituição se propõe e suas crenças e valores. É composta pela definição de sua razão de existir, sua missão, seus princípios e valores e a intenção estratégica, ou visão, da instituição. Conforme Sampaio (2002, p.15) “definir o negócio da empresa é explicitar seu âmbito de atuação”, ou seja, os gestores devem responder a pergunta “qual é o motivo de nossa existência?”, lembrando que suas atividades não são apenas “serviços educacionais”, mas soluções, utilidade pública e satisfação das necessidades da comunidade em que está inserida. A definição da missão deve responder, não necessariamente a todas, mas a algumas das seguintes perguntas: -O que esta instituição deve fazer? -Para quem esta instituição deve fazer? -Por que esta instituição deve fazer? -Como esta instituição deve fazer?, e -Onde esta instituição deve fazer? As respostas a estas perguntas irão determinar a direção que deve seguir e devem estar alinhadas com a sua razão de existência, devem ter o “perfil da instituição”, a sua identidade, e servirão de orientação para o trabalho dos agentes educacionais. Sampaio (Ibdem, 2002, p.25) destaca-se que: Os princípios, credos, filosofia, crença ou valores da empresa são aquilo em que a empresa acredita e servirão como orientadores para o processo decisório e para o comportamento da empresa no cumprimento de sua missão. São os ideais da empresa e os alicerces para seus planos e ações. Ajudam a empresa a manter seu sentido. A intenção estratégica, ou visão, é a ilustração de um cenário futuro que a instituição, através do seu plano de ação, pretende alcançar. Sampaio (2002, p.29) afirma que “a visão da instituição, deve representar um desafio de longo prazo a ser perseguido por todos, representando uma situação institucional desejada como ideal”. É a tradução do seu objetivo maior, que serve como direcionador de esforços de curto prazo para alcançá-lo. É importante observar que a visão pode refletir uma postura da instituição, ou uma intenção de busca de liderança ou referência, em relação às demais, na intenção de superá-las, e deve representar uma ambição possível de ser alcançada. 2ª – Análise ambiental: é a etapa analítica, sujeita a alterações devido às variações e interferências do ambiente; tem o propósito de mapear os ambientes interno e externo da instituição para identificação das forças e fraquezas e das oportunidades e ameaças, respectivamente. Sampaio afirma que (2002, p.31) “o monitoramento do ambiente externo é um fator fundamental para a elaboração do Planejamento Estratégico e para o sucesso da instituição”. O ambiente externo é onde os gestores visualizam as oportunidades e as ameaças que podem interferir no cumprimento da sua missão. Já no ambiente interno, são identificadas suas potencialidades e limitações, e é a análise mais difícil e impactante, uma vez que implica em admitir falhas de gestão e erros em decisões tomadas precipitadamente, sem planejamento. Nesta etapa são definidos também os fatores essenciais críticos, ou seja, aquelas condições e fatores indispensáveis para o sucesso institucional. 3ª – Definição de objetivos, metas e estratégias: é a etapa de definição de onde os gestores querem que a organização chegue, estabelecendo o caminho apropriado para isto. A definição destes objetivos deve ser baseada na missão e visão da instituição. Os objetivos são globais, envolvem os resultados que se pretende alcançar. Metas são as etapas realizadas, com prazos estipulados, para alcançar os objetivos e possibilitam o controle dos resultados alcançados, permitindo correções no curso do planejamento. “É importante relembrar que os objetivos estão diretamente relacionados com as análises anteriores de ambiente interno, externo e fatores essenciais”(Sampaio, 2002, p.48). Enquanto os objetivos determinam “o quê” e “quando” fazer, as estratégias – ações – especificam o “como” fazer. Sampaio (2002, p.53) destaca: Para cada objetivo e meta relacionados, a empresa deverá formular estratégias/ações para que possa atingi-los, considerando sempre os recursos disponíveis, os pontos fortes e fracos da empresa, as oportunidades e não as ameaças existentes no ambiente. Dessa forma é possível, para os gestores, definir o ponto de partida de uma situação atual da instituição rumo à situação desejada para o futuro. As ações que levam a esta situação futura devem ser consistentes, relacionadas com as metas e objetivos, devem ser claras para facilitar o entendimento, estarem de acordo com a sua situação atual, considerando todos os recursos disponíveis, e se poderão proporcionar o aproveitamento das oportunidades que o ambiente oferece, potencializando os pontos fortes e neutralizando os pontos fracos e, acima de tudo, respeitando e reforçando a missão, os princípios e a intenção estratégica da instituição. Para que o desenvolvimento e a implementação do Planejamento Estratégico tenham sucesso, é necessário que os gestores promovam o despertar do compromisso, do comprometimento e da participação de todos os colaboradores da instituição na construção do futuro, promovendo um ambiente favorável à motivação, satisfação, saúde, capacitação e despertar do comportamento empreendedor dos envolvidos. O Planejamento Estratégico é um processo que faz a sintonia entre a instituição e o ambiente onde está inserida, e por isso precisa ser atualizado periodicamente para acompanhar as mudanças desse ambiente. “Quando se constata que algo mudou ou pode não ocorrer, de imediato deverá ser aplicada uma ação corretiva, corrigindo o desvio e evitando problemas maiores” (SAMPAIO, 2002, p.62). Os gestores devem usar o Planejamento Estratégico como ferramenta de apoio a decisão para todos os processos da organização. Considerando os recursos disponíveis, e dentre eles, o capital humano, que hoje é o componente mais importante de uma instituição educacional, visto que a troca de experiências, o conhecimento técnico, e as atitudes e o comportamento individual fazem parte da imagem da instituição, pois ainda não há máquina ou tecnologia capaz de substituir o ser humano na sua capacidade de raciocínio, de interação social, de troca de experiências e relacionamentos, de afetividade, da capacidade de formar e influenciar opiniões e ações, e por isso, a gestão de pessoas através do Planejamento Estratégico, e o despertar do comportamento empreendedor, fazem parte do objeto desta pesquisa. O comportamento empreendedor, como fator de influência, pode auxiliar o desenvolvimento do planejamento estratégico, bem como sua ausência, pode prejudicar a caminhada para alcançar os objetivos e metas estabelecidas pela instituição. O empreendedorismo, como forma de influenciar positivamente a comunidade escolar, está ligado diretamente à resultados com foco em qualidade, pois de acordo com Fiorelli, “conseguir dos profissionais uma ótima percepção para as filosofias de um programa de qualidade nada tem de complexo; o desafio é conseguir que a atitude transforme-se em comportamento” (2000, p. 82), pois não adianta, por exemplo, criar programas orientados para saúde, enquanto os agentes educacionais se reúnem para fumar no pátio da escola, durante o intervalo. Segundo Lima (2010), “o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que foi a revolução industrial para o século X”. A educação empreendedora tem sido uma realidade nas instituições de ensino superior, desde meados dos anos 90, principalmente nos cursos relacionados à gestão, e, recentemente, no ensino básico da rede pública. A nova realidade da economia mundial faz com que a sociedade cobre das instituições governamentais o desenvolvimento de projetos educacionais que garantam o ensino do empreendedorismo, mas é necessário que estes programas também estejam voltados para a formação dos professores, capacitando-os para o desenvolvimento de uma nova cultura que garanta a inclusão do ensino empreendedor no sistema educativo em todos os níveis, do ensino fundamental ao superior. Com relação a metodologia de pesquisa, segundo Roesch (1996, p.110), “a entrevista e o questionário são os instrumentos de coleta mais utilizados”, e conforme a problemática e objetivo descritos anteriormente, serão aplicados questionários para coleta dos dados, e definida como metodologia a pesquisa qualitativa, pois, segundo Staw (IN: ROESCH, 1996, p.145) “seus métodos de coleta e análise de dados são apropriados para uma fase exploratória da pesquisa”. Destaca-se, ainda, o aspecto de estudo de caso, que conforme Yin (Ibdem, p.146) "é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto". Ressaltado que: Além disso [...] o estudo de caso não requer necessariamente um modelo único de coleta de dados, como a observação participante, por exemplo. [...] acredita-se que é mais apropriado classificar o estudo de caso como uma abordagem qualitativa, justamente porque com frequência os estudos de caso iniciam com um esquema conceitual fraco. Esta pesquisa será realizada em algumas das diversas instituições de ensino públicas, de nível fundamental e médio, da cidade de Rio Branco, escolhidas aleatoriamente, abrangendo todo o quadro funcional dessas instituições, garantindo dessa forma que, na análise dos dados obtidos, a comparação das informações coletadas dos diversos setores que compõem a organização, envolvendo pessoas com níveis de formação, perfil comportamental e cultura social diferentes, reflitam a realidade dessas instituições. VII. Referências Bibliográficas ALENCAR, E. M. L. S. de. A gerência da criatividade. São Paulo: Makron Books, 1996. ARAUJO, Ulisses F. Escola, democracia e a construção de personalidades morais. Publicado na Revista Educação e Pesquisa, São Paulo. v. 26, n. 2. p. 91-107, jul./dez. 2000. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor (entrepreneurship): práticas e princípios. Trad. MALFERRARI, C. – 2. ed. – São Paulo: Pioneira, 1987. FIORELLI, J. O. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000. LIMA, C. A. F. VIEIRA, C. L. CARVALHO, J. L. de. Empreendedorismo na educação: perspectivas e desafios para o professor do século XXI. Trabalho de conclusão de curso MBA em Gestão e Ensino de Ciências, Tecnologia e Inovação. Imperatriz: Faculdade de Tecnologia IBTA, 2010. LUCK. H. A aplicação do planejamento estratégico na escola. Publicado na Revista Gestão em Rede, São Paulo. n. 19. p. 8-13, abr./2000. ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de estágio do curso de administração. São Paulo: Atlas, 1996. SAMPAIO, Cláudio Hoffmann. Planejamento Estratégico. 3.ed. Porto Alegre: SEBRAE/RS, 2002. ULRICH, D. Os campeões de recursos humanos: inovando para obter os melhores resultados. 8. ed. São Paulo: Futura, 2003. VIII. Cronograma de execução ETAPAS/MÊS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Escolha do tema Levantamento bibliográfico Elaboração do projeto Coleta de dados Análise dos dados Organização do roteiro/partes Redação do trabalhoRevisão e redação final Entrega da monografia Defesa da monografia
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