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Aula 5 A Enfermagem Moderna

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INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM 
A ENFERMAGEM MODERNA: O MODELO NIGHTINGALE DE ENSINO 
CONTEXTO HISTÓRICO 
No final do século XVIII, com a solidificação do capitalismo houve a valorização do aumento da 
produtividade e, conseqüentemente, dos lucros por ela obtidos. 
Ao contrário do que se pensava anteriormente, o trabalhador passou a ser visto como bem de serviço e, 
doente, causaria a queda da produção e dos lucros. Com isso o Estado começou a valorizar a saúde e 
passou a intervir na sua preservação, adotando medidas de prevenção e recuperação rápida dos 
doentes. 
Houve então a preocupação em transformar o hospital em um ambiente terapêutico – diferente do que 
acontecia anteriormente: dar assistência ao pobre que está morrendo de forma caritativa, em busca da 
salvação da alma. 
O modelo da medicina na época baseava-se na necessidade de controlar todas as ações e funções do 
doente para descobrir, classificar e vencer a doença. 
Para a Enfermagem, o cuidado ao enfermo passou a fundamentar-se na observação do doente, nos 
registros constantes de sua evolução de acordo com os cuidados prestados, e na avaliação detalhada da 
saúde dos necessitados. 
Em 1770, no Hôtel-Dieu, em Paris, ordenou-se que o médico deveria residir no hospital e que poderia 
ser chamado ou se locomover a qualquer hora do dia ou da noite, para observar o que se passava – 
ritualizava-se a visita médica. 
Nesta época, a Enfermagem ainda vivenciava um período obscuro de sua atuação, em virtude dos 
cuidados aos enfermos serem realizados por pessoas de moral duvidosa, prostitutas e vagabundos. 
A ENFERMAGEM MODERNA 
A Enfermagem Moderna surgiu orientada pelo Modelo de Ensino Nightingaleano, com a criação da 
primeira Escola de Enfermagem da Inglaterra, em 1860, por FLORENCE NIGHTINGALE. 
Em 1860, quatro anos após seu retorno da Guerra da Criméia, Florence recebeu do Governo Inglês 
uma doação de 44.000 libras para o Fundo Nightingale. 
Esta importância foi aplicada na fundação da “Escola de Enfermagem Nightingale”, no Hospital Saint 
Thomas, em Londres, onde as alunas recebiam ensino com base técnico-científica, após passarem por 
rigorosa seleção. 
A Escola de Enfermagem começou a funcionar no dia 9 de julho de 1860, com um grupo de quinze 
alunas. Nesta data nascia a ENFERMAGEM MODERNA. 
A ESCOLA DE ENFERMAGEM NIGHTINGALE 
Florence fez questão de que o grupo de alunas fosse pequeno, com alunas bem selecionadas. Dentre 
1000 ou 2000 candidatas ao curso apenas quinze ou vinte estudantes eram admitidas. Se as candidatas 
selecionadas não pertencessem à classe alta, suas taxas eram pagas pelo Fundo Nightingale. 
A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da Escola Nightingaleana, bem como 
a exigência de qualidades morais das candidatas. 
Inicialmente o curso era de um ano, mas logo passou a ser de dois anos para incluir a prática nas 
enfermarias do hospital. 
Os objetivos da Escola eram preparar enfermeiras para que elas pudessem atuar como multiplicadoras 
de conhecimento e para o cuidado aos doentes pobres. 
 2 
As qualidades buscadas por Florence nas candidatas eram principalmente as de caráter moral, ou seja, 
baseadas nos bons costumes, na honestidade, aliadas a outras habilidades tais como saber ler e escrever 
bem. Para aquelas que iriam trabalhar em supervisão de enfermarias, como ward sisters, era requerida 
também habilidade para ensinar. 
A escola admitia dois tipos de alunas: 
─ As NURSES, moças de classe sociais menos favorecidas, que recebiam ensino gratuito, mas 
deveriam prestar serviços no hospital por um ano após o curso; e 
─ As LADY-NURSES, jovens de classe social mais elevada, que podiam pagar seus estudos e eram 
isentas de estágio – eram preparadas para supervisão, ensino e difusão do Sistema Nightingaleano. 
A filosofia de vida de Florence permeava todo o currículo de sua escola. Ela acreditava que a saúde 
deveria estar presente tanto na alma como no corpo. 
Florence enfatizava que fazer enfermagem era ajudar a pessoa a viver. Para ela a escola deveria ensinar 
à enfermeira sua função de ajudar o paciente a viver. 
Seu currículo não tinha um conjunto de metas a serem atingidas, mas procurava estimular o 
desenvolvimento individual das alunas. Ela acreditava que cada pessoa tinha talentos e habilidades 
que precisavam ser desabrochados. 
Florence dizia que 
“A enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um 
preparo tão rigoroso como a obra de qualquer pintor ou escultura; pois o que é tratar da tela morta 
ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo – o templo de Deus? É uma das artes e, eu 
quase diria, a mais bela das Belas-artes”. 
Portanto, a enfermagem era uma arte que requeria treinamento organizado, prático e científico; e a 
enfermeira deveria ser uma pessoa capacitada a servir à medicina, à cirurgia e à higiene, e não a servir 
aos profissionais dessas áreas. 
Para o bem-estar dos pacientes, a enfermeira deveria saber adaptar suas habilidades ao trabalho da 
equipe. Para tanto, ela deveria obedecer de forma inteligente, sempre usando o discernimento. 
Florence queria ela mesma dirigir a escola, porém sua saúde precária não possibilitava isso. Assim, 
encontrou em Sarah Elizabeth Wardroper, que já era diretora da assistência de enfermagem no 
Hospital Saint Thomas, uma pessoa capacitada e de forte personalidade para executar seus planos e ser 
a primeira diretora da escola. 
Apesar do prestígio pessoal de Florence e do rigor da seleção das candidatas, a escola enfrentou muitas 
dificuldades, especialmente nos primeiros dez anos de fundação. Um a um os médicos acabaram se 
convencendo da importância da boa formação para enfermeiras, e a sociedade também aos poucos 
passou a entender o significado de uma boa enfermagem. 
Sarah Wardroper permaneceu como diretora da escola por mais de 25 anos e durante esse período 
formaram-se quinhentas enfermeiras, que foram trabalhar em diversos hospitais, dentro e fora do país, 
em geral para dirigir ou organizar os serviços de enfermagem. 
Com isso, Florence não só superou o período crítico da enfermagem na Inglaterra, mas também 
conseguiu proporcionar um serviço eficaz sem nenhum cunho religioso, e deu origem a uma total 
secularização da profissão. 
De fato, Florence possibilitou a criação de uma ocupação útil e adequada às mulheres que buscavam 
trabalho fora do círculo doméstico, elevou o status social da profissão, tornou-a uma ocupação digna e 
foi a fundadora da moderna educação de enfermagem. 
Os médicos viam com ceticismo o esforço de Florence em formar enfermeiras. Para eles bastava que 
elas soubessem cumprir ordens médicas, e não tentassem substituí-los. 
 3 
Apesar disso, o prestígio pessoal de Florence fazia com que eles se encarregassem do ensino teórico, 
especialmente sobre anatomia, fisiologia e farmacologia. 
Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única pessoa qualificada para ensinar. A 
ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. 
Assim, à medida que a enfermagem se introduzia no hospital e que o nível de complexidade técnico-
científica da medicina crescia, os médicos começaram a passar para a enfermagem as tarefas manuais 
de saúde que lhes cabia, ficando com a parte intelectual correspondente ao estabelecimento de 
hipóteses, diagnóstico, prescrição e tratamento. 
Desta forma, a Enfermagem Moderna nasceu como uma profissão complementar à prática médica, ou 
seja, como um suporte do trabalho médico, subordinado a este. Baseava-se na rígida divisão 
hierárquica, rigorosa disciplina e severo controle moral de quem a praticava, e se propunha a organizar 
e a administrar o espaço hospitalar, cenário do poder e do domínio médico. 
O SISTEMA NIGHTINGALE DE ENSINO 
A Enfermagem idealizada por FlorenceNightingale difundiu-se por todo mundo ocidental, 
influenciando decisivamente a estruturação da profissão. 
A iniciativa de Florence significou o surgimento de uma nova categoria profissional para as mulheres 
– A ENFERMEIRA MODERNA – formada por uma Escola de Enfermagem, fato inédito até então na 
Inglaterra, mudando, definitivamente o caráter de obscuridade e de degradação social e profissional no 
qual a enfermagem estava inserida. 
A formação das alunas se caracterizava em atender a uma vocação que existia há séculos, constituindo-
se em: 
– Uma arte (habilidade); 
– Um ramo da ciência médica dedicada à prevenção da doença e cura dos doentes e do ambiente 
físico, mental e social dos mesmos; 
– Por ocupar-se dos indivíduos, famílias e coletividades, além de apresentar resultados pelo serviço e 
pela educação. 
Foi constituída uma Enfermagem Moderna pelo fato de ser uma atividade social essencial à 
sobrevivência humana (práxis); buscar o desenvolvimento de técnicas para cuidar dos doentes 
(teckné); buscar o conhecimento da natureza, da doença e da cura (epistemé). 
Apesar das dificuldades que as primeiras Escolas de Enfermagem tiveram que enfrentar devido à 
incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, elas se espalharam pelo mundo, a 
partir da Inglaterra. 
Nos Estados Unidos, a primeira Escola de Enfermagem foi criada em 1873. Em 1877, as primeiras 
enfermeiras diplomadas começaram a prestar serviços a domicílio, em Nova York. 
As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola de Florence Nightingale, baseada 
em quatro idéias-chave: 
1 – O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma 
de ensino, e deveria ser mantido pelo dinheiro público. 
2 – As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas manter sua 
independência financeira e administrativa. 
3 – As Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas não 
envolvidas em Enfermagem. 
4 - As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição que lhes 
oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital. 
 4 
As Escolas de Enfermagem conseguiram sobreviver às dificuldades enfrentadas graças aos seguintes 
pontos essenciais estabelecidos: 
– Direção da escola por uma Enfermeira; 
– Mais ensino metódico (modo de fazer as coisas de forma sistemática, baseada em um conjunto de 
princípios), em vez de apenas ocasional (casual, imprevisível); 
– Seleção de candidatas do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão profissional. 
Ideal criado por Florence para ser Enfermeira: 
1- Pontualidade; 
2- Discrição; 
3- Confiabilidade; 
4- Aparência Pessoal; 
5- Higiene Pessoal; 
6- Administração de enfermarias e organização. 
Na escolas, havia o Registro contínuo das atividades das enfermeiras, proibição de namoro e de saírem 
sozinhas à rua. 
As alunas que conseguissem desempenho satisfatório eram encaminhadas aos hospitais como 
Certificated Nurses. 
Com sua atuação, Florence transformou a visão da sociedade em relação à Enfermagem e ao 
estabelecimento de uma ocupação útil para a mulher. Através dela, a Enfermagem surgia não mais 
como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação 
assalariada que vinha a atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma 
prática social institucionalizada e específica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Introdução à Enfermagem 
Prof. Marilia J. Pereira

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