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1 Eletrônica de Potência EA 206 ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Profª. Dra. Juliana Cortez de Sá Camposilvan 1º Semestre/2017 2 Sumário CONVERSORES ESTÁTICOS ...............................................................................................4 I - INTRODUÇÃO ..................................................................................................................4 II - CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE SEMICONDUTORES DE POTÊNCIA ......7 III – CONVERSORES DE CORRENTE ALTERNADA EM CORRENTE CONTÍNUA ...............................................................................................................................................14 III.1.1 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE MONOFÁSICA COM CARGA RESISTIVA .......................................................................................................................17 III.1.2 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE MONOFÁSICA COM CARGA INDUTIVA .........................................................................................................................25 III.1. 3 – RETIFICADOR LIGADO EM ESTRELA COM CARGA RESISTIVA .........34 III.1. 4 – RETIFICADOR LIGADO EM ESTRELA COM CARGA INDUTIVA ...........44 III.1. 5 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE TRIFÁSICA COM CARGA RESISTIVA .......................................................................................................................51 III.2 – CONVERSORES CONTROLADOS ......................................................................74 III. 2 . 1 – CONVERSOR CONTROLADO LIGADO EM PONTE TRIFÁSICA OPERANDO COMO RETIFICADOR ............................................................................75 III. 2 . 2 – CONVERSOR CONTROLADO LIGADO EM PONTE TRIFÁSICA OPERANDO COMO INVERSOR ..................................................................................85 III.3 - ANÁLISE DO PROCESSO DE COMUTAÇÃO EM PONTES TRIFÁSICAS .....93 III.4 – INFLUÊNCIA DA COMUTAÇÃO NO VALOR MÉDIO DA TENSÃO PARA O CONVERSOR ALIMENTADO COM TENSÕES EQUILIBRADAS ..............................97 IV - REGULADOR ELETRÔNICO DE TENSÃO ...............................................................104 IV.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................104 IV.2 – REGULADOR ELETRÔNICO DE TENSÃO MONOFÁSICO ...........................104 IV.3 – REGULADOR ELETRÔNICO DE TENSÃO TRIFÁSICO.................................109 V - CHAVEAMENTO ELETRÔNICO ..................................................................................110 V.1 – INTRODUÇÃO .........................................................................................................110 V.2 – TRANSISTOR DE POTÊNCIA ..............................................................................111 V.2.1 – Transistores bipolares .....................................................................................111 VI - CHOPPER.......................................................................................................................113 VI.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................113 VI.2 – CHOPPER TIRISTORIZADO ...............................................................................115 3 VI.3 – CHOPPER COM TRANSISTOR DE POTÊNCIA ..............................................118 VII - CONVERSORES DE FREQUÊNCIA .........................................................................121 VII.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................121 VII.2 – INVERSORES AUTO CONTROLADOS ............................................................122 VII.2.1 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ...........................................................122 VII.2.2 – TIPOS DE INVERSORES AUTO-COMUTADOS......................................125 VIII - ESPECIFICAÇÃO DE DIODOS E TIRISTORES ....................................................137 VIII.1 – INTRODUÇÃO .....................................................................................................137 VIII.2 – ESPECIFICAÇÃO ................................................................................................137 VIII.2.1 – CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE ...................................137 2.1.3 – PERDAS ............................................................................................................140 VIII.2.2 – ESPECIFICAÇÃO EM TERMOS DE TENSÃO ........................................149 IX - GERAÇÃO DE HARMÔNICOS E POTÊNCIA NÃO ATIVA .....................................152 IX.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................152 IX.2 – EXEMPLO DE UMA INSTALAÇÃO INDUSTRIAL CONTENDO UMA CARGA NÃO LINEAR .....................................................................................................................153 IX.2.1 – DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO ...................................................................153 IX.2.2 – OPERAÇÃO DA INSTALAÇÃO ....................................................................154 IX.2.3 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ...................................................160 IX.2.4 – EFEITOS DOS HARMÔNICOS DE CORRENTE NA REDE DE SUPRIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA..................................................................162 4 CONVERSORES ESTÁTICOS I - INTRODUÇÃO O objetivo deste texto é analisar o funcionamento, estabelecer os critérios básicos de especificação e indicar as principais aplicações de conversores estáticos, isto é de equipamentos constituídos basicamente de semicondutores de potência (diodos, transistores e tiristores) que interligam sistemas elétricos de potência com características diferentes. Também é objetivo de análise a influência destes conversores na rede de suprimento de energia elétrica. Sistemas e equipamentos elétricos podem operar com corrente alternada ou com corrente contínua e em ambos os casos com tensão variável ou constante. A seguir são apresentados alguns exemplos: - uma central telefônica contem componentes que funcionam com corrente alternada e com corrente contínua. Parte destes componentes são submetidos à tensão alternada de valor eficaz e de frequência constantes ou variáveis e parte são submetidos a tensão contínua de valor médio constante ou variável. - na siderurgia, especificamente na fabricação de chapas de aço são usados laminadores acionados por motores de corrente contínua ou por motores de corrente alternada. No processo de laminação de chapas existem exigências de desenvolvimento de conjugado e de variação de velocidade por parte do motor. Se o motor é de corrente contínua, o mesmo deve ser alimentado com tensão contínua de valor médio variável. Se o motor é de corrente alternada a alimentação do mesmo deverá ser feita com tensão de valor eficaz e de frequência variáveis. - a redução do valor eficaz da corrente durante o processo de partida de um motor de indução trifásico, para que não ocorra queda acentuada da tensão, pode ser feita com a variação controlada do valor eficaz da tensão e da frequência durante o processo de partida. 5 - em sistemas ferroviários, principalmente urbanos, os motores de tração podem ser de corrente contínua. O fornecimento de energia elétrica para os carros pode ser feito com tensão contínua de valor médio constante ( em trens de superfície e em sistemas metroviários). Os motores de tração são então alimentadoscom tensão contínua de valor médio variável, obtida a partir da alimentação com tensão contínua de valor médio constante. Como a rede de suprimento de energia é de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes, para alimentação das cargas exemplificadas anteriormente tem-se os seguintes tipos de conversores estáticos: - conversor que interliga um sistema de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes com um sistema de corrente contínua com valor médio de tensão constante ou variável. É denominado conversor de corrente alternada em corrente contínua. - conversor que interliga um sistema de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes com um sistema de corrente alternada com tensão de valor eficaz variável, porém com a frequência sendo mantida constante e igual a do sistema alimentador. É denominado regulador eletrônico de tensão. - conversor que interliga um sistema de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes com um sistema de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência variáveis. É denominado conversor de frequência. - conversor que interliga um sistema de corrente contínua com tensão de valor médio constante com um sistema de corrente contínua com tensão de valor médio variável. É denominado recortador de tensão ou chopper. Todos os conversores estáticos descritos anteriormente são compostos de um conjunto de chaves estáticas (diodos, transistores e tiristores) isto é de chaves que semelhantes a chaves eletromecânicas podem ocupar basicamente duas posições: ligado e desligado. O comando destas chaves pode ocorrer de duas formas: 6 - através da rede de suprimento de energia, quando o conversor é diretamente ligado à mesma. O conversor é denominado conversor comutado pela rede. - pelo próprio conversor, quando o mesmo não é ligado diretamente à rede de suprimento de energia. O conversor é denominado de comutação forçada ou auto-comutado. 7 II - CONSIDERAÇÕES BÁSICAS SOBRE SEMICONDUTORES DE POTÊNCIA Os semicondutores de potência, como diodos, transistores e tiristores tornaram possível o desenvolvimento e uso de conversores estáticos, conforme mostram os exemplos desenvolvidos a seguir. A figura II.1 mostra um circuito equivalente a um equipamento, constituído de uma comutador eletromecânico, que tem por objetivo, a partir de uma fonte de tensão alternada de valor eficaz constante, aplicar uma tensão alternada de valor eficaz variável em uma carga, que pode ser representada por uma resistência. O objetivo é controlar a potência disponibilizada para carga. Figura II.1 – Circuito equivalente a um equipamento para controle da potência disponibilizada a uma carga representada por uma resistência. Os dados do circuito equivalente são indicados a seguir. O controle da potência deve ser feito através de variação do valor eficaz da tensão aplicada a carga. Como a tensão da fonte de alimentação tem valor eficaz constante, a variação do valor eficaz da tensão na carga pode ser conseguida através da chave S, conforme mostrado a seguir 8 Para chave S permanentemente fechada a forma de onda do sinal da tensão aplicada à carga é igual a forma de onda do sinal da tensão da fonte de alimentação, conforme mostra a figura II.2. Figura II.2 – Forma de onda do sinal de tensão da fonte de alimentação. Neste caso a potência disponibilizada à carga é: (II.1) A diminuição da potência disponibilizada à carga é feita através de redução do valor eficaz da tensão aplicada a carga, o que é conseguido com sucessivas ligações e desligamentos da chave S. A figura II.3 mostra a forma de onda do sinal de tensão na carga para comutação da chave em cada ciclo, isto é a chave permanece fechada para quando o sinal da tensão da fonte é positivo e permanece aberta quando o sinal da tensão da fonte é negativo. Figura II.3 – Redução do valor eficaz da tensão através de comutação da chave S. 9 O valor eficaz da tensão para a forma de onda do sinal de tensão mostrada na figura II.3 é dado por: (II.2) Portanto a potência disponibilizada à carga será: É compreensível que a chave S não pode ser um comutador eletromecânico convencional, pois é exigido que a mesma comute o circuito com uma frequência igual a frequência da fonte da tensão de alimentação. Se a frequência da fonte for , a chave deverá comutar vezes por segundo, que é inviável para uma chave eletromecânica. Dispõe-se que um componente eletrônico denominado diodo, que pode exercer esta função. O diodo é um semicondutor de potência que possui dois estados operacionais: - quando polarizado reversamente assume o estado de bloqueio. - quando polarizado diretamente assume o estado de condução. 10 A passagem do estado de condução para o estado de bloqueio ocorre com a anulação da corrente de condução. A figura II.4 mostra uma comparação entre os estados operacionais do diodo e a chave eletromecânica. Figura II.4 – Estados operacionais do diodo. A figura II.5 mostra o circuito equivalente da figura II.1, agora utilizando o diodo substituindo a chave S. Figura II.5 – Circuito equivalente com a utilização do diodo. Dentro da solução proposta para controle da disponibilização de potência para carga, a utilização do diodo somente vai permitir dois níveis de potência, conforme demonstrado anteriormente. A utilização de um tiristor torna possível obter vários níveis da potência disponibilizada a carga. O tiristor é um semicondutor de potência que possui três estados operacionais, uma vez que dispõe de um circuito auxiliar que define sua entrada em condução. São eles: - quando polarizado reversamente assume o estado de bloqueio. 11 - quando polarizado diretamente continua bloqueado até que o circuito de disparo seja ligado. - quando polarizado diretamente e recebendo um pulso do circuito de disparo assume o estado de condução. A passagem do estado de condução para o estado de bloqueio ocorre com a anulação da corrente de condução. A figura II.6 mostra uma comparação entre os estados operacionais do tiristor e a chave eletromecânica. Figura II.6 – Estados operacionais do tiristor. A possibilidade de definir o instante da entrada em condução do tiristor permite uma variação contínua do valor eficaz da tensão aplicada à carga. A entrada em condução do tiristor é definida pelo ângulo de disparo . O ângulo de disparo é contado sempre a partir do ponto onde ocorreria a entrada em condução se no lugar do tiristor existisse um diodo. A figura II.7 mostra o circuito equivalente com o diodo sendo substituído por um tiristor. Figura II.7 – Circuito equivalente com o diodo sendo substituído por um tiristor. Para melhor definição do ângulo de disparo e da possibilidade de controlar a potência disponibilizada à carga através de variação do mesmo, o sinal de tensão da fonte dealimentação do mesmo será definido pela equação (II.3). 12 (II.3) A figura II.8 mostra a forma de onda da tensão aplicada à carga utilizando diodo (a) e tiristor para o ângulo de disparo (b). Figura II.8 – Forma de onda do sinal de tensão aplicada à carga com diodo (a) e tiristor para o ângulo de disparo (b). O valor eficaz da tensão para a forma de onda do sinal de tensão mostrada na figura II.3 é dado por: (II.4) (II.5) (a) (b) 13 Portanto a potência disponibilizada à carga será: (II.6) Calcule os valores da potência disponibilizada à carga em função do ângulo de disparo. Tabela II.1 – Potência disponibilizada à carga em função do ângulo de disparo. 14 III – CONVERSORES DE CORRENTE ALTERNADA EM CORRENTE CONTÍNUA Conforme definido anteriormente, o conversor de corrente alternada em corrente contínua é um conversor que interliga um sistema de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes com um sistema de corrente contínua com tensão de valor médio constante ou variável. Antes do surgimento dos semicondutores de potência, isto é antes da utilização de conversores estáticos, a produção de corrente contínua para alimentação de cargas, como motores de corrente contínua, era feita com sistemas eletromecânicos. A figura III.1 mostra um sistema eletromecânico de alimentação e controle de um motor de corrente contínua denominado Sistema Ward-Leonard. O motor de corrente contínua M3, que aciona a carga C, tem sua velocidade e conjugado controlados através de variação da tensão de armadura. Para tal, deve ser produzida tensão contínua de valor médio variável a partir da rede de suprimento de energia que é de corrente alternada com tensão de valor eficaz e frequência constantes. Além do motor M3, o Grupo Ward-Leonard é composto de uma máquina de corrente alternada M1, alimentada pela rede de suprimento de energia elétrica e que opera como motor. O motor M1 aciona uma máquina de corrente contínua M2 que opera como gerador. Como a velocidade do motor de corrente alternada é constante, o valor médio da tensão nos terminais do gerador, que será aplicada no motor M3, pode ser controlado através de variação da corrente no enrolamento de excitação. Figura III.1 – Grupo Ward-Leonard. 15 O funcionamento do Grupo Ward-Leonard é descrito a seguir. O grupo é colocado em operação com a ligação do motor de corrente alternada M1 que opera com velocidade constante acionando o gerador de corrente contínua M2. Simultaneamente o enrolamento de excitação do motor M3 é ligado e a corrente de excitação é ajustada no valor nominal, de modo que o motor opere com fluxo nominal. O enrolamento de excitação do gerador M2 é ligado e a corrente de excitação cresce provocando o aumento gradual da tensão de armadura aplicada no motor M3. A circulação da corrente de armadura produz o conjugado motor que coloca o motor M3 em movimento. No instante inicial da partida a corrente de armadura é definida pela tensão e pela resistência do circuito composto pelos enrolamentos de armadura do gerador M2 e do motor M3. (III.1) Como a resistência é muito pequena, o valor inicial da tensão de armadura deve ser tal que limite a corrente de armadura no valor máximo admissível ou em um valor menor definido pelo conjugado necessário à aceleração do motor M3. A entrada em movimento do motor tem como consequência a geração da força eletromotriz em seu enrolamento. Esta força eletromotriz atua contra a tensão de armadura e cresce com a velocidade do motor. Para que a corrente de armadura seja mantida no valor definido para aceleração do acionamento, a tensão de armadura produzida pelo gerador deve crescer com o aumento da velocidade do motor. A tensão de armadura cresce até que o acionamento atinja a velocidade definida pelo sistema de controle. Durante todo o processo de aceleração e para operação em regime permanente a corrente de armadura é definida pela equação (III.2). (III.2) 16 O conjugado desenvolvido pelo motor M3 é diretamente proporcional à corrente de armadura, uma vez que o fluxo de excitação do motor é mantido no valor nominal. (III.3) O controle de velocidade do acionamento é obtido através de variação da tensão de armadura do gerador M2. O fluxo de energia ativa ocorre da rede de suprimento de energia para o motor M3 através do grupo constituído pelo motor de corrente alternada M1 e do gerador de corrente contínua M2. Observe que o conjunto M1-M2 opera como um retificador interligando uma rede de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes, com uma rede de corrente contínua com tensão de valor médio variável. O Grupo Ward-Leonard permite ainda que a frenagem do motor M3 ocorra com devolução de energia para rede de suprimento de energia elétrica, isto é que a frenagem seja regenerativa. O processo de frenagem é iniciado com a redução da corrente de excitação do motor M2. Esta redução provoca a diminuição imediata da tensão de armadura , que se torna menor que a força eletromotriz . Neste instante ocorre uma inversão do sentido de circulação da corrente de armadura . Com a inversão do sentido da corrente de armadura, o conjugado desenvolvido pela máquina M3 inverte atuando contra o movimento e provocando a frenagem da mesma. A máquina M3 passa a funcionar como gerador convertendo energia de movimento (cinética) em energia elétrica. Com o conjugado também invertido, a máquina M2 passa a funcionar como motor de corrente contínua acionando a máquina de corrente alternada M1 que passa a funcionar como gerador. O sentido do fluxo de energia ativa durante este processo é da carga para rede de suprimento de energia elétrica. Durante todo processo a tensão de armadura tem que ser mantida menor que a força eletromotriz que cai com a redução de velocidade. Isto é conseguido através da redução da corrente de excitação . O conjunto M1-M2 opera como inversor. 17 O Grupo Ward-Leonard é um conversor rotativo, substituído atualmente por conversores estáticos de corrente alternada em corrente contínua. Os conversores estáticos de corrente alternada em corrente contínua podem ser classificados em dois tipos básicos: - conversores não controlados de corrente alternada em corrente contínua com tensão de valor médio constante operando apenas como retificadores. - conversores controlados de corrente alternada em corrente contínua com tensão de valor médio variável podendo operar como retificadores e como inversores. III.1 – CONVERSORES NÃO CONTROLADOS. Os conversores não controlados de corrente alternada em corrente contínuaconectam uma rede de suprimento de energia de corrente alternada com tensão de valor eficaz e de frequência constantes com uma rede de corrente contínua com tensão de valor médio constante. Estes conversores, constituídos de diodos, operam apenas como retificadores. Isto significa que nestes conversores o fluxo de energia ativa é sempre da rede de corrente alternada (rede de suprimento de energia) para rede de corrente contínua (carga). Quanto a forma de conexão, os retificadores mais usados são: - retificador ligado em ponte monofásica. - retificador ligado em estrela. - retificador ligado em ponte trifásica. - retificador de 12 pulsos. III.1.1 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE MONOFÁSICA COM CARGA RESISTIVA A figura III.2 mostra o circuito equivalente a um retificador ligado em ponte monofásica alimentando uma carga resistiva e conectado a rede de suprimento de energia através de um transformador. O retificador, cujo circuito está 18 mostrado na figura contém quatro diodos. Para operação com correntes e tensões elevadas, pode ser necessária a ligação de diodos em paralelo ou em série, significando que o número de diodos em cada ramo pode ser maior que um. Figura III.2 – Circuito equivalente a um retificador ligado em ponte monofásica e alimentando uma carga resistiva. O sinal que representa a tensão de alimentação do conversor é definido pela equação: (III.4) A frequência do sinal de tensão é . O comportamento do sinal de tensão é mostrado na figura III.3. A forma de operação é bastante simples, conforme mostrado a seguir. - Os diodos D1 e D4 conduzem quando polarizados diretamente, portanto quando a tensão for positiva. Ao mesmo tempo os diodos D2 e D3 estão polarizados reversamente e, portanto, bloqueados. - Os diodos D2 e D3 conduzem quando polarizados diretamente, portanto quando a tensão for negativa. Ao mesmo tempo os diodos D1 e D4 estão polarizados reversamente e, portanto, bloqueados. 19 A figura III.3 mostra também os períodos de condução dos diodos. Figura III.3 – Forma de onda do sinal de tensão de alimentação do conversor com a indicação dos intervalos de condução das chaves. A partir dos intervalos de condução dos diodos é possível concluir que: - o sinal da tensão é igual ao sinal da tensão para os diodos D1 e D4 conduzindo. - o sinal da tensão é igual ao sinal invertido da tensão para os diodos D2 e D3 conduzindo. Obedecendo esta lógica de operação, obtém-se para o sinal da tensão o comportamento mostrado na figura III.4. Figura III.4 – Forma de onda do sinal da tensão . Como a carga é resistiva, o sinal da corrente de carga tem a mesma forma do sinal da tensão , conforme mostra a figura III.5. 20 Figura III.5 – Forma de onda do sinal da corrente . As formas de onda dos sinais das correntes nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor são mostradas na figura III.6 21 Figura III.6 – Formas de onda dos sinais de corrente nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor. A partir das formas de onda dos sinais de tensão e corrente mostrados nas figuras anteriores obtém-se as equações que quantificam estas grandezas - VALOR MÉDIO DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na figura III.4, que mostra a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador, a equação (III.5) define valor médio desta tensão. (III.5) (III.6) - VALOR EFICAZ DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na mesma figura III.4, que mostra a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador, a equação (III.7) define valor eficaz desta tensão. 22 (III.7) (III.8) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a carga é resistiva, a forma de onda do sinal de corrente é igual a forma de onda do sinal de tensão, conforme mostra a figura III.5. A relação entre as duas grandezas é a resistência R. (III.9) Portanto, o valor médio da corrente será: (III.10) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base nas considerações feitas para determinação do valor médio da corrente obtém-se: (III.11) 23 - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO DIODO. (III.12) (III.13) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO DIODO. (III.14) (III.15) -VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR. (III.16) - POTÊNCIA DA CARGA. A potência ativa disponibilizada para carga é definida pela equação: (III.17) 24 (III.18) - POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR. A potência nominal do transformador deve ser no mínimo igual ao produto dos valores eficazes de tensão e corrente, isto é às potências aparentes do secundário e do primário do transformador. Quando o transformador alimenta cargas lineares, isto é cargas que submetidas a tensões cujos sinais são senoidais fazem circular pelos enrolamentos do transformador correntes com sinais de comportamentos senoidais, as potências aparentes do primário e do secundário são iguais. Se o transformador alimenta cargas não lineares, isto é cargas que submetidas a tensões cujos sinais são senoidais fazem circular pelos enrolamentos do transformador correntes com sinais de comportamentos não senoidais, as potências aparentes do primário e do secundário podem ser diferentes. O retificador ligado em ponte monofásica alimentando uma carga resistiva é uma carga considerada linear, pois os sinais de tensão e corrente nos enrolamentos primário e secundário do transformador são senoidais. Neste caso, tem-se: (III.19) (III.20) - FATOR DE POTÊNCIA.O fator de potência é a relação entre a potência ativa e a potência aparente. Desta forma, para o retificador ligado em ponte monofásica alimentando uma carga resistiva resulta: 25 (III.21) III.1.2 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE MONOFÁSICA COM CARGA INDUTIVA A figura III.7 mostra o circuito equivalente a um retificador ligado em ponte monofásica, conectado a rede de suprimento de energia através de um transformador e alimentando uma carga indutiva. Figura III.7 – Circuito equivalente a um retificador ligado em ponte monofásica e alimentando uma carga indutiva. Da mesma forma que no caso anterior, o sinal que representa a tensão de alimentação do conversor é definido pela equação: O comportamento do sinal de tensão é aquele mostrado na figura III.3. A forma de operação é a mesma que a descrita anteriormente. Desta forma, o sinal da tensão tem o comportamento mostrado na figura III.4. 26 Como a carga é indutiva, o sinal da corrente de carga não acompanha o sinal da tensão . A corrente é alisada, conforme mostra a figura III.8. Figura III.8 – Forma de onda do sinal da corrente . As formas de onda dos sinais das correntes nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor são mostradas na figura III.9. Foi desprezado o efeito de comutação, que será analisado posteriormente. Figura III.9 – Formas de onda dos sinais de corrente nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor. A partir das formas de onda dos sinais de tensão e corrente mostrados nas figuras anteriores obtém-se as equações que quantificam estas grandezas. 27 - VALOR MÉDIO DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a forma de onda do sinal da tensão na saída do retificador é a mesma que para carga resistiva, a equação (III.6), repetida a seguir, vale também para carga indutiva. - VALOR EFICAZ DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a forma de onda do sinal da tensão na saída do retificador é a mesma que para carga resistiva, a equação (III.8), repetida a seguir, vale também para carga indutiva. - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Para carga indutiva, o sinal da corrente de carga é alisado, portanto a corrente é constante com o valor médio . - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a corrente constante, o valor eficaz é igual ao valor médio. (III.22) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO DIODO. (III.23) 28 (III.24) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO DIODO. (III.25) (III.26) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR. Como a corrente é constante durante todo o período, o valor eficaz pode ser definido pela equação: 22 2 2 1 dI I d t (III.27) 2 dI I - POTÊNCIA DA CARGA. A equação (III.17), repetida a seguir, define a potência ativa disponibilizada para carga. Como a corrente é constante, resulta: (III.28) 29 - POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR. Considerando-se as equações anteriores que definem os valores eficazes de tensão e corrente no lado de corrente alternada do conversor, tem-se: (III.29) (III.30) - FATOR DE POTÊNCIA. Considerando-se a definição de fator de potência tem-se: (III.31) - EXEMPLO 1. Um retificador ligado em ponte monofásica está conectado a uma rede de e alimenta o circuito de excitação de um motor de corrente contínua. A tensão nominal do circuito de excitação é e a corrente de excitação nominal é . O circuito equivalente é mostrado na figura III.7. Calcule os itens indicados a seguir. - Potência e tensões nominais do transformador de alimentação do retificador. A tensão nominal do primário do transformador deve ser igual a tensão da rede de suprimento de energia, portanto: 30 A tensão nominal do secundário do transformador é definida de modo que se obtenha a tensão do lado de corrente contínua do conversor. Conforme a equação (III.6) obtém-se: A potência nominal do transformador, conforme a equação (III.30) será: - O valor médio da corrente em cada diodo e o valor de pico de tensão aplicado no mesmo quando bloqueado. Conforme a equação (III.24) tem-se: Quando o diodo está bloqueado ele fica submetido ao valor de pico da tensão do secundário do transformador. - A potência ativa e a potência não ativa disponibilizadas pela rede ao conversor. Conforme a equação (III.28) tem-se: 31 A potência aparente é aquela utilizada para especificação do transformador. Portanto a potência não ativa será: A potência não ativa se deve ao fato de que a o sinal de corrente não é senoidal. O fator de potência do conversor será: - EXEMPLO 2. Um retificador ligado em ponte monofásica está conectado a uma rede de e alimenta uma carga resistiva com os mesmos valores de corrente e tensão do exemplo anterior, portanto e . O circuito equivalente é mostrado na figura III.2. Calcule os itens indicados a seguir. - Potência e tensões nominais do transformador de alimentação do retificador. Como no exemplo anterior, a tensão nominal do primário do transformador deve ser igual a tensão da rede de suprimento de energia, portanto: A tensão nominal do secundário do transformador é definida de modo que se obtenha a tensão do lado de corrente contínua do conversor. Conforme a equação (III.6) obtém-se: 32 A potência nominal do transformador, conformea equação (III.20) será: A resistência do circuito equivalente a carga é definida pela tensão e corrente da carga: Portanto: - O valor médio da corrente em cada diodo e o valor de pico de tensão aplicado no mesmo quando bloqueado. Conforme a equação (III.13) tem-se: Da mesma forma que no exemplo anterior, quando o diodo está bloqueado ele fica submetido ao valor de pico da tensão do secundário do transformador. - A potência ativa e a potência não ativa disponibilizadas pela rede ao conversor. Conforme a equação (III.18) tem-se: 33 A potência aparente é igual a potência ativa, portanto não há disponibilização de potência não ativa. O fator de potência do conversor será: 34 III.1. 3 – RETIFICADOR LIGADO EM ESTRELA COM CARGA RESISTIVA A figura III.10 mostra o circuito equivalente a um retificador ligado em estrela alimentando uma carga resistiva e conectado a rede de suprimento de energia através de um transformador. O retificador contém três diodos. Figura III.10 – Circuito equivalente a uma retificador ligado em estrela alimentando uma carga resistiva. Sendo o valor eficaz da tensão de fase do secundário do transformador de alimentação do conversor, os sinais que representam as tensões de alimentação do mesmo são definidos pelas equações: (III.32) (III.33) (III.34) A frequência do sinal de tensão é . Os comportamentos dos sinais de tensão estão indicados na figura III.11. 35 Figura III.11 – Comportamento das tensões de alimentação do conversor. Conduz o diodo que estiver submetido à tensão mais positiva. A forma de onda do sinal da tensão no lado de corrente contínua do conversor é mostrada na figura III.12 Figura III.12 – Forma de onda da tensão no lado de corrente contínua do conversor. A partir dos intervalos de condução dos diodos é possível concluir que: - o sinal da tensão é igual ao sinal da tensão para o diodo D1 conduzindo. - o sinal da tensão é igual ao sinal da tensão para o diodo D2 conduzindo. - o sinal da tensão é igual ao sinal da tensão para o diodo D3 conduzindo. 36 Como a carga é resistiva, o sinal da corrente de carga tem a mesma forma do sinal da tensão , conforme mostra a figura III.13. Figura III.13 – Forma de onda do sinal da corrente . As formas de onda dos sinais das correntes nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor são mostradas na figura III.14. Figura III.14 – Formas de onda dos sinais de corrente nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor. A partir das formas de onda dos sinais de tensão e corrente mostrados nas figuras anteriores obtém-se as equações que quantificam estas grandezas. 37 - VALOR MÉDIO DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na figura III.12, que mostra a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador, a equação (III.35) define valor médio desta tensão. (III.35) (III.36) Sendo o valor eficaz da tensão nominal de linha ou entre fases do secundário do transformador. - VALOR EFICAZ DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na mesma figura III.12, que mostra a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador, a equação (III.37) define valor eficaz desta tensão. (III.37) (III.38) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. 38 Como a carga é resistiva, a forma de onda do sinal de corrente é igual a forma de onda do sinal de tensão, conforme mostra a figura III.13. A relação entre as duas grandezas é a resistência R. (III.39) Portanto, o valor médio da corrente será: (III.40) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na mesma figura III.13, que mostra a forma de onda do sinal de corrente na saída do retificador, a equação (III.41) define valor eficaz desta corrente. (III.41) (III.42) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO DIODO. (III.43) (III.44) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO DIODO. 39 (III.45) (III.46) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR. O valor eficaz da corrente no secundário do transformador é igual ao valor eficaz da corrente no diodo. (III.47) - POTÊNCIA DA CARGA. A potência ativa disponibilizada para carga é definida pela equação: (III.48) (III.49) (III.50) - POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR. Para o transformador alimentando o conversor ligado em estrela, a potência nominal do transformador deve ser no mínimo igual a três vezes o 40 produto dos valores eficazes de tensão de fase e de corrente de fase (potência aparente) tanto para o enrolamento primário quanto para o enrolamentosecundário. Como o transformador alimenta uma carga não linear, as potências aparentes do primário e do secundário podem ser diferentes. A potência nominal do secundário do transformador deve atender a equação (III.51). (III.51) (III.52) O valor da potência nominal do primário do transformador vai depender da forma de onda da corrente no enrolamento primário, portanto depende da forma de conexão do transformador. Tomando como base a figura III.10, sendo o número de espiras por fase do enrolamento primário e o número de espiras por fase do enrolamento secundário, o balanço de forças magneto- motrizes do transformador fornece: (III.53) Para o enrolamento primário tem-se: (III.54) As equações (III.53) e (III.54) fornecem: (III.55) (III.56) (III.57) 41 As correntes de linha do primário do transformador, conforme pode-se verificar na figura III.10, são dadas por: (III.58) (III.59) (III.60) Considerando-se as equação (III.55), (III.56) e (III.57) obtém-se: (III.61) (III.62) (III.63) No transformador com primário ligado em triângulo e o secundário ligado em estrela a relação de transformação em função da relação de espiras é dada por: (III.64) Desta forma, resultam para as correntes de linha do enrolamento primário: (III.65) (III.66) (III.67) 42 A figura III.15 mostra as formas de onda dos sinais das correntes de linha do enrolamento primário do transformador. Figura III.15 – Formas de onda dos sinais de corrente no enrolamento primário do transformador. Para o cálculo da potência do enrolamento primário é necessário que seja determinado o valor eficaz da corrente de linha do mesmo. Com base na figura III.15 obtém-se: (III.68) 43 (III.69) A potência nominal do enrolamento primário será: (III.70) Admitindo-se que e considerando-se a equação (III.64) obtém-se: (III.71) As equação (III.52) e (III71) mostram que as potências nominais do primário e do secundário do transformador são diferentes. Observa-se que a potência nominal do primário é menor que a potência nominal do secundário. Isto se deve ao fato de que o sinal de corrente do enrolamento primário é menos distorcido que o sinal de corrente do enrolamento secundário, portanto o conteúdo harmônico do sinal de corrente o enrolamento primário é menor que o do sinal de corrente do enrolamento secundário. 44 III.1. 4 – RETIFICADOR LIGADO EM ESTRELA COM CARGA INDUTIVA A figura III.16 mostra o circuito equivalente a um retificador ligado em estrela alimentando uma carga indutiva e conectado a rede de suprimento de energia através de um transformador. O retificador contém três diodos. Figura III.16 - Circuito equivalente a uma retificador ligado em estrela alimentando uma carga indutiva. Sendo o valor eficaz da tensão de fase do secundário do transformador de alimentação do conversor, os sinais que representam as tensões de alimentação do mesmo são definidos aqueles definidos pelas equações (III.32), (III.33) e (III.34), repetidas a seguir. 45 A frequência do sinal de tensão é . Os comportamentos dos sinais das tensões estão indicados na figura III.11. Da mesma forma que o conversor alimentando uma carga resistiva, conduz o diodo que estiver submetido à tensão mais positiva. A forma de onda do sinal da tensão no lado de corrente contínua do conversor é a mesma mostrada na figura III.12. Como a carga é indutiva, a forma de onda do sinal de corrente de carga é alisada, conforme mostrada na figura III.17. Figura III.17 – Forma de onda do sinal da corrente . As formas de onda dos sinais das correntes nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor são mostradas na figura III.18. Figura III.18 – Formas de onda dos sinais de corrente nos diodos e no lado de corrente alternada do conversor. 46 A partir das formas de onda dos sinais de tensão e corrente mostrados nas figuras anteriores obtém-se as equações que quantificam estas grandezas - VALOR MÉDIO DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a forma de onda do sinal de tensão do lado de corrente contínua do conversor é a mesma que para o conversor alimentando uma carga resistiva, a equação (III.36), repetida a seguir é válida também para o cálculo do valor médio da tensão para carga indutiva. - VALOR EFICAZ DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Também aqui vale a equação (III.38), repetida a seguir. - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a carga é indutiva, a forma de onda do sinal de corrente é alisada, conforme mostra a figura III.17. O valor médio da corrente é . - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como o sinal de corrente é alisado e constante, o valor eficaz da corrente do lado de corrente contínua do conversor é igual ao valor médio. (III.72) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO DIODO. Com base nas formas de onda dos sinais de corrente nos diodos mostrando que cada um conduz do ciclo, pode-seconcluir que: 47 (III.73) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO DIODO. A partir da figura II.18 conclui-se que: (III.74) (III.75) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR. O valor eficaz da corrente no secundário do transformador é igual ao valor eficaz da corrente no diodo. (III.76) - POTÊNCIA DA CARGA. A potência ativa disponibilizada para carga é definida pela equação: (III.77) Como resulta: Obtendo-se então: (III.78) - POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR. 48 Neste caso valem as mesmas considerações feitas para o conversor alimentando uma carga resistiva. As diferenças estão nas formas de onda dos sinais de corrente do secundário e do primário, que são alisadas. A potência nominal do secundário do transformador deve atender a equação (III.51), repetida a seguir. (III.79) Com base nas equações (III.53) até (III.67), a figura III.19 mostra as formas de onda dos sinais das correntes de linha do enrolamento primário do transformador para carga indutiva. Figura III.19 – Formas de onda dos sinais de corrente no enrolamento primário do transformador. 49 Para o cálculo da potência do enrolamento primário é necessário que seja determinado o valor eficaz da corrente de linha do mesmo. Com base na figura III.19 obtém-se: (III.80) (III.81) A potência nominal do enrolamento primário será: (III.82) (III.83) Também para carga indutiva as potências nominais do primário e do secundário do transformador são diferentes. Observa-se que a potência nominal do primário é menor que a potência nominal do secundário. Isto se deve ao fato de que o sinal de corrente do enrolamento primário é menos distorcido que o sinal de corrente do enrolamento secundário, portanto o conteúdo harmônico do sinal de corrente do enrolamento primário é menor que o do sinal de corrente do enrolamento secundário. 50 - EXEMPLO 3. Um retificador não controlado ligado em estrela está conectado a uma rede de através de um transformador . O retificador alimenta uma carga indutiva com potência e tensão . Calcule os itens indicados a seguir. - Valor médio da corrente de carga. Como a carga é indutiva, conforme a equação (III.78) tem-se: - Valor médio da corrente no diodo. Conforme a equação (III.73) tem-se: - Potência do transformador. Para este tipo de conversor a forma de conexão do transformador interfere no cálculo da potência do mesmo. Conforme analisado anteriormente, as equações (III.79) e (III.83) definem as potências dos enrolamentos secundário e primário respectivamente. É importante observar que o fator de potência do conversor é definido em relação ao primário do transformador. 51 III.1. 5 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE TRIFÁSICA COM CARGA RESISTIVA A figura III.20 mostra o circuito equivalente a um retificador ligado em ponte trifásica (conexão Graetz) alimentando uma carga resistiva e conectado a rede de suprimento de energia através de um transformador. O retificador contém seis diodos. Figura III.20 – Circuito equivalente a uma retificador ligado em ponte trifásica alimentando uma carga resistiva. Como pode ser observado no circuito, sempre dois diodos participam do processo de condução. Isto significa que a carga é sempre submetida à tensão de linha do secundário do transformador. Na tabela III.1 são apresentados os pares em condução e as respectivos valores da tensão do lado de corrente contínua . 52 Par em condução Valor de D1 – D6 D1 – D2 D3 – D2 D3 – D4 D5 – D4 D5 – D6 Tabela III.1 – Tensão para cada par em condução. O par em condução é aquele submetido à tensão de linha mais positiva. Sendo o valor eficaz da tensão de linha do secundário do transformador de alimentação do conversor, os sinais que representam as tensões de alimentação do mesmo são definidos aqueles definidos pelas equações: (III.84) (III.85) (III.86) A frequência do sinal de tensão é . O diagrama fasorial das tensões de fase e de linha de alimentação do conversor estão indicados na figura III.21. O fasor é tomado como referência. 53 Figura III.21 – Diagrama fasorial das tensões de fase e de linha do secundário do transformador (alimentação do conversor). As formas de onda dos sinais das tensões de alimentação conversor são mostradas na figura III.22. Figura III.22 – Formas de onda dos sinais das tensões de linha do secundário do transformador (alimentação do conversor). 54 A tabela III.2 mostra os períodos de condução de cada par de diodos. Par em condução Valor de Período de Condução D1 – D6 D1 – D2 D3 – D2 D3 – D4 D5 – D4 D5 – D6 Tabela III.2 – Período de condução de cada par de diodos. Com base na tabela III.2, a figura III.23 mostra com traço acentuado a forma de onda do sinal da tensão no lado de corrente contínua do conversor. Figura III.23 - Forma de onda do sinal da tensão no lado de corrente contínua do conversor. Como a carga é resistiva, o sinal da corrente acompanha a forma de onda do sinal da tensão, conforme mostra a figura III.24 55 Figura III.24 – Forma de onda do sinal da corrente . As formas de onda dos sinais das correntes nos diodos são mostradas na figura III.25. 56 Figura II.25 – Formas de onda dos sinais de corrente nos diodos. Afigura III.26 mostra as formas de onda dos sinais de corrente no lado de corrente alternada do conversor, isto é no secundário do transformador. Tomando como base a figura III.30 verifica-se que existe corrente na fase a quando conduzem os diodos D1 e D4, existe corrente na fase b quando conduzem os diodos D3 e D6 e existe corrente na fase c quando conduzem os diodos D5 e D2. 57 Figura III.26 - Formas de onda dos sinais de corrente no lado de corrente alternada do conversor, isto é no secundário do transformador. A partir das formas de onda dos sinais de tensão e corrente mostrados nas figuras anteriores obtém-se as equações que quantificam estas grandezas. - VALOR MÉDIO DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na figura III.23, que mostra a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador, a equação (III.87) define valor médio desta tensão. (III.87) (III.88) - VALOR EFICAZ DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na mesma figura III.23, que mostra a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador, a equação (III.89) define valor eficaz desta tensão. 58 (III.89) (III.90) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a carga é resistiva, a forma de onda do sinal de corrente é igual a forma de onda do sinal de tensão, conforme mostra a figura III.13. A relação entre as duas grandezas é a resistência R. (III.91) Portanto, o valor médio da corrente será: (III.92) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Com base na mesma figura III.13, que mostra a forma de onda do sinal de corrente na saída do retificador, a equação (III.41) define valor eficaz desta corrente. 59 (III.93) (III.94) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO DIODO. (III.95) (III.96) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO DIODO. (III.97) 60 (III.98) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR. O valor eficaz da corrente no secundário do transformador pode ser obtido a partir da figura III.26. (III.99) (III.100) - POTÊNCIA DA CARGA. A potência ativa disponibilizada para carga é definida pela equação: (III.101) 61 (III.102) - POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR. Como o transformador alimenta uma carga não linear, as potências aparentes do primário e do secundário podem ser diferentes, como ocorre para alimentação do conversor ligado em estrela. A potência nominal do secundário do transformador deve atender a equação. (III.103) O valor da potência nominal do primário do transformador vai depender da forma de onda da corrente no enrolamento primário, portanto depende da forma de conexão do transformador. Tomando como base a figura III.20, sendo o número de espiras por fase do enrolamento primário e o número de espiras por fase do enrolamento secundário, o equacionamento do balanço de forças magneto-motrizes do transformador é o mesmo que para o transformador alimentando o conversor ligado em estrela. Desta forma, obtém- se para os valores instantâneos das correntes de linha do enrolamento primário as equações (III.65), (III.66) e (III.67) repetidas a seguir. 62 A figura III.27 mostra as formas de onda dos sinais das correntes de linha do enrolamento primário do transformador. Figura III.27 – Formas de onda dos sinais de corrente no enrolamento primário do transformador. 63 Para o cálculo da potência do enrolamento primário é necessário que seja determinado o valor eficaz da corrente de linha do mesmo. Com base na figura III.27 obtém-se: (III.104) (III.105) A potência nominal do enrolamento primário será: Admitindo-se que e considerando-se a equação (III.64) obtém-se:(III.106) As equações (III.103) e (III.106) mostram que as potências nominais do primário e do secundário do transformador são iguais. Isto se deve ao fato de que os conteúdos harmônicos dos sinais de corrente dos enrolamentos primário e secundário são iguais. 64 III.1. 6 – RETIFICADOR LIGADO EM PONTE TRIFÁSICA COM CARGA INDUTIVA A figura III.28 mostra o circuito equivalente a um retificador ligado em ponte trifásica (conexão Graetz) alimentando uma carga indutiva e conectado a rede de suprimento de energia através de um transformador. O retificador contém seis diodos. Figura III.28 – Circuito equivalente a uma retificador ligado em ponte trifásica alimentando uma carga indutiva. Da mesma forma que para carga resistiva, sempre dois diodos participam do processo de condução. Valem as mesmas condições apresentadas na tabela III.1. Sendo o valor eficaz da tensão de linha do secundário do transformador de alimentação do conversor, os sinais que representam as tensões de alimentação do mesmo são definidos aqueles definidos pelas equações (III.84), (III.85) e (III.86) repetidas a seguir; 65 A frequência do sinal de tensão é . O diagrama fasorial das tensões de fase e de linha de alimentação do conversor e as formas de onda dos sinais das tensões de linha são os apresentados nas figuras III.21 e III.22. A forma de onda do sinal da tensão no lado de corrente contínua do conversor é o mesmo mostrado na figura III.23. Como a carga é indutiva, o sinal da corrente de carga é alisado, conforme mostra a figura III.29. Figura III.29 – Forma de onda do sinal da corrente . As formas de onda dos sinais das correntes nos diodos são mostradas na figura III.30. 66 Figura II.30 – Formas de onda dos sinais de corrente nos diodos. 67 A figura III.31 mostra as formas de onda dos sinais de corrente no lado de corrente alternada do conversor, isto é no secundário do transformador. Tomando como base a figura III.30 verifica-se que existe corrente na fase a quando conduzem os diodos D1 e D4, existe corrente na fase b quando conduzem os diodos D3 e D6 e existe corrente na fase c quando conduzem os diodos D5 e D2. Figura III.31 - Formas de onda dos sinais de corrente no lado de corrente alternada do conversor, isto é no secundário do transformador. A partir das formas de onda dos sinais de tensão e corrente mostrados nas figuras anteriores obtém-se as equações que quantificam estas grandezas. 68 - VALOR MÉDIO DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador é a mesma que para carga resistiva, vale aqui a equação (III.88), repetida a seguir. - VALOR EFICAZ DA TENSÃO NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a forma de onda do sinal de tensão na saída do retificador é a mesma que para carga resistiva, vale aqui a equação (III.90), repetida a seguir. - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a carga é indutiva, a forma de onda do sinal de corrente é alisada e o valor médio da corrente é . - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO LADO DE CORRENTE CONTÍNUA DO RETIFICADOR. Como a carga é indutiva, a forma de onda do sinal de corrente é alisada e o eficaz da corrente no lado de corrente contínua do retificador é igual ao valor médio da corrente é . (III.107) - VALOR MÉDIO DA CORRENTE NO DIODO. (III.108) (III.109) 69 - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO DIODO. (III.110) (III.111) - VALOR EFICAZ DA CORRENTE NO SECUNDÁRIO DO TRANSFORMADOR. O valor eficaz da corrente no secundário do transformador pode ser obtido a partir da figura III.26. (III.112) (III.113) - POTÊNCIA DA CARGA. A potência ativa disponibilizada para carga é definida pela equação: (III.114) Como a corrente de carga é constante, resulta: Considerando a equação que define o valor médio da tensão, resulta: (III.115) 70 - POTÊNCIA DO TRANSFORMADOR. Como o transformador alimenta uma carga não linear, as potências aparentes do primário e do secundário podem ser diferentes, como ocorre para alimentação do conversor ligado em estrela. A potência nominal do secundário do transformador deve atender a equação. Considerando as equações (III.88) e (III.113) obtém-se: (III.116) O valor da potência nominal do primário do transformador vai depender da forma de onda da corrente no enrolamento primário, portanto depende da forma de conexão do transformador. Tomando como base a figura III.28, sendo o número de espiras por fase do enrolamento primário e o número de espiras por fase do enrolamento secundário, o equacionamento do balanço de forças magneto-motrizes do transformador é o mesmo que para o transformador alimentando o conversor ligado em estrela. Desta forma, obtém- se para os valores instantâneos das correntes de linha do enrolamento primário as equações (III.65), (III.66) e (III.67) repetidas a seguir. A figura III.32 mostra as formas de onda dos sinais das correntes de linha do enrolamento primário do transformador. 71 Figura III.32 – Formas de onda dos sinais de corrente no enrolamento primário do transformador. Para o cálculo da potência do enrolamento primário é necessário que seja determinado o valor eficaz da corrente de linha do mesmo. Com base na figura III.32 obtém-se:
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