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Aula 05 Identificação possível da desigualdade nos direitos sociais prestacionais

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Direito - Direitos Humanos- Gassen Gebara - UNIGRAN
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IDENTIFICAÇÃO (POSSÍVEL) DA 
DESIGUALDADE NOS DIREITOS 
SOCIAIS PRESTACIONAIS
Aula 05
Uma vez estabelecido o fundamento dos direitos prestacionais na igualdade material, 
impõe-se a análise de um dos processos necessários à implementação da igualdade material 
através de uma política de Estado. A implementação de política visando à igualdade material 
implica necessariamente em um reconhecimento de uma situação de desequilíbrio social que, 
por sua vez, faz reconhecer uma desigualdade intolerável entre indivíduos em determinado 
contexto social. Necessita, portanto, não apenas de uma justificação necessária a tal interven-
ção, como, principalmente, o estabelecimento do critério de desigualdade a ser considerado. 
Esses juízos, advirta-se, são sempre parciais uma vez que a situação de desigualdade 
diagnosticada é tão-somente um dos vários aspectos de um indivíduo1 , que pode estar em 
situação de igualdade com os demais em vários outros aspectos. Conforme coloca RUBIO, 
a igualdade ou desigualdade a ser analisada para definir a necessidade de intervenção deve 
ser analisada não em sua existência em um sentido global, mas em um dos seus vários traços, 
quais sejam, os termos de comparação que se tomaram em consideração para afirmar o negar 
a igualdade entre eles. A desigualdade é, portanto, a relativa tão-somente a uma tertium com-
parationis 2 (comparação entre duas situações).
1Neste sentido a lição de Luis Prieto SANCHÍS, verbis: “La igualdad opera siempre a partir de igualdades y desigualdades fácticas parciales que 
postulan tratamientos tendencialmente contradictórios, cada uno de los cuales puede alegar en su favor uno de los subprincipios que componen 
la igualdad: tratar igual lo que es igual, y siempre habrá alguna razón para la igualdad pues todos los seres humanos tienen algo en común, y 
desigual lo que es desigual, y siempre habrá también alguna razón para la desigualdad pues no hay dos seres humanos ni dos situaciones idénticas. 
Ciertamente, como hemos indicado, parece existir un prioridad de la igualdad sobre la diferenciación, de manera que la regla podría describirse 
del siguiente modo: siempre existe alguna razón para la igualdad y, por tanto, ésta postularse mientras que alguna desigualdad fáctica – que 
siempre existirá – no proporcione un razón que permita o que, valoradas las razones en pugna, imponga una regulación diferenciada”, op. cit. p. 90
2F. RUBIO, La igualdad en la jurisprudencia del Tribunal Constitucional, in Revista Española de Derecho Constitucional, n. 31, 1991, p. 12 e s..
Direito - Direitos Humanos - Gassen Gebara - UNIGRAN 
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Não obstante o complexo problema de eleger qual o traço da situação social a ser uti-
lizado como parâmetro à definição de uma situação de igualdade ou desigualdade, tema tão 
relevante aos direitos sociais (principalmente os normativos), deve-se ter presente que o ob-
jeto de estudo não apresenta tão sérios problemas nesse aspecto, embora inegavelmente seja 
mais complexa sua forma de efetivação. Assim se dá porquanto, conforme antes definido, 
os direitos sociais prestacionais caracterizam-se na necessidade de alcançar a determinados 
indivíduos bens de valor econômico que poderiam obter por si mesmos, mas dos quais estão 
privados em razão de falta de condições econômicas.
Dessa forma, o parâmetro a ser utilizado na aferição de uma situação de igualdade 
e desigualdade é evidente: o critério é econômico. Dessa maneira, embora se possa ter a 
desigualdade como conceito relativo, tal como visto acima em relação à dependência de um 
parâmetro de comparação, pode-se dizer também que a pobreza é uma categoria que, ainda 
se possa ter diferentes concepções sobre seu conceito que variam em época e sociedades, 
conforme o grau de desenvolvimento econômico de cada uma, possui um sentido absoluto. 
Uma vez definidos os índices para medir a pobreza surge uma linha, na qual passam 
a estar divididos ricos e pobres ou, melhor dito, os incluídos e excluídos (nesse caso não só 
do acesso aos bens econômicos, mas também aos próprios direitos civis).
Ao se tratar de satisfazer uma demanda social no sentido de proporcionar a determi-
nados grupos o acesso a bens econômicos básicos dos quais estão privados do acesso por falta 
de condições preponderantemente econômicas, resta evidente que o critério de comparação 
será necessariamente um: o econômico. Se nosso intuito é incluir determinadas classes de 
população excluídas do conceito de cidadania em razão da falta de meios econômicos para 
alcançar necessidades sociais básicas, o critério econômico parece mais que razoável. 
A eleição do critério de discriminação, nesse caso, é deveras facilitada e conforme 
tanto ao conceito de direito fundamental como em relação à solidariedade e igualdade mate-
rial que o fundamenta.
Tais direitos foram introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Esta-
do social, depois que germinaram por obra da ideologia e da reflexão antiliberal deste século. 
Nasceram abraçados ao princípio da igualdade, do qual não se podem separar, pois 
fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que os ampara e estimula. 
De juridicidade questionada nesta fase, foram eles remetidos à chamada esfera pro-
gramática, em virtude de não conterem para sua concretização aquelas garantias habitual-
mente ministradas pelos instrumentos processuais de proteção aos direitos da liberdade. Atra-
vessaram, a seguir, uma crise de observância e execução, cujo fim parece estar perto, desde 
que recentes Constituições, inclusive a do Brasil, formularam o preceito da aplicabilidade 
imediata dos direitos fundamentais. 
Com efeito, até então em quase todos os sistemas jurídicos, prevalecia a noção de 
que apenas os direitos da liberdade eram de aplicabilidade imediata, ao passo que os direitos 
sociais tinham aplicabilidade mediata, por via do legislador. A consciência de um mundo 
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partido entre nações desenvolvidas e subdesenvolvidas ou em fase de precário desenvolvi-
mento deu lugar em seguida a que se buscasse uma outra dimensão dos direitos fundamentais, 
até então desconhecida. Trata-se daquela que se assenta sobre a fraternidade, conforme assi-
nala Karel Vasak, e provida de uma latitude de sentido que não parece compreender unica-
mente a proteção específica de direitos individuais ou coletivos.

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