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EXPERIÊNCIA NA ADVOCACIA TRIBUTÁRIA DESDE 1985. OAB/ PR 7 62 Aplicando os conceitos da Governança Jurídica, alia a advocacia tributária aos seguintes ramos do direito: Aduaneiro Contratual e Societário Propriedade Intelectual Ambiental Internacional Econômico Gilberto Luiz do Amaral OAB/PR 15.347 OAB/SP 348.752 Letícia Mary Fernandes do Amaral OAB/PR 57.342 OAB/SP 255.884 Cristiano Lisboa Yazbek OAB/PR 40.443 OAB/SP 341.684 Tailane Moreno Delgado OAB/PR 52.080 OAB/SP 349.864 AV. CÂNDIDO HARTMANN 50 80.730-440 - CURITIBA - PR - BRASIL TEL / FAX: +55 41 3232-9241 WWW.AYADVOGADOS..BR 3 SUMÁRIO GT 1630 08 06 22 26 34 20 12 32 38 05 40 42 46 Novos parâmetros da Inteligência Competitiva A evolução da lei De Olho no Imposto Quanto mais Simples, melhor Sinal de alerta para a indústria brasileira eSocial: dificuldades da implantação de um futuro promissor CARF: 90 anos de contribuição às questões tributárias A democratização das informações em exercício da cidadania Verdades e mitos sobre a reforma tributária Cinco passos para a prática da governança tributária Muito além do BI Governança Tributária minimiza a burocracia portuária Reportagem de capa Reportagem Reportagem Reportagem Reportagem Expediente Entrevista Entrevista Artigo técnico Artigo técnico Artigo técnico Artigo técnico Editorial Institucional Serviços IBPT Diretoria do IBPT Av. Juscelino Kubitschek, 1.600, cj 102 - São Paulo/SP – Tel.: (11) 3299-6800 – www.ibpt.org.br/ibpt@ibpt.org.br – Conselho editorial: Gilberto Luiz do Amaral – João Eloi Olenike – Letícia Mary Fernandes do Amaral – Cristiano Lisboa Yazbek – Produção: De León Comunicações – Tels.: (11) 5017-4090/7604 e-mail: deleon@deleon.com.br – Editora e jornalista responsável: Lenilde Plá De León – Conselho e Coordenação Editorial: Paula Fernanda Karpenko Redação: Danielle Ruas, Gilmara Santos, Katherine Coutinho, Paloma Minke e Paulo Prendes – Diagramação: Paulo Prendes Projeto Gráfico: FOLKS Design Vivo Periodicidade: semestral – Tiragem: 3.000 – Impressão: Gráfica Capital As opiniões expressas nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e os anúncios veiculados são de inteira responsabilidade dos anunciantes 5 EDITORIAL GT SIMPLIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA E ACESSO À INFORMAÇÃO No ano de 2014 foram privile-giadas as políticas voltadas à simplificação do sistema tributário brasileiro. No mês de agosto, ao sancionar a Lei Com- plementar nº 147/2014, o gover- no federal possibilitou a inclusão de novas categorias profissionais no Simples Nacional. Esta medida beneficiará mais de 450 mil em- presas, que agora poderão usufruir das condições do regime simplifi- cado de tributação. Após intenso trabalho das entidades da socie- dade civil, nas quais se inclui o Instituto Brasileiro de Planejamen- to e Tributação – IBPT, junto ao Congresso Nacional, a legislação foi aprovada. Sobre o tema, o IBPT produziu diversos estudos a pedido da Se- cretaria da Micro e Pequena Em- presa, com o objetivo de dimen- sionar os impactos e embasar os benefícios da inclusão no Simples, entre eles a formalização e desen- volvimentos dos pequenos negó- cios no País. Ainda que seja necessário al- guns ajustes a serem feitos, a lei é uma importante conquista dos pequenos e médios empresá- rios, que representam a grande maioria do empreendedorismo no País. Outro fato de significativa importância para as questões tri- butárias no País ocorreu no início desse semestre, quando a Lei nº 12.741/2012, conhecida como a Lei De Olho no Imposto foi final- mente regulamentada, por meio do Decreto nº 8.264/2014. Algumas alterações foram feitas, como a exigência de três informações dis- tintas nos cupons e notas fiscais: a descrição dos tributos federais, estaduais e municipais. Em razão dessa determinação legal, adiantamos que o IBPT criou e está disponibilizando gra- tuitamente aos empresários uma solução tecnológica para que os estabelecimentos de todo o País possam cumprir a lei. Essa iniciativa foi possível gra- ças à parceria firmada com a As- sociação Comercial de São Paulo – ACSP e com a Associação Bra- sileira de Automação Comercial – Afrac, em 2013, muito antes da vigência da Lei. Estamos confiantes na aplica- ção desta lei em sua integralidade, a partir de janeiro de 2015, quando se terá início as penalidades previs- tas para quem não as cumprirem. Reconhecido pelo desenvolvi- mento de ferramentas sociotec- nológicas, como o Impostômetro e o Empresômetro, o IBPT vem se utilizando da Lei de Acesso à Infor- mação para transmitir à população importantes conteúdos sobre a arrecadação tributária, os gastos dos governos, e os dados sobre as empresas brasileiras, que são, sem dúvida, informações públicas de interesse geral. Com a inauguração do escritório em São Paulo e a ampliação do seu parque tecnológico, o IBPT passa a utilizar ainda mais esses recursos em benefício da sociedade, recor- rendo à sua expertise para traduzir informações técnicas ao o empre- sário, com o objetivo de orientá-lo a buscar as melhores estratégias para o desenvolvimentos de seu negócio, assim como para a pessoa física, dando condições para que exer- ça seu papel de cidadão de direito e passe a exigir melhores retornos dos governantes por aquilo que tem pago em tributos. Nesta edição da Revista Gover- nança Tributária trazemos maté- rias exclusivas sobre a utilização dos dados fiscais e os impactos do eSocial - a última e maior etapa do Sistema Público de Escritura- ção Digital - Sped, que reunirá as informações trabalhistas a serem transmitidas a partir de 2015. A Revista aborda ainda o de- sempenho da indústria nacional e as perspectivas para 2015, as tendências e modernizações do Conselho Administrativo de Recur- sos Fiscais – Carf, que neste ano completa 90 anos, além de artigos técnicos elaborados pelos espe- cialistas do IBPT. Em ano eleitoral e de relevantes definições, as questões tributárias e perspectivas da economia devem fazer parte da pauta dos governan- tes que irão conduzir o Brasil nos próximos anos. Nossa expectativa é que num futuro próximo, possamos avançar na simplificação tributária e redu- ção da burocracia, possibilitando o desenvolvimento econômico e so- cial do País. Boa Leitura! Gilberto Luiz do Amaral Presidente do Conselho Superior e Coordenador de Estudos do IBPT 6 GT REPORTAGEM A indústria brasileira enfrenta um período de retração, constatado na quantidade de novos negócios abertos no primeiro semestre de 2014. De acordo com o Perfil Empresarial Brasileiro – Empresômetro, do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributa- SINAL DE ALERTA PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA Especialistas opinam sobre o pior desempenho do setor registrado nos últimos anos. ção – IBPT, o setor teve uma queda de 20,3% no número de estabelecimentos criados no período, em relação a 2013. Foi o pior desempenho entre os setores, seguido pelo comércio, que teve redução de 16,4%, e pelo setor de serviços, com queda de 10,6%. A criação de empresas no País tem cai- do sucessivamente desde 2012, sendo que o primeiro semestre de 2014 teve o pior resultado da série. No ano de 2011 foi registrado o último crescimento, de 4,5% na geração de novos negócios, em com- paração ao mesmo período de 2010. Para o pesquisador do IBPT, Cosmo Rogério Oliveira, o fraco desempenho do nível de abertura de novos negócios no 1º semestre de 2014 é reflexo da queda, também, do nível de atividade econômica no País. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a produção industrialdo 1º semestre de 2014, comparada ao mesmo período de 2013, caiu 6,89% no índice geral. Já a produção de bens de capital, bens inter- mediários, bens de consumo duráveis e não duráveis declinou 21,11%, 2,88%, 34,36% e 3,01%, respectivamente. José Augusto Fernandes Diretor de Politicas e Estratégia da CNI Cosmo Rogério Oliveira Pesquisador do IBPT 7 REPORTAGEM GT O único setor que apresentou cresci- mento foi o financeiro, com um acréscimo de 2,8% no número de novos negócios em 2014, em relação ao período de janeiro a junho do ano passado. No mesmo período foram abertas 240.282 novas empresas no País, apresentando uma queda de 13,1% em comparação a igual período de 2013, quando foram criados 276.375 novos empreendimentos. O o levantamento do Empresômetro não inclui os Micro- empreendedores Individuais – MEIs. Causas De acordo com o pesquisador do IBPT, são diversos os fatores que ocasiona- ram o fraco desempenho do setor da in- dústria nos primeiros seis meses, sendo ultrapassado pelo segmento de serviços. “O processo de abertura e instalação (startup) de um negócio para a presta- ção de serviços é extremamente mais rápido do que o startup da indústria”, disse Oliveira. Outro fator que contribuiu para o baixo resultado do setor industrial foi a queda significativa dos segmentos que ala- vancam indústrias menores, como por exemplo, o automotivo e de motocicle- tas, têm grande impacto sobre as indús- trias de produção de peças e acessórios. O pesquisador afirma que o impacto causado na indústria afeta diretamen- te as vendas, o que coloca o comércio como o segundo setor com menor de- sempenho em termos de novos estabe- lecimentos em atividade. Para o diretor de Politicas e Estraté- gia da Confederação Nacional da Indús- tria – CNI, José Augusto Fernandes, o desempenho da indústria em 2014 ficou abaixo das expectativas apontadas pela Entidade no fim do ano passado. “A taxa acumulada de produção física nos úl- timos 12 meses, terminados em junho, é de - 0.6 e o faturamento real cresceu apenas 0.8 neste período. Todos os in- dicadores de confiança do empresário industrial e de tendências em investi- mentos também são os mais baixos dos últimos quatro anos”, analisa. Segundo o diretor da CNI, o resultado ruim deve-se ao fato de a indústria es- tar perdendo mercado, não apenas fora do Brasil como também internamente. “Temos uma estrutura de custos muito cara por um conjunto de ineficiências da economia. Este último semestre tam- bém foi marcado por uma nova série de incertezas que afetam a indústria e se transferem por novas pressões de custo a exemplo da questão energética.” Entraves O tema tributário é a principal priori- dade da indústria para o período 2015- 2018, e a CNI apresentou um conjunto de estudos e propostas para minimizar este impacto. “O nosso principal objeti- vo é eliminar a cumulatividade, a one- ração residual sobre o investimento via exportação, em especial fazer a transi- ção de um crédito físico para um crédito financeiro. Nós acreditamos que a com- binação dessas iniciativas poderá con- tribuir para a redução da complexidade e maior eficiência do sistema tributário brasileiro”, afirma o diretor da CNI. Segundo Fernandes, tudo converge para a criação de uma IVA nacional. “Uma das preocupações da indústria é o crescente peso dos serviços na econo- mia e no próprio valor adicionado da in- dústria. Na medida em que o ISS não faz parte desse sistema do IVA, é uma fonte de acúmulo de crédito para as empresas, e certamente vem assumindo crescente importância e reduzindo a competitivi- dade das empresas, tanto no mercado doméstico como internacional” explica. Em conformidade com os dados apontados pelo Empresômetro, a CNI estima que o ano de 2015 será marca- do por importantes ajustes, sendo que o resultado depende da combinação de políticas. “Embora algumas dessas po- líticas possam ser mais restritivas, por outro lado permitirão recuperar o nível de confiança em outras”, destaca o di- retor da Confederação. Nos primeiros seis meses, o Estado de São Paulo liderou a criação de ne- gócios no País, com 76.099 novos empreendimentos, seguido por Minas Gerais (21.737), Paraná (18.228), Rio Grande do Sul (17.443) e Rio de Janeiro (15.836). A criação de novos negócios foi menor nos estados do Amapá (669), Acre (547) e Roraima (327). O setor industrial teve queda de 20,3% no número de estabelecimentos criados no período, em relação a 2013, seguido pelo comércio, que teve redução de 16,4%, e pelo setor de serviços, com 10,6%. Industria Comércio Serviço 20,3% 16,4% 10,6% Percentual do registro de queda dos setores da industria, co- mércio e serviço no último ano Comparativo entre 2013 e 2014 8 GT REPORTAGEM Cerca de 450 mil micro e peque-nas empresas de 142 atividades profissionais passarão, a partir do ano vindouro, a ter acesso ao Sim- ples Nacional, o sistema simplificado de tributos que unifica em um único boleto oito tributos federais, estadu- ais e municipais. Agora, o conceito do Supersimples deixa de se basear na atividade profissional e focará no fatu- ramento do empreendimento. A Lei Complementar nº 147/2014 be- QUANTO MAIS SIMPLES, MELHOR O sistema tributário entrou em vigor em 2007 e desde então, nove milhões de empresas participaram do regime, pagando mais de R$ 260 bilhões em impostos. neficia todas as pessoas jurídicas que se enquadram como microempreende- dor, microempresas e pequenas empre- sas, com teto de receita bruta anual de R$ 3,6 milhões, e cria uma nova tabela de alíquotas, para o setor de serviços, de 16,93% a 22,45%. Antes da publicação da lei, não po- diam ingressar no Supersimples, como também é conhecido o regime, os pres- tadores de serviços decorrentes de ati- vidade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, entre outras. An- tes, eles eram obrigados a adotar o Lu- cro Real ou o Lucro Presumido. As alterações incluíram todo o setor de serviços, listando atividades como fisioterapia, corretagem de seguros, serviço de transporte de passageiros, medicina, medicina veterinária, odon- tologia, psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, perícia, leilão, auditoria, economia, jornalismo, publicidade, en- tre outras. Também permitiram a ade- são da indústria e comércio atacadista de refrigerantes. Atualmente, apenas o comércio varejista tem a possibilidade de optar pelo Simples. O ministro Guilherme Afif Domingos, da Secretaria da Micro e Pequena Em- presa - SMPE, contou que, para essa conquista, a autarquia liderou um amplo acordo entre os governos federal, esta- duais, municipais e o Congresso Nacio- nal, mobilizando os Fóruns Permanentes e Regionais, empresários, sindicatos e associações durante a Caravana da Simplificação, realizada em 19 Estados, entre os meses de fevereiro a maio de 9 REPORTAGEM GT 2014. “Quando há vontade e uma ade- quada definição de rumos, boas mudan- ças acontecem. Isso exige estratégia e prática do diálogo visando à cons- trução de consensos. Foi a única aprovação dessa legislatura por unanimidade. Por isso, podemos dizer que essa lei é fruto de um entendimento sobre o que é melhor para o Brasil.” Ao concluir diversos estu- dos sobre o impacto da uni- versalização do Supersimples, o Instituto Brasileiro de Plane- jamento e Tributação – IBPT, apoiou e acompanhou todo o pro- cesso de elaboração da lei, desde a época do projeto de lei de autoria do deputado Vaz de Lima (PSDB-SP), até a sua aprovação nas Casas Legislativas, tendo papel crucial na ampliação das ca- tegorias beneficiadas pelo regime. Outra novidade é a garantia de entrada única e processo integrado para simpli- ficar a abertura e ofechamento de em- presas. Há possibilidades de ser criado, inclusive, um Cadastro Único Nacional, que substituirá as inscrições federais, estaduais ou municipais, o qual diminui- rá vários processos burocráticos que os empresários têm que se submeter atu- almente. Além disso, no que diz respeito à Lei de Recuperação e Falências - LRF, foi criada uma quarta classe de credores dentro da conduta de recuperação judi- cial: a dos titulares de créditos enqua- drados como microempresas e empre- sas de pequeno porte. Esses titulares, juntamente com os credores trabalhis- tas e quirografários, terão direito a voto nas assembleias de credores. O juiz fixará o valor e a forma de paga- mento da remuneração do administra- dor judicial, observando a capacidade de pagamento do devedor, o grau de com- plexidade do trabalho e os valores pra- ticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. A remune- ração do administrador fica reduzida ao limite de 2%, no caso de microempresas e empresas de pequeno porte. “A lei do Simples Nacional é fruto de um entendimento sobre o que é melhor para o Brasil aumentando o potencial de criação e formalização de empresas e buscando a eficiência na simplicidade” (Guilherme Afif Domingos) As micro e pequenas empresas que quiserem contar com a recuperação ju- dicial terão ainda a chance de obter des- contos sobre os créditos para realizar pagamentos aos credores. Porte x segmento Para o ministro da SMPE, há uma enorme importância de classificação por porte e não mais por segmento do negócio: “Esse fato aumenta o potencial de criação e formalização de empresas. Estamos buscando a eficiência na sim- plicidade. Hoje somos nove milhões de unidades de negócios. Se cada um pu- der gerar mais um emprego, serão mais nove milhões de empregos”, afirmou Afif, explicando que, quando da publicação da lei, no dia 7 de agosto, foi feito um acor- do entre vários segmentos e os poderes Legislativo e Executivo, para que todas as tabelas do regime tributário sejam re- vistas em um prazo de 90 dias, quando será enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei de autoria da Pre- sidência da República. Na opinião do vice-presiden- te de Fiscalização, Ética e Dis- ciplina do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, Luiz Fernando Nóbrega, qualquer medida que democratize, sim- plifique ou diminua a carga tri- butária é bem-vinda. “De forma geral, os prestadores de serviços serão beneficiados, uma vez que não se fará mais distinção entre as empresas pela atividade explorada. Cabe a cada empresário avaliar qual é a melhor opção tributária para cada tipo de negócio.” Já o titular-adjunto do Departamen- to de Micro, Pequena e Média Indústria – Dempi da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp, Marco Antonio dos Reis, que também apoia a ampliação do Simples Nacional, com- preende que há necessidade de uma sistemática de transição para o regime comum, após ser ultrapassado o limite de receita do Sistema, que atualmente é de R$ 3,6 milhões anuais, com gradu- ação das alíquotas dos tributos na me- dida da elevação da receita da empre- sa. “Isso porque a diferença de carga tributária entre os regimes simplificado e comum é muito grande”, disse Reis. “Como efeito dessa discrepância, as empresas acabam por evitar atingir aquele limite de exclusão do Simples, “Qualquer medida que democratize, simplifique ou diminua a carga tributária é bem-vinda, pois os prestadores de serviços serão muito beneficiados, uma vez que não se fará mais distinção entre as empresas pela atividade explorada” (Luiz Fernando Nóbrega) 10 GT REPORTAGEM “O País precisava de uma sistemática de transição para o regime comum, porque a diferença de carga tributária entre os regimes simplificado e comum é muito grande” (Marco Antonio dos Reis) mediante, muitas vezes, a criação de novas empresas para a continuidade dos negócios”, complementa o dirigen- te da Fiesp. Para Reis, a universalização do Su- persimples será um estímulo para o em- preendedorismo e para a formalização dos pequenos negócios, trazendo para o Brasil mais geração de emprego e ren- da, além de propiciar o acesso aos be- nefícios da Previdência Social, tanto ao empreendedor, quanto aos seus empre- gados, bem como possibilitar o acesso a crédito, financiamentos bancários e operações de comércio exterior. Tabela Apesar dos benefícios, o represen- Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, isentando algumas atividades. Substituição tributária é a tributação concentrada em uma única etapa do processo produtivo, considerada onero- sa aos pequenos empreendedores. As limitações na prática de substituição, no entanto, só entram em vigor em 2016. “Há ainda a necessidade de aperfeiço- amento no tocante à substituição tribu- tária do ICMS. Houve uma redução dos produtos sujeitos à Substituição Tributá- ria - ST que as empresas do Simples de- vem calcular e recolher em nome de toda tante da Fiesp esclarece que há ne- cessidade de revisão dos limites do Simples Nacional para que eles sejam adequados à evolução da realidade econômica do País. Marco Antonio dos Reis justificou que o limite de R$ 3,6 milhões está superado e que deveria ser elevado para R$ 4,8 mi- lhões ou mais. “Nessa análise, deve-se levar em conta não somente a inflação, mas também a totalidade das condições econômicas, como nível de emprego e de atividade, saldo comercial, políticas econômicas, tendências da economia regional, nacional e global, entre outros fatores”, aponta o especialista. A nova lei também faz mudanças na substituição tributária do Imposto Sobre “O empreendedor precisa fazer bem as contas antes de aderir ao sistema, pois as tabelas aprovadas no Supersimples variam em função do setor” (Rogério Amato) Guilherme Afif Domingos 11 Entenda a Lei Complementar nº 147/2014 REPORTAGEM GT Sancionada no dia 7 de agosto, a lei “universaliza” o Simples Nacional, sistema tributário simplificado e com carga de impostos mais leve, a partir de 1º de janeiro de 2015; Cerca de 140 novas atividades profissionais com faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano poderão aderir ao Simples Nacional; A estimativa do Sebrae é que mais de 450 mil micro e pequenos empresários serão beneficiados com a apliação do sistema tributário; De acordo com a Receita Federal, desde 2007, quando o Simples Nacional foi criado, mais de 9 milhões de empresários aderiram ao sistema tributário, e Ao sancionar a lei, o governo federal anunciou estudos para criar um método de reajuste periódico do teto, hoje de R$ 3,6 milhões. 01. 02. 03. 04. 05. “A necessidade de revisão do Simples Nacional é uma demanda antiga, especialmente pela urgência de reduzir a burocracia e o pagamento de impostos” (Mario Berti) a cadeia de circulação até o consumidor final, isto é, na condição de arrecadado- ras únicas do ICMS (substitutas)”, afirma o diretor da Fiesp. “No entanto, elas ainda estão sujeitas à carga tributária da ST na aquisição de insumos ou mercadorias para revenda, o que traz um custo fiscal incompatível com o regime simplificado. Isso precisa ser revisto para eliminar ou, pelo menos, reduzir esse impacto para as micro e pe- quenas empresas”, complementa Reis. O presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perí- cias, Informações e Pesquisas – Fenacon, Mario Berti, garantiu que o Supersimples pode gerar uma economia de até 40% no pagamento dos tributos para as empre- sas que antes não podiam ser enquadra- das no regime. “A necessidade de revisão do Simples Nacional era uma demanda antiga da Fenacon e das entidades de classe e de outrasdiversas entidades, especialmente pela urgência de reduzir a burocracia e o pagamento de impostos, estimulando assim o empreendedorismo e o desenvolvimento das empresas.” Parafernália fiscal O presidente da Associação Comer- cial de São Paulo – ACSP, Rogério Amato, enfatiza que são necessários mais esforços para a simplificação das obrigações das empresas, de forma geral, até porque quem está incluído nesse regime deseja crescer. “E isso vai levá-las, com o tempo, a superar o limite do faturamento caindo na parafernália fiscal e burocrática.” Ele comenta ainda que cada empresa precisa calcular sua situação para ve- rificar se a adesão é ou não vantajosa: “As tabelas aprovadas no Supersimples variam em função do setor. Por isso, o empreendedor precisa fazer bem as contas antes de aderir ao sistema, uma vez que em alguns casos haverá maior tributação, embora a burocracia para pagar impostos esteja simplificada”, finaliza Amato. Para os empresários terem a oportu- nidade de avaliar o impacto da adesão ao Simples Nacional nos seus negócios, inclusive dessas novas categorias pro- fissionais, o IBPT lançou uma tabela de fácil operação, disponível no seu site www.ibpt.org.br. Para consultar, basta inserir as informações sobre a faixa de faturamento da empresa, a quantidade de mão de obra utilizada e a margem de lucro do negócio. O empreendedor poderá verificar, de forma muito ágil e fácil, a re- dução nas alíquotas de imposto. 12 GT ARTIGO TÉCNICO Muito se questiona acerca de como efetivamente colocar em prática a Governança Tributária. Em pri- meiro lugar, é necessário haver uma mu- dança de paradigma por parte dos sócios ou administradores da empresa, que precisam sentir a necessidade de inserir um processo de gestão para a estruturação da Governan- ça Tributária, para bem definir procedimen- tos e regras a serem seguidos por todas as pessoas dentro da empresa. A questão tri- butária precisa ser vista como estratégica para a empresa como, de fato, ela é. Para que a prática seja implantada, os sócios e administradores precisam dis- por de uma equipe altamente qualificada, que aja com responsabilidade, profissio- nalismo e ética, capaz de coordenar, con- trolar e revisar procedimentos e assuntos tributários. Além disso, tais profissionais estarão aptos a analisar e planejar ques- tões estratégicas e tributárias, mensurar riscos, agir com transparência e, assim, buscar eficiência tributária e lucrativida- de empresarial. Em cinco passos, é possível estrutu- rar o Comitê de Governança Tributária, responsável por inserir as boas práticas no seio empresarial: Cinco passos para a prática da Governança Tributária O Comitê deve ser estruturado de forma a obedecer o modelo dinâmico empresarial, no qual todo assunto que possa influenciar na tributação deverá ser levado ao conhe- cimento de pessoas-chave. Dessa forma, o Comitê deve estar, dentro da hierarquia empresarial, subordinado ao Conselho de Sócios da empresa e ser fiscalizado pelo Conselho Fiscal, mas deve ter liderança sobre os demais departamentos. Os sócios podem definir se o Comitê receberá algum incentivo financeiro com base nos resulta- dos obtidos, o que é recomendável para o alcance efetivo dos objetivos. Os sócios, ainda, deverão nomear o presi- dente do Comitê que será o responsável por nomear os demais membros. O presidente do Comitê deve ser alguém com alta espe- cialização na área tributária, profunda expe- riência profissional e perfil de liderança, além de organizado e metódico. Pode ser alguém que faça parte da equipe da empresa ou que seja contratado especificamente para assu- mir essa responsabilidade. Sugere-se que o Comitê conte com membros permanentes, como um dos só- cios da empresa, além de representantes da controladoria, se houver, do Conselho Fiscal, da contabilidade, da TI e do jurídico e membros convidados. Como represen- tantes dos demais departamentos e con- selheiros “ad hoc”, ou seja, de profissionais com alta especialização em áreas relacio- nadas à tributação. Tais conselheiros serão convidados de acordo com a pauta a ser definida para cada reunião do Comitê. As reuniões deverão ser periódicas e, de acordo com o que ficar definido pelos membros permanentes, poderão ser con- vocadas reuniões extraordinárias. A primeira reunião definirá a atribuição das responsabilidades de cada membro permanente, a duração de seu mandato, bem como a distribuição das tarefas do Comitê com o objetivo de colocar em prá- tica a Governança Tributária. Também de- verá ser determinada a forma de escolha e convocação dos membros convidados para as próximas reuniões, assim como os assuntos ordinários a serem tratados. Todos os membros deverão assinar um Termo de Compromisso e Ética para que o assunto seja efetivamente levado a sério. Criação do comitê e eleição de seus membros1 13 ARTIGO TÉCNICO GT Letícia Mary Fernandes do Amaral Vice-presidente do IBPT Nas primeiras reuniões do Comitê devem ser estabelecidos os objetivos de curto, mé- dio e longo prazo, a fim de que haja um efeti- vo planejamento das atividades, distribuição e cumprimento das tarefas de cada mem- bro. À medida que os objetivos são atingi- dos, é importante definir a apresentação dos resultados aos sócios e a outras pessoas que precisem receber tais informações, para atender ao princípio da transparência, que rege a Governança Tributária. O Comitê deve obedecer aos princípios que regem a Governança Tributária, que são: moralidade e ética, legalidade, com- pliance, reputação e lucratividade. [1] O Comitê deve formalizar em manuais to- dos os procedimentos a serem adotados, bem como a definição das penalidades inter- nas em caso de descumprimento de regras pré-definidas e conscientizadas a todos. Dentre os procedimentos a serem adota- dos, é fundamental que sejam estabelecidas as políticas do Comitê, que devem ser apro- vadas pelo Conselho Fiscal e de Sócios. Re- comenda-se que sejam definidas e forma- lizadas, em Manual, as seguintes políticas: a) Cumprimento das obrigações tributárias; b) Conduta de planejamento tributário; c) Conduta de gerenciamento de riscos tributários; d) Relacionamento com as autoridades fiscais; e) Relacionamento com o governo (políticos, ministros e conselheiros políticos externos); f) Relacionamento com sócios, acionistas, imprensa e lobistas; g) Relacionamento da empresa com seu grupo; h) Participação em fóruns de discussão e debates acerca de questões tributárias. É necessário salientar que a decisão acerca do nível de divulgação das políticas fiscais cabe ao Conselho de Sócios, o qual deverá levar em consideração os benefícios que poderá trazer à reputação na sociedade. Para que seja possível coordenar, con- trolar e revisar os procedimentos, é essen- Definição das políticas pelo comitê de governança tributária Apresentação de resultados Due diligence e compliance Monitoramento periódico e definições estratégicas 2 53 4 cial que eles sejam conhecidos em profun- didade pelo Comitê. Portanto, este deverá proceder a uma due diligence tributária. Depois de analisada toda a documen- tação e revisados seus termos minucio- samente, será necessário compará-los com as definições estabelecidas nas Políticas estabelecidas pelo Comitê. Em seguida, deve-se diagnosticar equívocos e mensurar a relação entre acertos e er- ros para estabelecer um índice inicial de Governança Tributária, ou seja, uma nota de zero a dez, que servirá de parâmetro para o monitoramento periódico, sempre objetivando melhoras. O monitoramento serve para que o Co- mitê tenha segurança de que as mudanças implantadascontinuam de acordo com as Políticas pré-definidas e princípios da Go- vernança Tributária, visto que as leis e nor- mas tributárias mudam frequentemente, assim como o entendimento de tribunais administrativos e judiciais. Dessa forma, é possível que o planejamento tributário pre- viamente adotado, por exemplo, tenha que ser ajustado para minimizar riscos poste- riores. Por outro lado, podem surgir oportu- nidades para novas estratégias, sendo que as tributárias devem ser um assunto cons- tante do Comitê. Uma dica é destinar parte das reuniões para debater algum tributo, combinação tributária e/ou obrigação acessória específicos, que se- jam relevantes para as atividades da empresa e convidar algum expert no assunto que pos- sa contribuir no alinhamento e suporte legal de estratégias. Vale ter sempre em mente que todas as definições estratégicas, inclusive as relativas a operacionalizações de planejamen- tos tributários, devem ser registradas em atas e embasadas em estudos, pareceres ou lau- dos técnicos, prática que faz parte da gestão de riscos na governança tributária. O quinto e último passo é a apresentação periódica dos resultados ao Conselho Fiscal e ao Conselho de Sócios, que devem ser es- truturados em conjunto com o departamento financeiro para que a lucratividade advinda fi- que clara. É fundamental apresentar a análise do risco tributário, para que, eventualmente, os sócios possam deliberar acerca de alterações. Aplicando os cinco passos, o Comitê cer- tamente colherá bons resultados, com a coordenação, controle e revisão constante de todos os assuntos e procedimentos tribu- tários. A adoção de boas práticas de gover- nança tributária no Brasil não é mais uma es- colha, mas sim uma necessidade para quem almeja o sucesso da empresa. [2] [1] Para saber detalhes sobre cada um desses princípios, recomenda-se a leitura de AMARAL VI- GGIANO, Letícia Mary Fernandes do. Op. Cit. [2] Para um estudo mais detalhado desse tema, vide artigo de mesma autoria, intitulado “ESTRUTURAÇÃO DO COMITÊ DE GOVERNANÇA TRIBUTÁRIA EM PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓ- CIOS”, in AMARAL, G. L. et AMARAL, L.M.F. do (coord.). Anais do II Congresso Brasileiro de Go- vernança Tributária. 1.ed. Curitiba: Blanche, 2014. 14 15 16 NOVOS PARÂMETROS DA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA A burocracia fiscal como aliada na análise de mercado e prospecção de clientes O fisco, em todas as suas esferas – estaduais, municipais e Federal – tem aumentado a cada dia o controle sobre os negócios realizados pelas empresas. O objetivo é garantir que os impostos sejam integralmente recolhidos e facilitar a cobrança dos mesmos já que a fiscalização é feita, na maioria das vezes, de maneira on-line. São programas como Sistema Público de Escrituração Digital - Sped, eSocial, Nota Fiscal Eletrônica, entre outros, que ajudam o fisco a tornar o processo de con- ferência de documentos muito mais sim- ples. “Isso tudo serve para que a Receita Federal do Brasil tenha amplo controle so- bre as operações comerciais pactuadas e realizadas entre as partes, para evitar eva- são fiscal, sonegação, e, ao mesmo tem- po, incrementar a Receita ao compartilhar as informações contábeis e fiscais. Aliás, este processo foi iniciado com o secretá- rio da RFB, Everardo Maciel, no governo do GT REPORTAGEM DE CAPA 17 presidente Fernando Henrique Cardoso”, destaca Marcello Lopes, fundador da LCC Auditores e Consultores. Para se ter uma ideia, desde a implan- tação do Sped, iniciada em 2007, até 2013, foram armazenados 7.806.138.325 Megabytes de informações, por ano, so- mente para atender às exigências do sis- tema. Caso fosse impresso em folhas de papel A4, o volume digital de informações acumuladas no período seria suficiente para carregar 370.948 carretas ou ocupar um edifício de 6.624 andares, com quatro apartamentos de 100 m² cada, por andar. Com a implementação do eSocial, nova etapa do projeto que concentrará o envio de todas as informações sobre os empre- gados pelo empregador, e da Nota Fiscal ao Consumidor Eletrônica - NFC-e, este volume deverá alcançar a marca de 11 bilhões de informações geradas e arma- zenadas pelas empresas, assim como pe- los fiscos estaduais e federal e RFB. Além disso, as decisões dos governos estaduais sobre a implementação da NFC-e, nes- te ano, também influenciarão o aumento desse volume. A estimativa é de que este banco de dados passou de 30.570.083 em 2008, ano seguinte ao início do Sped, para 953.491.377 no ano de 2009. Do total de informações armazenadas, 94,94% referem-se à Nota Fiscal Eletrô- nica – NF-e; 2,03% a Conhecimento de Transporte Eletrônico - CT-e; 0,94% a EFD- -Contribuições, e 0,50% a ECD Contábil. A EFD Fiscal e a Fcont, demais etapas do Projeto Sped, equivalem a 1,58% e 0,01% do volume de informações, res- pectivamente. “Vivemos no Brasil um Big Brother Fiscal, no qual o fisco fica de olho em tudo que o contribuinte faz e em tempo real”, diz a coordenadora da graduação em Direito do Ibmec/RJ, Bianca Xavier. Segurança das informações Uma das preocupações do governo é com a segurança das informações entre- gues ao fisco. “Do ponto de vista individu- alizado, o acesso irrestrito às informações pode ser bastante danoso”, alerta Andrew Storfer, da Interacta Participações. De fato, um estudo realizado pelo Institu- to Brasileiro de Planejamento e Tributação - IBPT analisou a segurança das informa- ções prestadas por um universo de 121 mil empresas em todo o País, no qual detectou que 47% dos estabele- cimentos pesquisados têm um sistema de segurança inade- quado. A pesquisa foi realiza- da tendo como base mais de 50 milhões de NF-e como forma de subsidiar o desen- volvimento de sistemas de identificação dos tributos nas notas e cupons. A primeira conclusão do estudo está relacionada à extrema fragilidade com que as empresas guardam e man- têm seus arquivos eletrônicos de notas fiscais: cerca de 47% das companhias analisadas têm baixo grau de segurança das suas informações; 35% têm grau médio de segurança; enquanto somente 18% das empresas possuem ele- vado nível de segurança. A metodologia utilizada para aferir o grau de segurança na guarda das informações fiscais foi feita a partir das validações de segurança e exposição das Notas Fiscais Eletrônicas. De posse dessa análise, foi possível verificar se a empresa tem maior ou menor preocupação com a segurança de suas informações, já que no arquivo XML da NF-e estão contidas informações sigilosas como nome, endereço, e-mail e telefone dos clientes, discriminação das mercadorias vendidas, valor unitário e con- dições de pagamento da transação. Aliado Se por um lado, todos esses controles elevam os gastos dos contribuintes com a aquisição de equipamentos e contra- tação de pessoal para atender às exi- gências do fisco, por outro lado, eles se tornam grandes aliados nas estratégias de negócios das empresas. “Ter uma boa governança tributária e acesso a infor- mações diferenciadas representa uma grande vantagem nos negócios”, avalia Desde a implantação do Sped, iniciada em 2007, até 2013, foram armazenados 7.806.138.325 Megabytes de informações, por ano, somente para atender às exigências do sistema. REPORTAGEM DE CAPA GT 18 GT REPORTAGEM DE CAPA Porcentagem de megabytes enviados por Estado Dados de envio de documento fiscal eletrônico 19 REPORTAGEM DE CAPA GT Fonte: IBPT o especialista em Direito Tributário, Enos da Silva Alves, sócio do escritório Cardillo & Prado Rossi Advogados. Neste sentido, o IBPT tem papel de destaque ao dar aos contribuintes in- formações que podem auxiliar de forma decisiva na elaboração de estratégias de negócios. “Osprogramas que compilam as informações, como o Impostômetro, são grandes aliados dos contribuintes, já que tornam possível, por exemplo, verifi- car o tamanho da carga tributária”, con- sidera a coordenadora de graduação em Direito do Ibmec/RJ, Bianca Xavier. Uma série de estudos e pesquisas reali- zados pelo IBPT originaram o Empre- sômetro, que ajuda a traçar o perfil em- presarial brasileiro, a partir da análise de informações diversas. A ferramenta pos- sibilita consultar informações das em- presas brasileiras por tipo jurídico, porte, regime tributário, endereço, número de fi- liais, ramo de atividade, data de abertura, composição societária, valor do capital social e histórico de regularidade fiscal. Assim, foi possível verificar a faixa de faturamento, tipo de mercadorias comercializadas, produtos fabricados ou serviços prestados de cada uma das empresas, como também identificar o perfil dos sócios ou dirigentes, classi- ficando-os em acomodados, conserva- dores, impulsivos ou arrojados. A partir do estabelecimento de perfis empresariais, o IBPT criou o Índice de Eficácia Comercial - IEC, para medir o resultado das vendas de cada empre- sa. Todas as operações realizadas por uma empresa, com cada CNPJ analisa- do individualmente, recebem uma pon- tuação de eficiência. O somatório de pontos resulta no IEC, que servirá como referência para os administradores. Após a obtenção do índice, a primeira meta será a de melhorar o relacionamento de negó- cios no sentido de aumentar as vendas, diminuir o custo das compras ou exigir o aumento do desempenho de repre- sentantes e distribuidores. “A aglutinação de informações é útil para os negócios e pode também con- tribuir para pressionar o governo a adotar ações e também serve de alerta para políticas governamentais”, consi- dera Andrew Storfer, da Interacta. Vale ressaltar que todos os dados uti- lizados pelo IBPT são públicos, obtidos através de captura eletrônica, conforme a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) e com absoluto respeito à legislação brasileira. O IBPT utilizou al- goritmos criados especialmente para a separação de perfis empresariais, tendo como critério a aplicação de várias ca- madas de inteligência artificial. O IBPT tem papel de destaque ao dar aos contribuintes informações que podem auxiliar de forma decisiva na definição de estratégias de negócios. Quantidade de Megabytes Acumulados por ano 20 Verdades e mitos sobre a reforma tributária GT ARTIGO TÉCNICO 20 21 ARTIGO TÉCNICO GT As pessoas que militam na área contábil e tributária, em espe-cial, que possuem uma carreira de no mínimo duas décadas, têm, com certeza, ouvido falar sobre a chama- da “reforma tributária” em quase todo esse espaço de tempo. Desde a época da implementação do Plano Real, ocorrida um pouco antes do primeiro governo de Fernando Henri- que Cardoso, por volta do ano de 1994, temos esse tema sendo comentado mais assiduamente, como integrante das promessas de políticos, em suas campanhas, nas quais afirmam que em seu governo haveria a sua efetivação. Isso é verdade! Mas o que temos visto na prática é uma absoluta falta de von- tade política para que isso ocorra. O que aconteceu até os dias de hoje? O ex-presidente FHC ficou oito anos no governo e só ao final de seu mandato, resolveu atender às reivindicações dos empresários criando o PIS Não Cumu- lativo, cuja lei previa, em um ano, tam- bém a criação da COFINS Não Cumula- tiva. A esse fato, deu o pomposo nome de Mini Reforma Tributária. A verdade é que isso passava longe de uma efetiva reforma tributária. Na realidade, tornou-se uma nova for- ma de apuração dessas duas contribui- ções, com a possibilidade de créditos sobre os valores pagos em operações anteriores. Isso aplicado somente às empresas que optavam pelo Lucro Real. O que se viu, na prática, foi um au- mento de arrecadação desses dois tri- butos - que não era objetivo das me- didas-, em virtude de que o Governo Federal limitou os créditos e aumentou as alíquotas em valores exponenciais, causando muitos problemas aos “cai- xas” das empresas, principalmente às prestadoras de serviços. Passado todo esse tempo, culmina- mos na PEC 233/2008, que foi proposta no final do segundo governo Lula. Da mesma forma que fez FHC, o ex-presi- dente acenou com essa medida. Essa proposta de emenda constitu- Prosseguindo com as ações dos go- vernos ao longo das últimas déca- das, a Presidente Dilma acenou com as chamadas desonerações fiscais, que na realidade, se tornaram apenas transferências de fatos geradores de arrecadação, como a diminuição da tri- butação das folhas de salários, que, ao mesmo tempo, criou uma nova contri- buição sobre faturamento. Da mesma forma, desonerou de IPI os automóveis novos, os materiais de construção, geladeiras e fogões, mas ao mesmo tempo aumentou o IPI das bebidas alcoólicas. Agora, por fim, a deliberação mais importante de sua gestão que foi a sanção da lei de uni- versalização do Simples. A esses gestos, o Executivo Nacional atribui uma reforma tributária “fatiada”. Pela forma e pela amplitude, não nos pa- rece merecer ser encarada dessa maneira. Sendo assim, constatamos que es- tas medidas tomadas pelos governan- tes, no aspecto tributário, são paliati- cional, considerada como a instituição de uma “reforma tributária”, tinha e tem como objetivos a redução da quantida- de de tributos que oneram a produção, a desoneração da folha de pagamentos e a simplificação do sistema tributá- rio brasileiro. Não cabe aqui discorrer ponto a ponto nas proposições desta norma, visto ser um tema bastante ex- tenso e complexo. Estas medidas tomadas pelos governantes, no aspecto tributário, são paliativas e não atacam o âmago da nossa situação tributária atual, uma alta carga, com concentração no consumo, igualitária em todas as classes sociais, portanto regressiva, fazendo com que os mais pobres acabem, proporcionalmente, pagando mais tributos. João Eloi Olenike Presidente Executivo do IBPT vas, e não atacam o âmago da nossa situação tributária atual, ou seja, uma alta carga, com concentração super majoritária no consumo, igualitária em todas as classes sociais e, portanto regressiva, fazendo com que os mais pobres acabem, proporcionalmente, pagando mais tributos. Temos um sistema tributário super complexo, único no mundo, com mui- tos tributos incidindo em “efeito casca- ta”, além de um emaranhado de normas gerais e tributárias e uma burocracia sem precedentes. Tudo isso sem falar no retorno des- ses valores em serviços públicos, que fica muito abaixo do mínimo necessá- rio para uma sociedade desenvolvida. Alcançando recordes sucessivos de arrecadação de tributos, os governos não estão nada interessados em uma reforma tributária, porque têm receio de que, em um novo modelo, os valores arrecadados não sejam tão substan- ciais e suficientes para fazer frente aos mirabolantes gastos públicos. Precisamos, urgentemente, de uma revisão no sistema tributário brasileiro, quer seja chamada de reforma ou não, sendo esse termo apenas referencial. Que as medidas, executadas de for- ma “fatiada” ou não (o que seria mais difícil), saiam do papel e da retórica e se tornem realidade. Nosso fito como resultado é uma efi- cácia na verdadeira distribuição da tri- butação, fazendo com que, efetivamen- te, as empresas e os cidadãos paguem seus tributos pela efetiva capacidade contributiva. E para que isso finalmen- te aconteça, precisamos, sem sombra de dúvidas, de vontade política! 22 GT REPORTAGEM Previsto para entrar em vigor em 2015 após vários adiamentos, o eSocial integrará o rol de progra- mas desenvolvidos pelo governopara o repasse informatizado de dados das empresas. Com promessas de benefí- cios futuros, o programa deverá fornecer um controle maior do governo sobre as atividades das empresas, como con- tratações e férias, princípio que baseou também o Sped. No entanto, as mudan- ças promovidas pela implantação do eSocial têm preocupado profissionais da Contabilidade e empresários, que preci- sarão se adequar ao novo procedimento. É importante salientar que o eSocial não alterou nenhuma lei trabalhista vi- gente. Porém o sistema fiscalizará de maneira mais eficaz o cumprimento dos prazos já previstos na legislação, uma vez que o repasse dos dados deverá ser imediato, como lembra o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Mario Berti Presidente da Fenacon Gildo Freire Vice-presidente de Finanças do CRC SP Márcio Shimomoto Vice-presidente do Sescon-SP “O eSocial não alterou nenhuma lei trabalhista vigente, no entanto fiscalizará de maneira mais eficaz o cumprimento dos prazos já previstos na legislação, uma vez que o repasse dos dados deverá ser imediato” (Márcio Shimomoto) eSocial: dificuldades da implantação de um futuro promissor 23 REPORTAGEM GT Contábeis e das Empresas de Assesso- ramento, Perícias, Informações e Pesqui- sas de São Paulo – Sescon-SP, Márcio Shimomoto. “Uma das maiores dificul- dades será a mudança de cultura das empresas brasileiras. Pode ser bastante complicado fazer o empresário enten- der que os dados de um novo funcioná- rio, por exemplo, devem ser repassados antes mesmo de ele, de fato, começar a trabalhar. Por isso, temos conversado com a Receita Federal do Brasil – RFB, solicitando a flexibilização de prazos, para que o repasse de informações seja mais correto, de forma a servir realmen- te de base de dados”, reforça. O presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Em- presas de Assessoramento, Perícias, Infor- mações e Pesquisas – Fenacon, Mario Berti, concorda que esse será o grande entrave do programa. “Temos uma mudança cultural para promover. É impossível cumprir o eSo- cial se as empresas e os clientes dos escri- tórios de Contabilidade não fizerem a parte delas”, afirma. “Decisões administrativas devem ser transformadas em registros do eSocial, portanto, é preciso em conjunto, montar- mos mecanismos eficientes para esse fluxo de informações. Essa não é uma obrigação dos escritórios de Contabi- lidade, mas sim, e, principalmente, das empresas em geral. O escritório contá- bil é um parceiro estratégico importante para o cumprimento do eSocial, mas não podemos esquecer que a obrigação é das empresas”, complementa Berti. Além de muitas conversas e da elabora- ção de um plano de ação, o eSocial irá demandar despesas aos escritórios de Contabilidade, além de exigir a capacita- ção dos profissionais da área contábil, que deverão conhecer todo o sistema antes do programa se tornar obrigatório. Prorrogações O prazo para a implantação do eSocial já passou por várias prorrogações. O in- tuito era proporcionar tempo de adapta- ção aos profissionais e às empresas. De acordo com o vice-presidente de Administração e Finanças do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRC SP, Gildo Freire, é pos- sível que haja um novo adiamento caso o governo entenda que o tempo não é sufi- ciente para a adequação. Ele explica que a previsão de implan- tação legal do Sped já havia sido definida e que esse adiamento foi necessário jus- tamente pela complexidade de adequa- ção, que demanda tecnologia. sistema é a aplicação de multas para quem não entregar os documentos em dia ou para quem apresentar informa- ções incorretas. Márcio Shimomoto, do Sescon-SP, ex- plica que não haverá multa caso as alte- rações sejam feitas antes do prazo final para o repasse dos dados. Após esse pe- ríodo, serão cobrados valores punitivos das empresas que deixarem de fazer o repasse ou as alterações necessárias. Durante o primeiro ano de obrigato- riedade, as empresas não serão pena- lizadas por informações incorretas e sua retificação deverá ocorrer de forma tranquila, a fim de facilitar a adaptação. No entanto, quando a lei entrar ple- namente em vigor, a empresa que não seguir corretamente a legislação poderá ter grandes prejuízos. “A for- ma de cobrança de multas pelo fisco sempre foi exagerada, penalizando as empresas, empresários e a sociedade. O fisco deveria orientar e educar, não penalizar”, opina Gildo Freire. Futuro promissor Todo o trabalho gerado às empresas e escritórios de Contabilidade pela im- plantação do eSocial deverá trazer fru- tos aos trabalhadores. As leis que regem as férias, por exem- plo, deverão ser cumpridas à risca. O empregado deverá ser informado da data das suas férias 30 dias antes de elas entrarem em vigor, obrigatoriamente. Os especialistas defendem que, além da fiscalização mais eficaz, as empre- sas terão a oportunidade de organizar a sua estrutura de Recursos Humanos e consequentemente terão mais segu- rança nas relações trabalhistas, desde que tenham planejado a implantação do eSocial. Os dados servirão como base para pesquisas futuras, com números atuali- zados e condizentes com a realidade. “A forma de cobrança de multas pelo fisco sempre foi exagerada, penalizando as empresas, empresários e a sociedade. O fisco deveria orientar e educar, não penalizar” (Gildo Freire) “Uma das maiores dificuldades será a mudança de cultura das empresas brasileiras, mas para isso, é preciso que o governo federal, os empresários e os profissionais da Contabilidade falem a mesma língua” (Mario Berti) O novo cronograma proporcionaria às empresas mais tempo para a implanta- ção do programa. Mas as prorrogações não significam que as empresas devam deixar para fazer os ajustes necessá- rios na última hora, pois podem amargar grandes prejuízos. Multas Um dos pontos mais discutidos du- rante essa fase de implantação do 24 Anúncio IBPT Bis 25 Anúncio IBPT Bis 26 CARF: 90 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO ÀS QUESTÕES TRIBUTÁRIAS Chegar aos 90 anos é uma conquista que deve ser lembrada e celebra-da. No dia 4 de setembro de 2014, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf completou nove décadas de existência e o fato não poderia passar despercebido de modo algum, já que a corte, instituída pelo Decreto nº 16.580, é responsável pela revisão em segundo grau das exigências de tributos federais. Mesmo com seu notório grau de im- portância para empresas e pessoas físicas notificadas pela fiscalização do fisco federal, o Carf ainda é pouco conhecido nos meios acadêmico, pro- fissional e pela sociedade em geral. O órgão desempenha no Estado bra- sileiro um prestígio inegável, já que cada vez mais os litígios tributários do âmbito federal estão sendo resolvidos definitivamente nesta esfera adminis- trativa do Ministério da Fazenda. Isso faz com que as decisões em segunda GT Entrevista Desde sua criação os “Conselhos de Contribuintes” exibem os papeis de representantes do fisco e contribuintes nos processos e decisões Otacílio Dantas Cartaxo 27 Entrevista GT IBPT - Nos últimos anos o Carf passou por grandes reestruturações. Quais foram? Cartaxo - Na verdade, duas grandes reestruturações – organizacional e ope- racional - ocorreram nos últimos cinco anos e já estão concluídas. No que diz respeito à reestruturação organiza- cional, houve a unificação do Primei- ro, Segundo e Terceiro Conselho. Cada Conselho tinha um presidente, uma No modelo anterior, todos os processos eram em papel, o que gerava custos expressivos de logística, gestão e controle ineficientes, tempode movimentação excessivo e limitações à informatização e automação dos processos de trabalho. Secretaria Executiva e as Câmaras Jul- gadoras. Quando ocupava o cargo de secretário-adjunto substituto da Re- ceita Federal, em 1998, fiz uma análise nessa estrutura antiga e apontei uma série de disfuncionalidades, como re- trabalho, baixo nível de informatização e superposições de funções: três secre- tarias executivas, três presidências, três orçamentos. Era tudo triplicado dentro dessas estruturas. Em virtude de todas essas questões, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na época aprovou a re- estruturação organizacional. IBPT - Em que consistiu a reestruturação or- ganizacional? Cartaxo - A unificação do Conselho possibilitou que o Carf tivesse condi- ção de tribunal com padrão de todos os órgãos de julgamento do mundo, base- ada na estrutura clássica e weberiana, do intelectual alemão, jurista e econo- mista, Karl Emil Maximilian Weber, con- siderado um dos fundadores modernos da sociologia e com uma forte influ- ência no direito, na ciência política, na administração e na sociedade. IBPT - No que consiste a reestruturação ope- racional? Cartaxo - No modelo anterior, todos os processos eram em papel, o que ge- rava custos expressivos de logística, gestão e controle ineficientes, tempo de movimentação excessivo e limita- ções à informatização e automação dos processos de trabalho. A proposta de mudança consistiu na implantação do processo digital. Primeiramente, houve uma mudança cultural – do processo em papel para o processo digital. Além disso, destaco a redefini- ção de procedimentos e processos de trabalho; treinamento e requalificação da mão-de-obra; e digitalização dos processos existentes. No atual modelo, totalmente digital, passamos a contar com o e-Processo da impugnação até a extinção do crédito. Ele é composto por três módulos: lançamento pelas Delega- cias da Receita Federal do Brasil e ins- petorias; julgamento pelas Delegacias da RFB de Julgamento - DRJ’s e Carf; e execução do crédito pela Procuradoria- -Geral da Fazenda Nacional – PGFN. IBPT - Em sua opinião, quais foram as princi- pais vantagens do e-Processo? Cartaxo - O e-Processo permitiu que os processos administrativos fiscais da Receita Federal do Brasil fossem total- mente informatizados. Ele foi respon- sável por transformar, do papel para o formato digital, as milhares de ações judiciais fiscais que relacionam os con- tribuintes pessoas físicas e jurídicas e a RFB, proporcionando celeridade, redu- ção de custos, transparência, seguran- ça, precisão e acessibilidade. Além dis- so, com o e-Processo, o Carf tem mais estrutura para controlar efetivamente esses processos, ao longo dos trâmites administrativos. Outro avanço extrema- mente significativo na reestruturação operacional foi o site do Carf, onde to- das as informações, como tramitação processual, pautas e atas de julgamen- to, banco de acórdãos e súmulas, são disponibilizadas ao público. Além disso, há um controle gerencial, com os indi- cadores de gestão: estoque de proces- sos, controle das atividades e dos pra- zos e mensuração de desempenho. IBPT - Atualmente não existe nenhum pro- cesso em papel no âmbito do Carf? Cartaxo - Todo auto de infração da RFB nasce digital, segue para Delega- cias em forma digital e durante todo o seu trâmite permanece nesse formato. Hoje, no contencioso tributário federal não existe mais processo em papel. Todos os processos são digitais. O e- -Processo atinge qualquer ação desde seu nascimento até a finalização: da impugnação até a instrução de crédi- to tributário. Quando um contribuinte recebe um lançamento da RFB, que faz um auto de infração ou notificação dizendo que ele deve R$ 10 mil, por exemplo, esse contribuinte tem duas opções: ou paga a “dívida” ou então im- pugna. Ao fazer essa contestação, tor- e última instância tenham a marca da autenticidade. Desde sua criação, em 1924, os “Conselhos de Contribuintes” exibem composição paritária, isto é, os representantes do fisco e contribuintes participam dos processos e decisões. Na presidência do Carf desde 12 de maio de 2010, com a publicação da Portaria nº 998 da Secretaria da Casa Civil, o ex-secretário da Receita Federal do Brasil – RFB, Otacílio Dantas Carta- xo, fala sobre o Conselho, cuja missão é assegurar à sociedade celeridade e imparcialidade na solução dos litígios tributários, seu passado e as tendên- cias para o futuro. IBPT - Como o senhor vê o aniversário de 90 anos do Carf? Cartaxo - Hoje, o Carf está muito di- ferente do que era. E, sem dúvida, o órgão evoluiu – e muito. Considero o aniversário de 90 anos como um indi- cativo de que a instituição é necessá- ria e sobreviveu, todo esse tempo, com todas as reformas que foram feitas no âmbito do governo federal e, especial- mente, no Ministério da Fazenda. Isso é um sinal da sua vitalidade. 28 O e-Processo permitiu que os processos administrativos fiscais da Receita Federal do Brasil fossem totalmente digitais. na-se um contencioso que vai para a área de julgamentos da RFB. Na maio- ria das vezes, quando o contribuinte recebe uma decisão não favorável, ele recorre ao Carf. IBPT - Quando o e-Processo foi implantado? Cartaxo - A informatização do con- tencioso administrativo e tributário fe- deral foi implantada em 2010, quando eu atuava como secretário da Receita Federal, e ocorreu em todas as Delega- cias da RFB, PGFN e Carf. Vale mencio- nar que esse avanço foi extremamente relevante para todos e resultou em um enorme ganho de produtividade e efici- IBPT - Em sua opinião, o órgão contribui com a sociedade, de forma geral? Cartaxo - Sim, inclusive o Conselho vem solucionando vários desacordos GT Entrevista ência. Hoje um processo pode estar no Rio Grande do Sul e o advogado pode perfeitamente acessá-lo de São Paulo, por exemplo, sem nenhuma dificuldade. sobre a compreensão da legislação tri- butária. Com isso, o órgão confirma sua relevância na defesa dos interesses e direitos da Fazenda Nacional, dos con- tribuintes e do Estado Democrático de Direito. Tributaristas e acadêmicos de reconhecimento nacional e internacio- nal exploram tal relevância em várias de suas publicações, e magistrados, inclusive dos Tribunais Superiores, se valem de seus julgados para embasar decisões envolvendo matérias tributá- rias. Seu prestígio vem alcançando ex- pressão internacional, como pode ser evidenciado pelos eventos realizados nos últimos anos pelo Centro Intera- mericano de Administradores Tribu- tários – Ciat e pela Associação Ibero- 29 A atuação dos tribunais administrativos coopera para a compreensão do Direito Tributário, com a segurança jurídica e, principalmente, promove a melhoria dos ambientes de negócios. IBPT - Qual a importância do Carf para eluci- dar os temas tributários? Cartaxo - Até mesmo nas universi- dades de Direito, a experiência nos mostra que pouco ou nada se entende sobre o processo administrativo tri- butário. Apesar de não ser obrigató- rio, uma vez que o artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, que diz “a lei não excluirá da aprecia- ção do Poder Judiciário Outro detalhe importante é que o fato do Carf ser um órgão colegiado e possuir composição paritária, com representantes do fisco e dos contribuintes - todos com larga experiência em matéria tributária. O julgamento é realizado por verdadeiros especialistas no as- sunto, o que, sem sombra de dúvida, constitui uma grande van- tagem ao contribuinte. Nos últimos anos, o Carf adotou diversas práticas para mo- dernizar o processamento dos recursos, de modo a facilitar o acesso às informações processuais e permitir o acesso às decisões proferidaspelo colegiado, disponibilizando, inclusive, repositório de jurisprudência. Isso não significa que o processo de aperfeiçoamento da ins- tituição tenha chegado ao fim. Certamente, diversas outras medidas serão tomadas nos próximos anos para modernizar a atividade do Conselho. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sempre foi e continua sendo uma referência para os demais Tribunais e Con- selhos Administrativos. A celebração dos 90 anos, no dia 4 de setembro de 2014, atesta a importância deste Conselho, ao longo das últimas dé- cadas, na solução das controvérsias envolvendo tributos admi- nistrados pela Receita Federal do Brasil-RFB. Vale lembrar que o órgão, ao decidir questões envolvendo a constituição e a cobrança de créditos tributários, contribui para o aprimoramento dos procedimentos adotados no âm- bito da administração tributária, o que atende a um anseio de toda a sociedade. Além disso, a complexidade do sistema tributário amplia a importância dos tribunais administrativos, sobretudo do Carf, e, na mesma proporção, aumenta a responsabilidade dos conse- lheiros julgadores, exigindo deles maior qualificação e preparo. Presidente do Conselho Municipal de Tributos de São Paulo, Luciana Xerfan Maranhão de Mello Entrevista GT lesão ou ameaça a direito”, a via judi- cial pode ser o rumo para solucionar conflitos. Dessa forma, não podemos negar que a opção pelo Carf já é uma realidade, principalmente por conta do menor custo ao contribuinte, já que não há gastos significantes e muito menos a necessidade de advogado para o ple- no exercício do direito de defesa. Além disso, ele tem a seu favor julgadores com conhecimento especializado, nor- malmente em Direito Tributário, Ciên- cias Contábeis e Comércio Exterior. A atuação dos tribunais administrativos coopera para a compreensão do Direi- to Tributário, com a segurança jurídica e, principalmente, promove a melhoria dos ambientes de negócios. IBPT - Quais são as tendências para o futuro? Cartaxo - Hoje, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei Complementar nº 222/2013, o qual estabelece normas gerais sobre o processo administrativo fiscal, no âmbito das administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, vi- sando, em especial, assegurar aos li- tigantes em processo administrativo fiscal o devido processo legal, o contra- ditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. De autoria do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o projeto, cujo relator é o senador Fran- cisco Dornelles (PP-RJ), determina que no contencioso administrativo fiscal são assegurados aos litigantes os se- guintes meios de defesa e recursos: impugnação; embargos de declaração; recursos voluntário, de ofício e espe- cial; e pedido de reexame de admissi- bilidade especial. Dada a dimensão da matéria, enquanto não houver compre- ensão sistemática e o conhecimento analítico da relação concreta, em nível operacional, do Estado e dos cidadãos, não haverá sucesso nas tentativas de racionalização e desburocratização do aparelho do Estado, em seus três níveis e respectivas projeções. Presidente do Conselho Municipal de Tributos de São Paulo, Luciana Xerfan Maranhão de Mello comenta os 90 anos do Carf -Americana de Tribunais de Justiça Fiscal ou Administrativa - A.I.T, na Ar- gentina, no Brasil, na Espanha, na Itália, no México e em Portugal. 30 Importante conquista para o contribuin-te brasileiro, a Lei nº 12.741/12, que obriga os estabelecimentos a informa- rem a carga tributária incidente nos produ- tos e serviços nos cupons e documentos fiscais para o consumidor final, já come- ça a despertar maior consciência sobre o quanto se paga de tributos no País. A lei entrou em vigor em julho de 2013, mas a Medida Provisória nº 620 prorrogou por um ano a aplicação de penalidades às empresas que não estivessem adaptadas à legislação. Novo adiamento ocorreu em 6 de junho de 2014, a poucos dias do início da aplicação de multas, com a publicação da MP nº 649, que concedeu aos estabe- lecimentos mais seis meses do prazo. Na mesma data, o governo regulamentou a lei, com o Decreto nº 8.264/2014, e alterou a apresentação das informações a serem Empresas superam desafios para se adaptar às exigências da informação do tributo na nota prestadas no documento fiscal, que deve- rão aparecer de forma segregada, ou seja, tributos federais, estaduais e municipais. A regulamentação também determinou, que no caso das instituições financeiras, a informação dos tributos incidentes sobre os produtos e serviços poderá ser feita por meio de painel afixado em local visível no estabelecimento. Quem não se adequar às novas exigências da lei até 31 de de- zembro de 2014 estará sujeito às sanções previstas no Código de Defesa do Consu- midor. A legislação é facultativa ao Micro- empreendedor Individual - MEI, optante pelo Simples Nacional. Em parceria com a Associação Comercial de São Paulo - ACSP e a Associação Brasi- leira de Automação Comercial - Afrac, o Ins- tituto Brasileiro de Planejamento e Tributa- ção – IBPT desenvolveu uma solução para que as empresas se adaptem à legislação. A tabela com as alíquotas dos produtos e serviços, classificados por Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM e Nomenclatu- ra Brasileira de Serviços - NBS, bem como o Manual de Integração, voltado aos desen- volvedores de softwares, estão disponíveis no site www.deolhonoimposto.ibpt.org.br. Ao todo, mais de 1,5 milhão empresas já baixaram a solução criada pelo Instituto. Adaptação O presidente da ACSP, da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo - Facesp e presidente-interino da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil - CACB, Rogério Amato, afirma que houve uma grande ade- são das empresas de maior porte à lei. “As empresas menores, em geral, esperaram a obrigatoriedade e a multa - e não chegaram a implantar. Mas as informações também estão disponíveis de forma acessível para elas”, lembra o dirigente. A evolução da lei De Olho no Imposto GT REPORTAGEM 31 O diretor de Inovação e Inteligência Contábil do Instituto Brasileiro de Pla- nejamento e Tributação - IBPT, Othon de Andrade Filho, afirma que a grande dificul- dade dos estabelecimentos para se adap- tar à lei se deve ao cadastro de produtos das empresas. “A grande maioria não dá importância devida e, frequentemente, os códigos NCM ficam em branco ou são in- formados incorretamente”, explica, ressal- tando que cabe às empresas providenciar os códigos comerciais corretamente para acessar a tabela do IBPT. Andrade destaca que as empresas que já se adaptaram terão maior facilidade para fazer a atualização, uma vez que bas- ta baixar a versão mais recente da solu- ção. “Ao comerciante ou prestador de ser- viço que emite nota fiscal manualmente, basta acessar o site do IBPT e pesquisar os produtos ou serviços pelo nome”. Regulamentação Na opinião de Rogério Amato, da ACSP, a separação dos tributos federais, estadu- ais e municipais, determinada pela regula- mentação da lei, não esclarece ao cidadão que 68% dos tributos pagos são da União, podendo dar uma falsa impressão sobre quem é o maior responsável pela carga tributária total. “A modificação foi uma exigência da Re- ceita Federal do Brasil - RFB, sob o argu- mento de que o governo federal muitas vezes reduzia impostos, mas isso não fi- cava claro para o consumidor. Na verda- de, como o imposto que mais pesa para o consumidor é o ICMS, a Receita pretendia mostrar que são os estados os que mais tributam. A exigência da discriminação dos três tributos na nota está causando grandes dificuldades para a elaboração de novos cálculos, exigindo que os progra-madores façam total adaptação de todo o sistema. Mas os obstáculos técnicos estão sendo superados de forma a não trazer dificuldades maiores para as em- presas”, assegura Amato. O vice-presidente de Relações Institu- cionais da Afrac, Luis Garbelini, da Afrac, afirma que a Entidade se surpreendeu com a regulamentação, pois esta alterou o modelo já implementado e efetivado no mercado. Ele estima ser necessário pelo menos seis meses para promover a atualização dos sistemas em todo o País. Como muitos associados contratam os serviços com possibilidade de atualiza- ções, algo que é comum no segmento, Garbelini acredita que ao menos as gran- des redes não deverão ter maiores custos com o procedimento. “A Afrac e seus associados farão todo o possível para que a lei seja implementada, sendo um primeiro passo de uma mudan- ça mais profunda no modelo tributário. A consciência virá com o tempo e espero que possamos ter mais qualidade no retorno do imposto que pagamos”, reforça Garbelini. Para Rogério Amato, mais do que escla- recer o consumidor de que ele é contribuin- te, “é preciso criar a noção de cidadania, para que ele possa cobrar a contrapartida pelos impostos que paga”, define. Consumidor demonstra consciência tributária O programador Gabriel Paulon, 21 anos, acompanha atentamente a infor- mação do tributo na nota fiscal. “Por conta do meu trabalho, preciso estar sempre atualizado sobre as mudanças referentes aos produtos e serviços que utilizo”. De acordo com Paulon, a infor- mação promove uma conscientização do contribuinte. “Pelo valor pago em im- postos, deveríamos ter serviços públicos de alta qualidade, o que não acontece hoje”, afirma. Logo que a legislação entrou em vigor, o advogado Erivaldo Almeida, 26 anos, passou a verificar as notas, relatando uma insatisfação de constatar uma carga tributária tão elevada. Contudo, recomen- da: “É importante percebermos o quanto somos afetados pelos tributos que paga- mos em tudo o que consumimos, mas de nada adianta conhecer se não houver ati- tudes enérgicas por parte dos contribuin- tes, inclusive na escolha de seus gover- nantes. Com impostos tão severos, fica impossível compreender como temos serviços públicos tão precários”. A nutricionista Mariane Alves, 24 anos compartilha da opinião do advogado: “Em média, 30% do valor dos produ- tos corresponde a impostos. Fica difícil acharmos este valor justo, quando nem ao menos vemos para onde esses valo- res são revertidos”. Luis Garbelini, da Afrac, afirma já no- tar a mudança de comportamento. “Nas filas de supermercados e lojas de ves- tuário é possível presenciar os consu- midores comentando sobre a elevada carga de impostos sobre o preço total da compra”, afirma. Nota da Redação: Até o fechamento desta edição, a Medida Provisória n° MP nº649 , que adiou o prazo para adaptação das empresas não havia sido votada. REPORTAGEM GT 32 A quantidade de dados gerados nas empresas, e que estão à disposição delas em fontes externas, cresce de forma acelerada. Notas fiscais eletrônicas, cupons fiscais, documentos do Sped, ba- ses de dados públicas e outras. As redes sociais também são fontes preciosas de informação e importantes ferramentas de interação com clientes. Um acompanhamento dos clientes no Facebook, Twitter, Foursquare e Insta- gram, feito por pessoal especializado, é essencial na descoberta de oportunida- des e prevenção de problemas. Mas quais tipos de oportunidades estão, mais preci- samente, ao alcance das empresas? Área fiscal e comercial Com a progressiva implantação do Sped, o governo gerou para si mesmo um gigantesco poder de controle, no que diz respeito ao conhecimento, quase em tem- po real sobre a realidade das empresas. As informações do Sped estão dispo- níveis a partir de layouts padrão, o que obrigou as empresas a organizarem-se Muito além do BI GT ARTIGO TÉCNICO para entregá-las. Ao mesmo tempo, pas- sou a ser possível realizar a análise dos dados através de softwares de auditoria similares ao IBPTax, do Instituto Brasilei- ro de Planejamento e Tributação - IBPT. O IBPTax, realiza uma análise crítica, visando consistir os valores repassa- dos ao Fisco, como créditos e débitos de impostos. A partir desses resultados, uma camada adicional de segurança é agregada ao processo de cálculo dos impostos, já que a ferramenta vai operar independentemente dos mecanismos convencionais de apuração da empresa. Oportunidades com a mineração de dados É na área comercial que estão algu- mas das oportunidades mais interes- santes quando os dados disponíveis são utilizados como matéria-prima para a geração de conhecimento útil. O bom aproveitamento desses dados, porém, não é possível através do exame de re- latórios ou análises convencionais, já que estamos falando de grandes quan- tidades de dados, com relevante diversi- dade entre si. São necessárias técnicas especiais. É ai que entra a “Mineração de Dados” ou data mining. No âmbito da mineração de dados, vá- rias técnicas de análise estão disponí- veis, dependendo dos objetivos a serem alcançados. Neste artigo, me refiro ao objetivo de dar aos clientes algo além das análises convencionais, realizadas por meio dos clássicos relatórios e fer- ramentas de BI (Business Intelligence). Estas, de uma forma geral, estão con- centradas apenas em analisar fatos pas- sados. Aqui em nosso contexto, a chave é a “análise preditiva”, que nada mais é do que possibilitar, a partir de padrões de comportamento dos consumidores, con- sumo e outros padrões conhecidos, pre- ver o futuro com níveis satisfatórios de certeza para aplicação a novas situações. Clusters e árvores de decisão Vamos supor que sua empresa queira fazer uma campanha de vendas para um determinado produto, atingindo 300 mil clientes de seu cadastro. 33 ARTIGO TÉCNICO GT Glauter Moulin Coelho Diretor de Desenvolvimento do IBPT Antes de iniciar a campanha, uma análise poderá mostrar que a maior par- te dos clientes que já adquiriram o pro- duto é composta por homens com renda entre seis e sete salários mínimos, idade entre 35 e 40 anos, moradores da região sul da cidade. Fundamentado em tais informações, geradas por um algoritmo de “árvore de decisão”, o processo de mineração de dados irá analisar a base de informações de 300 mil nomes e apontar aqueles com maior chance de se tornarem comprado- res, ou seja, muito semelhantes ao “com- prador típico”. Com essa estratégia a campanha de vendas terá mais eficácia e menos custos. Em vez de tentarmos atingir todo o cadastro, nos concentrare- mos em um público menor, com chances de resposta positiva muito maior. Análise de cesta de produtos Um caso bastante conhecido é aquele em que uma importante rede de super- mercados constatou uma relação entre as vendas de fraldas e de cervejas nos finais de semana, à noite. Essa consta- tação foi obtida com a análise de milha- res de tickets de vendas e com o uso de algoritmos computacionais, para des- cobrir padrões impossíveis de serem observados em análises convencionais. E porque ocorria isto ? Descobriu-se que, quando as fraldas acabavam nos fins de semana, era o ma- rido quem ia ao mercado comprá-las, na maior parte dos casos. Aproveitando a saída, os papais também repunham seu estoque de cerveja. A partir daí o super- mercado passou a disponibilizar fraldas e cervejas em gôndolas mais próximas, favorecendo a visualização e, conse- quentemente, as vendas combinadas. Redes neurais As redes neurais são algoritmos com- putacionais que buscam recriar, mesmo que de forma menos complexa, a estru- tura básica do cérebro humano, através de neurônios artificiais modelados por um software. Esses neurônios
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