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Pesquisa bibliográfica e documental: o fazer científico. In: Aplicabilidades Metodológicas em Ciência da Informação (com OCR e orientação das páginas corrigidas)

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EM ClENCIA DA. INFORMAÇÃO 
âmbito da Economia, enfatizando a 
(2009). 
professora do DCINF-UFC, e 
professor do Departamento de Ci-
discutem os ''Aspectos metodoló-
de Usuários por meio da análise 
bibliográfica sobre a pesquisa 
Iressando os passos seguidos para ,a 
essa metodologia para a análise dos 
omunidades de Usuários, no contex-
Gabriela Belmont de Farias, do 
neJlUZW, do Departamento de Ciên-
lpresentam o texto intitulado "Cons-
da competência em informação 
como na do reconfiguracionismo de 
de análise dos documentos le-
e da Unesp. Além do mais, 
Coletivo. 
salientamos que, embora os temas 
para o campo da Ciência da 
trazer contribuiçóes significa-
Portanto, esperamos que nossos 
como referência, principalmente 
de pesquisa. 
Virgínia Bentes Pinto 
ia Aparecida Borsetti Gregório Vidotti 
Lídia Eugênia Cavalcante 
(Organizadoras) 
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL: 
O FAZER CIENTíFICO EM CONSTRUÇÃO 
INTRODUçAo 
Virgínia Bentes Pinto 
Lídia Eugênia Cavalcante 
[. .. } acho que só há um caminho para a ciência - ou para a filoso-
fia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonarmo-nos por 
ele; casarmo-nos com ele, até que a morte nos separe - a não ser que 
encontremos outro problema ainda mais fascinante, ou a não ser que 
obtenhamos uma solução. Mas ainda que encontremos uma solução, 
poderemos descobrir, para nossa satisfação, a existência de toda uma 
família de encantadores, se bem que talvez difíceis, problemas filhos, 
para cujo bem-estar poderemos trabalhar, com uma finalidade em vis-
ta, até ao fim dos nossos dias. 
(Karl R. Popper) 
Tomamos a epígrafe emprestada do filósofo Karl R. Popper (1997, 
p. 42) para abrir este trabalho, por acreditarmos que a realização de uma 
pesquisa cientÍfica, seja ela de qual natureza for, perpassa necessariamente 
pela pesquisa bibliográfica e/ou documental. Sem essa etapa da pesquisa, 
é impossível conhecer o estado da arte dos temas que motivaram a esco-
lha do objeto de estudo. Contudo, a impressão que se tem é de que nem 
sempre os "noviços em pesquisa" têm esse entendimento e, muitas vezes, 
enveredam por escrever sobre um determinado objeto de estudo sem a base 
de conhecimento mínimo para tal. Desse modo, percebemos que as difi-
culdades na realização do trabalho se configuram um "tormento", in-
clusive com o abandono de muitos estudantes no momento da realização 
de trabalhos de conclusão de cursos, sejam da graduação ou da pós-gradu-
ação. Entendemos, também, que tal fato não é exclusivamente oriundo da 
academia. Muitas vezes, tem raízes no ensino fundamental e médio que, 
15 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CIêNCIA DA INFORMAÇÃO 
normalmente. não dão a devida importância às atividades de pesquisa no 
cotidiano das disciplinas escolares, fazendo com que o estudante chegue à 
academia sem ter qualquer vivência nessa atividade. 
Não queremos afirmar, entretanto, que, para aqueles que já possuem 
certa expertise nas atividades de pesquisa científica, esse tipo de estudo 
também seja fácil, pois, cada dia, surgem temas novos, ou mesmo con-
teúdos e discussões mais atualizadas, sendo impossível que as fontes de 
informação acompanhem, com a mesma rapidez, a evolução da ciência, 
cada vez mais especializada e fragmentada. Com isso, nos passos iniciáis 
de busca e levantamentos de literatura, já se confrontam com dificuldades. 
Alguns podem se preguntar: mas por que essa preocupação em trazer 
à tona um tema que parece simples e corriqueiro para os pesquisadores no 
dia a dia acadêmico? Primeiramente, porque somos professoras, pesqui-
sadoras e orientadoras de estudantes de graduação e de pós-graduação e 
convivemos com as dificuldades de muitos deles quando solicitamos que 
realizem uma pesquisa bibliográfica e documental para a concretização de 
um artigo, projeto de pesquisa ou mesmo uma simples atividade de sala de 
aula. Segundo, porque, embora pareça ser fácil se fazer uma pesquisa dessa 
natureza, tal entendimento náo é bem verdade, haja vista que, também 
para esse tipo de pesquisa, faz-se mister seguir alguns parâmetros, pois, 
do contrário, o que Rode parecer fácil se torna muito difícil ao longo do 
percurso investigativo. 
A pesquisa bibliográfica e documental exige cuidados especiais, prin-
cipalmente porque nela se dialoga com os autores que tratam do tema estu-
dado, e, muitas vezes, também nos deparamos com um diálogo complexo e 
contraditório entre os autores, que nem sempre comungam da mesma visão 
teórica sobre o conhecimento de um determinado tema. Dai por que a me-
diação se faz necessária, pois, mesmo diametricamente opostos os enten-
dimentos, eles podem possibilitar discussões ricas e apresentar importantes 
contribuições para uma problemática de pesquisa. 
Ademais, o processo da pesquisa bibliográfica e documental pres-
supõe reflexões que podem ser simples ou complexas, dependendo do 
domínio que se tenha do tema a ser pesquisado e das competências do 
pesquisador no uso das fontes de referências de pesquisa e do tipo de in-
formação buscada. A partir disso é que podemos identificar os documen-
tos e os autores que poderão contribuir para o melhor entendimento dos 
temas da pesquisa e, naturalmente, do objeto de estudo. Consequente-
mente, isso levará a decidir por quais tipos, natureza, formatos e suportes 
de registros do conhecimento, tradicionais (analógicos) ou eletrônicos, 
serão pesquisados. 
16 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM C1~NCIA. DA INfORMhÇAO 
Essas reflexões nos motivaram a escrever este trabalho, tendo como 
mote as seguintes questões: o que entendemos por pesquisa bibliográfica 
ou documental? Quais são os passos desse tipo de pesquisa? Em que fontes 
de informação devemos nos pautar para a pesquisa bibliográfica e docu-
mental? Qual a importância que esse tipo de pesquisa tem para um estudo 
científico? Nossa intensão, portanto, é discutir essas questões trazendo al-
guns princípios básicos da pesquisa bibliográfica e documental como uma 
ferramenra metodológica fundamental para qualquer outro tipo de pesqui-
sa, no contexto da educação básica ou acadêmica, e também para sustentar 
um estudo ou trabalho intelectual, seja teórico ou prático. 
ENTENDENDO A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL 
Esse tipo de pesquisa remonta à própria evolução do conhecimento re-
gistrado. Afinal, foi a partir dai que começaram a surgir as fontes documentais 
registradas que embasam estudos e pesquisas. Consequentemente, elas acom-
panham a história do desenvolvimento filosófico, científico e tecnológico. 
Mas o que queremos dizer quando falamos de pesquisa bibliográfica 
ou documental? Inicialmente, esse tipo de pesquisa é entendido ao menos 
sob dois pontos de vista: primeiramente, como uma metodologia de busca 
e acesso a fontes de informação que auxiliam na compreensão de concei-
tos acerca da produção do conhecimento sobre um dererminado tema; 
segundo, pela exegese daquilo que já foi produzido e se chegou às "causas" 
e aos "princípios" dos fenômenos, obtendo-se conclusões sobre o que já foi 
comunicado, sem que se tenha necessidade de ir ao campo empírico fora 
do conhecimento registrado. 
Assim, no primeiro caso, podemos dizer que a pesquisa bibliográfica 
constitui um conjunto metodológico de técnicas para se buscar informa-
ções e conhecimentos registrados (analógicos ou digitais), concernentes a 
um domínio particular para atender a uma necessidade específica. Con-
forme Villasenor Rodríguez e Gómez García (2009, p. 36, traduçáo das 
autoras), essas buscas nos permitem "conhecer o estado da questão proble-
ma - objeto de estudo - para evitar reiterações ou duplicidades no esforço 
do pesquisador"2. 
2 "conocer el estado de la cuestión dd problema - objeto de estudio - para evitar 
reiteraciones o duplicidad en e! esfuerzo de! investigador." 
17 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CltNCIADA INFORMAÇAO 
A pesquisa bibliográfica está associada à chamada "bibliologià', que 
tem gênese no século XVII com a Bibliografia Política de Gabriel Naudé 
(1600-1653), bem como à estruturação do conceito de "bibliologia" as-
sociada a Abbé Rive (1781). Considera-se, porém, como o pai dessa nova 
proposta científica Étienne-Gabriel Peignor. Também não podemos deixar 
de mencionar o grande papel do Repertório Bibliogrdfico de Paul Orlet, no 
final do século XIX. 
Com o surgimento dos novos tipos, formatos e suportes de regist~9s 
do conhecimento, que não os livros, aparece o conceito de documento, e, 
com esse fenômeno, vai-se percebendo que somente falar de bibliográfi-
cos não dá conta dos outros tipos de documentos, embora que de modo 
geral o simbólico do livro remeta aos documentos impressos que tenham 
mais de 49 páginas, conforme é definido pela Unesco. Corroborando com 
esse entendimento simbólico, Hauser (1973, p. 103, tradução das autoras) 
destaca que tentar conceituar o livro é algo complexo, pois, para ele, o 
livro pode ser: "Em parte, matéria, e em parte, espírito; em parte, coisa, 
e em parte, pensamento: de qualquer modo que se olhe, se resiste a ser 
definido"' . Ainda nessa direção, Buonocre (1952, p. 281, tradução das 
autoras)' propõe uma definição que, já na década de 1950, englobava ou-
tros materiais e consi?era que livro refere-se a 
( ... ] qualquer porção, pequena ou grande, do pensamento huma-
no, transmitida por escrito ou por símbolos de uma especialidade, 
difundida por procedimentos mecânicos, fotomecânicos ou au-
diofalantes e comunicado ao próximo usando materiais de qual-
quer classe e adotando qualquer forma de extensão. 
É importante observar que os dois autores anteriormente citados têm 
suas representações simbólicas do livro como algo que pode abarcar a ideia 
de documento como suporte de registro do conhecimento. Mesmo assim, 
aparecem outras ideias de compartimentar ral conceito conforme outros 
tipos de documentos e, daí, aparece o conceito de documento e, conse-
quentemente, de pesquisa documental. 
3 "Ellibro, en parte materia y en parte espíritu; en parte cosa y en parte pensamiento, 
de cualquier modo que se mire, se resiste a ser definido." 
4 "Cualquier porción, pequena o grande, deI pensamiento humano, transmitida por 
escrito, o por los símbolos de una especialidad, difundida por procedimientos mecá-
nic05, fotomecánicos o audioparlames, y comunicada ai prójimo usando materiales 
de cualquier clase, forma o extensión." 
18 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CI !'!NCIA DA INFORMAÇAo 
Assim, na pesquisa documental, o foco não está no livro, e sim em 
outros tipos de documentos. Independentemente de estarmos falando de 
"biblio" ou "doe", Blaxter, Hughes e Tight (2007, p. 136) afirmam que, 
em quaisquer dessas pesquisas, todas elas envolvem, entre outras razões, 
as seguintes: 
a) Captar alguma ideia sobre o tema a ser invesrigadoi 
b) Avançar nos conhecimentos; 
c) Visar a compreensão de que outros autores já escreveram sobre o 
que se quer investigar; 
d) Ampliar as perspectivas e inserir a pesquisa em um contexto mais es-
pecífico, embora ela seja interdisciplinar; 
e) Conhecer de forma insuficiente o conhecimento; 
f) Avançar nos conhecimentos e poder afunilar o objeto de estudo; 
g) Atender as espectativas do orientador; 
h) Sustentar ou legitimar as argumentos; 
i) Sustentar ou fundamentar as críticas embasado em estudos já 
realizados por outros; 
j) Identificar e ampliar a área de pesquisa. 
As pesquisas bibliográficas e documentais desempenham papel de 
primeira grandeza em todas as atividades relativas à educação formal, desde 
o ensino fundamental até a universidade. Elas são a base para se: 
a) Planejar, organizar e preparar aulas ou matérias de ensino a se-
rem ministradas em cursos de qualquer natureza; 
b) Projetar e elaborar artigos, apresentações de conferências, pales-
tras ou ainda pesquisas científicas ou não; 
c) Fomentar a gestão e a extensão universitárias ou de outras na-
turezas; 
d) Sustentar a elaboração de relatórios técnico-científicos em qual-
quer área de atividades; 
e) Fundamentar quaisquer outras atividades de cunho educacional, 
técnico-científico ou não. 
Essas pesquisam visam identificar documentos e recuperar informa-
ções registradas em textos e discursos (verbais ou não verbais, analógicos 
ou digitais), a fim de que possamos ter ciência sobre o que já foi ou está 
19 
APLICABILIDADES MElúOOLÓGlCAS EM CU!.NCIA DA INFORMAÇAO 
sendo produzido no mundo em matéria de estudos e pesquisas. Conforme 
Bunge (1976, p. 191), a pesquisa serve também para 
r ... ] tomarmos conhecimento de problemas que para outros po-
dem ter passado despercebidos; interná-los em um corpo de co-
nhecimentos e tentar resolvê-los com o máximo de rigor e, prima-
riamente, para enriquecer nosso conhecimentos. 
Então, contribuem para a produção de novos conhecimentos, avançando 
ou ratificando aqueles que já foram produzidos e comunicados. ' 
Para entender melhor sobre esse conhecimento, pautamo-nos em 
Aristóteles (1984), no capítulo !, do livro !, da Metafísica, ao discutir os 
três tipos de conhecimento: 
a. Conhecimento sensorial - refere-se aos conhecimentos empíri-
cos, às experiências inspiracionais "dos objetos singulares; mas 
não dizem o porquê de nada, apenas se voltam para dizer o que é" 
(ARISTÓTELES, 1984, p. 12-13, grifo nosso) . Por exemplo, 
"sabem que o fogo é quente", porém não sabem dizer por que o 
fogo é quente. 
b. Conhecimento técnico - volta-se a detalhes mais apurados do 
que o conhecimento sensorial, embora ainda assim não saiba 
explicar os porquês e as causas, porém o como é tal coisa ou 
objeto do mundo. 
c. Conhecimento teórico - são aqueles que "conhecem porquê e a 
causa (grifo nosso) [ ... ] Têm domínio da teoria e seu conhecimen-
to das causas". Trata-se, portanto, da ciência propriamente dita. 
Aristóteles (1984, p. 12-13) conclui ainda que, no contexto prático 
da vida, a experiência é necessária e não deixa nada a desejar em relação aos 
outros tipos de conhecimento. Assim esse autor se expressa: 
[ ... ] os expertos têm mais êxitos do que os que não têm experiên-
cias, possuem o conhecimento das coisas singulares. e a arte, do 
universal; e todas as ações e generalizações se referem ao singular. 
Não é o homem, efetivamente, que cura, a não ser acidentalmente 
[ ... ] Por conseguinte, si alguém tem sim a experiência, o conheci-
5 "tomar conocimiento de problemas que ortos pueden haber pasado por alto; inter-
narlos en un cuerpo de conocimiento e intentar resolverIos con el maximo de rigor 
y, primariamente, para enriquecer nuestro conocimiento." 
20 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM Cn1NCIA DA INFORMAÇÃO 
mento teórico, e sabe o universal, mas ignora seu conteúdo sin-
gular, errará muitas vezes no caso da cura, pois é o singular o que 
pode ser curado. 
Trouxemos os exemplos do filósofo porque, em nosso entendimento, 
esses três conhecimentos estão relacionados diretamente com a pesquisa 
bibliográfica e documental. No primeiro caso, "o que é" concerne ao co-
nhecimento sensorial que se tem sobre o tema. No segundo tipo de conhe-
cimento, "como é" esse objeto chamado pesquisa bibliográfica, documen-
tal ou de informação, trata-se das habilidades práticas a serem empregadas 
à sua concretização, porém, sem saber o porquê de se usar tal metodologia 
para a concretização desse tipo de pesquisa. No terceiro caso, por exemplo, 
o conhecimento estaria voltado para o "porquê" de se fazer esse tipo de 
pesquisa. Seria ter o domínio da teoria e seus conhecimentos de causa, pela 
apropriação do objeto a partir da literatura que nos possibilitou chegar a 
compreendê-lo e a ensinar esse tipo de pesquisa. 
Isso posto, fica evidente que em todas atividades intelectuais, sejam 
elas de ensino, pesquisa, extensão oumesmo gestão, faz-se necessário al-
gum tipo de consulta bibliográfica e documental. Independentemente, 
porém, do que estejamos discutindo, essas pesquisas buscam identificar 
referências das fontes que poderáo suprir as necessidades de informação, 
ter acesso aos documentos e conhecimentos para a resolução das questões 
demandadas. Para tanto, essas pesquisas buscam estruturar metodologias 
para identificar fontes documentais e mapear as informações que seráo 
úteis ao desenvolvimento de um trabalho que está sendo realizado, seja 
estudo científico ou técnico, pesquisa, extensão ou ge:stão. 
FONTES DE INFORMAÇAO PARA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E 
DOCUMENTAL 
Para a realizaçáo de pesquisas bibliográfica ou documental dispomos 
de fontes em formatos analógicos (papel, fotografias, obras de arte, mo-
numentos etc.) ou digital, como aquelas disponíveis via internet (bancos 
e bases de dados, documentos el~trônicos etc.). As fontes de informação 
são documentos (verbais ou não verbais) que portam conhecimentos re-
gistrados ou que, simbolicamente, representam fatos ou acontecimentos 
históricos e/ou podem ser considerados como testemunhos de algum fato 
21 
APLICABILIDADES MElUDOLÓGICAS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇAO 
ao longo da história. Podemos dizer, portanto, que são todos os recursos pas-
síveis das possibilidades de portar informaçóes e/ou conhecimentos e acessá-
-los por quaisquer meios ou canais de informação. Para Carrizo Sainero, 
lrureta-Goyena e Quintana Sáenz (1994, p. 30, tradução das autoras), essas 
fontes são, portanto, as 
[ ... ] trilhas, testemunhos ou os conhecimentos produzidos pelo 
homem no decorrer do tempo e podem ser restos biológicos, mo-
numentos, livros e outros documentos, tudo aquilo que fornece 
uma notícia, uma informação ou um dad06• 
Na mesma linha, Villasenor (1999, p. 30, tradução das autoras) des-
taca que as fontes de informação 
[ ... ] são todos aqueles instrumentos e recursos que servem para 
satisfazer as necessidades de informação de qualquer pessoa, sejam 
criadas ou não com essa finalidade e usadas diretamente ou não 
com a mediação de um profissional da informação. São os recursos 
necessários para se poder ter acesso à informação e ao conhecimen-
to em geral7• 
As fontes de informação podem ser de natureza e tipos diversos, 
podendo-se classificá-las do ponto de vista da origem da informação, do 
ponto de vista do tipo de suporte de registro e do ponto de vista das or-
ganizações. No primeiro caso, são as fontes pessoais; no segundo, livros e 
outros documentos verbais e não verbais (iconográficos, sonoros, audiovi-
suais, monumentos, praças etc.) e, no terceiro caso, as próprias organiza-
ções (públicas ou privadas). 
Tradicionalmente, as fontes de informação para a pesquisa biblio-
gráfica e documental foram classificadas em: primárias, secundárias e ter-
ciárias; alguns autores, no entanto, mencionam as quaternárias. Porém, já 
existem estudos que defendem apenas as fontes primárias e secundárias. 
Para efeito deste trabalho, mostraremos as três, conforme a seguir: 
6 "huellas, testimonios o conocimientos aportados por el hombre en el discurrir dei 
tiempo y pueden ser restos biológicos, monumentos, libras y outros documientos, 
todo aquello que suministra una noticia, una información o un claro." 
7 "son rodos aquellos instrumentos y recursos que sirven para satisfacer las necesidades 
informativas de qualquier persona, sean creados o non con ese fin y sean utilizados 
clirectamenre o non por un prafessional de la información como intermediario. Son 
los recursos necesarios para poder acceder a la información y ai conocimiento en geral." 
22 
APLICABILIDADES MElUDOLÓGICAS EM C leNCIA DA INFORMAÇAO 
a. Primárias - são aquelas em que o conhecimento é registrado 
em primeira máo. Como exemplos, podemos citar livros, car-
tas, periódicos, teses, projetos e relatórios de pesquisas, anais de 
eventos, patentes, normas técnicas, manuais, discos, filmes etc. 
Também se enquadram nesse rol as pessoas. As fontes de infor-
mação pessoais podem ser tanto no contexto individual quanto 
coletivo (associações. grupos de pesquisa etc.). 
b. Secundárias - são organizadas a partir do tratamento da informa-
ção registada nas fontes primárias e fazem referências a elas, vi-
sando possibilitar o acesso mais rápido às informações. Exemplos: 
bibliograEas, catálogos. anais de resumos, catálogos de editoras, 
resenhas, bases de dados bibliográficas e referenciais. 
c. Terciárias - são concernentes àquelas organizadas a partir das fon-
tes secundárias e, em alguns casos, também arrolam as fontes pri-
márias. Enquadram-se nesse tipo as bibliografias de bibliografias, 
cabeçalhos de assuntos, resauros, repositórios, anuários. 
Mas, para além dessa classificação, é importante observar que o 
ciberespaço permitiu o surgimento de outras fontes que se misturam, tor-
nando-se difícil que tal classificação permaneça imutável. Afinal, pensando 
bem, tudo é passível de ser considerado como fome de informação que se 
cria e se recria. A obra intitulada Las Nuevas Fuentes de Información: infor-
mación y búsqueda documental en la web 2.0, autoria coletiva de Cordón 
García et aI. (2010) , vai nessa direçáo. Esses autores apresentam rica revisão 
de literatura sobre essa temática alertando para mais um crescimento ex-
ponencial de disponibilidade da informação, bem como da dispersão em 
inúmeros suportes e formatos, fazendo com que se torne difícil estabelecer 
uma classificação c/osed dessas fomes. Assim, temos os Rich Site Summary 
ou Really Simple Syndication (RSS), blogs, wikis, Bulbllink Metacrawler, 
IXquick, Dogpile, Dailymotion, Flickr, OpenID, Wordpress, youtube, Cur-
rent Contents, OAISter.org, ScientificCommons, Google Scholar e tantas 
outras fontes na rede. Essa nova modalidade se estrutura em mixordis-
mos, com fontes primárias, secundárias e terciárias, a exemplo do Portal 
de Periódicos da Capes. Todas essas fontes demandam novas competências 
e habilidades, tanto do ponto de vista dos pesquisadores que necessitam 
conhecê-las e saber usá-las, como também dos bibliotecários que deverão 
estar aptos para utilizá-las e, ainda, ensinar os usuários a buscar informa-
ções nessas novas modalidades de fontes. 
23 
ApUCABIUDAOES METODOLÓGICAS EM CltNCIA DA INI'OJ\MAÇAO 
Ademais, é preciso estar atento ao ciberespaço, pois, as fontes eletrô-
nicas nem sempre são estruturadas. Existe uma diversidade enorme dessas 
fontes e também se percebe a fluidez ou instantaneidade com que elas apa-
recem e desparecem das páginas da web ou mesmo na internet. Além do 
mais, também é preciso estar atento às questões de segurança, observando-se 
a autenticidade, confidencialidade, confiabilidade, integridade e o acesso. 
Mas como selecionar as fontes de informação? Ora, vivemos rodea-
dos de inúmeras fontes em que o conhecimento já foi registrado e corpu-
nicado em diversos formatos, suportes, em fontes analógicas e digitais e 
ainda aquelas fontes pessoais. No caso de fontes digitais, existem inúmeros 
buscadores, como é o caso do Coagle, e bases de dados de textos integrais, 
inclusive muitas delas em código aberto, ou ainda que podem ser acessadas 
via Portal de Periódicos da Capes. A escolha da fonte, porém, vai depender 
do nível do trabalho que vai ou está sendo feito. 
Tomando por base o modelo de Aymonin (2011), apresentamos no 
Quadro 1 alguns exemplos de necessidades de informação e alguns tipos de 
fontes onde se poderiam encontrar informaçóes dessa natureza. 
Quadro 1- Exemplos de Necessidades de Informação 
Tipos de: necessidades de Tipos de: foores (analógicas e: digitais) que poderiam 
informação sobre: responder 
Datas, f.1tOS , dados. defi- Dicionários gerais e especializados, enciclopédias ge-
niçóes, traduções, concei- rais e especializadas 
tos, meteorologia Dicionários de línguas, mapas ou rabelas de dadosetc. 
Métodos. técnicas, esque- Manuais práticos. hnnd books, normas técnicas, séries 
mas de tarefas técnicas 
Teorias, epistemologia, ou Livros especializados, livros sobre a epistemologia, 
informações de base sobre história da ciência e da tecnologia, teses, dissertações, 
um tema arcigos científicos. manuais de ensino etc. 
Artigos cientí6cos e tecnológicos, patentes, relatórios 
A ciência e a tecnologia técnico-científicos, teses, dissertações, livros, bases e 
bancos de dados, youtube etc. 
Anigos científicos e tecnológicos, patentes, relatórios 
A evolução da pesquisa técnico-científicos, teses, dissertações, livros, bases de 
dados, youtube etc. 
Artigos científicos e tecnológicos, patentes, youtube, 
Minha área de pesquisa relatórios técnico-cientí6cos, teses, dissertações, li-
vros, anais de eventos especial izados, bases de dados 
especializadas na área que estou pesquisando etc. 
24 
ApUCABIUDADES METODOLÓGICAS EM Ciê NCIA DA INPOfl.MAÇÃO 
Continuação 
Meu tema de pesquisa de Artigos científicos e tecnológicos, patentes, relatórios 
graduação, especialização, técnico-cienti6cos, teses, dissercaçóes, monogra6as, li-
mestrado, doutorado vros, bases de dados, bases de dados especializadas etc. 
O que meus pares ou con- Web invisível, eventos especializados, anais de eventos 
correntes estão pesquisando especializados, youtube, blogs, redes sociais etc. 
Fonte: Adaptado de Aymon in (2011). 
ETAPAS DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL 
Antes de qualquer discussão mais aprofundada, é preciso ter ciência 
de que uma pesquisa bibliográfica demanda, incialmente, que se tenha 
necessidade de informação sobre determinado tema e possuir as compe-
tências necessárias para o uso da informação. Para a American library 
Associadon (ALA), "significa que sabemos reconhecer quando surge uma 
necessidade de informação e que somos capazes de encontrar a informa-
ção adequada, assim como avaliá-Ia e explorá-la"8 (ALA, ] 989, tradução 
das autoras). 
E, conforme Tricot (2004, p. 4, tradução das autoras), 
A necessidade de informação corresponde a uma ausência de co-
nhecimento de um indivíduo particular em uma situação particu-
lar [ ... ]. Ter consciência dessa necessidade implica que o indivíduo 
tem conheciment09 
sobre a sua necessidade de conhecer algo. Por isso é que se necessita da pes-
quisa bibliográfica, para aprofundar ou esclarecer a ausência ou "anomalias 
do conhecimento" (BELK1N; ROBERTSON, 1976). Em realidade, temos 
uma ideia sobre o assunto que necessitamos, mesmo que de modo sensorial, 
como afirma Aristóteles. Olhando do lado de fora, tudo parece muito fácil, 
porém. temos de entender que além da busca em documentos tradicionais, 
também se faz necessário saber manejar outras fontes. A pesquisa bibliográ-
fica e documental pressupóe, portanto, "A utilização de métodos específicos 
8 "signifie que I'on sait reconna1tre quando émerge un besoin d'information et que 
I'on est capable de: trouver I'information adéquate, ainsi que de I'évaluer et de 
I'exploiter." 
9 "Le besoin d'information correspond à tln manque de connaissance d'um individu 
particulier dans une situation particuliere.( ... ]. Prendre conscience de ce besoin im-
plique que l' individu air des connaissances." 
25 
APLlCABILlDt\Oes METODOLÓGICAS EM C II1NCIA Dt\ I NFORMAÇAO 
de interrogação das bases de dados ou dos motores de pesquisa com uso de 
operadores boolianos associados a uma escolha de palavras-chave pertinen-
tes". AJém disso, exige o "conhecimento de uma diversidade de ferramentas 
disponíveis e de seu funcionamento a fim de que se consiga sucesso em uma 
busca de informação"" (LE DEUFF, 2011, p. 6). 
Nesse sentido, entendemos que as etapas da pesquisa bibliográfica ou 
documental vão variar conforme o nível de pesquisa do usuário, porém, 
elas devem responder aos seguintes questionamentos: o quê/qual, q4em, 
quando, porquê, onde e como, conforme demonstrado no Quadro 2. 
Quadro 2 - Ideias de como Estruturar Pesquisas Bibliográficas ou Docu-
mentais sobre um Determinado Tema 
Questões Exemplos de como estruturar uma pesquisa bibliográfica e documental 
O que/qual é o tema que estou 
Pesquisa bibliográfica e documental pesquisando? 
Quem são os autores/estudiosos Gabriel Naudé, Abbé Rive Édcn nc-Gabrid 
ligados a esse tema? Peignot, Paul Odet 
Q uando o tema foi publicado? A partir do século XVI I, com as primeiras pu-
. 
blicaçóes sobre bibliologia e bibliografia 
Por que esses conceitos aparece- E~ consequência do desenvolvimento cientÍ-
ram e para que servem essas pes- fico e tecnológico, que resultou no aumento 
quisas? da produçáo do conhecimemo registrado e 
para faci litar o acesso 
Onde apareceram esses conceitos? Paris e Estados Unidos. entre outros países 
Como foram propostos e com Graças às inovaçóes oriundas das necessidades 
que função? de se localizar e ter acesso à produção do co-
nhecimento registrado 
Fonte: Elaboração das autoras. 
Inicialmente, é necessário definir o que se quer pesquisar e qual o recor-
re que será dado: histórico, temporal, linguístico, geográfico, cultural, legal, 
científico. tecnológico etc. Assim, decididas essas primeiras ações, passa-se 
para a segunda fase, quer dizer. para o estabelecimento da estratégia de busca, 
a fim de se levantarem os conceitos relativos do que se quer investigar, por 
10 "La connaissance de la diversité des oucils disponibles et de Jeur fonctionnemem 
constitue un atoue pour une recherche d'information réussic." 
26 
ApUCABILlDt\OfS METODOLÓGICAS EM CII~.NC IA DA I NfORMAÇAO 
meio de termos, palavras-chave, descritores etc. As fontes adequadas para esse 
primeiro contato são os dicionários gerais e especializados. os tesauros, as bi-
bliografias, os bancos e as bases de dados e os catálogos analógicos e digitais 
_ Catálogos O n·line de Acesso Público (OPACS). Mapeados os rermos, as 
palavras-chave e os descritores, passa-se a levantar os conceitos, a fim de que 
se possa compreender o que se quer pesquisar (Quadro 3). Nessa etapa da 
pesquisa, o bibliotecário de referência desempenha papel fundamental, posto 
que pode orientar como melhor planejar a pesquisa bibliográfica e documen-
tai, bem como auxiliar na localização das fontes. Ele conhece as estratégias de 
busca simples e avançadas e sabe utilizar os operadores boolianos. de rrunca-
mento (', #, ?, $) e de proximidade (NEAR, AO], SAME, WlTH). 
Quadro 3 - Ideias de como Iniciar uma Pesquisa Bibliográfica ou Documental 
Palavras- Termo Descritor Conceito 
Fonte dc 
-chave informação 
MACIEL, Anna 
"O conceito é um Maria Becker. 
construto meneai, e1a- Terminologia. Lin-
borado a partir da guística de Corpus 
síneese das caracrcrís- e Organização da 
ticas de fenômenos Informação Lcgisla-
Conce ito Conceito Conceito do mundo real tiva e Jurídica. Dis-
ou imaginário empi- ponível cm: <http:// 
ricamcnee apreendi- projeto.1exm l.gov. 
dos, devidamente bclarqslANNA_ 
despojados de marcas UNILEGIS..,Anna. 
individua.lizantes. ppt>. Acesso em: 22 
maio 201 5. 
"O termo hipótese 
vem do grcgo hypo- !MAGO MUNDI: 
theses (supos ição). É encyclopédie gratui-
propriamente uma te. Disponível em: 
afirmação sem prova 
Hipótese Hipótese Hipótese suficiente e de onde 
<http://www.cosmo-
se deduz um certo 
visions.com/hypo-
número de conse-
these.hun>. i\re;w 
quências verdadeiras 
em, 20 jun. 2015. 
ou falsas." 
Fonte: Elaboração das autoras. 
Depois dessa fase, passa-se a fazer buscas mais avançadas, utilizando-
·se as lógicas boolianas do tipo: 
27 
a. 
b. 
d. 
e. 
APLICABiLiDADES METODOLÓGICAS EM CJtNCIA DA INFORMAÇAo 
E. and. et, y, +. para indicar associação dos termos e enquadrá-
-los fl~vestigar: 
Pesquisa 
Não, flot, sauf, nOfl. -, para restringir a pesquisa e torná-la mais 
específica: 
Bibliográfica 
"Neae" e "s",como operador de proximidade ou contiguidade. 
Exemplo: pesquisa Near bibliográfica. 
«$", «*" e "?", estratégia de truncamento utilizada para se pes-
quisar por' prefixos, sufixos e outras variantes léxicas, de maneira 
geral. 
Exemplo: biblio$ recupera bibliografia. bibliográfico. bibliófilo etc. 
Depois dessa etapa passamos à etapa seguinte, que é a leitura das 
fontes localizadas e selecionadas, além de outras fontes para aprofundar 
mais o conhecimento sobre o tema. Essa etapa é muito importante, pois 
possibilitará não apenas ter uma boa quantidade de fontes, mas também 
saber a qualidade dessas fontes para utilizá-las adequadamente e de modo 
confiável. É interessante observar, por exemplo, a origem do trabalho, 
quem é o autor, onde foi realizado, em que ano, o objetivo do estudo ou 
da pesquisa, que metodologias foram empregadas, quais foram os resulta-
dos obtidos etc. Outros aspectos importantes a serem observados são: os 
resultados dessa busca são interessantes para o meu trabalho, do ponto de 
vista de minha argumentação? Qual é o nível de profundidade com que o 
tema foi tratado? Com essas informações posso avançar no entendimento 
sobre o meu tema? Essas questões são importantes porque possibilitarão a 
seleção ou não da fonte encontrada. 
28 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS l'.M CJtNCIA DA INFORMAÇÁO 
Nessa fase. também são feitas as leituras e os fichamentos, em suportes 
analógicos ou digitais. No primeiro caso, podem ser feitos em fichas resu-
mos, que ainda hoje são vendidas nas papelarias, em cadernos de anotações 
ou mesmo em agendas (desde que não se percam esses fichamentos). No 
meio digital podem ser feitas utilizando-se, por exemplo, um editor de textos 
ou bloco de notas em compuradores, tablets, smartphones, ou ainda na pró-
pria web, guardando nas nuvens, como no Google Drive. Todas essas fichas 
ou anotações devem iniciar com as referências completas dos documentos. 
Essa fase é crucial para a pesquisa, pois deve-se estar atento à compre-
ensão dos conceitos e das ideias tratadas nos discursos dos autores e fazer 
referências a eles tanto em citações diretas como indiretas. É necessário 
expressar claramente as ide ias que foram riradas literalmente e aquelas pa-
rafraseadas, sendo imponante anotar as páginas de início e fim da citação 
ou a indicação do número das notas de rodapé, ou ainda as páginas de pre-
fácios e apresemações. Essas ações sáo importantes para creditar a autoria 
dos textos e garantir a origem e a confiabilidade da fonte. Ainda nessa fase, 
é importante mencionar as suas ideias em relação ao material lido. 
Terminada a pesquisa bibliográfica e documental, agora é fazer a revisáo 
de literatura, estado da arte, revisão bibliográfica, referencial, marco teórico 
etc. Esses estudos de revisão sáo fundamentais para sustentar as ideias sobre 
o objeto de estudo que está sendo investigado. Conforme Munch (1993. 
p. 69, tradução das autoras), o marco teórico "é a exposição e análise da 
teoria ou grupo de teorias que serve como fundamento para explicar os 
antecedentes e interpretar os resultados" ". É o trabalho de maior reflexão, 
necessitando coerência entre os discursos, a fim de que eles possam ser 
bem compreendidos e tenham ligação com o que está sendo investigado. 
Corroborando com essa ideia. Creswell (2003. p. 10. tradução das autoras) 
afirma que "as teorias se encontram na literatura e sua inclusão na revisão 
de literatura é uma extensão lógica ou parte da literatura". 
Como fazer, portanto, essa revisão? Primeiramente, volta-se para as 
questões iniciais e os objetivos propostos na pesquisa. a fim de que se possa 
organizar as ideias e dialogar com os autores lidos. Depois, retoma-se aos 
fichamentos iniciais para "dar pontos" aos diálogos, POt meio das análises 
das teorias, observando-se como o tema foi tratado, os tipos de metodologias 
utilizadas e os resultados que chegaram, de modo a enriquecer o diálogo e 
a escrita. 
JJ "Es la exposición y el análisis de la teoda o conjunto de ceadas que sirven como base 
para explicar los antecedentes e interpretar los resultados." 
29 
APLlCA81L1DADES METODOLÓGICAS EM CJ~NCIA DA INFORMAÇAo 
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE AS CITAÇOES E REFE~NCIAS 
Nossa intenção nesta parte do texto não é aprofundar as questões de 
citações ou de referências, porém, trazer algumas ideias. mais no sentido prá-
tico. de como elas aparecem nos trabalhos acadêmicos ou de outra natureza. 
Lembramos que existem vários padrões para citações e referências bibliográ-
ficas. Por exemplo. na área de Saúde, as normas de Vancouver são muito uti-
lizadas, assim como as normas ISO 690: 1987 para referências bibliográ1icas 
e ISO 690-2 para referências bibliográ1icas de documentos eletrônicos, Aine-
rican Psychological Association (APA). No Brasil, os padrões de citação bi-
bliográ1ica estão estabelecidos pelas NBR 10520:2002 - Informação e docu-
mentação - Citações em documentos - e pela Apresentação NBR - 6023: 
2002 - Informação e documentação - Referências - Elaboração. 
As citações são uma espécie de "mote" para a dialogicidade com os teó-
ricos que váo ajudar a compreender melhor o objeto de estudo e seu entorno. 
Elas se configuram como os "recortes" dos discursos, tomados emprestados de 
outros autores para ratificar ou negar as discussões sobre os temas de pesquisas 
e estudos. Essas aparecem ao menos sob três modalidades: diretas, as citadas 
tais quais os autores expressaram seus discursos no texto; indireras, as citadas 
de modo parafraseado do original; e ainda as citadas de outros que a citaram, 
conhecidas como citação de citação. 
a. Citação direta, literal, textual ou ipce/iteres: citam-se passagens do 
discurso dos autores, igualmente como foram construídas no do-
cumento original. Se a citação for curta - até três linhas - , deve 
ser integrada ao texto, fazendo parte dele, sem que se faça sus-
pensão. Todas as citações diretas devem conter as indicações de 
onde foram tiradas (autoria, ano e páginas - caso seja possível e 
seguindo as normas estabelecidas - APA, ABNT, Vancouver etc). 
Por exemplo: As reflexões de Freire (1992, p. 76) explicitam que 
"ler um texto é algo sério". Também podem ser feitas citações 
com interrupções do texto citado. Exemplo: Ler um texto "[ ... ] é 
• aprender como se dão as relações entre as palavras na composição 
do discurso. É tarefa de sujeito crítico, humilde e determinado" 
(FREIRE, 1992, p. 76). 
Se a citação for longa - mais de três linhas -, deve ser deslocada 
do texto e iniciada 4 centímetros à direita do parágrafo inicial. 
Exemplo: para a ABNT (2002, p. 2), o documento é 
30 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS EM CJe.NCI/\ DA INFORMAÇÃO 
Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando 
uma unidade que possa servir para consulta, estudo ou prova. In-
clui impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, ima-
gens, sem modificações, independentemente do período decorrido 
desde a primeira publicação. 
b. Citações indiretas, parafraseadas: citam-se as passagens do dis-
curso dos autores, porém, em paráfrase. Quer dizer, expressam-
-se os entendimentos sobre o que foi dito pelos autores. Nesses 
casos, não há necessidade de se colocar as páginas. Exemplo: 
no entendimento de Meadows (1999), houve um crescimento 
bastante elevado da produçáo de publicações científicas, prin-
cipalmente dos periódicos científicos. Mas a questão não se 
restringia à quantidade de livros e periódicos publicados, po-
rém, também, à quantidade de informação científica. 
c. Citações de citações: citam-se passagens de textos dos discursos que 
foram citadas por outros autores, sem que se tenha acesso ao origi-
nal, principalmente pelas barreiras linguísticas ou mesmo de acesso 
físico ao docwnento. Elas também podem ser diretas ou indiretas. 
Exemplo: para Lawrence (2001 apudLEITE, 2009, p. 19), os "re-
positórios institucionaissáo a manifestação visível da importância 
emergente da gestão do conhecimento na educação superior". 
As tecnologias eletrônicas e digitais de informação e de comuni-
cação têm favorecido o trabalho da pesquisa bibliográfica e documental 
com a edição de softwares que fazem a organização e a gestão das fontes 
utilizadas na pesquisa bibliográfica ou documental ·e, naturalmente, do 
trabalho científico, acadêmico ou de outra natureza. Eis alguns deles: 
EndNote (http://www.endnote.com/), Biblioexpress (http://www.bib-
sonomy.org/), CiteUlike (http://www.citeulike.org/), Connotea (http:// 
www.connotea.org/), RefWorks (http://www.refworks.com/). Zotero 
(http://www.zotero.org/),Mendeley (https:llwww.mendeley.com). Tam-
bém existem ferramentas que geram citações on-line, como: Cite this 
for me (https://www.citethisforme.com/pt), Refworks (https:llwww.re-
fworks.com/), sem esquecer o Digital Object Identifier (DOI) (http:// 
www.doi.org/). 
Ainda nesse ínterim, julgamos necessário citar algumas ferramentas 
para as análises de dados quantitativos ou qualitativos: Google Does (ht-
tps:llwww.google.com/docs/about). CAQDAS (http://www.surrey.ac.ukl 
sociologyl researchl researchcentresl caqdas/), Heatmaps (https:llheatmap. 
31 
APLlCA81L1DADES METODOLÓGICAS EM Cli!:NCIA DA INFORMAÇÃO 
mel) e Cardsorting (http://www.usabilicy.gov/how-to-and-tools/methods/card-
-sorting.htmI), esses dois últimos para testes de usabilidade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao concluir este capítulo, fica claro que as questões relativas à com-
preensão do que se tem por pesquisa bibliográfica e documental perpassam 
pelo conhecimento das fontes de informação e pelas competências do pes-
quisador sobre as etapas de sua realização. Como discutimos ao longo do 
texto, a construção do conhecimento, seja ele científico ou técnico, passa 
por um processo metodológico complexo de compreensão de conceitos, 
definições, teorias, ideias, escolhas e análises, que são frutos da pesquisa 
bibliográfica, constituindo uma ferramenta indispensável à qualidade e à 
confiabilidade do estudo desenvolvido, especialmente para as pesquisas de 
caráter científico. 
A pesquisa bibliográfica e documental implica um laborioso trabalho 
de reconhecimento e diálogo com autores em diferentes épocas e espaços 
geográficos. Essa, por sua vez, envolve um conjunto de critérios articulados 
com o objeto investigado pelo pesquisador. 
Outro ponto importante a destacar é que tais estudos permitirão ao 
pesquisador buscar,as necessárias referências e identificações com as fontes, 
em relação às abordagens teóricas com as quais pretende caminhar e dialo-
gar, sem se furtar a conhecer os pensamentos e as bases científicas de outros 
autores que tratam sobre a mesma temática. 
Toda essa ação permitirá a construção de um aporte teórico reRexivo 
e crítico sobre o "estado da arte" de uma determinada área temática, desde 
as suas concepções históricas, culturais e ideológicas até o que há de mais 
atual sobre o estudo. 
Podemos afirmar, portanto, que o processo de pesquisa bibliográfica 
e documental é indispensável para a qualidade de uma investigação con-
fiável, o que certamente contribuirá com as escolhas metodológicas, espe-
cialmente em relação à definição do método que melhor trará resultados 
para a pesquisa. 
, A pesquisa bibliográfica tem o poder de convencimento. Ou seja, 
ao construir com o autor de um estudo um referencial teórico, por meio 
do discurso, estabelece uma negociação pelo ato discursivo, a fim de fazer 
valer e justificar as opções e escolhas metodológicas. 
Finalmente, independentemente de qualquer coisa, a pesquisa bi-
bliográfica e documental tem uma finalidade ímpar: possibilitar o avanço 
32 
I 
APLICABILIDADES METODOLÓGICAS E.M CII!.NCIA DA INFORMAÇÃO 
do conhecimento sobre um tema e contribuir para que novas produçóes 
se tornem acessíveis ao público. Além disso, também contribuirá para que 
iniciantes no mundo da pesquisa, seja ela técnica ou científica, enriqueçam 
seus estudos e possam dialogar com autores, cuja contribuição teórica tem 
sido relevante para a construção do conhecimento. 
REFER~NCIAS 
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33

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