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Fundamentos do Direito Empresarial

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AULA 1: FUNDAMENTOS DO DIREITO EMPRESARIAL: origem e evolução histórica; teoria da empresa; princípios e autonomia do direito empresarial.
	O direito empresarial é o ramo do direito privado que estuda as normas e a jurisprudência (conjunto de decisões judiciais) regulatórias da empresa (atividade econômica de produção e comercialização de bens e serviços), dos empresários (individuais ou sociedades empresárias) e do estabelecimento empresarial (espaço onde é realizada a empresa).
1.1 Origem e evolução histórica, autonomia, fontes e características:
	Fábio Ulhoa Coelho fixa no período da Idade Média o início do direito comercial. Antes disso, o comércio era feito principalmente no âmbito familiar. A partir da Idade Média, artesãos e comerciantes se reúnem pela primeira vez nas corporações de ofício, criando regras comerciais padronizadas através de usos e costumes (hábitos comportamentais e de procedimentos nas relações comerciais).
A partir da segunda metade do século XII, com os comerciantes e artesãos se reunindo em corporações de artes e ofícios, inicia-se o primeiro período histórico do direito comercial. Nele, as corporações de comerciantes constituem jurisdições próprias cujas decisões eram fundamentadas principalmente nos usos e costumes praticados por seus membros. Resultante da autonomia corporativa, o direito comercial de então se caracteriza pelo acento subjetivo apenas se aplica aos comerciantes associados à corporação. Mas já nesse primeiro período histórico, muitos dos principais institutos do direito comercial, como o seguro, a letra de câmbio, a atividade bancária, são esboçados e desenvolvidos (ULHOA, 2010, p. 12-13).
	
	O segundo período histórico do direito comercial, meados do século XVI a XVIII, é movido pelos processos de unificação nacional da Inglaterra e da França, pois a harmonização das normas jurídicas sobre atividades comerciais será importante tanto para fomentar as relações comerciais como para criar identidades culturais entre os povos que se uniam. É dessa época a criação das sociedades anônimas (vultosos aportes de capital e limitação de riscos entre pessoas que nem sequer se conheciam). Havia, contudo, diferenças: 
Na ilha, a absorção da jurisdição das corporações mercantis pelos tribunais da Common Law é, por assim dizer, total, enquanto no continente ocorre um processo parcial. Em França, as corporações dos comerciantes, paulatinamente, Perdem competência jurisdicional para tribunais do estado nacional em gestação, mas continua a existir um direito fundado nos usos e costumes dos comerciantes e apenas a eles aplicável – caracterizado, portanto, pelo subjetivismo... O direito de tradição inglesa, ao contrário do de tradição romanística, desde este período, não conhece distinção entre atividades comerciais e civis (ULHOA, 2010, p. 13-14).
A teoria dos atos de comércio corresponde à terceira etapa histórica da evolução do direito comercial (século XIX e meados do século XX). Antes de adotar a teoria da empresa (filiação ao sistema italiano de disciplina privada da economia), o direito brasileiro era inspirado pela teoria dos atos de comércio, surgido na França com a entrada em vigor do Code de Commerce, código napoleônico instituído em 1808 e influenciado pelo Código Civil de Napoleão, de 1804.
Obviamente que já existiam legislações comerciais anteriores na própria França que regulavam o comércio entre alguns grupos (corporações com usos e costumes comuns aos seus membros), mas a elaboração de um código significa que, pela primeira vez, houve harmonização no tratamento dado a todos os atos de comércio através de regras e princípios interpretativos sistematizados. A teoria dos atos de comércio, portanto, vem cumprir a função de universalizar os regulamentos jurídicos comerciais, em detrimento da subjetividade com que era praticado somente para determinados associados. Desde então, na França, qualquer cidadão poderia exercer atividade mercantil, e não apenas os aceitos em determinada associação profissional.
Desde essa época também a teoria dos atos de comércio serve para delimitar quando se está diante de uma atividade de comércio ou de relações civis. Os comerciantes precisam obedecer às regras jurídicas específicas, como a escrituração nos livros comerciais e passam. Com o tempo, a lista de atividades consideradas comerciais aumentou, incluindo a prestação autônoma de serviços e as negociações imobiliárias, por exemplo. O alargamento excessivo dos atos comerciais foi um dos fatores que levou aos sistemas jurídicos de vários países adotarem a teoria da empresa, em vez da teoria dos atos de comércio.
1.2 Teoria da empresa:
	A teoria da empresa incorpora o extenso leque de atividades consideradas empresariais e parte de outro prisma para a delimitação do direito comercial. Ela procura identificar a forma específica de produzir ou circular bens e serviços. A tese surgiu no modelo jurídico italiano, em 1942, em meio à II Guerra Mundial e ao fascismo de Mussolini, portanto. Não obstante o contexto autoritário de se surgimento, a teoria da empresa continuou na redemocratização da Itália, sendo adotada pela Espanha em 1989.
	No Brasil, o Código Comercial de 1850 adotou a teoria dos atos de comércio e a migração para a teoria da empresa começou nos anos 60, fazendo parte do projeto de Código Civil de 1975. Após décadas de tramitação no Congresso, o novo Código Civil foi aprovado (Lei 10.406/2002), revogando a primeira parte do Código Comercial de 1850 (listava as atividades econômicas tomadas por atos de comércio) e reunindo nele as disciplinas do direito civil e empresarial. Na prática, os juízes já aplicavam algumas vezes a teoria da empresa, estendendo regras empresariais (concordata e falência) a negociantes excluídos da lista do Código Comercial de 1850, como os pecuaristas e as imobiliárias.
1.3 Princípios e autonomia do direito empresarial:
2 princípios (regras que orientam a interpretação e aplicação de certo ramo do direito) do direito privado são bastante importantes no Direito Empresarial: a autonomia da vontade e a igualdade.
O princípio da autonomia da vontade significa que as pessoas podem dispor sobre seus interesses, por meio de negociações com as outras pessoas envolvidas. Essas negociações, contudo, geram efeitos jurídicos vinculantes, se a ordem positiva assim o estabelecer. A autonomia da vontade, assim, é limitada pela lei. (ULHOA, 2010, p. 11)
Essa autonomia da vontade, por sua vez, pressupõe que as pessoas envolvidas tenham realmente poderes para negociar com liberdade, ou seja, pressupõe a igualdade de forças entre as partes negociantes. Quando se verifica que essa igualdade não existe de fato, o direito trata de garanti-la criando limites jurídicos às negociações, isto é, regras protetivas aos mais fracos técnica e economicamente (hipossuficientes).
O princípio da igualdade, para fins de disciplina das relações entre pessoas privadas, significou no passado a proibição de privilégios. Atualmente, significa o amparo jurídico ao economicamente mais fraco, para atenuar os efeitos da desigualdade econômica”. (ULHOA, 2010, p. 11)
É o que ocorre com o consumidor e o empregado, por exemplo, que são beneficiados com a inversão do ônus da prova (no processo judicial, o consumidor e o empregado não precisam provar o que alegam. Se eles alegarem defeito no produto comprado ou desrespeito aos direitos trabalhistas, o fornecedor ou o empregador é que terão de provar que não há defeito ou que as regras foram respeitadas).
As sociedades empresárias, em regra, estão em pé de igualdade nas suas negociações, não se beneficiando da inversão do ônus da prova. Excepcionalmente, entretanto, uma sociedade empresária poderá ser identificada pelo direito como consumidora. Isso pode ocorrer quando ela comprar um produto que não seja para sua atividade-fim e de empresa especializada na fabricação daquele produto ou responsável pela sua venda. Ex: um escritório de contabilidade adquire um ar-condicionado de uma rede de lojas famosa.O ar-condicionado não faz parte da atividade econômica da empresa, servindo apenas para climatizar o ambiente de trabalho.
O Direito Empresarial, assim, enquadra-se no ramo do direito privado, onde se prioriza a liberdade individual e a igualdade de fato entre as partes. No ramo do direito público, ao contrário, é importante assegurar a supremacia do interesse público ou da coletividade. Por isso, que a lei concede alguns poderes especiais ou privilégios à Administração frente ao particular.
A existência de um conjunto de princípios e regras (muitas vezes provenientes dos costumes comerciais) específicas às relações empresariais (concordata, falência etc.) lhe assegura autonomia, ou seja, que o Direito Empresarial é uma disciplina que não se confunde com outras do direito privado (direito civil, direito do consumidor, etc.), nem do direito público (Administrativo, Econômico, Ambiental, Tributário) por ter regras e métodos de interpretação próprios. Essa autonomia não é abalada pelo fato de o Código Civil de 2002 ter se dedicado igualmente, no Livro II da Parte Especial, ao direito empresarial.

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