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Max Weber Sociologia Comprrensiva Seminário 2 final Copia


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A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER[1: Trabalho apresentado a Profª. Valéria Amim, como requisito para obtenção de crédito na disciplina Teoria e Métodos de Pesquisa.]
Wilyans Oliveira Pereira 
RESUMO: Partindo dos estudos de Freund, sobre a Sociologia, em especial o que se entende por Sociologia Compreensiva, a partir da perspectiva weberiana, procedeu-se objetivar o entendimento da Sociologia como ciência para proceder ao entendimento de compreensão e atividade social, ambas relacionadas à definição apresentada por Weber, assim como os desdobramentos na questão do indivíduo e como ele mantêm sua relação social, frente ao que postula a sociologia com as estruturas sociais, bem como o entendimento de oportunidades nesse mesmo contexto. 
PALAVRAS-CHAVES: Compreensão. Weber. Ciências Sociais.
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende apresentar as considerações de Max Weber e suas contribuições para a sociologia, em especial para o que se entende por sociologia compreensiva.
A discussão proposta teve origem a partir da leitura do capítulo três, intitulado Sociologia Compreensiva, do livro, Sociologia de Max Weber, de Julien Freund; sendo expandida por meio da leitura do livro Conceitos básica de Sociologia, de Max Weber e também do artigo Os sentidos de compreensão nas teorias de Weber e Habermas de José Geraldo A. B. Poker, entre outros. 
Para tanto, inicia-se trazendo compreensão na perspectiva weberiana, a partir dos estudos de Freund (2003) e Poker (2013), na medida em que foi possível relacionar a abordagem de ambos para compreender de fato como Weber concebeu a noção de Sociologia compreensiva. Contudo, torna-se necessário, estudar dois vocábulos que se encontram no ceio da definição de Sociologia para Weber: compreensão e ação social; bem como os desdobramentos de outras variáveis que aparecem condicionadas a estes dois, sendo elas: a questão do indivíduo e como ele mantém sua relação social, frente ao que postula a sociologia com as estruturas sociais, bem como o entendimento de oportunidades nesse mesmo contexto.
A finalidade, portanto, é conhecer como essa questão foi tratada pelo autor e ver como as ideias, os conceitos e as noções foram por ele próprio operacionalizados nas análises de processos sociais concretos. 
 
2 Max Weber e a Sociologia Compreensiva
2.1 Compreensão segundo Weber
	Segundo Freund (2003), a concepção de compreensão weberiana é equivocada, vinculando-se ao mesmo tempo a teoria da interpretação e da causalidade, chegando Weber a confundir esses dois conceitos. Poker (2013, p.224), diz que “a expressão compreensão não deve ser entendida apenas como palavra-chave na fundamentação metodológica”. E, é com o conceito de compreensão que se pode observar, compor e identificar as condições de falibilidade do próprio conhecimento. 
	É interessante iniciar essa discussão trazendo a tona o conceito de Sociologia para Weber – que é “aquela ciência que tem como meta a compreensão interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas, de seus cursos e dos seus efeitos” (WEBER, 2008, p. 11). Da definição anterior, nota-se que o termo “compreensão”, encontra-se no cerne da definição de Sociologia. Como ressalta Poker (2013), nessa primeira definição de compreensão, tem-se o esforço do cientista em interpretar, ou seja, identificar as bases lógicas e compreensíveis pelas quais os sujeitos constroem o raciocínio com que ele mesmo explica as suas intenções na ação. 
	Dentro dessa perspectiva, Poker (2013), chama atenção para a diferenciação entre compreensão e explicação. Por explicação, entende-se a tentativa de atribuição, ao exercício da atividade do cientista, em conseguir relacionar a existência a manifestação de determinado fenômeno, sob condições determinadas. Já compreensão, situa-se no esforço da captura da subjetividade individual do sujeito pelo cientista. 
	Como em sua base, está o empirismo, a Sociologia não conhece outra forma de compreensão senão a que leva em conta a subjetividade. Na perspectiva weberiana Poker (2013), também afirma que a subjetividade se refere não só as formas pela qual o homem se forma, mas também as formas pelas quais esse sujeito empiricamente existente e atua frente a outros sujeitos em contextos de relações sociais historicamente singulares e determinados. A captação de sentido, por meio da subjetividade, se faz mais facilmente com base na compreensão, que se trata de um método auxiliar útil; ajudando e facilitando o trabalho do sociólogo. Contudo, Weber levanta duas problemáticas: o primeiro é estabelecer com base na compreensão, um tipo ideal racional e evidente da atividade social, que seja compatível com a interpretação racional de que falamos anteriormente, e que facilite o trabalho científico. E, segundo, dar maior validade ao método compreensivo. 
	A subjetividade da ação encerra, assim, dupla condição da ação social: ela é ao mesmo tempo uma possibilidade do contexto histórico do homem, combinada com a forma própria pela qual ele mesmo (o homem) entende e interpreta seu próprio contexto, empregando para tanto a mediação da cultura que constitui seu modo de ser, logo, a sua objetividade. A objetividade é outro ponto importante Weber, dessa forma a noção de compreensão é alargada e está ligada “a designação da condição do cientista, a sua competência, os limites do conhecimento a que ele se dedica e, ainda, as fronteiras que demarcam a finalidade ou a utilidade prática do conhecimento resultante da ciência social” (POKER, 2013, p. 227). Assim, a objetividade encontra-se vinculada a compreensão, no sentido em que o cientista reconhece as especificidades dos fenômenos que se propõe a investigar e renuncia a pretensão de deduzir tais fenômenos.
	Weber introduz a causalidade o que garante à pesquisa compreensiva a dignidade de uma proposição científica, portanto, a validade. Para ele a compreensão é um meio auxiliar que torna mais fácil a compreensão de sentido, porém necessita da causalidade ou da observação para ser confirmada, pois na perspectiva weberiana toda relação inteligível deve se deixar explicar causalmente. A combinação de explicação e compreensão, torna sua teoria da causalidade original, na medida em que a atividade social só é inteligível se há compreendimento sua relação com os objetos, meios e fins. A explicação compreensiva vem a ser uma atividade que satisfaz o conhecimento humano ao passo que apreende o sentido visado subjetivamente. Contudo, a teoria weberiana é categórica ao afirmar que os ganhos obtidos pela interpretação compreensiva em relação a observação causal não se pode ser tomado como verdade absoluta, na medida em que os mesmos são controláveis e por isso mesmo que recebem “relativa validade objetiva”. 
	Dessa forma, Poker (2013), diz que a compreensão é o cuidado do cientista para não cair no erro de ajuizar sobre os valores envolvidos na ação individual. Cabendo a ciência social oferecer aos sujeitos um conhecimento sobre as consequências das suas escolhas e das suas implicações, no campo valorativo, e, dessa forma contribuindo para a racionalização na tomada de decisões. Em suma, Weber reconhece a validade do método compreensivo, sendo uma condição essencial para a compreensão de sentido dos objetos (interiores ou exteriores), portanto o objetivo da compreensão é sempre captar o sentido das coisas. 	
2.1.1 A atividade social segundo Weber 
	Weber, reserva ao termo ação social aquela “cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta dos outros, orientando-se de acordo com ela” (WEBER, 2008, p.11). A problemática aqui decorre da captação do sentido de atividade social para a Sociologia. É preciso esclarecer que “a atividade social pode-se orientar de acordo com um comportamento passado, presente ou previsível de outrem” (FREUND, 2003, p.78). Por outrem, entende-se uma ou várias pessoas isoladas, este é o ponto para o entendimento da ação social. Assim, exemplificando o uso da moeda é uma atividade social, já que “o indivíduo orienta seucomportamento de acordo com a esperança de que uma massa indeterminável e desconhecida utilizará significamente no comércio, as peças de metal ou as cédulas bancárias” (idibem, p.78). 
Voltando a problemática da definição de atividade social, acrescenta-se a questão da racionalidade, ou seja, a atividade social precisa ser evidentemente racional. Para Weber existem quatro tipos de atividade racional: a de finalidade, a racional por valor, afetiva e a tradicional. A atividade tradicional, que se situa no limite da explicação pela sociologia causal e pela compreensiva, já que consiste em uma conduta, por vezes maquinal, por obediência ao costume. Contudo, pode-se situar no âmbito do comportamento racional por valor, quando considera a tradição elemento a ser respeitado. Na atividade afetiva, os elementos não compreensíveis de ordem emocional, passional – estão comportados. Tal comportamento se situa no limite do que se baseia na pura psicologia ou no contrário de uma orientação da racionalidade por valor. 
A atividade racional por valor é caracterizada por levar em conta a convicção do agente, deixando de lado as consequências. E, ela é racional, porque se recura a acreditar apenas ao sucesso e adaptação às normas em vigor, e usa a coerência interna, convicção. Já atividade racional por finalidade, possui uma prioridade em relação a sociologia compreensiva, caracteriza-se por ser uma conduta que escolhe os meios mais apropriados levando em conta as consequências que podem se desenrolar no decorrer da ação. “A atividade racional por finalidade é, pois, um caso limite teórico, que não exclui, em certos níveis, relações com a racionalidade por valor” (FREUND, 2003, p. 81). 
Assim, a atividade racional por finalidade seria um tipo ideal, na medida em que o indivíduo é capaz de compreender a relação de meio e fim, bem como o curso provável dos acontecimentos de acordo com o sentido que ele visa subjetivamente. É válido ressaltar que, por tipo ideal Weber entende se tratar de uma via ideal que se fundamenta em possibilidades objetivas, com vista a efetuar a imputação (responsabilidade) causal mais correta possível. Por fim, “o tipo ideal é um conceito de grandes recursos, uma vez que alia o vigor na pesquisa ao rigor científico” (FREUND, 2003, p.83). Porém sua validade é, portanto, problemática e sua utilidade só pode ser comprovada por meio da produtividade da pesquisa. 
3 Considerações Finais 
A contribuição de Weber, para o compreendimento da Sociologia a partir do prisma da compreensão deve-se em grande parte por não isolar a ação do homem das instituições e estruturas sociais, da ação social. Na espinha dorsal da sua sociologia encontra-se a noção de atividade social do homem, em outras palavras como o homem se comporta na comunidade e na sociedade, como forma essas relações e as transforma. 
Nessa perspectiva Weber lança mão da relatividade significativa, que permite compreender além da evolução objetiva, o sentido a que o homem visa de cada vez, subjetivamente no curso do seu comportamento social. 
Neste sentido a noção de sociologia de Max Weber leva em consideração, não a intenção de privilegiar a compreensão relativamente a explicação, tão pouco de condenar outras formas de orientação da sociologia, mas sim estreitar certos parâmetros. Desse modo, a sociologia seria compreensiva no sentido de se abrir para novas perspectivas frente à sociologia tradicional. Assim, compreender na perspectiva weberiana é captar a evidência ao sentido de uma atitude. 
4 Referências Bibliográficas 
FREUND, J. Sociologia de Max Weber. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. 
POKER, J. G. A. B. Os Sentidos de Compreensão nas Teorias de Weber e Habermas. Disponível em: https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#. Acesso em: 10. out de 2016.
QUINTANEIRO, Tânia e outros. Um toque de clássicos. Marx. Durkheim. Weber. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2003. 
WEBER, M. Conceitos Básicos de Sociologia. 5. ed. São Paulo: Centauro, 2008.