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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Logística: Materiais e Armazenamento Aula 5 Profa. Rosinda Angela da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Olá! Seja bem-vindo a mais uma aula da disciplina Logística – Materiais e Armazenamento. O tema de hoje é a segurança do Armazém e nossos objetivos são: 1. Conhecer os princípios do bom aproveitamento do espaço do armazém; 2. Entender a importância de um armazém limpo e organizado; 3. Analisar os índices de segurança do Armazém. Vídeo disponível no material on-line. 5 – Acondicionamento e embalagem de diferentes tipos de produtos 1 – Armazenagem: seletividade, espaço e ocupação 2 – Segurança e Higiene 3 – Equipamentos de segurança no armazém 4 – Manuseio de produtos Aula 5: Dispositivos de Segurança do Armazém CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Os espaços de armazenagem já são alvo de estudos para melhoria de qualidade de vida ao colaborador, segurança dos produtos estocados e redução de custos com avarias, perdas, obsolescência e outros. Os projetos de Centros de Distribuição (CD), de grandes depósitos para armazenagem e até mesmo de almoxarifados contemplam desde a necessidade de capital até os requisitos básicos para a construção de um armazém seguro. Para isso, engenheiros e projetistas consideram a definição dos volumes ótimos a serem estocados, indicam os equipamentos de movimentação necessários e recomendam as estruturas de armazenagem mais apropriadas para as atividades que ali serão desenvolvidas. Isso é importante porque se constatou que um armazém mal projetado é causador de grandes prejuízos para a empresa. Essa má projeção vai além da estrutura física externa, pois pode ter sido ineficiente também na definição da estrutura porta pallets que não comporta o peso real da mercadoria, na escolha do equipamento de movimentação interna que não é compatível com o tipo de terreno, além de não considerar a qualificação adequada para mão de obra. Esses são apenas alguns dos elementos que maximizam os riscos de acidentes nos depósitos. E os acidentes mais corriqueiros que acontecem decorrentes da atividade de armazenagem são: ■ Queda de mercadorias por insuficiência das estruturas porta pallets; ■ Queda de colaboradores durante a operação; ■ Queda de caixas ou outras embalagens; ■ Atropelamento por veículos industriais; ■ Choque dos equipamentos de movimentação interna nas prateleiras; ■ Operações de carga e descarga de materiais; ■ Manuseio de produtos perigosos; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 ■ Excesso de ruídos; ■ Insalubridade do espaço (muito quente, muito frio, empoeirado, muito fechado) e outros; ■ Doenças ocupacionais devido à má postura e problemas ergonômicos. O Ministério do Trabalho e do Emprego (M.T.E.) faz um acompanhamento chamado: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho para identificar quais os principais riscos que os ambientes de trabalho proporcionam aos colaboradores. Esses dados estatísticos auxiliam na definição dos métodos de prevenção e também na elaboração de Normas Regulamentadoras (NRs), que são conjuntos de requisitos e procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho. Depois de elaborada e implementada as empresas têm a obrigação de cumprir tais requisitos. Diante disso, quanto antes as empresas se adequarem e cumprirem as exigências da legislação, melhor para todos. Armazenagem: seletividade, espaço e ocupação Os armazéns exigem altos investimentos em infraestrutura e certamente que as organizações esperam retorno sobre os mesmos. Normalmente esse retorno é percebido pelos acionistas quando o armazém suporta as estratégias do Marketing em termos de guarda dos materiais com qualidade e segurança e despacho ágil e assertivo quando são solicitados. Mas para isso, é necessário que o armazém esteja devidamente organizado, o estoque corretamente acondicionado e endereçado, o sistema de controle dos estoques acurado e a mão de obra disponível. Todavia, se no momento do planejamento dos recursos do armazém não foram considerados os impactos das operações a partir da visão da seletividade, do espaço e sua ocupação, o depósito pode deixar a desejar em termos de produtividade. Mas, o que significa seletividade, espaço e ocupação? Banzato (2003) explica de forma simples esses conceitos, veja a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Seletividade É a capacidade que o depósito oferece de acessar itens (normalmente cargas unitizadas como pallets) sem a necessidade de movimentar outros itens ou pallets. Quanto maior for essa capacidade, mais ágil e seguro é o armazém, pois o operador de empilhadeira acessará o item de forma direta, executando sua tarefa mais rapidamente e reduzindo as possibilidades de avariar outros produtos. Sabe-se que por segurança dos itens, quanto menos eles são manuseados ou movimentados, menores são os riscos de quedas, quebras e avarias. Espaço O espaço é o recurso mais caro do armazém, por isso sua utilização efetiva é uma grande preocupação para as organizações. Considerando que um armazém é construído ou organizado para oferecer determinada capacidade instalada, muitas vezes as empresas necessitam decidir pelo uso racional do espaço, escolhendo uma linha de produtos em detrimento de outra. E isso certamente gera conflitos entre os departamentos de vendas e marketing. Um dos fatores que mais impacta na utilização do espaço é a decisão da empresa da estocagem fixa ou livre/aleatória. Na estocagem fixa determinado item sempre será armazenado no mesmo local, o que é bom para o controle, principalmente visual, do estoque. Na falta desse item, o armazém pode ficar com espaço subutilizado. Já na estocagem livre ou aleatória, o aproveitamento do espaço é melhor porque o produto será armazenado onde houver espaço disponível, mas nesse caso o controle ocorrerá por sistema localizador (normalmente informatizado) e não visual. Inúmeras soluções já foram implementadas nos armazéns para ampliar o espaço, no entanto, a mais efetiva foi a verticalização da armazenagem aliada ao uso de equipamentos de movimentação interna, pois isso possibilitou a utilização dos espaços aéreos pelos estoques. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Ocupação É a taxa de ocupação do armazém, ou seja, o aproveitamento do espaço volumétrico de estocagem pelos itens (o autor considera todo o volume disponível do depósito). Ainda segundo Banzato (2003), ao analisar a ocupação do depósito é importante compreender que a utilização cúbica da área de estocagem não propicia apenas uma economia em relação ao custo do espaço, mas, sim, em relação a todos os custos indiretos gerados pelo mesmo, como: movimentação, manuseio e facilidade de acesso para reduzir o tempo de atendimento. É importante salientar ainda que no planejamento do armazém as taxas de ocupação do espaço e seletividade dos itens são priorizadas, mas no decorrer do tempo, essas taxas precisam ser revisadas com certa constância, pois as operações que ocorrem nos depósitos são dinâmicas e esses fatores devem melhorar continuamente. Para um armazém eficiente, espera-se no mínimo, um aproveitamento de 60% dos espaços destinados paraestocagem de materiais. Esses três elementos devem ser estudados e planejados de forma que atendam aos interesses da organização, as necessidades das operações do depósito e a segurança dos colaboradores e dos produtos estocados. Vídeo disponível no material on-line. Segurança e higiene Observa-se uma tendência a automatizar tudo que é possível dentro de um Armazém, mas a programação ou o comando das máquinas, a organização, a limpeza e o controle serão feitos por mãos humanas. Isso leva a reflexão de que os gestores necessitam avaliar o conjunto e ter informações para isso é imprescindível. Conhecer como as tarefas são executadas, que riscos oferecem aos colaboradores e o que é possível fazer para melhorar, trará benefícios a todos. Colaborador satisfeito é mais produtivo e equipamentos e estruturas bem CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 conservadas funcionarão adequadamente por mais tempo. Então, é no conjunto que se percebe a diferença. É possível afirmar que para um Armazém ser produtivo, existem quatro fatores-chave: Organização, Limpeza, Conservação e Segurança são essenciais. Com esses pilares bem administrados, o Armazém será um ambiente agradável de trabalhar e oferecerá segurança para os operadores e ao próprio patrimônio da empresa. Pontos-chave para Organização A sistemática utilizada pela empresa para manter os itens estocados no depósito influenciará diretamente na organização do mesmo. Se a empresa optar por trabalhar com estocagem fixa, o depósito naturalmente será mais organizado, uma vez que haverá uma preocupação em não misturar produtos de naturezas diferentes. Mas, caso a empresa utilize a estocagem livre, a qual possui melhor aproveitamento dos espaços, a organização do depósito é que fará toda a diferença! E, ainda, se o armazém trabalhar com estocagem horizontal, terá que fazer um esforço maior para manter as ruas desobstruídas e permitir a circulação dos equipamentos de movimentação interna de materiais. Pontos-chave para Limpeza Esse parece um assunto fácil de trabalhar com os colaboradores porque parte-se do pressuposto que todas as pessoas sabem o que significa a palavra: “Limpeza”, mas não é! É necessário levar em conta que cada pessoa tem uma concepção do que é Limpeza e em muitos casos o colaborador considera que limpar não faz parte do seu contrato de trabalho. O fato é que manter o depósito limpo é uma tarefa importante porque vai garantir segurança aos operários do setor. Deve-se alertar a todos que focos de sujeira em alguns cantos dos depósitos podem propiciar a propagação de pragas como traças, animais peçonhentos, roedores e em alguns casos até princípios de incêndio. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Ainda dentro do aspecto limpeza é necessário lembrar-se das instalações utilizadas pelos colaboradores como sanitários, bebedouros, vestiários, e ainda manter espaços separados para o consumo de alimentos e para descanso. Sendo assim, uma análise sobre como as coisas acontecem efetivamente no espaço de armazenagem auxiliará na concepção dos procedimentos de limpeza e organização dos depósitos, o que terá que ser monitorado pelo gestor. As limpezas devem ocorrer periodicamente para evitar incrustações que ocorrem em virtude da mistura de pó, óleos e outros agentes que podem ter no armazém. Para isso, oferecer condições para que a equipe mantenha o ambiente sempre limpo deve ser visto como extensão das atividades de todos. É importante investir em produtos específicos para limpeza industrial e em aspiradores de ar para limpeza de racks, prateleiras porta pallets, mezaninos e afins. Pontos-chave para Conservação Manter a manutenção predial (física, elétrica e hidráulica) em dia é essencial porque também impacta na segurança dos colaboradores e até mesmo das instalações físicas. Os armazéns apresentam vulnerabilidades em relação às operações inerentes ao processo, tais como: manuseio de materiais, acúmulo de produtos de naturezas diversas, entre outros. Para neutralizar essas fragilidades é importante fazer vistorias frequentes para detectar pontos que necessitem de reparos preventivamente. Para um ambiente adequado de trabalho e guarda de produtos deve-se evitar deixar vidros de janelas quebrados, telhas quebradas, portas emperradas, pisos com buracos ou sem demarcação visível, torneiras com vazamentos entre outros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Pontos-chave para Segurança Para um armazém seguro é necessário pensar nas condições da estrutura física das estanterias, dos equipamentos de movimentação interna, telhados, escadas, mezaninos e os EPCs (Equipamentos de Proteção Coletiva). Sabe-se que um dos pontos mais importantes para manter a segurança do armazém está na verificação periódica dos equipamentos que garantem a segurança tais como extintores, redes de hidrantes, sprinklers, macas e outros. Porém nesse caso é importante verificar também se os colaboradores estão aptos a utilizar tais equipamentos em caso de necessidade, pois caso contrário, são investimentos apenas para cumprir legislação. Criar e aplicar procedimentos que garantam que o depósito mantenha essas características certamente trará aumento na produtividade e reduzirá custos com acidentes e gastos com manutenção corretiva. Além disso, é importante investir para que o colaborador crie um sentimento de pertencimento com seu local de trabalho, pois dessa forma ele irá cuidar do local, como cuida da sua residência. Vídeo disponível no material on-line. Equipamentos de segurança no Armazém Segurança do colaborador e do depósito A busca por mais segurança em armazéns deve ser uma ação conjunta entre todos os colaboradores do setor, pela Segurança do Trabalho, pelas CIPAs (Comissões Internas de Prevenções de Acidentes) e também por órgãos competentes externos à empresa, tais como ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e outros. Os depósitos apresentam muitos riscos inerentes às atividades ali desenvolvidas. Entre esses, é possível listar: ruídos, movimentações de materiais, condições climáticas com temperaturas muito baixas ou muito altas, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 riscos elétricos, manuseio de produtos perigosos como os químicos, radioativos e outros. Porém, os que mais ocorrem são: quedas de produtos, quedas de pessoas, choque entre as estruturas porta pallets e as empilhadeiras e acidentes com os veículos industriais. Percebe-se que em muitos casos, esses acidentes ocorrem devido a ações inseguras por parte do fator humano, por exemplo: empilhamentos inadequados, sobrecarregar as racks com pesos acima da capacidade da estrutura porta pallets, subir em escadas sem cintos de segurança e outros. O fato é que em relação aos riscos aos quais os operadores são expostos, não é suficiente apenas conhecê-los, mas, sim, tomar ações e padronizar procedimentos para garantir a segurança de todos. Em relação aos veículos industriais usados nos depósitos como as empilhadeiras, é determinante permitir que apenas colaboradores capacitados através dos cursos específicos para isso, utilizem-nas. Também para os veículos e equipamentos manuais, os colaboradores necessitam conhecer as melhores práticas para evitar lesões e acidentes. As tarefas de Cargas e Descargas de mercadorias também oferecem riscos aos colaboradores do setor e transeuntes, pois normalmente utilizam docas e podem apresentar trânsitointenso de caminhões e utilitários. Para evitar acidentes próximos a essas áreas, as mesmas devem possuir as demarcações no solo bem nítidas e, se necessário, proibir o acesso de pessoas que não estejam ligadas a essas operações. Isso significa dizer que as questões aliadas à segurança necessitam mais do que equipamentos, mas principalmente de conscientização por parte de todos os colaboradores para que isso se torne realidade. Entretanto, é importante deixar claro que existem formas de minimizar esses riscos e em alguns casos até eliminá-los, com a utilização de equipamentos de segurança adequados e atenção na execução das tarefas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 A segurança do Armazém deve ser preocupação de qualquer gestor e fazer com que os colaboradores tenham comportamentos seguros é um desafio. Veja algumas dicas de como deixar esse local de trabalho mais seguro: ■ Mantenha corredores limpos e obstruídos; ■ Crie Instruções de Trabalho para empilhamentos, enfardamentos, e movimentação interna (não permita que colaboradores levantem ou movimentem pesos não recomendados pelos conceitos de ergonomia); ■ Crie procedimentos a serem seguidos por todos, como uso de uniformes, calçados apropriados para operação (botas, botinas com biqueira de aço), abafadores de ruído, óculos de proteção e outros; ■ Implemente o minuto de segurança, o qual pode ser diário ou semanal (não deixe intervalos muito longos) e utilize esse tempo para falar sobre segurança do trabalho; ■ Solicite dicas dos próprios colaboradores de como deixar o depósito mais seguro, pois dessa forma ele se sentirá responsável pela própria segurança e dos demais; ■ Integre os colaboradores novos, mostrando as saídas de emergência e explicando o procedimento no caso de acidente de trabalho ou outra situação de risco; ■ Invista em SIPATs (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho), proponha meta “zero acidente” e capacite continuamente os colaboradores; ■ Cobre o cumprimento dos procedimentos! Observe a diferença entre um depósito inseguro e um depósito seguro: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Disponível em: <www.sesiwebensino.com.br> Acesso em 12/07/2016. E para complementar, os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) devem ser fornecidos nas quantidades e variedades necessárias para todos os colaboradores. O treinamento deve ser constante para que o colaborador não crie excesso de confiança e passe a executar as tarefas “do seu jeito mais rápido”, o qual pode não ser o mais seguro. Além disso, o gestor do armazém deve monitorar o uso dos EPIs por todos, inclusive sendo exemplo. Vídeo disponível no material on-line. Manuseio de produtos Ronald Ballou (2007) cita que o manuseio de materiais é uma atividade de apoio (atividade de intralogística) que está associada à armazenagem e também sustenta a manutenção de estoques. É uma atividade que diz respeito à movimentação do produto no local de estocagem – por exemplo, a transferência de mercadorias do ponto de recebimento no depósito até o local de armazenagem e deste até o ponto de despacho. Sabe-se que os produtos são fabricados em determinadas plantas industriais e encaminhadas aos intermediários envolvidos no processo de distribuição física, os quais serão os responsáveis por abastecer o mercado consumidor. A partir desse ponto de vista é válido considerar que quanto mais extensa for a cadeia de distribuição, mais vezes o produto será movimentado e transportado, logo, mais vezes o produto ficará exposto às avarias. Então, para evitar danos aos produtos, bem como reduzir as despesas operacionais CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 envolvidas, é necessário o gerenciamento eficaz de todas as fases que permeiam essa atividade. Uma análise do ponto de vista do produto a ser manuseado: os produtos são manuseados inúmeras vezes desde a sua produção, pois se considera desde o processo de movimentação das matérias-primas. Após o ciclo de produção o produto será embalado e posteriormente armazenado até o momento da venda. Quando a venda do item se realiza o mesmo passa pelo processo de montagem do pedido, reembalagem, expedição e segue viagem em algum modal de transporte para o canal de distribuição. Chegando ao canal de distribuição, tal produto é novamente descarregado e pode ir direto para área de vendas ou para outro centro de armazenagem. De forma bem resumida foram apresentadas algumas movimentações de determinado item, imagine os impactos que o mesmo pode ter sofrido durante todas essas etapas. Agora analise do ponto de vista do operador: dependendo da natureza do produto, compreenda que o manuseio é uma atividade de risco, principalmente quando os mesmos são classificados nas categorias: perigosos, químicos, inflamáveis, cortantes, perfurantes, radioativos, entre outros. Como medida preventiva, para o manuseio desses produtos é necessário que o colaborador seja devidamente qualificado e que existam procedimentos estabelecidos e conhecidos e cobrados de todos, com o foco de eliminar, ou pelo menos evitar as ocorrências. Outra forma de prevenir acidentes com os colaboradores e com a carga é embalar em recipientes adequados para manuseio e transporte além de especificar na carga a periculosidade do item. Além disso, é necessário capacitar e recapacitar continuamente os colaboradores que irão manusear os produtos perigosos. Isso auxiliará na conscientização dos operadores de que a execução da tarefa com atenção e cuidado é benéfico para todos. Alguns cuidados essenciais para que a atividade de manuseio de materiais seja mais segura: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 ■ Caso tenha produtos químicos no armazém, mantenha a FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) sempre atualizada e ao alcance dos colaboradores. O fornecedor tem a obrigação de disponibilizar essa ficha; ■ Inspecionar os estoques de produtos perigosos continuamente para averiguar as condições das embalagens; ■ Verificar nos rótulos e nas embalagens a melhor forma de manuseio dos produtos perigosos; ■ Capacitar os colaboradores nas ações emergenciais que os mesmos devem fazer em caso de acidente; ■ Caso seu espaço de armazenagem tenha produtos perigosos junto aos não perigosos, o ideal é manter apenas uma equipe, ou um colaborador específico para cuidar desse estoque; ■ Informar aos colaboradores (mesmo que não movimentem os produtos perigosos) sobre o risco que cada produto oferece em caso de contaminação; ■ Manter os lavatórios e os chuveiros de emergência em perfeito funcionamento; ■ Manter a área de estocagem arejada, limpa e ventilada. Claro que as dicas são genéricas, compete ao gestor do estoque avaliar as necessidades do seu depósito e organizar os procedimentos apropriados. Avalie que por mais que o manuseio de materiais seja uma atividade interna, também deve contribuir na geração de valor para a operação de armazenagem. Por isso, o encarregado do armazém precisa oferecer os recursos suficientes aos colaboradores e acompanhar os resultados atingidos para determinar a eficiência dessa atividade. Vídeo disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Acondicionamento e embalagem de diferentes tipos de produtos Como acondicionamento entende-se que é o recipiente em que o produto mantém contato direto o tempo todo, tais como ampolas, frascos de vidro, frascos plásticos eoutros (conhecido também como embalagem primária). O foco do acondicionamento é proteger o produto de qualquer contaminação, ser funcional facilitando o uso (bisnaga de creme dental, por exemplo). Já como embalagem entende-se o recipiente que manterá a proteção e qualidade do produto por todo o fluxo logístico, mas que não esteja necessariamente em contato direto com o produto. A visão da logística é que a embalagem deve proteger o produto, facilitar o transporte e possibilitar a unitização de cargas melhorando a produtividade. Segundo Donato (2011), embalar é arte, ciência e tecnologia da preparação de produtos para o mercado, estocagem, transporte e venda. É um meio de garantir a entrega de um determinado produto até o usuário final em boas condições ao menor custo possível. Além disso, a embalagem tem papel fundamental na vida moderna, pois se sabe que todo e qualquer produto utiliza uma ou mais embalagens para chegar até o cliente, o qual necessita estar em perfeitas condições. Por esse e outros motivos, as empresas têm investido pesadamente no desenvolvimento das embalagens que atendam às especificações e tenham os custos minimizados. Já Banzato (2008, p. 10) conceitua embalagem como “o sistema integrado de materiais e equipamentos com que se procura levar os bens às mãos do consumidor final, utilizando-se dos canais de distribuição e incluindo métodos de uso e aplicação do produto”. Além disso, o autor também cita as principais funções das embalagens: ■ Proteção do produto; ■ Promoção e uso do produto; ■ Instrumento auxiliar do transporte e distribuição. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Além das funções, é importante também conhecer as principais classificações das embalagens. Na proposta de Bowersox & Closs (2008, p. 364): Uma classificação está voltada para as necessidades mercadológicas da empresa, onde a mesma tem papel fundamental na promoção e venda do produto, pois traz informações importantes para o consumidor. E a outra classificação da embalagem está voltada para os processos logísticos, onde a principal contribuição está em proteger o produto, facilitar o transporte e a armazenagem. Para esse material, o foco da embalagem será voltado para as necessidades logísticas, uma vez que para a Armazenagem a embalagem dos produtos é de extrema importância. Tanto é que o tipo de embalagem dos produtos que chegam à empresa determina quanto tempo o produto pode ficar estocado com ela ou se há necessidade de reembalagem. É fato que nem sempre as empresas possuem setores de desenvolvimento de embalagens de forma técnica e também não buscam conhecimento externo. Devido a isso, algumas perdas de materiais ainda estão atreladas ao projeto inadequado da embalagem. Para o projeto da embalagem adequado, alguns critérios devem ser observados para atender às necessidades de todos os envolvidos. Alguns aspectos básicos: Conhecer a natureza do produto ■ Tipo de produto: alimento, medicamento, confecção, calçado, material de limpeza, outros; ■ Material que o produto é produzido: aço, papel, couro, plástico, vidro, outros; ■ Utilização do produto (fragilidade): alimentação, decoração, higiene pessoal, produto industrial (item técnico o qual pode ser um componente para posterior montagem de um produto final) e outros; ■ Tempo médio de estocagem: produto de consumo rápido, perecível, bem durável. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Conhecer a natureza da embalagem: ■ Tipo de embalagem: caixa, cartucho, bag, barris, tonéis, contenedores, gaiolas e outros; ■ Material que a embalagem é produzida: papelão, plástico, metal, madeira, vidro ou outros; ■ Nível da embalagem (primária, secundária, terciária...); ■ Dimensões das embalagens – CLA (Comprimento, Largura, Altura); ■ Utilização da embalagem: só para transporte, só para venda, ambos. ■ Modal de transporte que será utilizado; ■ Tempo de transporte; ■ Tempo médio de estocagem: quanto tempo a embalagem ficará estocada, seja em um Armazém, em Centro de Distribuição, no Varejista ou na casa do cliente. Além desses aspectos básicos, setores como Desenvolvimento de Embalagem ou de Engenharia estarão mais preparados para o desenvolvimento da embalagem apropriada para cada tipo de produto. Para Armazenagem, principalmente de longo período, é necessário que o produto esteja em embalagem unitizada para facilitar o manuseio com os equipamentos de movimentação. Essa embalagem unitizada pode ser através de: paletização, conteinerização, bombonas, tambores, big bags entre outros, os quais possuem diversos modelos disponíveis no mercado e certamente serão escolhidos. Vídeo disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Na prática A partir do texto a seguir, que versa sobre a segurança dos armazéns gerais nos portos, e do material da aula de hoje, solucione os seguintes questionamentos: a. Explique a relevância da organização e conservação nos armazéns gerais. b. Justifique a importância da manutenção e limpeza dos armazéns gerais. c. Descreva os pontos chaves de segurança que podem auxiliar os armazéns gerais se tornarem mais seguros. Unidade de São Paulo vistoria áreas de armazenamento de cargas perigosas dos terminais de contêineres Revista Portos e Navios – 03 / 07/2016 Após o incêndio ocorrido no dia 15 de janeiro de 2016, no Terminal Portuário da Localfrio, localizado na margem do município do Guarujá, no Porto Organizado de Santos, a ANTAQ intensificou as fiscalizações nos terminais de contêineres com o objetivo de verificar as obrigações previstas na norma aprovada pela resolução nº 2.239-ANTAQ, de 15 de setembro de 2011. Essa norma incorpora aspectos de segurança e saúde ocupacional, preservação da integridade física das instalações portuárias e proteção do meio ambiente, oriundos do Código Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas (Código IMDG), regulamento da Organização Marítima Internacional (IMO), bem como internaliza procedimentos da NR 29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As fiscalizações, conduzidas pelos fiscais da ANTAQ com a colaboração da Gerência de Segurança do Trabalho da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), verificaram, entre outros aspectos, a estrutura organizacional dos terminais no que se refere ao profissional habilitado e responsável pelo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 cumprimento das exigências legais aplicáveis ao trânsito de produtos perigosos, capacitação dos funcionários do terminal que trabalham com carga perigosa, além de identificar as áreas de armazenamento de carga perigosa e os “gates” de acesso para o atendimento de emergências. Os procedimentos de fiscalização verificaram também o cumprimento da Resolução DP n º 44.2007, de 14 de maio de 2007, da Codesp, norma que regula a Movimentação de Mercadoria Classificadas Código IMDG, da área do Porto Organizado de Santos. O Posto Avançado de Santos – PASSZ, entre os meses de fevereiro e junho, já inspecionou 82% dos terminais de contêineres e identificou, na ocasião da fiscalização, que 37% dos terminais não cumpriram a tabela de segregação (Anexo XI da NR-29), 18% descumpriram as obrigações da Resolução da Codesp e em 27% dos terminais foi observada falta de sinalização. Os terminais foram notificados a ajustar seus procedimentos em relação à movimentação e à armazenagem de carga perigosa, conforme a Resolução2.239/2011 da ANTAQ e demais normativas sobre o assunto. A Unidade Regional de São Paulo está envidando esforços para realizar fiscalização conjunta com Ibama e Cetesb. A intenção é, neste segundo semestre de 2016, com a competência destes órgãos, incorporar nas fiscalizações outros aspectos na área de segurança e de meio ambiente. Disponível em: <https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/34824-unidade- de-sao-paulo-vistoria-areas-de-armazenamento-de-cargas-perigosas-dos-terminais-de- conteineres> Acesso em 12/07/2016. Síntese Nesta aula conhecemos os princípios básicos de um armazém limpo, seguro, organizado e eficiente. Para que isso se torne realidade, foi comentado que tudo começa com um projeto bem elaborado, o qual deve contemplar todas as necessidades dos elementos (pessoas, produtos, equipamentos de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 movimentação interna e sistemas informatizados) que farão parte desse complexo. Nesse material didático, foram citados alguns cuidados essenciais para que o armazém seja tão seguro quanto possível, tais como: ■ Avaliação das condições-chave para a organização, limpeza, conservação e segurança; ■ Levantamento dos possíveis riscos que o depósito oferece, tais como: ruídos, movimentação de materiais, as condições climáticas do ambiente, riscos elétricos e outros. Foram também analisados os aspectos da movimentação interna dos materiais e também o papel do pallet como recurso para melhorar a eficiência do manuseio. Além disso, foi discutido também o papel da embalagem e dos acondicionamentos sob o ponto de vista da armazenagem, que quanto mais robusto for esse conjunto, mais seguro será para o produto. Certamente que o assunto não se esgota por aqui, mas as informações aqui apresentadas já o preparam para que você observe seu depósito sob uma nova perspectiva. Vídeo disponível no material on-line. Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007. BANZATO, E. [et. al.]. Atualidades da armazenagem. São Paulo: IMAM, 2003, p. 143. BANZATO, J. M. Embalagens. São Paulo: IMAM, 2008, p. 28. BOWERSOX, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2008. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 DONATO, V. Metodologia para preservação de materiais: prevenção de falha prematura. São Paulo: Érica, 2011. REZENDE, N. Importância da segurança do trabalho. Portal casa atual, artigo de 30 de Março de 2015. Disponível em: <http://www.portalcasatual.com/importancia-da-seguranca-do-trabalho/> Acesso em 12/07/2016. RUSSO, C. P. Armazenagem, controle e distribuição. Curitiba: Intersaberes, 2013.
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