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CURSO DE DIREITO DIREITO CIVIL IV – CONTRATOS PROFESSOR: ME. LUIS MIGUEL BARUDI DE MATOS BIBLIOGRAFIA: - GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil: contratos – tomo I e II. Vol. IV. São Paulo: Saraiva - GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. Vol. III. São Paulo: Saraiva - TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. Vol. 2. São Paulo: Método - TARTUCE, Flávio. Direito civil: Teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Vol. 3. São Paulo: Método O PRESENTE MATERIAL SERVE DE ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO QUE DEVE SER EMBASADO NA BIBLIOGRAFIA INDICADA INTRODUÇÃO AO DIREITO CONTRATUAL Importância do tema Figura jurídica das mais importantes, senão “a mais importante” de todo Direito Civil. Espécie mais importante e socialmente difundida de negócio jurídico e fonte de obrigações, podendo ser considerada como propulsora da atividade socioeconômica do mundo moderno. Poucos institutos sobreviveram por tanto tempo e se adaptaram à formas tão diversas de sociedade quanto o contrato, desde a Antiguidade, passando pela Idade Média e chegando à Modernidade. O contrato dinamiza a circulação de bens e riquezas em determinada sociedade, adaptando-se às características dessa de forma a atender seus objetivos. RETOMANDO O DIREITO OBRIGACIONAL Conceito de obrigação: relação jurídica transitória, existente entre um credor e um devedor e cujo objeto imediato é uma obrigação, sendo que no caso de inadimplemento o credor poderá satisfazer-se com o patrimônio do devedor. Elementos constitutivos: a) Subjetivos: credor (ativo) e devedor (passivo) b) Objetivo: imediato = prestação/mediato = coisa, tarefa ou abstenção (bem jurídico tutelado) c) Imaterial: vínculo jurídico entre credor e devedor Fontes obrigacionais: a) Lei b) Contratos: negócio jurídico bilateral ou plurilateral com objetivo de criação, modificação ou extinção de direitos e/ou deveres com conteúdo patrimonial c) Atos ilícitos (art. 186) e abuso de direito (art. 187) d) Atos unilaterais: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido, enriquecimento sem causa e) Títulos de crédito Fontes Voluntárias das Obrigações Fonte: tem significado de origem, de causa determinadora, de princípio do qual decorrem as coisas ou, em outros termos, fonte significa o que faz nascer, ou surgir alguma coisa. Dessa forma, quando se fala em fontes, indica-se a causa que determina o surgimento, o nascimento de determinada coisa, aquilo que dá origem ou surgimento à coisa. Obrigação: a obrigação, em sentido jurídico, concretiza-se ou surge quando uma pessoa assume, ou a ela é cometido, um dever de prestar (existência de um dever de prestação). A obrigação gera um dever jurídico de uma pessoa para com outra, que consiste na realização da prestação prometida ou imposta. A obrigação é um efeito jurídico que se dá a partir da ocorrência de certos fatos ou acontecimentos que lhe dão origem. Dois fatores fundamentais: de um lado, a existência de norma ou normas jurídicas que tenham determinado suporte fático e, de outro lado, a ocorrência desses fatos na realidade concreta, fazendo assim incidir tais normas e surgir a obrigação. Fonte das obrigações: o surgimento de uma obrigação decorre da realização de fatos que, pela ordem jurídica, sejam tidos como hábeis para produzir um dever de prestar. Relação jurídica obrigacional: o Código Civil estabelece relações jurídicas em virtude das quais alguém assume, voluntária ou impositivamente, o dever de prestação frente a outra pessoa. Classificação das fontes das obrigações: 1. Lei: fonte primária de todas as obrigações, que indica os fatos jurídicos aos quais se atribui o efeito de gerá-las. 1.1. Lei como fonte imediata ou direta de obrigações ao determinar condutas obrigatórias que, ao não serem respeitadas geram dever de reparação (responsabilidade). 1.2. Lei como fonte mediata ou indireta de obrigações quando determina fatos e atos jurídicos que geram obrigações a partir de sua ocorrência (obrigações voluntárias). 2. Vontade humana: 2.1. Declarações bilaterais ou multilaterais de vontade: negócios jurídicos (contratos) 2.2. Declarações unilaterais de vontade: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa. 3. Atos ilícitos: em decorrência do descumprimento de preceito legal ou de inadimplemento contratual (doloso ou culposo). INTRODUÇÃO AO DIREITO CONTRATUAL Evolução histórica Não é possível fixar o momento histórico específico do surgimento do contrato, sendo que sua ocorrência se confunde com a própria evolução da humanidade Para o estudo do Direito é possível, entretanto, visualizar o momento em que sua sistematização jurídica é perceptível Isso ocorre, inicialmente na Roma Antiga, passando pelos demais estágios de evolução social Entretanto, a moderna concepção de contrato, consistente “em um acordo de vontades por meio do qual as pessoas formam um vínculo jurídico a que se prendem (obrigação)” só surge a partir do nascimento do sistema capitalista de produção e sua lógica individualista Com o Iluminismo surge a visão antropocêntrica do mundo, trazendo a vontade racional do homem como centro do Universo, determinando a força normativa dos contratos (lei entre as partes), consagrando o pacta sunt servanda (os acordos devem ser cumpridos) A visão individualista e patrimonialista caracterizada pelo dogma da autonomia da vontade prevalece no Direito até o final do século XIX e início do século XX Essa tendência individualista acaba por produzir sérios desequilíbrios sociais que remetem ao surgimento do dirigismo contratual do século XX, a par dos movimentos sociais que defendem a posição do homem em sociedade, como ser social e não mais como ser meramente individual Modernamente no Brasil tem-se, no direito contratual, o homem como sujeito primordial, a finalidade patrimonial essencial, porém com as limitações impostas pelos princípios sociais do contrato (função social e boa-fé objetiva) decorrentes diretamente do princípio da dignidade da pessoa humana A dignidade da pessoa humana limita e orienta a atividade econômica (livre iniciativa, liberdade econômica, liberdade contratual, propriedade) Essa é a característica da Modernidade e do moderno Direito Contratual Os contratos no Código Civil DE 2002 TÍTULO V – Dos contratos em geral Capítulo I – Das disposições gerais Capítulo II – Da extinção dos contratos TÍTULO VI – Das várias espécies de contratos Conceito de contrato Conceito clássico ou moderno: negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à criação, modificação ou extinção de direitos e deveres com conteúdo patrimonial. Conceito contemporâneo ou pós-moderno: relação jurídica subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares subjetivos da relação, como também perante terceiros (Paulo Nalin). Contrato amparado em valores constitucionais: dignidade da pessoa humana, solidariedade social e igualdade em sentido amplo (Direito Civil Constitucional). Envolve não apenas situações patrimoniais, mas também existenciais das partes contratantes. Capaz de gerar efeitos perante terceiros alheios à relação contratual mas igualmente protegidos pelo Direito. Presença obrigatória de duas ou mais pessoas com interesses contrapostos (alteridade), sendo proibida a autocontratação (exceçãoart. 117 – CC). Real função de atender aos interesses das pessoas envolvidas e não do mercado (repersonalização do Direito Privado ou despatrimonialização do Direito Privado). Aproximação com o Código de Defesa do Consumidor (diálogo de fontes): a) Diálogo sistemático de coerência: aplicação simultânea das duas leis. Ex.: o conceito dos contratos em espécie pode ser retirado do Código Civil mesmo que sejam contratos de consumo (compra e venda – art. 481). b) Diálogo de complementariedade: aplicação coordenada de duas leis, com uma norma complementando a outra de forma direta. Ex.: contratos de consumo que são de adesão – cláusulas abusivas (art. 51 – CDC e proteção do aderente – art. 424 – CC). c) Diálogo de subsidiariedade: aplicação coordenada de duas leis, com uma norma complementando a outra de forma indireta. Ex.: contratos de consumo que são de adesão (art. 51 – CDC e proteção do aderente – art. 424 – CC). d) Diálogo de influências recíprocas sistemáticas: conceitos estruturais de uma lei sofrem influências da outra. Ex.: conceito de consumidor pode sofrer influências do Código Civil (lei especial lei geral)
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