Buscar

Agroecologia Caderno IV

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 1
Nº 04
SOLO BEM CUIDADO,
RESULTADOS MULTIPLICADOS
AGROECOLOGIA
Cadernos
da Agricultura Familiar
2014
Ano Internacional
da Agricultura Familiar
Camponesa e Indígena
2 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Foto: Luciana Areas
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.
Manoel de Barros
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 3
O Cerrado brasileiro, a savana mais rica do mundo em biodiversidade, ocupa 
quase um quarto (mais de 20%) do território nacional. Distribuído por 2.036.448 
quilômetros quadrados, o bioma reúne mais de 15 mil espécies de plantas e 
mais de 1,5 mil espécies de animais. 
Os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas 
Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, e ainda o Distrito 
Federal, são áreas de incidência contínua de Cerrado no Brasil. Também 
existem enclaves de Cerrado no Amapá, em Roraima e no Amazonas. 
Do Cerrado surgem abundantes nascentes para as três grandes bacias 
hidrográficas brasileiras – Amazônica, do São Francisco e do Prata. Essa fartura 
de águas contribui para que o Cerrado guarde mais de 30% da biodiversidade 
brasileira. Um patrimônio que, infelizmente, encontra-se ameaçado pela 
ocupação de uma agricultura devastadora, centrada nas monoculturas e no 
uso dos agrotóxicos. 
A Agroecologia, abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da 
natureza, em que se trabalha a fertilidade e o cultivo do solo sem o uso de 
fertilizantes químicos e de agrotóxicos, é uma alternativa boa para cuidar do 
Cerrado, porque gera renda para as famílias de agricultores e agricultoras 
familiares e, ao mesmo tempo, contribui para preservar a biodiversidade e 
proteger o Meio Ambiente.
Nesta cartilha, você encontra informações essenciais para fazer da 
Agroecologia uma prática sustentável em seu pedaço de chão. São ideias 
simples, práticas, eficientes e criativas para você explorar, aplicar e multiplicar 
e, assim, contribuir para o manejo agroecológico de nossas riquezas naturais, 
para uma alimentação mais saudável na mesa brasileira e para uma melhor 
qualidade de vida no Brasil e no mundo inteiro. 
Bom Proveito! 
BOAS-VINDAS 
O sertanejo é, antes de tudo, um forte.
Euclides da Cunha
4 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Gato-maracajá (Leoparduswiedii) – Animal de pelagem, com coloração amarelo-
dourada, com rosetas escuras dispostas principalmente nas laterais do corpo. 
No dorso, as rosetas se fundem formando listras que vão do topo dos olhos 
à base da cauda. As patas traseiras têm articulações especialmente flexíveis, 
permitindo rotação de até 180º, o que lhe dá a rara habilidade dentre os 
felinos de descer de uma árvore de cabeça para baixo, como os esquilos.
Fonte: www.procarnivoros.org.br
Estudos demonstram que no Cerrado existem 11 mil espécies de plantas 
nativas catalogadas, 220 espécies de plantas de uso medicinal comprovado 
e 400 espécies de plantas utilizadas na recuperação de solos degradados.
No Cerrado encontram-se 200 espécies de mamíferos conhecidas, 800 
espécies de aves, 180 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 1.200 
espécies de peixes. O Cerrado serve de refúgio para 13% das borboletas, 
35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos. 
Cerca de 137 espécies de animais do Cerrado encontram-se ameaçadas de 
extinção. A anta, a capivara, o cachorro-do-mato-vinagre, o gato-maracajá, a 
jaguatirica, o lobo-guará, a onça-pintada, a suçuarana e o tamanduá-bandeira 
são alguns dos animais do Cerrado em risco de extinção.
CERRADO
Biodiversidade em Números
Foto: dariocnn.blogspot.com.br
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 5
A Organização das Nações Unidas (ONU) defi ne Desenvolvimento Sustentável 
como o modelo de desenvolvimento capaz de suprir as necessidades dos 
seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta de 
atender as gerações futuras.
Segundo a ONU, o Desenvolvimento Sustentável, base e essência da 
Agroecologia, baseia-se em nove princípios:
1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos. 
2. Melhorar a qualidade de vida humana. 
3. Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra. 
4. Minimizar o esgotamento de recursos não renováveis.
5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra. 
6. Modifi car atitudes e práticas pessoais.
7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio ambiente.
8. Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento 
e conservação. 
9. Constituir uma aliança global.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
6 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Foto: projetobarraginhas.blogspot.com.br
SUMÁRIO
08
09
14
23
17
26
31
19 34
28
SOLO – ORGANISMO VIVO
COMO É FORMADO O SOLO
SOLO DO CERRADO
EROSÃO E CONSERVAÇÃO DO SOLO
ELEMENTOS INDICADORES DA 
DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES
QUEIMADAS IMPACTO SOBRE O SOLO
MANEJO ECOLÓGICO PARA 
PRESERVAR A BIODIVERSIDADE
COMO MANTER A FERTILIDADE DO 
SOLO
BIBLIOGRAFIA
TECNOLOGIAS DE AGRICULTURA 
FAMILIAR SEM QUEIMADAS
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 7
EXPEDIENTE
Agroecologia – Solo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Cadernos da Agricultura Familiar - 04
Pesquisa: Aldimar Nunes Vieira, Amanda Lima, André Luiz Lins, Daniela Guimarães, 
Janaína Faustino, Larissa Cristina de Oliveira, Matheus Chaves dos Santos, Socorro 
Alves
Redação e Beneficiamento de Textos: Joseph Weiss, Nathália Santiago, Priscila Silva, 
Zezé Weiss
Edição: Zezé Weiss
Revisão: Lucia Resende
Projeto Gráfico: Anderson Blaine
Maio/2014
Tiragem: 5.000 exemplares
Esta cartilha, chamada Agroecologia – Solo Bem Cuidado, Resultados 
Multiplicados – é inspirada na cartilha Agroecologia – Plante esta Ideia, 
coordenada pela Fundação Adenauer para o Projeto de Agricultura Familiar, 
Agroecologia e Mercado – Desenvolvimento Sustentável da Agricultura 
Familiar no Nordeste, produzida sob a coordenação da jornalista Maristela 
Crispim. 
Muitos dos dados daquele texto foram copiados e adaptados às necessidades 
dos projetos da Rede Terra e do Instituto Itiquira para o Cerrado e para as 
pessoas do campo. As duas instituições manifestam seu reconhecimento e 
agradecem à equipe de produção, à Fundação Adenauer, pela realização, à 
União Europeia, pelo apoio à cartilha do Nordeste, e às parcerias em Brasília, 
pela realização dos Cadernos do Cerrado.
Todos os direitos para a utilização desta Cartilha-Caderno são livres. 
Qualquer parte poderá ser utilizada ou reproduzida, desde que seu uso seja 
exclusivamente sem fins lucrativos e que sejam reconhecidos os créditos.
AGRADECIMENTO
www.redeterra.org.br www.xapuri.infowww.institutoitiquira.org.br
Produção:Realização:
8 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Foto: Wikimedia
O solo, ou seja, a terra em pisamos, é parte integral do ciclo da vida no planeta 
Terra. É do solo que retiramos parte dos nossos alimentos. É sobre o solo que 
construímos as casas que nos abrigam. É do solo que as plantas extraem os 
nutrientes que ativam seus metabolismos. É do solo que surge o extrato da 
vida humana, e é para o solo que retornam nossos corpos, ao fim de nossa 
jornada no Planeta.
É no solo que vivem milhares, milhões de micro-organismos, como os fungos 
e as bactérias, ou as minhocas, as formigas, os cupins, os besouros, todos 
importantes em sua função de aerar a terra e fomentar a vida. É no solo 
que o ser humano planta suas sementes em busca do alimento saudável 
e da esperança renovadaa cada colheita. De geração em geração, os/as 
agricultores/as trabalharam em harmonia com a terra para extrair do solo o 
seu sustento.
Por milênios, a terra gerou vida e riquezas capazes de atender as demandas 
das gerações presentes, sem comprometer a existência das gerações futuras. 
Entretanto, desde a chamada Revolução Verde, a partir da metade do século 
XX, com a ganância do agronegócio e a invenção de novos venenos e novas 
tecnologias para exaurir os recursos da Terra, a civilização humana vem 
exigindo do solo mais do que a sua capacidade de prover para a vida no 
Planeta.
O círculo vicioso da Revolução Verde, onde os nutrientes necessários para 
recompor o solo são substituídos artificialmente, por meio do uso de produtos 
químicos que desequilibram a própria conformação da vida na terra, faz com 
que apareçam pragas mais resistentes nas plantações e doenças mais graves 
entre os seres humanos. Por essa razão, e cada vez mais, a agroecologia 
surge como alternativa para recuperar o equilíbrio do solo e para sustentar a 
vida na Terra.
SOLO – ORGANISMO VIVO
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 9
O solo é formado a partir de uma rocha de origem que, pela ação dos micro-
organismos e dos elementos do clima, como a chuva, o gelo, o vento e a 
variação da temperatura, vai-se transformando, ao longo do tempo, em um 
material mais solto e mais macio, que passa a ser chamado de parte mineral 
do solo. 
A formação do solo depende, portanto, da rocha matriz que é transformada, 
por pressão, temperatura, água e vento, em areia ou barro que resultam, 
depois de centenas, milhares ou milhões de anos, nos diferentes tipos de solo 
existentes no planeta Terra.
HORIZONTES DO SOLO
Observando-se um corte de solo sob uma perspectiva lateral, podemos dividir 
esse perfil em quatro horizontes:
O – Superfície, também chamada de manta 
morta ou serapilheira – local onde a matéria 
orgânica ainda está em decomposição.
A – Local logo abaixo da Superfície – local 
onde estão a maior parte da matéria orgânica 
decomposta, as raízes e os micro-organismos.
B – Subsolo – local onde o material rochoso 
se decompõe.
C – Solo rochoso.
COMO É FORMADO O SOLO
10 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
OS ORGANISMOS DO SOLO
Nos processos de decomposição e renovação do ciclo da vida, os organismos 
do solo têm como principal função a decomposição da matéria orgânica e da 
fração mineral, para que os nutrientes possam ser disponibilizados para as 
plantas. Eles se dividem em macro e micro-organismos.
MICRO-ORGANISMOS
São os fungos, as bactérias, os protozoários, os artrópodes e as algas. Os 
micro-organismos estão no solo para converter em matéria orgânica os 
resíduos animais (esterco e animais mortos) e as partes mortas das plantas. 
Ao mobilizar nutrientes, ácidos e outros elementos, os micro-organismos 
garantem a continuação da vida. Eles ajudam a formar a textura e a porosidade 
do solo, a garantir a disponibilidade de nutrientes e a manter as atividades 
biológicas (microbianas) necessárias para que o ciclo se mantenha.
O solo é, portanto, a casa de uma comunidade viva, e é em sua camada 
superior que se forma a maior parte da biodiversidade na Terra:
Bactérias
São os menores organismos de 
uma só célula. Em cada grama 
de solo, há mais de um milhão de 
diferentes tipos de bactérias. Elas 
fornecem nutrientes às plantas.
Fungos
Ajudam a decompor a matéria 
orgânica, liberando nutrientes. 
Alguns fungos produzem 
hormônios e até antibióticos.
Micorrizos
São fungos que vivem dentro das 
raízes, ajudando-as a absorver 
água, fósforo e outros nutrientes, 
e protegendo-as dos nematoides.
Actinomicetos
São bactérias em forma de 
filamentos que decompõem 
a matéria orgânica, liberando 
nutrientes e evitando as doenças 
das raízes com seus antibióticos.
Algas
Produzem seu próprio alimento 
através da fotossíntese. Aparecem 
numa camada verde em cima 
do solo após certas chuvas. 
Produzem material pegajoso que 
prendem as partículas do solo, 
formando agregados que não se 
desfazem na água.
Protozoários
Nadam na água entre as 
partículas de solo. Ao digerir 
bactérias, oferecem o nitrogênio 
para a absorção mais rápida de 
nutrientes pelas plantas.
Nematoides
Também aceleram a absorção 
dos nutrientes. Poucos são 
nocivos às plantas.
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 11
Foto: oextensionista.blogspot.com.br
MACRO-ORGANISMOS
As minhocas, as formigas, os cupins e os besouros são macro-organismos 
que complementam o processo de decomposição da matéria orgânica, da 
fixação de nitrogênio e da ciclagem de nutrientes no solo.
As minhocas decompõem a matéria orgânica, formando o húmus. Ao caminhar, 
dão passagem ao ar e à água no solo, tornando-o mais poroso para as raízes. 
As formigas, cupins e besouros fortalecem a estrutura do solo com resíduos 
reciclados, formando agregados e poros, tornando-o mais resistente aos 
ventos e às chuvas.
12 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Foto: www.mafes.net
SOLOS ORGÂNICOS
Solos orgânicos são aqueles constituídos por matéria orgânica, oriundos da 
decomposição vegetal e da ação de micro-organismos, com boa aeração. Os 
solos orgânicos reduzem os efeitos da compactação, aumentam a capacidade 
de retenção de água no solo, diminuem a necessidade de irrigação e resistem 
melhor à seca prolongada. Ou seja, são solos com horizontes O e A mais 
profundos, que facilitam o crescimento dos micro-organismos, os quais 
favorecem o crescimento das plantas.
A matéria orgânica nos solos é o cerne da manutenção de sua capacidade 
produtiva. É o uso da matéria orgânica que garante a boa produtividade dos 
cultivos agroecológicos. Plantas bem nutridas crescem mais, produzem mais, 
são mais resistentes à seca, às pragas e às doenças. Os adubos orgânicos 
representam, portanto, a seiva capaz de alimentar o sonho de uma produção 
agroecológica em escala nos espaços da agricultura familiar Brasil afora. 
Fonte: Chaboussou (1995).
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 13
CICLO DOS NUTRIENTES NO SOLO E NA PLANTA
A planta cresce absorvendo água e nutrientes do solo. As folhas caem, se 
descompõem e voltam ao solo como matéria orgânica, absorvida pelas raízes 
ou mantida na terra para enriquecer o solo.
QUALIDADE DO SOLO
O solo é a base da vida e o bem mais precioso do nosso planeta. O solo do 
Cerrado é fonte de cobiça para o agronegócio e fonte de riqueza para milhares 
de agricultores e agricultoras familiares. 
A qualidade do solo envolve sustentabilidade, produtividade, sistemas 
de manejo e conservação e depende de alguns atributos como textura, 
profundidade, permeabilidade, atividade biológica, capacidade de armazenar 
água e nutrientes, e também quantidade de matéria orgânica.
Quem é agricultor/a ecológico/a sabe quando o solo está saudável ou doente, 
fértil ou morto. O solo fértil gera uma terra macia. Ao absorver a água das 
chuvas, o solo fértil deixa escorrer pouca água. No solo fértil a terra fica mais 
tempo úmida na seca e resiste melhor à erosão. 
O solo saudável ideal é puro, sem resíduos tóxicos ou metais pesados, 
com nutrientes em equilíbrio, sem pragas e sem doenças. O solo morto é 
compactado e cria crosta depois do plantio.
14 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
O solo do Cerrado, em geral, é classificado como latossolo, ácido e com 
baixa concentração de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg), além da alta saturação de 
alumínio tóxico. A baixa concentração de nutrientes e a alta concentração de 
alumínio no solo contribuem para o baixo crescimento das plantas e para as 
formas retorcidas das árvores nativas, característica típica da vegetação do 
Cerrado. 
A baixa fertilidade do solo também influencia a baixa produção de matéria 
orgânica nas regiõesde Cerrado. Os restos de vegetação (folhas, ramos, 
caules e cascas de frutos), em seus diferentes estágios de decomposição, 
formam uma camada fina de matéria orgânica, insuficiente para garantir uma 
alta fertilidade do solo.
Por essa razão, estudos mostram uma produtividade três vezes maior em área 
de Cerradão, onde a vegetação é mais abundante, com topos de árvores de 
até 15 metros, do que nas áreas de Cerrado típico, cobertas principalmente 
por gramíneas.
FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES
A eficiência nutricional é a capacidade que uma planta tem de absorver e 
utilizar os nutrientes disponíveis. Plantas com alta capacidade de absorção e 
utilização de nutrientes conseguem ter maior produtividade. Assim, quando há 
a dificuldade de se obter os nutrientes que necessitam, por diversos fatores, 
as plantas reduzem sua eficiência e passam a apresentar déficit nutricional. 
Os principais fatores que afetam a disponibilidade dos nutrientes no solo são:
• rocha de origem do solo
• pH, ou acidez do solo
• chuvas 
• matéria orgânica
ROCHA DE ORIGEM DO SOLO
Muitos nutrientes fundamentais (N, K, P, S, Ca, Mg) para o desenvolvimento 
das plantas são escassos em solos profundos como o latossolo. 
A escassez de nutrientes se deve ao fato de que os materiais vindos da rocha-
mãe são pobres em nutrientes, e esses poucos são perdidos por meio da 
ação de degradação da rocha e da chuva, que os levam os nutrientes para 
abaixo do acesso das plantas.
SOLO DO CERRADO
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 15
Dessa forma, o material originado da rocha-mãe influencia na quantidade de 
nutrientes que serão dispostos para as plantas, pois é deste material que 
vem o solo. Se o solo não fornece às plantas os nutrientes fundamentais, elas 
terão dificuldade para crescer. 
PH
O Cerrado apresenta um pH ácido, variando de 4.3 a 6.2 aproximadamente. 
Esse pH ocorre porque no latossolo do Cerrado há altas quantidades de 
alumínio tóxico e há baixa disponibilidade de nutrientes essenciais como o 
fósforo, o cálcio, o magnésio, o potássio, o zinco.
A alteração do pH do solo causa dois problemas principais: 
• Os nutrientes não ficam disponíveis, como no caso do fósforo
• Elementos como o alumínio ficam mais tóxicos quando o pH está 
abaixo de 5.0. 
Como o solo do Cerrado típico é ácido, essa situação é comum, inibindo a 
formação normal da raiz e dificultando a absorção de nutrientes. 
REGIME DE CHUVAS
O Cerrado possui um regime bastante diferenciado de chuvas: seis meses de 
seca, época em que as plantas precisam se proteger, para evitar a morte; e 
seis meses de chuva, em geral com água abundante, época em melhoram a 
fotossíntese, a absorção de nutrientes e a fixação de nitrogênio pelas plantas 
do Cerrado.
MATÉRIA ORGÂNICA
A matéria orgânica aumenta a fertilidade do solo, pois melhora diversas 
propriedades físicas, químicas e biológicas do mesmo, permitindo o aumento 
da capacidade de absorção de nutrientes. 
A matéria orgânica fornece energia suficiente para a atuação de micro-
organismos, reduz a erosão, estabiliza a temperatura do solo, ao proteger a 
camada superficial dos raios solares, e ainda retém água, fazendo com que o 
solo fique mais úmido. 
Contudo, o latossolo do Cerrado não acumula muita matéria orgânica por que 
se decompõe rapidamente, o que contribui para a deficiência de nutrientes.
16 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Foto: Michele Nobrega
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 17
Na natureza, existe uma circulação constante de nutrientes absorvidos pelas 
plantas e, das reservas no subsolo, adiciona-se nova matéria mineral. Essa 
circulação acontece com o crescimento e a decomposição dos organismos 
no solo. A fertilidade do solo resulta do funcionamento desse ciclo.
Quando faltam nutrientes, as plantas não se desenvolvem bem. A falta de 
cada nutriente apresenta sintomas específicos que devem ser corrigidos para 
voltar ao equilíbrio. Observando esses sintomas, podemos saber as medidas 
a tomar.
Por outro lado, não basta combater só as consequências. É importante 
procurar também as causas das deficiências para corrigi-las e/ou mitigá-las 
e, assim, melhorar o manejo e a fertilidade do solo, para garantir a restauração 
das reservas de nutrientes e a qualidade da produção agroecológica ao longo 
dos anos.
ASPECTO DAS PLANTAS 
NUTRIENTE SINTOMAS DA DEFICIÊNCIA
Nitrogênio (N) Coloração verde clara, com folhas inferiores amareladas.
Fósforo (P) Cor verde escura ou arroxeada, folhas menores, atrofiadas, 
especialmente começando pela parte inferior.
Potássio (K) Descoloração castanha e queimaduras nas bordas das folhas 
inferiores.
Cálcio (Ca) Broto da planta apodrecido, atraso das primeiras folhas. 
Magnésio (Mn) Nervuras verdes, folhas inferiores amareladas ou avermelhadas.
Enxofre (S) Folhas novas amarelo-claro ou verde-suave.
Boro (B) Folhas amareladas, brotos pálidos ou brancos, folhas mais grossas 
do que o normal da espécie.
Cloro (Cl) Folhas murchas, podendo ser necróticas, verde-pálidas ou 
amareladas.
Zinco (Zn) Plantas anãs, com folhas amareladas no centro para então 
escurecerem.
Ferro (Fe) Pontas das folhas amarelas ou quase brancas.
Manganês (Mn) Nervuras centrais das folhas verdes, porém o restante cinza-
amarelado ou cinza-avermelhado.
Cobre (Cu) Folhas novas amarelo-pálidas, que secam e morrem.
Molibdênio (Mo) Folhas mais velhas com manchas amarelo-esverdeadas ou laranja-
brilhante, que morrem. Pode não dar flores. Bordas das folhas 
podem se enrolar.
ELEMENTOS INDICADORES 
DA DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES
18 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
AUSÊNCIA DE ANIMAIS
A ausência ou diminuição da população de animais também indica problemas 
com o solo. A falta do besouro-rola-bosta pode indicar agrotóxicos nas 
fezes dos animais. Bicheira pode ser sinal de matéria orgânica decomposta 
descoberta. Aranhas em locais sem sombra pode ser pela falta de predadores. 
A falta de abelhas pode ser devido a resíduos de agrotóxicos.
PRESENÇA DE ERVAS DANINHAS
PLANTA INDICADORA INDICA
Barba-de-bode Pastos muito queimados – deficiência de 
fósforo
Capim-arroz Terra com nutrientes reduzidos e 
substâncias tóxicas
Cabelo-de-porco Terra muito cansada
Capim-favorito Terras muito compactas e secas, água 
penetra com dificuldade
Capim-amoroso ou carrapicho Terra de lavoura depauperada e muito 
dura, pobre em cálcio
Capim-marmelada ou capim-papuã Terra de lavoura com laje superficial e falta 
de zinco
Capim-rabo-de-burro Camada impermeável de 80 a 100 cm de 
profundidade, que represa água
Capim-seda Terra muito compactada e pisoteada
Carneirinho ou carrapicho-de-carneiro Falta de cálcio
Cravo-brabo Terra infestada de nematoides
Fazendeiro ou picão-branco Terras cultivadas com excesso de 
nitrogênio e falta de cobre
Gramão ou batatais, ou grama mato-
grosso
Terra cansada e com baixa fertilidade
Guanxuma ou malva Terra muito compactada e dura
Maria-mole ou berneira Compactada em 40 a 50 cm de 
profundidade – falta potássio
Lingua-de-boi Excesso de nitrogênio
Samambaia Solo ácido
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 19
Os solos doentes precisam de ajuda. Alguns cuidados, elementos e receitas 
simples podem melhorar a saúde dos solos. O principal cuidado é o de 
devolver sempre matéria orgânica para o solo.
Uma planta que germina, cresce e morre no mesmo lugar retorna todo o 
nutriente que uso para o solo, fechando o ciclo de nutrientes. Quando uma 
planta é colhida, os nutrientes retirados não retornam, empobrecendo o solo. 
Daí a importância de se colocar matéria orgânica no solo para manter sua 
fertilidade. A matéria orgânica vem de restos animais e vegetais. Quando 
devolvemos à terra o que dela retiramos, o solo se mantémem equilíbrio.
É importante lembrar que matéria orgânica não é adubo, ela tem o papel de 
alimentar a vida aeróbica do solo, deixando-o poroso para que a água possa 
passar com facilidade e as raízes possam crescer livremente. 
RECEITAS PARA TRATAR SOLOS FRÁGEIS E DOENTES
Adubação Verde 
É usada para aumentar a matéria orgânica no solo, melhorar a aeração, a 
retenção de água e o acúmulo de nutrientes. As leguminosas são muito úteis 
por disponibilizar o nitrogênio presente no ar para as plantas. Suas raízes 
profundas trazem nutrientes para a superfície, que ficam disponíveis para 
as plantas de raízes mais superficiais. A adubação verde ajuda também na 
supressão de ervas espontâneas e previne a erosão e a compactação do solo. 
As plantas podem ser consorciadas, intercaladas em faixas com a cultura 
principal ou usadas em áreas de repouso.
Biofertilizantes
São fáceis de fazer e adicionam os minerais necessários às plantas. Exemplos: 
• Urina de vaca para deficiência de nitrogênio, diluída em água por 
1:20.
• Chorume coletado do minhocário ou da composteira, aplicado ao 
solo numa diluição em água de 1:10.
COMO MANTER A FERTILIDADE DO 
SOLO
20 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Fonte: calibrandoaalma.blogspot.com.br
Calagem 
É o efeito corretivo do calcário. A quantidade é determinada pela acidez do 
solo, que pode ser analisado em laboratório. A acidez pode variar de ácido, 
neutro ou alcalino. Geralmente as plantas se desenvolvem em pH variando de 
6 a 7. Para a correção inicial da acidez do solo, não há nenhuma restrição ao 
uso de calcário. A dosagem é recomendada para correção da deficiência de 
cálcio e magnésio, ou para neutralizar o alumínio trocável. Estercos e cinzas 
também atuam como corretivos da acidez.
Cobertura Verde
Tem o mesmo efeito que a adubação verde e melhora a estrutura e a textura 
dos solos. Além disso, as folhas adubam a terra com nutrientes. Cobertura 
verde é boa para solos duros e compactados. Por isso, são usadas plantas 
com raízes profundas, que abrem o solo, permitindo que o ar e a água penetrem 
na terra, como a batata doce ou a abóbora.
Composto 
Fertilizante feito a partir de restos de plantas e de sobras de cozinha, que se 
transformam em matéria orgânica. O composto melhora a estrutura do solo e 
aumenta os nutrientes. 
O processo de compostagem é muito simples e pode ser feito em qualquer 
propriedade. 
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 21
Alguns materiais orgânicos podem ser compostados. Outros não. O quadro 
abaixo indica o que compostar: 
MATERIAIS A COMPOSTAR MATERIAIS A NÃO COMPOSTAR
Verdes Castanhos
• Restos de vegetais crus
• Restos e cascas de frutas
• Burras de café, incluindo 
filtros
• Arros e massa cozinhados
• Folhas verdes
• Sacos de chá
• Cereais
• Ervas daninhas (sem 
semente)
• Restos de relva cortada e 
flores
• Cascas de ovos 
esmagadas*
• Pão*
• Feno
• Palha
• Aparas de madeira e 
serradura
• Aparas de relva e erva 
seca
• Folhas secas
• Ramos pequenos
• Carne, peixe, marisco, lacticínios e gorduras 
(queijo, manteiga e molhos)
• Escrementos de animais (podem conter 
microrganismos patogênicos que sobrevivam 
ao processo de compostagem)
• Resíduos de jardim tratados com pesticidas
• Plantas doentes ou infestadas com insectos
• Cinzas de carvão
• Ervas daninhas com semente (se o 
composto for para aplicar numa área 
agrícola)
• Têxteis, tintas, pulhas, vidro, metal, plástico, 
medicamentos, produtos químicos
*Estes materiais devem ser utilizados em quantidades limitadas, porque se decompõem lentamente.
Todos os materiais orgânicos têm uma mistura de carbono (C) e nitrogênio 
(N), conhecida como a relação C/N, que deve ser equilibrada. Esse equilíbrio 
se consegue utilizando metade de material fresco e metade de material seco.
MATERIAL SECO LIBERA CARBONO E DEIXA 
ESPAÇOS DE AR AO REVIRAR A PILHA
MATERIAL FRESCO LIBERA NITROGÊNIO E 
ADICIONA UMIDADE AO COMPOSTO
• Estercos
• Folhas secas
• Capim seco
• Ramos e galhos
• Restos de grama cortada e seca
• Palha
• Restos de cortes e podas
• Papelão
• Serragem
• Folhas verdes
• Ervas espontâneas
• Restos de vegetais crus e frutas
• Restos de grama cortada
• Borra de café
• Sacos de chá
• Cascas de ovos
• Pão 
• Flores
Para realizar a compostagem:
• Coloque uma camada do material seco em local sombreado perto 
da horta;
• Em cima, coloque uma camada de cobertura fresca e um pouco de 
esterco de vaca;
• Repita a colocação de camadas até um metro de altura; 
• Molhe sem encharcar; 
• Revire a pilha uma vez na semana; 
• Após 1 a 3 meses, o composto fica pronto e pode ser usado nos 
canteiros.
22 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Esterco
Pode ser utilizado no solo depois de curtido, no preparo de compostos na 
forma sólida, ou como biofertilizante, na forma líquida. Os estercos mais 
utilizados são o bovino, o avícola, o caprino e o ovino. Cada um deles contém 
uma quantidade diferente de nitrogênio, necessitando, portanto, ser dosado 
e manejado.
Minhocas 
Podem ser criadas em um minhocário e alimentadas com restos vegetais. Em 
troca, elas oferecem adubo rico em nutrientes e diminuem a dependência dos 
insumos externos.
Como fazer um Minhocário
O papel da minhoca é o de digerir material orgânico, transformando-o em 
pequenas partículas de matéria orgânica que devolvem ao solo em forma de 
húmus, que são as fezes das minhocas. Assim, as minhocas contribuem para 
a fertilidade do solo com uma grande variedade de nutrientes. . Fazer um 
minhocário é simples:
• Basta preparar uma caixa ou um canteiro e encher com pelo menos 
30 cm de esterco de vaca curtido, misturado com papel picado (sem 
cor) ou papelão. 
• Molhe com água até ficar como uma esponja e adicione um punhado 
de minhocas. Espere dois dias. 
• Depois, alimente as minhocas com folhas secas, ervas espontâneas, 
frutas ou cascas de ovo trituradas. Não coloque muita comida de 
uma vez. 
• Cubra com palha e colete o chorume. Para separar as minhocas do 
húmus, coloque comida fresca só de um lado.
Após alguns dias, o húmus pode ser retirado. Pode ser diluído em água para 
usar em plantas com sinais de deficiências de nutrientes.
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 23
Erosão
A cada ano, perdemos milhões de hectares de áreas cultiváveis, para a 
degradação e para a erosão. Infelizmente essa perda é irreversível. O Planeta 
leva de 200 a 1.000 anos para formar 2,5 centímetros de terra fértil. 
A erosão reduz significativamente o potencial de produção. A água que escorre 
leva junto o potencial produtivo do solo. O descuido leva à erosão do solo, ou 
cria voçorocas, como nas fotos a seguir.
Foto: Willian Lopen
EROSÃO E CONSERVAÇÃO DO SOLO
24 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
PRÁTICAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO
A erosão pode ser evitada com práticas de conservação do solo. As vantagens 
da conservação vão aumentando ano a ano. Algumas das práticas de 
conservação: 
Paliçadas
Prática usada na contenção das enxurradas, para evitar que o solo seja 
perdido na passagem da água das chuvas. Essas estruturas podem ser feitas 
com madeira, pedra, galhos ou troncos de árvores, entulho ou terra, tendo a 
fi nalidade de evitar o escoamento em velocidade no interior da erosão.
Plantio em Nível
Consiste em preparar o solo para o plantio e plantar de acordo com o nível 
do terreno. Para isso, são feitas curvas de nível e terraços que servem de 
barreiras para reduzir a velocidade da passagem da água.
Foto: www.verticalgreen.com.br
Foto: Wikimedia
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 25
Rotação de Culturas
Com a rotação das culturas, em cada safra, faz-se a troca das plantações por 
outras bem diferentes (de outros gêneros),e essa prática provoca a redução 
dass doenças e das pragas. 
Adubação Verde
Consiste basicamente em plantar uma cultura só para manter o solo coberto 
e diminuir a erosão entre plantios, ou nas linhas de culturas permanentes. 
Normalmente são usadas culturas que aumentam a fertilidade do solo, como 
as leguminosas, que fixam o nitrogênio diretamente do ar com a ajuda de 
bactérias. Assim, aumenta a produtividade do solo. Outras plantas reduzem a 
compactação do solo com suas raízes profundas.
Plantio Direto
O plantio direto é feito sem arado e sem grade, cobrindo o solo com os restos 
da cultura anterior. Essa prática mantém os solos vivos com o trabalho dos 
micróbios, diminuindo a sua compactação, conservando melhor a umidade e 
mantendo a temperatura mais baixa para fortalecer a atividade microbiana do 
solo.
Integração Lavoura-Pecuária
A integração lavoura-pecuária é a diversificação, rotação, consorciação ou 
sucessão da lavoura e da criação, com benefícios para ambas. Algumas 
vantagens dessa integração são:
• Renda mais estável e durante mais meses do ano;
• Recuperação do solo e da capacidade de produção;
• Trabalho durante todo o ano;
• Menos pragas e doenças;
• Mais cobertura vegetal e matéria orgânica no solo, melhor estrutura 
física e infiltração das águas das chuvas.
26 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
O uso das queimadas em áreas rurais é uma prática antiga, que tem como 
finalidade a limpeza das áreas, a queima de resíduos para eliminar pragas e 
doenças, a renovação de pastagens, a queima de dejetos de serrarias e de 
lixo urbano. E, ainda, a prática é usada como técnica de caça.
Embora haja mudanças, com o aumento das práticas agroecológicas, 
infelizmente as queimadas continuam sendo utilizadas na agricultura, como 
desmate para o plantio, e nas pastagens, como técnica de “reforço” dos 
pastos. 
À primeira vista, a pastagem rebrotada surge com mais força e melhor aparência. 
Porém, ao longo dos anos, acontece a degradação físico-química e biológica 
do solo, com enormes prejuízos para o Meio Ambiente. A queimada reduz a 
lotação animal por hectare, diminui a capacidade produtiva das forrageiras, 
provoca a desnutrição das plantas e aumenta a compactação do solo.
As queimadas antes do plantio trazem muitos problemas ambientais, como a 
poluição do ar, a emissão dos gases que aquecem a terra, o empobrecimento 
do solo, a morte de animais silvestres e de espécies da flora nativa, com a 
consequente redução da biodiversidade, e mais erosão. Nas propriedades 
rurais, as queimadas danificam redes de eletricidade, queimam cercas, 
invadem e destroem áreas de cultivo. Quando fora de controle, as queimadas 
atingem e devastam as reservas ecológicas. 
Impacto Direto das Queimadas
• Emissão de gás carbônico (CO2), contribuindo para o aquecimento 
do clima. 
• Prejuízo e morte de espécies da fauna e flora importantes para o 
equilíbrio do ecossistema.
• Empobrecimento do solo – ao matar a matéria orgânica, os nutrientes 
e os micro-organismos do solo, as queimadas reduzem a produção 
em até 80% depois das primeiras safras. 
• Exposição do solo exposto a todas as intempéries da natureza, 
inclusive a processos erosivos nos solo sem vegetação.
• Diminuição da produtividade da terra.
QUEIMADAS
IMPACTO SOBRE O SOLO
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 27
Foto: Brenno Sarques
28 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Existem tecnologias alternativas para ajudar a reduzir a prática das queimadas 
no manejo da terra. São tecnologias que evitam os incêndios e queimadas e 
ainda podem garantir a produtividade da lavoura. As recomendações básicas 
são diversificar e intensificar a produção. A seguir, algumas das tecnologias 
disponíveis:
DIVERSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO
Para minimizar os riscos e garantir a sustentabilidade de seus cultivos, o/a 
produtor/a familiar tem dois caminhos a seguir: 
• Especializar-se na produção de um cultivo específico, com alto valor 
agregado e garantia de mercado
• Diversificar a produção, procurando aproveitar as oportunidades de 
mercado, com as possibilidades da oferta ambiental dos recursos 
naturais disponíveis em sua propriedade. 
A segunda opção é, naturalmente, a recomendada para o cultivo agroecológico.
SISTEMAS AGROFLORESTAIS
O uso de sistemas agroflorestais – ou seja, plantios envolvendo culturas 
alimentares e madeireiras – é uma importante alternativa de produção para 
pequenos/as e médios/as produtores/as, porque pode gerar mais renda para 
as famílias e mais diversidade para o Meio Ambiente. Antes de se fazer a 
introdução dessas culturas, é preciso estudar detalhadamente o mercado 
consumidor local e regional.
A principal vantagem dos modelos agroflorestais, especialmente para os/as 
pequenos/as agricultores/as, é definir uma programação de plantio e colheita, 
de forma a permitir ao agricultor e à agricultora manter um fluxo constante de 
renda, durante todo o ano e, ainda, preservar boa parte da mata natural que 
cobre seu terreno. 
MANEJO FLORESTAL
O manejo florestal visar gerar renda e empregos, e também reduzir o 
desmatamento e os focos de incêndio. O princípio básico do manejo florestal 
resume-se em retirar e repor, e isso abrange as seguintes etapas:
• Mapear o estoque de árvores, idades, estágios de desenvolvimento, 
tamanhos e principais espécies comerciais.
TECNOLOGIAS DE AGRICULTURA 
FAMILIAR SEM QUEIMADAS
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 29
• Apresentar um Plano de Manejo Florestal Sustentável, prevendo o 
corte limitado de árvores e a administração da floresta e respeitando 
a sustentação do ecossistema.
• Replantar as árvores retiradas a partir de mudas produzidas ou 
compradas. 
• Fazer os tratos culturais da terra para favorecer a regeneração e 
aumentar a produtividade, como o corte dos cipós, o anelamento, 
o desbaste, e retirada dos galhos secos e pragas, a cada dois anos.
• Planejar as trilhas para transporte, de forma que a derrubada de uma 
árvore não acarrete prejuízo para muitas outras.
• Aproveitar todas as partes das árvores retiradas.
• Manter vigilância e tomar precauções para evitar incêndios na área 
da exploração e em toda a propriedade.
REFLORESTAMENTO SOCIAL
Podem ser plantadas espécies madeireiras de crescimento rápido para 
produção de celulose, madeira, laminados e carvão vegetal. Espécies 
frutíferas também podem ser utilizadas, por exemplo, a banana, a manga, o 
caju, o coco, o café, as plantas medicinais. Além das plantas, é importante a 
presença de pequenos animais, tanto para o consumo familiar quanto para a 
geração de renda com a venda do excedente.
COBERTURA VERDE OU MORTA E COMPOSTOS ORGÂNICOS
A introdução de cobertura verde (especialmente leguminosas, tipo crotalária) 
ou cobertura morta (resíduos de culturas não queimadas) e a fabricação de 
compostos orgânicos são tecnologias de baixo custo que aumentam o volume 
de biomassa e melhoram a produtividade nas pequenas propriedades. 
QUEIMA CONTROLADA
A queima deve ser ao máximo possível evitada. Em casos excepcionais, o/a 
agricultor/a pode solicitar autorização junto aos órgãos de Meio Ambiente 
para realizar queimas. O/a interessado/a na obtenção de autorização para a 
queima controlada deve:
• Definir as técnicas, os equipamentos e a mão de obra a serem 
utilizados;
• Fazer o reconhecimento da área e avaliar o material a ser queimado;
• Fazer leiras com os resíduos de vegetação, de forma a limitar a ação 
do fogo;
• Preparar aceiros de três metros de largura, ampliando essa faixa 
30 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Fonte: www.grupoopiniao.com.br
quando as condições climáticas, ambientais e topográficas assim o 
permitirem;
• Providenciar pessoal treinado pra atuar no local da operação, com 
equipamentosapropriados;
• Informar formalmente vizinhos sobre a realização da queimada 
controlada;
• Prever a realização da queima em dia e horário certos, evitando-se 
os períodos de temperatura mais alta;
• Providenciar o acompanhamento de toda a operação de queima, 
para adotar, se necessário e a tempo, medidas de contenção do fogo;
• Nunca fazer uma queima sem autorização.
ONDE É PROIBIDO USAR FOGO 
• Nas florestas e demais formas de vegetação;
• Para a queima pura e simples de aparas de madeira, resíduos 
florestais e material lenhoso;
• Também não se pode usar fogo numa faixa de 15 m dos limites de 
segurança das linhas de transmissão de energia elétrica;
• 100 m ao redor da área de domínio de subestação de energia elétrica;
• 25 m ao redor da área de domínio de estações de telecomunicações;
• 50 m a partir do aceiro existente nas Unidades de Conservação;
• 15 m de cada lado das rodovias estaduais e federais e das ferrovias, 
medidos a partir da faixa de domínio;
• Em área definida pela circunferência de raio igual a 11 mil metros, 
tendo como referência o centro geométrico da pista de pouso dos 
aeroportos.
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 31
Fonte: Embrapa
O manejo ecológico é fundamental para manter o solo fértil. Alguns princípios 
para o manejo ecológico, como a proteção do solo e a preservação da 
biodiversidade, podem ser observados na própria natureza. 
PROTEÇÃO DO SOLO
O solo precisa ser sempre protegido da ação direta do sol, da chuva e do 
vento. Um exemplo de boa proteção do solo é uma floresta, onde as plantas 
e seus restos cobrem a terra, conservando a água e deixando o solo mais 
úmido. 
Em um solo de floresta, os micro-organismos, as minhocas e outros animais 
formam um sistema de drenagem e irrigação, e isso permite que as águas 
das chuvas infiltrem, levando com elas a matéria orgânica para as raízes das 
plantas e deixando o solo mais fértil. 
A falta dessa proteção provoca a erosão, a degradação e o desmatamento. 
Por isso, em vez de derrubar o verde, é importante plantar o máximo possível 
de árvores, preferencialmente em agroflorestas. O quadro a seguir mostra 
algumas outras formas simples de proteger o solo.
MANEJO ECOLÓGICO DE PROTEÇÃO 
DO SOLO PARA PRESERVAR A 
BIODIVERSIDADE 
32 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
DICAS SIMPLES DE PROTEÇÃO DO SOLO
PRÁTICAS DE PROTEÇÃO 
DO SOLO
VANTAGENS COMO FAZER
Cobertura do solo e húmus. Evita erosão. Armazena 
água e nutrientes.
Plantas verdes ou secas 
entre culturas. Em hortas: 
cascas de arroz, sabugos e 
palhas de milho; serragem, 
capim seco, curtidos.
Plantio em curvas de nível. Reduz a velocidade de 
escoamento da água, 
evitando que a enxurrada 
carregue grande quantidade 
de solo.
Em áreas com declive: 
fazer curvas de nível com 
tratores, colocando drenos 
e barreiras com materiais 
disponíveis ao longo das 
curvas.
Quebra-Ventos. Evita a ação direta do 
vento. Retém o solo, dá 
sombra, abriga insetos.
Barreiras de cercas verdes, 
observando a direção dos 
ventos. Usar capins altos, 
árvores leguminosas e 
outras plantas altas.
Roço de rebaixamento. Protege o solo. Do material roçado, fazer 
leiras, cobrir o solo e pôr no 
composto.
Foto: Thiago Marra
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 33
PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
A natureza tem uma enorme biodiversidade, onde plantas e animais convivem 
e se complementam. A integração dos seus ciclos de nutrientes mantém a 
fertilidade do solo, que sustenta a todos. Quanto maior a biodiversidade das 
espécies, maior será o equilíbrio e a estabilidade do sistema solo-planta-
microrganismo. 
Os sistemas diversificados são mais sustentáveis que as monoculturas, 
especialmente quanto ao solo. A diversidade planejada, como nos sistemas 
agroflorestais, permite uma sinergia entre a flora e a fauna, gerando um 
equilíbrio que estrutura o solo, diminui a erosão, aumenta a matéria orgânica 
e o acesso aos nutrientes. Existem várias maneiras para preservar e aumentar 
as espécies. 
O quadro a seguir apresenta algumas dicas simples para a agricultura familiar.
DICAS DE PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE
PRÁTICAS DE PRESERVAÇÃO 
DA BIODIVERSIDADE
VANTAGENS COMO FAZER
Rotação de culturas Aumenta a produtividade 
das lavouras. Interrompe 
os ciclos de pragas e 
doenças. Mantém ciclos de 
nutrientes.
Alternar várias espécies 
comerciais e de cobertura 
do solo, para gerar mais 
biomassa.
Culturas consorciadas Ajuda a fixar nitrogênio 
no solo, garante uma 
alimentação melhor e mais 
renda para a família.
Junto com o milho e o 
feijão, plantar gergelim, 
abóbora, arroz e adubos 
verdes.
Agroflorestas Estrutura e conserva o 
solo, provoca sinergia entre 
flora e fauna, reduz erosão, 
aumenta matéria orgânica e 
ciclagem de nutrientes.
Plantar sementes ou mudas 
de árvores nativas, frutíferas 
ou não, junto com outras 
culturas.
Manejo pastoril Recupera pastagens. 
Fixa nitrogênio no solo. 
Formam-se assim três 
camadas de proteção: 
plantas, restos vegetais e 
raízes. Aumentam a matéria 
orgânica, a absorção da 
chuva e a produtividade. 
Plantar forrageiras, 
leguminosas (rasteiras, 
arbustivas e arbóreas). Usar 
esterco para garantir mais 
fertilidade e porosidade.
34 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados
Agroecologia – Plante esta Ideia. Agricultura Familiar – Agroecologia e 
Mercado. Caderno 01. Fundação Konrad Adenauer, 2008.
AMARAL, Nautir. Noções de conservação do solo. 2 Ed., São Paulo: Nobel,1984
FAGERIA, KumarNand. Otimização da Eficiência Nutricional na Produção 
de Culturas. Revista Bras. Eng. Agric. Ambiental. Campina Grande, Paraíba, 
1988.
HSAIO, T.C. Plant Responses do Water Stress. Annual Review of Plant 
Physiology. Palo Alto, Califórnia. 1973. 
• www.calibrandoaalma.blogspot.com.br
• www.crv.mg.gov.br
• www.abcsem.com.br
• www.agencia.cnptia.embrapa.br
• www.coamo.com.br/jornalcoamo/abr02/agricultura03.html
• www.educador.brasilescola.com
• www.ilhasolteiraambiental.blogspot.com.br
• www.preveqmd.cnpm.embrapa.br/cartilha.htm
• www.preveqmd.cnpm.embrapa.br/cartilha.htm
• www.procarnivoros.org.br/2009/animais
• www.pt.wikipedia.org
• www.romeroestatecoffee.com.br
• www.senarrondon2011.wordpress.com
BIBLIOGRAFIA
AGROECOLOGIA
Cadernos da Agricultura Familiar 35
Foto: Anderson Blaine
36 AGROECOLOGIASolo Bem Cuidado, Resultados Multiplicados

Outros materiais