Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@Elisastudies. _ • Conceito O marco introdutório da Ação Penal é o recebimento da denúncia pelo juiz. Em síntese, Ação Penal é o caminho processual percorrido para a aplicação da lei penal no caso concreto. E, só pode ser ajuizada quando existem indícios de autoria e de materialidade. • Legitimidade da parte Podem oferecer instrumento para dar início a uma Ação Penal: • O MINISTÉRIO PÚBLICO; nas APs Públicas. • Ou OFENDIDO (ou representante legal): nas APs de iniciativa privada. • Natureza Jurídica A Ação Penal possui natureza híbrida, já que ela traz aspectos tanto do Direito Penal como do Direito Processual. Portanto, aplica-se as normas de Direito Penal no que concerne à aplicação da lei no tempo. • Características • AUTÔNOMO: é o direito autônomo do autor de satisfazer sua pretensão. É direito autônomo porque não se confunde com o direito material que se pretende tutelar. Uma coisa é o direito material que está em discussão, se o sujeito praticou o fato definido como infração penal. Outra coisa é o direito de ação penal. • ABSTRATO: independe do resultado final do processo. Imagine que uma ação penal intentada contra um determinado indivíduo resulte em arquivamento, sem punição. Nesse cenário, mesmo que o indivíduo não tenha sido punido, o direito de agir foi respeitado. • SUBJETIVO: porque o titular do direito pode exigir do Estado-Juiz a prestação de sua função jurisdicional. Em síntese, é porque se consegue identificar o titular/ o sujeito do direito. Ou seja, quem vai exercer o direito de ação. • PÚBLICO: A ação penal é um direito público pois a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. Por isso não é tecnicamente correto falar “ação penal privada”, porque toda ação penal é pública. O certo é falar “ação penal de iniciativa privada”. • INSTRUMENTAL: é meio para se alcançar a efetividade do direito material. • Ação Penal na Legislação Encontra-se no art. 24 ao art. 62 do CPP. Contudo, também está no Código Penal, nos artigos 100 e seguintes. • Condições para o exercício da ação As condições estabelecidas para o processo penal são as mesmas do processo civil: − A possibilidade jurídica do pedido: o fato descrito na ação penal deve ser típico e a ação penal deve ser motivada à aplicação de uma pena ou medida de segurança. − A legitimidade das partes (ad causam). Essas condições garantem que a persecução penal tenha utilidade e seja Ação Penal feita de acordo com o devido processo legal. − O interesse de agir: materializa-se no trinômio necessidade, adequação e utilidade. Deve haver necessidade para bater as portas do judiciário no intuito de solver a demanda, através do meio adequado, e este provimento deve ter a capacidade de trazer algo de relevo, útil ao autor. Há interesse de agir quando não houver extinção da punibilidade. − Justa causa: lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal, quando estiverem presentes os indícios de autoria e materialidade da infração penal. FUMUS COMISSI DELICTI: Pode se entender como a comprovação da existência de um crime e indícios suficientes de autoria. A fumaça da prática de um fato punível. • Espécies • AÇÃO PENAL PÚBLICA: O titular é o Ministério Público, por meio da denúncia. PRINCÍPIOS: 1º Obrigatoriedade: Diante de elementos suficientes para o oferecimento da denúncia, deverá o MP propor a ação penal. No entanto, há mitigações a esse princípio. São elas: 1. Transação penal e suspenção condicionada do processo: O MP poderá deixar de intentar a ação penal quando o crime tiver pena máxima abstrata não superior a dois anos, pois aqui caberá a aplicação do instituto da transação penal. (art. 76 e 89, Lei 9099/95) 2. Acordo de não persecução penal: trazido pelo Pacote Anticrime. (art. 28- A, CPP) 2º Divisibilidade: O oferecimento da denúncia em relação a um indiciado não impede que futuramente o MP ofereça a denúncia em relação a outro. EX: Duas pessoas praticaram o delito, no entanto o MP forma a opinio delict em relação ao indiciado A, mas não ao B. Portanto, oferece a denúncia ao A, mas as investigações sobre o B são prosseguidas. 3º Indisponibilidade: O MP não poderá desistir da Ação Penal. (art. 42, CPP) Ou seja, uma vez oferecida a denúncia e dando-se início a ela o MP não pode desistir da ação penal. Porém, pode requerer a absolvição do réu. a) Incondicionada: É a regra no ordenamento jurídico brasileiro. Para o oferecimento da denúncia, basta a convicção do MP com relação à materialidade do crime e indícios de autoria. IMPORTANTE: Se tivermos como sujeito passivo órgãos ou entidade da administração direita ou direta ou mesmo entes federativos o crime será sempre de Ação Penal Pública incondicionada. Além disso, todos os crimes contra a dignidade sexual são APP Incondicionada. b) Condicionada à representação do ofendido: Apesar de haver polêmica na doutrina, prevalece que se trata de uma condição de procedibilidade da Ação Penal. (Entendimento do STF e STJ). Forma: não requer uma forma especial. Deve estar demonstrada a inequívoca manifestação do representante pelo início da persecução penal. CPP, Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Dupla função da representação: Trata-se de uma autorização e um pedido para que se proceda à persecução penal do agente (delatio criminis postulatória). Legitimados para o oferecimento da representação: Ofendido (quando maior de 18 anos), procurador com poderes especiais (não precisa ser inscrito nos quadros da OAB), representante legal ou curador especial (se o ofendido é menor de idade, mentalmente enfermo ou retardado mental). − PRAZO DECADENCIAL PARA OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO: CP, Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do PRAZO DE 6 (SEIS) MESES, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do §3° do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Ocorre decadência quando o que tem direito de representação deixa transcorrer um tempo maior que o permitido em lei. OBS. No prazo prescricional é para que haja a punição ou a execução da pena e o decadencial é para que a vítima ofereça a representação. Vale lembrar que a representação pode ser feita independentemente de forma, sendo oral, escrita, por meio de representantes legais ou alguém que tenha poderes especiais de procurador. OBS.: Não são 6 meses da data do fato/crime, são SEIS MESES a partir do dia que vier a saber quem é o AUTOR DO CRIME. − RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO OFERECIDA: Pode acontecer, desde que ocorra antes do oferecimento da denúncia pelo MP. Art. 102: A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. EXCEÇÃO: Em crime enquadrados na Lei Maria da penha, a retratação pode ocorrer até o recebimento da denúncia pelo juiz. Art. 16, Lei n° 11.340: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. É POSSÍVEL A RETRATAÇÃO DA RETRATAÇÃO, isto é, uma nova representação após o ofendido ter se retratado. No entanto, terá somente uma condição, essa nova representação deve ser realizada dentro do prazo decadencialde 6 meses da data que vier a saber quem é o autor do crime. (Art. 103, CP) c) Condicionada à requisição do Ministro da Justiça: Natureza jurídica: condição de procedibilidade. HIPÓTESES: 1) Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro em território estrangeiro (extraterritorialidade hipercondicionada - art. 79, §3º, CP); 2) Crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP); 3) Lei 7.170/83 (Crimes contra a Segurança Nacional), art. 31, IV. PRAZO: Não se aplica prazo decadencial à requisição do Ministro da Justiça. Logo, ele pode oferecer a requisição a qualquer tempo, desde que o delito não esteja prescrito ou com sua punibilidade extinta por outra causa. Não há um posicionamento definido na doutrina acerca da retratação. O Ministério Público não está obrigado a oferecer a denúncia diante de requisição do Ministro da Justiça. Pois isso, seria contrário ao princípio constitucional da independência funcional do Ministério Público. • AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA (propriamente dita ou exclusivamente provada): O titular, o ofendido ou o representante legal, por meio da queixa crime. (e não denúncia) EX: Crimes de injúria, difamação e calúnia. PRINCÍPIOS: 1º Oportunidade ou conveniência: O ofendido decide, conforme sua própria vontade, pelo oferecimento, ou não, da queixa-crime. A renúncia ao direito de queixa extingue a punibilidade do agente (art. 107, V, CP); 2º Indivisibilidade O oferecimento da queixa-crime em relação a um dos autores obriga o particular a oferecer em relação aos demais. Ressalva: Essa indivisibilidade só deve ser observada se os autores já tiverem sido identificados. CPP, Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. CPP, Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. 3º Disponibilidade A ação penal privada é disponível, podendo o querelante dela desistir até o trânsito em julgado da sentença condenatória. Meios de disponibilidade: Perdão do ofendido (art. 107, IV, CP); antes da A.P. Renúncia e perempção (art. 107, V, CP): durante a A.P. AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA Obrigatoriedade Oportunidade ou conveniência Divisibilidade Indivisibilidade Indisponibilidade Disponibilidade Prazo DECADENCIAL para oferecimento da queixa-crime: CP, Art. 103: Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3° do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. LEGITIMIDADE para o oferecimento da queixa crime Art. 100 - (...) § 2° - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (...) § 4° - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge*, ascendente, descendente ou irmão. (CADI) C*= Cônjuge e Companheiro. CPP, Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. ESPÉCIES: 1) AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA OU PROPRIAMENTE DITA; É a regra. 2) AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA; A distinção da ação penal privada personalíssima para a ação penal privada propriamente dita é que nesta, diante do falecimento do ofendido ou sua declaração de ausência, o direito de oferecer a queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Já na ação penal privada personalíssima, somente o ofendido, de forma exclusiva, poderá exercer o direito de queixa. Ou seja, caso ele venha a falecer o autor do delito ficará em pune. No entanto, só se aplica em uma situação. O único exemplo de ação penal privada personalíssima: Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento. Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 3) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA. CF, art. 59, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; CP, art. 100, § 3° - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. Logo, temos um crime cuja ação penal é originariamente pública, mas que passa a ser sujeito a ação privada em face da inércia do Ministério Público. OBS.: O MP tem um prazo para oferecer a denúncia, caso ele não respeite esse prazo ele é inerte, e partir do momento que é constatada a inércia do MP a vítima pode oferecer uma queixa-crime neste delito de Ação Penal Pública Incondicionada. Inércia do Ministério Público: CPP. Art. 46, O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. EX: Artigo 29, CPP: Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Se o MP requerer o arquivamento do inquérito policial não se faz possível o oferecimento de queixa subsidiária da Roubo Indiciado Preso MP recebe a IP Oferecer denúncia IP 5 dias pública, já que nessa situação não terá havido inércia por parte do MP. Igualmente, se o MP requerer novas diligências investigatórias à autoridade policial, também não há inércia. Na ação penal privada da pública o ofendido que quiser intenta-la deverá oferecer queixa crime (outra denominação é queixa crime subsidiária). PRAZO decadencial para oferecimento da ação penal privada subsidiária da pública: CP, Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3° do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. O MP pode oferecer a denúncia após esgotado o prazo de 5 dias (preso) ou 15 dias (solto). Ou seja, a legitimidade será concorrente entre o MP para o oferecimento da denúncia e o ofendido para oferecimento da queixa subsidiária da pública. Após o término do prazo para oferecimento da queixa subsidiária da pública, o MP ainda pode oferecer a denúncia, enquanto não for extinta a punibilidade.4) AÇÃO PENAL PRIVADA CONCORRENTE: Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Poderá ser uma A.P. Privada ou A.P.P. Condicionada a representação. A AÇÃO PENAL NO CRIME COMPLEXO Art. 101: Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
Compartilhar