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Marketing Obama Como a comunicação, as novas tecnologias e a internet elegeram o primeiro presidente negro dos EUA Fundamentos da Comunicação - USP | EACH Julho/2015 - Profa. Dra. Jane Marques AP Photo/Jae C. Hong - http://goo.gl/ieQcxp Diego Amorim | 8513066 Diego Borges | 7553556 Edmilson Miranda | 9273057 Henrique Pacanaro | 6907221 Giovani Guarnieri | 8511596 Victor Gabriel | 9360197 Fundamentos da Comunicação | USP - EACH Marketing | 1˚ Semestre 2015 Julho/2015 Introdução: o efeito Obama na comunicação eleitoral A comunicação e a internet na campanha de Obama Marketing e Mídia O sucesso da campanha de Barack Obama Os números e a tecnologia: o segredo da vitória de Barack Obama Informação, informação, informação: como o Big Data reelegeu Obama Conclusão: comunicação e as novas mídias Referências 01 03 04 06 08 10 12 13 Sumário David Bergman/2009 - http://goo.gl/TX3eHA maneira de organizar uma campanha política. Investiu em marketing on-line, que apesar de não ser um ambiente de alcance massificado como é a TV, por exemplo, é um ambiente de conexões e interatividade. Obama provocou seus eleitores, os fez dialogar, construir e compartilhar. Suas redes sociais foram mais do que simples canais de comunicação, foram canais de mudança. Num país onde a votação não é obrigatória, fazer o eleitor ir às urnas é um desafio a mais para qualquer candidato. Mais do que acreditar em Obama, os eleitores se engajaram em transmitir suas ideias. Obama usou um moderno programa de marketing e, além disso, totalmente integrado. Sua comunicação Introdução O efeito Obama na comunicação eleitoral Em 2000 e 2004, a internet já despontava como organismo essencial de uma disputa eleitoral, mas nada comparado com ao que aconteceu agora, em 2008. Sendo mais específico, ao que a campanha épica do candidato Barack Obama foi capaz de fazer no ambiente online e nas novas mídias em geral, ao mesmo tempo que influenciou permanentemente a linha que divide online e offline e atingiu a cultura pop”. Carlos Merigo, 2008 O marketing está em toda parte (KOTLER, 2012, p. 1). Não são somente as empresas que se utilizam do marketing para atingir seu público-alvo e gerar resultados expressivos em seus caixas. Eventos, experiências, lugares, ideias e pessoas usam o marketing para alavancar resultados e construir valor em volta de si. E a partir de 2008, o mundo viu como uma boa campanha de marketing e comunicação influenciam até os mais acomodados. Obama foi às ruas, à TV, ao rádio, mas também foi à Internet e esse foi o seu maior trunfo naquela campanha. Enquanto seu oponente apenas replicou estratégias de comunicação que já são consideradas antigas nessa nova tecnoera, a equipe de Obama revolucionou a “ era a mesma na TV, rádio, internet e onde quer que fosse veiculada. Foi a primeira vez na história que uma campanha política usou fortemente as novas tecnologias . Uma tática multimídia [que] combinou tanto mídias off-line e on-line quanto meios de comunicação gratuitos e pagos (KOTLER, 2012, p. 1). Quanto mais as pessoas se envolviam e conheciam Obama, mais elas se identificavam com ele. Dessa maneira, Obama virou um jogo que começou perdendo. A equipe de Obama desenvolveu as ferramentas on- line para ajudar os eleitores a se organizar e depois 01 continuar sem a necessidade da equipe por perto. Foi uma maneira de capacitar as pessoas a fazer o que elas estavam interessadas (KOTLER, 2012). Neste trabalho trazemos as visões e opiniões de especialistas políticos, acadêmicos, em comunicação sobre a campanha de Barack Obama à presidência dos EUA. US$3,6 mi US$16 mi US$ 16 milhões de dolares foram investidos na primeira campanha de Obama à presidencia nas mídias on-line, contra apenas US$ 3,6 milhões de seu oponente. 20x No Twitter, Obama tinha 20 vezes mais seguidores do que seu oponente durante a campanha presidencial. Vamos discutir quais foram os principais pontos explorados pela equipe de Obama, como eles usaram as redes sociais e criaram uma nova experiência na maneira de fazer campanhas políticas que foram copiadas, mais tarde, em outros lugares, como o Brasil (mas não com o mesmo efeito). Por fim, concluiremos o quão importante é estar atento e saber utilizar as novas tecnologias para desenvolver uma comunicação cada vez mais assertiva e que potencialize seus resultados, seja numa campanha política, seja para divulgar os bens e serviços de uma empresa. O efeito Obama vai, com certeza, reverberar ainda por muitos anos e muitos outros estudos ainda serão criados para averiguar a eficácia dessa magnifica campanha. #YesWeCan AP Photo/Jae C. Hong - http://goo.gl/ieQcxp http://goo.gl/4NNH6P Fonte: GOMES, 2009 Fonte: MORAES, 2013 02 A comunicação e a Internet na Campanha de Obama A campanha de Barack Obama foi um marco que mudou o modo como as campanhas políticas eram pensadas. Mais além, ela também revolucionou o modo como a comunicação era feita (MERIGO, 2008). E a responsável por essas mudanças foi a Internet. Em 2000 e 2004, a internet já despontava como organismo essencial de uma disputa eleitoral, mas nada comparado com o que aconteceu agora, em 2008 (MERIGO, 2008). A forma como atingir os eleitores foi reestruturada (MERIGO, 2008). O jornal americano The New York Times resumiu bem a campanha: “tratou-se de iniciativas guiadas pela tecnologia, focadas no microtarget, tão engajadoras que foram capazes de envolver americanos, que nem nunca tinham votado antes, no processo eleitoral, em especial o público jovem-adulto” (NAGOURNEY, 2008). Embora a Internet tenha marcado uma nova maneira de se fazer campanha, a televisão e o rádio ainda têm seus papeis importantes na hora de escolher um presidente. Só que agora de um jeito diferente (MERIGO, 2008). A televisão virou uma alternativa à Internet, e mais, muito do movimento que a campanha do Obama veiculou na televisão, foi feita graças ao dinheiro arrecadado na Internet (MERIGO, 2008). Quando se fala em 120 mil seguidores no Twitter, um grupo no Facebook com 2.3 milhões de membros e 11 milhões de views em um vídeo no YouTube, os números parecem baixos se comparados ao alcance de uma mídia de massa, mas formam uma comunidade de pessoas que fazem diferença, que são altamente multiplicadoras e influenciadoras (MERIGO, 2008). A rede de comunicação que as pessoas criaram, independentes da vontade da mídia tradicional, construiu uma importante plataforma de conteúdo que foi disseminada por diversas mídias. A mídia tradicional aprendeu algumas lições em meio a essa revolução aproveitando o que era gerado na rede e usando conteúdo que as pessoas criaram para desenvolver ferramentas, widgets e mapas interativos eleitorais (MERIGO, 2008). São ferramentas que permitem analisar, compartilhar, agregar, categorizar, dissecar tudo quanto é tipo de informação sobre as eleições, que além de informar estimulam a participação do usuário. Aplicativos que não eram possíveis nas eleições passadas, e hoje são parte integrante das mídias sociais (MERIGO, 2008). A campanha de Obama revolucionou o modo como enxergamos a comunicação eleitoral. Essa revolução só foi possível por causa da dinâmica das redes sociais na Internet. Diferente de outras mídias, as redes sociais são mutáveis constantemente (MERIGO apdu RECUERO, 2009, p. 79). Os processos dinâmicos das redes são 03 consequência direta dos processos de interação entre os atores. Redes são sistemas dinâmicos e, como tais, sujeitos a processos de ordem, caos, agregação, desagregação e ruptura (MERIGO apud NICOLISE PRIGOGINE, 1989. RECUERO, 2009, p. 80) Essa característica dinâmica da rede potencializou a campanha de Obama que motivou eleitores a irem às urnas. Além do uso da tecnologia e das redes, também houve um forte investimento em Marketing. Obama criou sua própria rede social (https://www.barackobama. com) e sua comunicação visual foi preparada de forma a cativar ainda mais os eleitores (MERIGO, 2008). Marketing e Mídia A influência da internet sobre os processos eleitorais pode ser observada desde a década de 1990, quando a maior ferramenta era o e-mail, e os computadores serviam basicamente para comunicação à distância. Vieram as campanhas na web, limitadas ainda, onde todo o material oferecido resumia-se a cópias dos materiais distribuídos off-line e links para os discursos feitos, permanecendo nesse formato até os anos 2000, quando tudo se adéqua ao espírito da web 2.0, abrindo espaço para a cooperação, postagens e compartilhamentos (GOMES, 2009). Foi em 2008 que a diversidade de recursos oferecidos pela internet (muitos deles criados após a eleição anterior, como o Facebook, de 2004, e o Youtube, de 2005) foi utilizada plenamente evidenciando sua capacidade de mobilização (GOMES, 2009). Em 2007, o então senador Barack Obama contratou um dos fundadores do Facebook, Chris Hughes para comandar sua campanha on-line. A partir dessa ação, surge o site www.barackobama.com, atendendo a todos os requisitos do site de um presidenciável, como página para doação de campanha, biografia do candidato e sua esposa, e seu posicionamento frente aos temas ligados à presidência. Entretanto, sua campanha foi além, numa iniciativa que contribuiu para o sucesso da mobilização de seus eleitores, com a criação da rede social própria, chamada de My.Barack.Obama, ou apenas MyBO, onde destacava-se nos perfis dos usuários, informações relativas ao seu engajamento político, ou seja, a interação dos usuários era direcionada à mobilização (GOMES, 2009). A utilização dos meios não ficou restrita a esses dois sites, o sítio do candidato exibia uma lista com diversos links chamada “Obama Everywhere”, que direcionava para outras 16 mídias sociais, entre elas: Facebook, MySpace, YouTube, Flickr, Twitter, AsianAve e LinkedIn. Apenas no Facebook, Obama investiu US$ 643 000, e no YouTube, onde o candidato mantinha três canais, com mais de 1800 vídeos postados. No YouTube, deve- se destacar o fato de que os próprios simpatizantes se tornavam produtores de conteúdo, tanto os anônimos quanto celebridades norte-americanas. O líder da banda Black Eyed Peas, Will.i.am., por exemplo, publicou um vídeo em que musicava um discurso de Obama; tal vídeo, somente no canal em que foi armazenado, teve mais de 16 milhões de visualizações, e faturou o Webby Awards, conhecido como o “Oscar da internet” (GOMES, 2009). No Twitter, foram realizadas menos de 300 postagens Yoon S. Byun/Globe Staff - http://goo.gl/ieQcxp 04 escritas, sendo que a maior parte delas tratava da agenda de campanha, ou alerta de quando ele apareceria na televisão. Cerca de 144 mil usuários se tornaram “seguidores” de Obama, e sua conta “seguiu” mais de 168 mil, transmitindo a mensagem de que ele queria ouvir as pessoas. Já o perfil de Hillary Clinton, uma candidata que concorria com Obama dentro do partido para a nomeação de candidatia, não seguia ninguém (GOMES, 2009). Além das mídias sociais, a campanha democrata investiu mais de US$ 16 milhões em publicidade on- line, o candidato republicano investiu apenas US$ 3,6 milhões. De todo o dinheiro destinado por Obama aos meios on-line, a Google recebeu a maior parte (US$ 7,5 milhões, correspondendo a retornos de 45% do total). O Yahoo!, se posicionou em segundo lugar, ficando com apenas US$ 1,5 milhões (GOMES, 2009). Dentre as mais populares formas de se investir em campanhas on-line, encontram-se os links patrocinados. Os anúncios relacionam-se às buscas realizadas e a publicidade exibida é coerente com os assuntos buscados. Os investimentos da equipe de Obama obtiveram resultados positivos, não apenas para divulgar sua mensagem, mas também para protegê-lo das críticas e ataques dos adversários, uma vez que o conteúdo pró- democrata se espalhou pela web, inclusive esclarecendo boatos, como o de que o candidato não havia nascido em solo americano, rebatendo com materiais criados por partidários pró-democratas, que posicionava a certidão de nascimento de Obama sempre entre os primeiros resultados obtidos (SOARES, 2012). Na reta final da corrida eleitoral, a quantidade de buscas relacionadas ao Obama era três vezes maior que as relacionada ao candidato McCain (GOMES, 2009). Por fim, destaca-se o uso do marketing móvel, com envio de mensagens de texto, vídeos, banners e chamadas interativas de voz, além de aplicativos gratuitos disponibilizados para iPhones (GOMES, 2009). A campanha de Obama diferenciou-se devido ao uso diversificado, eficiente e coerente das mídias sociais existentes, além da criação de uma rede social própria, que proporcionava aos eleitores uma sensação de proximidade com o candidato, e transmitia informações necessárias para barrar boatos e esclarecer suas propostas, não necessariamente marcando um pioneirismo, pois esses meios já eram utilizados por diversos anunciantes, mas certamente mostrando revolução na comunicação política. Tal uso das novas mídias disponíveis, não apenas contribuiu para a vitória do candidato, mas também, certamente, contribuiu para mudanças no cenário político da história recente americana, reduzindo a apatia civil e aumentando a participação e engajamento dos eleitores. Em um relatório intermediário, publicado a duas semanas das eleições americanas, a sondagem de opinião do Pew Research Center anotou que 59% dos eleitores registrados afirmaram que se serviram de conteúdos eleitorais on-line ou tiveram algum tipo de comunicação on-line sobre Marketing e Mídia 05 a campanha; 44% dos eleitores (cerca de metade em todas as faixas etárias, exceto naquela acima de 64 anos) enviaram ou receberam e-mails sobre a eleição; 39% disseram terem visto algum vídeo on-line relacionado à campanha eleitoral; 28% assistiram discursos em vídeos on-line; 27% leram blogs políticos; 26% receberam algum e-mail de uma das campanhas ou de grupos ou organizações políticas e 23% visitaram algum sítio de internet de algum candidato (GOMES apud KOHUT, 2008, p. 4 e 6). Vale ressaltar que o uso das ferramentas de comunicação digital não é a única causa do sucesso de Obama naquelas eleições, mas que certamente faz parte do ambiente político e social que determinou a mobilização e a popularidade obtida entre os eleitores mais jovens. O sucesso da campanha Política de Barack Obama A campanha política do presidente Barack Obama AP Photo/Chris Carlson - http://goo.gl/ieQcxp AP Photo/Alex Brandon - http://goo.gl/ieQcxp 06 O Sucesso da campanha política de Barack Obama reuniu Scott Goodstein, Jason Realston e Ben Self, um time de profissionais de comunicação para trabalharem a sua imagem, campanha essa que foi inovadora e garantiu sua vitória na corrida eleitoral norte-americana. O candidato trazia uma imagem jovem, de que era inovador, e tinha uma política diferente dos presidentes anteriores. O uso da internet na campanha associava que o candidato era adepto as novidades, segundo Jason Realston (2009), pois a campanha presidencial do presidente Barack Obama foi repleta de novidades. Inovadora pelo uso de novos meios de comunicação não comuns em campanhas eleitorais, uso da internet, forte participação nas redes sociais e uso do mobile(com a ascensão da internet via smartphones, muitas pessoas tiveram acesso à internet facilitado e ainda há pessoas onde seu primeiro acesso a internet foi atraves de um smartphone. KLERING, 2015). Scott Goodstein foi um dos especialistas que trabalhou na campanha presidencial americana. Ele é especialista no uso de mobile e fala que há um alto custo no uso dos smartphones além do problema do alcance, pois segundo ele, nos EUA a população que tem acesso a internet 3G ainda é uma parcela pequena (THE GEORGE WASHINGTON UNIVERSITY apud GOODSTEIN, 2009). Como dito anteriormente (MERIGO, 2008) a televisão ainda é o meio de comunicação de massa de maior alcance, e, segundo Jason Realston (2009), a televisão é o meio mais eficaz de conseguir os votos, mas a internet serve para organizar os seus eleitores. É muito importante ressaltar que a equipe do presidente tinha uma base de dados muito grande, o que facilita saber os hábitos do eleitor, e direcionar a comunicação de acordo com os perfis de eleitor. No quartel-general da campanha, em Chicago, um grupo de cientistas especializados na análise de grandes quantidades de dados foi contratado para trabalhar exclusivamente com big data, sistema usado para analisar uma enorme quantidade de informações, processar tudo e tirar conclusões a partir dos números. O time de Obama aposentou a intuição. Jogou no lixo regras consideradas infalíveis pelos partidos políticos, como concentrar toda a propaganda de TV no horário nobre, enviar pelo correio toneladas de material com conteúdo idêntico ou disparar um mesmo e-mail para todos os eleitores cadastrados. Nesta eleição, cada procedimento foi pensado para atingir um conjunto específico de pessoas (MORAES, 2013). Também se contou muito com uma divulgação “boca a boca”. Os eleitores que tomavam a causa do presidente se transformavam em voluntários para divulgar o que pensavam sobre o candidato. O uso da mala direta, AP Photo/Jae C. Hong - http://goo.gl/ieQcxp 07 envio de grande número de e-mails divulgando a campanha e o uso de SMSs mostraram como pensar diferente e saber usar a tecnologia gera grande impacto em campanhas políticas (MORAES, 2013). A campanha de Barack Obama foi tão bem sucedida no uso da internet e as redes sociais que atualmente ele é o líder mundial com mais seguidores no Twitter e está na terceira posição em número de seguidores entre todos os usuários da rede, com 61,2 milhões de seguidores atrás apenas da cantora Katy Perry, e o cantor Justin Bieber (CARNETI, 2014). A campanha política de Barack Obama usou o mix de comunicação e vários meios, onde um complementava o outro. Foi muito bem estruturada com especialistas trabalhando juntos e se pode associar o sucesso dessa campanha a um bom uso de novos meios de comunicação. Os que não são comuns em campanhas eleitorais, como envios de SMS e mala direta, e os comumente usados, TV e rádio, aliados à uma grande base de dados, todos esses usos foram fatores que propensaram a profusão do efeito Obama. Os números e a tecnologia: o segredo da vitória de Obama Como um reflexo do passado, no qual Obama se candidatou ao comitê da escola, usando o comum “boca a boca” para angariar votos; na sua campanha presidencial de 2008, o presidente norte-americano, adotou o conceito no qual a tecnologia e as redes sociais permitem hoje gerir uma campanha presidencial da mesma forma que eu geri a minha primeira eleição, para o comitê da escola, há 20 anos, que é bairro a bairro, falando com alguém aqui, pedindo a alguém que fale com um amigo acolá. Isso vai mudar, para sempre, a forma como as campanhas são feitas (SOARES, 2012). Assim, Obama transformava sua campanha em um espantoso “boca a boca” on-line, e de proporções nunca vistas. A publicação de David Carr, no jornal The New York Times, relata que o presidente, em sua preparação para as eleições, se perguntou se as redes sociais, com sua grande capacidade de comunicação e desenvolvimento agressivo de banco de dados, poderiam ajudá-lo a vencer as probabilidades esmagadoras que o afrontavam (CARR traduzido, 2009). Essa indagação se transformou em uma estratégia, que ao misturar aplicativos de redes sociais sob uma bandeira comum, eles mostraram uma força inesperada para arrecadar dinheiro, organizar-se localmente, combater campanhas prejudiciais e conseguir os votos que os levou a superar a máquina de (Hillary) Clinton e depois John McCain e os republicanos (SOARES apud CARR, 2009). Desta forma, foi possível arrecadar meio bilhão de dólares, que seriam usados como fundo da sua campanha presidencial. Tudo isso devido as corretas estratégias e ações de marketing on-line adotadas. EMMANUEL DUNAND/AFP/Getty Images - http://goo.gl/ieQcxp 08 (SOARES, 2012). A reeleição teve como base estratégica a campanha de 2008, que foi aperfeiçoada de modo a trabalhar o marketing e a comunicação de forma mais incisiva e objetiva, na qual acrescentaram novos dados obtidos por empresas de pesquisa, voluntários e redes sociais, criando uma ampla base de dados unificada (SOARES, 2012). Podendo utilizar as informações que iam muito além dos dados pessoais dos eleitores; incluíam histórico de voto, doações a campanhas e a probabilidade de votarem em Obama (SOARES, 2012). O resultado foi uma campanha mais personalizada em diversos aspectos, como o envio de e-mails personalizados aos patrocinadores, mensagens pessoais aos eleitores pelo Facebook, apoio de celebridades como além de serem disparados vários anúncios com a posição do presidente sobre assuntos específicos e foi usada ainda uma tecnologia que possibilita a veiculação de anúncios televisivos de forma altamente localizada, restringindo- os a apenas algumas ruas, por exemplo (SOARES, 2012). Esse aperfeiçoamento possibilitou desta vez, o arrecadamento de um bilhão de dólares, devido principalmente, aos e-mails personalizados que tinham como remetente o próprio presidente, a primeira-dama, Michelle, o vice-presidente, Joe Biden, ou oficiais da campanha. Cada nome funcionava melhor com cada público, num determinado momento (SOARES, 2012). Suas campanhas nas novas mídias possibilitaram o financiamento da sua campanha nas televisões americanas, de acordo com sua estratégia baseada nos Os números e a tecnologia: o segredo da vitória de Barack Obama dados obtidos por sua equipe. Os pronunciamentos ocorriam em distintos canais e horários específicos objetivando atingir um número cada vez maior de eleitores (SOARES, 2012). A equipe democrata contava com 15 pessoas, entre eles engenheiros, técnicos em informática e matemáticos, que eram lideradas por David Simas, diretor de pesquisas da campanha. O trabalho aliava informação e tecnologia, de maneira a basear suas ações em dados. Como relata: ‘Todas as decisões eram tomadas por consenso. Se alguém fazia uma recomendação, tinha de justificar com dados’, ressalta Simas. ‘Tudo, tudo mesmo que fizemos nesta campanha foi baseado em números’ (SOARES, 2012). David Simas ainda relata, no texto de Alexandre Soares, que As pesquisas foram importantes para tomar 09 decisões sobre a mobilização de recursos - um anúncio de televisão neste mercado, mais voluntários naquele local (SOARES, 2012). No dia da eleição, como forma de encorajar seus eleitores a ficarem na fila de votação, o Twitter de Obama lançou a hashtag #FiquemNaFila. Ação adotada pela equipe do candidato que evitava a desistência dos eleitores de alguns Estados, devido as longas filas para as urnas (SOARES, 2012).Informação, informação, informação Hoje em dia, com a ascensão das redes sociais e intensificação das comunicações, através do desenvolvimento da tecnologia, a troca de informações entre as pessoas fica mais facilitada, de modo que é difícil viver hoje sem estar conectado de algum modo. Com base nisso, candidatos a eleições para cargos públicos não podem deixar a tecnologia de lado, já que ela pode maximizar e otimizar os resultados de campanha. Hoje, nenhum candidato tem a ousadia de desprezar a web, inclusive no Brasil (MORAES, 2013). Um exemplo muito marcante do uso de tecnologia de ponta aplicada às eleições é o do candidato à Presidência da República dos Estados Unidos, Barack AP Photo/Jae C. Hong - http://goo.gl/ieQcxp AP Photo/Pouya Dianat, Atlanta Journal & Constitution - http://goo.gl/ieQcxp 10 Informação, informação, informação: Como o Big Data reelegeu Obama Obama, em 2012, quando concorria para seu segundo mandato. Obama acaba de transformar novamente as eleições e, desta vez, de uma maneira ainda mais radical (MORAES, 2013). A campanha em questão apostou no uso de big data, processando uma quantidade massiva de informações em um curto período de tempo. A equipe monitorava cada informação relevante e ia alimentando o banco de dados, num trabalho que começou ainda em 2011 (MORAES, 2013). Esse trabalho, Kotler chama de Data Mining: Por meio do Data Mining, analistas de marketing podem extrair informações úteis de uma ampla massa de dados sobre indivíduos, tendências e segmentos. Fazer data mining significa usar técnicas estatísticas e matemáticas sofisticadas, como análise de agrupamento, detecção automática de interação, modelagem preditiva e rede neurais (KOTLER, 2012, p. 151). A equipe eleitoral segmentou os americanos em grupos bem mais específicos, diferente do que geralmente ocorre, que é a divisão em fatias grandes, como homens de 30 a 39 anos; aposentados, etc. O time de Obama possuía informações a respeito da idade, perfil familiar, assuntos de interesse, organizações em que participam e principais preocupações políticas, entre outros fatores. Essas medidas auxiliava a equipe a mandar mensagens personalizadas para as pessoas, visando conseguir mais engajamento da população (MORAES, 2013). Também foi criado um aplicativo para celulares, chamado Obama for America, onde os voluntários podiam ficar por dentro das últimas notícias a respeito do candidato, checar eventos e até fazer doações para a campanha. Além do Obama for America, foi disponibilizado outro aplicativo, o Dashboard, que mesclava uma rede social com escritório virtual, visando a integração dos eleitores. O aplicativo Obama for America serve como um bom exemplo do uso prático do imenso banco de dados criado na campanha. Os republicanos não fizeram nada parecido. Os republicanos escreveram no microblog que haviam feito a 75 mil visitas em Ohio. Logo depois, os democratas responderam que, no mesmo dia, fizeram o mesmo em 376 mil residências (MORAES, 2013). Nesse caso, as redes socias não foram deixadas de lado, apenas não foram as protagonistas. Obama possuía cerca de três vezes mais seguidores no Facebook do que a de seu adversário, Romney. No Twitter, essa diferença era 20 vezes maior. Romney possuía menos seguidores do que Michelle Obama (MORAES, 2013). Dessa maneira, conclui-se que a chave para a reeleição de Obama foi Interatividade, já que os eleitores possuíam diversas ferramentas para acompanharem seu candidato, e possuíam um espaço onde poderiam debater ideias, bem como fazer doações de forma simples. É seguro afirmar que a estratégia de comunicação da equipe de Obama para uma eleição gerou um marco histórico na política eleitoral. 11 Obama, como qualquer outra grande marca, construiu uma ligação de confiança com o povo americano. Feito creditado ao forte instinto de marketing do presidente. Através do uso de diversas mídias de comunicação, com foco na Internet, Obama conseguiu engajar não só doadores e voluntários, mas todos os cidadãos. Mirando apoio além da base eleitoral provável e unindo o apelo emocional de suas campanhas de mudança e esperança com propostas sólidas e específicas, Obama manteve a mesma mensagem em diferentes tipos de mídia (QUELCH, 2008). Quando o assunto é brand marketing, (...) nem todas as ferramentas se encaixam a todos os casos, e uma relação bilateral pode ser complicada (LEARMONTH, 2009). A campanha de Obama, porém, utilizou as ferramentas certas. Com a forte utilização das redes sociais, de conteúdo criado por usuários e a otimização de fundos em sua campanha, Obama conseguiu um feito histórico Conclusão Comunicação e as novas mídias que será sempre referência na utilização das redes no marketing político, causando uma comoção não só nacional, como internacional. Sendo assim, dono da maior e mais eficiente campanha online de todos os tempos. Adaptando-se aos novos tempos, em sua segunda campanha, o presidente norte-americano estabeleceu um novo modelo de se fazer campanha, elevando o marketing político a outro patamar. Dessa vez foi o Big Data que modelou a campanha de Obama. Com uma impressionante lista de mais de 13 milhões de e-mails (KOTLER, 2012, p. 1), Obama e sua equipe conheciam profundamente seus eleitores, sabendo de suas necessidades e ambições. O resultado foi uma arrecadação de um bilhão de dolares para a campanha, um marco histórico na política. Tudo isso só foi possível graças a um trabalho minuscioso de marketing e comunicação, pensado por uma equipe de especialistas e proposto por alguém que mantém sua imagem o mais coerente possível com o que está comunicando, pois nada disso funcionaria se as promessas de Obama fossem apenas mais falácias políticas. Além do marketing, Obama se comprometeu a fazer o que tinha prometido. Marketing sem conteúdo não é nada e conteúdo sem ação tão pouco é eficiente. Essa é a grande lição que Obama nos deixa: um trabalho minuscioso de marketing, atrelado à uma comunicação fiel à mensagem e ao conteúdo, bem direcionadas e com forte apelo pessoal, criando resultados expressivos e levando sua campanha ao sucesso total. Duas vezes! REUTERS/Jim Young - http://goo.gl/ieQcxp 12 Referências Marketing Obama: como a comunicação, as novas tecnlogias e a Internet elegeram o primeiro presidente negro dos EUA CARNETI, Karen. Saiba quem são as 10 pessoas mais seguidas no Twitter. 2014. Disponível em: <http://info. abril.com.br/noticias/internet/fotonoticias/saiba-quem- -sao-as-10-pessoas-mais-seguidas-no-twitter.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2015. CARR, D. How Obama tapped into social networks’ power. The New York Times. 9 de novembro de 2009. Disponível em: http://www.nytimes.com/2008/11/10/ business/media10carr. html?_r=0. Acesso em 24 de junho de 2015. GOMES, W; FERNANDES, B; et al. “Politics 2.0” A campanha on-line de Barack Obama em 2008. 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