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O que é o Direito - Roberto Lyra Filho

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O QUE É DIREITO (Roberto Lyra Filho)
Direito e Lei.
O conceito de direito não existe. A lei sempre emana do Estado e permanece ligada a classe dominante, pois o Estado, como sistema de órgãos que regem a sociedade politicamente organizada, fica sob o controle daqueles que comandam o processo econômico, na qualidade de proprietários dos meios de produção. Nem toda lei então representa Direito, que será posteriormente definido, muitas delas representam pura e simplesmente interesses de determinados grupos dentro da esfera do poder.
O direito resulta em conjunto de normas estatais, isto é, de padrões de conduta impostos pelo Estado, com ameaça de sanções organizadas. O Direito autêntico e global não pode ser isolado em campos de concentração legislativa, considerando a lei um simples acidente no processo jurídico. Direitos humanos vão sendo adquiridos nas lutas sociais dentro da história e condenam qualquer estado ou legislação que deseje paralisar o progresso do país.
Uma concepção do direito não poderá desprezar todos os aspectos históricos, em que o circulo da legalidade não coincide com o da legitimidade. Se o direito é reduzido a pura legalidade, já representa a dominação ilegítima, por força desta mesma suposta identidade; e esse “Direito” passa das normas estatais (castrado) para o que os juristas conservadores costumam chamar de dogmática (escrita), dogmas que constam na constituição federal.
Não há verdadeiro estabelecimento dos Direitos Humanos, sem o fim da exploração; não há fim verdadeiro da exploração, sem o estabelecimento dos Direitos Humanos. Quando buscamos o que é Direito, estamos antes perguntando o que ele vem a ser, nas transformações do seu conteúdo e forma de manifestação concreta dentro do mundo histórico e social.
Ideologias jurídicas.
Ideologia significou, primeiramente, o estudo da origem e funcionamento das ideias em relação aos signos que as representam; mas, logo, passou a designar essas ideias mesmas, o conjunto de ideias duma pessoa ou grupo, a estrutura de suas opiniões, organizada em certo padrão.
Os estudos da ideologia e a crítica ao seu teor e efeitos encaminharam-se no sentido de falar da ideologia não mais como um conjunto de ideias, formando um padrão, surgindo assim uma definição para a ideologia como uma série de opiniões que não correspondem a realidade.
Surgem assim três modelos principais:
a) ideologia como crença;
b)ideologia como falsa consciência;
c) ideologia como instituição.
Nos dois primeiros, ela é considerada em função dos sujeitos que a absorvem e vinculam; no terceiro é procurada na sociedade e independentemente dos sujeitos. A ideologia como crença mostra em que ordem de fenômenos mentais ela aparece. A ideologia como falsa consciência revela o efeito característico de certas crenças como deformação da realidade. A ideologia como instituição destaca a origem social do produto e os processos, também sóciais, de sua transmissão a grupos e pessoas.
As Crenças carregam ideologias pré-fabricadas que nos vêm através do meio em que vivemos. Nem toda crença é ideologia, mas toda ideologia se manifesta como crença. E essa distorção da realidade leva a uma falsa consciência. Quando tudo isso se manifesta na sociedade como um fato social, dá-se a ideologia como instituição. Ou seja, quando toda uma sociedade torna-se dominada, sem senso crítico para questionar as ideologias que lhes são impostas.
Principais modelos de ideologia jurídica.
Dentre as ideologias citadas, são situadas entre direito natural e o direito positivo, correspondendo ás concepções iurisnaturalistas e positivista do Direito. O Direito como ordem estabelecida (positivismo) e como ordem justa (iurinaturalismo). As duas palavras que caracterizam- as são justiça e ordem.
A positividade do Direito não conduz fatalmente ao positivismo e que o direito justo integra a dialética jurídica, sem voar para nuvens metafísicas, isto é, sem desligar-se das lutas sociais, no seu desenvolvimento histórico, entre espoliados e oprimidos, de um lado, e espoliadores e opressores, de outro. É o positivismo que hoje predomina entre os juristas do nosso tempo.
Positivismo é a redução do Direito ao que está positivado (normatizado) limitado ao que está ordenado. Já o jusnaturalismo cria um desdobramento entre o que está nas normas e o que deveria estar. (Direito natural).
Há três correntes positivistas: a legalista no qual a lei é o único elemento válido; o positivismo sociologista baseado nos costumes, e o positivismo psicologista que busca o Direito livre.
A produção de normas é um monopólio do Estado. O processo de legitimação de uma norma é criado pelos os donos do poder. A legalidade de uma norma não é prova de legitimidade dela. O Jusnaturalismo acredita no Direito natural aonde existem três correntes: cosmológica, teológica e antropológica nas quais existem falhas em vários aspectos.
Existe oposição entre direito positivo castrados e o direito natural, que muitas vezes se limita a legitimas a ordem posta e imposta, por falta de um real e autêntico paradigma político.
Resenha
Nesse livro, Roberto Lyra Filho tenta explicar o que é Direito. No primeiro capítulo ele tenta mostrar não o que é o Direito mais sim o que ele não é fazendo distinção entre ambos desconstruindo a ideia de que direito e lei estão ligados um ao outro sem que seja possível haver direito sem lei. Lyra Filho ainda aborda também que a Lei emana do Estado e está ligada a classe dominante (proprietários). Suas colocações a respeito de Lei e Direito são bem profundas ao afirmar que o Estado convence o povo que não há Direito acima ou além das leis impostas. O verdadeiro Direito não pode ser limitado pela legislação, não pode ser estudado e diminuído a pura legalidade. Ao fim deste primeiro capítulo o autor faz relevantes colocações as quais são temas de discussão bastante atuais, que indagam sobre os Direitos Humanos.
Já no segundo capítulo, Lyra Filho procura introduzir o conceito e tipos de ideologias questionando qual o significado. Afirma-nos também que há desacordo entre os juristas quanto ao modo de pensar. Assim surgem os três tipos de modelos ideológicos: Ideologia como crença, como instituição e como falsa consciência. O primeiro relaciona-se ao conjunto de ideias que o ser humano adquiriu durante a vida podendo ou não está ligada a religião. O segundo destaca a origem social do produto e os processos, também sociais, de sua transmissão a grupos e pessoas exigindo o seguimento do que foi imposto. E o terceiro se refere as evidências que fazem com que desacreditamos no que nos foi apresentado ou dito.
No terceiro capítulo de sua obra, são analisadas todas as ideologias jurídicas. Os modelos básicos adotados são o Direito Positivista e o Direito iurinaturalista. De um lado o Direito visto como ordem estabelecida (lei vigente), e do outro a ideia do Direito como ordem justa, o ideal de justiça. O Direito Iurinaturalista (jurisnaturalista) divide-se em: Natural Cosmológico que surgiu e evoluiu de acordo com a evolução do homem; Teológico relacionado á religião e por fim Natural Antropológico relacionado a cultura.
Roberto Lyra Filho finaliza o capítulo contrapondo a ideia corrente do Direito positivo apoiado por complementos do Direito Natural

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