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Ação penal LFG

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CARREIRAS NÍVEL MÉDIO 
 Disciplina: Procesos Penal 
 Tema: Ação Penal 
 Prof.: Silvio Maciel 
 Data: 19/09/2007 
 
 
 
- 1 – 
A ação penal é tratada nos artigos 24 a 62 do C.P.P. e artigos 100 a 106 do CP. 
 
Conceito: 
 
 “O direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do Direito Penal Objetivo” (Magalhães Noronha); 
“O Direito de invocar o Poder Judiciário para aplicar o direito penal objetivo” (Frederico Marques). 
 
Características: 
 
 A ação penal é um direito: 
 
b) Autônomo: o direito de ação não se confunde com o direito material (objetivo) pleiteado. 
c) Abstrato: independe do resultado final do processo. 
d) Subjetivo: a ação penal é o direito subjetivo de pleitear do Estado-Juiz a prestação jurisdicional. 
e) Público: porque serve para a aplicação do direito penal (direito público). 
 
Então: ação penal é o direito público, subjetivo, autônomo e abstrato de exigir do Estado-Juiz a 
aplicação do direito penal objetivo (material) a um caso concreto (lide penal). 
 
Condições da Ação Penal: 
 
 As condições da ação penal dividem-se em: 
 
2) Condições gerais (genéricas) da ação: são as condições que devem estar presentes em 
qualquer ação: 
Possibilidade Jurídica do Pedido: o fato narrado na inicial (denúncia ou queixa) deve 
constituir, em tese, infração penal. Não precisa estar provado mas precisa corresponder a 
uma infração penal. 
 ) Interesse de agir: haverá interesse de agir quando houver indícios suficientes de autoria 
e materialidade e não estiver extinta a punibilidade Legitimidade para agir compreende 
a legitimidade ativa e passiva ad causam (legitimidade para ser autor e para ser réu na 
ação penal); legitimidade ad processum – capacidade para estar no pólo ativo da ação, 
em nome próprio e na defesa de interesse próprio. Ex. O MP não tem legitimidade ativa 
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para processar uma pessoa por crime de ação privada; o menor de 18 anos não tem 
legitimidade passiva para ser réu no processo penal. 
 
3) Condições específicas (condições de procedibilidade): exigidas pra alguns crimes específicos. As 
duas principais são: 
 
 ) Representação da vítima ou de seu representante. 
 ) Requisição do Ministro da Justiça. 
 
- Faltando qualquer das condições da ação (genéricas ou específicas): CARÊNCIA DA AÇÃO → denúncia 
ou queixa devem ser rejeitadas (art. 43, I a III e § único, CPP). O artigo 43, I a III, do CPP, na 
verdade, refere-se a cada uma das condições genéricas e das condições específicas da ação. 
 
No caso do inciso III, diz o parágrafo único do art. 43 que a omissão poderá ser corrigida. Ex. Se uma 
ação penal privada for proposta, indevidamente, pelo MP, deverá ser rejeitada, mas isso não impedirá 
que a ação seja proposta pelo querelante posteriormente. 
 
Observações: 
2) Alguns autores reconhecem uma quarta condição genérica da ação: justa causa (indícios 
suficientes de autoria e materialidade). A falta de indícios de autoria e materialidade 
caracteriza, para essa corrente, falta de justa causa para a ação penal. Para a doutrina clássica 
os indícios de autoria e materialidade estão compreendidos no interesse de agir, como vimos 
acima. 
 
 
Espécies de Ação Penal 
 
 
Quanto ao titular da ação penal ela é dividida em: 
 
b) Pública: incondicionada (APPI) ou condicionada (APPC) – Titular é o MP (art. 129, I, CF/88). 
c) Privada (APP): titular é a vítima ou seu representante legal 
 
 
Ação penal pública incondicionada (APPI) 
 
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Conceito: É a ação cuja titularidade é do Ministério Público, que não precisa de representação ou 
requisição do Ministro da Justiça (condições de procedibilidade) para propor a ação, devendo agir de 
ofício (daí o nome de ação pública incondicionada). 
 
É a regra no processo penal. É a ação pela qual, em regra, é apurada a esmagadora maioria dos 
crimes. 
 
É a REGRA porque o crime é um mal social, que afeta o interesse público (segurança das pessoas). Os 
delitos não podem ficar impunes. 
 
Por ser a regra, se a lei silenciar o crime é de APPI. 
Titularidade: MP (art. 129, I, CF/88) 
 
- Antes da CF/88, havia o procedimento judicialiforme ou ação penal “ex officio” (contravenções 
penais, homicídio culposo, lesão culposa) que se iniciava por Auto de Prisão em Flagrante ou Portaria 
do Delegado ou do Juiz de Direito (arts. 26 e 539, CPP e Lei 4611/65). O procedimento não existe 
mais, tendo em vista que o art. 129, I, da CF/88 dispõe que a ação pública é privativa do MP. 
 
 
Princípios: 
 
b) legalidade ou obrigatoriedade: se estiverem presentes as condições da ação e houver elementos 
de autoria e materialidade o MP está obrigado a propor a ação penal. 
 
MP não age na proteção de um interesse próprio, mas de toda a sociedade. Se o MP deixar 
de propor a ação deve requerer fundamentadamente o arquivamento do IP ou peças de 
informação (art. 28, CPP). 
 
- Juiz pode discordar do pedido de arquivamento e remeter os autos ao Procurador Geral (de 
Justiça ou da República) - art. 28, CPP - que pode: 
b) Concordar com o Juiz e ele próprio (PG) oferecer a denúncia (o PG também é membro 
do MP e tem legitimidade para oferecer denúncia); 
c) Concordar com o Juiz e designar um outro Promotor para oferecer a denúncia 
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d) Discordar do Juiz e insistir no pedido de arquivamento (neste caso Juiz é obrigado a 
arquivar o IP ou peças de informação porque ele próprio não pode iniciar a ação penal 
– nosso sistema de processo é o acusatório). 
 
 
EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: infrações de menor potencial ofensivo - o MP 
pode realizar transação penal com o infrator (art. 98, I, CF); deixar de propor a 
ação penal, desde que presentes os requisitos legais (art. 76, Lei 9099/95) – princípio da 
discricionariedade regrada ou disponibilidade temperada. 
 
c) principio da indisponibilidade: MP não pode desistir da ação proposta e do recurso interposto 
(art. 42, CPP e 576, CPP). 
 
 
OBS.: o pedido de absolvição não significa desistência da ação pública. 
d) principio da indivisibilidade ou divisibilidade 
 
O MP pode excluir desde que justificadamente (colher maiores informações). Pode aditar a denúncia 
para incluir outros autores ou propor outra ação penal. Jurisprudência amplamente majoritária 
(inclusive STJ e STF). STJ já decidiu que o princípio da indivisibilidade da ação penal privada (art. 48, 
CPP) não se aplica à ação pública. 
 
e) principio da oficialidade: a ação penal pública é proposta por um órgão oficial, do Estado – MP. 
f) princípio da oficiosiadade: O MP deve agir de ofício (sem provocação da vítima ou de quem quer 
que seja). Exceção: APPC – MP depende de representação da vítima ou requisição doMinistro 
da Justiça. 
g) Princípio da autoritariedade: as pessoas encarregadas da persecutio criminis são autoridades 
públicas (autoridade policial e MP). No caso da ação pública (persecutio criminis in judicio) é o 
MP. 
h) Principio da intranscendência (princípio da incomunicabilidade da pena): a ação só pode ser 
promovida contra os autores e partícipes do crime. Não pode ser proposta também contra os 
responsáveis civis do infrator. Art. 5º, XLV, CF/88 – “nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado”. Ex. o pai não pode ser processado pelo crime de lesão culposa causada pelo filho; 
o empregador não pode ser processado pelo crime do empregado etc. 
 
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Ação penal pública condicionada (APPC) 
 
Conceito: é a ação que depende de uma condição de procedibilidade para ser proposta: representação 
do ofendido ou de seu represente ou requisição do MJ (art. 24, CPP e 100, § 1º, CP). Daí o nome: ação 
pública condicionada (depende de condições específicas, condições de procedibilidade). 
 
Razão de ser da APPC 
 
Embora a punição dos crimes seja interesse público, há casos em que o delito afeta a intimidade da 
vítima (representação); outros casos, há necessidade de uma apreciação sobre a conveniência política 
da ação (requisição do Ministro da Justiça). Mas a ação continua sendo pública, cuja titularidade é do 
MP. 
 
Por ser exceção, a lei menciona os crimes que são de APPC, utilizando as expressões: “somente se 
procede mediante representação” ou “somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”. 
 
 
Representação 
 
1) Conceito: manifestação de vontade da vítima ou de quem a represente, para que o autor do delito 
seja processado criminalmente. 
 
Nomes doutrinários: “Pedido-autorização” ou “notitia criminis” postulatória. 
 
2) Natureza jurídica: condição de procedibilidade (condição específica da ação). 
 
3) Formalidade: A jurisprudência (inclusive do S.T.F.) não exige formalidade no oferecimento da 
representação. A vontade expressa da vítima ou de seu representante legal pode estar consignada em 
Termo de Declarações, Boletim de Ocorrência etc. 
Basta a manifestação inequívoca de vontade de que o infrator seja processado. Não é necessária uma 
peça formal denominada representação. 
 
4) Conteúdo: informações necessárias para apuração do fato e autoria (art. 39, § 2º, CPP). 
 
5) Forma de oferecimento: oral ou escrita. Pessoalmente ou por procurador com poderes especiais 
(atenção!). Art. 39 “caput” e § 1º, CPP. 
 
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6) Destinatários: a representação pode ser endereçada ao Juiz, ao M.P. ou autoridade policial (na fase 
do Inquérito Policial) – art. 39, “caput” e §§ 3º a 5º CPP. 
 
7) Titularidade: podem oferecer representação: 
 
b) Próprio ofendido (art. 24, “caput”); 
c) Representante legal - se o ofendido for incapaz (art. 24, “caput”). Obs: jurisprudência admite 
que a representação seja oferecida por quem não é representante legal , mas é representante 
de fato do ofendido, tendo-o sob sua guarda ou responsabilidade (ex. tio, avós, irmão, amigo 
da família, vizinho etc). Pela lei civil, representantes legais são apenas os pais, tutores e 
curadores. 
d) Curador especial - se o ofendido for incapaz e não tiver representante legal, ou seus 
interesses colidirem com os do representante. Ex. o representante é o autor do crime. (art. 33, 
CPP, por analogia). ATENÇÃO: o curador especial não está obrigado a oferecer representação. 
e) Cônjuge, ascendente, descendente ou irmão – se o ofendido falecer ou for declarado 
ausente por decisão judicial (art. 24, § 1º, CPP). Neste caso, se comparecer mais de uma 
pessoa querendo representar, terá preferência o cônjuge; depois ascendentes; em seguida 
descendentes; por último, irmãos (art. 31 c/c 36, por analogia). 
OBS. 1: quanto ao companheiro(a), predomina o entendimento de que ele(a) tem legitimidade para 
representar, pois embora o artigo 24, § 1º refira-se apenas ao 
cônjuge, a CF/88 reconhece a união estável como entidade familiar (art. 226, § 3º, CF/88). 
OBS. 2: o rol do art. 24, § 1º é taxativo. Ex. curador do ausente nomeado na ação civil não tem 
legitimidade para representar (Tourinho e Mirabete). 
f) Procurador com poderes especiais (art. 39, “caput”, do C.P.P.) 
 
8) Prazo para oferecimento: 
 
Regra: seis meses, contados do dia da data da ciência da autoria (art. 38, CPP). 
Exceção: Na Lei de Imprensa o prazo é de três meses, contados da publicação ou divulgação da notícia 
incriminada (data do fato). 
 
Natureza do prazo: decadencial: não se interrompe, não se suspende ou se prorroga (Atenção!). 
 
Contagem do prazo: conta-se como prazo penal (art. 10, CP – inclui-se o dia do começo e exclui-se o 
dia do final). A representação é um instituto processual, mas seu não oferecimento causa uma 
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conseqüência penal – extinção da punibilidade pela decadência. Por isso o prazo é penal. Ex. Vítima 
soube da autoria do crime em 02 de junho (sexta-feira). Prazo se inicia no próprio dia 02.06 (sexta-
feira) e se esgota em 01.12. 
 
Não se aplica, portanto, a Súmula 310 do S.T.F., que dispõe que se o prazo tiver início na sexta-feira, 
começa a contar na segunda-feira ou no primeiro dia útil seguinte. 
 
No caso de morte ou declaração judicial de ausência da vítima, o prazo decadencial se inicia quando 
qualquer dos sucessores previstos no art. 31 tiver ciência da autoria. Ocorrendo a decadência para um, 
os demais nada podem fazer. O prazo é um só. 
 
9) Dupla titularidade do direito de representação: 
 
Pelo artigo 34, do CPP – aplicado por analogia – no caso da vítima ser maior de 18 e menor 
de 21 anos (só neste caso!) a representação pode ser oferecida por ela ou por seu 
representante legal (dupla titularidade do direito de representação). 
 
Havendo divergência entre ambos prevalece a vontade daquele que quer representar. 
 
E de acordo com o S.T.F., o prazo de seis meses para representar é contado separadamente, 
para cada um (Súmula 594, S.T.F.). 
 
Para a doutrina e a jurisprudência, o artigo 34, entretanto, foi tacitamente revogado pelo 
novo Código Civil, que baixou a maioridade civil absoluta para 18 anos. Assim, não há mais 
dupla titularidade do direito de representar. Ou a vítima é menor de 18 anos e o direito de 
representar é só de seu representante legal; ou ela tem 18 anos ou mais e então o direito de 
representar é só dela. 
 
10) Retratação: 
 
É a desistência da representação oferecida. 
 
É possível até o oferecimento (!) da denúncia (art. 25, C.P.P.). Depois do oferecimento, a 
representação torna-se irretratável, mesmo que ainda não tenha ocorrido o recebimento da denúncia 
pelo juiz. 
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A retratação somente pode ser feita pela mesma pessoa que ofereceu a representação. 
 
11) Retratação da retratação: 
 
A vítima oferece a representação; desiste da representação; depois pretende oferecê-la novamente. É 
possível? 
 
Dois entendimentos: 
b) Pode, enquanto não expirar o prazo decadencial de seis meses (entendimento majoritário, 
inclusive na jurisprudência). 
c) Não pode, pois a retratação da representação é causa inominada de extinção da punibilidade 
(Fernando da Costa Tourinho Filho). 
 
12) Eficácia objetiva da representação: 
 
A representação, ainda que oferecida apenas contra um dos autores do delito, autoriza o processo 
contra todos. Ex. A, B e C ameaçam D. D oferece representação apenas contra A . Tal representação 
autoriza o processo também contra B e C. A representação não é em face do sujeito ativo do crime 
(não é subjetiva), mas em face do fato criminoso (objetiva). 
 
O MP também não está vinculado a eventual classificação do crime, feita na representação, podendo 
denunciar por crime distinto. 
 
Requisição do Ministro da Justiça: 
 
 
1) Conceito: ato discricionário, administrativo e político, do Ministro da Justiça, pelo qual ele autoriza o 
Ministério Público a propor ação penal. 
 
2) Natureza jurídica: condição de procedibilidade. 
 
3) Crimes dependentes de requisição: São poucos. Exemplos: 
 
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b) Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, CP); 
c) Crime contra a honra de Chefe de Governo estrangeiro ou contra a honra do Presidente da 
República (art. 141, I, c/c art. 145, § único, CP); 
d) Crime contra a honra, praticado por meio de imprensa, de: 1) chefe de Estado ou Governo 
Estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos; 2) Ministros de Estado e do S.T.F.; 3) 
Presidentes da República, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados – art. 23 c/c art. 40, 
da Lei de Imprensa (Lei 5250/67). 
 
 
4) Prazo para oferecimento 
 
Não há prazo para o oferecimento da requisição. Pode ser oferecida enquanto não estiver extinta a 
punibilidade pela prescrição ou qualquer outra causa. 
 
ATENÇÃO: 
- prazo para oferecimento da representação – seis meses, contados da ciência da 
autoria, ou três meses na Lei de Imprensa; 
- prazo para oferecimento da Requisição do Ministro da Justiça – não há. 
 
5) Retratação: 
 
Quanto à possibilidade de retratação da Requisição há duas correntes: 
 
b) Não pode, porque o art. 25 do C.P.P. só permite a retratação da representação. É o 
entendimento majoritário. 
c) Pode ocorrer a retratação da requisição do Ministro da Justiça, aplicando-se por analogia o art. 
25, do C.P.P., que permite a retratação da representação. 
 
ATENÇÃO: requisição, juridicamente, significa ordem. A requisição do Ministro da Justiça, entretanto, 
não obriga – apenas autoriza – o Ministério Público a propor a ação penal. O MP não é obrigado a 
propor uma ação penal, se for ela incabível. Ex. Se já ocorreu a extinção da punibilidade do crime. 
Cabe, exclusivamente, ao MP, como titular da ação penal, formar a opinio delicti e oferecer ou não a 
denúncia. 
 
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6) Eficácia objetiva da requisição 
 
Aplica-se tudo o que foi dito sobre a representação. 
 
Início da ação penal pública (condicionada ou incondicionada) 
 
Inicia-se com a denúncia. Prazo para oferecimento da denúncia: 
 
REGRA: 15 dias, contados do recebimento do I.P. ou das peças de informação, no caso de réu solto; 5 
dias se réu preso (art. 46 e § 1º, CPP). 
 
EXCEÇÕES: 
 
0) Crimes contra a economia popular (Lei 1521/51) – 2 dias, réu preso ou solto. 
0) Crimes eleitorais (Lei 4737/65) – 10 dias, réu preso ou solto. Tourinho entende que se o 
réu estiver solto o prazo será de 30 dias, aplicando-se, subsidiariamente, o art. 46, do 
CPP. 
0) Abuso de Autoridade (Lei 4898/65) – 48 horas, réu preso ou solto. 
0) Imprensa (Lei 5250/67) – 10 dias, réu preso ou solto. 
0) Drogas (Lei 11.343/06) – 10 dias, réu preso ou solto. 
 
A perda do prazo não impede o oferecimento da denúncia. A denúncia pode ser oferecida 
após o prazo legal. Mas neste caso podem ocorrer três conseqüências: 
b) Propositura de ação privada subsidiária da pública (art. 29, C.P.P. e 5º, LIX, CF/88); 
c) Se o réu estiver preso, relaxamento da prisão. 
d) Sanções disciplinares ao Promotor, se a perda de prazo for injustificável e demasiadamente 
prolongada. 
e) O art. 801 do C.P.P. ainda prevê que o membro do MP perderá tantos dias de vencimento 
quantos forem os excedidos. 
 
Ação penal privada (APP) 
 
Conceito 
 
É a ação proposta pelo próprio ofendido (vítima), ou por quem o represente. 
 
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A distinção entre ação penal pública ou privada é única e exclusivamente quanto ao titular 
(autor da ação): 
 
Ação pública (incondicionada ou condicionada): MP 
Ação Privada: ofendido (vitima) ou seu representante legal. 
 
Razão de ser da APP: 
 
Há crimes que ofendem tão profundamente a esfera de intimidade da vítima (calúnia, 
estupro etc) que o Estado “abre mão” da titularidade da ação penal e a transfere à própria 
vítima. Entre o interesse social de punir o criminoso e a preservação da 
intimidade/dignidade da vítima, prevalece este último (ponderação de valores). 
 
ATENÇÃO: O Estado transfere apenas a titularidade da ação para o particular. O direito de punir (de 
impor e executar a sanção penal) continua sendo do Estado. 
 
Princípios 
 
b) Oportunidade ou conveniência: o titular da APP pode optar em propô-la ou não. Tem a 
oportunidade de escolher o que lhe é mais conveniente. Pode deixar decorrer o prazo 
decadencial ou renunciar (expressa ou tacitamente) ao direito de queixa. 
c) Disponibilidade: pode desistir da ação penal, por meio do perdão ou perempção. 
d) Indivisibilidade: o princípio da indivisibilidade da ação privada está expresso no art. 48, do CPP: 
“A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério 
Público velará pela sua indivisibilidade”. 
 
O que significa isso: “O MP velará pela sua indivisibilidade”?. Em outras palavras: se o querelante 
não oferecer a queixa contra todos os autores do crime o que o MP tem de fazer? Há duas 
correntes: 
 
1ª) o MP deve aditar a queixa e incluir os outros. Isso porque o artigo 43, § 2º, do C.P.P. prevê, 
expressamente, a possibilidade do MP aditar queixa, no prazo de 3 dias (Tourinho); 
 
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2ª) o MP deve requerer a extinção da punibilidade de todos os autores do crime. É que o não 
oferecimento da queixa contra algum ou alguns dos autores do crime constitui renúncia tácita, que 
se estende aos demais – artigo 49, do CPP (ou processa todos ou não pode processar ninguém). 
 
e) Princípio da intranscendência: já visto. Esse princípio é decorrência do disposto no art. 5º, XLV, 
da CF/88. 
 
 
 
 
Espécies de ação penal privada 
Há três espécies de ação privada 
 
A) Ação Penal exclusivamente privada ou propriamente dita 
 
Titularidade para oferecimento 
 
- Vítima – art. 30, CPP; 
- Representante legal/representante de fato – art. 30, CPP; 
- Cônjuge, ascendente, descendente, irmão – art. 31 c/c art 36, CPP; 
- Pessoa Jurídica – art. 37, CPP; 
- Procurador com poderes especiais – art. 44, CPP; 
 
OBS.: o art. 35, do CPP dispunha que a mulher casada precisava de autorização do marido para 
oferecer queixa. Este artigo, que não foi recepcionado pela CF/88 (que confere direitos iguais a 
homens e mulheres) foi expressamente revogado pela Lei 9.520/97. 
 
Prazo para propositura 
Prazo decadencial de seis meses, contados do dia da ciência da autoria (art. 38, CPP); Exceção: na Lei 
de Imprensa o prazo é de três meses, da data da publicação ou transmissão da notícia (art. 41, § 1º, 
Lei 5250/67). 
 
Conta-se como prazo penal – art. 10, CP – incluindo dia do começo e excluindo do final. A queixa é 
instituto processual, mas seu não oferecimento causa conseqüência penal – extinção da punibilidade 
pela decadência. 
 
OBS.: Todo prazo que causa a extinção da punibilidade é penal. O prazo da perempção, por exemplo, 
também é prazo penal. 
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Dupla titularidade do direito de queixa 
 
Aplica-se tudo quanto foi dito sobre a dupla titularidade do direito de representação. 
B) Ação privada personalíssima 
 
Titularidade 
 
Somente o próprio ofendido. Se ele for incapaz ou falecer/for declarado judicialmente ausente, a ação 
não pode ser proposta por representante legal/de fato; ascendente, descendente, irmão etc. 
 
Não se aplicam os artigos 31 e 34 do CPP na ação privada personalíssima. 
 
Daí o nome personalíssima. Ato personalíssimo é aquele que não pode ser praticado por terceira 
pessoa. 
 
Cabimento 
 
A ação privada personalíssima só é prevista para um crime: induzimento a erro essencial ou ocultação 
de impedimento para o casamento (art. 236, CP). 
 
ATENÇÃO: era prevista também para o crime de adultério (art. 240, CP), que foi revogado pela abolitio 
criminis 11.106/05. 
 
Prazo para oferecimento 
 
Seis meses, contados do trânsito em julgado da sentença civil que anulou o casamento (art. 236, § 
único, CP). 
C) Ação privada subsidiária da pública 
Conceito 
 
É ação privada, cabível em crimes de ação pública, quando o MP não oferecer denúncia no prazo legal 
(caso de inércia/omissão do MP). Art. 5º, LIX, CF/88 e art. 29, CPP. 
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OBS.: se o MP requerer o arquivamento do inquérito ou peças de informação, por entender que não há 
elementos para a propositura da ação penal, não é cabível, neste caso, a ação privada subsidiária. 
Neste caso não houve inércia/omissão do MP 
 
 
Prazo para propositura 
 
Prazo decadencial de seis meses, contados do dia em que se esgotar o prazo para 
oferecimento da denúncia pelo MP – art. 38, parte final, CPP. 
 
Contagem do prazo: Neste caso de ação privada subsidiária, o prazo, embora decadencial, é contado 
de acordo com art. 798, § 1º (como prazo processual – excluindo dia do começo e incluindo dia do 
final), porque não há extinção da punibilidade se a vítima não propor a queixa, já que o MP pode, a 
qualquer tempo, oferecer denúncia. Inicia-se a partir do primeiro dia útil subseqüente (Súmula 310, 
STF), se for sexta-feira. 
 
 
Legitimidade: 
 
Legitimados para propor a ação subsidiária, são os mesmos da ação exclusivamente privada. 
 
Observações: 
2) O Código de Defesa do Consumidor – Lei 8078/90, art. 80 c/c art. 82, III e IV – prevê 
que a ação privada subsidiária pode ser proposta por: a) entidades e órgãos da 
administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, 
especificamente, destinados a defesa dos interesses e direitos do consumidor; b) 
associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus 
fins institucionais a defesa de interesses e direitos do consumidor, dispensada a 
autorização assemblear. 
3) A Lei de Falências – Lei 11.101, art. 184, § único – prevê que a ação subsidiária pode 
ser proposta por qualquer credor habilitado ou pelo administrador judicial da falência. 
 
 
 
 
 
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 Disciplina: Procesos Penal 
 Tema: Ação Penal 
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 Data: 19/09/2007 
 
 
 
- 15 – 
Participação do MP na ação penal privada 
 
 
Na ação exclusivamente privada e na ação privada personalíssima: 
 
 
O MP atua apenas como custos legis (fiscal da lei), verificando se está sendo seguido o 
devido processo legal, o procedimento adequado e se estão sendo respeitados os direitos 
das partes. 
Obs.: embora o art. 45, § 2º permita que o MP faça o aditamento da queixa, segundo 
entendimento majoritário, esse aditamento não pode incluir na queixa crime ou co-réu, 
conforme já vimos. 
 
Na ação privada subsidiária da pública. 
 
Como neste caso o crime é de ação pública, a participação do MP é mais intensa. O MP pode (art. 29, 
CPP): 
- aditar a queixa, inclusive para incluir co-réu; 
- repudiar a queixa, se entendê-la inepta, e oferecer denúncia substitutiva; 
- intervir em todos os termos do processo. Sob pena de nulidade relativa (art. 564, III, d, CPP); 
- fornecer elementos de prova (participar da instrução criminal); 
- interpor recurso; 
- retomar a ação com parte principal, em caso de negligência do querelante. 
 
Atenção! 
 
Na ação privada subsidiária da pública não ocorre: 
 
Decadência e renúncia: pois o MP pode oferecer denúncia enquanto não estiver extinta a punibilidade, 
ainda que a vítima não ofereça a queixa substitutiva (não proponha a ação subsidiária da pública). 
Perempção e perdão: Os arts. 60 do CPP e 104, do CP, respectivamente, dispõem que a perempção e o 
perdão ocorrem nos casos em que somente se procede mediante queixa, ou seja, apenas na ação 
exclusivamente privada. Na ação subsidiária, se a vítima desistir da ação ou quiser perdoar o infrator, 
o MP retoma a ação como parte principal. 
 
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- 16 – 
 
Ação penal nos crimes contra a honra de funcionário público 
 
 
O CP, expressamente, dispõe que o crime contra a honra defuncionário público, em razão de 
suas funções, é de ação pública condicionada à representação (art. 141, II, c/c art. 145, § 
único, C.P.). O S.T.F., entretanto, dispõe que nesses casos a ação pode ser privada ou 
pública condicionada à representação (Súmula 714, do S.T.F.). 
 
Ação penal nos crimes contra a liberdade sexual (crimes contra os costumes) 
 
Os crimes contra a liberdade sexual (contra os costumes) são: 1) estupro (art. 213, CP); 2) 
atentado violento ao pudor (art. 214, CP); 3) posse sexual mediante fraude (art. 215, CP); 4) 
atentado ao pudor mediante fraude (art. 216, CP); 5) Assédio Sexual (art. 216-A, CP) e 6) 
corrupção de menores. (Obs.: sedução e rapto foram revogados pela Lei 11.106/05). 
 
Esses crimes, em regra, são apurados mediante ação penal privada, (art. 225, “caput”, do CP). 
 
Há, entretanto, quatro exceções : 
 
b) Se a vítima ou seus pais forem pobres - ação pública condicionada (art. 225, § 1º, I e § 2º, 
do CP). OBS.: 1) A situação de pobreza pode ser provada com atestado de pobreza 
expedido pela autoridade policial ou qualquer outro meio idôneo (art. 32, § 2º do CPP); 2) a 
jurisprudência, inclusive do S.T.F., entende que essa prova pode ser feita até decisão final, 
porque o que legitima o MP a propor a ação penal é a condição de pobreza e não sua 
comprovação antes da denúncia; 3) pobreza pode ser até presumida; 4) a constituição de 
advogado pela vítima, por si só, não impede o reconhecimento da situação de pobreza. 
c) Se o crime for praticado com abuso de pátrio poder ou da qualidade de padrasto, tutor ou 
curador - ação pública incondicionada (art. 225, § 1º, II, CP). 
d) Estupro ou atentado violento ao pudor qualificado pelas lesões corporais graves ou morte - 
ação pública incondicionada . O art. 225, “caput” dispõe que serão de ação privada os 
crimes definidos nos “capítulos anteriores”. E o estupro ou atentado violento ao pudor 
qualificados pela lesão grave ou morte estão no mesmo capítulo do art. 225, do CP e não 
nos capítulos anteriores. 
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- 17 – 
 
b) Estupro ou atentado violento ao pudor com lesões leves – Súmula 608 do S.T.F.: “Nos 
crimes de estupro, praticados mediante violência real, a ação penal é pública 
incondicionada”. Aplica-se esta súmula por analogia no caso de atentado violento ao pudor. 
Tais crimes, portanto, serão de ação privada apenas se forem praticados com violência 
presumida e não ocorrer nenhuma das exceções anteriores. 
 
Causas extintivas de punibilidade : Decadência, Renúncia, Perdão e Perempção 
 
As causas extintivas de punibilidade, como o próprio nome diz, extinguem a 
possibilidade de punir o agente pela infração que ele cometeu. Nesse caso então a ação não 
pode ser proposta, ou deve ser encerrada se já estiver em andamento 
 
O artigo 61, do CPP dispõe que o juiz pode decretar a extinção da punibilidade, 
de ofício (sem pedido de ninguém) e em qualquer fase do processo (leia-se: inquérito ou 
processo). Ex. se durante o IP ou o processo o juiz perceber que ocorreu a prescrição ele 
pode (e deve) de ofício, declarar extinta a punibilidade. 
 
As causas extintivas de punibilidade estão no art. 107, do CP. O CPP trata de 
quatro delas, que estão relacionadas com a ação penal: decadência, renúncia, perdão e 
perempção. Vamos estudá-las: 
 
Decadência : É a perda do direito de ação em face do decurso do prazo sem o oferecimento da queixa. 
 
Só é possível ocorrer, portanto, antes do início da ação penal. 
 
Renúncia : É o ato pelo qual o ofendido abre mão do direito de oferecer a queixa. Só é 
possível ocorrer antes do início da ação penal. 
- É um ato unilateral, uma vez que para produzir efeitos não depende da aceitação 
do autor do delito. 
- No caso de dupla titularidade do direito de queixa (vítima entre 18 e vinte um 
anos) a renúncia por parte de um titular não atinge o direito de queixa do outro (art. 50, § 
único). OBS.: para a doutrina e a jurisprudência não existe mais a dupla titularidade do direito 
de queixa. 
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- 18 – 
- Quando houver mais de uma vítima, a renúncia de uma não impede o direito de 
queixa da outra. 
- A renúncia em relação a um dos autores do crime a todos se estende (art. 49 do 
CPP), em razão do princípio da indivisibilidade da ação penal privada (art. 48 do CPP). 
- Pode ser expressa ou tácita (art. 104 e § único, do CP) 
 
Atenção: A renúncia sempre foi instituto exclusivo da ação penal privada. A lei 9099/95, 
entretanto, criou uma hipótese de renúncia em ação pública condicionada à representação, em seu 
artigo 74, § único, que dispõe : “nos crimes de ação privada e de ação pública condicionada, a 
composição em relação aos danos civis, homologada pelo juiz na audiência preliminar, implica 
renúncia ao direito de queixa ou de representação.” 
A renúncia prevista na Lei 9099/95 apresenta duas diferenças em relação ao instituto tradicional : 
 
- Não se estende a todos os autores do delito, mas somente àquele que fez a composição 
civil com a vítima. Não se aplica o art. 49 do CPP (obs. : podem surgir entendimentos em 
contrário). 
- O art. 104, § único do CPP dispõe que não importa em renúncia tácita o fato de o ofendido 
receber indenização pelo crime. Ao contrário, o art. 74, único, da Lei 9099/95 é expresso 
em dizer que o recebimento de indenização causa a renúncia. Então, nos crimes de menor 
potencial ofensivo, o recebimento de indenização significa renúncia (art. 74, § único da Lei 
- 
- 9099/95), enquanto nos crimes comuns o recebimento de indenização não importa em 
renúncia tácita (art. 104, § único do CP). 
 
Perdão (arts. 51 a 59, do CPP e art. 106, I a III e §§ 1º a 2º, CP). 
 
- É a desistência da ação pr’oposta (princípio da disponibilidade da ação penal privada). 
 
- Impede o prosseguimento da ação – só pode, portanto, ser concedido após já iniciada a ação (antes 
é renúncia) – art. 105, CP e até o trânsito em julgado. Após o trânsito em julgado da condenação não 
é mais cabível o perdão judicial (art. 106, § 2º, CP). 
 
- É causa extintiva de punibilidade nos crimes de ação exclusivamente privada (art. 107, IV, CP). 
 
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- 19 – 
- Cabível apenas na ação exclusivamente privada. Nos crime em que “somente se procede mediante 
queixa” (art. 105, CP). Não é cabível na ação privada subsidiária. 
 
- O perdão oferecido a um dos querelados se estende a todos (princípio da indivisibilidade da ação 
penal privada), mas só produz efeitos em relação aos que aceitarem (art. 106, I e III, CP e art. 51, 
CPP). 
 
- O perdão concedido por um dos ofendidos não prejudica o direito dos demais (art. 106, II, CP) 
 
- o perdão poderá ser: 
 
b) processual (no processo) ou extraprocessual (fora do processo); 
c) expresso (declaração escrita assinada pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais) ou tácito (prática de ato incompatívelcom a vontade de prosseguir na ação 
penal. Ex. casar com o infrator). 
- Oferecido o perdão o querelado será intimado a dizer, em 3 dias, se o aceita. Seu silêncio importará 
em aceitação tácita (art. 58, CPP). A aceitação tácita admitirá todos os meios de prova (art. 57, CPP). 
 
- Aceito o perdão (expressa ou tacitamente) o juiz declara extinta a punibilidade – art. 58, § único, 
CPP). 
 
- A aceitação pode ser processual ou extraprocessual, pelo próprio querelado, seu representante legal, 
procurador com poderes especiais (art. 56, CPP) ou curador (art. 53, CPP) 
 
- É ato bilateral, depende de aceitação do acusado (diferente do perdão judicial, que não depende de 
aceitação do acusado para produzir efeitos. É ato unilateral.) 
 
Perempção 
 
- É causa extintiva de punibilidade (art. 107, VI, CP) causada pela desídia ou desinteresse 
do querelante ou seu sucessor pelo processo. 
 
- Art 60 CPP (quatro hipóteses) 
 
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- 20 – 
I – se o querelante, injustificadamente (sem justo motivo) deixar de dar andamento ao processo por 
30 dias seguidos; não se admite, portanto, a soma de períodos descontínuos. 
 
II – se o querelante falecer, tornar-se incapaz ou desistir da ação e não comparecer, em 60 dias, 
algum sucessor para prosseguir no processo. 
 
III – quando o querelante não comparecer, sem justo motivo, a ato do processo a que deva estar 
presente; ou não formular pedido de condenação nas alegações finais 
 
 (ATENÇÃO: se o querelante não pedir a condenação do querelado ação está perempta; na ação 
pública o MP pode pedir a absolvição do acusado) 
 
IV – quando o querelante for pessoa jurídica e se extinguir sem deixar sucessor. 
 
DENÚNCIA OU QUEIXA 
 
 A denúncia é a peça inicial da ação penal pública (incondicionada ou 
condicionada), oferecida pelo Ministério Público; a queixa é a peça inicial da ação penal 
privada (exclusivamente privada, personalíssima e subsidiária da pública), oferecida pelo 
querelante ou seu representante legal 
 
 Na verdade, a queixa é oferecida por meio de advogado – constituído ou nomeado – ao 
querelante se ele não tiver capacidade postulatória para oferecer a queixa). Se á vítima ou seu 
representante legal for advogado pode ela própria oferecer a queixa. 
 
Requisitos 
 
O art. 41, do CPP dispõe que a denúncia ou queixa deve conter: 
 
I - exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias (elementares, qualificadoras, causas 
de aumento ou de diminuição de pena, meios e modos de execução do crime; motivos; circunstâncias 
de tempo, hora etc) 
 
II – qualificação do acusado ou sinais pelos quais se possa identificá-lo. 
 
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- 21 – 
- pode ser oferecida denúncia contra pessoa de qualificação desconhecida, desde que sejam indicados 
sinais do indiciado que possam identificá-lo, ou seja, individualizá-lo (distingui-lo de qualquer outra 
pessoa). 
 
III – classificação jurídica do fato. 
 
Após narrar os fatos o Ministério Público ou querelante deve classificar juridicamente tal fato, ou seja, 
qualificá-lo em algum dispositivo de lei (algum tipo penal incriminador). 
 
IV – Rol de testemunhas, quando necessário. 
 
ATENÇÃO: o rol de testemunhas não é requisito obrigatório da denúncia ou queixa. Muitas vezes não 
há testemunhas do crime e a acusação apresenta outros meios de prova. Ex. crimes contra a ordem 
tributária, em regra são comprovados por prova documental. 
 
Além desses requisitos expressamente mencionados no art 41. a denúncia ou queixa deverá conter 
ainda o pedido de condenação, o endereçamento a autoridade competente, nome do autor da denúncia 
ou queixa e assinatura (a falta de assinatura não torna a denúncia inepta se não houver dúvida quanto 
a autenticidade da peça). 
 
Rejeição da denúncia ou queixa 
 
O artigo 43 e parágrafo único, do CPP dispõem que a denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
 
I – o fato narrado evidentemente não constituir crime. 
 
Se o fato narrado evidentemente for atípico (não constituir nem crime, nem contravenção) a peça deve 
ser rejeitada. Ex. O MP denúncia alguém por crime de adultério, ou de rapto (que foram revogados 
pela Lei 11.106/05). 
 
II – estiver extinta a punibilidade do agente, por qualquer causa (prescrição, perdão do ofendido, 
decadência etc) 
 
III – for manifesta a ilegitimidade de parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação 
penal. 
 
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- 22 – 
- A ilegitimidade de parte pode ser ativa ou passiva. Ex. MP oferece denúncia em crime de ação 
privada (ilegitimidade ativa do MP); MP oferece denúncia contra menor de 18 anos – inimputável 
(ilegitimidade passiva) 
 
- Se faltar outra condição exigida pela lei para o exercício da ação penal também deverá ser rejeitada a 
denúncia ou queixa. Ex. se faltar a representação ou requisição do Ministro da Justiça nos crimes de 
ação pública condicionada à representação. 
 
Nas hipóteses dos incisos I e II a decisão que rejeita a denúncia ou queixa faz coisa julgada material; 
na hipótese do inciso III a decisão faz apenas coisa julgada formal, porque a ilegitimidade pode ser 
corrigida ou a condição satisfeita e a ação proposta novamente. É o que dispõe o § único, do art. 43, 
do CPP. Ex 1. MP oferece denúncia em crime de ação privada; a denúncia é rejeitada por ilegitimidade 
ativa ad causam. Nada impede que posteriormente o ofendido venha oferecer queixa por tal crime, 
quando então estará corrigida a ilegitimidade e a ação deve ser recebida; Ex. 2. O MP oferece denúncia 
em crime de ação pública condicionada, sem que haja a representação da vítima; se o juiz rejeitar a 
denúncia por falta dessa condição de procedibilidade, nada impede que o MP ofereça posteriormente 
nova denúncia, se a vítima oferecer a representação.

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