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ibpt-revista-governanca-tributaria-2014

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EXPERIÊNCIA 
NA ADVOCACIA 
TRIBUTÁRIA 
DESDE 1985.
OAB/
PR 7
62
Aplicando os conceitos da Governança 
Jurídica, alia a advocacia tributária aos 
seguintes ramos do direito:
Aduaneiro
Contratual e Societário
Propriedade Intelectual
Ambiental
Internacional
Econômico
Gilberto Luiz do Amaral 
OAB/PR 15.347
OAB/SP 348.752 
Letícia Mary Fernandes do 
Amaral 
OAB/PR 57.342 
OAB/SP 255.884
Cristiano Lisboa Yazbek 
OAB/PR 40.443
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3
SUMÁRIO GT
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06
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34
20
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38
05
40
42
46
Novos parâmetros da 
Inteligência Competitiva
A evolução da lei De 
Olho no Imposto
Quanto mais Simples, 
melhor
Sinal de alerta para a 
indústria brasileira
eSocial: dificuldades 
da implantação de um 
futuro promissor
CARF: 90 anos de contribuição às questões 
tributárias
A democratização das informações em 
exercício da cidadania
Verdades e mitos sobre a 
reforma tributária
Cinco passos para a prática da governança tributária
Muito além do BI
Governança Tributária minimiza a burocracia portuária 
Reportagem de capa
Reportagem 
Reportagem 
Reportagem 
Reportagem 
Expediente
Entrevista
Entrevista
Artigo técnico
Artigo técnico
Artigo técnico
Artigo técnico
Editorial
Institucional
Serviços IBPT
Diretoria do IBPT
Av. Juscelino Kubitschek, 1.600, cj 102 - São Paulo/SP – Tel.: (11) 3299-6800 – www.ibpt.org.br/ibpt@ibpt.org.br – Conselho editorial: Gilberto Luiz do Amaral 
– João Eloi Olenike – Letícia Mary Fernandes do Amaral – Cristiano Lisboa Yazbek – Produção: De León Comunicações – Tels.: (11) 5017-4090/7604 e-mail: 
deleon@deleon.com.br – Editora e jornalista responsável: Lenilde Plá De León – Conselho e Coordenação Editorial: Paula Fernanda Karpenko Redação: 
Danielle Ruas, Gilmara Santos, Katherine Coutinho, Paloma Minke e Paulo Prendes – Diagramação: Paulo Prendes Projeto Gráfico: FOLKS Design Vivo 
Periodicidade: semestral – Tiragem: 3.000 – Impressão: Gráfica Capital
As opiniões expressas nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e os anúncios veiculados são de inteira responsabilidade dos anunciantes
5
EDITORIAL GT
SIMPLIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA E 
ACESSO À INFORMAÇÃO
No ano de 2014 foram privile-giadas as políticas voltadas à simplificação do sistema 
tributário brasileiro. No mês de 
agosto, ao sancionar a Lei Com-
plementar nº 147/2014, o gover-
no federal possibilitou a inclusão 
de novas categorias profissionais 
no Simples Nacional. Esta medida 
beneficiará mais de 450 mil em-
presas, que agora poderão usufruir 
das condições do regime simplifi-
cado de tributação. Após intenso 
trabalho das entidades da socie-
dade civil, nas quais se inclui o 
Instituto Brasileiro de Planejamen-
to e Tributação – IBPT, junto ao 
Congresso Nacional, a legislação 
foi aprovada. 
Sobre o tema, o IBPT produziu 
diversos estudos a pedido da Se-
cretaria da Micro e Pequena Em-
presa, com o objetivo de dimen-
sionar os impactos e embasar os 
benefícios da inclusão no Simples, 
entre eles a formalização e desen-
volvimentos dos pequenos negó-
cios no País. 
Ainda que seja necessário al-
guns ajustes a serem feitos, a lei 
é uma importante conquista dos 
pequenos e médios empresá-
rios, que representam a grande 
maioria do empreendedorismo no 
País. Outro fato de significativa 
importância para as questões tri-
butárias no País ocorreu no início 
desse semestre, quando a Lei nº 
12.741/2012, conhecida como a 
Lei De Olho no Imposto foi final-
mente regulamentada, por meio do 
Decreto nº 8.264/2014. Algumas 
alterações foram feitas, como a 
exigência de três informações dis-
tintas nos cupons e notas fiscais: 
a descrição dos tributos federais, 
estaduais e municipais.
Em razão dessa determinação 
legal, adiantamos que o IBPT 
criou e está disponibilizando gra-
tuitamente aos empresários uma 
solução tecnológica para que os 
estabelecimentos de todo o País 
possam cumprir a lei. 
Essa iniciativa foi possível gra-
ças à parceria firmada com a As-
sociação Comercial de São Paulo 
– ACSP e com a Associação Bra-
sileira de Automação Comercial 
– Afrac, em 2013, muito antes da 
vigência da Lei.
Estamos confiantes na aplica-
ção desta lei em sua integralidade, 
a partir de janeiro de 2015, quando 
se terá início as penalidades previs-
tas para quem não as cumprirem. 
Reconhecido pelo desenvolvi-
mento de ferramentas sociotec-
nológicas, como o Impostômetro 
e o Empresômetro, o IBPT vem se 
utilizando da Lei de Acesso à Infor-
mação para transmitir à população 
importantes conteúdos sobre a 
arrecadação tributária, os gastos 
dos governos, e os dados sobre 
as empresas brasileiras, que são, 
sem dúvida, informações públicas 
de interesse geral.
Com a inauguração do escritório 
em São Paulo e a ampliação do seu 
parque tecnológico, o IBPT passa a 
utilizar ainda mais esses recursos 
em benefício da sociedade, recor-
rendo à sua expertise para traduzir 
informações técnicas ao o empre-
sário, com o objetivo de orientá-lo a 
buscar as melhores estratégias para 
o desenvolvimentos de seu negócio, 
assim como para a pessoa física, 
dando condições para que exer-
ça seu papel de cidadão de direito 
e passe a exigir melhores retornos 
dos governantes por aquilo que tem 
pago em tributos.
Nesta edição da Revista Gover-
nança Tributária trazemos maté-
rias exclusivas sobre a utilização 
dos dados fiscais e os impactos 
do eSocial - a última e maior etapa 
do Sistema Público de Escritura-
ção Digital - Sped, que reunirá as 
informações trabalhistas a serem 
transmitidas a partir de 2015. 
A Revista aborda ainda o de-
sempenho da indústria nacional 
e as perspectivas para 2015, as 
tendências e modernizações do 
Conselho Administrativo de Recur-
sos Fiscais – Carf, que neste ano 
completa 90 anos, além de artigos 
técnicos elaborados pelos espe-
cialistas do IBPT.
Em ano eleitoral e de relevantes 
definições, as questões tributárias 
e perspectivas da economia devem 
fazer parte da pauta dos governan-
tes que irão conduzir o Brasil nos 
próximos anos. 
Nossa expectativa é que num 
futuro próximo, possamos avançar 
na simplificação tributária e redu-
ção da burocracia, possibilitando o 
desenvolvimento econômico e so-
cial do País.
Boa Leitura!
Gilberto Luiz do Amaral
Presidente do Conselho Superior e 
Coordenador de Estudos do IBPT
6
GT REPORTAGEM
A indústria brasileira enfrenta um período de retração, constatado na quantidade de novos negócios 
abertos no primeiro semestre de 2014. 
De acordo com o Perfil Empresarial 
Brasileiro – Empresômetro, do Instituto 
Brasileiro de Planejamento e Tributa-
SINAL DE ALERTA 
PARA A INDÚSTRIA 
BRASILEIRA
Especialistas opinam sobre o pior desempenho 
do setor registrado nos últimos anos.
ção – IBPT, o setor teve uma queda de 
20,3% no número de estabelecimentos 
criados no período, em relação a 2013. 
Foi o pior desempenho entre os setores, 
seguido pelo comércio, que teve redução 
de 16,4%, e pelo setor de serviços, com 
queda de 10,6%. 
A criação de empresas no País tem cai-
do sucessivamente desde 2012, sendo 
que o primeiro semestre de 2014 teve o 
pior resultado da série. No ano de 2011 foi 
registrado o último crescimento, de 4,5% 
na geração de novos negócios, em com-
paração ao mesmo período de 2010.
Para o pesquisador do IBPT, Cosmo 
Rogério Oliveira, o fraco desempenho 
do nível de abertura de novos negócios 
no 1º semestre de 2014 é reflexo da 
queda, também, do nível de atividade 
econômica no País.
Segundo dados do Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística - IBGE, a 
produção industrialdo 1º semestre de 
2014, comparada ao mesmo período de 
2013, caiu 6,89% no índice geral. Já a 
produção de bens de capital, bens inter-
mediários, bens de consumo duráveis 
e não duráveis declinou 21,11%, 2,88%, 
34,36% e 3,01%, respectivamente.
José Augusto Fernandes
Diretor de Politicas e Estratégia da CNI
Cosmo Rogério Oliveira
Pesquisador do IBPT
7
REPORTAGEM GT
O único setor que apresentou cresci-
mento foi o financeiro, com um acréscimo 
de 2,8% no número de novos negócios em 
2014, em relação ao período de janeiro a 
junho do ano passado. 
No mesmo período foram abertas 
240.282 novas empresas no País, 
apresentando uma queda de 13,1% em 
comparação a igual período de 2013, 
quando foram criados 276.375 novos 
empreendimentos. O o levantamento 
do Empresômetro não inclui os Micro-
empreendedores Individuais – MEIs.
Causas
De acordo com o pesquisador do IBPT, 
são diversos os fatores que ocasiona-
ram o fraco desempenho do setor da in-
dústria nos primeiros seis meses, sendo 
ultrapassado pelo segmento de serviços. 
“O processo de abertura e instalação 
(startup) de um negócio para a presta-
ção de serviços é extremamente mais 
rápido do que o startup da indústria”, 
disse Oliveira. 
Outro fator que contribuiu para o baixo 
resultado do setor industrial foi a queda 
significativa dos segmentos que ala-
vancam indústrias menores, como por 
exemplo, o automotivo e de motocicle-
tas, têm grande impacto sobre as indús-
trias de produção de peças e acessórios. 
O pesquisador afirma que o impacto 
causado na indústria afeta diretamen-
te as vendas, o que coloca o comércio 
como o segundo setor com menor de-
sempenho em termos de novos estabe-
lecimentos em atividade.
Para o diretor de Politicas e Estraté-
gia da Confederação Nacional da Indús-
tria – CNI, José Augusto Fernandes, o 
desempenho da indústria em 2014 ficou 
abaixo das expectativas apontadas pela 
Entidade no fim do ano passado. “A taxa 
acumulada de produção física nos úl-
timos 12 meses, terminados em junho, 
é de - 0.6 e o faturamento real cresceu 
apenas 0.8 neste período. Todos os in-
dicadores de confiança do empresário 
industrial e de tendências em investi-
mentos também são os mais baixos dos 
últimos quatro anos”, analisa. 
Segundo o diretor da CNI, o resultado 
ruim deve-se ao fato de a indústria es-
tar perdendo mercado, não apenas fora 
do Brasil como também internamente. 
“Temos uma estrutura de custos muito 
cara por um conjunto de ineficiências da 
economia. Este último semestre tam-
bém foi marcado por uma nova série de 
incertezas que afetam a indústria e se 
transferem por novas pressões de custo 
a exemplo da questão energética.”
Entraves 
O tema tributário é a principal priori-
dade da indústria para o período 2015-
2018, e a CNI apresentou um conjunto 
de estudos e propostas para minimizar 
este impacto. “O nosso principal objeti-
vo é eliminar a cumulatividade, a one-
ração residual sobre o investimento via 
exportação, em especial fazer a transi-
ção de um crédito físico para um crédito 
financeiro. Nós acreditamos que a com-
binação dessas iniciativas poderá con-
tribuir para a redução da complexidade 
e maior eficiência do sistema tributário 
brasileiro”, afirma o diretor da CNI.
Segundo Fernandes, tudo converge 
para a criação de uma IVA nacional. 
“Uma das preocupações da indústria é o 
crescente peso dos serviços na econo-
mia e no próprio valor adicionado da in-
dústria. Na medida em que o ISS não faz 
parte desse sistema do IVA, é uma fonte 
de acúmulo de crédito para as empresas, 
e certamente vem assumindo crescente 
importância e reduzindo a competitivi-
dade das empresas, tanto no mercado 
doméstico como internacional” explica.
Em conformidade com os dados 
apontados pelo Empresômetro, a CNI 
estima que o ano de 2015 será marca-
do por importantes ajustes, sendo que 
o resultado depende da combinação de 
políticas. “Embora algumas dessas po-
líticas possam ser mais restritivas, por 
outro lado permitirão recuperar o nível 
de confiança em outras”, destaca o di-
retor da Confederação. 
Nos primeiros seis meses, o Estado 
de São Paulo liderou a criação de ne-
gócios no País, com 76.099 novos 
empreendimentos, seguido por Minas 
Gerais (21.737), Paraná (18.228), Rio 
Grande do Sul (17.443) e Rio de Janeiro 
(15.836). A criação de novos negócios 
foi menor nos estados do Amapá (669), 
Acre (547) e Roraima (327).
 O setor industrial teve queda de 
20,3% no número de 
estabelecimentos criados no 
período, em relação a 2013, 
seguido pelo comércio, que teve 
redução de 16,4%, e pelo setor 
de serviços, com 10,6%. 
Industria
Comércio
Serviço
20,3%
16,4%
10,6%
Percentual do registro de queda dos setores da industria, co-
mércio e serviço no último ano
Comparativo entre 2013 e 2014
8
GT REPORTAGEM
Cerca de 450 mil micro e peque-nas empresas de 142 atividades profissionais passarão, a partir 
do ano vindouro, a ter acesso ao Sim-
ples Nacional, o sistema simplificado 
de tributos que unifica em um único 
boleto oito tributos federais, estadu-
ais e municipais. Agora, o conceito do 
Supersimples deixa de se basear na 
atividade profissional e focará no fatu-
ramento do empreendimento.
A Lei Complementar nº 147/2014 be-
QUANTO MAIS 
SIMPLES, MELHOR
O sistema tributário entrou em vigor em 2007 
e desde então, nove milhões de empresas 
participaram do regime, pagando mais de 
R$ 260 bilhões em impostos.
neficia todas as pessoas jurídicas que 
se enquadram como microempreende-
dor, microempresas e pequenas empre-
sas, com teto de receita bruta anual de 
R$ 3,6 milhões, e cria uma nova tabela 
de alíquotas, para o setor de serviços, 
de 16,93% a 22,45%.
Antes da publicação da lei, não po-
diam ingressar no Supersimples, como 
também é conhecido o regime, os pres-
tadores de serviços decorrentes de ati-
vidade intelectual, de natureza técnica, 
científica, desportiva, entre outras. An-
tes, eles eram obrigados a adotar o Lu-
cro Real ou o Lucro Presumido.
As alterações incluíram todo o setor 
de serviços, listando atividades como 
fisioterapia, corretagem de seguros, 
serviço de transporte de passageiros, 
medicina, medicina veterinária, odon-
tologia, psicologia, psicanálise, terapia 
ocupacional, perícia, leilão, auditoria, 
economia, jornalismo, publicidade, en-
tre outras. Também permitiram a ade-
são da indústria e comércio atacadista 
de refrigerantes. Atualmente, apenas o 
comércio varejista tem a possibilidade 
de optar pelo Simples.
O ministro Guilherme Afif Domingos, 
da Secretaria da Micro e Pequena Em-
presa - SMPE, contou que, para essa 
conquista, a autarquia liderou um amplo 
acordo entre os governos federal, esta-
duais, municipais e o Congresso Nacio-
nal, mobilizando os Fóruns Permanentes 
e Regionais, empresários, sindicatos 
e associações durante a Caravana da 
Simplificação, realizada em 19 Estados, 
entre os meses de fevereiro a maio de 
9
REPORTAGEM GT
2014. “Quando há vontade e uma ade-
quada definição de rumos, boas mudan-
ças acontecem. Isso exige estratégia e 
prática do diálogo visando à cons-
trução de consensos. Foi a única 
aprovação dessa legislatura por 
unanimidade. Por isso, podemos 
dizer que essa lei é fruto de um 
entendimento sobre o que é 
melhor para o Brasil.”
Ao concluir diversos estu-
dos sobre o impacto da uni-
versalização do Supersimples, 
o Instituto Brasileiro de Plane-
jamento e Tributação – IBPT, 
apoiou e acompanhou todo o pro-
cesso de elaboração da lei, desde a 
época do projeto de lei de autoria do 
deputado Vaz de Lima (PSDB-SP), até 
a sua aprovação nas Casas Legislativas, 
tendo papel crucial na ampliação das ca-
tegorias beneficiadas pelo regime. 
Outra novidade é a garantia de entrada 
única e processo integrado para simpli-
ficar a abertura e ofechamento de em-
presas. Há possibilidades de ser criado, 
inclusive, um Cadastro Único Nacional, 
que substituirá as inscrições federais, 
estaduais ou municipais, o qual diminui-
rá vários processos burocráticos que os 
empresários têm que se submeter atu-
almente. 
Além disso, no que diz respeito à Lei 
de Recuperação e Falências - LRF, foi 
criada uma quarta classe de credores 
dentro da conduta de recuperação judi-
cial: a dos titulares de créditos enqua-
drados como microempresas e empre-
sas de pequeno porte. Esses titulares, 
juntamente com os credores trabalhis-
tas e quirografários, terão direito a voto 
nas assembleias de credores. 
O juiz fixará o valor e a forma de paga-
mento da remuneração do administra-
dor judicial, observando a capacidade de 
pagamento do devedor, o grau de com-
plexidade do trabalho e os valores pra-
ticados no mercado para o desempenho 
de atividades semelhantes. A remune-
ração do administrador fica reduzida ao 
limite de 2%, no caso de microempresas 
e empresas de pequeno porte.
“A lei do Simples 
Nacional é fruto de 
um entendimento sobre o 
que é melhor para o Brasil 
aumentando o potencial de 
criação e formalização de 
empresas e buscando a 
eficiência na simplicidade”
(Guilherme Afif Domingos)
As micro e pequenas empresas que 
quiserem contar com a recuperação ju-
dicial terão ainda a chance de obter des-
contos sobre os créditos para realizar 
pagamentos aos credores.
Porte x segmento
Para o ministro da SMPE, há uma 
enorme importância de classificação 
por porte e não mais por segmento do 
negócio: “Esse fato aumenta o potencial 
de criação e formalização de empresas. 
Estamos buscando a eficiência na sim-
plicidade. Hoje somos nove milhões de 
unidades de negócios. Se cada um pu-
der gerar mais um emprego, serão mais 
nove milhões de empregos”, afirmou Afif, 
explicando que, quando da publicação da 
lei, no dia 7 de agosto, foi feito um acor-
do entre vários segmentos e os poderes 
Legislativo e Executivo, para que todas 
as tabelas do regime tributário sejam re-
vistas em um prazo de 90 dias, quando 
será enviado ao Congresso Nacional 
um projeto de lei de autoria da Pre-
sidência da República. 
Na opinião do vice-presiden-
te de Fiscalização, Ética e Dis-
ciplina do Conselho Federal 
de Contabilidade – CFC, Luiz 
Fernando Nóbrega, qualquer 
medida que democratize, sim-
plifique ou diminua a carga tri-
butária é bem-vinda. “De forma 
geral, os prestadores de serviços 
serão beneficiados, uma vez que 
não se fará mais distinção entre as 
empresas pela atividade explorada. 
Cabe a cada empresário avaliar qual 
é a melhor opção tributária para cada 
tipo de negócio.”
Já o titular-adjunto do Departamen-
to de Micro, Pequena e Média Indústria 
– Dempi da Federação das Indústrias 
do Estado de São Paulo - Fiesp, Marco 
Antonio dos Reis, que também apoia a 
ampliação do Simples Nacional, com-
preende que há necessidade de uma 
sistemática de transição para o regime 
comum, após ser ultrapassado o limite 
de receita do Sistema, que atualmente 
é de R$ 3,6 milhões anuais, com gradu-
ação das alíquotas dos tributos na me-
dida da elevação da receita da empre-
sa. “Isso porque a diferença de carga 
tributária entre os regimes simplificado 
e comum é muito grande”, disse Reis. 
“Como efeito dessa discrepância, as 
empresas acabam por evitar atingir 
aquele limite de exclusão do Simples, 
“Qualquer medida que democratize, simplifique ou diminua a 
carga tributária é bem-vinda, pois os prestadores de serviços 
serão muito beneficiados, uma vez que não se fará mais 
distinção entre as empresas pela atividade explorada” 
(Luiz Fernando Nóbrega)
10
GT REPORTAGEM
“O País precisava de uma sistemática de transição para o 
regime comum, porque a diferença de carga tributária entre 
os regimes simplificado e comum é muito grande” 
(Marco Antonio dos Reis)
mediante, muitas vezes, a criação de 
novas empresas para a continuidade 
dos negócios”, complementa o dirigen-
te da Fiesp.
Para Reis, a universalização do Su-
persimples será um estímulo para o em-
preendedorismo e para a formalização 
dos pequenos negócios, trazendo para 
o Brasil mais geração de emprego e ren-
da, além de propiciar o acesso aos be-
nefícios da Previdência Social, tanto ao 
empreendedor, quanto aos seus empre-
gados, bem como possibilitar o acesso 
a crédito, financiamentos bancários e 
operações de comércio exterior.
Tabela
Apesar dos benefícios, o represen-
Circulação de Mercadorias e Serviços - 
ICMS, isentando algumas atividades. 
Substituição tributária é a tributação 
concentrada em uma única etapa do 
processo produtivo, considerada onero-
sa aos pequenos empreendedores. As 
limitações na prática de substituição, no 
entanto, só entram em vigor em 2016.
“Há ainda a necessidade de aperfeiço-
amento no tocante à substituição tribu-
tária do ICMS. Houve uma redução dos 
produtos sujeitos à Substituição Tributá-
ria - ST que as empresas do Simples de-
vem calcular e recolher em nome de toda 
tante da Fiesp esclarece que há ne-
cessidade de revisão dos limites do 
Simples Nacional para que eles sejam 
adequados à evolução da realidade 
econômica do País. 
Marco Antonio dos Reis justificou que 
o limite de R$ 3,6 milhões está superado 
e que deveria ser elevado para R$ 4,8 mi-
lhões ou mais. “Nessa análise, deve-se 
levar em conta não somente a inflação, 
mas também a totalidade das condições 
econômicas, como nível de emprego e 
de atividade, saldo comercial, políticas 
econômicas, tendências da economia 
regional, nacional e global, entre outros 
fatores”, aponta o especialista. 
A nova lei também faz mudanças na 
substituição tributária do Imposto Sobre 
“O empreendedor precisa 
fazer bem as contas antes 
de aderir ao sistema, pois 
as tabelas aprovadas no 
Supersimples variam em 
função do setor”
(Rogério Amato)
Guilherme Afif Domingos 
11
Entenda a Lei Complementar nº 147/2014
REPORTAGEM GT
Sancionada no dia 7 de agosto, a lei “universaliza” o Simples Nacional, sistema tributário simplificado e com 
carga de impostos mais leve, a partir de 1º de janeiro de 2015;
Cerca de 140 novas atividades profissionais com faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano poderão aderir ao 
Simples Nacional;
A estimativa do Sebrae é que mais de 450 mil micro e pequenos empresários serão beneficiados com a apliação 
do sistema tributário;
De acordo com a Receita Federal, desde 2007, quando o Simples Nacional foi criado, mais de 9 milhões de 
empresários aderiram ao sistema tributário, e
Ao sancionar a lei, o governo federal anunciou estudos para criar um método de reajuste periódico do teto, hoje 
de R$ 3,6 milhões.
01.
02.
03.
04.
05.
“A necessidade de revisão do Simples Nacional é uma 
demanda antiga, especialmente pela urgência de reduzir a 
burocracia e o pagamento de impostos”
(Mario Berti)
a cadeia de circulação até o consumidor 
final, isto é, na condição de arrecadado-
ras únicas do ICMS (substitutas)”, afirma 
o diretor da Fiesp. 
“No entanto, elas ainda estão sujeitas 
à carga tributária da ST na aquisição de 
insumos ou mercadorias para revenda, 
o que traz um custo fiscal incompatível 
com o regime simplificado. Isso precisa 
ser revisto para eliminar ou, pelo menos, 
reduzir esse impacto para as micro e pe-
quenas empresas”, complementa Reis.
O presidente da Federação Nacional 
das Empresas de Serviços Contábeis e 
das Empresas de Assessoramento, Perí-
cias, Informações e Pesquisas – Fenacon, 
Mario Berti, garantiu que o Supersimples 
pode gerar uma economia de até 40% no 
pagamento dos tributos para as empre-
sas que antes não podiam ser enquadra-
das no regime. “A necessidade de revisão 
do Simples Nacional era uma demanda 
antiga da Fenacon e das entidades de 
classe e de outrasdiversas entidades, 
especialmente pela urgência de reduzir a 
burocracia e o pagamento de impostos, 
estimulando assim o empreendedorismo 
e o desenvolvimento das empresas.”
Parafernália fiscal
O presidente da Associação Comer-
cial de São Paulo – ACSP, Rogério 
Amato, enfatiza que são necessários 
mais esforços para a simplificação das 
obrigações das empresas, de forma 
geral, até porque quem está incluído 
nesse regime deseja crescer. “E isso vai 
levá-las, com o tempo, a superar o limite 
do faturamento caindo na parafernália 
fiscal e burocrática.”
Ele comenta ainda que cada empresa 
precisa calcular sua situação para ve-
rificar se a adesão é ou não vantajosa: 
“As tabelas aprovadas no Supersimples 
variam em função do setor. Por isso, o 
empreendedor precisa fazer bem as 
contas antes de aderir ao sistema, uma 
vez que em alguns casos haverá maior 
tributação, embora a burocracia para 
pagar impostos esteja simplificada”, 
finaliza Amato.
Para os empresários terem a oportu-
nidade de avaliar o impacto da adesão 
ao Simples Nacional nos seus negócios, 
inclusive dessas novas categorias pro-
fissionais, o IBPT lançou uma tabela de 
fácil operação, disponível no seu site 
www.ibpt.org.br. Para consultar, basta 
inserir as informações sobre a faixa de 
faturamento da empresa, a quantidade 
de mão de obra utilizada e a margem de 
lucro do negócio. O empreendedor poderá 
verificar, de forma muito ágil e fácil, a re-
dução nas alíquotas de imposto. 
12
GT ARTIGO TÉCNICO
Muito se questiona acerca de como efetivamente colocar em prática a Governança Tributária. Em pri-
meiro lugar, é necessário haver uma mu-
dança de paradigma por parte dos sócios ou 
administradores da empresa, que precisam 
sentir a necessidade de inserir um processo 
de gestão para a estruturação da Governan-
ça Tributária, para bem definir procedimen-
tos e regras a serem seguidos por todas as 
pessoas dentro da empresa. A questão tri-
butária precisa ser vista como estratégica 
para a empresa como, de fato, ela é.
Para que a prática seja implantada, os 
sócios e administradores precisam dis-
por de uma equipe altamente qualificada, 
que aja com responsabilidade, profissio-
nalismo e ética, capaz de coordenar, con-
trolar e revisar procedimentos e assuntos 
tributários. Além disso, tais profissionais 
estarão aptos a analisar e planejar ques-
tões estratégicas e tributárias, mensurar 
riscos, agir com transparência e, assim, 
buscar eficiência tributária e lucrativida-
de empresarial.
Em cinco passos, é possível estrutu-
rar o Comitê de Governança Tributária, 
responsável por inserir as boas práticas 
no seio empresarial:
Cinco passos para a prática da 
Governança Tributária
 
 
O Comitê deve ser estruturado de forma 
a obedecer o modelo dinâmico empresarial, 
no qual todo assunto que possa influenciar 
na tributação deverá ser levado ao conhe-
cimento de pessoas-chave. Dessa forma, 
o Comitê deve estar, dentro da hierarquia 
empresarial, subordinado ao Conselho de 
Sócios da empresa e ser fiscalizado pelo 
Conselho Fiscal, mas deve ter liderança 
sobre os demais departamentos. Os sócios 
podem definir se o Comitê receberá algum 
incentivo financeiro com base nos resulta-
dos obtidos, o que é recomendável para o 
alcance efetivo dos objetivos.
 
Os sócios, ainda, deverão nomear o presi-
dente do Comitê que será o responsável por 
nomear os demais membros. O presidente 
do Comitê deve ser alguém com alta espe-
cialização na área tributária, profunda expe-
riência profissional e perfil de liderança, além 
de organizado e metódico. Pode ser alguém 
que faça parte da equipe da empresa ou que 
seja contratado especificamente para assu-
mir essa responsabilidade.
 
Sugere-se que o Comitê conte com 
membros permanentes, como um dos só-
cios da empresa, além de representantes 
da controladoria, se houver, do Conselho 
Fiscal, da contabilidade, da TI e do jurídico 
e membros convidados. Como represen-
tantes dos demais departamentos e con-
selheiros “ad hoc”, ou seja, de profissionais 
com alta especialização em áreas relacio-
nadas à tributação. Tais conselheiros serão 
convidados de acordo com a pauta a ser 
definida para cada reunião do Comitê.
 
As reuniões deverão ser periódicas e, de 
acordo com o que ficar definido pelos 
membros permanentes, poderão ser con-
vocadas reuniões extraordinárias.
 
A primeira reunião definirá a atribuição 
das responsabilidades de cada membro 
permanente, a duração de seu mandato, 
bem como a distribuição das tarefas do 
Comitê com o objetivo de colocar em prá-
tica a Governança Tributária. Também de-
verá ser determinada a forma de escolha 
e convocação dos membros convidados 
para as próximas reuniões, assim como 
os assuntos ordinários a serem tratados. 
Todos os membros deverão assinar um 
Termo de Compromisso e Ética para que o 
assunto seja efetivamente levado a sério.
 
Criação do comitê e eleição 
de seus membros1
13
ARTIGO TÉCNICO GT
Letícia Mary Fernandes do Amaral
Vice-presidente do IBPT
Nas primeiras reuniões do Comitê devem 
ser estabelecidos os objetivos de curto, mé-
dio e longo prazo, a fim de que haja um efeti-
vo planejamento das atividades, distribuição 
e cumprimento das tarefas de cada mem-
bro. À medida que os objetivos são atingi-
dos, é importante definir a apresentação dos 
resultados aos sócios e a outras pessoas 
que precisem receber tais informações, para 
atender ao princípio da transparência, que 
rege a Governança Tributária.
 
O Comitê deve obedecer aos princípios 
que regem a Governança Tributária, que 
são: moralidade e ética, legalidade, com-
pliance, reputação e lucratividade. [1]
 
O Comitê deve formalizar em manuais to-
dos os procedimentos a serem adotados, 
bem como a definição das penalidades inter-
nas em caso de descumprimento de regras 
pré-definidas e conscientizadas a todos.
 
Dentre os procedimentos a serem adota-
dos, é fundamental que sejam estabelecidas 
as políticas do Comitê, que devem ser apro-
vadas pelo Conselho Fiscal e de Sócios. Re-
comenda-se que sejam definidas e forma-
lizadas, em Manual, as seguintes políticas:
 
a) Cumprimento das obrigações 
tributárias;
b) Conduta de planejamento tributário;
c) Conduta de gerenciamento de riscos 
tributários;
d) Relacionamento com as autoridades 
fiscais;
e) Relacionamento com o governo 
(políticos, ministros e conselheiros políticos 
externos);
f) Relacionamento com sócios, 
acionistas, imprensa e lobistas;
g) Relacionamento da empresa com seu 
grupo;
h) Participação em fóruns de discussão 
e debates acerca de questões tributárias.
É necessário salientar que a decisão 
acerca do nível de divulgação das políticas 
fiscais cabe ao Conselho de Sócios, o qual 
deverá levar em consideração os benefícios 
que poderá trazer à reputação na sociedade.
 
Para que seja possível coordenar, con-
trolar e revisar os procedimentos, é essen-
Definição das políticas pelo 
comitê de governança tributária
Apresentação de resultados
Due diligence e compliance
Monitoramento periódico e 
definições estratégicas
2
53
4
cial que eles sejam conhecidos em profun-
didade pelo Comitê. Portanto, este deverá 
proceder a uma due diligence tributária.
Depois de analisada toda a documen-
tação e revisados seus termos minucio-
samente, será necessário compará-los 
com as definições estabelecidas nas 
Políticas estabelecidas pelo Comitê. Em 
seguida, deve-se diagnosticar equívocos 
e mensurar a relação entre acertos e er-
ros para estabelecer um índice inicial de 
Governança Tributária, ou seja, uma nota 
de zero a dez, que servirá de parâmetro 
para o monitoramento periódico, sempre 
objetivando melhoras.
 
O monitoramento serve para que o Co-
mitê tenha segurança de que as mudanças 
implantadascontinuam de acordo com as 
Políticas pré-definidas e princípios da Go-
vernança Tributária, visto que as leis e nor-
mas tributárias mudam frequentemente, 
assim como o entendimento de tribunais 
administrativos e judiciais. Dessa forma, é 
possível que o planejamento tributário pre-
viamente adotado, por exemplo, tenha que 
ser ajustado para minimizar riscos poste-
riores. Por outro lado, podem surgir oportu-
nidades para novas estratégias, sendo que 
as tributárias devem ser um assunto cons-
tante do Comitê. 
Uma dica é destinar parte das reuniões para 
debater algum tributo, combinação tributária 
e/ou obrigação acessória específicos, que se-
jam relevantes para as atividades da empresa 
e convidar algum expert no assunto que pos-
sa contribuir no alinhamento e suporte legal 
de estratégias. Vale ter sempre em mente que 
todas as definições estratégicas, inclusive as 
relativas a operacionalizações de planejamen-
tos tributários, devem ser registradas em atas 
e embasadas em estudos, pareceres ou lau-
dos técnicos, prática que faz parte da gestão 
de riscos na governança tributária.
 
O quinto e último passo é a apresentação 
periódica dos resultados ao Conselho Fiscal 
e ao Conselho de Sócios, que devem ser es-
truturados em conjunto com o departamento 
financeiro para que a lucratividade advinda fi-
que clara. É fundamental apresentar a análise 
do risco tributário, para que, eventualmente, os 
sócios possam deliberar acerca de alterações.
 
Aplicando os cinco passos, o Comitê cer-
tamente colherá bons resultados, com a 
coordenação, controle e revisão constante 
de todos os assuntos e procedimentos tribu-
tários. A adoção de boas práticas de gover-
nança tributária no Brasil não é mais uma es-
colha, mas sim uma necessidade para quem 
almeja o sucesso da empresa. [2]
[1] Para saber detalhes sobre cada um desses 
princípios, recomenda-se a leitura de AMARAL VI-
GGIANO, Letícia Mary Fernandes do. Op. Cit.
 
 [2] Para um estudo mais detalhado desse 
tema, vide artigo de mesma autoria, intitulado 
“ESTRUTURAÇÃO DO COMITÊ DE GOVERNANÇA 
TRIBUTÁRIA EM PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓ-
CIOS”, in AMARAL, G. L. et AMARAL, L.M.F. do 
(coord.). Anais do II Congresso Brasileiro de Go-
vernança Tributária. 1.ed. Curitiba: Blanche, 2014.
14
15
16
NOVOS 
PARÂMETROS 
DA INTELIGÊNCIA 
COMPETITIVA
A burocracia fiscal como aliada na 
análise de mercado e prospecção de 
clientes
O fisco, em todas as suas esferas – estaduais, municipais e Federal – tem aumentado a cada dia o 
controle sobre os negócios realizados 
pelas empresas. O objetivo é garantir 
que os impostos sejam integralmente 
recolhidos e facilitar a cobrança dos 
mesmos já que a fiscalização é feita, na 
maioria das vezes, de maneira on-line.
São programas como Sistema Público 
de Escrituração Digital - Sped, eSocial, 
Nota Fiscal Eletrônica, entre outros, que 
ajudam o fisco a tornar o processo de con-
ferência de documentos muito mais sim-
ples. “Isso tudo serve para que a Receita 
Federal do Brasil tenha amplo controle so-
bre as operações comerciais pactuadas e 
realizadas entre as partes, para evitar eva-
são fiscal, sonegação, e, ao mesmo tem-
po, incrementar a Receita ao compartilhar 
as informações contábeis e fiscais. Aliás, 
este processo foi iniciado com o secretá-
rio da RFB, Everardo Maciel, no governo do 
GT REPORTAGEM DE CAPA
17
presidente Fernando Henrique Cardoso”, 
destaca Marcello Lopes, fundador da LCC 
Auditores e Consultores.
Para se ter uma ideia, desde a implan-
tação do Sped, iniciada em 2007, até 
2013, foram armazenados 7.806.138.325 
Megabytes de informações, por ano, so-
mente para atender às exigências do sis-
tema. Caso fosse impresso em folhas de 
papel A4, o volume digital de informações 
acumuladas no período seria suficiente 
para carregar 370.948 carretas ou ocupar 
um edifício de 6.624 andares, com quatro 
apartamentos de 100 m² cada, por andar.
Com a implementação do eSocial, nova 
etapa do projeto que concentrará o envio 
de todas as informações sobre os empre-
gados pelo empregador, e da Nota Fiscal 
ao Consumidor Eletrônica - NFC-e, este 
volume deverá alcançar a marca de 11 
bilhões de informações geradas e arma-
zenadas pelas empresas, assim como pe-
los fiscos estaduais e federal e RFB. Além 
disso, as decisões dos governos estaduais 
sobre a implementação da NFC-e, nes-
te ano, também influenciarão o aumento 
desse volume. A estimativa é de que este 
banco de dados passou de 30.570.083 em 
2008, ano seguinte ao início do Sped, para 
953.491.377 no ano de 2009. 
Do total de informações armazenadas, 
94,94% referem-se à Nota Fiscal Eletrô-
nica – NF-e; 2,03% a Conhecimento de 
Transporte Eletrônico - CT-e; 0,94% a EFD-
-Contribuições, e 0,50% a ECD Contábil. 
A EFD Fiscal e a Fcont, demais etapas 
do Projeto Sped, equivalem a 1,58% e 
0,01% do volume de informações, res-
pectivamente. “Vivemos no Brasil um Big 
Brother Fiscal, no qual o fisco fica de olho 
em tudo que o contribuinte faz e em tempo 
real”, diz a coordenadora da graduação em 
Direito do Ibmec/RJ, Bianca Xavier.
Segurança das informações
Uma das preocupações do governo é 
com a segurança das informações entre-
gues ao fisco. “Do ponto de vista individu-
alizado, o acesso irrestrito às informações 
pode ser bastante danoso”, alerta Andrew 
Storfer, da Interacta Participações. 
De fato, um estudo realizado pelo Institu-
to Brasileiro de Planejamento e Tributação 
- IBPT analisou a segurança das informa-
ções prestadas por um universo de 121 
mil empresas em todo o País, no qual 
detectou que 47% dos estabele-
cimentos pesquisados têm um 
sistema de segurança inade-
quado. A pesquisa foi realiza-
da tendo como base mais de 
50 milhões de NF-e como 
forma de subsidiar o desen-
volvimento de sistemas de 
identificação dos tributos 
nas notas e cupons.
A primeira conclusão do 
estudo está relacionada à 
extrema fragilidade com que 
as empresas guardam e man-
têm seus arquivos eletrônicos de 
notas fiscais: cerca de 47% das 
companhias analisadas têm baixo grau 
de segurança das suas informações; 35% 
têm grau médio de segurança; enquanto 
somente 18% das empresas possuem ele-
vado nível de segurança.
A metodologia utilizada para aferir o grau 
de segurança na guarda das informações 
fiscais foi feita a partir das validações de 
segurança e exposição das Notas Fiscais 
Eletrônicas. De posse dessa análise, foi 
possível verificar se a empresa tem maior 
ou menor preocupação com a segurança 
de suas informações, já que no arquivo 
XML da NF-e estão contidas informações 
sigilosas como nome, endereço, e-mail e 
telefone dos clientes, discriminação das 
mercadorias vendidas, valor unitário e con-
dições de pagamento da transação.
Aliado
Se por um lado, todos esses controles 
elevam os gastos dos contribuintes com 
a aquisição de equipamentos e contra-
tação de pessoal para atender às exi-
gências do fisco, por outro lado, eles se 
tornam grandes aliados nas estratégias 
de negócios das empresas. “Ter uma boa 
governança tributária e acesso a infor-
mações diferenciadas representa uma 
grande vantagem nos negócios”, avalia 
Desde a implantação do 
Sped, iniciada em 2007, até 
2013, foram armazenados 
7.806.138.325 Megabytes 
de informações, por ano, 
somente para atender às 
exigências do sistema.
REPORTAGEM DE CAPA GT
18
GT REPORTAGEM DE CAPA
Porcentagem de megabytes enviados por Estado
Dados de envio de documento fiscal eletrônico
19
REPORTAGEM DE CAPA GT
Fonte: IBPT
o especialista em Direito Tributário, Enos 
da Silva Alves, sócio do escritório Cardillo 
& Prado Rossi Advogados.
Neste sentido, o IBPT tem papel de 
destaque ao dar aos contribuintes in-
formações que podem auxiliar de forma 
decisiva na elaboração de estratégias de 
negócios. “Osprogramas que compilam 
as informações, como o Impostômetro, 
são grandes aliados dos contribuintes, já 
que tornam possível, por exemplo, verifi-
car o tamanho da carga tributária”, con-
sidera a coordenadora de graduação em 
Direito do Ibmec/RJ, Bianca Xavier.
Uma série de estudos e pesquisas reali-
zados pelo IBPT originaram o Empre-
sômetro, que ajuda a traçar o perfil em-
presarial brasileiro, a partir da análise de 
informações diversas. A ferramenta pos-
sibilita consultar informações das em-
presas brasileiras por tipo jurídico, porte, 
regime tributário, endereço, número de fi-
liais, ramo de atividade, data de abertura, 
composição societária, valor do capital 
social e histórico de regularidade fiscal.
Assim, foi possível verificar a faixa 
de faturamento, tipo de mercadorias 
comercializadas, produtos fabricados 
ou serviços prestados de cada uma das 
empresas, como também identificar o 
perfil dos sócios ou dirigentes, classi-
ficando-os em acomodados, conserva-
dores, impulsivos ou arrojados.
A partir do estabelecimento de perfis 
empresariais, o IBPT criou o Índice de 
Eficácia Comercial - IEC, para medir o 
resultado das vendas de cada empre-
sa. Todas as operações realizadas por 
uma empresa, com cada CNPJ analisa-
do individualmente, recebem uma pon-
tuação de eficiência. 
O somatório de pontos resulta no 
IEC, que servirá como referência para 
os administradores. Após a obtenção 
do índice, a primeira meta será a de 
melhorar o relacionamento de negó-
cios no sentido de aumentar as vendas, 
diminuir o custo das compras ou exigir 
o aumento do desempenho de repre-
sentantes e distribuidores.
“A aglutinação de informações é útil 
para os negócios e pode também con-
tribuir para pressionar o governo a 
adotar ações e também serve de alerta 
para políticas governamentais”, consi-
dera Andrew Storfer, da Interacta.
Vale ressaltar que todos os dados uti-
lizados pelo IBPT são públicos, obtidos 
através de captura eletrônica, conforme 
a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 
12.527/2011) e com absoluto respeito à 
legislação brasileira. O IBPT utilizou al-
goritmos criados especialmente para a 
separação de perfis empresariais, tendo 
como critério a aplicação de várias ca-
madas de inteligência artificial.
O IBPT tem papel de 
destaque ao dar 
aos contribuintes 
informações que podem 
auxiliar de forma 
decisiva na definição de 
estratégias de negócios. 
Quantidade de Megabytes Acumulados por ano
20
Verdades e mitos sobre a 
reforma tributária
GT ARTIGO TÉCNICO
20
21
ARTIGO TÉCNICO GT
As pessoas que militam na área contábil e tributária, em espe-cial, que possuem uma carreira 
de no mínimo duas décadas, têm, com 
certeza, ouvido falar sobre a chama-
da “reforma tributária” em quase todo 
esse espaço de tempo.
Desde a época da implementação do 
Plano Real, ocorrida um pouco antes do 
primeiro governo de Fernando Henri-
que Cardoso, por volta do ano de 1994, 
temos esse tema sendo comentado 
mais assiduamente, como integrante 
das promessas de políticos, em suas 
campanhas, nas quais afirmam que em 
seu governo haveria a sua efetivação. 
Isso é verdade! Mas o que temos visto 
na prática é uma absoluta falta de von-
tade política para que isso ocorra.
O que aconteceu até os dias de hoje? 
O ex-presidente FHC ficou oito anos no 
governo e só ao final de seu mandato, 
resolveu atender às reivindicações dos 
empresários criando o PIS Não Cumu-
lativo, cuja lei previa, em um ano, tam-
bém a criação da COFINS Não Cumula-
tiva. A esse fato, deu o pomposo nome 
de Mini Reforma Tributária. A verdade é 
que isso passava longe de uma efetiva 
reforma tributária. 
Na realidade, tornou-se uma nova for-
ma de apuração dessas duas contribui-
ções, com a possibilidade de créditos 
sobre os valores pagos em operações 
anteriores. Isso aplicado somente às 
empresas que optavam pelo Lucro Real. 
O que se viu, na prática, foi um au-
mento de arrecadação desses dois tri-
butos - que não era objetivo das me-
didas-, em virtude de que o Governo 
Federal limitou os créditos e aumentou 
as alíquotas em valores exponenciais, 
causando muitos problemas aos “cai-
xas” das empresas, principalmente às 
prestadoras de serviços.
Passado todo esse tempo, culmina-
mos na PEC 233/2008, que foi proposta 
no final do segundo governo Lula. Da 
mesma forma que fez FHC, o ex-presi-
dente acenou com essa medida. 
Essa proposta de emenda constitu-
Prosseguindo com as ações dos go-
vernos ao longo das últimas déca-
das, a Presidente Dilma acenou com 
as chamadas desonerações fiscais, 
que na realidade, se tornaram apenas 
transferências de fatos geradores de 
arrecadação, como a diminuição da tri-
butação das folhas de salários, que, ao 
mesmo tempo, criou uma nova contri-
buição sobre faturamento. 
Da mesma forma, desonerou de IPI 
os automóveis novos, os materiais de 
construção, geladeiras e fogões, mas 
ao mesmo tempo aumentou o IPI das 
bebidas alcoólicas. Agora, por fim, a 
deliberação mais importante de sua 
gestão que foi a sanção da lei de uni-
versalização do Simples. 
A esses gestos, o Executivo Nacional 
atribui uma reforma tributária “fatiada”. 
Pela forma e pela amplitude, não nos pa-
rece merecer ser encarada dessa maneira.
Sendo assim, constatamos que es-
tas medidas tomadas pelos governan-
tes, no aspecto tributário, são paliati-
cional, considerada como a instituição 
de uma “reforma tributária”, tinha e tem 
como objetivos a redução da quantida-
de de tributos que oneram a produção, 
a desoneração da folha de pagamentos 
e a simplificação do sistema tributá-
rio brasileiro. Não cabe aqui discorrer 
ponto a ponto nas proposições desta 
norma, visto ser um tema bastante ex-
tenso e complexo. 
Estas medidas tomadas pelos 
governantes, no aspecto 
tributário, são paliativas e 
não atacam o âmago da nossa 
situação tributária atual, uma 
alta carga, com concentração 
no consumo, igualitária em 
todas as classes sociais, 
portanto regressiva, fazendo 
com que os mais pobres 
acabem, proporcionalmente, 
pagando mais tributos.
João Eloi Olenike
Presidente Executivo do IBPT
vas, e não atacam o âmago da nossa 
situação tributária atual, ou seja, uma 
alta carga, com concentração super 
majoritária no consumo, igualitária em 
todas as classes sociais e, portanto 
regressiva, fazendo com que os mais 
pobres acabem, proporcionalmente, 
pagando mais tributos. 
Temos um sistema tributário super 
complexo, único no mundo, com mui-
tos tributos incidindo em “efeito casca-
ta”, além de um emaranhado de normas 
gerais e tributárias e uma burocracia 
sem precedentes. 
Tudo isso sem falar no retorno des-
ses valores em serviços públicos, que 
fica muito abaixo do mínimo necessá-
rio para uma sociedade desenvolvida.
Alcançando recordes sucessivos de 
arrecadação de tributos, os governos 
não estão nada interessados em uma 
reforma tributária, porque têm receio 
de que, em um novo modelo, os valores 
arrecadados não sejam tão substan-
ciais e suficientes para fazer frente aos 
mirabolantes gastos públicos.
Precisamos, urgentemente, de uma 
revisão no sistema tributário brasileiro, 
quer seja chamada de reforma ou não, 
sendo esse termo apenas referencial. 
Que as medidas, executadas de for-
ma “fatiada” ou não (o que seria mais 
difícil), saiam do papel e da retórica e 
se tornem realidade. 
Nosso fito como resultado é uma efi-
cácia na verdadeira distribuição da tri-
butação, fazendo com que, efetivamen-
te, as empresas e os cidadãos paguem 
seus tributos pela efetiva capacidade 
contributiva. E para que isso finalmen-
te aconteça, precisamos, sem sombra 
de dúvidas, de vontade política!
22
GT REPORTAGEM
Previsto para entrar em vigor em 2015 após vários adiamentos, o eSocial integrará o rol de progra-
mas desenvolvidos pelo governopara 
o repasse informatizado de dados das 
empresas. Com promessas de benefí-
cios futuros, o programa deverá fornecer 
um controle maior do governo sobre as 
atividades das empresas, como con-
tratações e férias, princípio que baseou 
também o Sped. No entanto, as mudan-
ças promovidas pela implantação do 
eSocial têm preocupado profissionais da 
Contabilidade e empresários, que preci-
sarão se adequar ao novo procedimento. 
É importante salientar que o eSocial 
não alterou nenhuma lei trabalhista vi-
gente. Porém o sistema fiscalizará de 
maneira mais eficaz o cumprimento dos 
prazos já previstos na legislação, uma 
vez que o repasse dos dados deverá ser 
imediato, como lembra o vice-presidente 
do Sindicato das Empresas de Serviços 
Mario Berti
Presidente da Fenacon
Gildo Freire
Vice-presidente de Finanças do CRC SP
Márcio Shimomoto
Vice-presidente do Sescon-SP 
“O eSocial não alterou nenhuma 
lei trabalhista vigente, no entanto 
fiscalizará de maneira mais eficaz 
o cumprimento dos prazos já 
previstos na legislação, uma vez 
que o repasse dos dados deverá 
ser imediato”
(Márcio Shimomoto)
eSocial: dificuldades da 
implantação de um futuro 
promissor
23
REPORTAGEM GT
Contábeis e das Empresas de Assesso-
ramento, Perícias, Informações e Pesqui-
sas de São Paulo – Sescon-SP, Márcio 
Shimomoto. “Uma das maiores dificul-
dades será a mudança de cultura das 
empresas brasileiras. Pode ser bastante 
complicado fazer o empresário enten-
der que os dados de um novo funcioná-
rio, por exemplo, devem ser repassados 
antes mesmo de ele, de fato, começar a 
trabalhar. Por isso, temos conversado 
com a Receita Federal do Brasil – RFB, 
solicitando a flexibilização de prazos, 
para que o repasse de informações seja 
mais correto, de forma a servir realmen-
te de base de dados”, reforça.
O presidente da Federação Nacional das 
Empresas de Serviços Contábeis e das Em-
presas de Assessoramento, Perícias, Infor-
mações e Pesquisas – Fenacon, Mario Berti, 
concorda que esse será o grande entrave do 
programa. “Temos uma mudança cultural 
para promover. É impossível cumprir o eSo-
cial se as empresas e os clientes dos escri-
tórios de Contabilidade não fizerem a parte 
delas”, afirma. 
“Decisões administrativas devem ser 
transformadas em registros do eSocial, 
portanto, é preciso em conjunto, montar-
mos mecanismos eficientes para esse 
fluxo de informações. Essa não é uma 
obrigação dos escritórios de Contabi-
lidade, mas sim, e, principalmente, das 
empresas em geral. O escritório contá-
bil é um parceiro estratégico importante 
para o cumprimento do eSocial, mas não 
podemos esquecer que a obrigação é 
das empresas”, complementa Berti.
Além de muitas conversas e da elabora-
ção de um plano de ação, o eSocial irá 
demandar despesas aos escritórios de 
Contabilidade, além de exigir a capacita-
ção dos profissionais da área contábil, que 
deverão conhecer todo o sistema antes do 
programa se tornar obrigatório. 
Prorrogações
O prazo para a implantação do eSocial 
já passou por várias prorrogações. O in-
tuito era proporcionar tempo de adapta-
ção aos profissionais e às empresas. 
De acordo com o vice-presidente de 
Administração e Finanças do Conselho 
Regional de Contabilidade do Estado de 
São Paulo – CRC SP, Gildo Freire, é pos-
sível que haja um novo adiamento caso o 
governo entenda que o tempo não é sufi-
ciente para a adequação. 
Ele explica que a previsão de implan-
tação legal do Sped já havia sido definida 
e que esse adiamento foi necessário jus-
tamente pela complexidade de adequa-
ção, que demanda tecnologia.
sistema é a aplicação de multas para 
quem não entregar os documentos em 
dia ou para quem apresentar informa-
ções incorretas. 
Márcio Shimomoto, do Sescon-SP, ex-
plica que não haverá multa caso as alte-
rações sejam feitas antes do prazo final 
para o repasse dos dados. Após esse pe-
ríodo, serão cobrados valores punitivos 
das empresas que deixarem de fazer o 
repasse ou as alterações necessárias. 
Durante o primeiro ano de obrigato-
riedade, as empresas não serão pena-
lizadas por informações incorretas e 
sua retificação deverá ocorrer de forma 
tranquila, a fim de facilitar a adaptação.
No entanto, quando a lei entrar ple-
namente em vigor, a empresa que 
não seguir corretamente a legislação 
poderá ter grandes prejuízos. “A for-
ma de cobrança de multas pelo fisco 
sempre foi exagerada, penalizando as 
empresas, empresários e a sociedade. 
O fisco deveria orientar e educar, não 
penalizar”, opina Gildo Freire. 
Futuro promissor
Todo o trabalho gerado às empresas 
e escritórios de Contabilidade pela im-
plantação do eSocial deverá trazer fru-
tos aos trabalhadores. 
As leis que regem as férias, por exem-
plo, deverão ser cumpridas à risca. 
O empregado deverá ser informado da 
data das suas férias 30 dias antes de elas 
entrarem em vigor, obrigatoriamente. 
Os especialistas defendem que, além 
da fiscalização mais eficaz, as empre-
sas terão a oportunidade de organizar 
a sua estrutura de Recursos Humanos 
e consequentemente terão mais segu-
rança nas relações trabalhistas, desde 
que tenham planejado a implantação 
do eSocial. 
Os dados servirão como base para 
pesquisas futuras, com números atuali-
zados e condizentes com a realidade.
 “A forma de cobrança de 
multas pelo fisco sempre foi 
exagerada, penalizando as 
empresas, empresários e a 
sociedade. O fisco deveria 
orientar e educar, não 
penalizar”
(Gildo Freire)
“Uma das maiores 
dificuldades será a mudança 
de cultura das empresas 
brasileiras, mas para isso, 
é preciso que o governo 
federal, os empresários e os 
profissionais da Contabilidade 
falem a mesma língua”
(Mario Berti)
O novo cronograma proporcionaria às 
empresas mais tempo para a implanta-
ção do programa. Mas as prorrogações 
não significam que as empresas devam 
deixar para fazer os ajustes necessá-
rios na última hora, pois podem amargar 
grandes prejuízos.
Multas
Um dos pontos mais discutidos du-
rante essa fase de implantação do 
24
Anúncio IBPT 
Bis
25
Anúncio IBPT 
Bis
26
CARF: 90 ANOS DE 
CONTRIBUIÇÃO 
ÀS QUESTÕES 
TRIBUTÁRIAS
Chegar aos 90 anos é uma conquista que deve ser lembrada e celebra-da. No dia 4 de setembro de 2014, 
o Conselho Administrativo de Recursos 
Fiscais – Carf completou nove décadas 
de existência e o fato não poderia passar 
despercebido de modo algum, já que a 
corte, instituída pelo Decreto nº 16.580, é 
responsável pela revisão em segundo grau 
das exigências de tributos federais. 
Mesmo com seu notório grau de im-
portância para empresas e pessoas 
físicas notificadas pela fiscalização 
do fisco federal, o Carf ainda é pouco 
conhecido nos meios acadêmico, pro-
fissional e pela sociedade em geral.
O órgão desempenha no Estado bra-
sileiro um prestígio inegável, já que 
cada vez mais os litígios tributários do 
âmbito federal estão sendo resolvidos 
definitivamente nesta esfera adminis-
trativa do Ministério da Fazenda. Isso 
faz com que as decisões em segunda 
GT Entrevista
Desde sua criação os 
“Conselhos de 
Contribuintes” exibem 
os papeis de 
representantes do fisco 
e contribuintes nos 
processos e decisões
Otacílio Dantas Cartaxo
27
Entrevista GT
IBPT - Nos últimos anos o Carf passou por 
grandes reestruturações. Quais foram?
Cartaxo - Na verdade, duas grandes 
reestruturações – organizacional e ope-
racional - ocorreram nos últimos cinco 
anos e já estão concluídas. No que diz 
respeito à reestruturação organiza-
cional, houve a unificação do Primei-
ro, Segundo e Terceiro Conselho. Cada 
Conselho tinha um presidente, uma 
No modelo anterior, todos os 
processos eram em papel, o 
que gerava custos expressivos 
de logística, gestão e controle 
ineficientes, tempode movimentação 
excessivo e limitações à 
informatização e automação dos 
processos de trabalho. 
Secretaria Executiva e as Câmaras Jul-
gadoras. Quando ocupava o cargo de 
secretário-adjunto substituto da Re-
ceita Federal, em 1998, fiz uma análise 
nessa estrutura antiga e apontei uma 
série de disfuncionalidades, como re-
trabalho, baixo nível de informatização 
e superposições de funções: três secre-
tarias executivas, três presidências, três 
orçamentos. Era tudo triplicado dentro 
dessas estruturas. Em virtude de todas 
essas questões, o ministro da Fazenda, 
Guido Mantega, na época aprovou a re-
estruturação organizacional. 
IBPT - Em que consistiu a reestruturação or-
ganizacional?
Cartaxo - A unificação do Conselho 
possibilitou que o Carf tivesse condi-
ção de tribunal com padrão de todos os 
órgãos de julgamento do mundo, base-
ada na estrutura clássica e weberiana, 
do intelectual alemão, jurista e econo-
mista, Karl Emil Maximilian Weber, con-
siderado um dos fundadores modernos 
da sociologia e com uma forte influ-
ência no direito, na ciência política, na 
administração e na sociedade. 
IBPT - No que consiste a reestruturação ope-
racional? 
Cartaxo - No modelo anterior, todos 
os processos eram em papel, o que ge-
rava custos expressivos de logística, 
gestão e controle ineficientes, tempo 
de movimentação excessivo e limita-
ções à informatização e automação 
dos processos de trabalho. A proposta 
de mudança consistiu na implantação 
do processo digital. Primeiramente, 
houve uma mudança cultural – do 
processo em papel para o processo 
digital. Além disso, destaco a redefini-
ção de procedimentos e processos de 
trabalho; treinamento e requalificação 
da mão-de-obra; e digitalização dos 
processos existentes. No atual modelo, 
totalmente digital, passamos a contar 
com o e-Processo da impugnação até a 
extinção do crédito. Ele é composto por 
três módulos: lançamento pelas Delega-
cias da Receita Federal do Brasil e ins-
petorias; julgamento pelas Delegacias 
da RFB de Julgamento - DRJ’s e Carf; e 
execução do crédito pela Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional – PGFN. 
IBPT - Em sua opinião, quais foram as princi-
pais vantagens do e-Processo?
Cartaxo - O e-Processo permitiu que 
os processos administrativos fiscais da 
Receita Federal do Brasil fossem total-
mente informatizados. Ele foi respon-
sável por transformar, do papel para o 
formato digital, as milhares de ações 
judiciais fiscais que relacionam os con-
tribuintes pessoas físicas e jurídicas e 
a RFB, proporcionando celeridade, redu-
ção de custos, transparência, seguran-
ça, precisão e acessibilidade. Além dis-
so, com o e-Processo, o Carf tem mais 
estrutura para controlar efetivamente 
esses processos, ao longo dos trâmites 
administrativos. Outro avanço extrema-
mente significativo na reestruturação 
operacional foi o site do Carf, onde to-
das as informações, como tramitação 
processual, pautas e atas de julgamen-
to, banco de acórdãos e súmulas, são 
disponibilizadas ao público. Além disso, 
há um controle gerencial, com os indi-
cadores de gestão: estoque de proces-
sos, controle das atividades e dos pra-
zos e mensuração de desempenho.
IBPT - Atualmente não existe nenhum pro-
cesso em papel no âmbito do Carf?
Cartaxo - Todo auto de infração da 
RFB nasce digital, segue para Delega-
cias em forma digital e durante todo o 
seu trâmite permanece nesse formato. 
Hoje, no contencioso tributário federal 
não existe mais processo em papel. 
Todos os processos são digitais. O e-
-Processo atinge qualquer ação desde 
seu nascimento até a finalização: da 
impugnação até a instrução de crédi-
to tributário. Quando um contribuinte 
recebe um lançamento da RFB, que 
faz um auto de infração ou notificação 
dizendo que ele deve R$ 10 mil, por 
exemplo, esse contribuinte tem duas 
opções: ou paga a “dívida” ou então im-
pugna. Ao fazer essa contestação, tor-
e última instância tenham a marca da 
autenticidade. Desde sua criação, em 
1924, os “Conselhos de Contribuintes” 
exibem composição paritária, isto é, os 
representantes do fisco e contribuintes 
participam dos processos e decisões. 
Na presidência do Carf desde 12 de 
maio de 2010, com a publicação da 
Portaria nº 998 da Secretaria da Casa 
Civil, o ex-secretário da Receita Federal 
do Brasil – RFB, Otacílio Dantas Carta-
xo, fala sobre o Conselho, cuja missão 
é assegurar à sociedade celeridade e 
imparcialidade na solução dos litígios 
tributários, seu passado e as tendên-
cias para o futuro.
IBPT - Como o senhor vê o aniversário de 90 
anos do Carf?
Cartaxo - Hoje, o Carf está muito di-
ferente do que era. E, sem dúvida, o 
órgão evoluiu – e muito. Considero o 
aniversário de 90 anos como um indi-
cativo de que a instituição é necessá-
ria e sobreviveu, todo esse tempo, com 
todas as reformas que foram feitas no 
âmbito do governo federal e, especial-
mente, no Ministério da Fazenda. Isso é 
um sinal da sua vitalidade. 
28
O e-Processo permitiu que os 
processos administrativos 
fiscais da Receita Federal 
do Brasil fossem totalmente 
digitais.
na-se um contencioso que vai para a 
área de julgamentos da RFB. Na maio-
ria das vezes, quando o contribuinte 
recebe uma decisão não favorável, ele 
recorre ao Carf. 
IBPT - Quando o e-Processo foi implantado?
Cartaxo - A informatização do con-
tencioso administrativo e tributário fe-
deral foi implantada em 2010, quando 
eu atuava como secretário da Receita 
Federal, e ocorreu em todas as Delega-
cias da RFB, PGFN e Carf. Vale mencio-
nar que esse avanço foi extremamente 
relevante para todos e resultou em um 
enorme ganho de produtividade e efici-
IBPT - Em sua opinião, o órgão contribui com 
a sociedade, de forma geral?
Cartaxo - Sim, inclusive o Conselho 
vem solucionando vários desacordos 
GT Entrevista
ência. Hoje um processo pode estar no 
Rio Grande do Sul e o advogado pode 
perfeitamente acessá-lo de São Paulo, 
por exemplo, sem nenhuma dificuldade. 
sobre a compreensão da legislação tri-
butária. Com isso, o órgão confirma sua 
relevância na defesa dos interesses e 
direitos da Fazenda Nacional, dos con-
tribuintes e do Estado Democrático de 
Direito. Tributaristas e acadêmicos de 
reconhecimento nacional e internacio-
nal exploram tal relevância em várias 
de suas publicações, e magistrados, 
inclusive dos Tribunais Superiores, se 
valem de seus julgados para embasar 
decisões envolvendo matérias tributá-
rias. Seu prestígio vem alcançando ex-
pressão internacional, como pode ser 
evidenciado pelos eventos realizados 
nos últimos anos pelo Centro Intera-
mericano de Administradores Tribu-
tários – Ciat e pela Associação Ibero-
29
A atuação dos tribunais 
administrativos coopera para a 
compreensão do Direito Tributário, 
com a segurança jurídica e, 
principalmente, promove a melhoria 
dos ambientes de negócios. 
IBPT - Qual a importância do Carf para eluci-
dar os temas tributários?
Cartaxo - Até mesmo nas universi-
dades de Direito, a experiência nos 
mostra que pouco ou nada se entende 
sobre o processo administrativo tri-
butário. Apesar de não ser obrigató-
rio, uma vez que o artigo 5º, XXXV, da 
Constituição Federal, que diz “a 
lei não excluirá da aprecia-
ção do Poder Judiciário 
Outro detalhe importante é que o fato do Carf ser um órgão 
colegiado e possuir composição paritária, com representantes 
do fisco e dos contribuintes - todos com larga experiência em 
matéria tributária. 
O julgamento é realizado por verdadeiros especialistas no as-
sunto, o que, sem sombra de dúvida, constitui uma grande van-
tagem ao contribuinte.
Nos últimos anos, o Carf adotou diversas práticas para mo-
dernizar o processamento dos recursos, de modo a facilitar 
o acesso às informações processuais e permitir o acesso às 
decisões proferidaspelo colegiado, disponibilizando, inclusive, 
repositório de jurisprudência. 
Isso não significa que o processo de aperfeiçoamento da ins-
tituição tenha chegado ao fim. Certamente, diversas outras 
medidas serão tomadas nos próximos anos para modernizar a 
atividade do Conselho.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sempre foi e 
continua sendo uma referência para os demais Tribunais e Con-
selhos Administrativos. 
A celebração dos 90 anos, no dia 4 de setembro de 2014, 
atesta a importância deste Conselho, ao longo das últimas dé-
cadas, na solução das controvérsias envolvendo tributos admi-
nistrados pela Receita Federal do Brasil-RFB. 
Vale lembrar que o órgão, ao decidir questões envolvendo a 
constituição e a cobrança de créditos tributários, contribui 
para o aprimoramento dos procedimentos adotados no âm-
bito da administração tributária, o que atende a um anseio de 
toda a sociedade.
Além disso, a complexidade do sistema tributário amplia a 
importância dos tribunais administrativos, sobretudo do Carf, e, 
na mesma proporção, aumenta a responsabilidade dos conse-
lheiros julgadores, exigindo deles maior qualificação e preparo.
Presidente do 
Conselho Municipal 
de Tributos de São 
Paulo, Luciana 
Xerfan Maranhão 
de Mello
Entrevista GT
lesão ou ameaça a direito”, a via judi-
cial pode ser o rumo para solucionar 
conflitos. Dessa forma, não podemos 
negar que a opção pelo Carf já é uma 
realidade, principalmente por conta do 
menor custo ao contribuinte, já que não 
há gastos significantes e muito menos 
a necessidade de advogado para o ple-
no exercício do direito de defesa. Além 
disso, ele tem a seu favor julgadores 
com conhecimento especializado, nor-
malmente em Direito Tributário, Ciên-
cias Contábeis e Comércio Exterior. A 
atuação dos tribunais administrativos 
coopera para a compreensão do Direi-
to Tributário, com a segurança jurídica 
e, principalmente, promove a melhoria 
dos ambientes de negócios.
IBPT - Quais são as tendências para o futuro?
Cartaxo - Hoje, tramita no Senado 
Federal o Projeto de Lei Complementar 
nº 222/2013, o qual estabelece normas 
gerais sobre o processo administrativo 
fiscal, no âmbito das administrações 
tributárias da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos municípios, vi-
sando, em especial, assegurar aos li-
tigantes em processo administrativo 
fiscal o devido processo legal, o contra-
ditório e ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes. De autoria 
do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o 
projeto, cujo relator é o senador Fran-
cisco Dornelles (PP-RJ), determina que 
no contencioso administrativo fiscal 
são assegurados aos litigantes os se-
guintes meios de defesa e recursos: 
impugnação; embargos de declaração; 
recursos voluntário, de ofício e espe-
cial; e pedido de reexame de admissi-
bilidade especial. Dada a dimensão da 
matéria, enquanto não houver compre-
ensão sistemática e o conhecimento 
analítico da relação concreta, em nível 
operacional, do Estado e dos cidadãos, 
não haverá sucesso nas tentativas de 
racionalização e desburocratização do 
aparelho do Estado, em seus três níveis 
e respectivas projeções. 
Presidente do Conselho Municipal de Tributos 
de São Paulo, Luciana Xerfan Maranhão de 
Mello comenta os 90 anos do Carf
-Americana de Tribunais de Justiça 
Fiscal ou Administrativa - A.I.T, na Ar-
gentina, no Brasil, na Espanha, na Itália, 
no México e em Portugal. 
30
Importante conquista para o contribuin-te brasileiro, a Lei nº 12.741/12, que obriga os estabelecimentos a informa-
rem a carga tributária incidente nos produ-
tos e serviços nos cupons e documentos 
fiscais para o consumidor final, já come-
ça a despertar maior consciência sobre o 
quanto se paga de tributos no País. 
A lei entrou em vigor em julho de 2013, 
mas a Medida Provisória nº 620 prorrogou 
por um ano a aplicação de penalidades às 
empresas que não estivessem adaptadas 
à legislação. Novo adiamento ocorreu em 
6 de junho de 2014, a poucos dias do início 
da aplicação de multas, com a publicação 
da MP nº 649, que concedeu aos estabe-
lecimentos mais seis meses do prazo. Na 
mesma data, o governo regulamentou a 
lei, com o Decreto nº 8.264/2014, e alterou 
a apresentação das informações a serem 
Empresas superam desafios para se adaptar às 
exigências da informação do tributo na nota 
prestadas no documento fiscal, que deve-
rão aparecer de forma segregada, ou seja, 
tributos federais, estaduais e municipais. 
A regulamentação também determinou, 
que no caso das instituições financeiras, a 
informação dos tributos incidentes sobre 
os produtos e serviços poderá ser feita por 
meio de painel afixado em local visível no 
estabelecimento. Quem não se adequar 
às novas exigências da lei até 31 de de-
zembro de 2014 estará sujeito às sanções 
previstas no Código de Defesa do Consu-
midor. A legislação é facultativa ao Micro-
empreendedor Individual - MEI, optante 
pelo Simples Nacional. 
Em parceria com a Associação Comercial 
de São Paulo - ACSP e a Associação Brasi-
leira de Automação Comercial - Afrac, o Ins-
tituto Brasileiro de Planejamento e Tributa-
ção – IBPT desenvolveu uma solução para 
que as empresas se adaptem à legislação. 
A tabela com as alíquotas dos produtos e 
serviços, classificados por Nomenclatura 
Comum do Mercosul - NCM e Nomenclatu-
ra Brasileira de Serviços - NBS, bem como 
o Manual de Integração, voltado aos desen-
volvedores de softwares, estão disponíveis 
no site www.deolhonoimposto.ibpt.org.br. 
Ao todo, mais de 1,5 milhão empresas já 
baixaram a solução criada pelo Instituto. 
Adaptação
O presidente da ACSP, da Federação das 
Associações Comerciais do Estado de São 
Paulo - Facesp e presidente-interino da 
Confederação das Associações Comerciais 
e Empresariais do Brasil - CACB, Rogério 
Amato, afirma que houve uma grande ade-
são das empresas de maior porte à lei. “As 
empresas menores, em geral, esperaram a 
obrigatoriedade e a multa - e não chegaram 
a implantar. Mas as informações também 
estão disponíveis de forma acessível para 
elas”, lembra o dirigente.
A evolução da lei 
De Olho no Imposto
GT REPORTAGEM
31
O diretor de Inovação e Inteligência 
Contábil do Instituto Brasileiro de Pla-
nejamento e Tributação - IBPT, Othon de 
Andrade Filho, afirma que a grande dificul-
dade dos estabelecimentos para se adap-
tar à lei se deve ao cadastro de produtos 
das empresas. “A grande maioria não dá 
importância devida e, frequentemente, os 
códigos NCM ficam em branco ou são in-
formados incorretamente”, explica, ressal-
tando que cabe às empresas providenciar 
os códigos comerciais corretamente para 
acessar a tabela do IBPT.
Andrade destaca que as empresas que 
já se adaptaram terão maior facilidade 
para fazer a atualização, uma vez que bas-
ta baixar a versão mais recente da solu-
ção. “Ao comerciante ou prestador de ser-
viço que emite nota fiscal manualmente, 
basta acessar o site do IBPT e pesquisar 
os produtos ou serviços pelo nome”. 
Regulamentação
Na opinião de Rogério Amato, da ACSP, 
a separação dos tributos federais, estadu-
ais e municipais, determinada pela regula-
mentação da lei, não esclarece ao cidadão 
que 68% dos tributos pagos são da União, 
podendo dar uma falsa impressão sobre 
quem é o maior responsável pela carga 
tributária total.
“A modificação foi uma exigência da Re-
ceita Federal do Brasil - RFB, sob o argu-
mento de que o governo federal muitas 
vezes reduzia impostos, mas isso não fi-
cava claro para o consumidor. Na verda-
de, como o imposto que mais pesa para o 
consumidor é o ICMS, a Receita pretendia 
mostrar que são os estados os que mais 
tributam. A exigência da discriminação 
dos três tributos na nota está causando 
grandes dificuldades para a elaboração de 
novos cálculos, exigindo que os progra-madores façam total adaptação de todo 
o sistema. Mas os obstáculos técnicos 
estão sendo superados de forma a não 
trazer dificuldades maiores para as em-
presas”, assegura Amato.
O vice-presidente de Relações Institu-
cionais da Afrac, Luis Garbelini, da Afrac, 
afirma que a Entidade se surpreendeu 
com a regulamentação, pois esta alterou 
o modelo já implementado e efetivado 
no mercado. Ele estima ser necessário 
pelo menos seis meses para promover a 
atualização dos sistemas em todo o País. 
Como muitos associados contratam os 
serviços com possibilidade de atualiza-
ções, algo que é comum no segmento, 
Garbelini acredita que ao menos as gran-
des redes não deverão ter maiores custos 
com o procedimento.
“A Afrac e seus associados farão todo o 
possível para que a lei seja implementada, 
sendo um primeiro passo de uma mudan-
ça mais profunda no modelo tributário. A 
consciência virá com o tempo e espero que 
possamos ter mais qualidade no retorno do 
imposto que pagamos”, reforça Garbelini.
Para Rogério Amato, mais do que escla-
recer o consumidor de que ele é contribuin-
te, “é preciso criar a noção de cidadania, 
para que ele possa cobrar a contrapartida 
pelos impostos que paga”, define.
Consumidor demonstra 
consciência tributária
O programador Gabriel Paulon, 21 
anos, acompanha atentamente a infor-
mação do tributo na nota fiscal. “Por 
conta do meu trabalho, preciso estar 
sempre atualizado sobre as mudanças 
referentes aos produtos e serviços que 
utilizo”. De acordo com Paulon, a infor-
mação promove uma conscientização 
do contribuinte. “Pelo valor pago em im-
postos, deveríamos ter serviços públicos 
de alta qualidade, o que não acontece 
hoje”, afirma.
Logo que a legislação entrou em vigor, 
o advogado Erivaldo Almeida, 26 anos, 
passou a verificar as notas, relatando 
uma insatisfação de constatar uma carga 
tributária tão elevada. Contudo, recomen-
da: “É importante percebermos o quanto 
somos afetados pelos tributos que paga-
mos em tudo o que consumimos, mas de 
nada adianta conhecer se não houver ati-
tudes enérgicas por parte dos contribuin-
tes, inclusive na escolha de seus gover-
nantes. Com impostos tão severos, fica 
impossível compreender como temos 
serviços públicos tão precários”.
A nutricionista Mariane Alves, 24 anos 
compartilha da opinião do advogado: 
“Em média, 30% do valor dos produ-
tos corresponde a impostos. Fica difícil 
acharmos este valor justo, quando nem 
ao menos vemos para onde esses valo-
res são revertidos”.
Luis Garbelini, da Afrac, afirma já no-
tar a mudança de comportamento. “Nas 
filas de supermercados e lojas de ves-
tuário é possível presenciar os consu-
midores comentando sobre a elevada 
carga de impostos sobre o preço total 
da compra”, afirma.
Nota da Redação: Até o fechamento 
desta edição, a Medida Provisória n° MP 
nº649 , que adiou o prazo para adaptação 
das empresas não havia sido votada. 
REPORTAGEM GT
32
A quantidade de dados gerados nas empresas, e que estão à disposição delas em fontes externas, cresce de 
forma acelerada. Notas fiscais eletrônicas, 
cupons fiscais, documentos do Sped, ba-
ses de dados públicas e outras.
 
As redes sociais também são fontes 
preciosas de informação e importantes 
ferramentas de interação com clientes.
Um acompanhamento dos clientes no 
Facebook, Twitter, Foursquare e Insta-
gram, feito por pessoal especializado, é 
essencial na descoberta de oportunida-
des e prevenção de problemas. Mas quais 
tipos de oportunidades estão, mais preci-
samente, ao alcance das empresas?
Área fiscal e comercial
Com a progressiva implantação do 
Sped, o governo gerou para si mesmo um 
gigantesco poder de controle, no que diz 
respeito ao conhecimento, quase em tem-
po real sobre a realidade das empresas. 
As informações do Sped estão dispo-
níveis a partir de layouts padrão, o que 
obrigou as empresas a organizarem-se 
Muito além do BI
GT ARTIGO TÉCNICO
para entregá-las. Ao mesmo tempo, pas-
sou a ser possível realizar a análise dos 
dados através de softwares de auditoria 
similares ao IBPTax, do Instituto Brasilei-
ro de Planejamento e Tributação - IBPT.
O IBPTax, realiza uma análise crítica, 
visando consistir os valores repassa-
dos ao Fisco, como créditos e débitos 
de impostos. A partir desses resultados, 
uma camada adicional de segurança é 
agregada ao processo de cálculo dos 
impostos, já que a ferramenta vai operar 
independentemente dos mecanismos 
convencionais de apuração da empresa. 
Oportunidades com a 
mineração de dados
É na área comercial que estão algu-
mas das oportunidades mais interes-
santes quando os dados disponíveis 
são utilizados como matéria-prima para 
a geração de conhecimento útil. O bom 
aproveitamento desses dados, porém, 
não é possível através do exame de re-
latórios ou análises convencionais, já 
que estamos falando de grandes quan-
tidades de dados, com relevante diversi-
dade entre si. São necessárias técnicas 
especiais. É ai que entra a “Mineração de 
Dados” ou data mining. 
No âmbito da mineração de dados, vá-
rias técnicas de análise estão disponí-
veis, dependendo dos objetivos a serem 
alcançados. Neste artigo, me refiro ao 
objetivo de dar aos clientes algo além 
das análises convencionais, realizadas 
por meio dos clássicos relatórios e fer-
ramentas de BI (Business Intelligence). 
Estas, de uma forma geral, estão con-
centradas apenas em analisar fatos pas-
sados. Aqui em nosso contexto, a chave 
é a “análise preditiva”, que nada mais é 
do que possibilitar, a partir de padrões de 
comportamento dos consumidores, con-
sumo e outros padrões conhecidos, pre-
ver o futuro com níveis satisfatórios de 
certeza para aplicação a novas situações. 
Clusters e árvores de decisão
 
Vamos supor que sua empresa queira 
fazer uma campanha de vendas para um 
determinado produto, atingindo 300 mil 
clientes de seu cadastro.
33
ARTIGO TÉCNICO GT
Glauter Moulin Coelho
Diretor de Desenvolvimento do IBPT
Antes de iniciar a campanha, uma 
análise poderá mostrar que a maior par-
te dos clientes que já adquiriram o pro-
duto é composta por homens com renda 
entre seis e sete salários mínimos, idade 
entre 35 e 40 anos, moradores da região 
sul da cidade.
Fundamentado em tais informações, 
geradas por um algoritmo de “árvore de 
decisão”, o processo de mineração de 
dados irá analisar a base de informações 
de 300 mil nomes e apontar aqueles com 
maior chance de se tornarem comprado-
res, ou seja, muito semelhantes ao “com-
prador típico”. Com essa estratégia a 
campanha de vendas terá mais eficácia 
e menos custos. Em vez de tentarmos 
atingir todo o cadastro, nos concentrare-
mos em um público menor, com chances 
de resposta positiva muito maior. 
Análise de cesta de produtos
Um caso bastante conhecido é aquele 
em que uma importante rede de super-
mercados constatou uma relação entre 
as vendas de fraldas e de cervejas nos 
finais de semana, à noite. Essa consta-
tação foi obtida com a análise de milha-
res de tickets de vendas e com o uso de 
algoritmos computacionais, para des-
cobrir padrões impossíveis de serem 
observados em análises convencionais. 
E porque ocorria isto ?
Descobriu-se que, quando as fraldas 
acabavam nos fins de semana, era o ma-
rido quem ia ao mercado comprá-las, na 
maior parte dos casos. Aproveitando a 
saída, os papais também repunham seu 
estoque de cerveja. A partir daí o super-
mercado passou a disponibilizar fraldas 
e cervejas em gôndolas mais próximas, 
favorecendo a visualização e, conse-
quentemente, as vendas combinadas.
Redes neurais
As redes neurais são algoritmos com-
putacionais que buscam recriar, mesmo 
que de forma menos complexa, a estru-
tura básica do cérebro humano, através 
de neurônios artificiais modelados por 
um software. Esses neurônios

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