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Introdução à economia (Economia para Engenharia)

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Capítulo 1
1.1 Introdução
Todos os dias, nos noticiários da TV, nos jornais ou na Internet, deparamos com informações sobre economia. Não é difícil encontrar, por exemplo, notícias sobre inflação, desemprego, taxa de juros ou taxa de câmbio. Muito se tem falado, no Brasil, do déficit público e suas consequências ou da necessidade de se reduzir a divida externa. Também, e infelizmente, é comum encontrarmos análises sobre a crise econômica pela qual passa o Pais, bem como as opções de política econômica como solução desta crise, opções essas muitas vezes conflitantes. Além disso, com o processo de intensificação das relações econômicas internacionais, chamado por muitos de globalização, estão cada vez mais presentes determinados fatos econômicos internacionais no cotidiano das pessoas e das empresas. É bem provável que você já tenha ouvido falar da "crise do petróleo", das "crises cambiais" dos países emergentes, da "instabilidade financeira internacional" ou das implicações, para a economia brasileira, do desempenho da economia mundial. Enfim, todos esses assuntos fazem parte das inúmeras questões estudadas pela ciência econômica, cuja importância cresce a cada dia para diversas áreas do conhecimento, como Direito, Administração, Ciência Política, atividades de comunicação etc., além de, evidentemente, para a própria Economia.
Este capítulo tem como objetivo apresentar a você a ciência econômica, suas origens, sua importância e seus princípios básicos.
1.2 Conceito de Economia
A palavra economia deriva do grego oikonomos (de oikos, casa; e nomos, lei), que significa a administração de uma casa ou do Estado. De forma bem geral, podemos definir a Economia como uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas da melhor maneira possível.
Diante das inúmeras questões sugeridas na introdução deste capítulo, essa definição pode parecer pouco prática. Talvez fosse mais interessante dizer algo como: "a Economia é a ciência que estuda o comportamento da taxa de juros e da taxa de câmbio", por exemplo. Essa também é uma definição possível. Porém, nossa definição "geral", apesar da pouca referência ao cotidiano das pessoas e das empresas, tem como mérito destacar alguns conceitos fundamentais para o entendimento correto dos fenômenos econômicos. Tais conceitos envolvem: recursos; escassez; necessidades; escolha; produção e distribuição. 
Vejamos com mais atenção o significado desses conceitos e as relações entre eles. 
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão de obra, terra, matérias-primas etc.) são limitados. Já as necessidades humanas são ilimitadas, e sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevar o padrão de vida. Independentemente do seu grau de desenvolvimento, nenhum país dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer a todas as necessidades da coletividade. Tem-se, então, um problema de escassez: recursos limitados, contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas. 
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva dos seus vários grupos. Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados para satisfazer a todas as necessidades da população. 
Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não seria necessário estudar questões como inflação, desemprego, crescimento, déficit público, vulnerabilidade externa etc., pois esses problemas talvez não existissem. Mas a realidade não é assim, e a sociedade tem de tomar decisões sobre a melhor utilização de seus recursos, de forma a atender o máximo das necessidades humanas. 
1.2.1 As questões econômicas fundamentais
 Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, originam-se as chamadas questões econômicas fundamentais: o que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? As questões o que e quanto produzir surgem diretamente do problema da escassez de recursos de produção. Ou seja, a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades limitadas de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas. Já como produzir se refere à necessidade de escolha, por parte da sociedade, da combinação dos recursos que serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. Por fim, diante de para quem produzir, a sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas, também, da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança.
O tratamento dessas questões depende da forma de organização econômica. Por exemplo, em uma economia de mercado, espera-se um maior papel das empresas privadas na solução dessas questões. Já em economias planificadas, o Estado assume toda a responsabilidade pela resolução delas. Nesse sentido, torna-se fundamental algum conhecimento da organização do sistema econômico.
1.3 Sistemas econômicos
Um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica de organização de uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam, buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.
Os elementos básicos de um sistema econômico são:
os estoques de recursos produtivos ou fatores de produção, que incluem os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia;
o complexo de unidades de produção, constituído pelas empresas; e
o conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais, que são a base da organização da sociedade.
De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos: o sistema socialista ou de economia centralizada ou planificada; e o sistema capitalista ou de economia de mercado.
No sistema socialista, as questões econômicas são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas.' No século XX, até o início dos anos 1990, tal sistema prevaleceu em várias economias, tendo como líder a antiga União Soviética. Atualmente, poucas economias compartilham desse sistema, com destaque para a China e Cuba.
Já no sistema capitalista, o funcionamento da economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre-iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. Nesse sistema, as questões fundamentais são resolvidas predominantemente pelo mecanismo de preços, o qual atua por meio da oferta e da demanda. Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o que se pode denominar sistema capitalista puro, em que não havia a intervenção do Estado na atividade econômica. Era a filosofia do Liberalismo, que discutiremos mais adiante.
Atualmente, predomina no mundo o sistema capitalista. As dificuldades de planejamento da atividade económica por meio de um planejador central talvez tenham sido um dos principais problemas do sistema socialista. Entretanto, não se pode creditar ao liberalismo toda a responsabilidade de organização do sistema econômico, tendo em vista as inúmeras imperfeições presentes no funcionamento dos mercados. O fato é que, no sistema capitalista contemporâneo, o papel do Estado é fundamental parao bom funcionamento da atividade econômica.
1.4 Curva de possibilidades de produção (ou curva de transformação)
A curva de possibilidades de produção (CPP) é a fronteira máxima de produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou dos fatores de produção de que se dispõe em dado momento. Trata-se de um conceito teórico com o qual se ilustra como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá de fazer escolhas entre alternativas de produção.
Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite máximo, uma produção potencial ou produto de pleno emprego, quando todos os recursos disponíveis estão empregados (todos os trabalhadores que querem trabalhar estão empregados, não há capacidade ociosa etc.).
Suponhamos uma economia que só produza máquinas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo) e cujas alternativas de produção sejam as seguintes:
Na alternativa A, todos os fatores de produção seriam alocados para a produção de máquinas. No outro extremo, na alternativa D, os fatores seriam alocados somente para a produção de alimentos; e nas alternativas intermediárias, B e C, os fatores de produção seriam distribuídos na produção de um e de outro bem. Essas alternativas podem ser visualizadas a partir da "curva de possibilidades de produção", apresentada na Figura 1.1.
A curva ABCD indica todas as possibilidades de produção de máquinas e de alimentos nessa economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia estará operando no pleno emprego, ou seja, à plena capacidade, utilizando todos os fatores de produção disponíveis. Qualquer ponto abaixo da curva representa uma situação de ineficiência, sendo possível aumentar a produção de ambos os bens. Por fim, qualquer ponto acima da curva não pode ser atingido.
Tomemos como exemplo o ponto E (ou qualquer outro ponto interno à curva). Nesse ponto, a economia está produzindo somente 8 mil máquinas e 3 milhões de toneladas de alimentos. Nesse caso, dizemos que a economia está operando com capacidade ociosa ou com desemprego. Ou seja, os fatores de produção estão sendo subutilizados, sendo possível, por exemplo, aumentar a produção de alimentos de 3 para 6 milhões de toneladas, mantendo a produção de máquinas em 8 mil unidades.
Já o ponto F representa uma combinação impossível de produção (8 mil máquinas e 10 milhões de toneladas de alimentos), uma vez que os fatores de produção e a tecnologia de que a economia dispõe seriam insuficientes para obter essa quantia de bens. Esse ponto ultrapassa a capacidade de produção potencial ou de pleno emprego dessa economia, pelo menos a curto prazo.
1.4.1 Conceito de custo de oportunidade
A transferência dos fatores de produção de determinado bem X para produzir um outro bem Y implica um custo de oportunidade, que é igual ao sacrifício de deixar de produzir parte do bem X para produzir mais do bem Y. O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo, por representar o custo da produção alternativa sacrificada, ou custo implícito. Por exemplo, na Figura 1.1, para aumentar a produção de alimentos de 6 para 8 milhões de toneladas, passando assim do ponto B para o ponto C, o custo de oportunidade em termos de máquinas é igual a 2 mil unidades, que é a quantidade sacrificada desse bem para produzir mais 2 milhões de toneladas de alimentos.
É de esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, já que, quando aumentamos a produção de um bem, os fatores de produção transferidos dos outros produtos tornam-se cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transferência vai ficando cada vez mais difícil e onerosa e o grau de sacrifício vai aumentando. Isso significa que os fatores de produção são especializados em determinadas linhas de produção, e não são completamente adaptáveis a outros usos.
Esse fato justifica o formato côncavo da curva de possibilidades de produção: acréscimos iguais na produção dos alimentos implicam decréscimos cada vez maiores na produção de máquinas, como mostra a Figura 1.2.2
1.4.2 Deslocamentos da curva de possibilidades de produção
A situação representada pela curva de possibilidades de produção pode ser entendida como de curto prazo. Essa situação "limite", entretanto, pode ser superada ao longo do tempo, a partir de deslocamentos da CPP para cima e para a direita. Esses deslocamentos indicam que o país está crescendo e decorrem tanto de uma elevação na dotação dos fatores de produção (como o crescimento da força de trabalho qualificada ou a incorporação de novas terras produtivas) como de melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocorrer com o progresso tecnológica maior eficiência produtiva e organizacional das empresas e aumento no grau de qualificação da mão de obra. Desse modo, a expansão dos recursos de produção e os avanços tecnológicos, que caracterizam o crescimento econômico, mudam a curva de possibilidades de produção para cima e para a direita, permitindo que a economia obtenha mais quantidades de ambos os bens.
 	1.5 Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetários
A curva de possibilidades de produção mostra as alternativas de produção dos vários bens e serviços que são possíveis ao sistema econômico. Mas qual a alternativa a ser escolhida? Para se chegar a uma resposta, é preciso inicialmente entender o funcionamento desse sistema econômico.
Vamos supor, por conveniência, uma economia de mercado sem interferência do governo e que nâo tenha transações com o exterior (economia fechada). Os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras). As famílias são proprietárias dos fatores de produçâo e os fornecem às unidades de produção (empresas) por meio do mercado de fatores de produção. As empresas, a partir da combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de bens e serviços.
A esse fluxo denominamos fluxo real da economia3 e é definido ao longo de dado período de tempo (ano, mês etc.).
Como pode ser observado na Figura 1.4, famílias e empresas exercem um duplo papel. No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam.
No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para pagar os bens e serviços. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetário da economia.
Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o chamado fluxo circular de renda.
Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda, determinando o preço. Assim, no Mercado de bens e serviços formam-se os preços dos bens e servicos, enquanto no mercado de fatores de produção são determinados os preços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros, royalties etc.).
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e empresas. O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos publicos ao fluxo anterior, bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento financeiro com o resto do mundo.
1.5.1 Definicao de bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção
Percebe-se que, a medida que se estudam os princípios básicos em Economia, surgem outros conceitos, particularmente os relacionados com as características dos bens produzidos. Em geral, esses bens podem ser classificados em três categorias: bens de capital, bens de consumo e bens intermediários.
Os bens de capital são utilizados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam totalmente no processo produtivo. É o caso, por exemplo,de máquinas, equipamentos e instalações. São usualmente classificados no ativo fixo das empresas, e uma de suas características é contribuir para a melhoria da produtividade da mão-de-obra.
Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados em duráveis (por exemplo, geladeiras, fogões, automóveis) e não-duráveis (alimentos, produtos de limpeza, etc.).
Já os bens intermediários são transformados ou agregados a produção de outros bens e são consumidos totalmente no processo produtivo (insumos, matérias-primas e componentes). Diferenciam-se dos bens finais, que são vendidos para consumo ou utilizacao final. Os bens de capital, como não são "consumidos" no processo produtivo, são bens finais, e não intermediários.
Existe também o conceito de fatores de produção, definidos como os recursos de produção da economia, constituídos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.
A cada fator de produção corresponde uma remuneração, a saber:
Quadro 1.1 Tipos de remuneração
	Fator de produção Tipo de remuneração
	Trabalho Salário
	Capital Juro
	Terra Aluguel
	Tecnologia Royalty
	Capacidade empresarial Lucro
Como se observa, em Economia o lucro também e considerado remuneração a um fator de produção, sendo representado pela capacidade empresarial ou gerencial dos proprietários da empresa. A soma de todas as remunerações é chamada de "renda" da economia. Trata-se de um conceito fundamental no estudo da macroeconomia.
1.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos
A Economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que deverá explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos estão contidos na análise que não envolve juízo de valor, análise estritamente limitada a argumentos descritivos, ou medições científicas. Ela se refere a proposições básicas, como se A, então B. Por exemplo, se o preço da gasolina aumentar em relação a todos os outros preços, então a quantidade que as pessoas comprarão de gasolina cairá. É uma análise do que é.
Nesse aspecto, a Economia aproxima-se da Física e da Química, que são ciências consideradas virtualmente isentas de juízo de valor. Em Economia, entretanto, defrontamos com um problema diferente. Ela trata do comportamento de pessoas, e não de moléculas, como na Química. Frequentemente nossos valores interferem na análise do fato econômico.
Nesse sentido, definimos também argumentos normativos, que é uma análise que contém, explícita ou implicitamente, um juízo de valor sobre alguma medida econômica. Por exemplo, a afirmação "o preço da gasolina não deve subir" expressa uma opinião ou juízo de valor, ou seja, se é uma coisa boa ou má. É uma análise do que deveria ser.
Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuição de renda do país. É um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de política econômica (ou autoridade econômica) dispõe de algumas opções para alcançar esse objetivo, como aumentar salários reais, combater a inflação, criar novos empregos etc. A Economia Positiva ajudará a escolher o instrumento de política econômica mais adequado. Se a economia está próxima da plena capacidade de produção, aumentos de salários, por encarecerem o custo da mão de obra, podem levar a um aumento de desemprego, isto é, o contrário do desejado quanto à melhoria na distribuição de renda. Esse é um argumento positivo, indicando que aumentos salariais, nessas circunstâncias, não constituem a política mais adequada.
Dessa forma, a Economia Positiva pode ser utilizada como base para a escolha da política mais apropriada, de forma a atender aos objetivos individuais ou aos da nação.
1.7 Interrelação da Economia com outras áreas do conhecimento
Embora a Economia tenha seu núcleo de análise e seu objeto bem definidos, ela tem interrelações com outras ciências. Afinal, todas estudam uma mesma realidade, e, evidentemente, há muitos pontos de contato. 
Nesta seção, tentaremos estabelecer relações entre a Economia e outras áreas do conhecimento. As interrelações entre Economia e Direito serão discutidas com mais profundidade no próximo capítulo.
1.7.1 Economia, Física e Biologia
O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes
avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas nos séculos XVIII e XIX.
A construção do núcleo científico inicial da Economia deu-se a partir das chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o grupo organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo. Daí utilizarem-se termos como órgãos, funções, circulação e fluxos na teoria econômica. Segundo o grupo mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advêm os termos estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças etc.
Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, a qual coloca em plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a Economia repousa sobre os atos das pessoas e é, por excelência, uma ciência social, pois objetiva a satisfação das necessidades humanas.
1.7.2 Economia, Matemática e Estatística
Apesar de ser uma ciência social, a Economia estuda variáveis como quantidades, preços, renda, taxa de juros, taxa de câmbio etc. Procura também estabelecer relações entre essas variáveis, por exemplo, de que forma a taxa de juros afeta a quantidade demandada; ou como a taxa de câmbio afeta os preços da economia. Nesse sentido, surge a necessidade de utilização de modelos matemáticos e estatísticos, os quais permitem melhor compreensão do funcionamento do sistema econômico.
A Matemática nos possibilita escrever de forma resumida importantes conceitos e relações de Economia, tornando possíveis análises econômicas na forma de modelos analíticos, que resumem os aspectos essenciais da questão em estudo. Tomemos como exemplo a importante relação econômica que nos diz que o consumo é determinado pela renda. Se chamarmos de C = consumo e Y = renda, é possível ter a seguinte representação:
C = f(Y)
Podemos melhorar esse "modelo" de consumo. Vamos supor, por exemplo, que, à medida que a renda cresce, o consumo também cresce, ou seja:
C = f(Y) ∆C/∆Y > O
Podemos supor ainda que o consumo cresce, mas seu crescimento é proporcionalmente menor ao crescimento da renda:
C = f(Y) O < ∆C/∆Y < 1
Assim, esse simples modelo matemático consegue resumir determinados pressupostos que permitem um melhor entendimento do consumo.
A despeito da importância da Matemática, a ciência econômica não é exata, mas probabilística. Nesse caso, recorre-se à Estatística.
Tomemos como exemplo a seguinte expressão matemática:
C = 2πr
(em que C = comprimento da circunferência, π = letra grega pi e r = radianos). Esta é uma relação matemática exata, qualquer que seja o comprimento da circunferência. Em Economia, tratamos de leis probabilísticas. Na relação vista anteriormente (C = f(Y)), conhecendo o valor da renda nacional para dado ano, não se obtém o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa, já que o consumo não depende só da renda nacional, mas de outros fatores (condições de crédito, juros, patrimônio etc.).
Se a Economia fosse relações matemáticas, tudo seria previsível, mas não existem, no mundo econômico, regularidades como C = 2πr, ou a equivalência entre massa e energia, leis de Newton etc. Na Economia, o "átomo" pensa, reage, projeta, finge etc. Imagine como seriam a Física e a Química se o átomo se comportasse como um indivíduo. Nesse caso, aquelas belas regularidades desapareceriam. Os átomos pensantes logo se agrupariam em classes para defender seus interesses: teríamos uma"Física dos átomos proletários", "Física dos átomos burgueses" etc.
No entanto, a Economia apresenta muitas regularidades, sendo algumas relações invioláveis. Por exemplo:
- consumo nacional depende diretamente da renda nacional;
- a quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional com seu preço, tudo o mais constante; e
- as exportações e as importações dependem da taxa de câmbio.
A área da Economia que está voltada para a quantificação dos modelos é a Econometria, que combina teoria econômica, Matemática e Estatística. Lembremo-nos, porém, de que a Matemática e a Estatística são instrumentos, ferramentas de análise necessárias para testar as proposições teóricas com os dados da realidade. Permitem colocar à prova as hipóteses da teoria econômica, mas são meios, e não fins em si mesmas. A técnica deve nos auxiliar, mas não predominar, quando tratamos de fatos econômicos, pois estes sempre envolvem decisões que afetam as relações humanas.
1.7.3 Economia e Política
A Economia e a Política são áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer uma relação de causa e efeito entre elas.
A Política determina as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica subordina-se à estrutura e ao regime político do país. Por exemplo, pode-se afirmar que o funcionamento do sistema econômico em um regime democrático é diferente comparado a um regime ditatorial. Na ditadura, é mais "fácil" implantar medidas de política econômica, pois a autoridade política não sofre qualquer oposição (Congresso Nacional, sindicatos, juízes etc.). Já na democracia, os diversos segmentos da sociedade, direta ou indiretamente, podem opinar sobre as ações do governo e interferir nelas, o que complica a condução da economia, porém a tornam mais justa.
No entanto, a estrutura política encontra-se muitas vezes subordinada ao poder econômico. Podemos citar, como exemplos, o poder econômico dos latifundiários, dos grupos proprietários de grandes empresas, das grandes empresas estatais etc. Entre os inúmeros exemplos históricos que reforçam essa relação, podemos mencionar a política do "café com leite", antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo dominavam o cenário político do País.
1.7.4 Economia e História
A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia, pois facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões, com base nos fatos. As guerras, as grandes crises econômicas e as revoluções, por exemplo, alteraram o comportamento e a evolução da Economia.
Mas também os fatos econômicos afetam o desenrolar da História. Alguns importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos, como os ciclos do ouro e da cana-de-açúcar na história do Brasil, a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York (1929), a crise do petróleo etc., os quais alteraram profundamente a história mundial. Em última análise, as próprias guerras e revoluções têm, explícita ou implicitamente, motivações econômicas.
1.7.5 Economia e Geografia
A Geografia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Ela nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mercados, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a composição setorial da atividade econômica.
Algumas áreas de estudo econômico estão relacionadas diretamente com a Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de localização industrial e a demografia econômica.
1.7.6 Economia, Moral, Justiça e Filosofia
Na pré-economia, que corresponde ao período da Idade Média, antes da Revolução Industrial do século XVIII, a atividade econômica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e Ética. A Economia era orientada por princípios morais e de justiça. Não existia, ainda, um estudo sistemático das leis econômicas e predominavam princípios como a lei da usura, o conceito de preço justo (discutidos, entre outros filósofos, por São Tomás de Aquino) etc. Ainda hoje as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e cristã às relações econômicas entre homens e nações.
A importância de compreender melhor as interrelações Moral, Ética e Economia tem crescido nos últimos tempos. Os custos da corrupção, os problemas contratuais, a informação, a justiça social, as relações entre poder judiciário e desempenho econômico são questões muito estudadas na fronteira do conhecimento da ciência econômica.
1.8 Divisão do estudo econômico
A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em duas grandes áreas de estudo: a microeconomia e a macroeconomia.
A microeconomia estuda o processo de formação de preços e o funcionamento dos mercados. Nessa área, é dada ênfase ao estudo do comportamento dos agentes econômicos individuais, consumidores e empresas, e de como esses agentes interagem no mercado. Já a macroeconomia estuda o comportamento do sistema econômico como um todo. Trata, por exemplo, do estudo da determinação e do comportamento dos grandes agregados nacionais, como o produto interno bruto (PIB), o investimento agregado, a poupança agregada, o nível geral de preços, entre outros. Ressalte-se que essas duas áreas do conhecimento não devem ser tomadas como mutuamente excludentes; ao contrário, cada vez mais a microeconomia tem sido fundamental para o entendimento de importantes questões macroeconômicas.
Além dessa definição, muitas vezes é conveniente limitar o "campo de trabalho" em certos aspectos da realidade. Nesse sentido, surgem outras "áreas", como a Economia Internacional, o Desenvolvimento Econômico, a Economia Agrícola, a Economia do Trabalho etc. Neste livro, trafegaremos por inúmeras dessas áreas, dando importante passo para a compreensão da realidade econômica do País e do mundo.
CONCEITOS-CHAVE
Argumentos positivos e argumentos negativos
Bens de capital
Bens de consumo 
Bens finais
Bens intermediários
Curva ou fronteira de possibilidades de produção
Custo de oportunidade Economia
Fatores de produção 
Fluxos reais e monetários
Macroeconomia
Microeconomia
Modelos
Pleno emprego
Sistema econômico
QUESTÕES DE REVISÃO
1. Por que os problemas econômicos fundamentais (o que, quanto, como e para quem produzir) originam-se da escassez de recursos de produção?
2. O que a curva de possibilidades de produção ou curva de transformação mostra? O que explica o seu formato? Como avaliar o crescimento econômico a partir desse conceito?
3. Analisando-se uma economia de mercado, observa-se que os fluxos real e monetário conjuntamente formam o denominado fluxo circular da renda. Explique como esse sistema funciona.
4. Conceitue: bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção. Dê exemplos.
5. A Economia é uma ciência não normativa. Explique.
6. Considere as seguintes informações: os investimentos são determinados pela taxa real de juros. Quanto maior essa taxa, menores serão os investimentos; além disso, quanto maiores os investimentos, maior será o produto interno bruto do país. Tente "formalizar" essas afirmações a partir da ideia de modelagem matemática em economia.
7. Procure, em notícias de jornal, em eventos recentes relacionados à política, decisões de política económica e informações sobre o desempenho da economia.
Referências básicas
REFERÊNCIAS BÁSICAS
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S; TONETO JR., R. Manual de Economia. Equipe de professores da USP. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
MANKIW, N. G. Introdução à Economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin; GRADDY, Kathryn. Essentials of Economics. New York: Worth, 2010.
SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 17. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2004.

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