Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Florence Nithingale e a evolução da Enfermagem A Enfermagem surgiu antes mesmo de Cristo, obviamente na época não tinha esse nome técnico e as práticas de saúde eram relacionadas a praticas mágico-sacerdotais, desenvolvidas pelos sacerdotes nos templos. Logo depois a enfermagem passou a ser exercida pelas mulheres que destinavam seus cuidados aos doentes, baseadas em práticas empíricas. Mas eram situações difíceis, pois as atividades ainda não tinham um fundamento científico e, portanto, continuavam sendo exercidas de forma intuitiva e em condições inadequadas. Apesar de ser considerado um período negro, na época medieval, a enfermagem sofreu grande influência do cristianismo, sobretudo na Europa. A contribuição do cristianismo para a enfermagem é proveniente do conceito cristão de caridade. Em função desta obrigação, foram organizadas sociedades destinadas a amparar e vestir o pobre, educar as crianças pobres, cuidar de órfãos, visitar os doentes, os velhos e cuidar de prisioneiros. O período do renascimento (1500-1880) causou um retrocesso na enfermagem já que instituições monásticas, incluindo hospitais e escolas, foram fechadas e os pequenos avanços (como organização do ambiente e da assistência ao doente) desapareceram junto com as ordens religiosas. Então surge as damas e irmãs de caridade de São Vicente de Paula (séc . 16-17) na França. As damas de caridade eram mulheres da comunidade, casadas ou viúvas, que faziam visitas aos doentes, dando- lhes alimento, preparando medicamentos e consolando aquele que estava sofrendo ou à beira da morte. Porém, elas foram impedidas por seus maridos e família de continuarem a desenvolver esse tipo de atividade. Surgiram, então, as irmãs de caridade que eram jovens solteiras. Elas deveriam ser inteligentes e refinadas, além de possuir o dom para cuidar de pobres e doentes. Era então o início do reconhecimento da enfermagem como uma das chamas para o bem-estar do doente. 200 anos depois, ressurge as diaconisas em Kaiserswerth (Alemanha). O pastor Fliedner e sua esposa reuniram algumas jovens, cuidadosamente escolhidas para cuidar da assistência de um pequeno hospital. As diaconisas passaram a obter grande reputação pela gentileza e inteligência com que desempenhavam seus trabalhos. Assim grupos de diaconisas eram enviados a outros lugares e outros países, inclusive a América. O ponto fraco do sistema era o não pagamento do trabalho. Foi neste cenário que teve início o trabalho de Florence Nightingale. A sua história é prova das habilidades de uma mulher, trazendo contribuições importantes para um ambiente cultural dominado por homens. Florence Nightingale era filha de pais ingleses abastados, ela nasceu em 12 de maio de 1820, na cidade de Florença, Itália, daí o seu nome. Florence teve uma educação aristocrática, e aprendeu diversos idiomas, como o grego, latim, francês, alemão e italiano. Estudou ainda história, filosofia, matemática e estatística. Muito religiosa, interessou-se por ajudar os pobres, doentes e desvalidos. Em 1852 visitou diversos hospitais na Inglaterra, Irlanda e outros países. Em 1853, passou um mês com as irmãs de caridade de Paris, estudando sua organização e disciplina. Após estas duas experiências ela publica seu primeiro texto sobre enfermagem, baseada numa análise e comparação dos sistemas de enfermagem dos lugares por onde passou. Em 1854, Florence prestou serviço às tropas inglesas na Guerra da Criméia, juntamente com trinta e oito voluntárias. Destacou-se tanto pela administração dos hospitais de guerra quanto pela humanização dos cuidados prestados aos soldados, procurando estabelecer melhores condições sanitárias e de tratamento dos feridos, conseguiu reduzir de 47,2% para 2,2% a taxa de mortalidade entre os soldados, num período de apenas seis meses. Após esse trabalho de Florence a imagem popular da enfermeira foi transformada, passando a ser associada à dama da lâmpada por representar a figura de Florence no atendimento aos doentes e feridos na guerra. Utilizando o fundo oferecido pela nação britânica como reconhecimento ao seu trabalho na guerra, Florence criou uma escola de treinamento para enfermeiras. Sua intenção era treinar essas mulheres para irem a outros hospitais e lá, ensinarem as outras, com o intuito de disseminar a prática. Ela também foi a responsável pela concretização do conceito de enfermeira treinada, devido a sua determinação e também ao fato de suas ideias coincidirem com a emancipação da mulher. Pode-se constatar que a Enfermagem existia à sombra da Medicina, sua função era servir e obedecer. Cabe ressaltar que, naquela época, a maior parte dos(as) funcionários(as) do setor de Enfermagem eram antigos(as) pacientes e pessoas admitidas para serviços gerais, as quais eram promovidas a enfermeiros (as). A ideia de enfermeira treinada foi então sendo substituída pela necessidade de enfermeira profissional que seria formada por um programa educacional bem planejado, com um corpo específico do conhecimento, diferente do conteúdo da medicina na intenção de fugir da sombra da medicina, numa instituição educacional, ao invés de uma instituição voltada para o serviço. A finalização do treinamento resultaria na obtenção de grau acadêmico um certificado profissional e este seria o caminho para a enfermagem finalmente estabelecer sua posição na sociedade. A visão de Florence Nightingale influenciou a identidade da Enfermagem e consequentemente o seu ensino, em praticamente todos os continentes, ainda no século 19. No Brasil, a sua influência teve início na década de 1920. Dessa forma, A enfermagem entra no século 20 com uma identidade estabelecida, resultante de educação baseada em conteúdo específico de enfermagem. Em 1858, Florence Nightingale foi eleita membro da sociedade real de estatística (Inglaterra) e em 1874 membro honorário da Sociedade Americana de Estatística, por ter sido pioneira no método gráfico de apresentação de registros hospitalares, tabelas de mortalidade e de doenças (o que também influenciou os estudos da epidemiologia). Ela foi também a primeira "enfermeira pesquisadora", uma vez que suas reformas na enfermagem foram baseadas em cuidadosas investigações. Apesar de sua abordagem e uso de pesquisa não tenha sido tão disseminado quanto seus ensino, com o tempo a necessidade pesquisar foi reconhecida como um meio de gerar novos conhecimentos para a profissão. Teoria e obras que marcaram a Enfermagem: Um legado importante para Enfermagem mundial, foi a chamada Teoria Ambientalista de Florence Nightingale que se orientava por princípios relacionados ao ambiente físico, psicológico e social, que eram essenciais para o bem-estar e recuperação dos pacientes internados. Já em 1859, Florence publicou Notes of nursing. Esse livro foi traduzido para o português em 1989, sob o título de Notas sobre enfermagem: o que é e o que não é, onde ela procurou distinguir o saber da Enfermagem, do saber Médico. ElaTambém adquiriu grande reconhecimento acerca de construção e reforma de hospitais, publicando o livro Anotações sobre hospitais, mostrando os problemas que haviam no hospital e como eles poderiam ser remediados. Escreveu mais de cinquenta textos, entre Manuais e Livros sobre o cuidado nos hospitais, assim como, nos campos de batalha. Demonstrando seus desejos e observações para modificar a assistência sanitária. Florence morreu em 13 de agosto de 1910, aos 90 anos, depois de uma vida de lutas e dedicação.
Compartilhar