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EM ClENCIA DA. INFORMAÇÃO âmbito da Economia, enfatizando a (2009). professora do DCINF-UFC, e professor do Departamento de Ci- discutem os ''Aspectos metodoló- de Usuários por meio da análise bibliográfica sobre a pesquisa Iressando os passos seguidos para ,a essa metodologia para a análise dos omunidades de Usuários, no contex- Gabriela Belmont de Farias, do neJlUZW, do Departamento de Ciên- lpresentam o texto intitulado "Cons- da competência em informação como na do reconfiguracionismo de de análise dos documentos le- e da Unesp. Além do mais, Coletivo. salientamos que, embora os temas para o campo da Ciência da trazer contribuiçóes significa- Portanto, esperamos que nossos como referência, principalmente de pesquisa. Virgínia Bentes Pinto ia Aparecida Borsetti Gregório Vidotti Lídia Eugênia Cavalcante (Organizadoras) PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL: O FAZER CIENTíFICO EM CONSTRUÇÃO INTRODUçAo Virgínia Bentes Pinto Lídia Eugênia Cavalcante [. .. } acho que só há um caminho para a ciência - ou para a filoso- fia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonarmo-nos por ele; casarmo-nos com ele, até que a morte nos separe - a não ser que encontremos outro problema ainda mais fascinante, ou a não ser que obtenhamos uma solução. Mas ainda que encontremos uma solução, poderemos descobrir, para nossa satisfação, a existência de toda uma família de encantadores, se bem que talvez difíceis, problemas filhos, para cujo bem-estar poderemos trabalhar, com uma finalidade em vis- ta, até ao fim dos nossos dias. (Karl R. Popper) Tomamos a epígrafe emprestada do filósofo Karl R. Popper (1997, p. 42) para abrir este trabalho, por acreditarmos que a realização de uma pesquisa cientÍfica, seja ela de qual natureza for, perpassa necessariamente pela pesquisa bibliográfica e/ou documental. Sem essa etapa da pesquisa, é impossível conhecer o estado da arte dos temas que motivaram a esco- lha do objeto de estudo. Contudo, a impressão que se tem é de que nem sempre os "noviços em pesquisa" têm esse entendimento e, muitas vezes, enveredam por escrever sobre um determinado objeto de estudo sem a base de conhecimento mínimo para tal. Desse modo, percebemos que as difi- culdades na realização do trabalho se configuram um "tormento", in- clusive com o abandono de muitos estudantes no momento da realização de trabalhos de conclusão de cursos, sejam da graduação ou da pós-gradu- ação. Entendemos, também, que tal fato não é exclusivamente oriundo da academia. Muitas vezes, tem raízes no ensino fundamental e médio que, 15 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CIêNCIA DA INFORMAÇÃO normalmente. não dão a devida importância às atividades de pesquisa no cotidiano das disciplinas escolares, fazendo com que o estudante chegue à academia sem ter qualquer vivência nessa atividade. Não queremos afirmar, entretanto, que, para aqueles que já possuem certa expertise nas atividades de pesquisa científica, esse tipo de estudo também seja fácil, pois, cada dia, surgem temas novos, ou mesmo con- teúdos e discussões mais atualizadas, sendo impossível que as fontes de informação acompanhem, com a mesma rapidez, a evolução da ciência, cada vez mais especializada e fragmentada. Com isso, nos passos iniciáis de busca e levantamentos de literatura, já se confrontam com dificuldades. Alguns podem se preguntar: mas por que essa preocupação em trazer à tona um tema que parece simples e corriqueiro para os pesquisadores no dia a dia acadêmico? Primeiramente, porque somos professoras, pesqui- sadoras e orientadoras de estudantes de graduação e de pós-graduação e convivemos com as dificuldades de muitos deles quando solicitamos que realizem uma pesquisa bibliográfica e documental para a concretização de um artigo, projeto de pesquisa ou mesmo uma simples atividade de sala de aula. Segundo, porque, embora pareça ser fácil se fazer uma pesquisa dessa natureza, tal entendimento náo é bem verdade, haja vista que, também para esse tipo de pesquisa, faz-se mister seguir alguns parâmetros, pois, do contrário, o que Rode parecer fácil se torna muito difícil ao longo do percurso investigativo. A pesquisa bibliográfica e documental exige cuidados especiais, prin- cipalmente porque nela se dialoga com os autores que tratam do tema estu- dado, e, muitas vezes, também nos deparamos com um diálogo complexo e contraditório entre os autores, que nem sempre comungam da mesma visão teórica sobre o conhecimento de um determinado tema. Dai por que a me- diação se faz necessária, pois, mesmo diametricamente opostos os enten- dimentos, eles podem possibilitar discussões ricas e apresentar importantes contribuições para uma problemática de pesquisa. Ademais, o processo da pesquisa bibliográfica e documental pres- supõe reflexões que podem ser simples ou complexas, dependendo do domínio que se tenha do tema a ser pesquisado e das competências do pesquisador no uso das fontes de referências de pesquisa e do tipo de in- formação buscada. A partir disso é que podemos identificar os documen- tos e os autores que poderão contribuir para o melhor entendimento dos temas da pesquisa e, naturalmente, do objeto de estudo. Consequente- mente, isso levará a decidir por quais tipos, natureza, formatos e suportes de registros do conhecimento, tradicionais (analógicos) ou eletrônicos, serão pesquisados. 16 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM C1~NCIA. DA INfORMhÇAO Essas reflexões nos motivaram a escrever este trabalho, tendo como mote as seguintes questões: o que entendemos por pesquisa bibliográfica ou documental? Quais são os passos desse tipo de pesquisa? Em que fontes de informação devemos nos pautar para a pesquisa bibliográfica e docu- mental? Qual a importância que esse tipo de pesquisa tem para um estudo científico? Nossa intensão, portanto, é discutir essas questões trazendo al- guns princípios básicos da pesquisa bibliográfica e documental como uma ferramenra metodológica fundamental para qualquer outro tipo de pesqui- sa, no contexto da educação básica ou acadêmica, e também para sustentar um estudo ou trabalho intelectual, seja teórico ou prático. ENTENDENDO A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL Esse tipo de pesquisa remonta à própria evolução do conhecimento re- gistrado. Afinal, foi a partir dai que começaram a surgir as fontes documentais registradas que embasam estudos e pesquisas. Consequentemente, elas acom- panham a história do desenvolvimento filosófico, científico e tecnológico. Mas o que queremos dizer quando falamos de pesquisa bibliográfica ou documental? Inicialmente, esse tipo de pesquisa é entendido ao menos sob dois pontos de vista: primeiramente, como uma metodologia de busca e acesso a fontes de informação que auxiliam na compreensão de concei- tos acerca da produção do conhecimento sobre um dererminado tema; segundo, pela exegese daquilo que já foi produzido e se chegou às "causas" e aos "princípios" dos fenômenos, obtendo-se conclusões sobre o que já foi comunicado, sem que se tenha necessidade de ir ao campo empírico fora do conhecimento registrado. Assim, no primeiro caso, podemos dizer que a pesquisa bibliográfica constitui um conjunto metodológico de técnicas para se buscar informa- ções e conhecimentos registrados (analógicos ou digitais), concernentes a um domínio particular para atender a uma necessidade específica. Con- forme Villasenor Rodríguez e Gómez García (2009, p. 36, traduçáo das autoras), essas buscas nos permitem "conhecer o estado da questão proble- ma - objeto de estudo - para evitar reiterações ou duplicidades no esforço do pesquisador"2. 2 "conocer el estado de la cuestión dd problema - objeto de estudio - para evitar reiteraciones o duplicidad en e! esfuerzo de! investigador." 17 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CltNCIADA INFORMAÇAO A pesquisa bibliográfica está associada à chamada "bibliologià', que tem gênese no século XVII com a Bibliografia Política de Gabriel Naudé (1600-1653), bem como à estruturação do conceito de "bibliologia" as- sociada a Abbé Rive (1781). Considera-se, porém, como o pai dessa nova proposta científica Étienne-Gabriel Peignor. Também não podemos deixar de mencionar o grande papel do Repertório Bibliogrdfico de Paul Orlet, no final do século XIX. Com o surgimento dos novos tipos, formatos e suportes de regist~9s do conhecimento, que não os livros, aparece o conceito de documento, e, com esse fenômeno, vai-se percebendo que somente falar de bibliográfi- cos não dá conta dos outros tipos de documentos, embora que de modo geral o simbólico do livro remeta aos documentos impressos que tenham mais de 49 páginas, conforme é definido pela Unesco. Corroborando com esse entendimento simbólico, Hauser (1973, p. 103, tradução das autoras) destaca que tentar conceituar o livro é algo complexo, pois, para ele, o livro pode ser: "Em parte, matéria, e em parte, espírito; em parte, coisa, e em parte, pensamento: de qualquer modo que se olhe, se resiste a ser definido"' . Ainda nessa direção, Buonocre (1952, p. 281, tradução das autoras)' propõe uma definição que, já na década de 1950, englobava ou- tros materiais e consi?era que livro refere-se a ( ... ] qualquer porção, pequena ou grande, do pensamento huma- no, transmitida por escrito ou por símbolos de uma especialidade, difundida por procedimentos mecânicos, fotomecânicos ou au- diofalantes e comunicado ao próximo usando materiais de qual- quer classe e adotando qualquer forma de extensão. É importante observar que os dois autores anteriormente citados têm suas representações simbólicas do livro como algo que pode abarcar a ideia de documento como suporte de registro do conhecimento. Mesmo assim, aparecem outras ideias de compartimentar ral conceito conforme outros tipos de documentos e, daí, aparece o conceito de documento e, conse- quentemente, de pesquisa documental. 3 "Ellibro, en parte materia y en parte espíritu; en parte cosa y en parte pensamiento, de cualquier modo que se mire, se resiste a ser definido." 4 "Cualquier porción, pequena o grande, deI pensamiento humano, transmitida por escrito, o por los símbolos de una especialidad, difundida por procedimientos mecá- nic05, fotomecánicos o audioparlames, y comunicada ai prójimo usando materiales de cualquier clase, forma o extensión." 18 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CI !'!NCIA DA INFORMAÇAo Assim, na pesquisa documental, o foco não está no livro, e sim em outros tipos de documentos. Independentemente de estarmos falando de "biblio" ou "doe", Blaxter, Hughes e Tight (2007, p. 136) afirmam que, em quaisquer dessas pesquisas, todas elas envolvem, entre outras razões, as seguintes: a) Captar alguma ideia sobre o tema a ser invesrigadoi b) Avançar nos conhecimentos; c) Visar a compreensão de que outros autores já escreveram sobre o que se quer investigar; d) Ampliar as perspectivas e inserir a pesquisa em um contexto mais es- pecífico, embora ela seja interdisciplinar; e) Conhecer de forma insuficiente o conhecimento; f) Avançar nos conhecimentos e poder afunilar o objeto de estudo; g) Atender as espectativas do orientador; h) Sustentar ou legitimar as argumentos; i) Sustentar ou fundamentar as críticas embasado em estudos já realizados por outros; j) Identificar e ampliar a área de pesquisa. As pesquisas bibliográficas e documentais desempenham papel de primeira grandeza em todas as atividades relativas à educação formal, desde o ensino fundamental até a universidade. Elas são a base para se: a) Planejar, organizar e preparar aulas ou matérias de ensino a se- rem ministradas em cursos de qualquer natureza; b) Projetar e elaborar artigos, apresentações de conferências, pales- tras ou ainda pesquisas científicas ou não; c) Fomentar a gestão e a extensão universitárias ou de outras na- turezas; d) Sustentar a elaboração de relatórios técnico-científicos em qual- quer área de atividades; e) Fundamentar quaisquer outras atividades de cunho educacional, técnico-científico ou não. Essas pesquisam visam identificar documentos e recuperar informa- ções registradas em textos e discursos (verbais ou não verbais, analógicos ou digitais), a fim de que possamos ter ciência sobre o que já foi ou está 19 APLICABILIDADES MElúOOLÓGlCAS EM CU!.NCIA DA INFORMAÇAO sendo produzido no mundo em matéria de estudos e pesquisas. Conforme Bunge (1976, p. 191), a pesquisa serve também para r ... ] tomarmos conhecimento de problemas que para outros po- dem ter passado despercebidos; interná-los em um corpo de co- nhecimentos e tentar resolvê-los com o máximo de rigor e, prima- riamente, para enriquecer nosso conhecimentos. Então, contribuem para a produção de novos conhecimentos, avançando ou ratificando aqueles que já foram produzidos e comunicados. ' Para entender melhor sobre esse conhecimento, pautamo-nos em Aristóteles (1984), no capítulo !, do livro !, da Metafísica, ao discutir os três tipos de conhecimento: a. Conhecimento sensorial - refere-se aos conhecimentos empíri- cos, às experiências inspiracionais "dos objetos singulares; mas não dizem o porquê de nada, apenas se voltam para dizer o que é" (ARISTÓTELES, 1984, p. 12-13, grifo nosso) . Por exemplo, "sabem que o fogo é quente", porém não sabem dizer por que o fogo é quente. b. Conhecimento técnico - volta-se a detalhes mais apurados do que o conhecimento sensorial, embora ainda assim não saiba explicar os porquês e as causas, porém o como é tal coisa ou objeto do mundo. c. Conhecimento teórico - são aqueles que "conhecem porquê e a causa (grifo nosso) [ ... ] Têm domínio da teoria e seu conhecimen- to das causas". Trata-se, portanto, da ciência propriamente dita. Aristóteles (1984, p. 12-13) conclui ainda que, no contexto prático da vida, a experiência é necessária e não deixa nada a desejar em relação aos outros tipos de conhecimento. Assim esse autor se expressa: [ ... ] os expertos têm mais êxitos do que os que não têm experiên- cias, possuem o conhecimento das coisas singulares. e a arte, do universal; e todas as ações e generalizações se referem ao singular. Não é o homem, efetivamente, que cura, a não ser acidentalmente [ ... ] Por conseguinte, si alguém tem sim a experiência, o conheci- 5 "tomar conocimiento de problemas que ortos pueden haber pasado por alto; inter- narlos en un cuerpo de conocimiento e intentar resolverIos con el maximo de rigor y, primariamente, para enriquecer nuestro conocimiento." 20 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM Cn1NCIA DA INFORMAÇÃO mento teórico, e sabe o universal, mas ignora seu conteúdo sin- gular, errará muitas vezes no caso da cura, pois é o singular o que pode ser curado. Trouxemos os exemplos do filósofo porque, em nosso entendimento, esses três conhecimentos estão relacionados diretamente com a pesquisa bibliográfica e documental. No primeiro caso, "o que é" concerne ao co- nhecimento sensorial que se tem sobre o tema. No segundo tipo de conhe- cimento, "como é" esse objeto chamado pesquisa bibliográfica, documen- tal ou de informação, trata-se das habilidades práticas a serem empregadas à sua concretização, porém, sem saber o porquê de se usar tal metodologia para a concretização desse tipo de pesquisa. No terceiro caso, por exemplo, o conhecimento estaria voltado para o "porquê" de se fazer esse tipo de pesquisa. Seria ter o domínio da teoria e seus conhecimentos de causa, pela apropriação do objeto a partir da literatura que nos possibilitou chegar a compreendê-lo e a ensinar esse tipo de pesquisa. Isso posto, fica evidente que em todas atividades intelectuais, sejam elas de ensino, pesquisa, extensão oumesmo gestão, faz-se necessário al- gum tipo de consulta bibliográfica e documental. Independentemente, porém, do que estejamos discutindo, essas pesquisas buscam identificar referências das fontes que poderáo suprir as necessidades de informação, ter acesso aos documentos e conhecimentos para a resolução das questões demandadas. Para tanto, essas pesquisas buscam estruturar metodologias para identificar fontes documentais e mapear as informações que seráo úteis ao desenvolvimento de um trabalho que está sendo realizado, seja estudo científico ou técnico, pesquisa, extensão ou ge:stão. FONTES DE INFORMAÇAO PARA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL Para a realizaçáo de pesquisas bibliográfica ou documental dispomos de fontes em formatos analógicos (papel, fotografias, obras de arte, mo- numentos etc.) ou digital, como aquelas disponíveis via internet (bancos e bases de dados, documentos el~trônicos etc.). As fontes de informação são documentos (verbais ou não verbais) que portam conhecimentos re- gistrados ou que, simbolicamente, representam fatos ou acontecimentos históricos e/ou podem ser considerados como testemunhos de algum fato 21 APLICABILIDADES MElUDOLÓGICAS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇAO ao longo da história. Podemos dizer, portanto, que são todos os recursos pas- síveis das possibilidades de portar informaçóes e/ou conhecimentos e acessá- -los por quaisquer meios ou canais de informação. Para Carrizo Sainero, lrureta-Goyena e Quintana Sáenz (1994, p. 30, tradução das autoras), essas fontes são, portanto, as [ ... ] trilhas, testemunhos ou os conhecimentos produzidos pelo homem no decorrer do tempo e podem ser restos biológicos, mo- numentos, livros e outros documentos, tudo aquilo que fornece uma notícia, uma informação ou um dad06• Na mesma linha, Villasenor (1999, p. 30, tradução das autoras) des- taca que as fontes de informação [ ... ] são todos aqueles instrumentos e recursos que servem para satisfazer as necessidades de informação de qualquer pessoa, sejam criadas ou não com essa finalidade e usadas diretamente ou não com a mediação de um profissional da informação. São os recursos necessários para se poder ter acesso à informação e ao conhecimen- to em geral7• As fontes de informação podem ser de natureza e tipos diversos, podendo-se classificá-las do ponto de vista da origem da informação, do ponto de vista do tipo de suporte de registro e do ponto de vista das or- ganizações. No primeiro caso, são as fontes pessoais; no segundo, livros e outros documentos verbais e não verbais (iconográficos, sonoros, audiovi- suais, monumentos, praças etc.) e, no terceiro caso, as próprias organiza- ções (públicas ou privadas). Tradicionalmente, as fontes de informação para a pesquisa biblio- gráfica e documental foram classificadas em: primárias, secundárias e ter- ciárias; alguns autores, no entanto, mencionam as quaternárias. Porém, já existem estudos que defendem apenas as fontes primárias e secundárias. Para efeito deste trabalho, mostraremos as três, conforme a seguir: 6 "huellas, testimonios o conocimientos aportados por el hombre en el discurrir dei tiempo y pueden ser restos biológicos, monumentos, libras y outros documientos, todo aquello que suministra una noticia, una información o un claro." 7 "son rodos aquellos instrumentos y recursos que sirven para satisfacer las necesidades informativas de qualquier persona, sean creados o non con ese fin y sean utilizados clirectamenre o non por un prafessional de la información como intermediario. Son los recursos necesarios para poder acceder a la información y ai conocimiento en geral." 22 APLICABILIDADES MElUDOLÓGICAS EM C leNCIA DA INFORMAÇAO a. Primárias - são aquelas em que o conhecimento é registrado em primeira máo. Como exemplos, podemos citar livros, car- tas, periódicos, teses, projetos e relatórios de pesquisas, anais de eventos, patentes, normas técnicas, manuais, discos, filmes etc. Também se enquadram nesse rol as pessoas. As fontes de infor- mação pessoais podem ser tanto no contexto individual quanto coletivo (associações. grupos de pesquisa etc.). b. Secundárias - são organizadas a partir do tratamento da informa- ção registada nas fontes primárias e fazem referências a elas, vi- sando possibilitar o acesso mais rápido às informações. Exemplos: bibliograEas, catálogos. anais de resumos, catálogos de editoras, resenhas, bases de dados bibliográficas e referenciais. c. Terciárias - são concernentes àquelas organizadas a partir das fon- tes secundárias e, em alguns casos, também arrolam as fontes pri- márias. Enquadram-se nesse tipo as bibliografias de bibliografias, cabeçalhos de assuntos, resauros, repositórios, anuários. Mas, para além dessa classificação, é importante observar que o ciberespaço permitiu o surgimento de outras fontes que se misturam, tor- nando-se difícil que tal classificação permaneça imutável. Afinal, pensando bem, tudo é passível de ser considerado como fome de informação que se cria e se recria. A obra intitulada Las Nuevas Fuentes de Información: infor- mación y búsqueda documental en la web 2.0, autoria coletiva de Cordón García et aI. (2010) , vai nessa direçáo. Esses autores apresentam rica revisão de literatura sobre essa temática alertando para mais um crescimento ex- ponencial de disponibilidade da informação, bem como da dispersão em inúmeros suportes e formatos, fazendo com que se torne difícil estabelecer uma classificação c/osed dessas fomes. Assim, temos os Rich Site Summary ou Really Simple Syndication (RSS), blogs, wikis, Bulbllink Metacrawler, IXquick, Dogpile, Dailymotion, Flickr, OpenID, Wordpress, youtube, Cur- rent Contents, OAISter.org, ScientificCommons, Google Scholar e tantas outras fontes na rede. Essa nova modalidade se estrutura em mixordis- mos, com fontes primárias, secundárias e terciárias, a exemplo do Portal de Periódicos da Capes. Todas essas fontes demandam novas competências e habilidades, tanto do ponto de vista dos pesquisadores que necessitam conhecê-las e saber usá-las, como também dos bibliotecários que deverão estar aptos para utilizá-las e, ainda, ensinar os usuários a buscar informa- ções nessas novas modalidades de fontes. 23 ApUCABIUDAOES METODOLÓGICAS EM CltNCIA DA INI'OJ\MAÇAO Ademais, é preciso estar atento ao ciberespaço, pois, as fontes eletrô- nicas nem sempre são estruturadas. Existe uma diversidade enorme dessas fontes e também se percebe a fluidez ou instantaneidade com que elas apa- recem e desparecem das páginas da web ou mesmo na internet. Além do mais, também é preciso estar atento às questões de segurança, observando-se a autenticidade, confidencialidade, confiabilidade, integridade e o acesso. Mas como selecionar as fontes de informação? Ora, vivemos rodea- dos de inúmeras fontes em que o conhecimento já foi registrado e corpu- nicado em diversos formatos, suportes, em fontes analógicas e digitais e ainda aquelas fontes pessoais. No caso de fontes digitais, existem inúmeros buscadores, como é o caso do Coagle, e bases de dados de textos integrais, inclusive muitas delas em código aberto, ou ainda que podem ser acessadas via Portal de Periódicos da Capes. A escolha da fonte, porém, vai depender do nível do trabalho que vai ou está sendo feito. Tomando por base o modelo de Aymonin (2011), apresentamos no Quadro 1 alguns exemplos de necessidades de informação e alguns tipos de fontes onde se poderiam encontrar informaçóes dessa natureza. Quadro 1- Exemplos de Necessidades de Informação Tipos de: necessidades de Tipos de: foores (analógicas e: digitais) que poderiam informação sobre: responder Datas, f.1tOS , dados. defi- Dicionários gerais e especializados, enciclopédias ge- niçóes, traduções, concei- rais e especializadas tos, meteorologia Dicionários de línguas, mapas ou rabelas de dadosetc. Métodos. técnicas, esque- Manuais práticos. hnnd books, normas técnicas, séries mas de tarefas técnicas Teorias, epistemologia, ou Livros especializados, livros sobre a epistemologia, informações de base sobre história da ciência e da tecnologia, teses, dissertações, um tema arcigos científicos. manuais de ensino etc. Artigos cientí6cos e tecnológicos, patentes, relatórios A ciência e a tecnologia técnico-científicos, teses, dissertações, livros, bases e bancos de dados, youtube etc. Anigos científicos e tecnológicos, patentes, relatórios A evolução da pesquisa técnico-científicos, teses, dissertações, livros, bases de dados, youtube etc. Artigos científicos e tecnológicos, patentes, youtube, Minha área de pesquisa relatórios técnico-cientí6cos, teses, dissertações, li- vros, anais de eventos especial izados, bases de dados especializadas na área que estou pesquisando etc. 24 ApUCABIUDADES METODOLÓGICAS EM Ciê NCIA DA INPOfl.MAÇÃO Continuação Meu tema de pesquisa de Artigos científicos e tecnológicos, patentes, relatórios graduação, especialização, técnico-cienti6cos, teses, dissercaçóes, monogra6as, li- mestrado, doutorado vros, bases de dados, bases de dados especializadas etc. O que meus pares ou con- Web invisível, eventos especializados, anais de eventos correntes estão pesquisando especializados, youtube, blogs, redes sociais etc. Fonte: Adaptado de Aymon in (2011). ETAPAS DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL Antes de qualquer discussão mais aprofundada, é preciso ter ciência de que uma pesquisa bibliográfica demanda, incialmente, que se tenha necessidade de informação sobre determinado tema e possuir as compe- tências necessárias para o uso da informação. Para a American library Associadon (ALA), "significa que sabemos reconhecer quando surge uma necessidade de informação e que somos capazes de encontrar a informa- ção adequada, assim como avaliá-Ia e explorá-la"8 (ALA, ] 989, tradução das autoras). E, conforme Tricot (2004, p. 4, tradução das autoras), A necessidade de informação corresponde a uma ausência de co- nhecimento de um indivíduo particular em uma situação particu- lar [ ... ]. Ter consciência dessa necessidade implica que o indivíduo tem conheciment09 sobre a sua necessidade de conhecer algo. Por isso é que se necessita da pes- quisa bibliográfica, para aprofundar ou esclarecer a ausência ou "anomalias do conhecimento" (BELK1N; ROBERTSON, 1976). Em realidade, temos uma ideia sobre o assunto que necessitamos, mesmo que de modo sensorial, como afirma Aristóteles. Olhando do lado de fora, tudo parece muito fácil, porém. temos de entender que além da busca em documentos tradicionais, também se faz necessário saber manejar outras fontes. A pesquisa bibliográ- fica e documental pressupóe, portanto, "A utilização de métodos específicos 8 "signifie que I'on sait reconna1tre quando émerge un besoin d'information et que I'on est capable de: trouver I'information adéquate, ainsi que de I'évaluer et de I'exploiter." 9 "Le besoin d'information correspond à tln manque de connaissance d'um individu particulier dans une situation particuliere.( ... ]. Prendre conscience de ce besoin im- plique que l' individu air des connaissances." 25 APLlCABILlDt\Oes METODOLÓGICAS EM C II1NCIA Dt\ I NFORMAÇAO de interrogação das bases de dados ou dos motores de pesquisa com uso de operadores boolianos associados a uma escolha de palavras-chave pertinen- tes". AJém disso, exige o "conhecimento de uma diversidade de ferramentas disponíveis e de seu funcionamento a fim de que se consiga sucesso em uma busca de informação"" (LE DEUFF, 2011, p. 6). Nesse sentido, entendemos que as etapas da pesquisa bibliográfica ou documental vão variar conforme o nível de pesquisa do usuário, porém, elas devem responder aos seguintes questionamentos: o quê/qual, q4em, quando, porquê, onde e como, conforme demonstrado no Quadro 2. Quadro 2 - Ideias de como Estruturar Pesquisas Bibliográficas ou Docu- mentais sobre um Determinado Tema Questões Exemplos de como estruturar uma pesquisa bibliográfica e documental O que/qual é o tema que estou Pesquisa bibliográfica e documental pesquisando? Quem são os autores/estudiosos Gabriel Naudé, Abbé Rive Édcn nc-Gabrid ligados a esse tema? Peignot, Paul Odet Q uando o tema foi publicado? A partir do século XVI I, com as primeiras pu- . blicaçóes sobre bibliologia e bibliografia Por que esses conceitos aparece- E~ consequência do desenvolvimento cientÍ- ram e para que servem essas pes- fico e tecnológico, que resultou no aumento quisas? da produçáo do conhecimemo registrado e para faci litar o acesso Onde apareceram esses conceitos? Paris e Estados Unidos. entre outros países Como foram propostos e com Graças às inovaçóes oriundas das necessidades que função? de se localizar e ter acesso à produção do co- nhecimento registrado Fonte: Elaboração das autoras. Inicialmente, é necessário definir o que se quer pesquisar e qual o recor- re que será dado: histórico, temporal, linguístico, geográfico, cultural, legal, científico. tecnológico etc. Assim, decididas essas primeiras ações, passa-se para a segunda fase, quer dizer. para o estabelecimento da estratégia de busca, a fim de se levantarem os conceitos relativos do que se quer investigar, por 10 "La connaissance de la diversité des oucils disponibles et de Jeur fonctionnemem constitue un atoue pour une recherche d'information réussic." 26 ApUCABILlDt\OfS METODOLÓGICAS EM CII~.NC IA DA I NfORMAÇAO meio de termos, palavras-chave, descritores etc. As fontes adequadas para esse primeiro contato são os dicionários gerais e especializados. os tesauros, as bi- bliografias, os bancos e as bases de dados e os catálogos analógicos e digitais _ Catálogos O n·line de Acesso Público (OPACS). Mapeados os rermos, as palavras-chave e os descritores, passa-se a levantar os conceitos, a fim de que se possa compreender o que se quer pesquisar (Quadro 3). Nessa etapa da pesquisa, o bibliotecário de referência desempenha papel fundamental, posto que pode orientar como melhor planejar a pesquisa bibliográfica e documen- tai, bem como auxiliar na localização das fontes. Ele conhece as estratégias de busca simples e avançadas e sabe utilizar os operadores boolianos. de rrunca- mento (', #, ?, $) e de proximidade (NEAR, AO], SAME, WlTH). Quadro 3 - Ideias de como Iniciar uma Pesquisa Bibliográfica ou Documental Palavras- Termo Descritor Conceito Fonte dc -chave informação MACIEL, Anna "O conceito é um Maria Becker. construto meneai, e1a- Terminologia. Lin- borado a partir da guística de Corpus síneese das caracrcrís- e Organização da ticas de fenômenos Informação Lcgisla- Conce ito Conceito Conceito do mundo real tiva e Jurídica. Dis- ou imaginário empi- ponível cm: <http:// ricamcnee apreendi- projeto.1exm l.gov. dos, devidamente bclarqslANNA_ despojados de marcas UNILEGIS..,Anna. individua.lizantes. ppt>. Acesso em: 22 maio 201 5. "O termo hipótese vem do grcgo hypo- !MAGO MUNDI: theses (supos ição). É encyclopédie gratui- propriamente uma te. Disponível em: afirmação sem prova Hipótese Hipótese Hipótese suficiente e de onde <http://www.cosmo- se deduz um certo visions.com/hypo- número de conse- these.hun>. i\re;w quências verdadeiras em, 20 jun. 2015. ou falsas." Fonte: Elaboração das autoras. Depois dessa fase, passa-se a fazer buscas mais avançadas, utilizando- ·se as lógicas boolianas do tipo: 27 a. b. d. e. APLICABiLiDADES METODOLÓGICAS EM CJtNCIA DA INFORMAÇAo E. and. et, y, +. para indicar associação dos termos e enquadrá- -los fl~vestigar: Pesquisa Não, flot, sauf, nOfl. -, para restringir a pesquisa e torná-la mais específica: Bibliográfica "Neae" e "s",como operador de proximidade ou contiguidade. Exemplo: pesquisa Near bibliográfica. «$", «*" e "?", estratégia de truncamento utilizada para se pes- quisar por' prefixos, sufixos e outras variantes léxicas, de maneira geral. Exemplo: biblio$ recupera bibliografia. bibliográfico. bibliófilo etc. Depois dessa etapa passamos à etapa seguinte, que é a leitura das fontes localizadas e selecionadas, além de outras fontes para aprofundar mais o conhecimento sobre o tema. Essa etapa é muito importante, pois possibilitará não apenas ter uma boa quantidade de fontes, mas também saber a qualidade dessas fontes para utilizá-las adequadamente e de modo confiável. É interessante observar, por exemplo, a origem do trabalho, quem é o autor, onde foi realizado, em que ano, o objetivo do estudo ou da pesquisa, que metodologias foram empregadas, quais foram os resulta- dos obtidos etc. Outros aspectos importantes a serem observados são: os resultados dessa busca são interessantes para o meu trabalho, do ponto de vista de minha argumentação? Qual é o nível de profundidade com que o tema foi tratado? Com essas informações posso avançar no entendimento sobre o meu tema? Essas questões são importantes porque possibilitarão a seleção ou não da fonte encontrada. 28 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS l'.M CJtNCIA DA INFORMAÇÁO Nessa fase. também são feitas as leituras e os fichamentos, em suportes analógicos ou digitais. No primeiro caso, podem ser feitos em fichas resu- mos, que ainda hoje são vendidas nas papelarias, em cadernos de anotações ou mesmo em agendas (desde que não se percam esses fichamentos). No meio digital podem ser feitas utilizando-se, por exemplo, um editor de textos ou bloco de notas em compuradores, tablets, smartphones, ou ainda na pró- pria web, guardando nas nuvens, como no Google Drive. Todas essas fichas ou anotações devem iniciar com as referências completas dos documentos. Essa fase é crucial para a pesquisa, pois deve-se estar atento à compre- ensão dos conceitos e das ideias tratadas nos discursos dos autores e fazer referências a eles tanto em citações diretas como indiretas. É necessário expressar claramente as ide ias que foram riradas literalmente e aquelas pa- rafraseadas, sendo imponante anotar as páginas de início e fim da citação ou a indicação do número das notas de rodapé, ou ainda as páginas de pre- fácios e apresemações. Essas ações sáo importantes para creditar a autoria dos textos e garantir a origem e a confiabilidade da fonte. Ainda nessa fase, é importante mencionar as suas ideias em relação ao material lido. Terminada a pesquisa bibliográfica e documental, agora é fazer a revisáo de literatura, estado da arte, revisão bibliográfica, referencial, marco teórico etc. Esses estudos de revisão sáo fundamentais para sustentar as ideias sobre o objeto de estudo que está sendo investigado. Conforme Munch (1993. p. 69, tradução das autoras), o marco teórico "é a exposição e análise da teoria ou grupo de teorias que serve como fundamento para explicar os antecedentes e interpretar os resultados" ". É o trabalho de maior reflexão, necessitando coerência entre os discursos, a fim de que eles possam ser bem compreendidos e tenham ligação com o que está sendo investigado. Corroborando com essa ideia. Creswell (2003. p. 10. tradução das autoras) afirma que "as teorias se encontram na literatura e sua inclusão na revisão de literatura é uma extensão lógica ou parte da literatura". Como fazer, portanto, essa revisão? Primeiramente, volta-se para as questões iniciais e os objetivos propostos na pesquisa. a fim de que se possa organizar as ideias e dialogar com os autores lidos. Depois, retoma-se aos fichamentos iniciais para "dar pontos" aos diálogos, POt meio das análises das teorias, observando-se como o tema foi tratado, os tipos de metodologias utilizadas e os resultados que chegaram, de modo a enriquecer o diálogo e a escrita. JJ "Es la exposición y el análisis de la teoda o conjunto de ceadas que sirven como base para explicar los antecedentes e interpretar los resultados." 29 APLlCA81L1DADES METODOLÓGICAS EM CJ~NCIA DA INFORMAÇAo ALGUMAS PALAVRAS SOBRE AS CITAÇOES E REFE~NCIAS Nossa intenção nesta parte do texto não é aprofundar as questões de citações ou de referências, porém, trazer algumas ideias. mais no sentido prá- tico. de como elas aparecem nos trabalhos acadêmicos ou de outra natureza. Lembramos que existem vários padrões para citações e referências bibliográ- ficas. Por exemplo. na área de Saúde, as normas de Vancouver são muito uti- lizadas, assim como as normas ISO 690: 1987 para referências bibliográ1icas e ISO 690-2 para referências bibliográ1icas de documentos eletrônicos, Aine- rican Psychological Association (APA). No Brasil, os padrões de citação bi- bliográ1ica estão estabelecidos pelas NBR 10520:2002 - Informação e docu- mentação - Citações em documentos - e pela Apresentação NBR - 6023: 2002 - Informação e documentação - Referências - Elaboração. As citações são uma espécie de "mote" para a dialogicidade com os teó- ricos que váo ajudar a compreender melhor o objeto de estudo e seu entorno. Elas se configuram como os "recortes" dos discursos, tomados emprestados de outros autores para ratificar ou negar as discussões sobre os temas de pesquisas e estudos. Essas aparecem ao menos sob três modalidades: diretas, as citadas tais quais os autores expressaram seus discursos no texto; indireras, as citadas de modo parafraseado do original; e ainda as citadas de outros que a citaram, conhecidas como citação de citação. a. Citação direta, literal, textual ou ipce/iteres: citam-se passagens do discurso dos autores, igualmente como foram construídas no do- cumento original. Se a citação for curta - até três linhas - , deve ser integrada ao texto, fazendo parte dele, sem que se faça sus- pensão. Todas as citações diretas devem conter as indicações de onde foram tiradas (autoria, ano e páginas - caso seja possível e seguindo as normas estabelecidas - APA, ABNT, Vancouver etc). Por exemplo: As reflexões de Freire (1992, p. 76) explicitam que "ler um texto é algo sério". Também podem ser feitas citações com interrupções do texto citado. Exemplo: Ler um texto "[ ... ] é • aprender como se dão as relações entre as palavras na composição do discurso. É tarefa de sujeito crítico, humilde e determinado" (FREIRE, 1992, p. 76). Se a citação for longa - mais de três linhas -, deve ser deslocada do texto e iniciada 4 centímetros à direita do parágrafo inicial. Exemplo: para a ABNT (2002, p. 2), o documento é 30 APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CJe.NCI/\ DA INFORMAÇÃO Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade que possa servir para consulta, estudo ou prova. In- clui impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, ima- gens, sem modificações, independentemente do período decorrido desde a primeira publicação. b. Citações indiretas, parafraseadas: citam-se as passagens do dis- curso dos autores, porém, em paráfrase. Quer dizer, expressam- -se os entendimentos sobre o que foi dito pelos autores. Nesses casos, não há necessidade de se colocar as páginas. Exemplo: no entendimento de Meadows (1999), houve um crescimento bastante elevado da produçáo de publicações científicas, prin- cipalmente dos periódicos científicos. Mas a questão não se restringia à quantidade de livros e periódicos publicados, po- rém, também, à quantidade de informação científica. c. Citações de citações: citam-se passagens de textos dos discursos que foram citadas por outros autores, sem que se tenha acesso ao origi- nal, principalmente pelas barreiras linguísticas ou mesmo de acesso físico ao docwnento. Elas também podem ser diretas ou indiretas. Exemplo: para Lawrence (2001 apudLEITE, 2009, p. 19), os "re- positórios institucionaissáo a manifestação visível da importância emergente da gestão do conhecimento na educação superior". As tecnologias eletrônicas e digitais de informação e de comuni- cação têm favorecido o trabalho da pesquisa bibliográfica e documental com a edição de softwares que fazem a organização e a gestão das fontes utilizadas na pesquisa bibliográfica ou documental ·e, naturalmente, do trabalho científico, acadêmico ou de outra natureza. Eis alguns deles: EndNote (http://www.endnote.com/), Biblioexpress (http://www.bib- sonomy.org/), CiteUlike (http://www.citeulike.org/), Connotea (http:// www.connotea.org/), RefWorks (http://www.refworks.com/). Zotero (http://www.zotero.org/),Mendeley (https:llwww.mendeley.com). Tam- bém existem ferramentas que geram citações on-line, como: Cite this for me (https://www.citethisforme.com/pt), Refworks (https:llwww.re- fworks.com/), sem esquecer o Digital Object Identifier (DOI) (http:// www.doi.org/). Ainda nesse ínterim, julgamos necessário citar algumas ferramentas para as análises de dados quantitativos ou qualitativos: Google Does (ht- tps:llwww.google.com/docs/about). CAQDAS (http://www.surrey.ac.ukl sociologyl researchl researchcentresl caqdas/), Heatmaps (https:llheatmap. 31 APLlCA81L1DADES METODOLÓGICAS EM Cli!:NCIA DA INFORMAÇÃO mel) e Cardsorting (http://www.usabilicy.gov/how-to-and-tools/methods/card- -sorting.htmI), esses dois últimos para testes de usabilidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao concluir este capítulo, fica claro que as questões relativas à com- preensão do que se tem por pesquisa bibliográfica e documental perpassam pelo conhecimento das fontes de informação e pelas competências do pes- quisador sobre as etapas de sua realização. Como discutimos ao longo do texto, a construção do conhecimento, seja ele científico ou técnico, passa por um processo metodológico complexo de compreensão de conceitos, definições, teorias, ideias, escolhas e análises, que são frutos da pesquisa bibliográfica, constituindo uma ferramenta indispensável à qualidade e à confiabilidade do estudo desenvolvido, especialmente para as pesquisas de caráter científico. A pesquisa bibliográfica e documental implica um laborioso trabalho de reconhecimento e diálogo com autores em diferentes épocas e espaços geográficos. Essa, por sua vez, envolve um conjunto de critérios articulados com o objeto investigado pelo pesquisador. Outro ponto importante a destacar é que tais estudos permitirão ao pesquisador buscar,as necessárias referências e identificações com as fontes, em relação às abordagens teóricas com as quais pretende caminhar e dialo- gar, sem se furtar a conhecer os pensamentos e as bases científicas de outros autores que tratam sobre a mesma temática. Toda essa ação permitirá a construção de um aporte teórico reRexivo e crítico sobre o "estado da arte" de uma determinada área temática, desde as suas concepções históricas, culturais e ideológicas até o que há de mais atual sobre o estudo. Podemos afirmar, portanto, que o processo de pesquisa bibliográfica e documental é indispensável para a qualidade de uma investigação con- fiável, o que certamente contribuirá com as escolhas metodológicas, espe- cialmente em relação à definição do método que melhor trará resultados para a pesquisa. , A pesquisa bibliográfica tem o poder de convencimento. Ou seja, ao construir com o autor de um estudo um referencial teórico, por meio do discurso, estabelece uma negociação pelo ato discursivo, a fim de fazer valer e justificar as opções e escolhas metodológicas. Finalmente, independentemente de qualquer coisa, a pesquisa bi- bliográfica e documental tem uma finalidade ímpar: possibilitar o avanço 32 I APLICABILIDADES METODOLÓGICAS E.M CII!.NCIA DA INFORMAÇÃO do conhecimento sobre um tema e contribuir para que novas produçóes se tornem acessíveis ao público. Além disso, também contribuirá para que iniciantes no mundo da pesquisa, seja ela técnica ou científica, enriqueçam seus estudos e possam dialogar com autores, cuja contribuição teórica tem sido relevante para a construção do conhecimento. REFER~NCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: infor- mação e documentação - referências - elaboração. São Paulo, 2002. _ ___ o NBR 10520: apresentação de citação em documentos. 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