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Matéria Direito Civil IV

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INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES.
Obrigatoriedade dos contratos.
- De acordo com o princípio pacta sunt servanda, os contratos devem ser cumpridos. A vontade, uma vez manifestada, obriga o contratante. Esse princípio significa que o contrato faz lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo judiciário. Destina-se também a dar segurança aos negócios em geral.
- Opõem-se a ele o princípio da revisão dos contratos ou onerosidade excessiva, baseado na cláusula rebus sic stantibus e na teoria da imprevisão e que autoriza o recurso ao Poder Judiciário para se pleitear a revisão dos contratos, ante a ocorrência de fatos extraordinários e imprevisíveis (CC, art. 478).
- A matéria ora em estudo trata do inadimplemento das obrigações, ou seja, da exceção que é ou não cumprimento da obrigação. Este pode decorrer de ato culposo do devedor ou de fato a ele não imputável.
- Em regra, as obrigações são cumpridas, mas nem sempre assim sucede. Nesses casos diz-se que a obrigação não foi cumprida. Só há não cumprimento quando, não tendo sido extinta a obrigação por outra causa, a prestação debitória não é efetuada, nem pelo devedor nem por terceiro.
- Quando a inexecução da obrigação deriva de culpa do devedor, diz-se que a hipótese é de inadimplemento culposo, dando direito ao credor de acionar a justiça. Quando a inexecução decorre de fato não imputável ao devedor, configura-se inadimplemento fortuito da obrigação (CC, art. 393). 
- O inadimplemento da obrigação pode ser absoluto e relativo. É absoluto quando a obrigação não foi cumprida nem poderá sê-lo de forma útil ao credor (CC, art. 389). O inadimplemento é relativo no caso de mora do devedor, ou seja, quando ocorre cumprimento imperfeito da obrigação, com inobservância do tempo, lugar e forma convencionados (CC, art. 394). A prestação ainda é útil ao credor.
- A atualização monetária não constitui nenhum acréscimo ou plus, mas apenas uma forma de evitar a desvalorização da moeda pela inflação. O seu pagamento se faz necessário para evitar o enriquecimento sem causa do devedor.
- Qualquer que seja a prestação prometida (dar, fazer ou não fazer), o dever está obrigado a cumpri-la, tendo o credor o direito de receber exatamente o bem, serviço ou valor estipulado na convenção, não sendo obrigado a receber coisa diversa, ainda que mais valiosa (CC, art. 313).
Da mora.
- Conceito: É o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação (CC, art. 394).
Mora e Inadimplemento Absoluto.
- Diz-se que há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados ou estabelecidos pela lei, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor. Ainda interessa a este receber a prestação, acrescida dos juros, atualização dos valores monetários, cláusula penal etc.
- Se, no entanto, a prestação, por causa do retardamento, ou do imperfeito cumprimento, torna-se “inútil ao credor”, a hipótese será de inadimplemento absoluto.
Espécies de Mora.
- Há duas espécies de mora, do devedor (solvendi ou debitoris) e do credor (accipiendi ou creditoris).
Mora do devedor (mora debitoris ou mora de pagar).
- Configura-se mora do devedor quando se dá o descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por parte deste, por causa a ele imputável. Pode ser de duas espécies: Mora Ex Re e Mora Ex Persona.
- Configura Mora Ex Re quando o devedor nela incorre sem necessidade de qualquer ação por parte do credor, pois já a termo (data) pré-fixado.
- Não havendo termo, ou seja, data estipulada, a mora se constitui mediante comunicação judicial ou extrajudicial. Trata-se de Mora Ex Persona, que depende de providência do credor.
- Efeitos: O devedor é responsável por todos os prejuízos causados ao credor, conforme CC, art. 395.
Requisitos.
- Exigibilidade da prestação, ou seja, o vencimento de dívida líquida e certa. É necessário que a prestação não tenha sido realizada no tempo e modo devidos, mas ainda possa ser efetuada com proveito para o credor.
- Inexecução culposa (por fato imputável ao devedor). Não basta, portanto, o fato do não cumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação. Essencial à mora é que haja culpa do devedor no atraso do cumprimento (CC, art. 396).
- Constituição em mora. Esse requisito somente se apresenta quando se trata de mora ex persona, sendo dispensável e desnecessário se for ex re, pois o dia do vencimento já interpela o devedor.
Efeitos.
- Responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor (CC, art. 395 e seu parágrafo único).
- Perpetuação da obrigação (CC, art. 399), pela qual responde o devedor moroso pela impossibilidade da prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou de força maior.
Mora do Credor (Mora accipiendi ou mora de receber).
- Configura-se a mora do credor quando ele se recusa a receber o pagamento no tempo e lugar indicados no título constitutivo da obrigação ou quando exigir prestação diversa da estabelecida. Decorre da falta de cooperação com o devedor, para que o adimplemento possa ser feito de modo como a lei ou a convenção estabelecer (CC, art. 394).
- Alguns pressupostos devem estar presentes para a caracterização da mora do credor:
	a) Vencimento da obrigação, pois antes disso a prestação não é exigível, e, em consequência, o devedor não pode ser liberado (CC, art. 133 e CDC, art. 52, § 2º);
	b) Oferta da prestação pelo devedor, reveladora do efetivo propósito de satisfazer a obrigação;
	c) Recusa injustificada em receber. Não basta somente a recusa. Para que o credor incorra em mora é necessário que ela seja objetivamente injustificada (CC, art. 355, I); e
	d) Consignação em pagamento (CC, art. 337 e 400).
- Mora de ambos: Quando as moras são simultâneas, uma elimina a outra, pela compensação. As situações permanecem como se nenhuma das duas partes houvesse incorrido em mora. Se ambas nela incidem, nenhum pode exigir da outra perdas e danos.
Purgação e cessação da mora.
- Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana a sua falta, cumprindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte. Entretanto, somente é possível, se a prestação for útil ao credor (CC, art. 401).
- A cessação da mora decorre da extinção da obrigação, como por exemplo, prescrição; anistia etc.
- Observação: Em ambos os casos (Inadimplemento absoluto e relativo), a consequência será a mesma, ou seja, o contratante culpado deve indenizar o contratante inocente por todos os prejuízos causados. Somente é possível quando ocorrer “culpa”.
Perdas e danos.
- Conceito: O inadimplemento do contrato causa, em regra, dano ao contratante inocente ou pontual. O dano pode ser material, por atingir o patrimônio do lesado, ou simplesmente moral, ou seja, afetando o psíquico da vítima.
- Portanto, dano é toda desvantagem que experimentamos em nossos bem jurídicos (Patrimônio, corpo, vida, saúde, honra, crédito, bem estar, etc).
Dano emergente e Lucro cessante.
- Indenizar, conforme o CC, art. 402 – Pagar um dano emergente e o lucro cessante.
- Dano emergente é o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima. Exemplo: O que o dono de um veículo danificado por outrem desembolsa para consertá-lo.
- Lucro cessante é a frustração da expectativa do lucro. É a perda de uma renda ou de um ganho esperado. Exemplo: Ônibus que sofreu acidente, e a empresa deixou de lucrar devido o problema com o mesmo.
Juros.
Conceito: Juros são os rendimentos do capital. Representam o pagamento pela utilização de capital alheio. Integram a classe das coisas acessórias (CC, art. 95).
- Assim como o aluguel constitui o preço correspondente ao uso da coisa no contrato de locação, representam os juros a renda de determinado capital. Juro é o preço do uso do capital.
- Espécies:
a) Juros compensatórios (remuneratórios), também chamados de remuneratórios, são os devidos como compensação pela utilização de capital pertencente a outrem. Resultam de uma utilização consentida de capital alheio. Lei 22.626/33 (Leide usura) -> Quando banco ou financeira não há limites de juros (Regra do mercado). Quando for uma pessoa no máximo 1% ao mês.
b) Juros moratórios são os incidentes em caso de retardamento de sua restituição ou de descumprimento de obrigação. Art. 406, CC + Art. 161, CTN (Código Tributário Nacional) -> No máximo 1% ao mês.
c) Os juros convencionais são ajustados pelas partes, de comum acordo. Resultam, pois, de convenção por elas celebradas. Os juros legais são previstos ou impostos pela lei.
d) Os juros também podem ser simples ou compostos: Os juros simples são sempre calculados sobre o capital inicial. Os compostos são capitalizados mensalmente ou anualmente. Calculando-se juros sobre juros, ou seja, os que forem computados passarão a integrar o capital (Anatocismo ou capitalização de juros).
Cláusula Penal (Multa contratual).
- Conceito: É a obrigação acessória, pelo qual se estipula pena ou multa destinada a evitar o inadimplemento do contrato (CC, art. 409).
- Natureza jurídica => Obrigação acessória.
- Função. A cláusula penal tem dupla função: a) atua como meio de coerção (intimidação), para compelir o devedor a cumprir a obrigação e, assim, não ter de pagá-la; e, b) como prefixação das perdas e danos (ressarcimento) devidos em razão do inadimplemento do contrato.
- Valor da cláusula penal. Simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza o juiz a reduzi-la. Entretanto, a sua redução pode ocorrer em dois casos: a) quando ultrapassar o limite legal (CC, art. 412); b) nas hipóteses do art. 413 do Código Civil.
- Espécies: A cláusula penal pode ser compensatória e moratória.
- É da primeira espécie quando estipulada para a hipótese de total inadimplemento da obrigação (CC, art. 410). Por essa razão, em geral é de valor elevado, igual ou quase igual ao da obrigação principal.
- É da segunda espécie quando destinada: a) Assegurar o cumprimento de outra cláusula determinada; e b) Evitar o retardamento (CC, art. 411).
- Valor:
	Moratória: Simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza o juiz a reduzi-la. Entretanto a sua redução pode ocorrer em dois casos:
		a) Quando ultrapassar o limite legal; e
		b) Na hipóteses do CC, art. 413.
	Compensatório: O limite é o valor da obrigação principal.
Arras (Sinal).
- Conceito: Arras ou sinal é quantia ou coisa entregue por um dos contratantes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento.
- Natureza jurídica: Obrigação acessória.
- Espécies: as arras são confirmatórias ou penitenciais.
- Confirmatórias: Não é possível ocorrer o direito de arrependimento, quem desistir ou se arrepender, responderá por “perdas e danos” (Indenização), nos termos dos CC, arts. 418 e 419.
- Penitenciais: Podem as partes convencionar o direito de arrependimento. Ocorrendo o arrependimento, aplica-se o CC, art. 420.
- Tríplice a função das arras. Além de confirmar o contrato, tornando-o obrigatório, e de servir de prefixação das perdas e danos quando convencionados o direito de arrependimento, como visto, as arras atuam, também, como começo de pagamento (CC, art. 417).
Dos contratos.
Conceito: É a mais comum e a mais importante fonte de obrigação, devido às suas múltiplas formas e inúmeras repercussões no mundo jurídico. Fonte de obrigação é o fato que lhe dar origem. Os fatos humanos que o Código Civil considera geradores de obrigação são: a) os contratos; b) as declarações unilaterais; e c) os atos ilícitos, dolosos e culposos.
- O contrato é espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral.
- Contrato é um acordo de vontades, nos termos da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos.
- O contrato não se restringe aos direitos das obrigações, estendendo-se a outros ramos do direito privado e também ao direito público.
- O contrato tem uma função social, sendo veículo de circulação da riqueza, centro da vida dos negócios e propulsor da expressão capitalista. O Código Civil tornou explícito que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os fins sociais do contrato, implicando os valores primordiais da boa fé e da probidade (CC, art. 421 e 422).
Função social do contrato.
- O Código Civil procurou afastar-se das concepções individualistas que nortearam o código anterior para seguir orientação compatível com a socialização do direito atual. O princípio da socialidade por ele adotado reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais.
- O sentido social é uma das características mais marcantes do nosso código.
- É possível dizer que o atendimento a função social pode ser enfocado sob dois aspectos: individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer seus interesses próprios, e outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato. A função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade for atingida de forma justa, isto é, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social.
- Observa-se que houve uma implementação pelo legislador com a criação de uma figura denominada “cláusulas gerais”. Cláusulas gerais são normas orientadoras, dirigidas precipuamente ao juiz, vinculando-o, ao mesmo tempo em que lhe dar liberdade para decidir. A função da cláusula geral é evitar injustiça (Cláusula geral é o modo de fazer justiça, são os princípios dirigidos ao juízo). Exemplos de Cláusula geral: artigos 50, 156, 157, 166,VI, 171, 172, 421, 422, 424, 473, 884 e 2035.
Contrato – Código de Defesa do Consumidor (CDC).
- Determina a Constituição Federal que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (CF, art. 5º, XXXII). Em cumprimento a essa determinação, foi elaborado o CDC (Lei n. 8.078/90) que entrou em vigor em março de 1991.
- O CDC retirou da legislação civil, bem como de outras áreas do direito, a regulamentação das atividades humanas relacionadas com o consumo em série.
- As regras do Código Civil tem, pois, caráter residual.
Condições de validade do contrato.
- Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos deve preencher certos requisitos, apresentados como o de sua validade. Se os possui, é válido e dele decorre os efeitos desejados pelas partes. Se, porém, não produz o efeito jurídico em questão é nulo ou anulável. 
- Os requisitos de validade são distribuídos em três grupos:
a) Requisitos subjetivos:
	a.1) Capacidade genérica: A capacidade exigida nada mais é do que a capacidade de agir em geral (Art. 3º e 4º, CC);
	a.2) Consentimento: O consentimento deve ser livre e espontâneo. O consentimento não pode ser portador de vícios, tais quais, erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude.
	b) Requisitos objetivos (CC art. 104, II):
	b.1) Licitude do objeto: É o que não atenta quanto a lei, a moral e os bons costumes.
	b.2) Possibilidade física do objeto: O objeto deve ser, também, possível (CC, art. 166, II) Impossibilidade física é a que emana das leis físicas ou jurídicas. Ocorre impossibilidade física do objeto quando a lei proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, como a herança de pessoa viva, cobrar dívida de jogo, etc.
	b.3) Determinação de seu objeto: O objeto do negócio jurídico deve ser, igualmente, determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no momento da execução). Admite-se, assim, a venda de coisa incerta, indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade (CC, art. 243), que será determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a concentração (CC, art. 252).
	c) Requisitos formais:
	- A forma é o terceiro requisito de validade do negócio jurídico e é o meio de revelação da vontade.
	- Há dois sistemas de validade do negócio jurídico: o consensualismo e o formalismo.
	- No direito brasileiroa forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito (público ou particular) ou verbalmente, a não ser nos casos em que, a lei para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita. 
- Há três espécies de forma:
	a) Forma livre: É a predominante no direito brasileiro. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção. (CC, art. 107);
	b) Forma especial ou solene: É a exigida pela lei, como requisito de validade de determinados negócios jurídicos (CC, art. 108); e
	c) Forma contratual: É a convencionada pelas partes (CC, art. 109).
Princípios.
- O direito contratual rege-se por diversos princípios e os mais importantes são:
a) Princípio da autonomia da vontade.
- As pessoas são livres para contratar. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem, com quem quiserem e o sobre o que quiserem, ou seja, o direito de contratar e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de estabelecer o conteúdo do contrato.
- O princípio da autonomia da vontade se baseia exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. Podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações, dando origem a contratos inominados (Art. 421 e 425, CC).
- Tem aumentado consideravelmente as limitações à liberdade de contratar, em seus três aspectos. Assim, a faculdade de contratar e de não contratar mostra-se atualmente relativa.
- Também a liberdade de escolha do outro contratante sofre, hoje, restrições.
- E, em terceiro lugar, o poder de estabelecer o conteúdo do contrato sofre também restrições.
- Contrato atípico é o que resulta de um acordo de vontades não regulado no ordenamento jurídico, mas gerado pelas necessidades e interesses das partes. É válido, desde que estas sejam capazes e o objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica. Ao contrário do contrato típico, cujas características e requisitos são definidos na lei, que passam a integrá-lo, o atípico requer muitas cláusulas minudenciando todos os direitos e obrigações que o compõem.
b) Princípio da supremacia da ordem pública.
- A liberdade contratual encontrou sempre limitação na ideia de ordem pública (Lei moral e bons costumes), entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual.
- o princípio da autonomia da vontade, como já dito é relativo. É limitado pelo princípio da supremacia da ordem pública.
- A intervenção do Estado na vida contratual é, hoje, tão intensa em determinados campos que se configura um verdadeiro dirigismo contratual.
c) Princípio do consensualismo.
- De acordo com o princípio do consensualismo, basta, para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo e ao simbolismo que vigoravam em tempos primitivos.
- Os contratos são em regra consensuais. Alguns poucos, no entanto, são reais, porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades.
d) Princípio da relatividade dos efeitos do contrato.
- Funda-se tal princípio na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação as partes, aqueles que manifestarem a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.
- A nova concepção da função social do contrato representa, abrandamento do princípio da relatividade dos efeitos do contrato.
e) Princípio da obrigatoriedade dos contratos (Pacta Sunt Servanda).
- Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. A ordem jurídica concede a cada um a liberdade de contratar e definir os termos e objeto da avença. Os que o fizerem, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo, não podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência do outro contraente. Como foram as partes que escolheram os termos do ajuste e a ele se vincularam, não cabe ao juiz preocupar-se com a severidade das cláusulas aceitas, que não podem ser atacadas sob a invocação dos princípios de equidade. O princípio da força obrigatória do contrato significa, em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada
- O presente princípio tem por fundamentos: a) Necessidade de segurança nos negócios, que deixaria de existir se os contratantes pudessem não cumprir a palavra empenhada, gerando caos; b) Imutabilidade do contrato, decorrente da convicção de que o acordo de vontade faz lei entre as partes, não podendo ser alterado nem pelo juiz. Qualquer alteração terá de ser bilateral. O seu inadimplemento confere a parte lesada o direito de fazer uso das medidas judiciais para obrigar a outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e danos, sob pena de execução patrimonial (Art. 389, CC).
- A suavização do princípio da obrigatoriedade, não significa o seu desaparecimento.
f) Princípio da onerosidade excessiva.
- Opõem-se tal princípio ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Poder Judiciário para obter alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações.
- A teoria recebeu o nome de “Rebus Sic Stantibus” ou Teoria da imprevisão e consiste basicamente em presumir, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu cumprimento, poderá este requerer ao juiz a sua revisão (Art. 478, CC).
g) Princípio da boa fé e probidade (CC, art. 422).
- O princípio da boa fé e probidade exige que as partes se comportem de forma correta e honesta, não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
- Portador de boa fé é aquele contratante que não omite qualquer fato. É aquele contratante que age com absoluta transparência e sem qualquer “reserva mental”.
Interpretação dos Contratos.
- Conceito: Toda interpretação de vontade necessita de interpretação para que se saiba o seu significado e alcance. O contrato origina-se de ato volitivo e por isso requer sempre uma interpretação.
- Nem sempre o contrato traduz a exata vontade das partes. Muitas vezes a redação mostra-se obscura e ambígua.
- Por essa razão não só a lei deve ser interpretada, mas também os negócios jurídicos em geral.
- Interpretar significa determinar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade inserida em uma determinada cláusula contratual.
- É possível dizer que a regra de interpretação dos contratos prevista no Código Civil dirigisse primeiramente as partes. Não havendo entendimento entre elas o conflito será apreciado pelo Poder Judiciário.
Princípios básicos.
- Quando determinada cláusula mostra-se obscura e passível de dúvida, alegando um dos contratantes que não representa com fidelidade a vontade manifestada por ocasião da celebração da avença, e tal alegação está demonstrada, deve considerar como verdadeira esta última (CC, art. 112).
- Dois princípios hão de ser observados na interpretação do contrato: O da boa fé e o da conservação do contrato. No tocante ao primeiro, deve o interprete presumir que os contratantes procedem com lealdade (CC, art. 422). O segundo princípio significa que se uma cláusula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá o que possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes tenham celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade.
Regras esparsas.
- Além dos dispositivos já mencionados há outros poucos artigos esparsos no CódigoCivil e em Leis Especiais estabelecendo regras sobre interpretação de determinados negócios: quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas, deve se adotar a interpretação mais favorável ao aderente (CC, art. 423); a transação interpreta-se restritivamente (Art. 843, CC); a fiança não admite interpretação extensiva (CC, art. 819); a cláusula testamentária suscetível de interpretações diferentes prevalecerá o que melhor assegure a observação da vontade do testador (CC, art. 1899).
- Ainda podemos citar os Art. 110 e 111, CC que auxiliam a interpretação de um contrato, tratam da reserva mental e do silêncio como manifestação da vontade.
Interpretação do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
- Art. 47, CDC.
- As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
Critérios práticos.
- Algumas regras podem ser observadas no tocante a interpretação dos contratos: 1- A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo pelo qual vinham executando, de comum acordo; 2- Deve-se interpretar o contrato na dúvida, de maneira menos onerosa para o devedor; 3- As cláusulas contratuais não podem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais.
Pacto sucessório.
- Art. 426, CC.
- Trata-se de regra tradicional e de ordem pública. A sua inobservância torna nulo o contrato em razão da impossibilidade jurídica do objeto.
- Não existe contrato de herança de pessoa viva (Ver arts. 546, 1668, IV e 2018).
Formação dos contratos.
1) Manifestação de vontade.
- A manifestação da vontade é o primeiro e o mais importante requisito de existência do negócio jurídico. A vontade humana se processa inicialmente na mente das pessoas. É o momento subjetivo, psicológico, representado pela própria formação do querer. O momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio da declaração. Somente nessa fase ela se torna conhecida e apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. Por isso se diz que é a declaração da vontade, que constitui requisito de existência dos negócios jurídicos e, consequentemente dos contratos.
- O contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. Constitui o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral. A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111). Expressa é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. Algumas vezes a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença. Não havendo na lei tal exigência, vale a manifestação tácita, que se infere da conduta do agente.
- O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (CC, art. 111), e, também, quando a lei o autorizar, como nos arts. 539 (doação pura), 512 (venda a contento), 432 (praxe comercial) etc., ou, ainda, quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato. Nesses casos o silêncio é considerado circunstanciado ou qualificado.
2) Negociações preliminares.
- O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta e a aceitação.
- No maior parte dos casos a oferta é antecedida de uma fase as vezes prolongada, de negociações preliminares caracterizadas por sondagens, convenções, estudos e debates, também denominada de fase de puntuação.
- Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresses, sem responder por perdas e danos, com exceção de agir com má fé.
3) A proposta (Oferta).
- É uma declaração de vontade, dirigida por uma pessoa a outra, por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada se a outra parte aceitar.
- Art. 427, CC.
4) A aceitação.
- É a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato. A aceitação consiste, portanto, “na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida”.
5) Momentos da conclusão do contrato.
- Bipresentes. Se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Se o policitante não estabelecer nenhum prazo, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação deverá operar-se dentro nele, sob pena de desvincular-se o proponente.
- Ausentes (Teoria da expedição), Art. 434, CC.
6) Lugar da celebração.
- Art. 435, CC.
7) Internet – Mesma coisa que contrato entre ausentes.
Classificação dos Contratos.
- Introdução: Os contratos agrupam-se em diversas categorias em subordinação aos artigos as regras peculiares. É importante distingui-las, pois o conhecimento de suas particularidades é de indubitável interesse prático.
- Os contratos classificam-se em:
a) Quantos aos efeitos, em unilaterais, bilaterais e plurilaterais;
- Unilaterais são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das parte. Exemplo: Doação pura.
- Bilaterais são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes. São conhecidos como signalamáticos. Exemplos: Contrato de compra e venda, locação, contrato de transporte (CC, art. 481).
- Plurilaterais são os contratos que contém mais de duas partes. Exemplo consórcio.
b) Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, em gratuitos ou benéficos e onerosos;
- Gratuitos são aqueles em que uma das partes recebe benefícios ou vantagens. Exemplo doação pura.
- Nos contratos onerosos ambos os contratantes tem benefícios e sacrifícios. Exemplo: compra e venda, locação etc.
- A fraude é rigorosa nos contratos gratuitos.
- Os contratos onerosos subdividem-se em comutativos e aleatórios:
	- Comutativos são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.
	- Aleatório é quando pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Caracteriza-se, ao contrário do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível.
c) Quanto à formação em paritários e adesão;
- Paritários são aqueles em que as partes discutem livremente as cláusulas, porque se encontram e situação de igualdade.
- Adesão são os que não permitem essa liberdade, devido a preponderância da vontade de um dos contratantes.
d) Quanto ao momento de sua execução, em de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo;
- Execução instantânea os que se consumam em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração. Exemplo: compra e venda à vista (CC, art. 476).
- Execução diferida é o que deve ser cumprido também em um ato, mas em um momento futuro (CC, art. 477).
- Contratos de trato sucessivo são os que se cumprem por meio de atos reiterados. Exemplo: compra e venda a prazo (CC, art. 477).
e) Quanto ao agente, em personalíssimos e impessoais; individuais e coletivos;
- Personalíssimos são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contratantes. Geralmente dão origem a uma obrigação de fazer, cujo objeto é um serviço infungível, que não pode ser executado por outra pessoa.
- Contratos impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado e por terceiro.
A classificação dos contratos em individuais e coletivos é mais utilizada no Direito do Trabalho;
- No contrato individual, as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas.
- Os contratos coletivos perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicasde direito privado, representativas de profissionais, sendo denominadas convenções coletivas.
f) Quanto ao modo pelo que existem, em principais e acessórios;
- Principais são os que têm existência própria, autônoma e que não dependem de qualquer outro. Exemplo: compra e venda e locação.
- Os contratos que dependem da existência de outros se chamam acessórios. Exemplo: cláusula penal e fiança.
g) Quanto à forma em solenes e não solenes; Consensuais e Reais.
- Solenes são contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem, isto é, constitui a substância do ato (escritura pública na alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento público etc.). Não observada, o contrato é nulo (Art. 166, IV, CC).
- Contratos não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, ou seja, por escrito particular ou verbalmente (Exemplos os contratos de locação e os de comodato).
- Contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. Por isso também são considerados não solenes.
- Contratos reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. Exemplo: depósito, comodato, mútuo etc.
h) Quanto ao objeto em preliminares e definitivos;
- Contrato preliminar é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo.
- Definitivo é aquele que tem por objeto uma pretensão final.
i) Quanto à designação em nominados e inominados.
- Contratos nominados são aqueles disciplinados nominalmente pelo legislador. O nome é dado pelo legislador. O Código Civil regulamenta em 20 capítulos. No direito brasileiro há 23 contratos nominados.
- Contratos inominados são aqueles que o nome não foi oferecido pelo legislador.
- Contrato misto é a mistura de conteúdo de contrato nominado mais contrato inominado, é a combinação entre ambos.
- Coligados são contratos vinculados por alguma cláusula ou objeto. São os que se encontram ligados por um nexo funcional, podendo essa dependência ser bilateral (vende o automóvel e a gasolina); unilateral (compra o automóvel e arrenda a garagem, ficando o arrendamento subordinado à compra e venda); alternativa (compra a casa na praia ou, se não for para lá transferido, loca-a para veraneio). Mantém-se a individualidade dos contratos, mas “as vicissitudes de um podem influir sobre o outro”.
- Contratos típicos, por outro lado, são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. Não é o mesmo que contrato nominado, embora costumam ser estudados em conjunto, porque todo contrato nominado é típico e vice-versa.
- Contratos atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e requisitos definidos e regulados na lei. Para que sejam válidos basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto lícito (não contrariem a lei e os bons costumes), possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica (CC, art. 425).
- União de contratos quando há contratos distintos e autônomos; apenas são realizados ao mesmo tempo ou no mesmo documento. O vínculo é meramente externo (compra da moradia e reparação de um outro prédio)
PROVA P1
01) A respeito dos contratos, assinale a opção incorreta:
a) O contrato é um negócio jurídico resultante da manifestação da autonomia da vontade das partes, no qual devem coexistir harmonicamente a função econômica e a função social, esta no interesse individual da parte economicamente mais fraca da relação contratual e aquela no interesse da coletividade que necessita do equilíbrio econômico do mercado e da segurança jurídica.
b) Tratando-se de relação de consumo e de contrato de adesão há presunção legal do poder negocial dominante e presunção absoluta de que o consumidor e o aderente são juridicamente vulneráveis, pois submetidos ao poder neçocíal do outro contratante.
c) O princípio da equivalência material busca preservar a equação e o justo equilíbrio contratual, seja para manter a proporcionalidade Inicial dos direitos e obrigações, seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes.
d) Admite-se a intervenção judicial nos contratos quando ocorrer uma causa superveniente ao contrato, capaz de gerar mudanças nas condições econômicas sob as quais foi celebrado o contrato, ocasionando a onerosidade excessiva decorrente de evento extraordinário e imprevisível ou, nos contratos de consumo, por fatos supervenientes, mesmo previsíveis, que tornem as prestações excessivamente onerosas.
e) O dever de informar manifesta-se na fase pré-contratual pela imposição da obrigatoriedade de o contratante fornecer ao outro todas as informações necessárias para que ela possa forma uma opinião esclarecida quanto firmar ou não o contrato.
02) O Código Civil prescreveu que a liberdade de contratar será exercida sem razão da função social do contrato. Assim neste caso, o princípio da função social do contrato foi erigido como:
a) Cânon de interpretação dos contratos.
b) Limitação da autonomia privada.
c) Elemento da validade do contrato.
d) Requisito indispensável à eficácia do contrato.
03) "Indo-se mais adiante, aventa-se a ideia de que entre o credor e o devedor é necessária a colaboração, um ajudando o outro na execução do contrato. A tanto, evidentemente, não se pode chegar, dada a contra posição de interesses, mas é certo que a conduta, tanto de um como de outro, subordina-se a regras que visam a impedir dificulte uma parte a ação da outra".
Pode-se identificar o texto acima com o seguinte princípio aplicável aos contratos:
a) Da intangibilidade.
b) Do consensualismo.
c) Da força obrigatória.
d) Da boa-fé.
e) Da relatividade das obrigações pactuadas.
04) No que se refere aos contratos, é correta afirmar:
a) Os princípios da probidade e. da boa-fé estão ligados não só à interpretação dos contratos, mas também ao interesse social de segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes têm o dever de agir com honradez e lealdade na conclusão do contrato e na sua execução.
b) A liberdade de contratar no Direito Brasileiro é absoluta, pois há o princípio da autonomia da vontade, onde se permite às partes pactuar, mediante acordo de vontade, a disciplina de seus interesses.
c) O contrato de adesão é um contrato paritário, pois o aderente é tutelado pelos Códigos Civil e de Defesa do Consumidor em relação ao ofertante.
d) A compra e venda entre cônjuges, qualquer que seja o regime de casamento, está proibida para evitar a venda fictícia entre marido e mulher na constância do casamento, o que poderia levar à lesão de direitos de terceiros.
e) A pena convencional poderá ter efeito pleno iure, mas é necessário ter prova de que houve prejuízo com a inexecução do contrato ou inadimplemento da obrigação.
05) Observadas as proposições abaixo, assinale a alternativa correta.
I - Inadimplida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, juros, atualizações monetária e honorários de advogado.
II - A mora sempre independe de interpelação, notificação ou protesto.
III- A cláusula penal compensatória não dispensa o credor de demonstrar as perdas e danos que sofreu com o inadimplemento contratual.
IV - As arras penitenciais equivalem à cláusula penal na hipótese de inadimplemento culposo, perdendo-as, se culpado quem as deu, ou devendo restitui-Ias em dobro, se culpado quem as recebeu.
a) Somente a proposição I está correta.
b) Somente as proposições I e IV estão corretas.
c) Somente as proposições I, 111e IV estão corretas.
d) Somente a proposição 111está correta.
e)Somente as proposições 11e IV estão corretas.
06) Assinale a alternativacorreta:
O direito de arrependimento é elemento integrante:
a) Das arras confirmatórias.
b) Das arras penitenciais.
c) Da cláusula penal.
d) Do inadimplemento da obrigação.
07) Fernando comprometeu-se a vender um imóvel para Gilmar, por preço a ser pago mediante um pequeno sinal e mais trinta prestações. Foi estipulada cláusula de arrependimento, podendo o compromitente vendedor desfazer o negócio com a devolução de tudo quanto recebera mais correção monetária e juros. Depois de receber o sinal e 3 ( três ) prestações, na incerteza da capacidade econômica do compromissário, Fernando veio a exercer o direito de arrependimento, notificando o compromissário para desfazer o negócio. Recusase a novos pagamentos e deposita tudo quanto havia recebido com correção monetária e juros.
a) Gilmar não pode se opor ao desfazimento porque a previsão de arrependimento é expressa.::
b) Gilmar não pode se opor ao desfazimento porque o direito de arrependimento só se extingue quando pago todo o preço.
c) Gilmar não pode se opor ao desfazimento porque o direito de arrependimento só se extingue com o pagamento de mais da metade do preço.
d) Gilmar pode se opor ao desfazimento porque o direito de arrependimento se extingue com o pagamento do sinal e da primeira prestação.
08) Em relação ao inadimplemento das obrigações, assinale a alternativa correta:
a) Se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte ou se o montante da penalidade "for" manifestamente excessivo, a penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo Juiz, tendo-se em vista a finalidade e a natureza do negócio.
b) Nos contratos benéficos, responde por dolo o contratante a quem o contrato aproveite, e por culpa aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as e exceções previstas em lei.
c) Os juros rnoratórios não poderão ser fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional quando provierem de deliberação da lei.
d) Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, o sinal não terá função unicamente indenizatória e haverá direito indenização suplementar.
09) À luz do Código Civil, é correto afirmar que os principies sociais do contrato eliminaram os princípios da autonomia privada e do pacta sunt servada, ou seja, princípio da obrigatoriedade gerado pelas livres manifestações de vontades.
Resposta: O princípio da autonomia privada confere aos contratantes o poder de regulamentar, em consonância com seus interesses, as relações jurídicas de que participam, fixando o seu conteúdo, a fim de que-produzam os efeitos almejados. E uma vez celerado o ajuste, adquire o mesmo força vinculante entre as partes, as quais ficam sujeitas ao cumprimento daquilo que foi convencionado (princípio da obrigatoriedade ou pacta sunt servanda ).
É importante esclarecer que esses dois princípios, de resto clássicos na civilística ocidental, não foram abolidos pelo sopro socializante verificado na novel legislação. Embora cada vez mais seja priorizada entre nós a função social dos contratos, há de se conceber tal princípio como um limitador da autonomia privada - que a ele deve se adequar - e como um condicionante da obrigatoriedade contratual.
É sob essa ótica que deve ser interpretado o disposto no art. 421 do CC, verbís: " A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato ". Ademais, não se deve olvidar que, de acordo com o Enunciado 23, aprovado na I Jornada de Direito Civil, promovida em 2002 pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal, " a função social do contrato, prevista no art. 421do Código Civil, não elimina o princípio quando presentes interesses rnetaindivíduais ou interesses individual relativo à dignidade da pessoa humana À luz dessas premissas, resulta falsa a asserção contido no item.
10) Com o propósito de realizar sua convenção anual, no próximo mês de junho, a Opticom Informática Ltda., reservou 50 (cinquenta) apartamentos o Hotel Bem-Estar Ltda., localizado em Santos. A contratação foi realizada no mês de janeiro, por meio de troca de correspondência, tendo o Hotel enviado seu orçamento, por escrito, e a Opticom Informática aceitado integralmente os termos ali propostos, por igual via. No orçamento, o Hotel ressalvou que os apartamentos estariam automaticamente reservados mediante aceitação da proposta e, caso a Opticom Informática desistisse da reserva, que o fizesse mediante prévio aviso com o mínimo de 45 (quarenta e. cinco) dias de antecedência, sob pena de arcar com o valor correspondente a 20% (vinte por cento) do preço total ajustado, a título de cláusula penal. Em maio, a menos de 30% (trinta) dias do evento, a Opticom Informática resolveu cancelá-la, alegando razões de conveniência empresaria, e recusa-se a pagar qualquer quantia ao Hotel, porque este não teria tido prejuízo. Na qualidade de advogado (aluno) do Hotel Bem Estar Ltda., com resolver o problema? Anote que o preço contratado importava em de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Resposta: A medida adequada é a propositura de ação monitória perante a Vara Cível da Comarca de Santos (local do cumprimento da obrigação - art. 100, IV, d do CPC), visando o recebimento da multa penal equivalente aos 20% (vinte por cento) do preço total combinado. A ação monitória justiça-se pela presença de prova escrita da obrigação (correspondência) sem a eficácia de título executivo. No mérito, o candidato deverá sustentar a licitude e a razoabilidade da cláusula penal, em face dos arts. 408 e seguintes do CC, e disposições do COC, principalmente sob o aspecto de que não é necessária a alegação de prejuízo pelo credor (art. 416 do CCO. Eventualmente, admitir-se-á ação de conhecimento com as considerações concernentes a esta variação.
11) Como se classificam e se distinguem as arras? No caso das que tornam obrigatório o contrato há uma situação em que, ainda assim, é possível o arrependimento? Qual é?
Resposta: Arras é a quantia ou coisa entregue por um dos contratantes ao outro, como confirmação do acordo de vontade e princípio de pagamento. Têm natureza acessória e caráter real, pois se aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou de coisa fungível, por um dos contratantes ao outro. As arras são confirmatórias ou penitenciais. Sua principal função é confirmar o contrato, que se torna obrigatório após a sua entrega. Prova o acordo de vontades, não mais sendo lícito a qualquer dos contratantes rescindi-Io unicamente. Quem o fizer responderá por perdas e danos. Quando o direito de arrependimento for convencionado pelas partes que se valer dessa faculdade. Quando as arras permitirem que o contratante exija a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo de indenização, serão consideradas confirmatórias.
Nos termos do art. 418 do CC, se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-Io por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito e exigir a sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais, juros e honorários de advogado. Assim, mesmo quando houver formas confirmatórias permitir-se-é o arrependimento nesta última hipótese.

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