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ibpt revista governanca tributaria 2012

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UM COMPROMISSO COM A EXCELÊNCIA
O escritório de governança e consultoria tributária Amaral & Associados tem grande foco de 
atuação na prestação de um serviço completo de Governança Empresarial, voltado aos assuntos 
tributários e ambientais, sempre com o objetivo de suprir as necessidades e demandas de médias 
e grandes empresas que procuram se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.
CONTE SEMPRE COM A AMARAL & ASSOCIADOS.
www.amaraleassociados.com
Av. Cândido Hartmann 50 – Curitiba PR 
CEP 80730-440 TEL 41 3232-9241
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SUMÁRIO
TRIBUTÁRIA
REVISTA GOVERNANÇA
Edição Comemorativa - 20 anos do Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT
26
38
8
12
22
4642
Av. Cândido Hartmann, 50 - CEP: 80730-440, Curitiba - PR - Tel./Fax: (41) 3232-9241 - www.ibpt.com.
br / ibpt@ibpt.com.br - Conselho editorial: Gilberto Luiz do Amaral - João Eloi Olenike - Letícia 
Mary Fernandes do Amaral - Fernando Steinbruch - Cristiano Lisboa Yazbek - Produção e Edição: 
De León Comunicações - Tels.: (11) 5017-4090/7604 - E-mail: deleon@deleon.com.br - Editora 
e Jornalista Responsável: Lenilde Plá De León (MTb 11.707/SP) - Coordenadora Editorial: 
Débora Luz (MTb 48.121/SP) - Redator: Paulo Prendes (MTb 61.957/SP) - Projeto Gráfico e 
Diagramação: Marcelo Vieira - Periodicidade: Semestral - Tiragem: 5.000 - Impressão: Gráfica 
Capital | As opiniões expressas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e 
os anúncios veiculados são de inteira responsabilidade dos anunciantes.
Expediente
“O Brasil é uma economia 
importante no contexto 
internacional”
Competitividade impulsionada 
pela Inteligência Fiscal
Governança Tributária nas Empresas 
– Soluções estratégicas que evitam 
apuros com a fiscalização
IBPT, há 20 anos promovendo 
consciência tributária no Brasil
IBPT: Referência em 
Estrutura Tributária
“A carga tributária, 
sem dúvida, atrapalha 
a competitividade das 
empresas brasileiras”
6
Governança Tributária 
Internacional
4
Editorial
16
A evolução do conceito de 
insumo para fins de PIS e
COFINS não cumulativos
24
Governança
Jurídico-Sucessória
Governança societária: reduzindo 
a mortalidade das empresas 
brasileiras
15
18
A Contabilidade a 
favor da empresa
30
Governança 
Ambiental
Diretoria
EDITORIAL
Gilberto
Luiz do Amaral
Editor
Celebrando
20 anos de
IBPT e seus 
serviços de 
governança e
conscientização
tributária
EDITORIAL
Há 20 anos surgiu o IBPT. Ao 
longo de sua trajetória, o Institu-
to conquistou reconhecimento 
na área tributária e tornou-se re-
ferência nacional e internacional 
em matéria de Governança Tri-
butária. Sempre se destacou com 
seus projetos inéditos e eficazes 
para conscientizar a sociedade 
brasileira sobre a alta e complexa 
carga tributária nacional.
Essa edição da Revista Go-
vernança Tributária, comemora-
tiva dos 20 anos do IBPT, reúne 
artigos de seus diretores e pro-
fissionais, com excelentes infor-
mações sobre os benefícios das 
variadas formas de Governança 
empresarial que podem – e de-
vem – ser aplicadas nas organi-
zações em prol de maior compe-
titividade empresarial. 
A matéria de capa “Competi-
tividade impulsionada pela Inte-
ligência Fiscal” retrata a impres-
cindibilidade da Governança 
Tributária vis-à-vis um controle 
fiscal cada vez mais eficiente e 
digital, meio ao qual um simples 
relapso por parte do contribuin-
te pode ser facilmente percebi-
do pelo cruzamento eletrônico 
de dados entre as variadas esfe-
ras fiscais.
Além disso, a revista traz duas 
entrevistas esclarecedoras; a 
primeira com o presidente da 
BM&F BOVESPA, Edemir Pinto, 
na qual ele enfatiza a Governan-
ça Tributária como um elemento 
primordial nas boas práticas de 
gestão corporativa e sustentá-
vel, e a segunda com Amaro Luiz 
de Oliveira Gomes, integran-
te do Internacional Accounting 
Standards Board – IASB (Comitê 
Internacional de Contabilida-
de), que comenta os desafios do 
Brasil de se adequar às Normas 
Internacionais de Contabilidade. 
As mudanças ocorridas na 
contabilidade, sua importância 
para o planejamento tributário 
e a necessidade da área contábil 
estar em harmonia com os de-
mais setores das empresas são 
os temas abordados na repor-
tagem “Contabilidade a favor da 
empresa”. 
A reportagem “Governança Tri-
butária nas Empresas – Soluções 
estratégicas que evitam apuros 
com a fiscalização” traz a visão 
de grandes executivos sobre 
o impacto positivo da Gover-
nança Tributária para empresas 
como Autoglass, Eletrobras – 
Eletronorte, Eletrobras – Furnas, 
Intelbras e Tractebel. E, para fe-
char com “chave de ouro”, uma 
matéria especial sobre todas as 
conquistas do IBPT ao longo de 
seus 20 anos.
Sem dúvidas, trata-se de uma 
edição recheada de boas dicas e 
informações para que as empre-
sas aprimorem o emprego da 
Governança na gestão de suas 
empresas.
Boa leitura!
Governança Tributária Internacio-
nal é o conjunto de procedimentos, 
aplicados a empresas[1] com atuação 
internacional – seja mediante investi-
mento direto, seja indireto – que obje-
tiva a coordenação, revisão e controle 
periódico de todos os assuntos de or-
dem tributária e fiscal abrangidos nas 
operações da referida empresa, que 
envolvam dois ou mais países. 
A Governança Tributária Internacio-
nal visa reduzir o risco tributário a que 
a empresa pode estar sujeita em suas 
transações no exterior, trazendo, assim, 
mais transparência fiscal a seus sócios, 
administradores, clientes, fornecedores 
e ao mercado de uma forma geral. 
Para que a Governança Tributária 
Internacional seja colocada em prática 
é necessário que os sócios ou adminis-
tradores da empresa se preocupem em 
montar uma equipe – interna ou exter-
na – de profissionais altamente espe-
cializados nas questões de tributação 
internacional e de normas contábeis in-
ternacionais, os quais serão os respon-
sáveis por definir estratégias empresa-
riais, em nível internacional, voltadas ao 
aumento da lucratividade da empresa, 
por meio da redução tanto de seu custo 
quanto de seu risco tributário, sempre 
respeitando os preceitos morais e éticos 
que devem nortear qualquer atividade 
empresarial que esteja calcada nas prá-
ticas de boa governança. 
Importante ressaltar que todas as 
premissas aplicáveis à Governança 
Tributária[2] serão igualmente aprovei-
tadas na Governança Tributária Inter-
nacional, a exemplo de normas de con-
duta e manuais de procedimento que 
poderão ser equivalentes. Além disso, 
o estabelecimento de índices de efi-
ciência e de tomada de riscos empre-
sariais em matéria tributária poderão 
igualmente ser estabelecidos de uma 
forma única, seja para as operações in-
ternas quanto para a atuação interna-
cional da empresa.
Um dos pontos de fundamental dis-
tinção entre a Governança Tributária e 
a Governança Tributária Internacional 
diz respeito às mudanças de legisla-
ção e às novas decisões jurispruden-
ciais que devem estar sendo sempre 
analisadas e monitoradas para fins de 
fixação de estratégias comerciais. Para 
a Governança Tributária Internacional, 
o monitoramento e análise devem le-
var em conta, não apenas as normas 
internas de tributação internacional, 
mas igualmente as normas convencio-
nais, relativas a tratados e convenções 
internacionais, e estrangeiras, relativas 
aos países onde ou com os quais a em-
presa atua. Por exemplo, caso a empre-
sa se valha de uma convenção bilateral 
para evitar a dupla tributação, é muito 
importante que a equipe responsável 
pelo acompanhamento de mudanças 
normativas e interpretativas se atente a 
eventuais novas decisões administrati-
vas ou judiciais, proferidas no outro país 
signatário da convenção,relativas à sua 
interpretação. A depender do modelo de 
convenção em referência (OCDE, ONU 
ou outros), é igualmente primordial que 
sejam acompanhadas eventuais novas 
interpretações dadas pelo próprio orga-
nismo responsável pela elaboração do 
texto da convenção modelo.
Já com relação às alterações nas 
legislações e entendimentos jurispru-
denciais do(s) país(es) onde a empresa 
tenha atuação, o acompanhamento e 
monitoramento deve levar em conta 
regras – principalmente normas antieli-
Governança Tributária
Internacional:
O Impacto das Normas
Estrangeiras nas Transações
Internacionais
ARTIGO
TÉCNICO
Letícia Mary Fernandes do Amaral (*) 
IBPT - 6
sivas ou de cunho extrafiscal – que pos-
sam gerar qualquer impacto no molde 
como foram estruturadas as operações 
internacionais, para fins de verificação 
da necessidade de ser cumprida eventu-
al nova obrigação ou de alterar o plano 
de negócios internacionais da empresa. 
As normas para combate à elisão 
fiscal adotadas em 2012 pela França, 
Reino Unido, Estados Unidos e Alema-
nha, por exemplo, podem gerar impac-
to nos investimentos estrangeiros re-
alizados nesses países. Tais alterações 
legislativas foram apresentadas por 
representantes de tais países durante a 
Conferência “Tax Planning Strategies US 
and Europe”, promovida conjuntamen-
te pela American Bar Association – Tax 
Section, International Fiscal Association – US 
Branch, International Bar Association e 
IITI – Institute for International Taxation, 
Inc., que aconteceu entre os dias 28 e 
30 de março de 2012, em Viena-Áus-
tria. Referido evento teve justamente 
o condão de abordar, em detalhes, as 
principais alterações das legislações 
tributárias dos países da Europa e dos 
Estados Unidos, que geram impactos 
relacionados ao planejamento tribu-
tário de investidores estrangeiros. Sem 
dúvida, a participação dos profissio-
nais responsáveis pela Governança 
Tributária Internacional em eventos 
desse cunho é primordial justamen-
te para o devido acompanhamento e 
monitoramento de regras e interpreta-
ções legislativas.
Uma nova legislação francesa, por 
exemplo, determina que os adminis-
tradores de trusts[3], sejam eles france-
ses ou estrangeiros, deverão se subme-
ter a novas regras de declaração anual 
de bens colocados em trust para o fisco 
francês, caso o proprietário, beneficiá-
rio ou os bens em si estejam localiza-
dos na França. Caso os envolvidos na 
operação sejam estrangeiros e apenas 
os bens e direitos estejam na França, o 
administrador estrangeiro (trustee) po-
derá estar sujeito a severas penalida-
des por desconhecer as novas regras. 
Os responsáveis, ainda que estrangei-
ros, que não se submeterem às novas 
regras poderão ser multados em 5% 
sobre o total do valor de mercado de 
tais bens em trust.
Outros exemplos de recentes nor-
mas antielisivas que podem impactar 
investimentos e investidores estrangei-
ros são no Reino Unido, com a reforma 
nas normas fiscais sobre subsidiárias 
controladas no exterior, que antes pos-
suíam foco nas empresas e agora pas-
sam a se preocupar mais com os lucros 
que forem desviados de forma artificial 
para fora do Reino Unido. Além disso, o 
Reino Unido igualmente introduziu, no 
final de 2011, nova Norma Geral Antie-
lisiva, com o intuito de barrar planeja-
mentos tributários baseados em esque-
mas artificiais e forçados que tenham 
por objetivo alcançar um resultado tri-
butário abusivo.
Nos Estados Unidos, igualmente, o 
Presidente Obama apresentou uma pro-
posta de reforma fiscal nas empresas, ob-
jetivando reduzir a alíquota do imposto 
de renda da pessoa jurídica, para que o 
país tenha mais competitividade em vir-
tude da crise internacional. Para tanto, a 
proposta visa limitar a dedução de despe-
sas incorridas pelas empresas e introduzir 
regras de extensão do prazo de deprecia-
ção de bens, que, na prática beneficiará 
alguns setores, mas prejudicará outros, 
como o de produtos elétricos, compu-
tadores, eletrônicos e equipamentos de 
transportes, segundo informações divul-
gadas durante a Conferência.
Esses são apenas alguns exemplos 
de como é importante o contínuo mo-
nitoramento de alterações legislativas 
estrangeiras pelo departamento de 
governança tributária internacional, já 
que muitas vezes uma nova lei tributá-
ria pode impactar diretamente alguma 
estratégica empresarial internacional, 
elevando custos e riscos fiscais. Se a 
empresa estiver atenta e devidamente 
informada a respeito, poderá reavaliar 
suas estratégias e se precaver de even-
tuais multas e autuações fiscais. Esse 
é justamente um dos pontos altos da 
adoção de boas práticas de governan-
ça tributária internacional.
----------------------------------------------------
[1] O termo “empresa” aqui é utilizado de forma 
ampla, abrangendo tanto grupo de sociedades, 
sociedades empresárias e empresários individuais.
[2] Para uma melhor compreensão de tais premis-
sas, vide artigo da Autora, publicado na Revista Gover-
nança Tributária, vol. 1, de março de 2011: AMARAL, L. 
M. F. do. Governança Tributária na Prática. Revista Go-
vernança Tributária, Curitiba, p. 10 - 13, 01 mar. 2011.
[3] A palavra “trust” significa a custódia e 
administração de bens, interesses ou valores de 
terceiros. Trata-se de qualquer tipo de negócio ju-
rídico que consista na entrega de um bem ou um 
valor a uma pessoa (fiduciário) para que seja ad-
ministrado em favor do depositante ou de outra 
pessoa por ele indicada (beneficiário). Os “trusts” 
são utilizados em planejamento internacional de 
bens de inventário com os seguintes propósitos: (1) 
proteger contra circunstâncias inesperadas em seu 
país de origem; (2) providenciar a distribuição do 
patrimônio durante a vida da pessoa e após sua 
morte (talvez através de uma forma que geralmen-
te não seria permitida de acordo com a legislação 
do país daquela pessoa); (3) possuir um patrimônio 
que seja mantido e administrado por um indivíduo 
ou instituição responsável, de maneira cuidadosa; 
(4) investir de forma anônima; e (5) proteger e preser-
var seu patrimônio. (cf. Lexuniversal: Global Virtual 
Law Connection. Disponível em: http://lexuniver-
sal.com/pt/articles/1248, acesso em 30/04/2012).
 
 (*) Letícia Mary Fernandes do 
Amaral é advogada nacional e inter-
nacional, sócia da Amaral & Advogados 
Associados e vice-presidente do Insti-
tuto Brasileiro de Planejamento Tribu-
tário - IBPT
ARTIGO
TÉCNICO
IBPT - 7
REPORTAGEM
DE CAPA
IBPT - 8
No atual cenário tributário, no qual se desta-
ca a globalização da informação, por meio das 
novas tecnologias, torna-se necessário o desen-
volvimento de uma metodologia de trabalho 
mais eficaz, na qual o planejamento dos pro-
cedimentos tributários assume fundamental 
importância. E, diante do aprimoramento dos 
controles fiscais por meio digital, a Governan-
ça Tributária ganha ainda maior relevância, por 
trazer maior segurança para as organizações. 
Em contrapartida, a Inteligência Fiscal está 
sendo adotada como fator de segurança para 
os fiscos brasileiros, uma vez que se utiliza de 
métodos informatizados especializados com a 
finalidade de obter relatórios que visam anali-
sar, divulgar e preservar dados e conhecimen-
tos, que serão utilizados pelos fiscos estaduais, 
municipais e federais.
Competitividade
impulsionada pela
Inteligência Fiscal
A Governança Tributária é o
principal meio de segurança 
que traduz dados fornecidos 
pelos Fiscos em informações 
concretas e úteis para as
empresas
REPORTAGEM
DE CAPA
IBPT - 9
De certa forma, a Inteligência Fiscal serve igualmente como mé-
todo de combate à fraude fiscal. A Governança Tributária, em contra-
partida, serve como fator de proteção às empresas junto aos organis-
mos arrecadadores, fornecedores, clientes e aos próprios sócios ou 
acionistas.Atualmente a Inteligência Fiscal brasileira é considerada 
uma das mais sofisticadas do mundo, porque representa uma jun-
ção de ferramentas tecnológicas que possibilitam a análise da situa-
ção do contribuinte, bem como o cruzamento de seus dados fiscais, 
com a finalidade de identificar se este possui alguma pendência, ou 
se deixou de declarar ou está declarando informações conflitantes.
Já a Governança Tributária é o conjunto de instrumentos colo-
cados à disposição dos administradores para facilitar a gestão tribu-
tária e evitar custos representados pelo descumprimento da lei. A 
doutora em Direto Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de 
São Paulo – PUC/SP e sócia do Escritório Mariz de Oliveira e Siqueira 
Campos, Elidie Palma Bifano, relatou que “na atualidade muitos são 
os instrumentos disponíveis que podem ser adotados pelos contri-
buintes: (1) sistemas de acompanhamento de obrigações acessórias 
(calendários e agendas tributárias); (2) criação de manuais destina-
dos à consolidação de processos e procedimentos que permitem 
determinar falhas no cumprimento das obrigações acessórias; (3) 
preparação de grupos de trabalho voltados ao cumprimento de 
obrigações acessórias; (4) introdução de tecnologia no acompanha-
mento de obrigações acessórias; (5) segregação de tarefas entre o 
jurídico e o grupo de cumprimento de obrigações acessórias, e (6) 
interface necessária do grupo de obrigações acessórias com o jurídi-
co e a controladoria”. 
Inteligência Fiscal
Toda empresa tem uma Classificação Nacional de Atividades Eco-
nômicas - CNAE, no qual consta o enquadramento do ramo em que 
ela atua. Por meio da CNAE é possível, via sistemas de cruzamento 
de informações, arrecadação de tributos e notas fiscais eletrônicas 
emitidas, mensurar o mercado em que atua e verificar qual é o seu 
market share (posicionamento da empresa no mercado), monitorar 
concorrentes, identificar clientes e potenciais fornecedores através da 
informações fiscais. A empresa que já investiu fortemente para gerar 
informações ao Fisco pode transformá-las em informações decisivas 
e estratégicas para o seu crescimento. “A análise dos dados fiscais das 
empresas, principalmente daquelas que no passado sonegavam, difi-
cultando a mensuração de suas atividades, hoje, com a diminuição das 
sonegações, a partir do sistema de Inteligência Fiscal, têm informações 
mais seguras de mercado, podendo rapidamente estruturar seus ne-
gócios para ampliar sua participação ou corrigir falhas”, afirmou o pre-
sidente do Conselho Superior do Instituto Brasileiro de Planejamento 
Tributário – IBPT, o tributarista Gilberto Luiz do Amaral.
Concorrência empresarial
REPORTAGEM
DE CAPA
IBPT - 10
A partir do Sistema de Inteligência Fiscal, a competitivi-
dade das empresas passa a ser mais acirrada e transparente. 
“Se diminui a sonegação fiscal, diminui também a concor-
rência desleal proveniente da sonegação fiscal, em que os 
sistemas de gestão empresarial - calcados na racionalização 
de custos, na evidenciação de melhores práticas de gestão - 
ficam bem mais salientes. Se a carga tributária é distribuída 
entre os diversos concorrentes igualmente, o que vai dife-
renciar a atuação da empresa serão os custos mais racionais 
ou as melhores estratégias para avançar no mercado”, rela-
tou o tributarista Gilberto Luiz do Amaral.
De acordo com o tributarista, a Governança Tributária 
tem papel decisivo ao lado da inteligência empresarial. “En-
quanto o Fisco criou o Sistema de Inteligência Fiscal para 
melhor controlar e aumentar a arrecadação, a Governança 
Tributária propicia um sistema de inteligência empresarial, 
fazendo com que as empresas partam dessa informação fis-
cal e tomem decisões no sentido de ampliar os seus merca-
dos. A Governança Tributária é um sistema de inteligência 
empresarial”, insistiu.
Para garantir a competitividade empresarial, as empresas 
têm de adotar práticas de Governança Tributária, pois como 
o Fisco está cada vez mais atento com relação aos possíveis 
erros ou até mesmo à sonegação, as companhias que ado-
tam práticas de Governança Tributária devem minimizar ris-
cos, checar as informações e verificar sua veracidade. 
Quanto maior for a Governança Tributária, menores ris-
cos as empresas terão de serem autuadas pelo Fisco, evitan-
do multas e juros desnecessários. 
A governança corporativa envolve o conjunto de práti-
cas voltadas ao estrito cumprimento da lei pelas empresas e, 
segundo a especialista Elidie Palma Bifano, a Governança Tri-
butária é parte indispensável dessa governança corporativa, 
por que, uma vez que está voltada à observância das normas 
tributárias, pode evitar a exposição ao risco. “Um dos instru-
mentos de prática da Governança Tributária é a Inteligência 
Fiscal. A Governança Tributária permite que a sociedade se 
dedique ao seu objeto social, sem os riscos de paralisação de 
Competitividade Empresarial X Inteligência Fiscal
atividades ou de imposição de autos de infração que afetem 
o patrimônio da sociedade”, afirmou.
Para Edino Garcia, contador, bacharel em direito, especia-
lista em tributos, contribuições para o PIS/Cofins e legislação 
societária e coordenador editorial IOB Folhamatic, as peque-
nas e médias empresas – PME deveriam investir mais em Go-
vernança Tributária para evitar desconforto com o Fisco, seja 
em autuações e recolhimentos de tributos, obrigações aces-
sórias em atraso, seja em recolhimentos em duplicidade. O 
Fisco, por outro lado, também deveria aprimorar a Inteligên-
cia Fiscal em relação às PME, adverte o especialista. “O ponto 
de maior relevância é a questão da solidariedade fiscal, como 
exemplo, as retenções na fonte sobre rendimentos de presta-
ção de serviços sujeitas a esta modalidade”, citou Edino. 
“Todo negócio tem seus segredos, voltados ao gerencia-
mento de sua produção, sua forma de comercializar, logís-
tica, inovações, enfim, sua estrutura de negócio o que de-
nominamos de BI - Business Inteligence, cujo conhecimento 
nos permite pioneiramente aplicá-los e sermos, certamen-
te, mais competitivos em nossos negócios”, disse Roberto 
Cunha, sócio de impostos da área de impostos indiretos e 
aduaneiros da KPMG. 
Segundo Cunha, o conceito de Governança Tributária 
não se restringe apenas ao ambiente interno, mas também 
aos acontecimentos no ambiente externo de negócios - 
mercados, concorrentes e inclusive os governos municipais, 
estaduais e federal. 
“No ambiente de negócios estamos atentos ao que nos 
impulsiona na busca e lançamentos de novas técnicas ou 
modelos inovadores e promissores. Atualmente, com o Pro-
jeto SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) o Fisco, 
em todos os níveis de governo, pode conhecer os detalhes 
das operações empresariais, com quem transacionam e o 
que transacionam. A Inteligência Fiscal proporciona ao Fis-
co maior eficiência no processo de auditoria fiscal, com o 
conceito de matriz de risco, pois conhece previamente os 
contribuintes, seu setor de negócios e o seu nível de tributa-
ção”, relatou, o sócio da KPMG. 
REPORTAGEM
DE CAPA
IBPT - 11
O governo não age somente focando as fiscalizações da 
Inteligência Fiscal na punição e emissão de multas, mas tam-
bém na orientação do tema para com as empresas.
Segundo o secretário da Fazenda do Estado do Paraná, 
Luiz Carlos Hauly, “o Fisco do Paraná, sob nossa orientação, 
busca do rigor fiscal com base no esclarecimento e cons-
cientização, tanto que nosso programa nesses seis meses de 
2012 foi voltado aos alertas fiscais. São operações de esclare-
cimento e de interação entre o Fisco, a Procuradoria Geral do 
Estado, o contribuinte e o contabilista”, afirmou.
O secretário Hauly disse ainda que a Secretaria da Fazenda 
do Estado do Paraná estabeleceu três fases desse programa. 
A primeira foi a conscientização dos contribuintes. A segunda, 
a atualizaçãodo aparelho fisco-arrecadador do Estado, que 
passa a interagir com o programa de gestão participativa, de 
avaliação e desempenho com todos os trabalhadores do Fis-
co do Paraná. A terceira, ainda em fase de conclusão, é a mo-
dernização dos recursos técnicos, softwares, computadores, 
programa de fiscalização e equipamentos, os melhores que 
Em 2009, as Secretarias de Fazenda, Finanças, Receita ou 
Tributação dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso 
do Sul, Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São 
Paulo, celebraram o Protocolo ICMS Confaz 66, que dispõe so-
bre a instituição do Sistema de Inteligência Fiscal – SIF e inter-
câmbio de informações entre as unidades da Federação. O SIF 
surgiu para enriquecer ainda mais os poderes de investigação 
da Receita Federal do Brasil – RFB e dos órgãos fiscalizadores 
nas empresas.
Segundo o Protocolo, a Secretaria da Fazenda – Sefaz in-
tegra o SIF, que congrega as Unidades de Inteligência Fiscal – 
UnIF dos Estados. O SIF, por sua vez, é o conjunto harmônico e 
integrado baseado nesta mútua colaboração, orientado pela 
Doutrina de Inteligência Fiscal – DIF, que visa a cooperação 
Fiscalização e orientação
Protocolo ICMS
existem no mercado brasileiro e mundial. 
O Estado do Paraná trabalha a Inteligência Fiscal por ca-
deia produtiva e por segmento da empresa. “Fizemos atualmen-
te o levantamento do perfil das empresas, o seu movimento 
e a sua alíquota efetiva. Hoje temos condições de estabele-
cer parâmetros de fiscalização e um serviço de Inteligência: 
preparamos um grupo de auditores para trabalhar em uma 
estrutura de retaguarda usando os recursos da inteligência 
de fiscalização; restabelecemos os contatos e um convênio 
com a Secretaria da Receita Federal; a Secretaria da Fazenda 
do Paraná também participa da reestruturação do Grupo de 
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GA-
ECO, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública e 
Ministério Público no combate ao crime”, expôs Luiz Carlos 
Hauly, que complementou: “com todas essas ações já fize-
mos a remissão de 17 mil contribuintes de 35 mil débitos. 
Nós criamos um conjunto de ações que otimizam atividade 
econômica e empresarial no Estado, dando garantia política 
e jurídica aos contribuintes”.
técnica e o intercâmbio de informações, no interesse das ati-
vidades de Inteligência Fiscal.
Desde a criação do SIF, todos os protocolos posteriormen-
te emitidos pelo Conselho Nacional de Política Fazendária – 
CONFAZ e as discussões entre as UnIF, realizadas a cada três 
meses, vêm tendo uma crescente evolução. De acordo com o 
Secretário da Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, na última 
reunião foi discutido sobre a Nota Fiscal Eletrônica expandida 
e a sincronização dos dados que virão da Rede Nacional para 
a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e 
Negócios – Redesim, juntamente com a troca de informações 
provindas da Receita Federal do Brasil, fiscos estadual e muni-
cipal, que exercerá um controle cada vez maior da empresa, 
dos seus sócios e do seu patrimônio. 
ENTREVISTA
“A carga tributária, sem dúvida,
atrapalha a competitividade das 
empresas brasileiras”
Edemir Pinto, 57, é economista. Ingressou na 
Bolsa de Mercadorias & Futuros em 1986. Em 1987 
foi promovido a diretor da Clearing da BM&F, sendo 
responsável pelos departamentos de Administra-
ção de Risco, Liquidação, Cadastro, Garantias, Cus-
tódia e Controladoria. Nomeado Diretor Geral da 
Bolsa de Mercadorias & Futuros em abril de 1999 
tornou-se também diretor geral da Bolsa Brasileira 
de Mercadorias em outubro de 2002. Ocupou ain-
da a posição de membro nato do Conselho de Ad-
ministração da BM&F até 2007. Em 2008, a Assem-
bleia Geral Extraordinária dos Acionistas aprovou 
a integração das atividades da BM&F S.A. com as 
da BOVESPA Holding, criando a terceira maior bol-
sa do mundo em valor de mercado, denominada 
de BM&FBOVESPA S.A., sendo eleito e nomeado 
co-diretor presidente e Chief Financial Officer des-
sa nova companhia. Em sessão realizada em 20 de 
maio de 2008 foi eleito diretor.
Em entrevista o presidente da BM&FBOVESPA S.A, 
Edemir Pinto, destaca a Governança Tributária 
como um elemento fundamental para as boas 
práticas de gestão corporativa e sustentabilidade 
nas empresas a longo prazo e enfatiza a boa situa-
ção econômica do Brasil frente a diversidade que 
o restante do mundo enfrenta.
IBPT - 12
ENTREVISTA
Qual a sua opinião sobre a Gover-
nança Tributária?
A Governança Tributária é um ele-
mento fundamental para a construção 
das melhores práticas de governança 
corporativa e para a sustentabilidade das 
empresas no longo prazo. Ter o melhor 
controle dos procedimentos tributários 
é absolutamente necessário para uma 
companhia que deseja atuar com trans-
parência na divulgação de suas informa-
ções e busca o máximo de eficiência em 
seus resultados. Por isso, a Governança 
Tributária representa uma grande evolu-
ção na gestão das empresas. 
 
O senhor acredita que a Gover-
nança Tributária torna as empresas 
mais competitivas?
A adoção de princípios de Gover-
nança Tributária resulta no desenvolvi-
mento de processos e estruturas mais 
racionais para tratar das tarefas rela-
tivas aos tributos. Estas mudanças se 
refletem em maior eficiência e agilida-
de para a companhia como um todo, 
o que dá sustentação para ela ser mais 
competitiva e estar mais bem prepara-
da para acompanhar as transformações 
do mercado em que atua. Como está 
relacionada à transparência e à ética, a 
Governança Tributária faz parte de um 
conjunto de ações que agregam va-
lor para as empresas, facilitando o seu 
acesso a crédito e investimentos. 
Como as empresas de capital 
aberto, que atuam na Bovespa, es-
tão vendo a Governança Tributária?
Entre as empresas que estão lis-
tadas nos níveis diferenciados de go-
vernança corporativa (Nível 1, Nível 2 
e Novo Mercado), acreditamos que a 
tendência é de adesão à Governança 
Tributária, pois elas precisam ter infor-
mações claras e precisas para divulgar 
para o mercado e os investidores. Estas 
práticas precisam estar no radar dos 
gestores, que não devem se expor a 
riscos relacionados a tributos, pois po-
dem comprometer a credibilidade e os 
resultados da companhia, com a gera-
ção de multas vultosas.
 
Como o senhor analisa a ques-
tão: alta carga tributária x competi-
tividade?
A carga tributária, sem dúvida, atra-
palha a competitividade das empresas 
brasileiras. Tributos tão altos, que atin-
gem as empresas e os consumidores, 
impõem um limite de consumo, de 
crescimento para as empresas e desen-
volvimento para o nosso país. A mobi-
lização das empresas para a utilização 
de princípios de Governança Tributária 
pode ser uma luz no fim do túnel na 
busca de soluções para este problema. 
Esta mobilização traz uma conscienti-
zação maior sobre o tema, o que pode 
gerar, ao longo dos próximos anos, um 
movimento mais eficaz, por parte do 
setor empresarial, para que tenhamos 
mudanças na carga tributária positivas 
para toda a sociedade. 
 
Noticia-se que os países da Amé-
rica Latina são os melhores para in-
vestimentos atualmente. Como o 
senhor analisa esse cenário?
Os países da América Latina, de for-
ma geral, oferecem boas perspectivas 
de investimento, diante do potencial 
de crescimento que ainda apresentam 
em todos os setores. Temos algumas 
exceções, infelizmente, das quais as 
intervenções dos governos na atuação 
das companhias causam insegurança 
para os investidores. O principal foco 
de atração, com certeza, continuará 
sendo o Brasil, pois temos hoje uma 
economia mais sólida, regras claras, 
um mercado financeiro e de capitais 
bem estruturados e regulados (vistos 
como modelo para o mundo, após a 
IBPT - 13
“A carga tributária não incide
somente sobredeterminados setores, 
ela se reflete de forma negativa sobre 
todas as atividades produtivas no Brasil”
ENTREVISTA
“A Governança Tributária é um 
elemento fundamental para a 
construção das melhores práticas 
de governança corporativa e para 
a sustentabilidade das empresas
a longo prazo”.
no mercado global, por sua estrutu-
ra vertical, que contempla todos os 
serviços de negociação e pós-ne-
gociação – registro, compensação, 
liquidação, cálculo de risco das ope-
rações realizadas e custódia).
 
Diante do atual cenário econô-
mico nacional e mundial, como o 
senhor avalia as tendências para 
os próximos meses?
Apesar da crise vislumbramos o 
início de uma nova fase de crescimen-
to sólido e consistente do mercado de 
capitais e de sua participação no de-
senvolvimento econômico do país. O 
mercado de ações começa a ser reco-
nhecido pelos vários segmentos da so-
ciedade, e principalmente pelo gover-
no, como um importante instrumento 
de captação de recursos para financiar 
o crescimento das indústrias e empre-
sas de todos os setores e também para 
o desenvolvimento da infraestrutura no 
Brasil, gerando empregos e mais renda. 
Neste mesmo cenário, com a redução 
da taxa de juros, a tendência é termos 
um número cada vez maior de investi-
dores, pois o investimento em ações ga-
nha espaço como uma alternativa mais 
interessante de poupança e de forma-
ção de patrimônio no longo prazo.
crise de 2008) e um grande número de 
empresas com possibilidades concre-
tas de crescimento. 
 
Qual sua opinião a respeito das 
promessas de estímulos ao setor in-
dustrial, por meio de desonerações, 
aventadas pelo governo?
Estímulos pontuais não resolvem a 
questão essencial, que é a realização 
de uma reforma tributária mais ampla. 
A carga tributária não incide somen-
te sobre determinados setores, ela se 
reflete de forma negativa sobre todas 
as atividades produtivas no Brasil. Por 
isso, é justo que todas tenham o mes-
mo tratamento, o que trará benefícios 
para toda a sociedade e não somente 
para determinados grupos.
Com o agravamento da crise eco-
nômica internacional, como fica o 
Brasil?
Com o aprofundamento da crise, 
principalmente na Europa, o mundo não 
vai acabar. Os investidores têm que bus-
car um porto seguro para seus poucos 
ou muitos investimentos. Neste cenário, 
o Brasil é um destino que se apresenta 
com mais segurança e maiores possibili-
dades de retorno para estes recursos.
 O senhor anunciou recentemen-
te que a Bovespa está implementan-
do uma série de projetos. Quais são 
os principais?
Destacamos dois grandes proje-
tos que colocam a BM&FBOVESPA na 
vanguarda do mercado de Bolsas do 
mundo. Um deles é o PUMA, a nova 
plataforma unificada de negociação 
para todos os produtos que a Bolsa 
oferece ao mercado, que estamos 
construindo em parceria com a Bol-
sa de Chicago (CME). Os negócios 
com contratos futuros já estão sen-
do realizados nesta nova platafor-
ma. As próximas etapas envolvem 
a migração do mercado de ações 
e de renda fixa. Outro projeto de 
destaque é o de integração das ati-
vidadades de pós negociação, que 
contará com um sistema integrado 
de riscos, inédito no mundo, entre 
outros benefícios que trará para 
todo o mercado. Estes projetos am-
pliam os diferenciais competitivos 
da BM&FBOVESPA, que já se destaca 
IBPT - 14
Governança societária:
reduzindo a mortalidade
precoce das empresas
brasileiras
O termo “governança”, já há algum tempo 
em voga, nos remete a governo, no sentido 
de administração, controle, gestão, visando a 
realização dos objetivos e/ou finalidades de 
uma organização. O tão popularizado “com-
pliance” é uma das ferramentas que a gover-
nança possui para controlar sua sistemática 
de ações após definição da política adotada 
pelos gestores. Os ramos derivados da gover-
nança são variados e complexos tanto quan-
to as atividades empresariais.
Assim, o conceito de governança cor-
porativa é adotado pelas empresas interes-
sadas em ajustar regras de conduta entre 
os gestores, acionistas, colaboradores e, 
por reflexo, os consumidores, buscando 
integrar a visão da corporação com seu ob-
jeto, não somente imediato, preocupado 
com o lucro financeiro, mas também con-
textualizando sua imagem com sua finali-
dade social, esta última a longo prazo.
Da governança em sentido geral deri-
varam outros ramos como a governança 
empresarial, tributária, social, ambiental, 
esportiva, da gestão pública, familiar, entre 
outras, sempre utilizando os conceitos da 
governança aplicáveis à área.
A governança societária, no caso, dis-
põe das ferramentas necessárias ao con-
trole, a curto, médio e longo prazo, de 
medidas voltadas ao crescimento/desen-
volvimento de uma organização empresa-
rial. Procura identificar os vários elementos 
que interagem nos diversos tipos jurídicos, 
em especial a composição empresarial, seja 
ela constituída de elementos familiares en-
tre si, pessoas naturais sem nenhuma afini-
dade ou outras pessoas jurídicas.
Na maioria das vezes as empresas não 
nascem grandes. Têm sua constituição via 
de regra baseada na estrutura familiar, pes-
soal do patriarca/matriarca e advém de in-
teresses ainda incipientes de seus fundado-
res. Mesmo aquelas providas somente de 
pessoas jurídicas teremos em seu âmago o 
ser humano, individual ou coletivamente, 
tomando decisões. O lógico e o óbvio são 
muitas vezes esquecidos.
Dentro dessa premissa, os governos têm 
influenciado a legislação com a criação de 
novos tipos jurídicos, ora buscando simplifi-
car, ora intentando diminuir a informalidade 
no seio da economia brasileira, percebendo 
que o micros e pequenos empresários de 
hoje poderão ser os gigantes de amanhã.
Abramos um parêntese para afirmar 
que toda micro e pequena empresa é fa-
miliar por excelência, mesmo não havendo 
parentesco entre sócios. Os elementos fa-
miliares, neste caso, estão latentes dentro 
da hipótese da sucessão hereditária.
Fechemos o parêntese: com o advento 
da Lei Complementar nº 128/2008, vimos 
nascer o Micro Empreendedor Individual 
- MEI, espécie de empresário prevista no 
artigo 966 do Código Civil de 2002, limi-
tada basicamente ao faturamento anual 
de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) ou R$ 
5.000,00 (cinco mil reais)/mês.
Na mesma linha, com a edição da Lei 
Federal nº 12.441/2011, nasce a EIRELI – Em-
presa Individual por Responsabilidade Limi-
tada, tendo como requisito principal a inte-
gralização de capital mínimo de 100 salários 
mínimos, equivalentes a R$ 62.200,00 (ses-
senta e dois mil e duzentos reais), atualmen-
te, buscando atender uma antiga reivindica-
ção do empresariado que, para ter tutelada 
a proteção do patrimônio pessoal do risco 
empresarial, via-se obrigado a admitir um 
sócio, via de regra, alguém da família ou um 
amigo, seja como for, um estranho à socie-
dade, para cumprir a formalidade legal, já 
que na prática não exercia a função de sócio.
Levantamento recente do IBGE informa 
que das 464,7 mil empresas que entraram no 
mercado em 2007, 353,6 mil (76,1%) haviam 
sobrevivido em 2008 e, 285 mil (61,3%) até 
2009. Isso significa que, de cada 10 empresas 
criadas em 2007, cerca de duas deixaram o 
mercado no ano seguinte e cerca de quatro 
fecharam as portas após dois anos.
No Paraná tivemos, em 2011, 21.297 
inscrições de empresários individuais, 
representando 39% das aberturas de em-
presas no Estado. As Sociedades Empre-
sárias Ltda tiveram índice de 59% e as So-
ciedades Anônimas 2%. Os outros tipos 
jurídicos não chegaram a alcançar 1% do 
total das constituições.
Em contrapartida ocorreram 11.168 ex-
tinções de empresários individuais, 9.557 
de sociedades empresárias Ltda, 123 de 
sociedades anônimas, 35 de outras pesso-
as jurídicas, correspondendo respectiva-
mente a mortalidadede empresas abertas 
no mesmo ano a 51% de empresários in-
dividuais, 29% de sociedades empresárias 
Ltda, 12% de sociedades anônimas, e 8% 
de outros tipos empresariais no mesmo 
período. (fonte JUCEPAR abril/2012).
Esses dados demonstram que a gover-
nança societária/empresarial é ainda pouco 
difundida entre os empreendedores brasi-
leiros. A governança auxilia a planejar e mo-
nitorar a saúde das empresas, com a utiliza-
ção de instrumentos técnicos apropriados, 
implementando controle seguro, transpa-
rente e eficiente da gestão empresarial. 
(*) Armando Santos Lira é advogado 
nas áreas do direito empresarial e tributário, 
consultor empresarial, auditor e perito con-
tábil, contador conselheiro do CRC-PR, vo-
gal da Junta Comercial do Paraná, advogado 
associado da Amaral & Advogados Associa-
dos, de Curitiba, e membro do IBPT – Institu-
to Brasileiro de Planejamento Tributário.
Armando Santos Lira (*) 
IBPT - 15
ARTIGO
TÉCNICO
A partir da vigência das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 as 
empresas passaram a ter a possibilidade de apurar as contri-
buições de PIS e Cofins por meio do regime da não cumula-
tividade. Desta forma podem descontar da base de cálculo 
dessas contribuições créditos que estejam, de acordo com a 
legislação, ligados a bens e serviços que tenham sido utiliza-
dos como insumo na prestação de serviços ou na produção 
de bens ou produtos destinados à venda.
É importante ressaltar que as mencionadas leis não apre-
sentaram um conceito de “insumo” e também não o vincula-
ram ao conceito de insumo aplicado ao IPI. No entanto, com o 
intuito de limitar o aproveitamento de crédito, a Receita Fede-
ral editou Instruções Normativas, equiparando o conceito de 
insumo do IPI para as contribuições do PIS e da Cofins.
Ao criar a sistemática de não cumulatividade para o PIS e 
para a Cofins, a intenção era de se ter uma tributação mais jus-
ta, evitando-se, assim, os efeitos negativos do regime cumula-
tivo. No entanto, não foi isso que ocorreu, ou seja, entre 2003 e 
2010 a arrecadação do PIS cresceu 134% e, no mesmo período, 
o crescimento da arrecadação da Cofins foi de 135% em valores 
nominais. Ocorre que neste período o PIB cresceu 116%. Desta 
forma, a arrecadação dessas contribuições vêm crescendo bem 
mais que o crescimento da economia.
As Instruções Normativas nº 247/02 e nº 404/04, da Re-
ceita Federal definiram o conceito de insumo para fins de 
apuração do PIS e da Cofins. Dispõem as mencionadas Ins-
truções Normativas, o seguinte:
“Para os efeitos da alínea ‘b’ do inciso I do caput, 
entende-se como insumos:
I – utilizados na fabricação ou produção de bens 
destinados à venda:
a) as matérias primas, os produtos intermediá-
rios, o material de embalagem e quaisquer outros 
bens que sofram alterações, tais como o desgaste, 
o dano ou a perda de propriedades físicas ou quí-
micas, em função da ação diretamente exercida 
sobre o produto em fabricação, desde que não 
estejam incluídos no ativo imobilizado;
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domi-
ciliada no País, aplicados ou consumidos na pro-
dução ou fabricação do produto;
II – utilizados na prestação de serviços:
a) os bens aplicados ou consumidos na prestação 
de serviços, desde que não estejam incluídos no 
ativo imobilizado; e
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domi-
ciliada no País, aplicados ou consumidos na pres-
tação do serviço”.
Assim, face a ausência de um conceito de insumo nas Leis 
nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, a Receita Federal editou as 
Instruções Normativa nº 247/2002 e nº 404/2004 com o ob-
jetivo de estabelecer um conceito. Sendo adotado como con-
ceito de insumo o mesmo critério aplicável ao IPI.
Nesse sentido são várias as Soluções de Consultas, que 
dizem o seguinte:
“O termo insumo não pode ser interpretado como 
A evolução do
conceito de insumo 
para fins de PIS e
COFINS não
cumulativos
ARTIGO
TÉCNICO
Fernando Steinbruch (*) 
IBPT - 16
todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa 
necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão 
somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídi-
ca, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos 
diretamente na prestação do serviço da atividade-fim 
ou na fabricação de bens destinados à venda”.
No entanto, o critério que deveria se mostrar mais ade-
quado com a noção de receita é o adotado pela legislação 
do Imposto de Renda, em que os custos e as despesas ne-
cessárias para a realização das atividades operacionais da 
empresa podem ser deduzidos, conforme os art. 290 e 299 
do Regulamento do Imposto de Renda.
Com base nesse critério devem ser considerados insu-
mos os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos 
produtivos, proporcionam a existência do produto ou servi-
ço, o seu funcionamento, manutenção ou aprimoramento.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF 
reconhece a validade do conceito de insumo oferecido pela 
legislação do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ, 
conforme a seguinte decisão:
Voto do Relator no Acórdão 3202-00.226 da 2ª Turma Or-
dinária da 2ª Câmara da Terceira Seção do Conselho Admi-
nistrativo de Recursos Fiscais - CARF - DOU Maio/2011.
“REGIME NÃO CUMULATIVO- INSUMOS. MATERIAIS 
PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito 
de insumo dentro da sistemática de apuração de 
créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins 
deve ser entendido como todo e qualquer custo 
ou despesa necessária à atividade da empresa, nos 
termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utili-
zado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma 
que a materialidade de tal tributo é distinta da ma-
terialidade das contribuições em apreço.”
É de se concluir, portanto, que o termo ‘insumo’ uti-
lizado para o cálculo do PIS e Cofins não cumulati-
vo deve necessariamente compreender os custos e 
despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma 
definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99, e não se 
limitar apenas ao conceito trazido pelas Instruções 
Normativas nº 247/02 e 404/04 (embasadas exclu-
sivamente na inaplicável legislação do IPI).”
A decisão supramencionada foi de maio de 2011 e, em 
novembro do mesmo ano o CARF alterou o entendimento, 
como segue:
“A Câmara Superior da 3ª Seção do Conselho Ad-
ministrativo de Recursos Fiscais - CARF decidiu que 
os insumos passíveis de crédito de PIS e Cofins são 
produtos e serviços inerentes à produção, mesmo 
que não sejam consumidos durante o processo 
produtivo. O conceito de ‘insumo’ para esses tri-
butos, segundo os conselheiros, não é tão amplo 
como o da legislação do Imposto de Renda nem 
tão restrito como o do Imposto sobre Produtos In-
dustrializados - IPI”.
A decisão do TRF da 4ª Região ampliou a possibilidade 
de creditamento sobre serviços de empresa, quando ao 
analisar o processo de um contribuinte, o Tribunal conce-
deu o direito de gerar créditos de PIS e Cofins no regime não 
cumulativo, sobre serviços de logística de armazenagem, ex-
pedição de produtos e controle de estoques. 
Após analisar o recurso, o relator do processo, Joel Ilan 
Paciornik, votou no sentido de reformar a sentença. Segun-
do ele devem ser considerados insumos todos os gastos 
com a criação do produto ou serviço incluindo seu funcio-
namento, manutenção e aprimoramento.
“O insumo pode integrar as etapas que resultam no pro-
duto ou serviço ou até mesmo as posteriores, desde que seja 
imprescindível para o funcionamento do fator de produção”, 
escreveu Paciornik em seu voto. “A autora arca com despe-
sas com serviços de armazenagem, expedição de produtos 
e controle de estoques, contratados da empresa Irapuru 
Transportes, que se enquadram no conceito de insumos. Es-
tes procedimentos são necessários e indispensáveis para o 
funcionamento da fábrica”, concluiu.
O Superior Tribunal de Justiça - STJ afasta tanto a aplica-
ção da legislaçãodo IPI quanto a do IRPJ, adotando uma ter-
ceira via, segundo a qual o critério a ser seguido para fins de 
créditos deva ser o da “essencialidade”. O caso analisa a pos-
sibilidade ou não de aproveitamento de créditos com mate-
riais de limpeza por uma empresa produtora de alimentos. 
Esses materiais não integram o tal.
É bem provável que o CARF adote, também, o critério da 
essencialidade para a definição do conceito de insumo, tra-
zendo desta forma, um pouco mais de justiça fiscal e segu-
rança jurídica na órbita da Governança Tributária.
(*) Fernando Steinbruch é diretor do Instituto Brasileiro 
de Planejamento Tributário – IBPT.
ARTIGO
TÉCNICO
IBPT - 17
REPORTAGEM
A Contabilidade a
favor da empresa
No atual cenário da economia mun-
dial, a Governança Tributária tornou-se 
imprescindível para as empresas, en-
tidades e organizações em geral, uma 
vez que a sua utilização proporciona 
políticas que geram bons resultados e 
maior controle dos impostos. 
O conceito de Governança Tributá-
ria representa uma série de métodos 
personalizados de gestão empresarial, 
desenvolvidos com vistas à coordena-
ção, controle e revisão dos procedi-
mentos tributários, para reduzir riscos 
fiscais e aumentar a transparência das 
demonstrações financeiras, deixando-as 
verídicas e confiáveis. Bem executada, 
a Governança Tributária permite às 
empresas maior segurança nos aspec-
tos de gestão, criando um controle fis-
cal de grande efetividade. 
Defensor dessa prática e um dos 
maiores especialistas brasileiros no 
tema, o presidente do Instituto Brasi-
leiro de Planejamento Tributário – IBPT, 
João Eloi Olenike esclarece o assunto 
de forma ampla, orientando sobre a 
aplicação da Governança Tributária 
nas empresas.
IBPT - 18
Governança Tributária e Controladoria 
são essenciais para evitar aumento
de tributos
REPORTAGEM
Qual a essência da Governança Tributária?
A Governança Tributária é a realização de um conjunto de 
procedimentos de gestão empresarial calcado na experiência e 
competência profissional, discutido e validado por meio de aná-
lises personalizadas de cada empresa ou entidade, com vistas à 
coordenação, controle e revisão dos procedimentos tributários.
 
Qual a melhor maneira de uma empresa gerenciar 
seus tributos?
Existem alguns procedimentos que devem ser tomados. 
Primeiramente é preciso ter uma boa compreensão, pelo me-
nos de uma perspectiva financeira e negocial, dos maiores ris-
cos tributários que podem surgir das operações negociais em 
andamento. Outra medida é elaborar perguntas ou estabelecer 
métodos formais para identificar riscos tributários materiais em 
seu negócio para que os procedimentos internos da empresa 
sigam todas as obrigações tributárias. É fundamental ter co-
nhecimento de todas as implicações tributárias das transações, 
estruturas de negócios e estratégias empresariais, além de ter 
uma noção geral da carga tributária de sua empresa. Ficar cien-
te sobre o aumento ou diminuição dessa carga, bem como se 
há algum risco da empresa estar na mira do Fisco por conta de 
IBPT - 19
 “A Governança Tributária, quando bem executada, permite que as empresas tenham 
maior segurança em sua gestão, criando um controle fiscal de grande efetividade, através 
de realizações de planejamentos nas operações desenvolvidas pela empresa, minimizan-
do a carga tributária, que se constitui no maior custo em qualquer empreendimento.” 
João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT.
uma queda significante dos tributos pagos. É necessário estar 
ciente do relacionamento que sua empresa tem com as auto-
ridades fiscais, o nível de fiscalização de seus negócios, bem 
como a posição adotada pelo seu departamento fiscal, jurídico 
e advogados e consultores externos em relação a planejamen-
to tributário e cumprimento de obrigações tributárias.
Como a Governança Tributária pode ajudar a reduzir 
os custos das empresas?
Por meio da constante realização de planejamentos nas 
operações a serem desenvolvidas pela empresa, sempre 
com o intuito de minimizar a carga tributária, que constitui 
o maior custo em qualquer empreendimento.
Embora o Brasil esteja em processo de convergências às IFRS, o que impacta a contabilidade 
das empresas são os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC, órgão 
que traduz e regulamenta para o pleno exercício no País. Enquanto as IFRS não são transformadas 
em pronunciamentos acatados no Brasil, não geram nenhuma implicação. Existem diversas IFRS 
aprovadas em Londres que não foram transformadas em normas compulsórias.
Com a adoção do Brasil às IFRS, a contabilidade, que antes era baseada em regras pelo Fisco, 
passou a ser vista como “princípio”. Agora o Balanço de uma empresa é denominado por três fatos 
exatos: ele possui a data, o Saldo de Caixa e a quantidade de ações em circulação no período de vencimento do Balanço. O restante é subjetivo. 
Não há mais uma regra rígida de depreciação.
A contabilidade do CPC deixou de ser do contador e passou a ser da empresa. Por conta disso, o contador precisa se envolver em outros 
departamentos para capturar as principais variáveis financeiras e preparar as demonstrações contábeis.
Luiz Nelson Guedes de Carvalho, professor de Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo e coordenador de Relações Internacionais do 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC.
REPORTAGEM
 Neste cenário competitivo, no 
qual as empresas buscam seus luga-
res de destaque, como a Governança 
Tributária pode auxiliar? 
O meio é a obtenção da maximi-
zação de resultados positivos para as 
empresas. Isso torna um diferencial em 
relação à concorrência, agregando va-
lor à marca e à empresa como um todo 
perante o mercado.
 
Como pode se feito o controle 
fiscal por meio da Governança Tribu-
tária?
A Governança Tributária bem exe-
cutada permite às empresas uma se-
gurança maior sobre seus aspectos 
de gestão, criando um controle fiscal 
de grande efetividade. Isso acontece 
por que uma de suas características é 
contar com um departamento, seja ele 
interno ou externo, responsável por 
monitorar sobre qualquer alteração 
legislativa ou regulamentar as que vão 
gerar impactos tributários para a em-
presa. Além disso, o controle de todos 
os procedimentos tributários impede 
qualquer risco fiscal.
 
Qual a relação da Governança 
Tributária com as Normas Interna-
A contabilidade de uma forma geral é extremamente necessária para o planejamento 
tributário, pois ela é indispensável para analisar e reduzir de custos e em consequência, es-
sencial na competitividade e sobrevivência da empresa. As International Financial Reporting 
Standards – IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade) garante uma contabilidade mais 
transparente e, sendo melhor utilizada na gestão tributária, pode contribuir para uma me-
lhor administração. 
Com a mudança a partir da convergência, as informações contidas nas demonstrações 
contábeis poderão ser divulgadas ou publicadas em qualquer país do mundo, sem precisar 
de nenhum custo de transformação. Isso trouxe uma economia muito grande paras as em-
presas brasileiras. 
Jadson Ricarte, conselheiro da Câmara Técnica, do Conselho Federal de Contabilidade – CFC.
cionais de Contabilidade?
A Governança Tributária, com o au-
xílio da Controladoria da empresa, deve 
ser exercida com a finalidade de não per-
mitir, por meio da utilização das deter-
minações legais, que as alterações socie-
tárias promovidas pela Lei nº 11.638/07 
acarretem à empresa qualquer espécie 
de aumento da sua carga tributária.
 
Como as empresas devem en-
carar essa mudança de filosofia na 
elaboração e divulgação das suas in-
formações financeiras e tributárias?
Elas devem estar constantemente 
bem informadas com relação às mudan-
çase cumprir rigorosamente as disposi-
ções das novas normas, com relação à di-
vulgação dos seus resultados, já que isso 
deve lhe trazer uma maior transparência 
e exposição no mercado em que atua.
 
Seguindo os princípios da Go-
vernança Tributária, o que pode ser 
feito para evitar eventuais erros nas 
demonstrações contábeis?
Dentro da Governança Tributária 
há a necessidade da efetivação de uma 
bem executada “due diliigence” que, 
entre outros procedimentos pode en-
volver a identificação e avaliação dos 
riscos fiscais; a análise das contingên-
cias fiscais, administrativas e judiciais; 
a análise de créditos fiscais; a análise 
quanto ao cumprimento das obriga-
ções acessórias; o exame da regulari-
dade fiscal das empresas no âmbito fe-
deral, estadual e municipal, e a análise 
de Procedimentos Administrativos Fis-
cais, tais como: respostas às consultas 
fiscais envolvendo a empresa, em ma-
téria tributária, verificação do Termo de 
início e encerramento de fiscalização 
tributária
 
Com as IFRS e as preparações das 
informações contábeis cresce a ne-
cessidade de administrar diferentes 
áreas dentro de uma empresa, au-
mentando a participação de admi-
nistradores, economistas, advoga-
dos, entre outros profissionais. Por 
que isso é necessário?
Com a adoção dos padrões interna-
cionais de contabilidade criou-se a ne-
cessidade dos profissionais envolvidos 
nas mais diversas áreas estejam concate-
nados na mesma forma de agir e que to-
dos detenham o conhecimento suficien-
te sobre a importância da nova forma de 
exposição do desempenho da empresa 
e de sua situação patrimonial.
IBPT - 20
IBPT - 21
Amaro Luiz de Oliveira Gomes é a 
voz do Brasil no International Accounting 
Standards Board – IASB (Comitê Interna-
cional de Contabilidade) desde junho de 
2009, desempenhando um papel decisi-
vo na adoção das International Financial 
Reporting Standards – IFRS (Normas Inter-
nacionais de Contabilidade) no País. 
Como chefe do departamento de 
Sistema Financeiro do Banco Central 
do Brasil, Amaro Gomes supervisionou 
a introdução das IFRS para instituições 
financeiras regulamentadas. Ele tam-
bém foi membro de dois órgãos que 
desempenham o papel de liderança na 
introdução das IFRS no Brasil, o Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis – CPC 
e o Comitê Gestor da Convergência no 
Brasil, criados pelo Conselho Federal 
de Contabilidade – CFC.
Em entrevista, Amaro Gomes fala 
da missão do IASB e do processo de 
convergência do Brasil às Normas In-
ternacionais de Contabilidade. 
 
Qual a missão do IASB?
“O Brasil é
uma economia
importante no
contexto
internacional”
O IASB é composto atualmente por 
15 integrantes que trabalham para de-
senvolver as IFRS, um conjunto de nor-
mas contábeis de alta qualidade, com-
preensíveis, exequíveis e globalmente 
aceitas. O Comitê Internacional realiza 
um trabalho de cooperação com as 
partes interessadas em todo o mundo, 
incluindo investidores, normatizado-
res contábeis, reguladores, auditores, 
acadêmicos e demais pessoas que têm 
interesse no desenvolvimento de pa-
drões de qualidade globais. 
 
O IASB leva em consideração a 
opinião do público para a determi-
nação dessas normas contábeis?
Todas as reuniões que definem essas 
normas são abertas ao público e podem 
ser acompanhadas via webcast – trans-
missão de áudio e vídeo com tecnolo-
gia streaming media, utilizada por meio 
da internet ou redes corporativas. Os 
comentários públicos são importantes 
componentes para o desenvolvimento 
dessas normas, sempre observando o 
processo completo, aberto e transpa-
rente de consulta.
 
O senhor defende princípios con-
tábeis gerais em todo o mundo?
Sim. A integração das economias 
e o fluxo de recursos entre jurisdições 
é um dos principais incentivos para a 
adoção das normas internacionais de 
informação financeira. Melhorar a qua-
lidade e a transparência da informação 
é elemento essencial para atrair inves-
tidores. Com maior confiança, o prêmio 
de risco para investimentos nos países 
que adotam as IFRS será menor, redu-
zindo o custo de capital e viabilizando 
investimentos a longo prazo, inclusive 
mediante a perenidade no fluxo de re-
cursos.
 
Como está o processo de adoção 
das normas contábeis no mundo?
Temos conhecimento de que mais 
de 120 países já adotaram ou toma-
ram a decisão de adotar as IFRS. Todas 
as grandes economias estabeleceram 
ENTREVISTA
planejamento para convergir com as 
normas internacionais ou se adaptar 
no futuro próximo. Além disso, os es-
forços de convergência também são 
apoiados pelos líderes do G20 – grupo 
formado pelos ministros de finanças 
e chefes dos bancos centrais das 19 
maiores economias do mundo. Tam-
bém a União Europeia, durante reu-
nião ocorrida em setembro de 2009, 
em Pittsburgh, EUA, reconheceu a im-
portância da adoção das normas con-
tábeis internacionais e recomendou 
ao IASB que redobrasse esforços para 
alcançar esse objetivo o mais breve 
possível, ressaltando especificamente 
a conclusão do processo de conver-
gência com o Financial Accounting 
Standards Board – FASB (Comitê Ame-
ricano de Normas Contábeis).
 
Qual sua análise sobre o trabalho 
do CPC no processo de convergência 
das IFRS?
O CPC é a peça fundamental no 
compromisso de todos os segmen-
tos interessados no aprimoramento 
do arcabouço contábil do País. Sua 
eficiência em produzir todos os pro-
nunciamentos necessários à elabo-
ração de demonstrações contábeis 
em 2010 de acordo com as IFRS é um 
caso particular de dedicação e com-
petência, conduzido por profissio-
nais comprometidos com a missão 
de incorporar as IFRS, que trabalham 
intensamente, sem remuneração e 
de maneira incansável. 
 
Podemos dizer que o Brasil supe-
rou a fase de convergência?
O primeiro estágio no processo 
de adoção das IFRS foi concluído com 
sucesso. Agora estamos na fase de 
consolidação, com o CPC incorporan-
do os aprimoramentos recentemente 
aprovados pelo IASB, a exemplo dos 
relativos instrumentos financeiros, e 
dos reguladores e supervisores que 
referendam os pronunciamentos cor-
respondentes. Minha expectativa é de 
que esse trabalho concentre os esfor-
ços a médio prazo do CPC. 
Como o senhor observa a posição 
do Brasil frente à harmonização das 
Normas Internacionais de Contabili-
dade?
O Brasil é uma economia impor-
tante no contexto internacional e a 
adoção das IFRS é um passo relevan-
te no aprimoramento do ambiente 
de negócios do País. A convergência 
brasileira é considerada um caso de 
sucesso, e mencionada com frequên-
cia como exemplo a ser observado. 
O Brasil se destaca por vários aspec-
tos, principalmente quanto ao com-
prometimento do governo federal, 
empresários, contadores, auditores, 
academia, analistas, bolsa de valores, 
companhias abertas, reguladores e 
supervisores. Não tenho conheci-
mento de qualquer outro país que 
tenha realizado tanto, em tão pouco 
tempo. Agora precisamos continuar 
nos dedicando à disseminação das 
IFRS e dar atenção especial à capaci-
tação e desenvolvimento.
“A convergência 
brasileira é 
considerada um 
caso de sucesso. 
e mencionada 
com frequência 
como exemplo”
ENTREVISTA
ARTIGO
TÉCNICO
Governança
Jurídico-Sucessória
Cristiano Lisboa Yazbek (*) 
É inegável a importância do papel desempenhado pelas 
empresas familiares na economia. Nos Estados Unidos, as 
empresas familiares são responsáveis por empregar mais de 
60% da população, além de contribuir com 64% do PIB.
Tal importância foi objeto de análise e pesquisa pela re-
vista americana Business Family no ano de 2011, apontando 
que as famílias estão muito envolvidas com o dia a dia dos 
negócios: 94% dessas empresas familiares são lideradas por 
alguém da família. A pesquisa ouviu,no período de Julho 
a Agosto de 2011, 431 empresas, que juntas, movimentam 
mais de 30 bilhões de dólares por ano.
No Brasil, a realidade não é diferente sobre a importância 
das empresas familiares. Grande parte dos negócios no Bra-
sil começa em família. Entre os negócios de pequeno porte, 
as famílias empreendedoras representam 85% das empre-
sas, segundo dados do Sebrae. Um estudo da consultoria 
McKinsey indica que as empresas familiares podem ter ren-
tabilidade 3% maior do que a média.
Um importante fator na caracterização de uma empresa 
como familiar reside no fato de ser hereditária a sucessão 
do poder de gestão e de decisão do empreendimento for-
mado por uma ou mais famílias, o que pode facilitar a conti-
nuidade das regras e diretrizes corporativas, a manutenção 
salutar de relações comerciais, o cumprimento da política de 
relacionamento entre empresa e seus colaboradores, dentre 
outros aspectos.
Por outro lado, mesmo quando a formação empresarial 
dos sócios é consistente podem ocorrer situações que afe-
IBPT - 28
ARTIGO
TÉCNICO
tem negativamente a sobrevivência do negócio em casos de 
sucessão de familiares, dando margem à aplicação do dita-
do popular “pai rico, filho nobre e neto pobre”.
Historicamente, uma empresa familiar surge e cresce 
a partir de uma iniciativa visionária de algum membro da 
família que, identificando oportunidades de mercado, de 
forma ágil e eficiente inicia o empreendimento geralmente 
com elevada concentração do poder de gestão e de decisão. 
Porém, infortúnios acontecem e, não raro, a estrutura 
de uma empresa familiar pode ser afetada por conta de um 
processo de separação judicial do seu fundador; um divórcio 
de familiar diretamente envolvido na administração da em-
presa; um inventário do fundador e demais sócios quotistas/
acionistas; um rompimento de relação estável de determi-
nado membro da família, fatos estes que podem influenciar 
de maneira vital a preservação e continuidade da gestão da 
empresa familiar, fazendo surgir assim o campo para o pla-
nejamento prévio com vistas à criação de adequadas estru-
turas de governança jurídico-sucessória.
Ademais, uma separação ou divórcio do sócio fundador, 
bem como sua morte ou afastamento, por exemplo, decor-
rente de uma interdição por incapacidade civil, certamente 
trará consequências jurídicas motivadoras de um compro-
metimento da estrutura de controle e gestão empresarial e, 
subsequentemente, o andamento regular dos negócios e a 
sua continuidade.
Outrossim, estudos apontam que as causas da mortali-
dade de empresas familiares são diversas, mas, em síntese, 
dizem respeito à falta de planejamento e de governança nos 
três círculos que influenciam essas empresas, oriundos do 
famoso modelo dos três círculos desenvolvido em Harvard: 
gestão, família e propriedade.
Em termos de estruturas e instrumentos de governança 
jurídico-sucessória para empresas familiares, deve-se ter em 
mente os três aspectos acima destacados, que envolvem e 
influenciam essas empresas e que, portanto, devem ser sub-
metidos às regras de Direito Societário e Direito de Família e 
Sucessões e às estruturas de governança para que possam 
ser bem administrados. 
A implementação da Governança Jurídico-Sucessória na 
empresa familiar acontece, fundamentalmente, nas áreas 
do Direito expostas anteriormente. Conforme visto na ex-
posição sobre governança societária, no que diz respeito 
ao Direito Societário, os principais instrumentos de gover-
nança estão fulcrados na adequada formação de contratos 
e estatutos sociais de holdings e de acordos de quotistas ou 
acionistas, dentre outras ferramentas.
Já em relação ao direito de família e sucessões, os princi-
pais instrumentos de Governança Jurídico-Sucessória estão 
consubstanciados na elaboração de pactos antenupciais, 
contratos de convivência, testamentos e as doações, com 
cláusulas de reversão ou gravados com cláusula de inco-
municabilidade, impenhorabilidade, inalienabilidade ou 
usufruto, que, quando bem elaborados, evitam e afastam o 
surgimento de fatos potencialmente explosivos que possam 
afetar a gestão de uma empresa familiar.
Fatos potencialmente explosivos podem e devem ser 
evitados com um adequado planejamento prévio na suces-
são familiar por intermédio de ferramentas de Governança 
Jurídico-Sucessória, pois, o efetivo interesse na perpetuação 
da empresa familiar reside na necessária manutenção da 
fonte geradora de riqueza e do capital já formado.
Referências:
BERNHOEFT, Renato. Empresa familiar: sucessão pro-
fissionalizada ou sobrevivência comprometida. 2ª Ed. 
São Paulo: Nobel, 1989.
DIREITO, GESTÃO E PRÁTICA: empresas familiares: 
governança corporativa, familiar e jurídica. Coordenado-
ra Roberta Nioac Prado – São Paulo: Saraiva, 2011.
GERSICK, Kelin; DAVIS, John; HAMPTON, M.; LANSBERG, I. 
De geração a geração: ciclos da vida das empresas fami-
liares. São Paulo: Negócios, 1997.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA 
– IBGC. Código de melhores práticas de governança cor-
porativa. 4ª edição, 2009. Disponível em www.ibgc.org.br. 
Código Civil, artigos 997 e seguintes para sociedades 
personificadas; artigos 1052 e seguintes para sociedades li-
mitadas e na Lei 6404/76, no que tanges às S/A´s. 
IBCG. In SILVEIRA, Alexandre Di Miceli (Coord.). Gover-
nança corporativa em empresas de controle familiar: 
casos de destaque no Brasil. São Paulo: Saint Paul Editora, 
2006. p. 23
(*) Cristiano Lisboa Yazbek é advogado tributarista, 
com especialização em Legislação e Planejamento Tribu-
tário pela Universidade Positivo, mestrando em Direito 
Econômico e Socioambiental pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná - PUC-PR, sócio da Amaral & Advoga-
dos Associados, de Curitiba, autor de estudos e pareceres 
jurídico-tributários e diretor do Instituto Brasileiro de Pla-
nejamento Tributário – IBPT.
· Moralidade e Ética nos Negócios;
· Legalidade;
· Compliance;
· Preservar a reputação da empresa e de seus administradores, e
· Lucratividade (“commerciality”).
REPORTAGEM
O conceito de Governança Tributária se iniciou logo 
após os escândalos com as então chamadas gigantes amer-
icanas, entre outubro de 2001 e março de 2002. Tais eventos 
envolveram os departamentos fiscais e os auditores inde-
pendentes daquelas empresas. Foi o ponto de partida para 
que o mundo voltasse seus olhos aos seus investimentos e 
que desenvolvessem práticas de governança corporativa, 
baseadas na transparência e segurança das informações for-
necidas aos acionistas e na gestão eficaz e ética da empresa.
Em uma ótica bem simples, a Governança Tributária de-
nota a prevenção, ou seja, é o conjunto de soluções estra-
tégicas de gestão empresarial que tem por finalidade criar 
uma personalidade tributária para cada empresa, de forma 
a torná-la mais ágil, controlada e devidamente transparente, 
minimizando riscos fiscais, ampliando sua eficácia e, por 
consequência, otimizando sua lucratividade.
Governança Tributária
nas Empresas - Soluções 
estratégicas que evitam apuros 
com a fiscalização
Empresas renomadas contam suas experiências
quanto à aplicação desta prática
Princípios da Governança Tributária
REPORTAGEM
Em um momento em que a carga tributária influencia o 
desempenho das empresas, e das diversas atividades em-
presariais, a importância de uma gestão tributária para uma 
empresa, representa atualmente a diferença entre o lucro e 
o prejuízo, pois por melhor administrada que seja a ativida-
de de uma companhia, o resultado pode ser todo perdido 
com uma má administração tributária.
“A Gestão Tributária na Autoglass é feita mediante planejamentos, simulações, 
debates e sugestões da aplicação da carga tributária, procurando dentro dos aspec-
tos legais a maneira mais eficiente de aproveitamento dos créditos fiscais e melho-
res procedimentosoperacionais e comerciais para termos o menor impacto tribu-
tário na empresa”, afirmou Kleber Carreira, diretor da empresa.
Como resultado da aplicação da gestão tributária foram extintos os desperdí-
cios de impostos com eliminações de bitributações e consequente melhor apro-
veitamento dos tributos pagos pela empresa, com cada soma em dinheiro pago 
em impostos refletindo em correspondente valor de faturamento. 
Para Carreira, diminuir os riscos de uma empresa é fazer com que a discussão 
tributária seja um assunto permanente na companhia, pois as “leis mudam fre-
quentemente e procedimentos fiscais, antes feitos em um mês, podem ser equi-
vocados no mês seguinte”, completou.
A gestão estratégica de tributos é uma forma de se bus-
car um diferencial competitivo e a melhoria dos resultados 
da empresa, por meio da otimização dos custos tributários 
que recaem sobre as suas atividades.
Empresas de destaque no cenário nacional e internacional, 
exemplos de uma eficaz aplicação da gestão tributária de 
sucesso, relatam suas experiências:
A fim de colocar todos esses princípios que regem a boa 
Governança Tributária em prática são propostas algumas políti-
cas que poderão ser adotadas pelas empresas, de acordo com 
suas especificidades e objetivos:
· Cumprimento das obrigações tributárias;
· Conduta de planejamento tributário;
· Conduta de gerenciamento de riscos tributários (organizar formal e materialmente 
· as atividades negociais de modo a fazer incidir a menor carga tributária legalmente 
· e eticamente possível);
· Relacionamento com as autoridades fiscais;
· Relacionamento com o governo (políticos, ministros e conselheiros políticos externos);
· Relacionamento com sócios, acionistas, imprensa e lobistas;
· Relacionamento da empresa com seu grupo, e
· Participação em fóruns de discussão e debates acerca de questões tributárias.
Governança Tributária na Prática
REPORTAGEM
Na Intelbras, a Governança Tributá-
ria funciona com a atuação sistêmica 
dos departamentos de Controladoria e 
Jurídico que buscam por meio de trei-
namentos, reuniões e orientações evi-
denciar o papel de cada departamento 
quanto à gestão tributária, tornando-os 
mais capacitados para detectarem opor-
tunidades tributárias, bem como, a apli-
cação de procedimentos, que buscam a 
redução da carga tributária e dos riscos 
fiscais, sempre atuando dentro da lega-
lidade e da ética. “Além disso instituímos 
internamente um Comitê de Gestão Tri-
butária, que atua especificamente para 
definir estratégias de interligação e en-
volvimento dos departamentos quanto 
ao tema e na redução da carga tributária 
e dos riscos fiscais”, afirmou Adriano Di-
giacomo, gerente jurídico.
“A governança é um processo que 
está sempre sendo aperfeiçoado em 
função das diversas alterações que 
acontecem na legislação tributária. 
Outros pontos importantes, que pre-
cisam ser aperfeiçoados para garantir 
mais segurança para a empresa, são os 
mecanismos de apuração dos tributos 
e maior segurança nas diversas obriga-
ções acessórias que são criadas pelo 
fisco”, explicou Fernando Sagaz, geren-
te de Controladoria.
Com a aplicação da Governança Tri-
butária, a Intelbras obteve uma redução 
da carga tributária por meio do compar-
tilhamento das informações tributárias 
e das orientações para as áreas estraté-
gicas, bem como alcançou um controle 
maior das obrigações principais e aces-
sórias e minimização dos riscos de con-
tingências tributárias por meio de audi-
torias documental e digital.
A Governança Tributária constitui 
uma ferramenta de gestão e, portanto, 
é indispensável à consolidação e cer-
teza da real carga tributária incidente 
sobre as operações da empresa. 
O processo da Eletrobras rumo à 
Governança Tributária teve início com a 
estruturação da superintendência de Pla-
nejamento e Gestão Tributária que, vin-
culada à diretoria econômico-financeira, 
está atuando com uma gerência de Pla-
nejamento Tributário e uma gerência 
de Gestão Tributária. De outra ponta, e 
vinculada à presidência da empresa, a 
consultoria jurídica atua enfrentando os 
processos judiciais correspondentes.
“Esta estrutura nos apresenta in-
dispensável quando entendemos que 
a Governança Tributária constitui um 
todo, enxergando e abraçando a Gestão 
Tributária, bem como o Planejamento 
Tributário que se acha dividido em Pla-
nejamento Tributário Administrativo e 
Planejamento Tributário Judicial”, disse 
Eunilton de Oliveira Rios, advogado e su-
perintendente de Planejamento e Ges-
tão Tributária da Eletrobras Eletronorte.
Segundo Eunilton, é impossível fazer 
um planejamento tributário sem conhe-
cer os negócios mercantis da empresa. 
“Assim, o planejamento tributário admi-
nistrativo tem como foco as operações de 
compra e venda de bens e serviços, que 
nos permite verificar se a carga tributária 
ali incidente está em conformidade com 
a legislação aplicável”, esclareceu dizendo 
ainda que foi verificado também “as opor-
tunidades concedidas pela União, Esta-
dos, Municípios e o Distrito Federal, no 
tocante a benefícios/incentivos fiscais di-
retamente vinculados a essas operações, 
e à execução de projetos considerados 
prioritários para o desenvolvimento em 
regiões de atuação da empresa”.
Os resultados alcançados da Eletrobras 
Eletronorte dizem respeito à redução 
da carga tributária, proveniente da Ges-
tão Tributária responsável e que, obe-
decendo aos ditames da lei, identificou 
benefícios/incentivos fiscais, aproveita-
mento de créditos e recolhimento inde-
vido de tributos.
REPORTAGEM
A gestão tributária na Tractebel fazia 
parte das atribuições do departamento 
de Contabilidade. Como a empresa foi 
privatizada em 1998 e passou a integrar 
um grupo franco-belga, que adota as 
práticas contábeis do International Ac-
counting Standards Board – IASB. Desde 
2004, a Tractebel já reportava suas de-
monstrações financeiras também em 
IRFS, para consolidação no exterior.
“Esses fatos fizeram com que as de-
mandas de natureza contábil aumen-
tassem substancialmente e, ao mesmo 
tempo, as questões tributárias torna-
vam-se cada vez mais complexas para 
a eficácia do gerenciamento dos negó-
cios da empresa”, comentou Waltamir 
Barreiros, gerente do departamento de 
Governança Tributária da empresa. 
Neste contexto, o diretor presiden-
te da empresa criou uma Unidade de 
Negócios com foco exclusivo na ges-
tão tributária, na qual a contabilidade 
concentra suas energias. Foi assim que 
em 2004 foi criado o departamento de 
Governança Tributária e, desde então, a 
gestão tributária vem agregando mais 
valor aos negócios da Tractabel.
As ações dos gestores de todos os 
níveis são norteadas por um Código de 
Ética e um Manual de Gestão, gerando 
um ambiente propício para que fos-
sem adotadas políticas específicas de 
Governança Tributária, tais como: ges-
tão de riscos tributários, pelo Comitê 
de Gerenciamento de Riscos; planeja-
mento tributário responsável, discu-
tido no âmbito do Comitê Tributário; 
atendimento às autoridades fiscais, 
centralizada no departamento de Go-
vernança Tributária, entre outras.
“Contamos com uma equipe de 
doze colaboradores especialistas em 
gestão tributária e outros cinco que se 
dedicam à análise e processamento de 
todos os documentos fiscais de aquisi-
ções ocorridas na sede da empresa e 
nas usinas em construção”, contou Wal-
tamir Barreiros.
O departamento é subordinado ao 
diretor Financeiro e de Relações com 
os Investidores, que tem também sob 
sua responsabilidade a coordenação 
do Comitê Tributário, formado pelos 
gerentes de Assuntos Jurídicos, Pla-
nejamento e Controle Financeiro, Fi-
nanças e de Governança Tributária. Faz 
parte também do Comitê uma empre-
sa de Consultoria Tributária. O Comitê 
se reúne ordinariamente no final de 
cada trimestre e extraordinariamente,

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