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Aula 04 TGP - Princípios Processuais Constitucionais

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Aula n.° 04
Observação Importante:
O presente material é apenas um guia, uma orientação de estudos. Apesar de conter trechos de livros de doutrinadores, não substitui a leitura das obras indicadas pela Instituição de Ensino, as quais deverão ser lidas. Este material é apenas um complemento.
Princípios Processuais
Prof. Daniel Roxo de Paula Chiesse
Observação Importante:
O presente material é apenas um guia, uma orientação de estudos. Apesar de conter diversos trechos de livros de doutrinadores, não substitui a leitura das obras indicadas pela Instituição de Ensino, as quais deverão ser lidas. Este material é apenas um complemento.
Normas jurídicas: Princípios e regras
Após Dworkin e Alexy a doutrina tem feito distinção entre regra e princípios. Enquanto as regras se esgotam em si mesmas, na medida em que descrevem o que se deve, não se deve ou se pode fazer em determinadas situações, os princípios são constitutivos da ordem jurídica, revelando os valores ou critérios que devem orientar a compreensão e a aplicação das regras diante das situações concretas.
Alexy afirma que os princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes, ao passo que as regras são normas que podem ser cumpridas ou não, uma vez que, se uma regra é valida, há de ser feito exatamente o que ela exige, nem mais nem menos. 
De acordo com Alexy, as regras contêm determinações em um âmbito fático e juridicamente possível, ao passo que os princípios podem ser realizados em diferentes graus, consoante as possibilidades jurídicas e fáticas.
Isso significa que, em razão de um princípio valer para um caso não quer dizer que aquilo que ele requer desse caso deva valer para todos os outros. Os princípios apresentam razões que podem ser superadas por razões opostas. As realizações dos princípios dependem das possibilidades jurídicas e fáticas, que são condicionadas pelos princípios opostos, e assim exigem consideração dos pesos dos princípios em colisão segundo as circunstâncias do caso concreto. 
Princípio é ponto de partida. Pode significar, também, as conclusões e/ou os fundamentos de uma ciência. Assim, os princípios são o alicerce, a base na qual se assenta qualquer ramo do direito, permeando toda sua aplicação. Dão ao sistema um aspecto de coerência, logicidade e ordenação.
A diferença entre princípio e regra é que a aplicação do primeiro (princípio) é muito mais ampla, sem muitas limitações – ao passo que as regras são aplicáveis para determinadas situações específicas, previstas em si mesmas. Assim, norma é o gênero da qual princípio e regra são espécies. 
Pode-se afirmar que:
- princípios têm baixa densidade normativa e alta abstração (normas de estrutura aberta)
- regras têm alta densidade normativa e baixa abstração, ou seja, são aplicáveis a casos concretos específicos (normas de estrutura fechada).
Para exemplificar, uma regra deve ser aplicada a diversas situações concretas de uma mesma maneira. Ao contrário, um mesmo princípio pode acarretar consequências jurídicas distintas.
Outra distinção importante dá conta de que um princípio pode ser deduzido (os princípios podem estar positivados ou não), diferentemente da regra. Não se fala em regra deduzida, mas somente em regra expressa, devidamente prevista na legislação.
Além disso, regras são aplicadas através da subsunção de determinada situação concreta ao modelo fático ali descrito, ao passo que os princípios aplicam-se com base na ponderação, necessitando de atividade valorativa do juiz.
Relação dos princípios com direito processual e com os direitos fundamentais
A partir da segunda metade do século XX, se desenvolveu uma teoria sobre o novo papel do direito constitucional, o novo papel que a Constituição tende a exercer no sistema jurídico. Essa teoria que se desenvolveu depois da II Grande Guerra se chama neoconstitucionalismo. Se caracteriza basicamente por uma revalorização do papel da Constituição, que passa a ser vista como a principal fonte normativa. 
Até então, a Constituição era vista como uma carta de intenções, como um projeto sem força normativa, sem densidade para poder realizar. O que importava, era a lei. O Estado que vigorava até então era o Estado da lei, o Estado legal ou o Estado legislativo. O Estado não pode ser um Estado legal, ele tem que ser um Estado constitucional, em que a Constituição prepondere, tenha a força normativa. Tudo isso parece simples, mas não é historicamente. 
O neoconstitucionalismo tem algumas características bem marcantes. Foi o neoconstitucionalismo que desenvolveu a teoria dos direitos fundamentais, que desenvolveu a teoria dos princípios como espécies normativas. Os princípios, hoje, são normas. Mas há 50 anos não eram encarados como normas. Eram vistos como valores, como objetivos finais do direito, como forma de se integrar o direito, mas não como norma. Hoje todos sabem que princípios são normas. 
O art. 126[footnoteRef:1], do CPC de 1973 dizia que o juiz iria decidir com base na lei. Se não houvesse lei, decidiria com base na analogia. Se não fosse possível a analogia, com base nos costumes. Se não fosse possível fazê-lo com base os costumes, então faria com base nos princípios. Os princípios eram o pior possível para o juiz fundamentar. Isso mudou radicalmente. Quando se fala que o juiz tem que decidir com base na lei, isso significa que ele tem que decidir com base na norma (lei é norma) que poder ser constitucional, legal, regulamentar, que pode ser um princípio ou uma regra. [1: O artigo 126 do CPC/1973 é o correspondente ao art. 140 do NCPC, que diz: O juiz não se exime de decidir sob a alegação e lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.] 
O princípio com força normativa é hoje inquestionável. Mas a questão foi entendida dessa forma apenas a partir da segunda metade do século XX. Foi o neoconstitucionalismo que desenvolveu a teoria dos direitos fundamentais, a teoria dos princípios e aprimorou ou agigantou a jurisdição constitucional, o papel do juiz no controle de constitucionalidade das leis. Esses três pilares marcam o neoconstitucionalismo. Tanto que hoje quem estuda direito constitucional, qualquer livro tem um capítulo sobre cada um desses itens. 
É hoje o que há de mais importante no estudo do direito constitucional. É claro que toda essa revolução teórica, ocorrida desde a década de 50, hoje repercute no processo que passou a ser estudado de acordo com essas premissas teóricas, com a ideia de que o que deve prevalecer é o Estado constitucional, a Constituição com força normativa a ser concretizada. 
Todo o discurso desenvolvido pelo neoconstitucionalismo passou a repercutir, naturalmente, no estudo do processo. Tanto que muita gente começou a defender a existência de um neoprocessualismo. O que é o neoprocessualismo? Uma concepção teórica que visa aplicar ao processo o neoconstitucionalismo, tudo aquilo que o neoconstitucionalismo desenvolveu, ou seja, a redefinição das categorias processuais, dos institutos processuais à luz das premissas do neoconstitucionalismo. A palavra neoprocessualismo ajuda porque remete ao neoconstitucionalismo que, naturalmente deve ser estudado. Em processo, as premissas do neoconstitucionalismo devem ser aplicadas ao processo.
Passemos à análise dos principais princípios processuais, analisando os princípios processuais constitucionais e os princípios processuais infra-constitucionais:
	Princípios constitucionais
	Princípios Infra-Constitucionais
	- Devido processo legal;
	- Princípio dispositivo / Inércia / da Demanda;
	- Ampla Defesa ;
	- Livre convencimento motivado do juiz;
	- Contraditório;
	- Oralidade (e seus subprincípios);
	- Inafastabilidade do controle jurisdicional;
	- Economia processual;
	- Acesso à Justiça;
	- Lealdade processual;
	- Juiz Natural;
	- Instrumentalidade das formas;
	- Publicidade;
	- Vedação ao reformatio in pejus;
	- Motivação das decisões judiciais;
	- duplo grau de jurisdição;
	- Isonomia (igualdade);
	- disponibilidadee indisponibilidade;
	- Duração razoável do processo (celeridade);
	- processo inquisitivo e acusatório;
	- Proibição de provas ilícitas;
	- Preclusão;
	
	- Colaboração Processual.
Princípios Constitucionais
Princípio do Devido Processo legal
Art. 5º “LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições desse código.
Art. 8° Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
É considerado um dos mais importantes princípios (“princípio-síntese”), sendo que dele são extraídos os demais. A origem mais aceita é com a Magna Carta de 1215: due process of law.
O devido processo seria um “princípio-mãe”, que se expressa mais claramente a partir de outros subprincípios. Daí porque comumente o princípio do devido processo legal é mencionado em conjunto com outros princípios.
Se o princípio do acesso à justiça permite que se vá ao Judiciário, o princípio do devido processo legal indica as condições mínimas para o trâmite do processo. O processo devido significa dizer que o Estado-juiz não deve agir de qualquer forma, mas sim de uma forma específica, prevista em lei (regras previamente estabelecidas, para que todos saibam qual é a “regra do jogo”). Tanto o autor como o réu são beneficiários do princípio.
É uma regra de proteção do cidadão contra o Estado. O Estado não pode surpreender os cidadãos, os jurisdicionados.
Ciente de que qualquer conceituação será falha, pode-se tentar definir o devido processo legal como o princípio o qual determina que o Estado-juiz não deve agir de qualquer forma, mas sim de uma forma específica, prevista em lei (regras previamente estabelecidas). E que somente mediante a observância de tais regras é que poderá alguém perder a vida-liberdade-patrimônio.
Mais recentemente, tem se falado em devido processo legal formal e o devido processo legal substancial (ou devido processo legal substantivo).
Devido processo legal formal – é o conjunto das garantias processuais mínimas: contraditório, juiz natural, duração razoável do processo, motivação das decisões, etc. Todas essas garantias compõem o devido processo legal na sua dimensão processual.
Devido processo legal substancial (Material) – Basta respeitar o devido processo que tudo o que acontecer é justo, é correto, é devido? É preciso que as decisões também sejam devidas, por isso, substancial. É preciso impedir decisões desproporcionais, arbitrárias, irrazoáveis. A arbitrariedade pode ser cometida não apenas com violência processual (prova ilícita, sem motivar, sem garantir o contraditório), mas também o abuso pode ocorrer no conteúdo das decisões. 
O princípio do devido processo legal substancial como é conhecido para os americanos (EUA), no Brasil ganhou o nome de princípio da proporcionalidade e da razoabilidade. Devido processo legal substancial é a exigência de proporcionalidade e razoabilidade das decisões (que têm que ser proporcionais e razoáveis). 
E veja como isso ficou no NCPC:
Art. 8° Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Devido processo legal e a relação entre os particulares?
O que significa a palavra “processo” na cláusula geral ‘devido processo legal’? Processo, neste caso, é método, modo ou meio de formação de normas jurídicas. As normas jurídicas sempre se formam processualmente. Toda norma se forma processualmente. Todas. 
- Uma lei se forma por um processo legislativo. 
- Um ato administrativo se forma por um processo administrativo. 
- Uma sentença, que é uma norma, se forma por um processo jurisdicional. 
Tudo é processo e tudo tem que ser “devido”. O processo legislativo tem que ser devido, o processo administrativo tem que ser devido, o processo jurisdicional tem que ser devido.
Há no STF ações de inconstitucionalidade de leis sob o fundamento de que a lei violou o devido processo legislativo. Há acusações de ato administrativo que viola o devido processo administrativo. Então, o devido processo legal não é exclusivo de processo civil, processo penal e processo do trabalho. O devido processo legal serve para qualquer atuação do Estado, seja ela administrativa, legislativa e jurisdicional. 
Além disso, há ainda um processo legal privado ou negocial (horizontal). Os direitos fundamentais servem para regular as relações entre Estado e cidadão, mas também servem para regular as relações entre cidadãos. Por força deste aspecto, os neoconstitucionalistas dizem que os direitos fundamentais têm uma eficácia vertical (porque cuidam das relações entre Estado e cidadão) e também uma eficácia horizontal (regulam relações entre particulares). O que é eficácia horizontal dos direitos fundamentais? É a eficácia nas relações privadas, distinta da vertical, que é a eficácia entre Estado e cidadão.
E o que isso tem a ver com o devido processo legal? No âmbito privado também há processo para aplicação de norma. Exemplo: em um condomínio se aplica multa a condômino que, porventura, desrespeita norma do condomínio. Essa multa só pode ser aplicada em respeito ao devido processo legal. Como isso é feito no âmbito privado? O condômino tem que ser intimado a se defender no âmbito do condomínio. Se o condômino é multado sem direito a defesa, a multa é nula, por ofensa ao devido processo legal aplicado no âmbito privado. É preciso garantir o direito de defesa e de recurso no âmbito privado. Isso é a consagração do devido processo legal no âmbito privado, aplicação essa que o STF já reconheceu. 
Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório
É positivado no art. 5º da CF:
“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”
Os princípios do contraditório e da ampla defesa, ambos insertos na Constituição no mesmo inciso, estão ligado ao Direito de Defesa.
No NCPC ganhou previsão também na lei:
Art. 7°. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 9°. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Art. 10.  O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
O princípio da ampla defesa pode ser entendido como a garantia de qualquer réu de ter plenas condições de apresentar seus argumentos de defesa. É o direito de apresentar defesa em relação a qualquer alegação que é formulada pela parte contrária. 
O autor, ao buscar a procedência do pedido, formula determinadas alegações na inicial. O princípio da ampla defesa garante que o réu terá todas as condições de apresentar sua defesa a tais alegações.
O dispositivo constitucional faz menção a “recursos” inerentes à ampla defesa. Não se deve entender o termo aqui em seu sentido técnico processual (ato que busca revisão de uma decisão judicial), mas sim como meios para que a defesa seja plenamente exercitada. Neste sentido, como exemplo, basta imaginar um réu hipossuficiente, que não tenha condições de arcar com os custos de um advogado. Para lhe permitir a ampla defesa, há a Defensoria Pública. E para que a possibilidade de defesa seja realmente ampla, é necessário que o réu tenha ciência da existência de tal órgão.
Já o princípio do contraditório trata do binômio “informação+ possibilidade de manifestação”.
O primeiro é indispensável (a parte necessariamente deve estar ciente do ato da outra parte – e do processo); o segundo é possível (pode a parte, mesmo ciente, não resistir).Ou seja, não haverá violação ao princípio se a parte - ciente (informada) - não se manifesta.
Em síntese, o princípio pode ser assim definido: quando uma parte se manifesta, a outra também deve ter a oportunidade de fazê-lo.
Ou seja, é a garantia de que todos os atos do processo devem ser informados aos litigantes, e que é possível a manifestação em relação a tais atos. Ao autor, é a possibilidade de deduzir sua ação, alegar e provar fatos – bem como responder às alegações do réu. Ao réu, é a possibilidade de ser informado sobre a existência do processo, bem como de poder reagir. Nessa ótica, percebe-se que a ampla defesa decorre do contraditório.
Art. 115.  A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será:
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo;
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.
O princípio do contraditório se assemelha ao princípio do devido processo legal e tem duas dimensões:
1) Dimensão FORMAL – o princípio do contraditório é aquele que garante a todos o direito de participar do processo que lhe diga respeito, que possa afetar o seu interesse. Essa é a dimensão formal do contraditório: o direito à participação. Há uma tendência muito clara de que a atividade estatal que afete o interesse de alguém (seja administrativa, seja jurisdicional) tem que se realizar através do contraditório. É por isso que a Constituição de 88 garantiu o contraditório, não só pelo lado jurisdicional, mas também no âmbito administrativo. O Estado não pode agir contra alguém sem lhe dar o direito de participar do processo que afete seu interesse. Essa é a dimensão formal do contraditório. É muito importante, mas não esgota a garantia do contraditório. Não exaure o conteúdo normativo do princípio do contraditório porque é preciso dominar o aspecto substancial. 
2) Dimensão Substancial / Material – não é qualquer contraditório que é garantido. O cidadão tem o direito de participar do contraditório que, na dimensão substancial, o direito de poder influenciar o conteúdo da decisão. A dimensão substancial do contraditório é o poder de influência. A minha participação, que é garantida pelo aspecto formal, tem que ser uma participação apta, ao menos teoricamente, influenciar naquilo que o julgador vai dizer. Tem que ter condições de intervir, de influenciar o convencimento do julgador. É por isso que o direito ao contraditório gera o direito à prova que é consequência do contraditório. O direito de produzir provas em juízo nada mais é do que uma consequência da dimensão substancial do contraditório porque de nada adiantaria um contraditório meramente formal, sem dar à parte o poder de interferir na decisão. O contraditório devido tem que ter o formalmente devido (de participar) e substancialmente devido (dar à parte a oportunidade de influenciar). 
Daí a fórmula “mágica”: Contraditório = participação + poder de influência.
Art. 369.  As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Inafastabilidade do Controle Jurisdicional e Acesso à Justiça
O princípio garante que o jurisdicionado, diante de um conflito, poderá buscar o Poder Judiciário. São indevidas quaisquer limitações à possibilidade de se acionar o Judiciário. 
O princípio está positivado na CF, art. 5º:
XXXV “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Art. 3° Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
Vale destacar que, uma vez provocado, o Judiciário terá de se manifestar em relação ao conflito levado pela parte. Assim, o princípio consagra não só o direito ao acesso, como também o direito à decisão (com ou sem mérito – e não necessariamente de procedência).
Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Deste modo, fica assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos o acesso aos órgãos judiciais, não podendo a lei vedar esse acesso. Por outro lado, analisando a outra visão, do dever do Estado: Ao direito que todos temos de ir a juízo pedir proteção para posições jurídicas de vantagens lesadas ou ameaçadas, corresponde o dever do Estado de prestar uma tutela jurisdicional adequada.
O dispositivo constitucional faz menção não só à lesão, mas também à “ameaça”: assim, é garantida a manifestação do Judiciário não só em relação a um direito lesado, mas também de forma preventiva (duas frentes: prevenção e reparação). Ainda, na evolução, anteriormente, apenas os direitos individuais eram contemplados. Agora, também se contemplam os direitos difusos e coletivos. 
Esse dever do Estado em garantir em apreciação das questões pelo poder judiciário, só será mesmo efetivo caso seja possível que todos tenham condições de ter acesso a esse Poder Judiciário. Essa vertente está, então, expressa no art. 5º:
“LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”
Um dos aspectos do acesso à justiça é a gratuidade de custas e advogado. Afinal, se a parte sem recursos não puder acionar o Judiciário, em verdade violado estará seu acesso à justiça. Assim, decorre do princípio do acesso à justiça o princípio da assistência jurídica.
Princípio do Juiz Natural (Princípio da Vedação de Tribunal de Exceção)
Também é positivado no art. 5º da CF, em dois incisos:
“XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção”
“LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”
O conteúdo do princípio é de que o juiz competente para determinada causa deve existir e ser conhecido antes de ocorrido o fato a ser julgado. Assim, é vedado definir, após a ocorrência de determinado fato – independentemente de sua gravidade – qual o juízo que julgará a causa.
O princípio do juiz natural enuncia-se como a exigência de que qualquer juízo, em qualquer espécie de litígio, há de ser aquele anteriormente constituído pela lei para apreciação, em tese, daquela espécie litigiosa (isto é, possua competência), bem como integre os órgãos do Poder Judiciário já criado e vigente, e não se lhe possa atribuir causa de suspeição ou impedimento, isto é, possua imparcialidade. (CARVALHO, 2010, p. 69).
Portanto, o juiz natural é o juiz competente em lei (Constituição e Códigos), para julgar determinado conflito em abstrato, antes mesmo de sua ocorrência. O objetivo do princípio é garantir a imparcialidade do julgador, a qual é historicamente deixada de lado quando se cria um tribunal ad hoc (de exceção).
Decorrente do princípio do juiz natural surge, no âmbito infraconstitucional, o princípio da imparcialidade. Não basta que o juízo preexista. É necessário, também, que o juiz responsável pelo julgamento seja desinteressado do caso, para garantir um julgamento imparcial.
O caráter da imparcialidade é inseparável da jurisdição. A imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual se instaure validamente. O princípio do juiz natural apresenta um duplo significado:
a) No primeiro consagra a norma de que só é juiz o órgão investido de jurisdição;
b) No segundo impede a criação de tribunais ad hoc e de exceção.
Mas as modernas tendências sobre o princípio do juiz natural nele englobam a proibição de subtrair o juiz constitucionalmente competente. Desse modo, a garantia desdobra-se em três conceitos:
1) Só são órgãos jurisdicionais os instituídos pela Constituição;
2) Ninguém pode ser julgado por órgão constituído após a ocorrência do fato;
3) Entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que excluirqualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja. (CINTRA, et al, 2010, p.58).
Princípio da Publicidade
Tem base constitucional, positivado no art. 5º, LX e no art. 93, IX:
“LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”
“IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”
O art. 93, IX indica qual a finalidade do princípio: interesse público à informação.
No NCPC:
Art. 8° Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único.  Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
“O princípio da publicidade constitui uma preciosa garantia do indivíduo no tocante ao exercício da jurisdição. A presença do público nas audiências e a possibilidade de exame dos atos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores públicos e advogados. Em última análise, o povo é o juiz dos juízes. O sistema da publicidade dos atos processuais situa-se entre as maiores garantias de independência, imparcialidade, autoridade e reponsabilidade do juiz.”(CINTRA et al, 2010, p. 75). 
A decisão judicial – não só seu conteúdo, mas a forma pela qual a decisão é tomada – é de interesse da coletividade. Assim, o princípio se refere ao controle social a respeito da decisão judicial. O princípio pode ser bem sintetizado na frase de MIRABEAU, pensador da Revolução Francesa: “Deem-me o juiz que desejarem: parcial, corrupto, meu inimigo mesmo, se quiserem: pouco me importa, desde que ele nada possa fazer senão em público”.
O princípio pode ser entendido em dois enfoques:
1) não são admitidos julgamentos secretos;
2) para a validade de uma decisão, necessário que ela seja tornada pública, ou seja, publicada (para que qualquer um a ela tenha acesso) – a cominação de nulidade é prevista no próprio texto constitucional (CF, art. 93, IX).
O princípio é efetivado pelo livre acesso aos fóruns e tribunais, pela possibilidade de exame dos autos em cartório, pela realização de atos processuais (audiências e sessões) de portas abertas e, mais recentemente, pela divulgação de julgamentos e sessões pela internet.
Porém, o próprio texto constitucional aponta ser possível a limitação na publicidade: em nome da intimidade e do interesse social, é possível alguma restrição à publicidade (NCPC, art. 189: hipóteses de segredo de justiça).
“IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”
Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1° O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
Princípio da motivação das decisões judiciais
Também denominado de princípio da fundamentação, tem assento na CF, art. 93, IX:
“IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”
Este princípio aponta o dever de todo magistrado fundamentar, explicar, motivar sua decisão judicial. A finalidade é que as partes saibam a razão pela qual seus argumentos foram aceitos / negados. E trata-se de algo de extrema relevância, especialmente do ponto de vista do vencido, para que se saiba por onde atacar a decisão, via recurso. Apenas a partir da motivação é que se pode pensar em uma revisão adequada.
No NCPC:
Art. 8° Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
É uma forma de o juiz prestar contas de seu trabalho às partes e a toda a sociedade (portanto, como se percebe da própria localização, princípio ligado à publicidade).
Porque a fundamentação é importante?
1) Para a parte que perdeu a demanda – sabendo das razões do seu insucesso, poderá formular o recurso adequado;
2) Para o Tribunal que vai julgar o recurso – no julgamento deverá analisar o acerto ou o equívoco da decisão impugnada;
3) Aspecto político – é necessário fundamentar para demonstrar a correção, imparcialidade e lisura do julgador, funcionando o princípio como forma de legitimar politicamente a decisão judicial. Permite o controle da atividade do juiz, não apenas no seu ponto de vista jurídico (itens 1 e 2), mas também eu seu aspecto político.
“Mais modernamente, foi sendo salientada a função política da motivação das decisões judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes e o juiz competente para julgar eventual recurso, mas quis-quis de populo (qualquer do povo), com a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões.” (CINTRA et al, 2010, p. 74)
Fundamentações das Decisões no NCPC
Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
§ 1° Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar deseguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2° No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3° A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
Princípio da isonomia ou igualdade
Previsto no art. 5º, caput e inciso I da CF:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
A previsão constitucional não é própria ao direito processual, mas sim ao direito material. De qualquer forma, é princípio também aplicável ao direito processual. Do ponto de vista infraconstitucional e especificamente processual, é previsto no CPC, nos arts. 7° e 139, I (juiz deve tratar ambos os litigantes de forma isonômica).
Art. 7° É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
O princípio preceitua que o Judiciário deve tratar os litigantes da mesma forma. Não podem existir benefícios em prol de um e em detrimento do outro, no decorrer do processo. A ideia de igualdade é intimamente ligada à ideia de processo justo (ou seja, de devido processo legal), em que exista “paridade ou igualdade de armas” (par conditio). Logo, não há como se imaginar que uma das partes tenha instrumentos processuais que a outra não dispõe.
Está presente em diversas regras processuais (ex. prazos para recorrer, nomeação de curador para defender os interesses do réu revel). Contudo, por vezes a legislação acaba por criar situações desiguais entre os litigantes. Isso seria justificado exatamente pela necessidade de se equilibrar a posição entre as partes, em virtude de uma prévia desigualdade. (Ex.: Prazo em dobro para a Defensoria Pública, etc). 
Nessa ótica, vale destacar que o princípio da igualdade não só se entende por tratar igualmente as partes, mas por tratar desigualmente os desiguais – na exata medida de suas desigualdades (ex.: isenção de custas somente para a parte hipossuficiente).
Princípio da duração razoável do processo
Inserido no art. 5º da Constituição pela EC 45/04:
“LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”
Pode ser entendido como a expressão do antigo princípio da celeridade. Sem dúvida, a sociedade brasileira anseia por um Poder Judiciário mais célere. Nessa ótica, o constituinte derivado houve por bem deixar expressa a garantia de que o processo tenha “duração razoável”.
O processo tem que durar um tempo razoável. Não pode demorar de maneira irrazoável, não pode ser eterno. O nome do princípio é princípio da duração razoável do processo (não é processo rápido). É importante perceber isso porque todo processo demora. 
Art. 4° As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Art. 6° Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
II - velar pela duração razoável do processo;
Não há processo que não demore e se você pensar bem, a demora do processo é um direito fundamental. Existe um direito fundamental à demora porque se você garante que ninguém será privado de direitos sem um devido processo, um devido processo exige contraditório, confere direito ao recurso, a produzir prova. Se existe tudo isso e ninguém abre mão do direito à prova, ao contraditório e ao recurso, o processo vai durar pelo menos minimamente. E essa demora foi conquistada historicamente. Rei não ouvia o réu. Mandava cortar a cabeça e pronto. Nós conquistamos o direito de ser ouvidos, de poder produzir prova e ainda ter uma instância recursal. 
Existe uma demora que é necessária, que é garantia, por isso o nome do princípio é o princípio da duração razoável e não da “duração nenhuma”. Mas essa demora não pode ser injustificada. Sempre que alguém defender processo rápido, célere, esse discurso tem fundo autoritário.
Porém, grande parte da doutrina aponta que a celeridade (atual duração razoável) já derivava do devido processo legal, sendo este, portanto, um princípio implícito. O princípio indica que o processo civil (CPC e legislação extravagante) deve ter por escopo instrumentos que prestigiem a celeridade. Como exemplo, antecipação de tutela (NCPC, art. 300), prioridade de julgamento aos idosos (Estatuto do Idoso), fim das férias forenses (CF, art. 93, XII).
Por fim, para reflexão: a inclusão deste dispositivo na Constituição acarretará alguma alteração prática no tempo de julgamento das causas pelo Judiciário?
Princípio da proibição de provas ilícitas
Outro princípio com assento no art. 5º da CF:
“LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos“
O valor que se busca proteger é a intimidade das pessoas – outro princípio constitucional, previsto no art. 5º, X. A prova ilícita não deve ser levada em conta pelo magistrado, no momento do julgamento. Pode-se entender como ilícita a prova que, em si mesmo, é ilícita (confissão obtida por tortura) ou a prova obtida por meio ilícito (gravação telefônica obtida sem ordem judicial).
Art. 369.  As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
Apesar de a base legal ser a mesma, conveniente destacar que há distinção do ponto de vista prática entre o princípio no âmbito civil e penal (ex: gravação telefônica). Derivada uma outra prova (lícita) de uma inicialmente ilícita, o entendimento majoritário é de que persiste a nulidade (teoria do fruto da árvore envenenada).
Apesar da vedação constitucional, temos três correntes: (1) restritiva; (2) liberal, (3) intermediária.
(1) Restritiva. É bastante rígida no trato da prova ilícita, não a admitindo em nenhuma hipótese. At. 5º, LVI CRFB e art. 332 CPC. Num conflito entre a verdade que seria obtida com a produção da prova e sua ilicitude, há de prevalecer a proibição da ilicitude pois é necessário que se preserve os direitos que seriam violados com a produção da prova ilícita; Teoria dos frutos podres da árvore envenenada
(2) Liberal. Permite qualquer prova amparada no irrestrito direito do juiz em conhecer a verdade dos fatos. A parte que produz a prova ilícita deve responder pela ilicitude de seu ato, mas a prova não pode ficar sacrificada. (não encontra adeptos de peso no Brasil)
(3) Intermediária. Defende que, dependendo das circunstâncias, em aplicação do princípio da proporcionalidade, é possível a utilização da prova ilícita, o que não impedirá a geração de efeitos civis, penais e administrativos em razão da ilicitude do ato.

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