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Economia Institucional I 2013 - Aulas 18 a 20.

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Economia Institucional I 
Bibliografia: 
Costa (2010), cap. 2; Santos (2005), cap.1; Wray (2003), caps. 2 a 4.. 
 
Aulas 18 a 20: 
Macroeconomia Institucionalista: 
Moeda, Finanças Funcionais e 
Emprego. 
1 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
2 
 1. A abordagem cartalista da moeda 
• Visão tradicional da moeda: 
– Supõe que o valor do dinheiro em algum momento 
correspondia à quantidade de metal precioso que ele 
representa. 
– Com a moeda fiduciária, seu valor decorre da quantidade de 
mercadorias que permite comprar. 
– A política monetária consistiria essencialmente no controle 
da oferta de moeda. A política fiscal teria a ver com os gastos 
do governo e com a arrecadação. 
• Abordagem cartalista da moeda: 
– Supõe que o dinheiro (no mínimo, o moderno) é uma criação 
do Estado. 
– Nessa visão, dinheiro é aquilo que é aceito para o 
pagamento de impostos. 
– O governo não tem necessidade de dinheiro para gastar; as 
pessoas têm essa necessidade para pagar os tributos. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
3 
 2. A história tradicional da moeda 
• No começo era o escambo. 
• Para evitar o problema da dupla coincidência de 
desejos, descobre-se que algumas mercadorias são 
aceitas por todos, e portanto serão usadas 
preferencialmente para as trocas. 
• Logo, elas viram “meio de troca e medida de valor”. 
• Pouco a pouco, os metais preciosos ocupam esse lugar. 
• Um certo peso de algum metal, garantido pelo rei com 
seu selo, vira padrão de valor. 
• Como as autoridades começavam a usar menos metais 
nas moedas, surge o papel (crédito) como mecanismo 
para substituir as moedas. 
 
 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
4 
 3. A história realista da moeda - I 
• A moeda não teria surgido a partir de um mercado 
primitivo baseado no escambo, mas da obrigação dos 
súditos de pagarem tributos a um soberano. 
• O comércio inicialmente não era feito com moedas, 
mas com obrigações de crédito e débito (registradas 
em talhas de madeira, tabuletas de argila, etc.). Elas 
são encontradas dois mil anos antes de qualquer 
moeda. 
• As moedas da versão oficial, inclusive, apresentam o 
problema do seu valor alto: como fazer para pagar 
pequenas quantias? 
• Esses comprovantes de dívidas podiam passar de mão 
em mão: eu pago uma coisa transferindo a dívida que 
outrem tem comigo para meu vendedor. 
 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
5 
 3. A história realista da moeda - II 
• Isso funcionou por muito tempo, mesmo existindo 
moedas. As feiras medievais, entre outras, 
funcionavam desse modo. 
• Sabe-se, ademais, que nessas feiras circulavam muitos 
tipos de moedas e instrumentos de crédito. Em grande 
parte essas feiras funcionavam como grandes câmaras 
de compensação de dívidas diferentes. 
• O uso de determinada moeda em uma região 
normalmente não surgia de um “consenso da 
mercadoria mais frequentemente usada”; era uma 
obrigação imposta pela autoridade (moeda de curso 
forçado), e quem não a aceitasse ou usasse ficava 
exposto a diversas penalidades. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
6 
 3. A história realista da moeda - III 
• Segundo esta interpretação, as primeiras “moedas” 
eram medalhas de reconhecimento de alguma dívida 
(particular ou pública). 
• As primeiras moedas foram usadas na Grécia por volta 
de 600 AC. 
• Podem ser entendidas como comprovantes de dívidas 
emitidas pelos governos, que as aceitavam de volta 
como pagamento dos tributos que arrecadavam da 
população. 
• Isso não impede que, como qualquer instrumento de 
dívida, circulassem entre a população. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
7 
 4. Um caso hipotético da origem de uma moeda - I 
• Um governador de uma colônia vai para uma ilha na 
qual os habitantes trabalham em uma economia de 
subsistência, sem moeda, preços nem mercados. 
• Ele precisa que os moradores façam obras públicas 
(prédios, caminhos, etc.), e vem com dinheiro da 
metrópole para pagar por tais serviços. 
• Para sua surpresa, por mais que ofereça ninguém vem 
trabalhar. 
• A maneira de introduzir a moeda é impondo um 
tributo (p.ex., uma taxa por habitante) que só pode ser 
pago em moeda. 
• Dessa maneira, se introduz a necessidade na 
população de conseguir esse objeto. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
8 
 4. Um caso hipotético da origem de uma moeda - II 
• Nesse caso, o governador oferece uma tabela de 
pagamentos pelos serviços que quer adquirir: 
trabalhar na estrada é pago em x moedas por dia, na 
construção do palácio é pago em y, e assim por diante. 
• Em realidade, o governador poderia notar que nem 
precisa usar a moeda da metrópole: se ele pagasse 
com fotos suas autografadas (“govs”), e as aceitasse 
como pagamento, conseguiria os mesmos resultados. 
• Esses govs não precisam ter lastro em metal precioso 
nem em moeda metropolitana. Também não precisa 
ser forçado seu uso para operações entre particulares: 
pode ser (normalmente será) conveniente para estes 
tais tipos de operações, mas não é imprescindível. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
9 
 4. Um caso hipotético da origem de uma moeda - III 
• O nível de preços é irrelevante: tanto faz se é um gov 
por hora ou mil, mas a quantidade de esforço que se 
consegue adquirir da população. 
• Se o governador não está conseguindo trabalho 
suficiente, pode aumentar a exigência tributária ou 
reduzir o número de govs por tarefa. 
• Se, ao contrário, a população não tem tempo de se 
dedicar aos seus afazeres, ele pode tomar as medidas 
diametralmente opostas. 
• O que isso mostra é que o governo não tem 
necessidade dos govs: são os moradores os que 
precisam deles para pagar os tributos ao governo. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
10 
 4. Um caso hipotético da origem de uma moeda - IV 
• O governo não teria problemas se a população tivesse 
mais govs entesourados, ou os usasse para suas 
negociações privadas. 
• O governador pode até emitir um “govtítulo” que paga 
juros em govs. 
• Em qualquer caso, o governador não precisaria perder 
o sono pela dívida crescente com a população. Desde 
que tenha o monopólio de emissão dos govs, sempre 
poderá saldar dívidas autografando mais fotos dele. 
• O governador descobriria que nenhuma informação 
útil pode ser obtida da taxa de juros que paga, de 
seus, déficits, de sua dívida, etc. Tudo o que seria 
relevante seria a quantidade de bens e serviços reais 
oferecidos pela população. 
 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
11 
 4. Um caso hipotético da origem de uma moeda - V 
• As duas situações piores ocorreriam quando o governo 
visse que muitas pessoas queriam trabalhar para 
conseguir govs, mas não achavam no que 
(desemprego), ou quando o pagamento de tributos 
fosse tão exigente que as pessoas não tivessem tempo 
para suas atividades. 
• Nesse caso, o governo regularia a taxa de pagamento 
em govs de maneira que todo mundo trabalhasse nos 
serviços públicos o necessário para pagar seus 
impostos. 
• Essencialmente, essa seria a maneira de evitar o 
desemprego. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
12 
 4. Um caso hipotético da origem de uma moeda - VI 
• Esta fábula é uma versão estilizada de como 
funcionaram realmente diversos governos coloniais. 
• Inclusive, em alguns casos a introdução da exigência 
de pagamentos em moeda acabou levando à 
desestruturação das comunidades tradicionais, e ao 
surgimento de economias monetárias. 
• Outras maneiras de forçar o trabalho dos povos dascolônias foi proibir algumas atividades de subsistência 
(ou reduzir as áreas para as mesmas) além de criar a 
necessidade de bens de luxo importados que só 
podiam ser conseguidos com dinheiro. 
• Em qualquer caso, o propósito do tributo não era 
levantar receitas monetárias, mas proporcionar bens e 
serviços reais ao governador. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
13 
 5. A visão tradicional sobre os gastos públicos - I 
• Segundo a visão convencional, os governos 
necessitam receita tributária para financiar seu 
dispêndio. 
• A única maneira na qual o governo pode gastar 
mais é emitindo títulos de dívida, desde que 
alguém se interessar por eles. 
• A ideia de pagar o déficit emitindo moeda é 
rejeitada por quase todo mundo por ser vista como 
inflacionária. 
• Ao contrário, a emissão de títulos em princípio não 
seria inflacionária, mas poderia fazer um 
“crowding-out” dos empréstimos ao setor privado. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
14 
 5. A visão tradicional sobre os gastos públicos - II 
• Isso deprimiria a oferta agregada, e poderia causar 
inflação de custos. 
• Déficits momentâneos podem ser aceitos, mas 
recomenda-se evitar déficits permanentes. 
• Mesmo que não exista um valor “mágico” de 
relação dívida/PIB ou déficit/PIB, os mercados 
passariam a duvidar da capacidade de pagamento 
do governo depois de algum limite. 
• Se faltarem emprestadores internos, o governo 
pode ser forçado a colocar títulos no exterior, 
inclusive denominados em moeda estrangeira. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
15 
 6. Abba Lerner e a crítica à visão tradicional - I 
• Em realidade, as economias modernas sempre 
operam com déficit governamental. 
– As tentativas de “eliminar os déficits” sempre acabam 
em recessões → libera forças deflacionárias. 
• O dispêndio governamental acaba sendo sempre 
sustentado pela criação de moeda fiduciária. 
• Títulos são usados para regular a quantidade de 
moeda na economia e regular as taxas de juros: 
operações overnight. 
• A visão que vamos estudar se origina no conceito 
de finanças funcionais (FF) de Abba Lerner, que diz 
que as ações do governo nas finanças têm que ser 
avaliadas por seus resultados, não por princípios 
gerais pré-existentes. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
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 6. Abba Lerner e a crítica à visão tradicional - II 
• Lerner fala de duas leis das FF: 
1. “A primeira responsabilidade financeira do governo 
... é manter a taxa total de dispêndio no país em bens 
e serviços nem maior nem menor que a taxa que, a 
preços correntes, compraria todos os bens que é 
possível produzir”. 
– Quando o dispêndio for muito alto, o governo deve cortar 
gastos e aumentar os impostos, se estivermos na situação 
oposta, a reação também será a oposta. A política do 
governo deverá ser contracíclica. 
2. “A tributação nunca deve ser estabelecida apenas 
porque o governo precisa fazer pagamentos 
monetários ... A tributação deveria ser imposta 
somente quando é desejável que os contribuintes 
tenham menos moeda para gastar”. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
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 6. Abba Lerner e a crítica à visão tradicional - III 
• Em consequência, o governo não deve tributar nem 
vender títulos para gastar. Essas ações têm outras 
razões. 
• Para gastar, o governo deve simplesmente emitir 
moeda. Diz Lerner: 
• “FF rejeitam completamente doutrinas tradicionais de 
‘finanças saudáveis’ e o princípio de tentar equilibrar o 
orçamento durante um ano...Em seu lugar, 
prescrevem: 1º) O ajustamento do dispêndio total a 
fim de eliminar tanto o desemprego quanto a inflação; 
...2º) O ajustamento da quantidade de dinheiro e de 
títulos governamentais em poder do público ... a fim de 
alcançar a taxa de juros mais desejável para o 
investimento; 3º) A impressão, armazenamento ou 
destruição de moeda à medida que isso for necessário 
para implementar as duas primeiras partes...”. 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
18 
7. As quinze lições - I 
• As quinze lições de Abba Lerner para as finanças públicas e 
a política econômica: 
• Obs.: elas estão essencialmente pensadas para os EUA ou outro 
país de moeda forte (portanto, de Estado forte). 
1. Pleno emprego (PE), estabilidade de preços e um padrão 
de vida decente para todos são metas macroeconômicas 
fundamentais, e é responsabilidade do Estado promover 
sua obtenção. 
• Isso implica que os mercados não são perfeitos, e que o pleno 
emprego não está garantido. Para AL, os ganhos do PE, tanto 
em termos de eficiência quanto a maior estabilidade social, são 
enormes. 
2. As políticas devem ser julgadas por sua capacidade para 
alcançar os objetivos para as quais foram projetadas, 
sem se preocupar se são “saudáveis” de acordo com 
critérios abstratos ou inadequados. 
• Não há nada intrinsecamente bom ou ruim no volume de 
déficit, dívida publica, tributação, gastos. Se conflitam com os 
princípios tradicionais, azar dos princípios. 
 
 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
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7. As quinze lições – II 
3. Dinheiro é uma criatura do Estado. 
• O déficit público não é a causa da inflação; o governo pode 
gastar mais do que arrecada sem causar inflação. O 
governo exige o pagamento de impostos, e escolhe o 
“aneppi” (aquilo necessário para pagar impostos), que será 
de fato a moeda. 
• É também essencial que o dinheiro seja “moeda de conta”, 
e o Estado determinará o que servirá para tanto. 
4. Tributação não é uma operação de financiamento. 
• Os impostos não são necessários para viabilizar os gastos 
do governo, mas para remover o excesso de renda do 
setor privado. Os gastos se financiam com emissão 
monetária, ou seja, pelo próprio governo. 
• O déficit do setor público é algo necessário para evitar 
tendências deflacionárias. 
 
 
 
 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
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7. As quinze lições - III 
5. Emissão de dívida pública não é uma operação de 
financiamento. 
• O governo só deve tomar empréstimo em moeda 
quando quer que o público tenha menos moeda e 
mais títulos. 
6. O propósito primário da tributação é influenciar o 
comportamento do público. 
• A tributação é feita quando se quer que os 
contribuintes tenham menos moeda para gastar. Isso 
é feito para reduzir a demanda agregada sem ter que 
reduzir os gastos públicos em níveis superiores aos 
desejados. O contrário ocorre quando se deseja que 
os contribuintes gastem mais. 
 
 
 
 
 
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21 
7. As quinze lições - IV 
7. O propósito primário da venda de títulos pelo 
governo é regular a taxa de juros do overnight. 
• O governo tem um objetivo de que a taxa de juros de 
curto prazo seja estável. Essa taxa de juros regula as 
operações interbancárias, e é através delas que o 
governo regula a liquidez do sistema financeiro. Para 
estabilizar essas taxas, o governo compra títulos 
quando há excesso de demanda por moeda, para que 
as taxas não subam, e os vende quando há pouca 
demanda, para que as taxas não caiam. Dessa 
maneira o governo evita booms e crises de liquidez. 
• Dentro desta visão não tem sentido a independência 
do Banco Central. Este deve agir de acordo com o 
Tesouro para favorecer o conjunto da economia 
 
 
 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
22 
7. As quinze lições - V 
8. A venda de títulos segue os gastos do governo, não 
os precede. 
• Tanto faz se o governo paga seus gastos com dinheiro 
arrecadado por impostos, com a venda de títulos ou recém 
emitido. Se em algum momento a injeção de liquidez na 
economiaameaçar fazer cair os juros, o governo retira 
dinheiro da economia. Logo, a emissão de dívida vem 
depois, e não antes, dos gastos. 
9. O ato de “imprimir dinheiro” em si mesmo não tem 
absolutamente nenhum impacto na economia. 
• A emissão líquida é apenas uma consequência residual do 
uso dos outros instrumentos. Para Lerner, o governo 
dispõe de seis instrumentos fiscais: tributação e 
transferência, compra e venda de bens, tomar ou 
emprestar dinheiro. A emissão é um ajuste feito depois 
dessas operações. 
 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
23 
7. As quinze lições - VI 
10. Sem uma política de pleno emprego, a sociedade 
não pode se beneficiar do avanço das tecnologias 
poupadoras de trabalho. Com uma política de pleno 
emprego, as técnicas poupadoras de trabalho 
tornam-se verdadeiramente eficientes para a 
sociedade. 
• O governo deve impedir que o avanço tecnológico crie 
desemprego. 
11. Sem uma política de pleno emprego, um país pode 
ser prejudicado por seu saldo comercial. Com uma 
política de pleno emprego, isso não e relevante. 
• Esta proposta se aplica a países sem restrição externa. 
Ajustes no câmbio permitiriam igualar os preços. 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
24 
7. As quinze lições - VII 
12.As tentativas de mostrar que o déficit e a dívida 
pública não são tão grandes quanto parecem são 
contraprodutivas. 
• Essas tentativas impedem a compreensão pelo público da 
visão das finanças funcionais, e só tendem a fazer média 
com a teoria (errada) das finanças saudáveis. 
13.Quando há desemprego, não é que os recursos e 
os bens sejam escassos. O que é escasso são o 
trabalho e a moeda. 
• A falta de dinheiro para gastar é o que faz com que os 
recursos existentes não sejam devidamente utilizados. Esta 
proposta se aplica a países sem restrição externa. Ajustes 
no câmbio permitiriam igualar os preços. 
 
Aulas 19 e 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
25 
7. As quinze lições - VIII 
14.As finanças funcionais não são uma política, mas 
um arcabouço teórico no qual um conjunto de 
políticas pode ser compreendido. 
• As FF não defendem uma política específica, mas uma 
compreensão de como o mundo é. Ou seja, se nós 
agimos pensando que estamos num mundo de 
padrão-ouro quando não o estamos, isso terá 
consequências negativas para todos. 
15. Para alcançar o pleno emprego, os gastos de 
governo podem incluir a criação de trabalho 
direto. 
• O governo pode oferecer emprego aos 
desempregados como variável de ajuste quando não 
há demanda de trabalho suficiente no restante da 
economia. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
26 
 8. O estado como EUI – I 
• Wray, seguindo Lerner, propõe que o Estado deve 
empregar todos os que estiverem desejosos e aptos 
para trabalhar por um salário nominal fixo 
previamente estabelecido. 
• Com isso, o Estado passa a ser um Empregador de 
Última Instância (EUI). 
• Isso criaria uma demanda infinitamente elástica por 
trabalho ao piso salarial, que independe da 
expectativa de lucros. 
– Esse trabalho pode ser também uma participação em cursos 
de capacitação, etc. 
• Seria atingido assim o pleno emprego. Só teria 
desemprego voluntário e eventualmente friccional, 
mas o involuntário seria eliminado. 
• A diferença com um programa assistencial (seguro 
desemprego) ou com o desemprego simples, é que 
este emprego adicional cria crescimento econômico. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
27 
 8. O estado como EUI – II 
• Para financiar esses empregos, o Estado deverá 
incorrer inicialmente em um déficit. 
• Por sua vez, ao impulsionar o crescimento da 
economia, isso geraria estímulos ao setor privado, 
que deverá recorrer aos trabalhadores empregados 
pelo governo. 
• Por sua vez, as pessoas que estão empregadas no 
EUI estão em melhores condições de trabalhar que 
se tivessem ficado paradas o tempo todo. 
• Isto reduz o déficit público por dois caminhos: a) O 
governo gasta menos em pagar os salários destes 
trabalhadores; b) Ele arrecada mais tributos. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
28 
 9. Déficits e moeda fiduciária - I 
• Em qualquer país, só um tipo de moeda fiduciária é 
aceito para pagamento de dívidas (públicas e 
privadas). 
• Quando o governo compra algo, crescem suas 
exigibilidades e seus ativos nesse montante. 
• Por sua vez, o vendedor terá sua conta creditada 
com um cheque ou com dinheiro (dado pelo 
governo ao banco). 
• Os gastos do governo são independentes do 
recebimento dos seus impostos. Em realidade, o 
governo não recebe para gastar depois. Para poder 
receber, o governo, único fornecedor de moeda, 
deve conseguir que os agentes privados tenham 
essa moeda. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
29 
 9. Déficits e moeda fiduciária - II 
• Cada vez que a conta de um cliente é creditada pelo 
banco, isto é um ativo do cliente, mas um passivo do 
banco. Essa moeda bancária nunca vira um ativo 
líquido do setor privado. 
– Pagamentos de moeda bancária entre agentes só mudam a 
localização da moeda, exceto se: 1) Um empréstimo 
bancário é pago; 2) Um cheque é apresentado ao caixa; 3) 
São feitos pagamentos ao governo. Nesses casos, moeda 
bancária é destruída, e os dois últimos casos requerem 
moeda governamental. 
• Uma política de superávits persistentes do setor 
público deixaria à economia sem moeda: as pessoas 
recorreriam aos saldos de déficits anteriores do 
governo, venderiam títulos, mas em algum momento 
ficariam sem dinheiro. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
30 
 10. Déficits e poupança – I 
• As famílias podem desejar realizar uma poupança. 
• Numa economia simples sem governo, a poupança 
privada iguala o investimento privado. 
• Se o investimento privado for menor do que a 
poupança privada, isto cria pressões deflacionárias até 
que a renda caia, de modo a igualar S e I. 
Alternativamente, um aumento do investimento acaba 
levando a um aumento da poupança. 
• Se acrescentarmos o governo, seu dispêndio 
deficitário pode aumentar a renda extra que as 
famílias não querem gastar. 
• Se as famílias quiserem poupar mais do que a soma 
dos investimentos com o déficit do governo, uma 
redução dos tributos pode permitir alcançar o nível 
desejado de poupança. 
 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
31 
 10. Déficits e poupança – II 
• Se o setor privado numa economia fechada 
desejar cronicamente poupar mais do que quer 
investir, o governo pode preencher a “brecha da 
demanda” pelo dispêndio deficitário. 
• A poupança efetiva é a soma do déficit mais o 
investimento. A poupança desejada é o que as 
famílias gostariam de poupar. 
• Se o déficit for muito pequeno, a poupança efetiva 
é menor do que a desejada, gerando deflação; no 
caso oposto, gera inflação. Em ambos os casos, a 
renda nominal se ajustará de modo que a 
poupança desejada iguale à efetiva. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
32 
 10. Déficits e poupança – III 
• Se chamamos Sn = S – I de “poupança nominal 
líquida” do setor privado, composta por moeda 
fiduciária ou títulos, ela só pode existir se o 
governo incorrer em déficits. Se o déficit não for 
suficientemente significativo, pressões 
deflacionárias existirão. Com orçamento 
equilibrado, isso vai até onde Sn cair a zero. 
• A poupança desejada, S, é função positiva da 
renda. Mas Sn pode não ser assim. P.ex., com 
déficits pequenos gerando expectativas de 
recessão (aumento da incerteza) o público pode 
querer mais moeda, gerando uma espiral 
deflacionária. 
Aulas 18 a 20 - Macroeconomia 
institucionalista 
3310. Déficits e poupança – IV 
• O déficit pode aumentar para que a renda aumente e 
gere mais poupança líquida, até que o pleno emprego 
da economia for atingido. 
• Nesse caso, um dispêndio adicional criará pressões 
inflacionárias. 
• O desemprego involuntário só ocorre em economias 
com moeda cartal, as economias não monetárias não 
passavam por isso. 
• O desemprego ocorre porque os gastos do governo 
são baixos, mantendo escassa a oferta de moeda 
fiduciária. 
• O risco seria que o sistema tributário se 
desestruturasse, pois nesse caso a moeda se tornaria 
sem valor (hiperinflação). A emissão excessiva é só 
uma manifestação da falência do sistema tributário.

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