Buscar

AÇÕES AFIRMATIVAS E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

[Aluna: Larissa Lotufo, 1º ano noturno de direito] 
 
3 AÇÕES AFIRMATIVAS E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE 
 
 
3.1 Dignidade da pessoa humana 
 
As ideias acerca da dignidade da pessoa humana surgem no campo religioso junto às 
crenças pontuadas na bíblia de que o homem é um ser semelhante a Deus, transpassa para os 
estudos filosóficos com o advento do iluminismo e é usado no campo da política no século 
XX como uma meta a ser alcançada pela sociedade. Somente após a passagem do conceito 
por esses campos sociais que o mesmo tornou-se uma preocupação dos estudos jurídicos, 
pode-se pontuar ainda a importância que a concepção tomou a partir da 2ª Guerra Mundial
1
. 
Desde então, a dignidade da pessoa humana incorporou seu significado junto aos mais 
diversos documentos ao redor do mundo
2
, sendo citado inclusive em constituições de países 
como o Brasil
3
 na afirmação do discurso de defesa aos direitos humanos junto ao campo 
jurídico. Apesar da inegável importância do conceito na defesa dos direitos fundamentais, seu 
uso pode ser incorporado nos mais diversos discursos, o que muitas vezes dificulta a sua 
efetividade e até mesmo a sua compreensão. 
Essa dificuldade no entendimento do conceito baseia-se também na característica de 
amplitude dimensional que dignidade traz em sua concepção, visto que a ideia não se associa 
a aspectos estruturais dos indivíduos (como a sua vida, a integridade de seu corpo, sua 
propriedade etc), mas sim a aspectos valorativo-qualitativos da humanidade, os quais podem 
ser passíveis de interpretações mais fluidas na prática. Todavia, isso não impede que as 
situações cotidianas envolvendo a dignidade da pessoa humana sejam identificadas como algo 
concreto e passível de proteção
4
. 
 
1
 BARROSO, L. R. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo: natureza 
jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Versão provisória para debate público. Mimeografado, 
dezembro de 2010. 
2
 ibidem, p.5: “Após a Segunda Guerra Mundial, a dignidade humana foi incorporada aos principais documentos 
internacionais, como a Carta da ONU (1945), a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) e inúmeros 
outros tratados e pactos internacionais, passando a desempenhar um papel central no discurso sobre direitos 
humanos”. 
3
 De acordo com o Art. 1 da Constituição Federal de 1998 “Art. 1º A República Federativa do Brasil [...] 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III - a dignidade da pessoa 
humana”. 
4
 SARLET, I. W. As dimensões da dignidade da pessoa humana: construindo uma compreensão jurídico-
constitucional necessária e possível. In: Revista Brasileira de Direito Constitucional- n. 09- jan./jun.. 2007. 
Outro aspecto notável deste conceito é a sua plasticidade no tempo e espaço, já que o 
contexto histórico e cultural de cada sociedade vai influenciar em sua compreensão e 
aplicação
5
, ou seja, a maneira que interpretamos e utilizamos a dignidade da pessoa humana 
hoje é bem diversa do modo que os brasileiros o faziam na década de 90, por exemplo, 
apontando a capacidade de modificar suas estruturas e a adaptabilidade da concepção de 
acordo com as necessidades de um povo. 
Compreendidas as principais características do conceito, podemos passar à sua relação 
com os direitos humanos. Como já apontamos, a dignidade da pessoa humana é um dos 
pilares para a defesa dos direitos humanos atualmente, isso porque a sua concepção valorativa 
é compreendida por muitos estudiosos como o fator de justificação dos direitos humanos e 
fundamentais, seja do ponto de vista moral, político ou normativo
6
. 
Portanto, a dignidade tem uma forte relação com a busca da efetividade dos direitos 
humanos nas mais diversas situações, seja através da positivação do conceito em textos 
normativos ou pela utilização jurisprudencial do mesmo, embora haja grande dificuldade em 
tornar a dignidade da pessoa humana um conceito operacional âmbito jurídico
7
. No caso das 
ações afirmativas, a dignidade da pessoa humana será compreendida como um parâmetro de 
justificação para a aplicabilidade ou não de certas medidas temporárias por meio de políticas 
públicas. 
 
3.2 Princípio da isonomia 
 
A ideia de isonomia tem a dignidade humana como parâmetro de efetividade, pois a 
dignidade “transcende qualquer status do indivíduo, até mesmo o fato de ser nacional ou não 
de um determinado país”8. Isso quer dizer que o acesso a esse direito é inegável a qualquer 
pessoa, já que “todo e qualquer indivíduo tem direitos pelo mero fato de sua dignidade”9. 
Esse princípio surgiu com o advento da Revolução Francesa, quando pela primeira vez 
o enfoque das discussões acerca dos direitos do homem estava na ideia de isonomia; nas 
revoluções precedentes que compõem o histórico da construção dos direitos humanos as 
pessoas não eram compreendidas como seres iguais, já que eram passíveis de diferenças 
 
5
 BARROSO, L. R. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo: natureza 
jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Versão provisória para debate público. Mimeografado, 
dezembro de 2010. 
6
 ibidem, p. 9-10. 
7
 DUARTE NETO, J. Dignidade da Pessoa Humana. 2016. Notas de Aula. 
8
 IKAWA, Daniela. Ações afirmativas em universidades. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 777. 
9
 idem. 
sociais quando ao status ou situação econômica
10
. Ainda é importante destacar que neste 
período buscava-se a igualdade formal de direitos, ou seja, a igualdade perante a lei
11
, o que é 
diferente do que se busca na contemporaneidade, ao menos pela maioria dos países, visto que 
o direito à igualdade formal já foi alcançado. 
Essa modificação na luta pela igualdade deu-se devido à constatação de que a 
isonomia perante a lei não é suficiente para que a efetividade da igualdade aconteça, pois 
diversos fatores como desequilíbrio social, econômico e aspectos históricos agem na atuação 
prática da igualdade formal. Isso porque a concepção formal de igualdade traz muitas 
injustiças consigo, já que não considera as diferenças que a identidade acarreta
12
. 
Neste sentido, institui-se o conceito de igualdade material a partir da necessidade de 
que haja tratamento igual para aqueles que se encontram em situação de igualdade e 
tratamento desigual para quem se encontra em posição desigual
13
. A igualdade material em 
muito se relaciona com a busca prática de justiça social, a qual luta pela erradicação das 
desigualdades sociais geradas pela sociedade
14
. É notável que haja algumas generalizações de 
desigualdades pelo mundo, como as desvantagens sofridas por negros devido a sua cor de pele 
ou as diferenças vivenciadas pelas mulheres por seu gênero, entre outros, ainda assim a busca 
pela efetividade da isonomia material se dá de maneira particular em cada sociedade e de 
acordo com amplitude e forma que os prejuízos locais atingem a essas pessoas. 
Do ponto de vista das minorias que são prejudicadas no processo social, vale a 
seguinte afirmação: 
 
(...) temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o 
direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a 
necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que 
não produza, alimente ou reproduza as desigualdades
15
. 
 
Portanto, a ideia de que a sociedade é um instrumento estático e linear, que recebe os 
estímulos formais de maneira igualitária é superado a partir da busca da igualdade material. É10
 DUARTE NETO, J. Tradição histórica. 2016. Notas de Aula. 
11
 SANTOS, M. C. dos. Direito à igualdade e política de cotas raciais para negros em universidades. 
Brasília, 2014. 
12
 PEREIRA JÚNIOR, J. T. Supremo Tribunal Federal (STF) política de cotas, regra moral e justiça: A 
regra moral no controle judicial. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 260, p. 315-359, maio/ago. 
2012, p. 323. 
13
 Idem. 
14
 ROCHA, Carmem Lucia Antunes. O Princípio Constitucional da Igualdade. Belo Horizonte: Editora LÊ S/A, 
1990, p. 34. apud SANTOS, M. C. dos. Direito à igualdade e política de cotas raciais para negros em 
universidades. Brasília, 2014, p. 13. 
15
 SANTOS, B. de S.. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 56. apud PEREIRA JÚNIOR, J. T. A regra moral no controle judicial. 
Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 260, p. 315-359, maio/ago. 2012, p. 324. 
nesse contexto de discussão que as ações afirmativas tomam seu lugar, surgindo como uma 
resposta prática às injustiças perpetuadas com a isonomia formal. 
 
3.3 O direito à igualdade e a democracia 
 
A igualdade é um pressuposto da democracia desde a era aristotélica
16
, mas somente 
no contexto atual essa igualdade é estendida a todas as pessoas que compõem a sociedade, 
tendo em vista que hoje todos são considerados cidadãos perante a lei, independente de suas 
características identitárias. E é a partir dessa afirmação que podemos apontar a democracia 
como o sistema que possibilita o alcance da igualdade entre os indivíduos. 
Isso ocorre com mais proeminência a partir da instituição do Estado Democrático de 
Direito, o qual tem como função proteger os direitos fundamentais, políticos, sociais e 
econômicos das pessoas através do sistema democrático
17
. Portanto, a junção entre a 
democracia e o direito possibilita que a igualdade seja garantida em sua materialidade e não 
somente nos âmbitos formais e teóricos. 
Embora essa garantia seja passível de ser alcançada, assim como a efetividade da 
dignidade é um desafio, a efetividade da igualdade não é diferente. No caso do Brasil, esse 
processo está em fase de desenvolvimento, sendo que podemos apontar as ações afirmativas 
como uma medida necessária para que se possa chegar a essa meta: 
 
[ser um Estado Democrático de Direito] É um desejo do povo brasileiro, que ainda 
está por ser satisfeito. A verdade é que, no mundo dos fatos jurídicos, no processo da 
história do Direito, o Estado Democrático de Direito somente se realizará no Brasil, 
como em qualquer país, quando – não só os direitos políticos – mas todos os direitos 
fundamentais, inclusive os políticos, estiverem convertidos em direitos humanos 
difusos, integrais, recíprocos, solidários: verdadeiros direitos de todos que, por 
serem apoiados nos deveres de todos que lhes sejam correspondentes, possam assim, 
quanto à titularidade, sujeitar todos os indivíduos da espécie humana e, quanto ao 
objeto, apreender todos os valores da dignidade humana
18
. 
 
Portanto, é notável a grande dificuldade encontrada pelos países hoje em efetivar 
direitos que são considerados inegáveis a qualquer indivíduo, na proporção e necessidade que 
a sociedade pede e de maneira que as desigualdades, quais forem, sejam combatidas. O que se 
 
16
 BARROS, A. F. de. Igualdade. In: LIVIANU, R. (org.) Justiça, cidadania e democracia. Rio de Janeiro: 
Centro Edelstein de Pesquisa Social, 2009. p. 19 
17
 EMBAIXADA dos Estados Unidos no Brasil. Princípios da democracia. Brasilia. Disponível em: < 
https://www.embaixada-americana.org.br/democracia/law.htm>. Acesso em: 17 jun. 2016. 
18
 BARROS, S. R. de Noções sobre o Estado Democrático de Direito. 2010. Disponível em: 
<http://www.srbarros.com.br/pt/nocoes-sobre-estado-democratico-de-direito.cont> . Acesso em: 17 jun. 2016. 
traduz em um problema em consolidar a democracia em si, visto que a promoção da igualdade 
é o cerne deste regime
19
. 
 
3.4 Implantação da igualdade e políticas afirmativas 
 
A principal dificuldade na aplicação dos direitos humanos é a consolidação de direitos 
que surgem de acordo com as necessidades históricas e locais dos povos, como evidenciam 
autores como Nobbio e Arendt, esses direitos estão em constante processo de construção
20
. 
Podemos tomar a luta pela consolidação da igualdade de gêneros como um exemplo bastante 
elucidativo. 
A igualdade de gênero é uma luta antiga, que ganhou muita força no século XX em 
grande parte devido aos avanços tecnológicos e na área da saúde, assim como eventos 
ocorridos durante este século. Apesar de a luta ainda ser muito abrangente hoje, os direitos 
que essas pessoas buscam são diferentes dos que se eram buscados há décadas, em parte 
porque uns direitos já foram alcançados, como o de ter acesso ao ensino ou ao mercado de 
trabalho, em parte porque mesmo os direitos alcançados não suprem as necessidades das 
mulheres. Isso porque somente a garantia do acesso não se mostrou suficiente quando ainda se 
dá mais espaço a homens dentro do campo acadêmico e as mulheres continuam ganhando 
menos do que homens no mercado de trabalho, simplesmente por serem mulheres e não por 
falta de qualificação ou qualquer outra questão meramente profissional
2122
. 
A mesma lógica se aplica para os descendentes de africanos, talvez o grupo mais 
representativo da importância do uso de ações afirmativas num contexto global, embora 
tenham conseguido alcances históricos ao longo dos séculos na luta pela igualdade racial, 
ainda hoje sofrem com esta discriminação
23
, seja na hora de conseguir um emprego ou 
 
19
 PEREIRA JÚNIOR, J. T. Supremo Tribunal Federal (STF) política de cotas, regra moral e justiça: A 
regra moral no controle judicial.Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 260, p. 315-359, maio/ago. 
2012. 
20
 PIOVESAN, F. Ações afirmativas da perspectiva dos direitos humanos. Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 
124, p. 43-55, jan./abr. 2005. p. 44. 
21
 ATAL, J. P. et al. New century, old disparities: gender and ethnic wage gaps in Latin America. Inter-
American Development Bank, 2009. Disponível em: 
<http://idbdocs.iadb.org/wsdocs/getdocument.aspx?docnum=2208929>. Acesso em 17 jun. 2016. 
22
 UOL. Brasil é o 2º pior em ranking de diferença de salários entre homem e mulher. 2015. Disponível em: 
<http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/11/22/brasil-e-penultimo-em-ranking-de-diferenca-de-
salarios-entre-homem-e-mulher.htm>. Acesso em 17 jun. 2016. 
23
 MERCURI, C. Marginalização do negro é fruto da abolição inconclusa. 2014. Disponível em: 
http://www.revistaforum.com.br/digital/147/marginalizacao-negro-e-fruto-da-abolicao-inconclusa/>. Acesso em 
17 jun. 2016. 
garantir seus estudos de forma individual, seja no combate a desigualdade social e a 
marginalização que essa parte da sociedade ainda sofre de forma coletiva do campo social, 
econômico ao cultural
24
. 
Fica evidente que o desafio não está na positivação desses direitos que garantem a 
igualdade hoje e sim na efetivação satisfatória dos mesmos. Essa dificuldade é causada por 
questões que atingem o campo da moralidade: de que adianta um direito estar devidamente 
normatizado se a sociedade que deverá acatá-lo não superou os preconceitos que envolvem os 
direitos garantidos? Essa questão é válida e bastante atual para compreender a amplitude de 
atuação das políticas afirmativas: 
 
As políticas universalistas materiais e as políticas afirmativas têm (...) o mesmo 
fundamento:o princípio constitucional da igualdade material. São, contudo, distintas 
no seguinte sentido. Embora ambas levem em consideração os resultados, as 
políticas universalistas materiais, diferentemente das ações afirmativas, não tomam 
em conta a posição relativa dos grupos sociais entre si
25
. 
 
Como se pode notar, as ações afirmativas avança ainda mais na busca pela igualdade, 
já que consideram as questões factuais e palpáveis dos grupos sociais que sofrem prejuízos, 
assim como a maneira que a sociedade que rodeia esses grupos reage frente à situação. Por 
isso mesmo a importância do carácter temporário que esse tipo de política tem: é uma ação 
que visa superar não somente desigualdades práticas, mas também as questões morais que a 
envolvem. 
Mesmo levando em conta esses aspectos, não é sem resistência que essas políticas 
chegam à sociedade, constituindo por si só uma nova luta, a qual pode ser denominada de luta 
em favor da justiça distributiva que tem como meta a inclusão social
26
. A justiça distributiva 
compreende que o uso da discriminação positiva de forma temporária é efetiva na quebra da 
desigualdade vigente; para isso deve-se levar em conta os aspectos históricos, sociais, 
econômicos e morais que envolvem os grupos sociais que necessitam das políticas: 
 
Destacam-se, assim, três vertentes no que tange à concepção da igualdade: a. 
igualdade formal, reduzida à fórmula “todos são iguais perante a lei” (que no seu 
tempo foi crucial para a abolição de privilégios); b. igualdade material, 
correspondente ao ideal de justiça social e distributiva (igualdade orientada pelo 
critério socioeconômico); e c. igualdade material, correspondente ao ideal de justiça 
 
24
 IKAWA, Daniela. Ações afirmativas em universidades. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
25
 Idem. 
26
 PEREIRA JÚNIOR, J. T. Supremo Tribunal Federal (STF) política de cotas, regra moral e justiça: A 
regra moral no controle judicial. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 260, p. 315-359, maio/ago. 
2012. p. 326. 
como reconhecimento de identidades (igualdade orientada pelos critérios gênero, 
orientação sexual, idade, raça, etnia e demais critérios)
27
. 
 
O momento atual é o da atuação conjunta da justiça social e distributiva e da igualdade 
material, pois tanto a redistribuição socioeconômica quanto a consideração dos fatores de 
identidade dos grupos marginalizados são importantes na constituição de uma ação de 
combate à desigualdade. O estudo desses fatores leva ao desenvolvimento de ações que 
buscam ser a ponte necessária para o alcance real da igualdade, portanto as ações afirmativas 
são medidas instrumentais na implantação da igualdade. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BARROSO, L. R. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional 
contemporâneo: natureza jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Versão 
provisória para debate público. Mimeografado, dezembro de 2010. 
 
BARROS, A. F. de. Igualdade. In: LIVIANU, R. (org.) Justiça, cidadania e democracia. 
Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisa Social, 2009. p. 19 
 
BARROS, S. R. de Noções sobre o Estado Democrático de Direito. 2010. Disponível em: 
<http://www.srbarros.com.br/pt/nocoes-sobre-estado-democratico-de-direito.cont> . Acesso 
em: 17 jun. 2016. 
 
BRASIL, Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 15 jun. 
2016. 
 
CAMPOS, L. A. & FERES JÚNIOR, J. Ação afirmativa, comunitarismo e 
multicultiralismo: relações necessárias ou contingentes? RBCS, vol. 29 n. 84, fev. 2014. 
 
DUARTE NETO, J. Dignidade da Pessoa Humana. 2016. Notas de Aula. 
 
27
 IKAWA, Daniela. Ações afirmativas em universidades. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 47. 
 
______________, J. Tradição histórica. 2016. Notas de Aula. 
 
EMBAIXADA dos Estados Unidos no Brasil. Princípios da democracia. Brasília. 
Disponível em: < https://www.embaixada-americana.org.br/democracia/law.htm> Acesso em: 
17 jun. 2016. 
 
IKAWA, Daniela. Ações afirmativas em universidades. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
 
MERCURI, C. Marginalização do negro é fruto da abolição inconclusa. 2014. Disponível 
em: http://www.revistaforum.com.br/digital/147/marginalizacao-negro-e-fruto-da-abolicao-
inconclusa/>. Acesso em 17 jun. 2016. 
 
NOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de janeiro: Elsevier, 2004. 
 
PEREIRA JÚNIOR, J. T. Supremo Tribunal Federal (STF) política de cotas, regra moral 
e justiça: regra moral no controle judicial. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, 
v. 260, p. 315-359, maio/ago. 2012. 
 
PIOVESAN, F. Ações afirmativas da perspectiva dos direitos humanos. Cadernos de 
Pesquisa, v. 35, n. 124, p. 43-55, jan./abr. 2005. 
 
SANTOS, M. C. dos. Direito à igualdade e política de cotas raciais para negros em 
universidades. Brasília, 2014. 
 
SARLET, I. W. As dimensões da dignidade da pessoa humana: construindo uma 
compreensão jurídico-constitucional necessária e possível. In: Revista Brasileira de Direito 
Constitucional- n. 09- jan./jun.. 2007. 
 
UOL. Brasil é o 2º pior em ranking de diferença de salários entre homem e mulher. 
2015. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/11/22/brasil-e-
penultimo-em-ranking-de-diferenca-de-salarios-entre-homem-e-mulher.htm>. Acesso em 17 
jun. 2016.

Outros materiais