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TCC CONDUÇÃO COERCITIVA

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUSTAVO MARCONDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUÇÃO COERCITIVA, INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DA AUTORIDADE 
 
JUDICIÁRIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Videira 
 
2015 
 
GUSTAVO MARCONDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUÇÃO COERCITIVA, INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DA AUTORIDADE 
 
JUDICIÁRIA. 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao Curso de Direito da 
Universidade do Oeste de Santa Catarina 
– UNOESC – Campus de Videira, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Ms. Ricardo Emilio Zart 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Videira 
 
2015 
2 
 
GUSTAVO MARCONDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUÇÃO COERCITIVA, INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DA AUTORIDADE 
 
JUDICIÁRIA. 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao Curso de Direito da 
Universidade do Oeste de Santa Catarina 
– UNOESC – Campus de Videira, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
 
 
Aprovada em: __________ com a nota _______. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________ 
 
Prof. 
 
Universidade do Oeste de Santa Catarina 
 
 
________________________ 
 
Prof. 
 
Universidade do Oeste de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha família que 
foram os alicerces do meu aprendizado e 
me ensinaram tudo que sei sobre 
respeito, humildade, coragem, dedicação 
e força, e de tal forma me lapidando aos 
poucos para me tornar o homem que sou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"A vida é como jogar uma bola na parede: 
 
Se for jogada uma bola azul, ela voltará 
azul; 
Se for jogada uma bola verde, ela voltará 
verde; 
Se a bola for jogada fraca, ela voltará 
fraca; 
Se a bola for jogada com força, ela 
voltará com força. 
Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" 
de forma que você não esteja pronto a 
recebê-la. "A vida não dá nem empresta; 
não se comove nem se apieda. Tudo 
quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo 
que nós lhe oferecemos" (Albert Einstein) 
 
RESUMO 
 
 
 
O presente trabalho de conclusão de curso tem como teve como base debater sobre 
a condução coercitiva ordenada pelo delegado de policia, e de tal forma se este é 
considerando diante dos entendimentos atuais, uma autoridade judiciária. Sendo 
assim é discutido o quê é o inquérito policial e qual sua função nos futuros processos 
judiciais, e em seguimento quem é a autoridade judiciária e qual suas funções?. 
Sendo assim ficando demonstrado que perante a Constituição Federal o delegado 
de policia que está na ativa é sim uma autoridade judiciária e de tal forma está apto 
a exercer a função de ordenar a condução de acusados e testemunhas. O objetivo 
do trabalho foi o de demonstrar se realmente o delegado de policia devidamente 
habilitado para o cargo teria poderes para ordenar essa condução, e sendo assim foi 
utilizado de todos os meios doutrinários, leis e jurisprudências possíveis para 
elucidar tal questão e demonstrar a realidade dos fatos, levando o leitor a entender o 
resultado final do supra. Ao fim fica notável a constitucionalidade e obrigação da 
ordem ser emanada por delegado de policia, vez pelo qual a corrente de 
entendimentos é mais forte ao se dizer que esse tem total capacidade para conduzir 
sozinho inquérito policial, e de tal forma utilizar de todos os meios cabíveis para 
finaliza-lo. Sendo que ficou claro que a policia civil é a policia judiciária, 
transformando assim o delegado em uma das autoridades judiciárias e sendo assim 
sendo constitucionalmente apto para ordenar tal procedimento na sociedade atual. 
Ficou claro também que a condução coercitiva não é somente um mero 
procedimento que não faria mal ao inquérito mais sim é parte fundamental para que 
as pessoas compareçam para serem interrogadas e que tal procedimento torna tudo 
mais ágil desde o interrogatório até a abertura de um futuro possível processo 
judicial. 
 
 
Palavras Chave: Condução Coercitiva. Autoridade Judiciária. Delegado de Policia. 
Constituição Federal. 
 
RESUMEN 
 
 
 
 
 
Esta monografía está basado en el debate sobre la conducción policial ordenado por 
delegado coercitivo y si esto está considerando los entendimientos actuales, una 
autoridad judicial. Por lo que se discute es la investigación policial y que su papel en 
futuras demandas y sobre quién es la autoridad judicial y que sus funciones. 
Obteniendo así demostrado antes de la Constitución Federal, el jefe de policía que 
está en servicio activo es una autoridad judicial y de tal manera es capaz de realizar 
la función de ordenar la conducta de los acusados y testigos. . El objetivo de este 
trabajo fue demostrar si la policía adjunto calificado para la posición tendría poderes 
para ordenar esta unidad y así fue utilizado todos los medios posibles juicios, leyes y 
doctrinario para dilucidar dicha cuestión y demostrar la realidad de los hechos, 
llevando al lector a comprender el resultado final de la anterior. El final es notable la 
constitucionalidad y la obligación de la orden de ser emitido por policía adjunto, 
tiempo en el cual los entendimientos actuales es más difícil decir que eso tiene plena 
capacidad para llevar a cabo sola investigación policial, y tal uso de todos los medios 
apropiados que termina. Ya que estaba claro que la guardia civil es la policía judicial, 
convirtiendo así el delegado en una de las autoridades judiciales y así poder 
constitucional ordenar tal procedimiento en la sociedad actual. Fue claro también 
que la conducción coercitiva no es un mero trámite que no afectarían a la 
investigación, pero es una parte fundamental para que las personas parecen ser 
interrogado y tal procedimiento resulta más sensible desde el interrogatorio hasta la 
apertura de un proceso judicial futuro posible. 
 
 
Palabras clave: Conducción coercitiva. Autoridad judicial. Adjunto de policía. La 
Constitución Federal. 
8 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 9 
 
2 CONDUÇÃO COERCITIVA, INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DA 
 
AUTORIDADE JUDICIÁRIA................................................................................................................. 11 
 
2.1 CONDUÇÃO COERCITIVA E A AUTORIDADE JUDICIÁRIA ................................... 11 
 
2.1.1 Condução Coercitiva ................................................................................................................. 11 
 
2.1.1.1 Breve História Sobre a Condução Coercitiva ............................................................... 15 
 
2.1.2 Inquérito Policial........................................................................................................................... 16 
 
2.1.2.1 Características do Inquérito ................................................................................................... 17 
 
2.1.2.2 O direito de não produzir prova contra si mesmo ou principio do “nemotenetur 
 
se detegere” ..................................................................................................................................................19 
 
2.1.3 A Autoridade Judiciária ........................................................................................................... 23 
 
2.2 A CONDUÇÃO COERCITIVA E O DELEGADO DE POLÍCIA ................................ .. 27 
 
2.2.1 Mandado de Condução por Ordem do Delegado ..................................................... 27 
 
2.2.2 Agilidade do Inquérito Policial e dos Meios de Prova ........................................... 31 
 
2.2.2.1 O Inquérito Policial e o Ministério Público ...................................................................... 32 
 
2.2.3 “Outros” Tipos de Conduzidos ........................................................................................... 38 
 
2.3 CONSTITUCIONALIDADE DO MANDADO DE CONDUÇÃO COERCITIVA POR 
 
MEIO DO DELEGADO DE POLÍCIA ............................................................................................... 39 
 
2.3.1 Apontamentos ao Direito do Conduzido ....................................................................... 43 
 
2.3.2 Conceitos Finais da Condução ........................................................................................... 47 
 
3 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 50 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 52 
9 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Neste trabalho será tratado sobre a condução coercitiva no devido processo, 
aprimorando-se principalmente na constitucionalidade da autoridade competente 
para ordenar tal procedimento. Sendo assim tentar elucidar ao fim deste material 
alimentar a mente do leitor para que ele descida por si se é favoravel ou não ao fato 
do delegado de policia poder ordenar por sua conta a condução de testemunhas ou 
partes para melhor resolução o inquérito policial. 
Seguindo o raciocinio deve-se entender que tanto a constituição federal como no 
código de processo penal, tratam da policia civil como “policia judiciária” e que esta 
deve ser dirigida por um delegado de carreira, que será o maior encarregado dentro 
da seguinte instituição. 
Sendo assim quando se lê sobre a condução coercitiva diz-se que a mesma 
deve ser ordenada pela autoridade judiciária. E nesse caso o delegado é um 
autoridade ou não ? 
 
Sabe-se que a divergências entre doutrinas e jurisprudências, aonde esta 
expresso em certos locais que somente o juiz tem poder para expedir mandado de 
condução coercitiva, e esse é o ponto principal do tema. 
 
O trabalho tem intenção de provar que a corrente é forte ao falar-se do delegado 
como uma autoridade judiciária também, e que esta teria total poder para ordenar a 
condução sem precisar pedir autorização expressa para o juiz competente. Afinal o 
delegado é devidamente credenciado para tomar tal decisão e para saber qual o 
melhor procedimento a ser tomado no inquérito policial. 
 
Ao fim destes escritos tem-se intenção de forçar/ajudar o leitor a tomar suas 
próprias conclusões sobre a constitucionalidade deste ato, e decidir se isso é certo 
ou não, pois o inquérito policial pode ser mais agil e os processos juiciais mais 
celeres, mas também será que o delegado está preparado para decidir se alguem 
deve ser conduzido ou não? E se não está ferindo nenhum direito do conduzido?; 
 
O objetivo principal é que fique claro se o procedimento está sendo certo ou não 
e no que isto pode beneficiar a população em geral assim como ajudar a serem 
pensandos em formas de melhorar os procedimentos no ordenamento juridico 
brasileiro. 
10 
 
 
 
Também estudar quem são as autoridades judiciária, e a constitucionalidade e 
legalidade para o delegado de polícia ordenar o mandado de condução coercitiva a 
luz do ordenamento jurídico vigente e por fim Identificar os poderes e deveres da 
autoridade policial judiciária, entendendo a real função da condução coercitiva, e se 
ela realmente fere algum principio da dignidade humana. 
 
Demonstrar a constitucionalidade do poder do delegado expedir os mandados 
de condução coercitiva, sendo ele uma autoridade judiciária. 
A metodologia utilizada neste trabalho foi a partir do método dedutivo e de uma 
ampla revisão bibliográfica que incluiu legislações, doutrinas, assim como 
jurisprudência e artigos científicos, em todos os meios possíveis a fim de elucidar as 
duvidas que surgirem durante a leitura. 
No trabalho esta elencado o entendimento doque é a condução coervitiva e qual 
sua finalidade no inquérito policial, e explicando quando este procedimento deve ser 
utilizado e por quem. 
 
Depois de entender-se oque é a condução demonstra-se quem são os sujeitos 
ativos que tem ou deveriam ter poderes para dar a ordem/autorização para que um 
acusado ou uma testemunha sejam conduzidos pela policia. 
 
Após deve-se levar em consideração os beneficios e maleficios que traz a 
condução coercitiva dentro do inquéito policial, e se realmente esse procedimento 
autorizado pelo delegado tornará o inquérito mais rapido e mais eficiente. 
 
Por fim trata-se da constitucionalidade do delegado de policia ter poderes para 
autorizar a condução coercitiva, e pra qual lado a corrente doutrinaria está indo, e se 
realmente ela está certa 
 
Sendo assim ficando claro para o leitor entender a necessidade desta discussão 
e as vantagens no ordenamento juridico após a concretização da tese supra citada, 
e demonstrando que a questão apresentada trata mais sobre a ermeneutica da lei 
doque qualquer outro assunto em questão. 
11 
 
 
 
2 CONDUÇÃO COERCITIVA, INQUÉRITO POLICIAL E O PODER DA 
 
AUTORIDADE JUDICIÁRIA 
 
 
 
2.1 CONDUÇÃO COERCITIVA E A AUTORIDADE JUDICIÁRIA 
 
 
 
2.1.1 Condução Coercitiva 
 
 
 
 
Quando fala-se da condução coercitiva e da autoridade judiciária deve-se primeiro 
saber sobre o que se esta debatendo, e qual sua realidade, sendo assim cita-se 
Hildeberto Carneiro da Cruz que fala que o instituto da condução coercitiva é aquele 
pelo qual o acusado e ou a testemunha que não atenderem a intimação da 
autoridade e não tiverem uma justificativa razoável, poderão incorrer no crime de 
desobediência conforme art. 330 do Código de Processo Penal Brasileiro, (BRASIL, 
1941)e de tal modo aquele que não comparecer e não justificar poderá ser 
conduzido coercitivamente à presença do delegado. 
 
 
Ainda fala que alguns doutrinadores são de opinião que a condução coercitiva só 
deva ocorrer quando a pessoa após duas vezes intimada regularmente e não 
comparecer, sem justificativa. (CRUZ, 2014, p.1) 
 
 
Falando sobre a condução coercitiva José Carrazzoni Jr. (2012): 
 
 
A condução coercitiva é o meio pelo qual determinada pessoa é 
levada à presença, via de regra, de autoridade policial ou judiciária. 
Antecede a apresentação e/ou realização do ato formal, para o qual o 
conduzido esteja sendo aguardado. Trata-se de comando impositivo, 
independe da voluntariedade da pessoa, admite-se o uso da força e 
algemas nos limites da Súmula Vinculante nº 11 do STF [1]. É dizer 
que, havendo resistência, se trata do arrebatamento, a pessoa é 
movida à vista da agente público, é assim, na prisão em flagrante, 
pois o flagrado é apresentado à autoridade policial pelo condutor (art. 
304, CPP), da mesma forma que o acusado preso precisa ser 
conduzido ao julgamento (art. 457, § 2º, CPP). 
 
 
Cita ainda: 
12 
 
 
 
 
No que tange à condução coercitiva no curso do inquérito policial, o 
Código de Processo Penal determina que se observe, na fase 
administrativa, no que forem cabíveis, as regras do procedimentojudicial, entendimento corroborado pela jurisprudência 
contemporânea e pela doutrina, permitindo a autoridade policial 
proceder à condução dos suspeitos e testemunhas para que prestem 
os esclarecimentos pertinentes. ‘Insta esclarecer que o intimado a 
comparecer à Delegacia para o interrogatório ou outra diligência, se 
desatender ao chamado, sem justificação, poderá ser conduzido 
coercitivamente, à dicção do art. 260 do CPP. É verdade não ser ele 
obrigado a fazer prova contra si próprio, mas é verdade também não 
poder furtar-se à qualificação. Assim, intimado pela autoridade, não 
comparecendo injustificadamente, sua condução coercitiva reveste-
se de legalidade. (CARRAZZONI JUNIOR, 2012, p.1) 
 
 
A condução coercitiva esta exposta no ordenamento jurídico nos artigos 201, §1º, 
260 e no artigo 280 do CPP, conforme exposto abaixo: 
 
 
Art. 201.Sempre que possível, o ofendido será qualificado e 
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou 
presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se 
por termo as suas declarações. 
 
§ 1º - Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo 
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. 
(BRASIL, 1941) 
 
 
Conforme o artigo 260 diz sobre condução do acusado a autoridade: 
 
 
 
 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser 
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. 
(BRASIL, 1941). 
 
 
 
E ainda cita a condução de testemunha a qual tem expressamente a competência do 
juiz, diferentemente dos outros dois: 
 
 
Art. 218.Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de 
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à 
13 
 
 
 
autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida 
por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública. 
(BRASIL, 1941). 
 
 
Ainda ocorre bastante preconceito com a condução coercitiva por pessoas 
acreditarem nela como uma forma de prisão, desta forma fala Aldo Ribeiro de Britto 
(2012): 
 
[...]Cumpre ainda consignar que o art. 278 do CPP, faculta também a 
determinação da condução coercitiva do perito que, sem justa causa, 
deixar de acudir à intimação ou ao chamado da ‘autoridade’ (art. 278 
c/c art. 277, Parágrafo único do CPP). 
 
Possivelmente, a forma desorientadora como a matéria se encontra 
regulamentada pelo referido diploma legal acabou por desencorajar o 
estudo da determinação de condução coercitiva pela autoridade 
policial no curso do inquérito em que pese esta ter sido plenamente 
recepcionada pelo artigo 5º LXI da Constituição Federal, uma vez 
que nem toda privação de liberdade é prisão, que importa 
necessariamente em encarceramento. Já a condução coercitiva, por 
si só, jamais importará no cárcere do indivíduo.[...] (BRITTO, 2012, 
p.1) 
 
 
Cita ainda ele sobre a condução sendo feita pelo delegado de policia, quando fala da 
seguinte forma: 
 
 
[...]Uma vez recepcionada determinação a condução coercitiva pela 
autoridade policial quando confrontada com a constituição em vigor, 
cumpre observar que a palavra ‘autoridade’ se encontra 
sistematizada no Código de Processo Penal de forma que, quando 
se pretendeu individualizar a autoridade policial ou judiciária, utilizou-
se não do gênero autoridade, mas sim de designações específicas 
como autoridade policial, autoridade judiciária, ou Juiz. 
 
Desta forma, quando o Código de Processo Penal, ao regulamentar a 
condução coercitiva, se valeu da expressão autoridade, este, em 
regra, pretendeu autorizar sua determinação tanto pela autoridade 
policial quanto pela judicial, ressalvando-se apenas o art. 260 do 
CPP.[...] (BRITTO, 2012, p.1) (grifo no original) 
 
 
E diz: 
14 
 
 
 
[...]Desta forma, a autoridade policial, ao determinar a condução 
coercitiva do indiciado, deve agir com prudência, avaliando a medida 
à luz do postulado da proporcionalidade, já que o conduzido só está 
obrigado a cooperar quando a intimação objetivar o seu 
reconhecimento pessoal (art. 6º, VI do CPP), ou caso se necessite 
identificá-lo e qualificá-lo, no caso de dúvida quanto a sua 
identidade.[...](BRITTO, 2012,p.1) 
 
De tal forma cita Fernando da Costa Tourinho Filho (2009, p. 200): ‘é o conjunto de 
diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal 
e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo). 
 
 
E fala Eudes Quintino de Oliveira Júnior, promotor de justiça aposentado/SP, mestre 
em direito público, pós-doutorado em ciências da saúde, reitor da Unorp: 
 
 
 
Assim, não há nenhum óbice legal para a decretação da condução 
forçada do investigado. O que se repudia é valer-se da medida para 
a imposição do interrogatório, com o consequente relato do fato 
perquirido. Se for para o indiciado fornecer dados a respeito de sua 
qualificação, justificável a conduta. O que não se aceita é a invasão 
ao privilegeagainst self-incrimination
1
, assim rotulado no Direito 
inglês. (DE OLIVEIRA JUNIOR, 2012, p.1).(grifo no original) 
 
Tratando-se por fim ainda da condução coercitiva cita Queijo: 
 
 
Não se pode desconsiderar que a condução coercitiva exerce certa 
compulsão sobre o acusado para que participe ativamente no 
interrogatório, respondendo às indagações formuladas. É ínsita à 
condução coercitiva a expectativa de que ele responda às perguntas 
que lhe serão dirigidas no interrogatório. (QUEIJO, 2003, p. 238) 
 
 
Fica demonstrado por Queijo, que a condução tem apenas critérios específicos de 
expectativa de que sejam respondidas algumas perguntas, que muitas vezes são 
essenciais para o andamento do inquérito policial. 
 
 
 
 
 
 
 
1
privilégio contra auto-incirminação 
15 
 
 
 
2.1.1.1 Breve História Sobre a Condução Coercitiva 
 
 
Como trata-se de um assunto tão interessante como a condução e direitos de uma 
pessoa, é necessário também se fazer um breve estudo sobre sua origem, e sendo 
assim fala Patricia Rosana Magalhães Fernandes Tarcha: 
 
Nas Ordenações Filipinas, que vigeram em nosso país, por mais de 
dois séculos, quanto a parte criminal, e cuja vigência apenas se 
encerrou com o advento do Código Criminal do Império, em 1830, 
determinavam que os oficiais de justiça poderiam conduzir 
testemunhas e réus recalcitrantes ‘debaixo de vara’, isto é, à força. 
 
[...]No direito português, a vara representava a autoridade dos juízes. 
Era, portanto, a insígnia dos juízes ordinários e dos juízes de fora. 
 
 
Assim, preceituava as Ordenações Filipinas: 
‘E os juízes ordinários trarão varas vermelhas e os juízes de fora 
brancas continuadamente, quando pella Villa andarem, sob pena de 
quinhentos réis, por cada vez, que sem ela forem achados’ 
(Ordenações Filipinas, Liv. 1, Título LXV). 
 
O Código de Processo Criminal do Império, promulgado em 29 de 
novembro de 1832, assim disciplinava a matéria: 
 
‘Art. 95. As testemunhas, que não comparecerem sem motivo 
justificado, tendo sido citadas, serão conduzidas debaixo de vara, e 
sofrerão a pena de desobediencia.’ 
 
A palavra ‘vara’ deixou de referir-se a uma ferramenta de condução 
coercitiva dos desobedientes intimados à presença dos juízes no 
século XX. Nesta seara se a palavra vara desapareceu como meio 
de condução coercitiva, o certo é que adquiriu outro significado. 
Então, passou a designar o local de exercício da função da 
magistratura, figurando como sinônimo de juízo. 
 
De outro giro, não se pode olvidar que oinstituto da condução 
debaixo de vara continuou a existir no Código de Processo Penal de 
1941, mantendo na essência, sua finalidade, porém, suavizada com 
terminologias mais adequadas às demandas constitucionais.[...] 
(TARCHA, 2014, p.1) 
 
 
Também fala sobre o assunto o professor Vladimir Aras que diz que deve-se 
entender que este termo só passou a ser usado “atualmente” sendo que antes o 
16 
 
 
 
instituto da condução era conhecido como “sobre vara”. Nome utilizado pelo motivo 
de os juízes anteriores ao século XX utilizarem-se de varas e cores para se 
identificar. (ARAS, 2013.p.1), e cita ainda o artigo 95 do CPP: 
 
 
Art. 95. As testemunhas, que não comparecerem sem motivo 
justificado, tendo Processo Penal do Império de 1832 dizia: sido 
citadas, serão conduzidas debaixo de vara, e sofrerão a pena de 
desobediência.(BRASIL, 1941) 
 
 
 
2.1.2 Inquérito Policial 
 
 
Conforme consta nas exposições de motivos do CPP, mais especificadamente a 
conservação do inquérito policial, menciona que: 
 
 
O Inquérito Policial foi mantido como processo preliminar ou 
preparatório da ação penal, guardadas as suas características atuais. 
O ponderado exame da realidade brasileira, que não é apenas a dos 
centros urbanos, senão também a dos remotos distritos das 
comarcas do interior, desaconselha o repúdio do sistema vigente. 
[...] 
 
Preliminarmente, a sua adoção entre nós na atualidade, seria 
incompatível com o critério de unidade de tal lei processual. Mesmo, 
porém, abstraída essa consideração, há em favor do inquérito 
policial, como instrução provisória antecedendo a propositura da 
ação penal, um argumento dificilmente contestável: é ele uma 
garantia contra apressados e errôneos juízos, formados quando 
ainda persiste a trepidação moral causada pelo crime ou antes que 
seja possível uma exata visão de conjunto dos fatos, nas suas 
circunstancias objetivas e subjetivas. Por mais perspicaz e 
circunspeta, a autoridade que dirige a investigação inicial, quando 
ainda perdura o alarma provocado pelo crime, está sujeita a 
equívocos ou falsos juízos a priori, ou a sugestões tendenciosas. Não 
raro, e preciso voltar atrás, refazer tudo, para que a investigação se 
oriente no rumo certo, até então despercebido. Por que, então, abolir-
se o inquérito preliminar ou instrução provisória, expondo-se a justiça 
criminal aos azares do detetivismo, às marchas e contra-marchas de 
uma instrução imediata e única? Pode ser mais expedito o sistema 
de unidade de instrução, mas o nosso sistema tradicional, com o 
inquérito preparatório, assegura uma justiça menos aleatória, mais 
prudente e serena. (BRASIL, 1941) (grifo no original) 
17 
 
 
 
 
Para Fernando Capez o inquérito policial é: 
 
 
O conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a 
apuração de uma infração penal e de sua autoria, a fim de que o 
titular da ação penal possa ingressar em juízo (CPP, art. 4º). Trata-se 
de procedimento persecutório de caráter administrativo instaurado 
pela autoridade policial. (CAPEZ, 2011, p. 109). 
 
 
No mesmo sentido, Guilherme de Souza Nucci conceitua inquérito policial da 
seguinte forma: 
 
 
Trata-se de procedimento preparatório da ação penal, de caráter 
administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita 
preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e 
sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do 
representante do Ministério Público, mas também a colheita de 
provas urgentes, que podem desaparecer após o cometimento do 
crime, bem como a composição das indispensáveis provas pré-
constituídas que servem de base à vítima, em determinados casos, 
para a propositura da ação privada. (NUCCI, 2011b, p.74) 
 
 
O doutrinador Tourinho Filho (2011, p. 111) defende que a finalidade do inquérito 
policial é de reunir o máximo de provas possíveis que sirvam para o esclarecimento 
do fato e suas circunstâncias para elucidar a autoria do crime e que para isso deverá 
a autoridade de polícia judiciária, entre outras ações, ouvir o ofendido, o investigado, 
testemunhas e determinar perícias, se necessárias, tais procedimentos encontra-se 
elencados nos parágrafos do artigo 6º do Código de Processo Penal. Possui 
também, a finalidade de reunir elementos suficientes para subsidiar a propositura da 
Ação Penal, para isto, utiliza-se dos elementos investigatórios e probatórios, 
servindo de base para o Ministério Público (no caso de ação penal pública) ou o 
ofendido (no caso de ação penal privada) oferecer a denúncia. 
 
 
2.1.2.1 Características do Inquérito 
 
Quando se fala do Inquérito Policial, deve-se observar certas características deste, e 
ninguém melhor para falar sobre tal assunto como Rogério Greco, o qual fala: 
18 
 
 
 
Embora possam ser arroladas outras características, as principais, 
segundo a nossa concepção, são o caráter inquisitorial, bem como a 
necessidade de sigilo que devem envolver as investigações 
realizadas através do inquérito policial. 
Podemos afirmar que o inquérito policial é de natureza inquisitória, 
uma vez que nele, como regra, a autoridade que preside as 
investigações leva a efeito a busca das provas que entender como 
necessárias, sem que esteja obrigada a permitir que o indiciado as 
contradiga, ou seja. o indiciado não terá o direito contestar naquela 
oportunidade, as provas que estão sendo trazidas parto bojo do 
inquérito policial. 
 
Como afirma Tourinho Filho, o inquérito é inquisitivo, ‘pois nele não 
existe a figura do contraditório, e a autoridade dirige as investigações 
como bem quiser, isto é, sem um procedimento prévio a ser 
obedecido. Basta frisar, por exemplo, que a Autoridade Policial pode 
ouvir vinte testemunhas ou apenas duas, tudo dependendo do caso 
concreto. O indiciado – pretenso autor do fato típico - não é um 
sujeito de direitos perante a Autoridade Policial, mas, sim, objeto de 
investigação, apenas devendo ser respeitada sua integridade física e 
moral, e tanto isso é exato que pode sugerir a realização desta ou 
daquela diligência, que fica ao prudente arbítrio da Autoridade 
Policial 
 
Como dito o inquérito é uma atribuição do delegado de policia, sendo dever e 
escolha deste decidir quem e quantos deveram ser ouvidos para dar proceguimento 
ao inquérito policial. E continua. 
 
 
Ao contrário do que ocorre tom a ação penal que, via de regra, 
possui uma natureza pública, permitindo que qualquer pessoa possa 
tomar conhecimento do seu conteúdo (depoimentos, provas periciais, 
interrogatório do acusado etc), o inquérito policial deve ser sigiloso, 
uma vez que a autoridade policial ainda está levando a efeito as 
diligências necessárias à elucidação dos fatos. 
 
Nesse sentido, determina o art. 20 do Código de Processo Penal 
que: 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir 
que dele tome conhecimento o advogado do indiciado. 
 
Como dito o inquérito deve ser sigiloso até que pelo menos o delegado termine as 
diligências necessárias. Prossegue: 
19 
 
 
 
O art. 16 do Código de Processo Penal Militar, embora mantenha o 
caráter sigiloso do inquérito policial, permite que seja aberta exceção 
ao advogado do indiciado, dispondo: 
 
Essa disposição constante do Código de Processo Penal Militar, 
embora possa ser entendida como uma faculdade daquele que 
preside o IPM, vai ao encontro dos anseios da Ordem dos 
Advogados do Brasil no que diz respeito ao acessoque o advogado 
deverá ter às provas existentes no inquérito policial a fim de levar a 
efeito, com mais consistência, a defesa de seu cliente. 
 
O STF aprovou, em sua sessão plenária de 02 de fevereiro de 2009, 
a Súmula Vinculante nº 14, que aduz: 
 
Súmula Vinculante nº 14. É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. (GRECO, 2013 p. 72, 73) 
 
Deve-se separa o inquérito policial do militar, sendo que os mesmos tem alguns 
procedimentos iguais, os sujeitos são outros, sendo que estes não devem ser 
tratados iguais perante o delegado. 
 
 
2.1.2.2 O direito de não produzir prova contra si mesmo ou principio do 
“nemotenetur se detegere” 
 
Após se falar da condução coercitiva, o Inquérito Policial e a Autoridade, já sabe-se 
que a simples condução, não obriga ninguém a produzir prova contra si mesmo, e de 
tal forma deve ser tratado sobre a seguinte questão elencada no título. 
 
 
Ao se tratar do principio do nemotenetur se detegere cita o promotor de justiça 
Marcus Renan Palácio de M.C.dos Santos que diz parafraseando outros autores que 
a expressão supra é latina, e significa que “ninguém é obrigado a se descobrir” ou 
seja, trata de auto incriminação, e que ninguém precisa fazer prova contra si mesmo. 
Fala ele ainda 
 
Outros brocardos também são utilizados no mesmo sentido, como: 
nemotenetur se ipsum prodere, nemoteneturedere contra se, 
nemoteneturturpidumensuan, nemotestis se ipsum ou simplesmente 
nemotenetur.(MENEZES, 2010,p.117) (grifo no original) 
20 
 
 
 
E sobre tal assunto fala Patricia Rosana Magalhães Fernandes Tarcha: 
 
 
A Constituição Federal assegura que o indiciado não precisa produzir 
prova contra si mesmo, ex vi do artigo 5º, inciso LXIII: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e 
de advogado; 
 
Deveria ele ir à delegacia somente para afirmar que deseja 
permanecer calado? Sim. Não desmerecendo a natureza inquisitorial 
do Inquérito Policial, o certo é que, a oitiva do investigado é a 
primeira oportunidade de defesa do mesmo. Observando-se, que, 
oportunamente, em outra leitura nos dedicaremos a defesa do 
contraditório mitigado e ampla defesa, cabíveis em sede de Inquérito 
Policial. 
 
Inúmeras são as situações que implicam o necessário 
comparecimento como, por exemplo, na hipótese de pessoas que 
possuem nomes iguais, somente o comparecimento ao Distrito 
Policial com oitiva do suspeito e colheita de informações como 
identificação datiloscópica poderá sanar o erro. Ainda, quando da 
utilização de nomes de terceiros, caso muito comum em se tratando 
de irmãos que, investigados, utilizam dados qualificativos do outro. 
 
Ressalte-se, ainda, que o comparecimento a unidade policial é 
essencial para o desfecho do Inquérito Policial, ainda que o suspeito 
se utilize de sua prerrogativa constitucional de não manifestar-se, 
recusando-se a pronunciar-se a respeito. 
 
Destarte, não devemos confundir os institutos. 
 
O direito de não produzir prova contra si mesmo não gera reflexos na 
condução coercitiva, sendo que o momento para alegá-lo é na 
presença da autoridade, pois somente depois de atendida a 
intimação policial, o suspeito na presença da autoridade manifestará 
sua prerrogativa constitucional. (TARCHA, 2014, p.1) 
 
Na mesma linha de raciocínio e afirmando o que já foi exposto cita Eudes Quintino 
de Oliveira Júnior 
21 
 
 
 
[...]a realidade, de acordo com a interpretação mais condizente com a 
Lei Maior e o Código de Processo Penal, o suspeito pode ser 
conduzido, porém não é obrigado a produzir provas contra si mesmo 
e exercer na sua forma mais ampla o direito ao silêncio. Um dos 
efeitos consiste na recusa em responder às perguntas que possam 
incriminá-lo. Mas, como faz parte de um processo investigatório, o 
suspeito, se convocado para tanto e não comparecer, deve sim ser 
conduzido perante a autoridade, assim como a testemunha e vítima. 
Contraria até mesmo a boa lógica e a própria metodologia do Código 
de Processo Penal. Cumprida a exigência de comparecimento 
coercitivo, se o investigado quiser poderá fazer uso do direito ao 
silêncio, respondendo parcialmente às perguntas feitas pela 
autoridade, ou calando-se diante de todas elas.[...](DE OLIVEIRA 
JUNIOR, 2012, p.1). 
 
 
Ainda cita Maria Elizabeth Queijo sobre tal assunto: 
 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, embora tenha 
referidoa presunção de inocência e estabelecido a não utilização da 
tortura,não mencionou expressamente o princípio nemotenetur se 
detegere. 
Outros diplomas internacionais de direitos humanos reconheceram 
tal principio. Na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, 
aprovada na Conferência de São José da Costa Rica. em 22 de 
novembro de 1969, foi reconhecido o principio nemotenetur se 
deterege entre as garantias mínimas a serem observadas em relação 
a toda pessoa acusada de um delito. No art. 8. ‘§ 2º, g, resguarda-se 
o direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a 
declarar-se culpada’. 
O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, adotado pela 
Assembleia Geral das Nações Unidas em 16 de dezembro de 1966, 
que entrou em vigor em 23 de março de 1976. também se referiu 
expressamente ao principio em foco. estabelecendo que toda pessoa 
acusada de um crime tem direito a ‘não ser obrigada a depor contra 
si mesma, nem a confessar-se culpada’ (art. 14. n. 3. g). 
 
Modernamente, o principio nemotenetur se detegereassumiu caráter 
garantístico no processo penal, resguardando a liberdade moral do 
acusado para decidir, conscientemente, se coopera ou não com os 
órgãos de investigação e com a autoridade judiciária. 
Entretanto, como adiante será exposto, registra-se forte tendência 
nos ordenamentos a mitigar as garantias advindas do referido 
princípio, dando-se prevalência ao interesse do Estado e da 
sociedade na persecução penal.(QUEIJO, 2012, p.49, 50) 
22 
 
 
 
Por fim ainda junta-se entendimento jurisprudenciais e atuais sobre o principio em 
questão: 
 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. 
NÃO CABIMENTO. RESSALVA DOENTENDIMENTO PESSOAL DA 
RELATORA. FALSO TESTEMUNHO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
DEPOENTE DESOBRIGADO DE PRESTAR DECLARAÇÕES QUE 
POSSAM INCRIMINÁ-LO. PRINCÍPIO NEMO TENETUR SE 
DETEGERE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM DE 
HABEAS CORPUS CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. A Primeira Turma 
do Supremo Tribunal Federal e ambas as Turmas desta Corte, após 
evolução jurisprudencial, passaram a não mais admitir a impetração 
de habeas corpus em substituição ao recurso ordinário, nas 
hipóteses em que esse último é cabível, em razão da competência do 
Pretório Excelso e deste Superior Tribunal tratar-se de matéria de 
direito estrito, prevista taxativamente na Constituição da República. 2. 
Esse entendimento tem sido adotado pela Quinta Turma do Superior 
Tribunal de Justiça, com a ressalva da posição pessoal desta 
Relatora, também nos casos de utilização do habeas corpus em 
substituição ao recurso especial, sem prejuízo de, eventualmente, sefor o caso, deferir-se a ordem de ofício, em caso de flagrante 
ilegalidade, como no caso. 3. O direito de não produzir prova contra 
si foi positivado pela Constituição da República no rol petrificado dos 
direitos e garantias individuais (art. 5.º, inciso LXIII). É essa a norma 
que garante status constitucional ao princípio do ‘Nemo tenetur se 
detegere’. 4. O Paciente, ao testemunhar em juízo, negou ter 
adquirido o produto do furto de que eram acusados os réus, com 
claro intuito de não ser acusado da prática do crime de receptação. 5. 
Ao contradizer as declarações prestadas na fase de inquérito, o 
Paciente não buscou isentar os réus de sua responsabilidade penal. 
Logo, não há como se reconhecer a prática do crime de falso 
testemunho, porquanto é atípica a conduta do depoente que se 
exime de auto-incriminar-se. 
(BRASIL, STJ - HC: 283627 SP 2013/0396608-7, Relator: Ministra 
LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 03/06/2014, T5 - QUINTA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 11/06/2014) (grifo no original) 
 
É notável que já está sendo entendido em âmbito jurídico que o habeas corpus não 
deve se fazer necessário para esta condução, vez pela qual não está em nenhum 
momento ferindo os diretos do indiciado, e nem o proibindo de ficar em silêncio para 
não produzir provas contra si mesmo. 
23 
 
 
 
2.1.3 A Autoridade Judiciária 
 
 
Está expresso no Código de Processo Penal, em seu artigo 4º o seguinte texto 
legislativo: Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações 
penais e da sua autoria. (BRASIL, 1941) 
 
 
Quando fala-se de autoridade judiciária deve-se começar falando do princípio de 
tudo, o qual seria o artigo 144, § 4º da Constituição em vigência o qual explana o 
seguinte: 
 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia 
ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de 
bombeiros militares. 
 
[...] 
 
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, 
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de 
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as 
militares. (BRASIL,1988). 
 
 
Desta forma quando é tratado do delegado de policia que é a autoridade policial, 
deve-se também lembrar que este é a autoridade judiciária, com base no artigo 
supracitado. 
 
Pode-se citar ainda Guilherme de Souza Nucci, quando o mesmo fala sobre as 
atribuições do delegado de policia como autoridade judiciária: 
 
 
As funções de policia judiciária e a apuração de infrações penais 
exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, 
essenciais e exclusivas do Estado. Ao delegado de polícia, na 
qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação 
criminal por meio do inquérito policial ou outro procedimento previsto 
em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da 
materialidade e da autoria das infrações penais. Durante a 
investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de 
perícia, informações, documentos e dados que interessem à 
apuração dos fatos. (NUCCI, 2014, p. 99) 
24 
 
 
 
Como fica visivelmente claro, cabe ao delegado a requisição de perícia, informações 
e documentos, sendo de essencial que este possa estar pronto para agir e agilizar o 
inquérito policial, sendo que muitas vezes a autorização do juiz pode tornar esse 
processo mais lento, por causa da demora do despacho em algumas vezes. 
 
 
Ainda fala sobre as atribuições da autoridade policial, deixando bem claras as reais 
funções deste, sendo uma delas a presidência do inquérito como citado abaixo. 
 
 
[...] O nome polícia judiciária tem sentido na medida em que não se 
cuida de uma atividade policial ostensiva (típica a Polícia Militar para 
a garantia da segurança nas ruas), mas investigatória, cuja função se 
volta a colher provas para o órgão acusatório e, na essência, para 
que o Judiciário avalie no futuro. A presidência do inquérito cabe a 
autoridade policial[...] (NUCCI, 2014. p. 98) 
 
 
Cita ainda Fernando Capez: 
 
 
Conforme Júlio Fabbrini Mirabete (Código de Processo Penal 
interpretado,!, ed. Atlas. 1994, p. 35), ‘a Polícia é uma instituição de 
direito publico destinada a manter a paz pública e a segurança 
individual’. 
Divide-se da seguinte forma: 
a) quanto ao lugar de atividade: terrestre, marítima ou aérea; 
b) quanto à exteriorização: ostensiva c secreta; 
c) quanto à organização: leiga e de carreira; 
d) quanto ao objeto: 
-administrativa (ou de segurança): caráter preventivo; objetiva 
impedira prática de atos lesivos a bens individuais e coletivos; atua 
com grande discricionariedade, independentemente de autorização 
judicial; 
- judiciária, função auxiliar à justiça (daí a designação); atua quando 
os atos que a policia administrativa pretendia impedir não foram 
evitados. 
Possui a finalidade de apurar as infrações penais e suas respectivas 
autorias, a fim de fornecer ao titular da ação penal elementos para 
propô-la. Cabe a ela a consecução do primeiro momento da atividade 
repressiva do Estado.[...] 
 
[...]’Polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração 
das infrações penais e da sua autoria.’[...] (CAPEZ, 2013, 
p.113,114,115). 
25 
 
 
 
 
Por fim ainda cita Capez em sua doutrina: 
 
 
O ofendido e as testemunhas podem ser conduzidos coercitivamente 
sempre que deixarem, sem justificativa, de atender a intimações da 
autoridade policial(CPP, arts. 201, parágrafo único, e 218). Quando 
ao ofendido, o ordenamento autoriza, além da condução coercitiva, a 
sua busca e apreensão (CPP, art. 240, § 1º, g). De acordo com o art. 
219 do Código de Processo Penal, aplicável por analogia à primeira 
fase da persecução, a testemunha faltosa poderá responder, ainda, 
por crime de desobediência. (CAPEZ, 2013, p. 136,137). (grifo no 
original). 
 
 
E diz Aldo Ribeiro Britto: 
 
 
[...] Ao conferir a autoridade policial os deveres previstos nos incisos 
V e VIII do art. 6º do CPP, o legislador também a dotou com a 
prerrogativa de conduzir coercitivamente o indiciado que, sem motivo 
justo, não comparecer perante esta, aplicando-se o mesmo raciocínio 
a condução se der para que o indiciado proceda ao reconhecimento 
de pessoas e coisas ou participe de acareação (art. 6º, VI do CPP). 
No entanto, apesar de o ordenamento jurídico vigente autorizar a 
determinação da condução coercitiva pela autoridade policial em 
relação ao indiciado, o seu direito fundamental de permanecer calado 
impõe àquela redobrada prudência ao avaliar o cabimento da 
medida, já que o indiciado conduzido só está obrigado a cooperar 
quando a intimação objetivar o seu reconhecimento pessoal (art. 6º, 
VI do CPP), ou caso se necessite identificá-lo e qualificá-lo, no caso 
de dúvida quanto a sua identidade cujo tempo para esclarecimento 
não implique em seu cárcere.[...](BRITTO, 2012, p.1) 
 
 
 
Com base no exposto, nota-se a realidade do delegado de policia ser uma 
autoridade judiciária, frente a doutrinas e nosso ordenamento jurídico, assim como 
sua real possibilidade de emitir mandados de condução coercitiva, sendo ele 
responsável pelo inquérito policial. 
 
Por fim ao falar-se da autoridade judiciária cito aqui o delegado de policia Rafael 
Vitola Brodbeckque diz quanto a palavra competência, muito utilizada ao se falar em 
autoridade policial/judiciária. Diz ele: 
26 
 
 
 
O Código de Processo Penal, ao utilizar, em seu art. 4º, antes do 
advento da Lei 9043/95, o termo ‘jurisdição’ aplicado à função do 
delegado de polícia, parecia indicar que este teria uma autoridade 
judiciária, dizem os defensores da teoria ora discutida. Com a 
mudança de ‘jurisdição’ para ‘circunscrição’, essa discussão cai por 
terra, tendo em vista a nova nomenclatura, que nada mais faz do que 
corrigir um termo impreciso. 
 
De outra sorte, ainda que restando, no parágrafo único do referido 
artigo, a palavra ‘competência’ para se referir ao delegado de polícia, 
quando deveria utilizar ‘atribuição’, não se deve fazer a ilação de que, 
com isso só, sua autoridade seja judiciária. É bem verdade que 
competência é termo utilizado, juridicamente, para os órgãos do 
Poder Judiciário. Competência é a medida da jurisdição, bem o 
sabemos. Todavia, mera interpretação gramatical da norma, sem o 
seu sentido teleológico e, mesmo, integral, faz cair o artigo em um 
absurdo. 
 
Nesse diapasão, há que se fazer uma interpretação sistemática deste 
artigo com o restante do Código, em que fica clara a função 
administrativa do delegado de polícia, nitidamente diferenciada da 
jurisdicional. Mais ainda, é preciso harmonizar o Código com as 
demais normas de nosso ordenamento, fazendo, prevalecer, além 
disso, os comandos legais da Constituição Federal. Em todas essas 
leis, e na Carta Política de 88, estão bem separadas as funções 
estatais, distribuídas aos Poderes de modo típico e atípico. E, se bem 
que a função jurisdicional possa ser exercida pelo Poder Legislativo 
quando julga o chefe do Poder Executivo em crimes de 
responsabilidade, e pelo Poder Executivo (e Legislativo), segundo 
autores, na prolação de decisões em processo administrativo 
disciplinar, não há nenhuma menção à tarefa jurisdicional a ser 
exercida, eventualmente, pelo delegado de polícia, mesmo como 
função atípica. Além disso, mesmo que houvesse essa menção, isso 
não o tornaria, por si só, autoridade judicial, de vez que mesmo o 
Senado julgando o presidente da República em crimes de 
responsabilidade, e os ministros de Estado e comandantes das 
Forças Armadas nos crimes da mesma natureza conexos com 
aqueles, não é, por meramente exercer, em casos tópicos, função 
jurisdicional, uma autoridade judiciária. O exercício de função atípica, 
i.e., o exercício de função típica de um Poder por outro, não torna 
esse outro equivalente àquele em natureza. 
 
De outra sorte, e agora concluímos nossa breve explanação, não há 
que se dar muita relevância ao uso do termo ‘competência’ quando 
usado em relação à tarefa do delegado de polícia. Aqui, o vocábulo 
está como sinônimo de atribuição, pois empregado em seu sentido 
popular, com notável técnica do legislador, tal qual reconhecido pela 
unanimidade da doutrina processualista.(BRODBECK, 2008, p.1) 
(grifo no original) 
27 
 
 
 
 
Claramente nota-se a preocupação do mesmo ao salientar a diferença entre 
“atribuições” e “competência” oque este termo gramatical não pode ser o motivo para 
se dizer que o delegado perde seus poderes de ter competência para ordenar sobre 
o inquérito o qual é presidente. 
 
 
2.2 A CONDUÇÃO COERCITIVA E O DELEGADO DE POLÍCIA 
 
 
 
2.2.1 Mandado de Condução por Ordem do Delegado 
 
 
Como diz o delegado Aldo Ribeiro Britto: 
 
 
Todavia, privar a autoridade policial de determinar a condução 
coercitiva do indiciado equivaleria a negar àquela a possibilidade de 
cumprir seus deveres que impliquem na presença pessoal deste, 
previstos no art. 6º, V e VIII do CPP, nos casos de desatendimento 
injustificado de intimação pessoal, com sério comprometimento à 
elucidação dos fatos investigados, ao tempo em que se observa que 
o art. 201 §1º e 278 CPP, expressamente conferem à autoridade 
policial a prerrogativa de conduzir coercitivamente o ofendido e até 
mesmo o perito criminal, nada mais são do que um meio para 
conferido à autoridade policial para se efetivar o cumprimento dos 
deveres legalmente elencado no inciso IV e VII do mesmo art.6º do 
CPP. 
 
Neste ponto, há de se adotar linha de intelecção análoga à trilhada 
pelo pretório excelso na decisão ilustrada no preâmbulo deste artigo, 
no sentido de se reconhecer a legitimidade da autoridade policial 
para determinar todas as providências necessárias ao exercício dos 
seus deveres, expressamente elencados no art. 6º do CPP como 
medidas básicas elucidação de uma infração, incluindo-se aí a 
condução de pessoas para prestar esclarecimentos, quando 
necessária a sua presença pessoal, resguardadas as garantias legais 
e constitucionais dos conduzidos. (BRITTO, 2012, p.1) 
 
 
Seguindo está linha de raciocínio fala novamente José Carrazzoni Jr: 
 
 
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela legitimidade 
dos agentes policiais, que sob o comando da autoridade policial, 
adotaram todas as providências necessárias à elucidação de um 
delito, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar 
28 
 
 
 
esclarecimentos, resguardadas as garantias constitucionais dos 
conduzidos. No ‘leading case’
2
 o conduzido trazia consigo folhas de 
cheque que teriam sido subtraídas da vítima na data em fora morta, o 
que, tal como destacado pelos agentes de polícia, indicaria que teria 
tido ao menos contato com o suposto autor do latrocínio, justificando, 
desse modo, o seu encaminhamento à delegacia para fornecer 
maiores informações. 
 
Vale lembrar, que esta autorização decorre do próprio artigo 144, § 4º 
da Constituição Federal que confere ‘às polícias civis, dirigidas por 
delegados de polícia de carreira’, [...] as funções de polícia judiciária 
e a apuração de infrações penais [...] ‘, juntamente com o artigo 6º do 
Código de Processo Penal que estabelece as providências que 
devem ser tomadas pela autoridade policial quando tiver 
conhecimento da ocorrência de um delito. Nas palavras do Min. 
Ricardo Lewandowski: ‘Há postulado basilar da hermenêutica 
constitucional pelo qual se a Constituição Federal outorga certa 
atribuição a determinado órgão, são implicitamente conferidos 
amplos poderes para a sua execução. É a chamada teoria ou 
doutrina dos poderes implícitos. Desse modo, não faria o menor 
sentido incumbir à polícia a apuração das infrações penais, e ao 
mesmo tempo vedar-lhe, por exemplo, a condução de suspeitos ou 
testemunhas à delegacia.(CARRAZZONI JUNIOR, 2012, p.1) (grifo 
no original) 
 
A até entendimentos jurisprudenciais sobre o assunto do Supremo Tribunal Federal 
o qual retrata-se abaixo: 
 
 
Ementa: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL 
PENAL. CONDUÇÃO DO INVESTIGADO À AUTORIDADE 
POLICIAL PARA ESCLARECIMENTOS. POSSIBILIDADE. 
INTELIGÊNCIA DO ART. 144, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
E DO ART. 6º DO CPP. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE 
PRISÃO OU DE ESTADO DE FLAGRÂNCIA. DESNECESSIDADE 
DE INVOCAÇÃO DA TEORIA OU DOUTRINA DOS PODERES 
IMPLÍCITOS. PRISÃO CAUTELAR DECRETADA POR DECISÃO 
JUDICIAL, APÓS A CONFISSÃO INFORMAL E O 
INTERROGATÓRIO DO INDICIADO. LEGITIMIDADE. 
OBSERVÂNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DA RESERVA 
DE JURISDIÇÃO. USO DE ALGEMAS DEVIDAMENTE 
JUSTIFICADO. CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVAS IDÔNEAS 
 
2
Diz Guido Fernando Silva Soares que é uma decisão que tenha constituído em regra importante, em 
torno da qual outras gravitam" que "cria o precedente, com força obrigatória para casos futuros" 
29 
 
 
 
E SUFICIENTES. NULIDADE PROCESSUAIS NÃO VERIFICADAS. 
LEGITIMIDADE DOS FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA.GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA 
INSTRUÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA. I – A própria 
Constituição Federal assegura, em seu art. 144, § 4º, às polícias 
civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de 
polícia judiciária e a apuração de infrações penais. II – O art. 6º do 
Código de Processo Penal, por sua vez, estabelece as providências 
que devem ser tomadas pela autoridade policial quando tiver 
conhecimento da ocorrência de um delito, todas dispostas nos 
incisos II a VI. III – Legitimidade dos agentes policiais, sob o 
comando da autoridade policial competente (art. 4º do CPP), para 
tomar todas as providências necessárias à elucidação de um delito, 
incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar esclarecimentos, 
resguardadas as garantias legais e constitucionais dos conduzidos. 
IV – Desnecessidade de invocação da chamada teoria ou doutrina 
dos poderes implícitos, construída pela Suprema Corte norte-
americana e incorporada ao nosso ordenamento jurídico, uma vez 
que há previsão expressa, na Constituição e no Código de Processo 
Penal, que dá poderes à polícia civil para investigar a prática de 
eventuais infrações penais, bem como para exercer as funções de 
polícia judiciária. V – A custódia do paciente ocorreu por decisão 
judicial fundamentada, depois de ele confessar o crime e de ser 
interrogado pela autoridade policial, não havendo, assim, qualquer 
ofensa à clausula constitucional da reserva de jurisdição que deve 
estar presente nas hipóteses dos incisos LXI e LXII do art. 5º da 
Constituição Federal. VI – O uso de algemas foi devidamente 
justificado pelas circunstâncias que envolveram o caso, diante da 
possibilidade de o paciente atentar contra a própria integridade física 
ou de terceiros. VII – Não restou constatada a confissão mediante 
tortura, nem a violação do art. 5º, LXII e LXIII, da Carta Magna, nem 
tampouco as formalidade previstas no art. 6º, V, do Código de 
Processo Penal. VIII – Inexistência de cerceamento de defesa 
decorrente do indeferimento da oitiva das testemunhas arroladas 
pelo paciente e do pedido de diligências, aliás requeridas a 
destempo, haja vista a inércia da defesa e a consequente preclusão 
dos pleitos.[...] BRASIL, STF, HC 107644, Relator(a): Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/09/2011, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 17-10-2011 PUBLIC 
18-10-2011) (grifo no original) 
 
 
Nota-se no supra a citação a Constituição vigente e comenta sobre o poder da 
policia civil para investigar a pratica de eventuais infrações. Ainda discorre: 
 
 
[...]IX – A jurisprudência desta Corte, ademais, firmou-se no sentido 
de que não há falar em cerceamento ao direito de defesa quando o 
30 
 
 
 
magistrado, de forma fundamentada, lastreado nos elementos de 
convicção existentes nos autos, indefere pedido de diligência 
probatória que repute impertinente, desnecessária ou protelatória, 
sendo certo que a defesa do paciente não se desincumbiu de indicar, 
oportunamente, quais os elementos de provas pretendia produzir 
para levar à absolvição do paciente. X – É desprovido de fundamento 
jurídico o argumento de que houve inversão na ordem de 
apresentação das alegação finais, haja vista que, diante da juntada 
de outros documentos pela defesa nas alegações, a magistrada 
processante determinou nova vista dos autos ao Ministério Público e 
ao assistente de acusação, não havendo, nesse ato, qualquer 
irregularidade processual. Pelo contrário, o que se deu na espécie foi 
a estrita observância aos princípios do devido processo legal e do 
contraditório. XI – A prisão cautelar se mostra suficientemente 
motivada para a garantia da instrução criminal e preservação da 
ordem pública, ante a periculosidade do paciente, verificada pela 
gravidade in concreto do crime, bem como pelo modus operandi 
mediante o qual foi praticado o delito. Ademais, o paciente evadiu-se 
do distrito da culpa após a condenação. XII – Ordem denegada.’ 
(BRASIL, STF, HC 107644, Relator(a): Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/09/2011, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 17-10-2011 PUBLIC 
18-10-2011) (grifo no original) 
 
 
Diz Ainda Patricia Rosana Magalhães Fernandes Tarcha: 
 
 
Não há falar-se in casu da necessidade de invocação da Teoria ou 
doutrina dos Poderes Implícitos, de origem norte-americana, 
incorporada à legislação pátria. Em nosso ordenamento jurídico há 
expressa previsão legal, com amparo no texto constitucional ou 
processual penal, dos poderes inerentes à Polícia Civil para proceder 
aos misteres das funções investigativas de práticas delituosas. É o 
exercício da polícia judiciária. 
Neste contexto, cumpre-nos afirmar, ainda, que não cabe a eventual 
invocação do princípio da reserva legal. Desnecessário, pois, 
mandado de prisão decretado por autoridade judicial. 
 
Este poder, de condução do investigado ou do recalcitrante, para 
depoimentos, à presença da autoridade policial, mesmo sem 
mandado judicial, é inerente aos poderes de investigação do 
Delegado de Polícia. 
 
Não obstante, cabível, dentro dos limites estipulados pela Súmula 
Vinculante 11, do Supremo Tribunal Federal, limitando a colocação 
de algemas nos casos que se fizerem necessárias (excepcionais). 
31 
 
 
 
‘Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por 
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do 
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato 
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do 
Estado’.(TARCHA, 2014, p.1) 
 
É claro o que ela tenta expressar em sua citação a realidade dos fatos de que o 
delegado deveria e tem que ter poderes para ordenar a condução, já que ele é uma 
autoridade e responsável pelo inquérito. 
 
 
2.2.2 Agilidade do Inquérito Policial e dos Meios de Prova 
 
 
Fala sobre o assunto em questão Eudes Quintino de Oliveira Júnior: 
 
 
Instaurado o inquérito policial a autoridade que o preside deve lançar 
mão de todos os dispositivos legais Agilidade do inquérito policial e 
meios de prova para realizar a contento sua tarefa, mesmo sabedor 
que o procedimento policial, pela sua própria natureza, traz sérios 
dissabores e constrangimentos ao investigado. Mas, 
inquisitiosinecoertionenulla est, diziam os romanos. 
 
Nesta linha de raciocínio, se o suspeito, devidamente notificado, não 
comparecer perante a autoridade policial, poderá sim ser conduzido 
coercitivamente, sem qualquer ofensa ao principio do nemotenetur se 
detegere. Referido princípio assegura ao suspeito o direito de não se 
autoincriminar, uma vez que não é objeto de prova e sim sujeito de 
direitos. (DE OLIVEIRA JUNIOR, 2012, p.1) (grifo no original). 
 
Ainda falando sobre o prazo do inquérito policial, fala Guilherme de Souza Nucci 
sobre prazos: 
 
Como regra, há o prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito 
policial, na esfera estadual Entretanto. em face do acumulo de 
serviço, torna-se inviável o cumprimento do re ferido prazo, motivo 
pelo qual a autoridade policial costuma solicitar a dilação ao juiz 
ouvindo-se o representante do Ministério Publico. Em suma, quando 
o indiciado está solto, termina não existindo prazo certo para o 
termino da investigação, embora sempre haja o controle judicial do 
que está sendo realizado pela polícia. Quando o indiciado esta preso 
em flagrante ou preventivamente, deve ser cumprido à risca o prazo 
de dez dias (art. 10, CPP), pois ha restrição ao direito fundamentalà 
liberdade. Note-se que o decêndio c o mesmo tanto no caso de 
32 
 
 
 
prisão em flagrante, quanto no momento em que, durante a fase de 
investigação, representar a autoridade policial pela preventiva, sendo 
esta deferida pelo magistrado. É importante destacar que diligências 
complementares, eventualmente necessárias para a acusação, não 
são suficientes para interromper esse prazo de dez dias - ou outro 
qualquer estipulado em lei especial - devendo o juiz, se deferir a sua 
realização, determinar a remessa dos autos de volta à polícia, relaxar 
a prisão e colocar o suspeito em liberdade. Outra alternativa, 
contornando o relaxamento, é o oferecimento de denúncia pelo órgão 
acusatório, desde que haja elementos suficientes, com formação de 
autos suplementares do inquérito, retornando estes à delegacia para 
mais algumas diligências complementares. (NUCCI, 2012, p. 170). 
 
 
2.2.2.1 O Inquérito Policial e o Ministério Público 
 
 
 
O doutrinador Guilherme de Souza Nucci, comenta em sua doutrina sobre a 
possibilidade do Ministério Público no polo da autoridade policial sendo ele 
realizando a investigação criminal, assim comenta: 
 
O tema é sem dúvida, controverso, comportando várias visões a 
respeito, mas cremos inviável que o promotor de justiça, titular da 
ação penal, assuma a postura de órgão investigatório, substituindo a 
polícia judiciária e produzindo inquéritos visando à apuração de 
infrações penais e de sua autoria. 
 
A Constituição Federal foi clara ao estabelecer as funções da polícia 
- federal e civil - para investigar e servir de órgão auxiliar do Poder 
Judiciário - daí o nome polícia judiciária – na atribuição de apurar a 
ocorrência e a autoria de crimes e contravenções penais (art. 
144,CF). Ao Ministério Público foi reservada a titularidade da ação 
penal, ou seja, a exclusividade no seu ajuizamento, salvo o 
excepcional caso reservado à vítima, quando a ação penal não for 
intentada no prazo legal (art. 5.°, LIX, CF). Note-se, ainda, que o art. 
129, inciso III, da Constituição Federal, prevê a possibilidade do 
promotor elaborar inquérito civil, mas jamais inquérito policial. 
Entretanto, para aparelhar convenientemente o órgão acusatório 
oficial do Estado, atribuiu-se ao Ministério Público o poder de expedir 
notificações nos proventos administrativos de sua competência, 
requisitando informações e documentos (o que ocorre no inquérito 
civil ou em algum processo administrativo que apure infração 
funcional de membro ou funcionário da instituição, por exemplo) a 
possibilidade de exercer o controle externo da atividade policial (o 
que não significa a substituição da presidência da investigação, 
conferida ao delegado de carreira), o poder de requisitar diligências 
investigatórias e a instauração de inquérito policial (o que demonstra 
33 
 
 
 
não ter atribuição para instaurar o inquérito e, sim, para requisitar a 
sua formação pelo órgão competente).[...] (NUCCI, 2012, p.154). 
 
Seguido desta explanação verifica-se claro a essência da policia civil no inquérito e 
que o Ministério Público tem um controle externo da atividade, e continua citando: 
 
 
[...]Enfim, ao Ministério Público cabe, tomando ciência da prática de 
um delito, requisitar a instauração da investigação pela polícia 
judiciária, controlar todo o desenvolvimento da persecução 
investigatória, requisitar diligências e, ao final formar sua opinião, 
optando por denunciar ou não eventual pessoa apontada como 
autora. O que não lhe é constitucionalmente assegurado é produzir, 
sozinho, a investigação, denunciando a seguir quem considerar autor 
de infração penal, excluindo, integralmente, a polícia judiciária e, 
consequentemente, a fiscalização salutar do juiz. 
O sistema processual penal foi elaborado para apresentar-se 
equilibrado e harmônico, não devendo existir qualquer instituição 
superpoderosa. Note-se que, quando a polícia judiciária elabora e 
conduz a investigação criminal, é supervisionada pelo Ministério 
Público e pelo juiz de Direito. Este, ao conduzir a instrução criminal, 
tem a supervisão das partes – Ministério Público e advogados. Logo, 
a permitir-se que o Ministério Público, por mais bem intencionado que 
esteja, produza de per si investigação criminal, isolado de qualquer 
fiscalização, sem a participação do indiciado, que nem ouvido 
precisaria ser, significaria quebrar a harmônica e garantista 
investigação de uma infração penal. Não é pelo fato de ser o 
inquérito naturalmente sigiloso que o acesso do advogado, por 
exemplo, é vedado. Ao contrário, trata-se de prerrogativa sua 
consultar quaisquer autos de inquérito, especialmente quando já há 
indiciado cliente seu. O mesmo não ocorreria em investigação 
sigilosa em transcurso na sede do Ministério Público federal ou 
estadual, pois nem mesmo ciência de que ela está ocorrendo 
haveria. Por isso, a investigação precisa ser produzida oficialmente, 
embora com o sigilo necessário, pela polícia judiciária, registrada e 
acompanhada por magistrado e membro do Ministério Público.[...] 
(NUCCI, 2012, p.154/155). 
 
A cima fica claro que o ministério público é incapaz de dar andamento sozinho a um 
inquérito policial, porém pode supervisionar a sua totalidade e mesmo sob grau de 
sigilo devem torna-lo oficial. E nessa linha de raciocínio ainda segue: 
 
 
[...]Preocupando-se justamente com o alcance de investigações que 
possam ofender o direito a intimidade de qualquer cidadão, feitas 
sem controle judicial, expõe Sylvia Helena de Figueiredo Steiner que 
‘assoma a magnitude do poder do órgão ministerial, como agente 
34 
 
 
 
público corresponsável pela apuração de infrações penais, 
exercendo, por um lado, função de acompanhamento e coordenação 
da atividade-fim da polícia judiciária e, por outro, atribuindo-lhe 
poderes de investigação e de requisição de dados que sequer àquela 
são permitidos. É pois, repetimos, o artífice da investigação criminal. 
Delineado, portanto, seu poder de invadir a seara de intimidade do 
investigado, obtendo dados a seu respeito. No entanto, tal poder não 
prescinde de comprovação de que essa invasão seja necessária à 
apuração do delito, nem tampouco do controle judicial, eis que se 
trata de medida restritiva de direitos fundamentais. (...) a invasão que 
lhe é permitida está submetida às demais garantias 
constitucionalmente asseguradas aos cidadãos: a apreciação pelo 
Poder Judiciário, o princípio da legalidade, o devido processo legal, o 
contraditório, o direito ao silêncio, a ampla defesa e todos os 
recursos a ela inerentes’. E cita lição de Juarez Tavares, membro do 
Ministério Público Federal e professor da Universidade do Rio de 
Janeiro: ‘E inconcebível que se atribua a um órgão do Estado, 
qualquer que seja, inclusive ao Poder Judiciário, poderes sem limites. 
A democracia vale, precisamente, porque os poderes do Estado são 
limitados, harmônicos entre si, controlados mutuamente e 
submetidos ou devendo submeter-se à participação de todos, como 
exercício indispensável da cidadania’ O Ministério Público e a tutela 
da intimidade na investigação criminal, p. 227).[...] (NUCCI, 2012, p. 
155). 
 
 
No seguinte trecho entende-se que não deve ser dado um poder “ilimitado” para os 
poderes, pois assim todos devem cooperar entre si para o desenvolvimento da 
população, e não um único poder monopolizar algum procedimento. Menciona-se 
ainda: 
 
[...]Adicione-se, ainda, a oportuna colocação de Sérgio Marcos de 
Moraes Pitombo: ‘Procuradores da República e Promotores de 
Justiça necessitam dos serviços das autoridades policiais, para levar 
avante o pretenso procedimento preparatórioque venham a iniciar. 
Polícia judiciária, havida por inconfiável. Os secundando,não 
obstante fiscalizada e corrigida, de maneira externa, pelo Ministério 
Público. Mais. ainda, a duvida de quem faria o controle interno, do 
mencionado procedimento administrativo ministerial, 
operacionalizado pela polícia judiciária, a mando e comando dos 
Procuradores da República e Promotores de justiça. (...) Dirigir a 
investigação e a instrução preparatória, no sistema vigorante, pode 
comprometer a imparcialidade. Desponta o risco da procura 
orientada de prova, para alicerçar certo propósito, antes 
estabelecido; com abandono, até, do que interessa ao envolvido. 
Imparcialidade viciada desatende à justiça’ (Procedimento 
administrativo criminal, realizado pelo Ministério Público, p. 3). 
35 
 
 
 
Mauricio Henrique Guimarães Pereira acrescenta que a investigação 
criminal contada exclusivamente pelo representante do Ministério 
Público provoca o desequilíbrio das partes do eventual futuro 
processo, afinal, importantes provas são produzas nessa fase, como 
as periciais e a busca e apreensão, não mais repetidas sob o crivo do 
contraditório. Melhor então, manter o delegado a frente da 
investigação, pois ele não será parte na relação processual (Habeas 
corpus e polícia judiciária, p.208). 
Pronunciou-se o Supremo Tribunal Federal da seguinte forma: ‘A 
requisição de diligencias investigatórias de que cuida o art. 129, VIII, 
CF, deve dirigir-se à autoridade policial, não se compreendendo o 
poder de investigação do Ministério Público fora dia excepcional 
previsão da ação civil publica (art. 129, III, CF)De outro modo, 
haveria uma polícia judiciária paralela, o que não combina com a 
regra do art.. 29, VIII, CF [na realidade, cuida-se do inciso VII], 
segundo a qual o MP deve exercer, conforme lei complementar, o 
controle externo da atividade policial’ (RE 205.473-AL, 2.’T., rei. 
Carlos Velloso, 15.02.1998, v. u., R7/ 173/640). Conferir, também: 
‘Nada a objetar quando o representante do Ministério Público 
acompanha o desenrolar das investigações policiais e isto porque é o 
Ministério Público o titular da ação pública, e ninguém melhor que ele 
para acompanhar aquelas diligências policiais'. Mas entre 
acompanhar diligências policiais e assumir, praticamente, a direção 
do inquérito policial a distância é grande. O inquérito é instrumento 
da denúncia, fato por demais sabido, cediço e constantemente 
proclamado. Mas, sua direção, é necessário que se insista, é da 
Polícia judiciária. (...) Em decorrência, não cabe ao representante do 
Ministério Público, sem que haja a oficializarão da prova, colher 
pareceres ou obter informes destinados a instruir o inquérito 
policial.[...] (NUCCI, 2012, p. 156) (grifo no original) 
 
O supra salienta o fato do dever de existir somente uma policia judiciária, e não o 
ministério ter seu órgão separado afim de criar uma policia paralela, desnecessária 
para o serviço já que cabe ao delegado essas atribuições. E dando andamento ao já 
citado, continua-se: 
 
[...] Se o inquérito não se anula por essa circunstância, perde, 
contudo, sua validade como instrumento apto a instruir a propositura 
da ação penal. (...) não se pode deixar, repita-se, de levar em conta 
que todas as provas nele produzidas só podem sê-lo através da 
polícia judiciária ou, excepcionalmente, do magistrado. Não se 
discute caber ao Ministério Público a faculdade e o poder de 
requisitar diligência diretamente aos órgãos da polícia judiciária. Mas 
estas atribuições não podem e não se sobrepõem e nem hão de 
contrariar as normas processuais vigentes e bem assim os preceitos 
constitucionais que garantem o contraditório’ (TJSP, HC 99.013-3, 
36 
 
 
 
São Paulo, 2.JC, rei. Weiss de Andrade, 25.02.1991, v. u.). (NUCCI, 
2012, p. 156/157) (grifo no original) 
 
Deve-se notar o seguinte ainda: 
 
 
Em posição contrária, entretanto, encontram-se decisões proferidas 
por vários tribunais pátrios, inclusive pelo Superior Tribunal de 
Justiça, a saber: ‘Tem-se como válidos os atos investigatórios 
realizados pelo Ministério Público, que pode requisitar 
esclarecimentos ou diligenciar diretamente, visando à instrução de 
seus procedimentos administrativos, para fins de oferecimento de 
peça acusatória. (...) A atuação do órgão ministerial não é vinculada 
à existência do procedimento investigatório policial - o qual pode ser 
eventualmente dispensado para a proposição da acusação’ (RHC 
8106-DF, 51., rei. Gilson Dipp,03.04.2001, v. u.. Dl 04.06.2001, p. 
186). 
Convém destacar que o Supremo Tribunal Federal, no Inquérito 
1.968-2 (DF) debatia se seria possível o Ministério Publico conduzir 
investigação criminal. Do voto do Ministro Joaquim Barbosa extrai-
seo seguinte: ‘O que autoriza o Ministério Público a investigar não e a 
natureza do ato punitivo que pode resultar da investigação (sanção 
administrativa, cível ou penal), mas, sim, o fato a ser apurado, 
incidente sobre bens jurídicos cuja proteção a Constituição 
explicitamente confiou ao Parquet. A rigor, nesta como em diversas 
outras hipóteses, é quase impossível afirmar, a priori, se se trata de 
crime, de ilícito cível ou de mera infração administrativa. Não raro, a 
devida valoração do fato somente ocorrerá na sentença! 
 
Note-se que não existe uma diferença ontológica entre o ilícito 
administrativo, o civil e o penal. Essa diferença, quem a faz é o 
legislador, ao atribuir diferentes sanções para cada ato jurídico 
(sendo a penal, subsidiária e a mais gravosa). Assim, parece-me 
lícito afirmar que a investigação se legitima pelo fato investigado, e 
não pela ponderação subjetiva acerca de qual será a 
responsabilidade do agente e qual a natureza da ação a ser 
eventualmente proposta. Em síntese, se o fato diz respeito a 
interesse difuso ou coletivo, o Ministério Público pode instaurar 
procedimento administrativo, com base no art. 129, III, da 
Constituição Federal. (...) Não quero com isso dizer que o Ministério 
Público possa presidir o inquérito policial. Não. A própria 
denominação do procedimento (inquérito policial) afasta essa 
possibilidade, indicando o monopólio da policia para sua condução. 
Ocorre que a elucidação da autoria e da materialidade das condutas 
criminosas não se esgota no âmbito do inquérito policial, como todos 
sabemos. Em inúmeros domínios em que a ação fiscalizadora do 
Estado se faz presente, o ilícito penal vem à tona exatamente no bojo 
de apurações efetivadas com propósitos cíveis. Nesses casos, como 
em muitos outros, o desencadeamento da ação punitiva do Estado 
37 
 
 
 
prescinde da atuação da polícia. Daí a irrazoabilidade da tese que 
postula o condicionamento, o aprisionamento da atuação do 
Ministério Público à atuação da polícia, o que, sabidamente, não 
condiz com a orientação da Constituição de 1988’.[...] (NUCCI, 2012, 
p.157) (grifo no original) 
 
É clara a noção que o ilícito penal não acaba durante o inquérito policial e pode ser 
algo continuo, o qual as vezes dependeria da atuação do Ministério Público 
juntamente com a policia para elucidar certas questões. E por fim diz: 
 
 
Entretanto, com a extinção do mandato de deputado federal do 
parlamentar envolvido, cessou a competência do STF para 
acompanhar a investigação criminal. O feito foi retirado de pauta. 
Outra situação semelhante, certamente, advirá, exigindo do Pretório 
Excelso que se pronuncie a respeito. Vale destacar, entretanto, a 
modificação introduzida no art. 257, I, do CPP ‘Ao Ministério Público 
cabe: I promover, privativamente a ação penal pública, na forma 
estabelecida neste Código’ (Lei 11.719/2008, grifamos). Vê-se, pois,

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