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Princípios Constitucionais do Processo

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TRABALHO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO:
Princípios Constitucionais do Processo
Vespasiano
2016
TRABALHO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO:
Princípios Constitucionais do Processo
Trabalho Avaliativo de Teoria Geral do Processo, requisito para obtenção de conclusão do primeiro semestre de Bacharel em Direito da Faculdade de Saúde e Ecologia Humana. 
Professor: Felipe Galego
Vespasiano
2016
INTRODUÇÃO
	Para que compreendamos a importância dos princípios é necessário que se resgate seu significado e seu conceito, procurando melhor entender partiremos de dois instrumentos distintos. 
	A palavra princípio advém do latim principiu, que associa-se ao conceitos de começo, origem e início. Tal noção que traz o dicionário comum não é suficiente para traduzir a importância de seu significado, ainda mais tratando-se do âmbito jurídico, que possui pormenores que distinguem-no dos demais. Os princípios são o que há de mais importante no Direito, o começo, o meio e o fim de tudo. Não há formas de se trabalhar nem pensar de forma jurídica sem os princípios e neste caso específico os princípios processuais são a estrutura básica de todo os processo sendo assim, não se pode deixá-lo em segundo plano, é necessário a maior valoração aos princípios para que melhor se compreenda a estrutura processual.
	Ao analisar o conjunto de princípios existentes, nota-se que ele se classificam como onivalentes: aqueles que são aplicados a todos as ciências; ou plurivalentes, que são aplicados a algumas ciências; ou até monovalentes, que são somente aplicados a uma ciência.
	No plano da Teoria Geral do Processo, classificaremos os princípios como sendo processuais gerais ou princípios fundamentais, se dividindo em constitucional e infraconstitucional e nos princípios informativos.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS
Promulgada em 5 de outubro de 1988, a Constituição Brasileira tem como base a democracia, dispondo de diversos instrumentos que procuram proteger a liberdade e o direito de todos. Nesses instrumentos, ressalta-se aqueles que visam tutelar os direitos fundamentais do homem tratando-se de instrumentos processuais. 
Algumas obras jurídicas usam a nomenclatura Direito Processual Constitucional como definição para um conjunto de normas de Direito Processual que se encontram inseridos dentro da Constituição Federal. No entanto, não se trata de um ramo autônomo do direito, mas sim de uma classificação de um grupo de normas processuais que sem encontram inseridas na mesma.
Desta forma, temos que: “O Direito processual constitucional abrange, de um lado, a tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária e do processo, e de outro lado, a jurisdição constitucional”, ou seja, dentre as normas constitucionais podemos assim encontrar aquelas que possuem a natureza jurídica de uma lei processual.
Princípio da Inafastabilidade
O princípio da Inafastabilidade também é nomeado como o Princípio da Ação ou Acesso à Justiça, no qual a Constituição garante tutela do Estado aos litígios da vida em sociedade. Temos assim a inafastabilidade da jurisdição, o indispensável e imprescindível uso da jurisdição através de órgãos jurisdicionais que são totalmente inseparáveis do processo constitucional civil. Expresso na redação do inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Brasileira: “A leia não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”, efetiva-se pela ação do interessado que, exercendo seu direito à jurisdição, cuida de preservar por vários modos: ou pelo processo de conhecimento, ou pela satisfação (processo de execução), ou pela asseguração (processo cautelar), direito subjetivo material violado ou ameaçado de violação.
Ressalta-se que o conteúdo jurídico do princípio invoca uma tutela jurisdicional eficaz, já que uma tutela ineficaz não é, na realidade, tutela alguma.
	Princípio do Juiz Natural
Juiz Natural é aquele que está previamente encarregado como competente para o julgamento de determinadas causa abstratas previstas. Maiqe que um simples atributo da função jurisdicional, a imparcialidade do juiz é imprescindível essencial, sendo eleita por parte da doutrina como forma de avaliação do ato jurisdicional, diferenciando-o dos demais atos estatais. 
A maioria das Constituições contemporâneas traz em si o Princípio do Juiz Natural, definindo que escolha do julgador seja anterior à ocorrência do litígio judicial, desvinculando o julgador de qualquer ocorrido concreto que venha a acontecer. Define-se no inciso XXXVII, do artigo 5º da Constituição: “Não haverá juízo ou tribunal de exceção” e da exegese do inciso LIII, que diz: “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.”.
No entanto, não se pode olvidar que a própria constituição excepciona a regra de que o juiz natural é somente aquele integrante do judiciário ao atribuir ao Senado a competência para julgar o Presidente e o Vice-presidente da República nos crimes de Responsabilidade.
	Princípio do Devido Processo Legal
Visto como princípio maior, fundamental, e que norteia o ordenamento jurídico brasileiro, já que engloba, de certo modo, os demais princípios processuais como o acesso à justiça, da ampla defesa e do contraditório, define-se ao declarar que o processo deve observar necessária e impreterivelmente a legalidade, pressuposto de qualquer Estado de Direito. Preceituando a proteção aos bens jurídicos que, direta ou indiretamente, se referem à vida, à liberdade e à propriedade, considerados de maneira ampla.
Este princípio relaciona-se não apenas com o princípio da legalidade, mas também com o da legitimidade, o devido processo legal é o processo devidamente estruturando mediante o qual se faz presente a legitimidade da jurisdição como poder, função e atividade. Trata-se da base legal para a aplicação de todos os demais princípios, independente do ramo do direito processual, estando disposto no inciso LIV do artigo 5º de nossa Magna Carta: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Também é garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e ainda na Convenção de São José da Costa Rica. 
	Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório
	Tal princípio encontra sua guarita no inciso LV do artigo 5º da Constituição Brasileira, que diz: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” também identificado pela expressão latina audiatur et altera pars, que significa “ouça-se também a outra parte”.
É o resultado do Princípio Anterior (do Devido Processo Legal), no qual o ato praticado por qualquer autoridade, para que seja válido, eficaz e completo deve seguir todas as etapas previstas em lei, caracterizado assim, pela possibilidade de resposta e a utilização de todos os meios. A constituição preocupou-se em expressar tal garantia como válida não apenas em processos sob jurisdição judicial, mas também aqueles de esfera administrativa. 
	O Princípio se manifesta na possibilidade que as partes tem de requerer a produção de provas e de participarem da sua realização, assim também como de se pronunciarem a respeito do resultado, garantido a qualquer parte afetada pela decisão do órgão.
	Apesar da relação interdependente, doutos costumam individualizar as definições, se referindo ao contraditório como: “a garantia constitucional que assegura a ampla defesa do acusado, proporcionandoa este o exercício pleno de seu direito de defesa.” , e a ampla defesa, por sua vez, como “a possibilidade que o acusado tem, já gozando do direito ao contraditório, lançar mão a todas as possibilidades de exercício pleno do seu direito de defesa”.
	Conclui-se então, que o contraditório é a oportunidade garantida ao acusado de defender-se contra o que lhe é imputado e a ampla defesa é, o usufruto desta garantia. 
	Princípio da Igualdade ou Isonomia Processual
Trata da igualdade de tratamento nos direitos Brasileiros, garantia fundamental no corpo central da formação constitucional das normas gerais do sistema jurídico vigente, como previsto no artigo 5º da CF: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e os estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade à segurança e à propriedade (...)”. é considerado um dos princípios fundamentais da democracia, também garantido no artigo 125º, inciso I do Código de Processo Civil: “assegurar às partes igualdade de tratamentos”, tratando-se não somente da igualdade formal, mas principalmente da material.
No entanto, a própria legislação especifica desigualdades, tratar as partes isonomicamente é tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata proporção de suas igualdades a “igualdade substancial dos litigantes”.
	Princípio da Inadmissibilidade de Provas Ilícitas
A constituição federal de 1988 define como inadmissíveis, no processo, provas obtidas por meios ilícitos, no inciso LVI do artigo 5º; vedando que a prova colhida com infração a normas princípios do direito material, sobretudo do direito constitucional, por que a problemática de prova ilícita se prende sempre à questão de liberdades públicas, onde estão assegurados os direitos e garantias atinentes à intimidade, liberdade, à dignidade
Também é garantido no Art. 332 do Código de Processo Civil, se serão admitidos todos os meios de provas, desde que legais e moralmente legítimos.
2.7	Princípio da Presunção de Inocência.
O inciso LVII do Artigo 5º de nossa Constituição Federal garante: “ninguém será culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Em conjunto com as demais garantias constitucionais, o princípio da inocência presumida garante ao acusado um julgamento justo, em conformidade com o Espírito Democrático de Direito. É tido com a base do Estado de Direito, como um direito fundamental democrático e individual de eficácia e aplicabilidade imediata, visa à tutela da liberdade pessoas, salientando a necessidade do Estado comprovas a culpabilidade do indivíduo, que é de forma constitucional presumido inocente. 
É implicitamente manifestado em nosso ordenamento jurídico: o texto não declara a inocência do acusado, mas demonstra o fato de ele não ser necessariamente o possuidor da culpa pela prática do fato que lhe é imputado.
	Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
Este versa sobre a possibilidade ou o direito à revisão de uma decisão judicial, da forma mais plena e ampla possível, presumindo-se que a partir da sua vistoria reduz-se a probabilidade de erro. Não há na Constituição de 1988 expressa garantia genérica desse princípio, no entanto, é certo que inexiste certeza e seguranças absolutas, menos certo não é que o Direito deva oferecer o máximo possível de certeza e segurança para a vida social, concretizando a maior probabilidade de justiça. 
Para a maioria dos doutrinadores o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição está contido no Princípio do Devido Processo Legal, uma decorrência lógica do sistema processual em geral a assegurar a possibilidade da aplicação da justiça no caso concreto. O 5º artigo dá esboços deste princípio, mas não o prevê de maneira expressa. 
	Princípio da Duração Razoável do Processo
Este princípio é assegurado nas normas infraconstitucionais, incluindo punições processuais no caso de inobservância do princípio, dentro outras possibilidades. A Emenda Constitucional número 45, no artigo 5º, inciso LXXVIII passou também a referir-se essa garantia: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios garantam a celeridade de sua tramitação.” De modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. 
Também está inserto no Princípio do Devido Processo Legal. 
	Princípio da Publicidade
A Constituição Brasileira traz uma garantia processual que é a publicidade dos atos processuais no inciso LX do artigo 5º: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social exigirem” e também no artigo 93º, inciso IX: “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário será públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse publico exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;”.
Este princípio tem duas nuances distintas: primeiramente, dar conhecimento dos atos processuais ao litigantes, a segunda refere-se a dar conhecimento à sociedade da atuação do judiciário e aqueles que, por ventura, tenham interesse na causa em litígio possam se manifestar.
Princípio da Motivação das Decisões
Discorre sobre a importância da fundamentação do processo em bases legais e sociais: uma garantia da justiça quando consegue reproduzir exatamente o itinerário lógico que o juiz percorreu pra chegar à sua conclusão.
Expressamente previsto no Artigo 93º da Constituição Federal em seu inciso IX: “todos os julgamentos dos órgãos do poder judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões”.
O juiz tem liberdade de escolher como irá interpretar, quais das técnicas de interpretação é a mai cabível naquele caso, porém, essa liberdade fica limitada no sentido que é necessário informar no processo qual foi o raciocínio utilizado: resguardando assim os arbítrios e desmandos que poderiam ocorrer nas decisões judiciais, caso não houvesse esta garantia. 
2.11	Princípio da Assistência Judiciária Gratuita
	Também respaldado do Princípio do Devido Processo legal garante que uma pessoa que se vê incapaz de arcar com os custos de uma lide judicial impões, mas necessita da imediiata prestação jurisdicional, pode, através de simples afirmativa, postular as benesses de tal prerrogativa, amplamente garantida pela Carta Magna Constitucional Vigente, no artigo 5º, inciso LXXIV: “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
CONCLUSÃO
	Os Princípios Processuais estão perfeitamente inseridos em nossa Carta Magna: mas nos encontramos em um processo de compreensão da sistemática processual, em que os temas afetos aos princípios fundamentais e estruturas de nosso processo, precisam ser analisadas plenamente, permitindo assim a concretização dos direito defendidos em nossa legislação.
	Desta forma, toda e qualquer norma processual a ser criada ou aplicada deve passar pelo crivo destes princípios fundamentais do processo, para que seja consonante com a estrutura processual adotada pelo ordenamento jurídico.
 
	REFERÊNCIAS
L. BARCELOS, BRUNO. A duração Razoável do Processo: Apresenta uma visão crítica sobre a duração razoável do processo. Disponível em:
 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6129/A-duracao-razoavel-no-processo> Acesso em 08 de Out. 2016
WIKIPEDIA. Princípios Constitucionaisdo Processo Civil. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpios_constitucionais_do_processo_civil#Princ.C3.ADpio_da_economia_processual> Acesso em 08 Out. 2016
CARDOSO, Alessandrus. A assistência Judiciária gratuita ou a justiça gratuita no Brasil. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/3193/a-assistencia-judiciaria-gratuita-ou-justica-gratuita-no-brasil> Acesso em 08 Out. 2016
MALTA VILLAS-BÔAS, Renata. Princípios Constitucionais do Direito Processual Civil. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10180&revista_caderno=21> Acesso em 08 Out 2016.
BARBIERI WAQUI, Bruna. Breve análise dos Princípios Constitucionais do processo. Analisa os principais princípios que sustentam as atividades processuais de acordo com o texto constitucional. Disponível em: < http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2124/Breve-analise-dos-Principios-Constitucionais-do-Processo> Acesso em 08 Out 2016.
NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992, p. 86.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de Direito Administrativo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1991, p. 230.
NERY Jr., Nelson. Princípios do processo na constituição federal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 100.

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