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Aula 06 - Direito Agrário

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Direito - Direito Agrário - Robson Moraes dos Santos - UNIGRAN 
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Aula 06
HISTÓRIA DO DIREITO AGRÁRIO 
NO BRASIL
1Francisco Mota Cardozo, Tratado de Direito Rural.- São Paulo, Saraiva, 1913: Arthur Pio dos Santos. 1 Curso de Introdução do Direito Agrário. Recife 
1969.
2Jacy de Assis. Da ação discriminatória., 1971. p, 3. Rio de Janeiro. Forense-1978.
HISTÓRIA DO DIREITO AGRÁRIO NO BRASIL
A Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, determinou a abertura dos portos do Brasil 
ao comércio com o estrangeiro, tendo em vista beneficiar tanto o comércio como a agricultura, 
foi considerada como a "mais antiga e positiva demonstração do direito dos rurículas, no país, 
e de sua importância para o bem público” 1.
Outra grande etapa na história da propriedade rural foi a Lei n. 601, de 18 de setembro 
de 1850, regulada pelo Decreto n. 1.318, de 30 de janeiro de 1854. A finalidade dessa lei, que 
realmente assinala um grande marco, era a de definir o que se encontrava na propriedade ou 
na posse dos particulares e, mediante exclusão, determinar o que era de domínio público2.
Da Lei n. 601/50 ao atual Estatuto da Terra houve uma série de projetos e Códigos 
Rurais ou Códigos Agrários.
O primeiro projeto de Código Rural apresentado ao Congresso Nacional foi o do 
gaúcho Joaquim Luís Osório, em 1914. Posteriormente (1937), o mesmo Congresso recebeu 
outro projeto de Código Rural, este de autoria de Borges de Medeiros, também gaúcho, ambos 
os projetos tiveram o mérito de formular uma consciência do problema para ser regulado 
mediante um código especifico, mas não conseguiram se transformar em lei.
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Em 1951, foi criada uma Comissão Nacional de Política Agrária, com membros 
cuja investidura era gratuita. Surgiram diversos projetos sobre reforma agrária e loteamentos 
rurais. Foi também instituída a Superintendência da Política Agrária - Supra, decorrente da 
Lei Delegada n. 11, de 11 de outubro de 1962, disciplinada pelo Regulamento aprovado com 
o Decreto n. 1.878-A, de 13 de dezembro de 1962.
Milton Campos encaminhou ainda em 1963 um projeto sobre o Estatuto da Terra, 
rejeitado pela Câmara dos Deputados.
Mais tarde a Emenda Constitucional n. 10, de 09 de dezembro de 1964, modificando 
o art. 52, XV, a, da Constituição Federal de 1946, determinou a competência da União para 
legislar sobre direito agrário.
Diante desse desenvolvimento histórico, o interesse da questão agrária, ao final, 
motivou a Lei n. 4.504, de 30 de novembro de 1964, relativa ao Estatuto da Terra, com 128 
artigos, e que é a nossa lei agrária básica, especificando as diretrizes do relacionamento entre 
o homem e a terra, bem como protegendo ambos.
A respeito escreve Paulo Torminn Borges3 :
"Protege o homem, como sujeito da relação jurídica e destinatário das vantagens 
objetivadas pela lei. Protege a terra, porque ela é a matriz e a nutriz não só no presente 
como no futuro. Por isso ela precisa ser tratada com carinho, para que, na afoiteza, 
não se mate a galinha dos ovos de ouro”.
A expressão "Estatuto da Terra" foi bem empregada. Tal Estatuto corresponde a 
um verdadeiro Código Agrário, como diploma legislativo unitário, tendo por objetivo o uso 
apropriado da terra pelo homem em sua permanente atividade agrícola.
O Estatuto da Terra rege atualmente a matéria com diversas pequenas modificações, 
cabendo sobretudo fazer referência à nova lei agrária (Lei n. 8.629, de 24-2-1993).
APRECIAÇÃO SINTÉTICA DO CÓDIGO AGRÁRIO BRASILEIRO 
(O ESTATUTO DA TERRA)
O Código Agrário brasileiro tem o nome de Estatuto ela Terra - Lei n. 4.504, de 
30 de novembro de 1964, É composto de 128 artigos, alguns já alterados, e de uma rica 
legislação aditiva posteriormente editada.
O Estatuto da Terra trata de diversos temas, dentre eles, como tópicos principais, 
reforma agrária, terras públicas e particulares, distribuição de terras, financiamento da reforma 
3Institutos básicos do direito agrário, 6, ed. Saraiva, 1991, p. 14,
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agrária, sua execução e administração, zoneamento, cadastros, política de desenvolvimento 
rural, tributação da terra, rendimento da exploração, colonização, assistência e proteção à 
economia rural, mecanização agrícola, cooperativismo, eletrificação rural e obras de infra-
estrutura, seguro agrícola, uso e posse temporária da terra, arrendamento rural, parceria.
OS INSTITUTOS DO DIREITO AGRÁRIO BRASILEIRO DA CONSTITUIÇÃO DE 
1988.
Conceito de prédio rústico, segundo Plácido e Silva
É o prédio ou a propriedade imobiliária, situada no campo ou mesmo na cidade, que 
se destine à agricultura ou exploração agrícola, de qualquer natureza. (...) caracteriza-se pela 
natureza de seu uso ou utilização, não importando o local, em que se encontra. 
É rústico quando se destina à plantação ou a qualquer espécie de exploração agrícola. 
Assim é rústico o prédio ou o terreno situado no perímetro urbano de uma cidade, vila ou 
povoação, desde que seja destinada à cultura agrícola ou à plantação de qualquer coisa, como 
hortaliças, árvores frutíferas etc. Uma chácara ou uma herdade (propriedade rural destinada 
à cultura, ou imóvel herdado), dentro da cidade, caracteriza-se ou se mostra prédio rústico, 
enquanto uma casa de moradia, somente para moradia, fora do perímetro urbano ou no campo, 
é prédio rural ou suburbano, pois que não se destina à lavoura. 
Vulgarmente, prédio rústico é identificado como o próprio solo, ou seja, o terreno 
sem qualquer benfeitoria ou edificação.
Definições nas legislações sobre imóvel rural:
Artigo 4º, inciso I, do Estatuto da Terra. “é o prédio rústico, de área contínua, 
qualquer que seja a sua localização, que destine à exploração extrativa agrícola, pecuária 
ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa 
privada”.
Artigo 5º do Decreto n.º 55.891/65 (acrescenta a referida definição). “é o prédio 
rústico, de área contínua, qualquer que seja a sua localização em perímetros urbanos, 
suburbanos ou rurais dos municípios, que se destine à exploração extrativa agrícola, pecuária 
ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa 
privada”.
Artigo 93 do Decreto n.º 59.428/66 que trata do desmembramento de imóveis rurais 
também repete o anterior.
Obs.: os três conceitos que regulam a matéria agrária são relevantes, pois o que 
importa para caracterizar se um imóvel é rural não é a sua localização, mas sim sua destinação.
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Reforma Agrária.
Não é Reforma Agrária consistente apenas em entrega da terra a quem não a tem 
e a quer. Precisamos de Reforma Agrária acoplada à Política Agrícola, isto é, da Reforma 
Agrária Integral, única que responde aos anseios do homem sem terra e que corresponde ao 
ensinamento dos agraristas. O art. 187 da Constituição Federal acena-nos, aliás, com este 
entendimento.
A inclusão da propriedade produtiva entre as terras insuscetíveis de desapropriação 
para fins de Reforma Agrária, ao lado da pequena e da média propriedade rural, não deve 
dar motivo ao desencanto dos que lutam pela Reforma Agrária nem à euforia dos que se 
empenham contra ela.
A meu ver isto já estava no âmbito da legislação vigente antes da Constituição 
Federal, com outro nome: empresa rural. Não houve progresso nem regresso.
Reforma Agrária é o conjunto de medidas que visem a promover a melhor distribuição 
da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios 
de justiça social e ao aumento de produtividade (regulada pela Lei n.º 8.629/93). É necessária, 
portanto, para buscar a descentralização da propriedade rural, o aumento da produtividade e a 
boa fixação do camponês à região a quese vincula.
Logo, observa-se que difere da política agrária, visto que esta é um conjunto de 
providências de amparo à propriedade da terra que se destinem a orientar, no interesse da 
economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, 
seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do país.
O problema agrário na América latina – “deu-se em razão da preferência, pelos países 
de ocorreram reformas radicais e moderadas, aos minifúndios – pequenos lotes agrícolas, os 
quais são tanto combatidos pelos socialistas como pelos capitalistas”.
Assevera o autor que muitas vezes, por trás dos pequenos proprietários, ocultam-se 
grandes empresas. E mais, que na maioria das reformas agrárias realizadas não obtiveram 
o êxito, tendo em vista ter havido tão-somente a mera divisão de terras, daí, então, a sua 
falência, posto que, embora tenham recebido áreas para cultivo (24% x 7%usa), não houve 
aumento da produtividade (7% x 25%usa).
A reforma agrária nos Estados Unidos – para eles, a reforma “significa o melhoramento 
das instituições econômicas agrárias, ou seja, da propriedade da terra e do arrendamento, 
dos pagamentos por arrendamento; da proteção do solo e da renda, do crédito e do mercado 
agrário. Ademais, compreende a técnica agrária, os problemas físicos do arrendamento da 
terra, da conservação do solo, do aumento da produtividade e os problemas das indústrias 
rurais”.
Vê-se, portanto, que para eles a simples divisão das terras não resolve, uma vez que 
se torna necessário a conexão das referidas questões.
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Entretanto, a população rural deste país está em decrescendo (1974 era de 8%). Mas, 
como são inovadores, estão compensando tal declínio (hoje está em 3%, com 161 milhões de 
hectares de área cultivável) através da mecanização da agricultura e o uso de fertilizantes, os 
quais permitem, é patente, o aumento da produtividade e a exportação para o mundo.
A crítica ao reformismo agrário nos países democráticos – América Latina 
= esperança de milhões de camponeses x sua desilusão = devido a falta de tecnologia = 
idealizadas para estabelecer o minifúndio (socialistas dizem que a unidade familiar é rotineira 
e de possibilidades muito limitadas para o aumento da produtividade “produz para a casa e 
não para o mercado”), que eram na maioria das vezes as terras pobres e as de culturas pobres, 
como o milho. Assim, as terras de culturas ricas ficavam com as grandes empresas. Com 
efeito, fez culminar com o renascimento dos latifúndios.
Conclui-se que “é preciso alertar as consciências, a fim de poder planejar 
cientificamente o reformismo agrário. A reforma é indispensável, mas deve ser medida de 
acordo com os critérios científicos, e não com o sentimentalismo, para que tenha o necessário 
êxito e realmente ajude na emancipação do campesinato e no aumento da produtividade”.
REFORMA AGRÁRIA - *ARTIGO 43, §2º, ET.
A CF/88 fortaleceu a legislação ordinária, facilitando a sua aplicação.
1. A CF dispõe em seus artigos 184 a 186 sobre a RA;
*184 = disciplina a “desapropriação por interesse social ... fins de RA
 = mediante indenização “prévia e justa” em T.D.A....
 = benfeitorias necessárias e úteis em R$
 [ # ] omissão em relação as benfeitorias voluptuárias (dúvidas!!!)
 + LC n.º 76/93 não repete o texto constitucional (art. 12, §2º)
 + disciplina o processo da ação de desapropriação
*185 = IMÓVEIS INSUSCETÍVEIS DE SEREM DESAPROPRIADOS (ART. 185, 
DA CF/88)
 = LEI N. 8.629/93 (ART. 4º E 6º)
*186 = CONCEITUAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL (§1º, ARTIGO 2º, DO ET)
 = ART. 50, §5º, “A” E “B”, DO ET = refere-se ao grau de utilização da terra 
(GUT) e ao grau de eficiência na exploração (GEE) = Decreto N. 84.685/80, explica o que 
sejam os referidos graus (Conceituação De Empresa Rural)
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PROPRIEDADE FAMILIAR 
1. Conceito: “artigo 4º, inciso II, do Estatuto da Terra, com desdobramento no artigo 
6º, inciso I e artigos 11 a 23 do Decreto n.º 55.891, de 31 de março de 1965”.
2. Classificação da Propriedade Familiar: “imóvel rural trabalhado direta e 
pessoalmente pelo agricultor e sua família, podendo ser auxiliado por terceiro, 
campesino ou trabalhador rural, contudo, de forma eventual, isto é, no período da 
colheita ou com jornadas de trabalho definidas no artigo 20 do Decreto n.º 55.891/95” 
(artigo 8º do Decreto n.º 59.566/66 e artigo 2º, “b” e §2º, do Decreto n.º 84.685/80).
3. Propriedade Familiar, oferta concreta de oportunidade para o rurícola: “é um 
instrumento hábil no evitar a exploração do homem pelo homem”.
1. O conjunto familiar deve bastar à sua exploração;
2. Sendo propriedade de pequena extensão, o valor correspondente 
a põe ao alcance de um número maior de possíveis proprietários;
3. É a oferta concreta de oportunidade.
4. 4. Área da Propriedade Familiar: “ser do tamanho do módulo, 
segundo uma série de fatores: artigo 5º do Estatuto da Terra”.
 
MÓDULO RURAL
1. Conceito: “é a área de terra que, trabalhada direta e pessoalmente por uma 
família de composição média, com auxílio apenas eventual de terceiro, se revela necessária 
para a subsistência e ao mesmo tempo suficiente como sustentáculo ao progresso social e 
econômico”.
2. Fatores que condicionam a extensão de superfície, flexível e mutável: “Estatuto 
da Terra, artigo 5º”
- É encontrada, na ordem prática, de forma individualizada no Certificado de 
Cadastramento expedido pelo INCRA.
- Inexistente ou inespecificada a exploração, o módulo será de propriedade 
inexplorada ou de exploração indefinida.
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MINIFÚNDIO
1. CONCEITO: “artigo 4º, inciso IV, do ET”.
É o empobrecimento de forças vivas do País. É o engodo daqueles para quem o fato 
de ser proprietário significa independência.
2. MINIFUNDIÁRIO: “não é um homem independente, nem social, nem 
economicamente”.
Social: porque não há o oferecimento de plano previdenciário, ou, gratuitamente, 
em plano assistencial, sua família não obterá satisfatoriamente o direito a saúde, educação e 
lazeres.
Economicamente: não poderá adquirir as máquinas e aparelhos que a técnica nos 
oferece, para o trabalho, conforto e diversão, porque lhe faltará dinheiro.
Outros males: não contribuirá para aumentar o volume da produção nacional, 
ou, o volume de impostos arrecadados pelo Fisco, quais sejam: IR (não tem rendimentos 
suficientes); ICMS (pouco ou pouquíssimo); ITR (nenhum).
3. CORRIGIR O MINIFÚNDIO: trocá-lo pela propriedade familiar.
- É preciso que o minifundiário compreenda que não deve se contentar com o 
insuficiente.
- Além do Poder Público, os interessados devem participar de planos de correção, 
a fim de que o minifundiário deixe de ser um marginal no plano socioeconômico.
 
 
LATIFÚNDIO
1. HISTÓRICO. Procede do latim latifundium, palavra composta de latus (largo, 
espaçoso, amplo, grande) e fundus (imóvel rural, o fundo, o bem de raiz). O latifúndio tem 
dominado o país.
2. CONCEITO: “imóvel rural que possui área igual ou superior ao módulo e é 
mantido inexplorado, é explorado incorretamente ou tem dimensão incompatível com a justa 
distribuição da terra”.
3. Classificação:
Há dois tipos de latifúndio: a) o de extensão e b) por exploração (não exploração ou 
exploração incorreta). Este é caracterizado pelo mau uso da propriedade.
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Conselheiro José Tomás Nabuco de Araújo, pai de Joaquim Nabuco, escreveu 
o seguinte trecho de uma carta que faz parte do Diário e notas autobiográficas de André 
Rebouças: “A nossa propriedade rural está tão concentrada, tão mal dividida, tão mal 
distribuída que, neste vastoImpério, afora os sertões e os lugares incomunicáveis, não há 
terras para serem cultivadas pelos brasileiros e estrangeiros, que não têm outra esperança 
senão nas subdivisões tardias que a morte e as sucessões podem operar” (Revista Brasileira, 
fevereiro de 1897, p. 130)
 
 MAIS O QUE É E O QUE NÃO É?
Latifúndio É:
a) Qualquer imóvel rural de área igual à de um módulo, desde que mantido 
inexplorado, verdadeiro atentado à função social da terra;
b) Qualquer imóvel rural de área igual à de um módulo desde que, na exploração, 
não preencha as condições do art. 4, II, Estatuto da Terra e seja explorado 
incorretamente;
c) Qualquer imóvel rural de área superior à do módulo desde que inexplorado ou 
explorado incorretamente;
d) Qualquer imóvel rural de área superior a 600 vezes o módulo médio da 
propriedade rural ou 600 vezes a área dos imóveis rurais na respectiva zona, salvo as 
hipóteses do art. 4, §único, ET.
NÃO É: 
 
a) O imóvel rural com área igual ao módulo, não caracterizado como propriedade 
familiar, corretamente explorado; 
b) O imóvel rural com área superior ao módulo, não ultrapassando 600 vezes o 
módulo médio da propriedade rural, nem 600 vezes a área média dos imóveis rurais 
na respectiva zona, desde que explorado economicamente e racionalmente; 
c) O imóvel rural, qualquer que seja, a sua dimensão, cujas características 
recomendam, sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal 
racionalmente realizada, mediante planejamento adequado; 
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d) O imóvel rural, cujo objetivo de preservação florestal, ou outros recursos 
naturais, haja sido reconhecido oficialmente para fins de tombamento; e 
e) Evidentemente o minifúndio e a propriedade familiar.
 
EMPRESA RURAL
1. É um instrumento ideal para a consecução da arrancada desenvolvimentista. 
(tem como meta prioritária à produção).
2. Caracteriza-se: 
a) pela maneira de explorar a terra; 
b) pela destinação do produto obtido; 
c) pela extensão territorial do respectivo imóvel; 
d) pelo modo como são compensados os rurícolas que participam das atividades 
agrárias ali levadas a efeito.
3. Torminn entende que se trata do empreendimento de pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada que explore econômica e racionalmente imóvel rural, com o 
objetivo de produzir bens destinados ao consumo público, desde que a respectiva 
terra não tenha área inferior ao módulo, nem seja 600 vezes superior ao módulo da 
correspondente propriedade rural ou 600 vezes superior à área média dos imóveis 
rurais na respectiva zona, salvo, nestas duas últimas hipóteses, quando, embora de 
área maior, o imóvel, com prévia aprovação do INCRA, seja destinado à exploração 
florestal planejada. (definição analítica – montagem dos elementos contidos nos 
dispositivos legais. Crítica poderia ser sintética.
4. Para o referido doutrinador, a empresa rural parece ser instrumento de política 
agrícola e não de reforma agrária, motivo pelo qual entende ser um instrumento 
hábil, pois, sem dúvida, é a instituição que mais direta e rapidamente contribui para 
o enriquecimento nacional.
5. Lembrando, propriedade familiar é unidade de produção para o conjunto 
familiar. E empresa rural é unidade de produção para uma comunidade mais ampla, 
onde se associam terra, trabalho, capital e técnica, tudo dirigido organicamente a um 
fim econômico.
6. Tem a empresa rural natureza civil e depende de registro no INCRA. Contudo, 
se girar sob a forma de S/A, será comercial. 
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COOPERATIVISMO
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
•	 procura estimular o cooperativismo e outras formas de associação;
•	 entendem como fatores reais, aceleradores e multiplicadores que levam ao 
desenvolvimento que, por sua vez, valoriza o homem e aumenta a produtividade 
econômica.
Definição:
 
“são sociedades de pessoas que visam proporcionar bens e serviços aos seus 
membros, bem como associar tal finalidade com programas educacionais”.
Características:
•	 São sociedades de pessoas e não de capital;
•	 Cada associado tem apenas direito a um voto, mesmo tendo muitas cotas-partes;
•	 Participam da gestão da cooperativa, mediante assembléias periódicas (eleição 
e discussões dos problemas);
•	 O capital investido recebe tão-somente juros pequenos e módicos (distribuição 
das sobras líquidas anuais proporcional às operações de cada cooperado na 
sociedade, significando um retorno pro rata de operações);
•	 Previsão (programas educativos e sociais; assistência médico-hospitalar e 
técnico-profissional; e ensino para formação do homem).
Interessados:
“pequenos e médios empresários com ajuda mútua em algumas fases da produção, 
aquisição de máquinas, compra de adubos, sementes ou ainda no escoamento de produtos”.
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Conclusão:
“As sociedades cooperativas são consideradas como sociedades comerciais, por 
causa de sua destinação econômica”.
“Seu fim fundamental é a cooperação, mediante a qual ficam com as vantagens que 
terceiras pessoas conseguiriam, caso elas existissem”.
Há espécies de:
•	 coop. de produção (diminuir o custo);
•	 coop. de consumo (evitar intermediários para oferecer preços mais 
vantajosos) 
2. A CF dispõe em seus artigos 187 a 191 sobre a política de desenvolvimento 
agrário (ou Política Agrícola)
*187 = Elementos da Política de desenvolvimento
*188 = Dispõe sobre as terras públicas (terras desapropriadas) e devolutas (que é 
espécie de terras públicas), bem assim sobre as condições de alienação
*189 = o Homem, Mulher ou ambos beneficiários da RA receberão títulos de domínio 
ou de concessão de uso, com cláusula de inegociabilidade por dez anos
*190 = Aquisição e o arrendamento do imóvel rural por PF o PJ Estrangeira depende 
de autorização do INCRA (Lei n. 5.709/71 e Decreto n. 74.965/74 que disciplinam 
a matéria)
*191 = contemplação da usucapião especial ou “pro labore”, disciplinado pela Lei n. 
6.969/81, entretanto, derrogando-o sobre terras devolutas (art. 2º)
 = artigo 1.228, §§4º e 5º, do Código Civil.
3. A finalidade geral é social e os seus princípios e institutos tendem a dois 
grandes objetivos:
4. A produção de bens vitais e de matérias-primas;
5. Propiciar condições de bem-estar e de progresso social e econômico àqueles 
que exercem a atividade agrária;
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Que se efetivará com a proteção dos direitos individuais e a definição das obrigações 
individuais dos que exercem a atividade agrária, de forma que esses direitos e obrigações 
se coadunem com o bem comum (interesse social)
A Constituição Federal de 1988. Paira no ar uma indagação: a Constituição brasileira 
de 1988 é retrógrada, é conservadora ou é progressista?
Retrógrada parece-me não ser. Digo-a parcialmente progressista, parcialmente 
conservadora. E esta postura está correta, porque uma nova Constituição não significa destruir 
todo o passado e erguer um edifício em que tudo seja diferente de nossa herança cultural.
Limitando-nos aos institutos do direito agrário, afrontados pela Constituinte de 1988, 
aí encontramos avanços significativos e um que outro tópico nitidamente estacionário, talvez 
até com algum retrocesso, mas insignificante.
Há, é verdade, algumas manchas e algumas passagens pouco didáticas, mas, de 
minha parte, admito que o conjunto é bom.
Em direito agrário a propriedade e a posse da terra agricultável são os dois mais 
importantes institutos, porque básicos.
O direito de propriedade continua garantindo no art. 5°, XXII, como, aliás, vem 
sendo feito em todas as Constituições anteriores: na Imperial e nas cinco Constituições 
republicanas, anteriores à de 1988.
Mas, como vemacontecendo em cada Constituição, relativamente às anteriores, 
principalmente a partir da Constituição de 1934, cada vez se vincula mais este direito de 
propriedade ao império do elemento social.
Senão vejamos. Para que a propriedade privada se compatibilize com a justiça social, 
exige-se dela que cumpra a sua função social.
A Constituição anterior fazia esta mesma exigência, mas não definia em que consiste 
a função social da propriedade. Este encargo foi desincumbido pelo art. 2°, § 1°, do Estatuto 
da Terra. Podemos orgulhar-nos de sermos o segundo país a definir em que consiste a função 
social da propriedade.
A Carta de 1988 imprimiu maior autoridade aos parâmetros da função social, quando 
se trata de propriedade rural, exigindo-lhe os seguintes requisitos: 
“ Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente , segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes 
requisitos.
I-aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente;
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III-observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV-exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”.
O Estatuto da Terra, em seu art. 2°, § 1°, a , diz “dos proprietários e dos trabalhadores 
que nela labutam, assim como de duas famílias”.
A pequena propriedade rural mereceu uma série de benefícios e vantagens. 
Psicotrópicos.
Adicionalmente veio para o seio de nosso Estatuto Político, preceito da maior 
importância, estabelecendo nítido divórcio entre o lícito e o ilícito. 
O art. 243 determina que sejam imediatamente expropriadas, sem qualquer 
indenização, as glebas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. Estas 
terras, arrebatadas aos maus proprietário, servirão para assentamento de colonos, a fim de 
nelas se cultivarem produtos alimentícios e medicamentosos.
Outras sanções podem ser previstas em lei, sem ficarem prejudicadas por não terem 
sido indenizadas as terras expropriadas. 
Num momento em que os países tanto se preocupam com tal problema, é altamente 
salutar este preceito de nossa Constituição. 
Revisão das alienações de terra públicas.
Outro fato absolutamente novo: a Carta Magna determina que, no prazo de três anos, 
sejam revistas todas as doações, venda e concessões de terras públicas com área superior a 
3.000 hectares, no período de 1° de janeiro de 1962 a 31 de dezembro de 1987 (SIDT).
É de se estranhar a fixação da área de 3.000 hectares, a partir de janeiro de 1962, 
quando até a vigência da Emenda Constitucional n. 10, de 9 de novembro de 1964, era possível 
a alienação de terras públicas em áreas de até 10.000 hectares.
Na revisão assim preconizada, comprovada a ilegalidade, ou havendo interesse 
público, as terras reverterão ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos 
Municípios (Disposições Transitórias, art. 51. § 3°).
Vêem os senhores que é esta uma determinação de suma importância. Não estou 
muito certo, porém, que ela seja cumprida, e, se o for, fica-me parecendo que não o será a 
rigor, como acontece com as terras onde se plantam psicotrópicos.
Vamos a um exemplo. Desde a citada Emenda Constitucional n. 10, de 1964, até a 
atual Constituição, não era permitida a alienação ou concessão de terras públicas, com área 
superior a 3.000 hectares, sem prévia autorização do Senado Federal, salvo para execução de 
planos de reforma agrária (CF de 1969, art. 171, parágrafo único).
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A lei, porém, era burlada mediante expediente visível a olho nu: o marido adquiria 
2.500 hectares e a mulher, outros 2.000 hectares; sendo casados pelo regime da comunhão 
universal de bens, como era regra até a Lei n. 6.515, de 26 de dezembro de 1977 (Lei do 
Divórcio), o patrimônio do casal adquiria, assim, mais de 3.000 hectares.
No meu entender, este seria um caso de típica ilegalidade, apanhado pelo art. 51 das 
Disposições Transitórias da atual Constituição.
Justiça Agrária.
Considero, porém, péssimo que a Constituição não tenha instituído a Justiça Agrária. 
Isto de Varas especializadas ou entrâncias especiais, “com competência exclusiva para 
questões agrárias” (CF, art. 126), é engodo. Não resolve nem ajuda. Precisamos isto sim, 
é de juízes especializados, isto é, juízes com cabeça de agraristas, juízes com mentalidade 
agrarista.
Mentalidade Agrarista.
Como é que um juiz com formação de civilista poderá resolver bem um conflito em 
torno, por exemplo, de um contrato agrário?
O civilista trata as partes como iguais e leva em altíssima consideração sua 
manifestação de vontade. O agrarista recorre a estes subsídios, mas terá em vista que o débil 
econômico merece tratamento especial, e terá em conta, igualmente, que a terra é o objeto 
nobre, a ser tratado com carinho, a fim de ficarem preservados os recursos naturais renováveis, 
para proveito contínuo da geração presente, e, indefinidamente, das gerações futuras.
A improvisação compromete o desempenho da autoridade. A competência que se 
exige das pessoas para tratarem de certos assuntos não equivale a cultura geral, exige as vezes 
conhecimentos especializados. Até o exercício profissional hoje está a exigir especialização. 
A clínica geral, na área da medicina, e a Advocacia-Geral, em nossa área, já não satisfazem 
completamente.
Quem trata de meu olho é o médico oftalmologista, de meu coração é o cardiologista. 
O bom defensor no júri é o criminalista, na falência ou no concurso de credores, o comercialista.
Magistrado que resolverá melhor os litígios sobre relações jurídicas agrárias será, 
indubitavelmente, o agrarista.
É lógico que não basta ser agrarista para ser um bom juiz nos conflitos deste setor, 
mas é necessário, basicamente, que tenha ele mensalidade de agrarista.
Permito-me recorrer a um exemplo de que sirvo constantemente; mas a repetição 
justificar-se pela clareza do exemplo.
Em meus cursos, por aí, costumo perguntar: a lei nova pode ter feito retroativo?
Logo alguns mais afoitos respondem: sim, se for para beneficiar.
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A resposta estaria certa se fosse em aula de direito penal, mas em direito agrário 
estaria errada. Competia-lhes dizer que sim, se não ferisse o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido, a coisa julgada.
Isto não significa que basta conhecer temas da especialidade. Como disse Pontes de 
Miranda, o especialista que só conhece sua especialidade não na conhece satisfatoriamente. 
No mundo do direito é preciso conhecer toda a ciência jurídica em seus institutos básicos e 
comuns aos outros ramos do direito, embora a profundidade seja procurada na especialidade.
Usucapião agrário.
Um artigo que mereceu aceso interesse em Seminário realizado em Fortaleza foi o 
191, bem como seu parágrafo único. Aliás, principalmente seu parágrafo único.
O usucapião agrário, inicialmente denominado usucapião constitucional ou usucapião 
pro labore, não é novidade entre nós, pois que o tivemos nas Constituições Federais de 1932, 
1937 e 1946, bem como na Emenda Constitucional n. 10, de 1964. Não esteve na Constituição 
de 1967 nem na Emenda Constitucional n. 1, de 1969, porque colocado no Estatuto da Terra 
(art. 98) e, posteriormente, na Lei n. 6. 969/ 81.
Volta ele agora na Constituição Federal de 1988, com imagens duas vezes pioradas. 
A princípio a área permitida era de até 10 hectares (1934 e 1937), passando a 25 hectares em 
1946, à área do módulo rural, não excedente de 100 hectares, em 1964, e à área do módulo, 
sem limitação de hectares, no Estatuto da Terra; voltou a 25 hectares, podendo estender-se 
até a área do módulo da propriedade pela Lei n.6. 969/81, e, agora, é fixada em área máxima 
de 50 hectares.
Isto é o resultado de lei feita por conglomerado de técnicos e não-técnicos.
O direito agrário combate o latifundiário e o minifúndio, pelos males que cada qual 
causa à comunidade ou ao proprietário.
O módulo rural, em suas diversas espécies e regiões, vão de 2 a 120 hectares. Se o 
usucapião agrário não pode incidir sobre área superior a 50 hectares, como se fará quando 
o prédio, tomadas suas diversas condições, tiver módulo com área superior? (implicações 
piores do que a declaração do IR).
Ou se nega legitimidade à pretensão de usucapir pelo possuidor ou se lhe confere 
apena um pedaço do módulo, isto é, cria-se, no reino da dominialidade, um novo minifúndio. 
Isto, aliás, seria um contra-senso, pois que a fração mínima de parcelamento varia de 2 a 35 
hectares.
Mas, neste caso, o possuidor tem que adequar sua atividade a um módulo compatível 
com a respectiva fração mínima de parcelamento. Isto equivale a mudar de ramo no negócio. 
De qualquer maneira, área menor que 50 hectares não seriam suscetível de usucapião agrário, 
um usucapião especial.
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Imóveis Públicos.
Usucapião. O segundo aspecto menos feliz do art. 191 está em seu parágrafo único.
Função do intérprete é adequar a lei, em sua execução, à realização do bem comum 
e à realização dos fins sociais a que ela se propõe (LIND, art. 5°).
Na espécie em tela seria ótimo que não houvesse parágrafo naquele artigo da 
Constituição. É constante a noção de que não há usucapião em imóveis públicos, salvo o 
usucapião agrário, quando se trata de terras devolutas.
A redação daquele parágrafo, porém, não nos permite inserir nem mesmo esta 
exceção. A redação do art. 191, parágrafo único, que trata de imóvel rural, é idêntica à do art. 
183, § 3°, que trata de imóvel urbano, onde não há terras devolutas.
Podemos e devemos dar à lei, seja ela qual for, a interpretação mais condizente 
com anseios sociais, mais isto quando o texto nos permite, através do mecanismo normal de 
interpretação: análise gramatical, análise lógica, análise sistemática, análise sociológica.
Não podemos, porém, violentar o texto, principalmente quando se trata da 
Constituição. 
Talvez haja uma saída: uma lei complementar, sob o pálio de que o texto constitucional 
é confuso.
Até lá seria temerário caminhar para o usucapião agrário de terras devolutas.
E é uma pensa, porque o usucapião agrário forma pequenas propriedades, tipo 
propriedade familiar.
Não que eu considere o ótimo como sendo a pequena propriedade rural. Ela é 
boa porque dá mais oportunidade ao rurícola inserido na classe dos débeis econômicos, 
oferecendo-lhe ocasião de fortalecer-se social e economicamente.
A propriedade maior também pode ser boa, dependendo do uso que dela se faça e do 
proveito que ela assegure a seu proprietário e a todos que nela labutam, com suas famílias.
A terra é meio, não é fim. O importante não é ter terra, o importante é dela utilizar-se 
segundo sua vocação.
Por isto sou contra o minifúndio, porque ele representa o egoísmo e é um atentado 
aos milhões de pessoas que morrem de fome, anualmente, no mundo inteiro.
Latifúndio, em minha concepção pessoal, não é a propriedade rural grande, extensa; 
é o imóvel rural, qualquer que seja seu tamanho, igual ou além de um módulo, mantido 
enexplorado ou mal explorado, de maneira que poderíamos chamar de exploração predatória 
(não obstante os arts. 4° e 46 do Estatuto da Terra).
Propriedade Produtiva.
Por isso estou de acordo com a Constituição Federal, art. 185, II, quando se subtrai 
à desapropriação para fins de Reforma Agrária a propriedade rural produtiva. Principalmente 
em um país onde há tanta terra improdutiva no domínio privado.
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É necessário, porém, que fizemos o conceito de imóvel produtivo, para evitar a burla 
e também para não nos deixarmos emaranhar pelo mito faccioso da produtividade.
Há uma tendência, fora dos meios agraristas, de colocar a produtividade como 
elemento principal na Reforma Agrária e no direito agrário.
Não o é. 
Principalmente é o homem. É a sua proteção. É o seu engrandecimento. 
Engrandecimento social e econômico. É a libertação da miséria e da fome. É o nivelamento 
de oportunidade para quem queira trabalhar, trabalhar ordenadamente, com amor. É o respeito 
à dignidade intrínseca do homem, ser racional, feito à imagem e semelhança de Deus.
Precisamos evitar erros grosseiros nas instituições.
Sem exagerarmos a importância do que achamos de produtividade, não devemos, 
entretanto, esquecê-la, desprezá-la ou dar-lhe valor menor do que tem.
Devido ao avanço das urbanizações e dos desertos, bem como ao aumento torrencial 
da população no mundo todo, temos que tornar a terra apta cada vez mais produtiva, para a 
geração presente e para as gerações futuras, tornar em produtividade a terra que podendo sê-
lo, não o é, devido ao desinteresse ou incompetência do proprietário. Isto se faz substituindo o 
incompetente pelo que se presuma ser competente. Tal se consegue, mormente pela Reforma 
Agrária.
Títulos inegociáveis.
Quanto ao que dispõe o art. 189, definido como inegociáveis pelo prazo de dez anos 
os títulos de domínio distribuídos pela Reforma Agrária, é necessário mecanismo que lhe 
evite a burla. Creio que a lei deve impor à espécie o mesmo que se vê no art. 15 da Lei n. 5. 
709, de 7 de outubro de 1971:
“Art. 15 - A aquisição de imóvel rural, que viole as prescrições desta Lei, é nula de 
pleno direito. O tabelião que lavrar a escritura e o oficial de registro que a transcrever 
responderão civilmente pelos danos que causarem aos contratantes, sem prejuízo da 
responsabilidade criminal por prevaricação ou falsidade ideológica. O alienante está 
obrigado a restituir ao adquirente o preço do imóvel”.
Sem escritura e, principalmente, sem registro, é muitíssimo mais difícil que alguém 
ouse adquirir em mãos do parceleiro o imóvel advindo de Reforma Agrária, sujeitando-se a 
esperar dez anos para receber escritura e registrá-la.
Ademais, o Poder Público deveria criar mecanismos de fiscalização para o fato.
Considero também como melhoria o § 3° do art. 184 da Constituição, assim expresso:
“Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma 
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e 
justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor 
real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, 
e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º -----------------------------------------
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§ 2º ----------------------------------------- § 3º - Cabe à lei complementar estabelecer 
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de 
desapropriação”.
Desapropriação.
Procedimento contraditório, é o mínimo que se pode oferecer a quem tem suas 
pretensões jurídicas negadas em juízo.
Ora, proprietário é aquele que tem o imóvel registrado em seu nome. É esta a 
presunção, segundo se vê do art. 859 do Código Civil.
É uma presunção destrutível, presunção juris tantum, mas prevalecerá até prova em 
contrário.
O Poder desapropriante não quer negar esta titularidade, ou pelo menos não é este o 
objetivo principal da ação expropriatória. O que ele que é arrebatar a propriedade. Para tanto 
não é aceitável que o faça com a violência estampada no Decreto-lei n. 554, de 25 de abril de 
1969 (hoje, revogado pela Lei Complementar n. 76/93, que por sua vez foi alterada pela Lei 
Complementar n. 88/96), pelo qual o proprietário só fica sabendo da intenção do expropriante 
quando já não é proprietário nem possuidor.Igualmente se exige no assunto procedimento rápido, especial e sumário.
Indígenas.
Desde a Lei n. 601, de 1850, e o Decreto n. 218, de 1854, que a legislação brasileira 
tem preocupação com as terra tradicionalmente ocupadas pelos indígenas.
Creio que a atual Constituição Federal foi mais explícita nesta matéria, relativamente 
às Constituições anteriores, salvo a Emenda Constitucional n. 1, de 1969, declarando nulos 
e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o 
domínio e a posse das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Esta é a síntese do art. 231, § 6°, das Disposições Transitórias da Constituição 
Federal, ou melhor, sua parte principal.
A meu ver, isto significa que param os efeitos jurídicos de uma terra declarada como 
tal. Ressalva-se, apenas e tão-somente, o direito a indenização pelas benfeitorias derivadas 
da ocupação de boa fé.
Admito, porém, que poderá perfeitamente ser discutida a afirmação de que 
determinado trecho de terra seja tradicionalmente ocupado pelos índios.
Se tal não fosse possível, seria muito fácil ao Poder Público declarar que tal ou qual 
área é tradicionalmente ocupada pelos índios.
Essa tradicionalidade exige continuidade viva, não apenas histórica, sob pena de 
se ver amanhã sustentada a pretensão de que todo o território brasileiro pertence aos índios. 
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Seria maneira fácil de desapropriar sem indenização. Quando o Poder Público quisesse burlar 
a lei, em vez de definir a área como reservada (Estatuto do Índio, art. 26, parágrafo único: 
Reserva indígena, Parque indígena, Colônia agrícola indígena), di-la-ia tradicionalmente 
ocupada pelos índios.
Com efeito, se não se trata de terra tradicionalmente ocupada pelos índios, a União 
pode transformá-la em Reserva indígena, Parque indígena, Parque indígena ou em Colônia 
agrícola indígena, mas pagando seu valor, e não apenas o valor das benfeitorias ditas 
construídas de boa fé. Esse pagamento, se as terras forem particulares, não pertencentes ao 
Poder Público Federal.
Pobreza.
Finalmente, como último tópico deste trabalho, aqui, há nobres propósitos anunciados 
pela Constituição Federal de 1988, dentre os quais destaco como objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil:
-erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais 
(art. 3°, III);
-assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (art. 170).
É evidente que trouxe aqui apenas um átimo das coisas importantes no texto 
constitucional.
Falo como agrarista convicto de que, todos nós, uns mais, outros menos, estamos 
contribuindo para a melhporia de condições de vida, não de uma classe social, mas de toda a 
humanidade.
Enganam-se os que pensam que os agraristas lutam apenas em prol dos débeis 
econômicos.
Absolutamente, não. Lutamos para o bem-estar e a sobrevivência de todos, embora 
tenhamos cuidados especiais voltados para os sem-terra e para os hipossuficientes. Também 
temos cuidados em relação à terra e aos recursos naturais que a enriquecem.
 Estamos pensando no homem presente e no homem futuro. Em seu engrandecimento 
social e econômico.
Parodiando um filósofo-economista, pouco nos importa se um homem ou alguns 
homens tenham demais; o que nos sensibiliza é que existem homens que têm de menos. O 
que nos sensibiliza é que a terra depredada não servirá aos homens do futuro. É que não se 
faça justiça social.
Repetimos Alberto Ballarin Marcila: “Enquanto o jurista tradicional é, antes de tudo, 
um intérprete da norma estabelecida, que trata de completar, apoiando-se nela, um sistema 
dado, o novo agrarista preocupa-se em construir. Aquele é um auxiliar do juiz, por quem é 
chamado à aplicação do Direito. O que deve mudar a lei para adaptá-la às novas exigências da 
sociedade. Esta última é, pois, uma atividade pré-legislativa que também poderíamos chamar 
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reformista” (Derecho agrário y política agrícola, Madrid).”
O DIREITO AGRÁRIO BRASILEIRO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E NA 
LEI N. 8.629/93.
A Constituição brasileira de 1988 apresenta-se progressista no plano agrário, porém 
com traços conservadores devido à herança cultural do País. Os institutos básicos do direito 
agrário	―o	direito	 de	 propriedade	 e	 a	 posse	 da	 terra	 agricultável	―	 são	 disciplinados;	 o	
direito de propriedade tradicionalmente contemplado em nosso regime constitucional, na 
atual Carta é garantido no art. 5°, XXII.
Procura a atual Constituição compatibilizar a propriedade com a função social, para 
melhor promover a justiça comunitária.
O texto da Lei Maior distingue a política agrária e fundiária diante da reforma agrária. 
Permite à União desapropriar por interesse social o imóvel rural que não esteja cumprindo a 
função social prevista no art. 9° da Lei n. 8.629/93, mediante prévia e justa indenização em 
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação de seu valor real, resgatáveis no prazo 
de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, 
observando os critérios estabelecidos nos incisos I a V, § 3°, do art. 5° da Lei n. 8.629/93. 
Entretanto as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro (Lei n. 8.629/93, 
art. 5°, § 1°).
O Decreto que declarar o imóvel rural como de interesse social, para efeito de 
reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. O processo judicial de 
desapropriação será definido em lei complementar, estabelecendo contraditório especial. As 
operações de transferência ao beneficiário do programa serão isentas de impostos federais, 
estaduais e municipais (Lei n. 8.629/93, art. 26).
Determinamos tipos de propriedades formam um núcleo inacessível à reforma agrária, 
sendo,	potanto,	insuscetíveis	de	desapropriação,	a	saber:	I	―	a	pequena	e	média	propriedade	
rural,	desde	que	o	seu	proprietário	não	possua	outra;	II	―	a	propriedade	produtiva.
Para os efeitos da Lei n. 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, considera-se:
1)	 Pequena	 propriedade	―	 o	 imóvel	 rural	 de	 área	 compreendida	 entre	 1	 e	 4	
módulos fiscais;
2)	 Média	propriedade	―	o	imóvel	rural	de	área	superior	a	4	e	até	15	módulos	
fiscais.
Quanto à propriedade produtiva, é aquela que, “explorada econômica e racionalmente, 
atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo 
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índices fixados pelo órgão federal competente”( v. art. 6°, parágrafos e incisos da Lei n. 
8.629, de 25-2-1993).
É de relembar que a Constituição de 1988 emprestou maior autoridade aos parâmetros 
da função social da propriedade, exigindo os seguinte requisitos:
	I	―	aproveitamento	racional	e	adequado;	
II	―	utilização	adequada	dos	recursos	naturais	disponíveis	e	preservação	do	meio	
ambiente; 
III	―	observância	das	disposições	que	regulam	as	relações	de	trabalho;
IV	―	exploração	que	favoreça	o	bem-estar	dos	proprietários	e	trabalhadores.
Procurou assim ampliar a esfera influência do direito ecológico, protegendo o 
ambiente, o que é indispensável diante da devastação florestal que ocorre no Brasil, sobretudo 
na Amazônia.
A política agrícola deve ser planejada e executada na forma da lei, exigindo 
a participação efetiva do setor de procução, envolvendo simultaneamente produtores 
e trabalhadores rurais, bem como os setores de comercialização, de armazenamento e de 
transporte. 
Deverá levar em conta sobretudo: 
I	―	os	instrumentos	creditícios	e	fiscais;	
II	―	os	preços	compatíveis	com	os	custos	de	produção	e	a	garantia	de	comercialização;	
III	―	o	incentivo	à	pesquisa	e	à	tecnologia;	
IV	―	a	assistência	técnica	e	a	extensão	rural;	
V	―o	seguro	agrícola;	
VI	―	o	cooperativismo;	
VII	―	a	eletrificação	rural	e	a	irrigação;	
VIII	―	a	habitação	para	o	trabalhador	rural.
Outro tema importante é o preceito sobre os psicotrópicos; estabelece-se a distinção 
entre o lícito e o ilícito. O art. 243 da Lei Magna preceitua que sejam imediatamente 
expropriadas as terras onde se localizem culturas ilegais de plantas psicotrópicas, porém sem 
qualquer indenização. Tais glebas de terras serão utilizadas pasa assentamento de colonos.
Quanto às terras públicas, a Constituição determina que, no prazo de 1 triênio, sejam 
revistas todas as doações, vendas e concessões de terras púbicas, com área superior a 3.000 
hectares, no período compreendido entre 1° de janeiro de 1962 e 31 de dezembro de 1987. As 
terras reverterão ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios 
(ADCT, art. 51).
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Dispõe a Lei n.8.629/93: 
“Art. 13. As terras rurais de domínio da União, dos Estados e dos Municípios ficam 
destinadas, preferencialmente, à execução de planos de reforma agrária”.
Parágrafo único. “Excetuando-se as reservas indígenas e os parques, somente se 
admitirá a existência de imóveis rurais de propriedade pública, com objetivos diversos 
dos previstos neste artigo, se o poder público os explorar direta ou indiretamente 
para pesquisa, experimentação, demonstração e fomento de atividades relativas ao 
desenvolvimento da agricultura, pecuária, preservação ecológica, áreas de segurança, 
treinamento militar, educação de todo tipo, readequação social e defesa nacional.”
Infelizmente não foi contemplada a justiça agrária. O País precisa é de juízer 
especializados, com mentalidade agrarista, não simplesmente de civilistas.
Imóveis públicos não poderão ser adquiridos por usucapião. Sempre dominou a 
opinião de que não existe usucapião em imóveis públicos, salvo caso de usucapião agrário, 
incidindo sobre terras devolutas, o que constitui uma exceção. Contudo a redação do parágrafo 
único do art. 191 elimina tal exceção.
Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão o 
título de propriedade ou de concessão de uso, que são inegociáveis pelo prazo de 10 anos, 
podendo tais títulos ser objetos de conferencia ao homem ou às mulheres.
Enfim a lei regulará e limitará a aquisição ou arrendamento da propriedade rural por 
pessoa física ou jurídica estrangeira, estabelecendo casos que independerão de autorização de 
autorização do Congresso Nacional.

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