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1 
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
MORGANA MILIOLI 
 
 
 
 
 
 
 
UM ESTUDO SOBRE OS SENTIMENTOS QUE ENVOLVEM E 
CONDUZEM O ADOLESCENTE À DEPENDÊNCIA QUÍMICA: UMA 
REVISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA, JUNHO DE 2009 
MORGANA MILIOLI 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS VÁRIAS FACES DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA 
ADOLESCÊNCIA: UM ESTUDO SOBRE OS SENTIMENTOS QUE 
ENVOLVEM E CONDUZEM O ADOLESCENTE À DEPENDÊNCIA 
QUÍMICA. 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção 
do grau de Psicólogo no Curso de Psicologia da Universidade 
do Extremo Sul Catarinense - UNESC. 
 
 
Orientadora: Profª Denise Nuernberg 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA, JUNHO DE 2009. 
MORGANA MILIOLI 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
AS VÁRIAS FACES DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA: UM 
ESTUDO SOBRE OS SENTIMENTOS QUE ENVOLVEM E CONDUZEM O 
ADOLESCENTE À DEPENDÊNCIA QUÍMICA. 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado 
pela Banca Examinadora para a obtenção do 
Grau de Psicólogo, no Curso de Psicologia da 
Universidade do Extremo Sul Catarinense, 
UNESC, com Linha de Pesquisa em Educação 
e Cidadania. 
 
 
Criciúma, 22 de junho de 2009. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 Profª Denise Nuernberg - Especialista - (UNESC) - Orientadora 
 
 
 
Profª Elenice de Freitas Sais – Especialista – (UNESC) 
 
 
Profª Vânia K. Menegalli Moojen – Mestre – (UNESC) 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O homem se torna muitas vezes o que ele 
próprio acredita que é. Se insisto em repetir 
para mim mesmo que não posso fazer uma 
determinada coisa, é possível que acabe me 
tornando realmente incapaz de fazê-la. Ao 
contrário, se tenho a convicção de que 
posso fazê-la, certamente adquirirei a 
capacidade de realizá-la, mesmo que não a 
tenha no começo.” 
 
Mahatma Gandhi 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos os educadores 
que passaram pela minha vida, que 
contribuíram na minha trajetória acadêmica, 
que foram exemplos de dedicação, ética, 
comprometimento e, acima de tudo, 
humanos, possibilitando uma visão limpa 
do quanto são fundamentais em nossas 
vidas. 
 
 
 6 
 
 
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço a Deus sempre, por cada batalha, cada conquista, por estar 
aqui mais um dia e ser o que sou hoje. Aos meus pais, independente de onde eles 
estejam olhando e torcendo por mim. A Marilucia Milioli que sempre me incentivou e 
me fez ser o que sou hoje, ensinando bons valores e princípios, sendo o exemplo 
vivo do quanto a vida é maravilhosa e o quanto devemos lutar por nossos objetivos, 
sempre buscando forças para seguir em frente. Pela generosidade e honestidade, 
por me ensinar a ser digna, acreditando que o mundo pode, com a contribuição de 
todos, ser um pouco melhor e por me proporcionar os estudos, a base do saber. Ao 
meu amado noivo Mateus, pelo seu exemplo de vida, força e coragem para vencer, 
e por toda a sua compreensão, não me deixando fraquejar nos momentos mais 
difíceis. À minha adorável orientadora, por todo o carinho, dedicação, sabedoria e 
contribuição para a concretização deste trabalho. Por fim, a todos que contribuíram 
de alguma forma neste momento da minha vida, por não me deixarem desistir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
RESUMO 
 
 
A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de natureza 
bibliográfica e analítica que busca compreender dentro do universo da dependência 
química os sentimentos que conduzem os adolescentes ao caminho das drogas. 
Para responder a esta questão norteadora parte-se da premissa que a adolescência 
é um período conturbado na cultura ocidental em busca da autoafirmação enquanto 
sujeitos e por isso nessa fase de muitas angústias, problemas de relacionamentos, 
de descobertas amorosas, sexuais etc, as drogas trazem prazer ao jovem, pois 
aliviam momentaneamente suas tensões, conduzem-no a outros caminhos, por isso 
os jovens adolescentes se envolvem com ela. Dessa forma a pesquisa constata que 
é preciso muita informação para os adolescentes, pois as drogas trazem 
consequências sociais e psíquicas maléficas ao homem. Desse modo o único 
caminho de ajudá-los é procurar dar atenção, carinho e compreensão nesse 
momento tão difícil para os jovens. 
 
 
Palavras chave: Adolescência. Drogas. Dependência Química. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Critérios para o diagnóstico de dependência de substâncias 
psicoativas, segundo DSM-IV.................................................................................26 
Tabela 2 - Classificação dos tipos de drogas........................................................30 
Tabela 3 - Substâncias psicoativas........................................................................31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 
2 ADOLESCÊNCIA..........................................................Erro! Indicador não definido. 
2.1 Características da Adolescência. .........................Erro! Indicador não definido.4 
 
3 DROGAS NA ADOLESCÊNCIA ...........................................................................20 
3.1 Dependência Química .........................................Erro! Indicador não definido.4 
3.2 Tipos de Drogas ...................................................Erro! Indicador não definido.8 
 
4 OS SENTIMENTOS ENVOLVIDOS NA ADOLESCÊNCIA QUE CONDUZEM AO 
USO DE DROGAS ...................................................................................................33 
 
5 OS CAMINHOS NA RECUPERAÇÃO DO ADOLESCENTE COM DEPENDÊNCIA 
QUÍMICA .....................................................................Erro! Indicador não definido.41 
 
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................48 
 
REFERÊNCIAS............................................................Erro! Indicador não definido.51 
 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ..............................Erro! Indicador não definido.54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O universo dos jovens transforma-se a cada dia, velhos paradigmas são 
mudados e trazem muitas mudanças de comportamento, tanto nos aspectos sociais 
quanto nos psicológicos, no modo de observar e de enfrentar as situações deste 
período. Com essas mudanças muitas vezes algumas confusões se instalam, pais 
não sabem qual o seu verdadeiro papel diante da educação dos filhos, sentem-se 
confusos diante das mudanças e das novas leis que surgem em relação ao 
adolescente. 
Por outro lado, os adolescentes conseguem perceber essa insegurança 
dos pais e, nessa fase que se configura como extremamente complexa para a auto 
afirmação da identidade, eles buscam cada vez mais caminhosque, muitas vezes, 
os conduzem ao universo das drogas. 
Nesta direção, o presente estudo busca investigar a adolescência para, 
em suas características intrínsecas, procurar entender o mundo da dependência 
química entre os jovens. 
Diante disso, delimitou-se como questão norteadora para esse estudo: 
quais os sentimentos que envolvem e conduzem o adolescente à dependência 
química? 
O presente estudo parte do pressuposto que, para os adolescentes, as 
drogas são algo bom, algo que pode aliviar suas tensões, algo que 
momentaneamente pode lhes dar prazer e relaxamento nesse período tão 
conturbado, mas que em longo prazo trazem muitas conseqüências, tanto sociais 
quanto psíquicas. 
A presente pesquisa objetiva-se de maneira geral em compreender as 
várias faces da dependência química entre os adolescentes, buscando 
entendimento sobre os sentimentos que envolvem as drogas para esse público em 
especial. 
De maneira específica, o estudo ainda pretende observar o fenômeno da 
adolescência e as suas características; investigar a dependência química entre os 
jovens, aprofundar os conhecimentos teóricos sobre o tema e contribuir com a 
 11 
temática em estudo, para que se busquem soluções eficazes no tratamento da 
dependência. 
O projeto justifica-se no cerne do meio acadêmico, pois as drogas fazem 
parte do cotidiano da vida moderna e os adolescentes são os clientes que mais se 
inserem nesse meio, devido às características peculiares de busca de si e de 
resolução de conflitos. Portanto, nos consultórios psicológicos, a abordagem sobre a 
dependência química entre adolescentes estará presente, de modo que é preciso 
buscar subsídios teóricos e técnicos sobre o tema para poder atender essa 
demanda. 
Justifica-se ainda a relevância da pesquisa no aspecto social, pois a 
questão da dependência química entre os jovens é um problema que tem afetado, e 
com graves consequências, as questões de saúde e de segurança pública, haja 
vista que as drogas também abarcam um grande e milionário mercado, tendo como 
os adolescentes os seus principais clientes. Portanto o estudo destaca que é preciso 
que a família e a sociedade estejam atentas e sempre com o olhar carinhoso para o 
jovem, para que este consiga enfrentar as situações que envolvem a dependência 
química de maneira construtiva. 
Diante destes expostos para dar conta desses objetivos e da amplitude da 
temática, optou-se por uma pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica e analítica. 
Tal opção ocorreu, pois desta forma esta pesquisadora teria mais liberdade de trilhar 
por várias áreas do conhecimento e assim conhecer, aprofundar-se e produzir mais 
conhecimentos empíricos sobre o tema. 
A seguir apresenta-se a pesquisa que está dividida em cinco capítulos e 
que se espera que possa contribuir para a discussão acadêmica, para os 
conhecimentos dos profissionais de psicologia e, por consequência, dessa 
pesquisadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
2 ADOLESCÊNCIA 
 
 
A adolescência é uma fase de extremas mudanças tanto nos aspectos 
físicos quanto emocionais das pessoas, porque produzem alterações hormonais que 
irão influenciar no psicológico humano. É o corpo e a mente em transformação, 
configurando-se num período conturbado e difícil para quem os vivencia. 
 
A adolescência, nas sociedades ocidentais modernas, caracteriza-se 
exatamente como essa fase de transição entre a infância e a maturidade. É 
um período marcado por transformações bio-psicológicas que se iniciam 
com a puberdade. Conceito que remete especificamente às mudanças 
fisiológicas que promovem a definição das características sexuais 
secundárias nos meninos e nas meninas, tornando seus corpos aptos para 
a reprodução. Para muitos dos estudiosos do fenômeno da adolescência, 
esta é marcada como um tempo de crise psicossocial, de instabilidade 
emocional, de incertezas, buscas, escolhas e conflitos. (MELO, 2008, p. 03). 
 
Percebe-se que, ao se falar de adolescência, algumas ambivalências 
emergem, pois o crescimento, desenvolvimento cognitivo, físico e emocional de 
cada um é muito particular. Por isso, para alguns esse período começa mais cedo e 
para outros mais tardiamente, de acordo com o desenvolvimento de cada um. 
Nesse sentido, constata-se que a maioria dos teóricos descrevem ser 
esta uma fase intermediária entre a infância e a fase adulta, ou como etapa de 
desenvolvimento, desencadeada pelo surgimento das transformações orgânicas da 
puberdade que é encerrada através do amadurecimento psicossocial. 
A adolescência, portanto, é vista como uma das fases mais importantes 
do desenvolvimento humano, pois é neste período que muitas mudanças e 
transformações físicas e emocionais acontecem. (PAPALIA, OLDS & FELDMAN, 
2006). 
 
A adolescência inicial (de 10 a 14 anos) é caracterizada pelas 
transformações corporais e as alterações psíquicas derivadas desses 
acontecimentos. A adolescência média (de 14 a 15 ou 17 anos) tem como 
seu elemento central as questões relacionadas à identidade sexual. A 
adolescência final (de 16 a 20 anos) tem vários elementos importantes, 
entre os quais estabelecimento de novos vínculos com os pais, a questão 
profissional, a aceitação do novo corpo e dos processos psíquicos do 
mundo adulto. (SOARES, 2002, p. 20). 
 
 13 
 
Segundo Carvalho (1995), o termo adolescência é oriundo do latim e 
significa crescer, desenvolver, tornar-se jovem e pode ser definida a partir do critério 
cronológico, do desenvolvimento físico, sociológico e psicológico, ou seja, é na 
adolescência que acontecem as grandes mudanças. 
Diante disso, destaca-se que a palavra ‘adolescência’ tem sua origem 
etimológica no Latim “ad” (‘para’) + “olescere” (‘crescer’); portanto ‘adolescência’ 
significaria, strictu sensu, ‘crescer para’. Pensar na etimologia desta palavra remete 
à idéia de desenvolvimento, de preparação para o que está por vir, algo já 
estabelecido mais à frente; preparação esta para que a pessoa se enquadre neste “à 
frente” que está colocado. (PEREIRA & PINTO, 2003). 
 
Se seu início é definido pelas alterações fisiológicas da puberdade, o final 
da adolescência, em nossas sociedades, seria definido por fatores 
psicológicos e sociais: o jovem se tornaria capaz de assumir as 
responsabilidades próprias da vida adulta, de fazer escolhas, de superar as 
instabilidades emocionais características da adolescência. Esta não teria, 
assim, uma delimitação etária rígida. (MELO, 2008, p. 04). 
 
 
É importante salientar que as teorias sobre a adolescência geralmente 
são muito reducionistas, demonstrando apenas esse período como uma etapa ou 
um período da vida que se inicia na puberdade e termina com a maturidade, mas no 
campo psicológico deve ficar claro que as configurações da adolescência são bem 
mais amplas e observam o processo da adolescência não apenas como um período, 
mas sim um estado que pode variar muito de duração e de comportamentos. 
 
Parece que a duração da adolescência pode ser razoavelmente definida em 
termos de processos psicológicos, em face das limitações no emprego de 
outros elementos. Segundo esta estrutura de referência, a adolescência 
começa com as reações psicológicas do jovem diante de suas mudanças 
físicas da puberdade e se prolonga até a razoável resolução de sua 
identidade pessoal. Para alguns, o processo de maturação sexual pode 
começar na primeira década da vida e, para outros, jamais se conseguirá 
um firme senso de identidade pessoal. Entretanto, para a maioria das 
pessoas jovens, estes eventos ocorrerão principalmente entre as idades de 
11 e 20 anos, que limitam a fase da adolescência. (CAMPOS, 1998, p. 125). 
 
Observa-se a coerência quanto à idade cronológica para a adolescência, 
pois a maioria dos teóricos aponta este período, como o início da puberdade. A 
adolescência duraaproximadamente dez anos, indo dos onze anos até pouco antes 
ou depois dos vinte anos, considerando o fato de que seu início e término não 
 14 
podem ser claramente definidos atualmente. No entanto, considera-se que o início 
do adolescer se dá com a entrada na puberdade, processo que conduz a maturidade 
sexual ou fertilidade, ou seja, a capacidade de reprodução. (PAPALIA, OLDS & 
FELDMAN, 2006). 
 
Dá-se o nome de adolescência ou juventude à fase caracterizada pela 
aquisição de conhecimentos necessários para o ingresso do jovem no 
mundo do trabalho e de conhecimentos e valores para que ele constitua sua 
própria família. A flexibilidade do critério, que nos pode levar a categorizar 
alguém com vinte e cinco anos como adolescente e alguém com quinze 
como adulto {...}. (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 1997, p. 294). 
 
 
Campos (1998) esclarece que delimitar a adolescência não é uma tarefa 
muito fácil, em razão dos fatores biológicos específicos, atuantes na faixa etária, se 
somarem as determinantes sócio - culturais, advindas do ambiente onde o fenômeno 
da adolescência ocorre. Ou seja, o adolescente não apenas está vulnerável aos 
efeitos das transformações biológicas corporais mas, também, às mudanças vividas 
no mundo moderno, do progresso científico, da tecnologia, das comunicações, das 
novas aspirações humanas e rápida evolução social, que se estabelecem em seu 
dia-a-dia e compõem sua construção como sujeito. São estes aspectos que 
determinarão grande parte deste jovem e a maneira dele se posicionar diante da 
vida de uma forma muito pessoal. Eles indicarão o momento em que ele estará apto 
ou não para adentrar no estágio de jovem adulto ou adulto. 
 
2.1 Características da Adolescência. 
 
Esta fase do desenvolvimento é bastante caracterizada por fatores como: 
as chamadas crises de identidade pela transição da infância à maturidade juvenil; o 
início da escolha profissional; a constante busca por autonomia; pelo ingresso na 
vida sexual; pelos comuns conflitos familiares e de caráter emocional, as 
transformações orgânicas e inconstâncias hormonais, associadas a uma nova 
compreensão de mundo que se alia à necessidade da representação de novos 
papéis e responsabilidades do jovem na sociedade, como sujeito desejante e 
portador de conceitos próprios da realidade e, ainda, principalmente pela 
reconstrução e formatação da identidade. (ZAGURY, 2002). 
 15 
As necessidades dos adolescentes não são fundamentalmente diferentes 
de quando eram crianças. Na verdade, eles precisam de um espaço muito mais 
amplo do que o mundo da família para desenvolver sua identidade. Os adolescentes 
deixam claro que a necessidade de terem seu próprio espaço e de serem 
reconhecidos como jovens adultos é primordial. 
Os adolescentes estão buscando novas maneiras de ser, de se comportar 
e de se mostrar ao mundo. Essa busca de uma nova identidade é cheia de desvios, 
com oscilações acentuadas que variam, desde sentimentos infantis até aos de um 
adulto. (ASUSUMPÇÃO, KUCZYNSKI et al, 1999). 
Segundo Schenker (APUD & MINAYO, 2003),"o estabelecimento de uma 
identidade de ego saudável representa a tarefa primordial deste período". Isso 
porque, Schenker descreve a adolescência como uma moratória psicossocial, uma 
fase durante a qual o jovem experimenta vários papéis, na esperança de descobrir 
uma posição adequada para si próprio na sociedade. Os compromissos adultos são 
adiados; a sociedade é de alguma forma, permissiva e concede ao jovem um tempo 
para "descobrir-se". 
Para Schenker (2003), a verdadeira identidade depende do apoio que o 
jovem recebe do senso coletivo que caracteriza os grupos sociais significativos para 
ele: sua classe, sua nação, sua cultura. Para constituir sua identidade de ego, o 
adolescente precisa separar-se das identificações parentais infantis, definindo seus 
próprios valores. 
Nesta direção, recorre-se a Tiba (2003), pontuando que as características 
psicossociais não são como as biológicas, que tem a época de emergir, mas vão se 
determinando à medida que o adolescente se depara com a resolução de conflitos. 
Sendo este um momento em que há o típico afastamento do jovem da família, 
devido ao seu engajamento em inserir-se em grupos sociais. 
 
Mudanças cognitivas levam os adolescentes ao pensamento abstrato, a 
refletir mais sobre “o que deveria ser”, “o que poderia ser”, do que sobre “o 
que é”. Refletir sobre algo e fazer conjecturas a respeito do futuro deixam 
de ser atitudes estranhas para eles, que se sentem cada vez mais 
inclinados a especular e imaginar. Na medida em que fazem suas emoções 
se conectarem mais intimamente a seus pensamentos. (ELIAS; TOBIAS & 
FRIEDLANDER, 2001, p. 65). 
 
 Fenwick & Smith (1996) concordam com a idéia de que os 
adolescentes, à medida que amadurecem, vão se desinteressando pelas atividades 
 16 
da família, dos programas de final de semana e querem ficar, cada vez mais, com os 
amigos, ressaltando que esta fase pode ser bastante conflituosa. Pois, apesar de 
haver pais que compreendem este processo como uma atitude que marca o fim da 
infância, o que de fato é real, existem aqueles que vêem isso como uma ameaça à 
estrutura familiar, apesar de não haver nada pessoal nesta “rejeição” e o 
adolescente estar simplesmente afrouxando os laços familiares, para ampliar a sua 
maneira de interagir com o outro. 
 
No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos. Deseja libertar-se do 
adulto, mas ainda depende dele. Deseja ser aceito pelos amigos e pelos 
adultos. O grupo de amigos é um importante referencial para o jovem, 
determinando o vocabulário, as vestimentas e outros aspectos de seu 
comportamento. Começa a estabelecer sua moral individual, que é 
referenciada à moral do grupo. Os interesses do adolescente são diversos e 
mutáveis, sendo que a estabilidade chega com a proximidade da idade 
adulta. (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 1997, p. 106). 
 
A percepção pelos pais de que os filhos estão tentando trocar os ideais 
familiares por outros externos, geralmente os deixam ressentidos e resistentes a 
compreender os esforços do adolescente em criar uma identidade própria. Então 
passam a recriminar os filhos por suas novas atitudes, prejudicando, em grande 
parte, sua tarefa de seleção e integração das identificações parciais que constituem 
o processo de formação de sua identidade. (ZAGURY, 2002). 
Existem ainda outros pontos que podem aparecer na relação do 
adolescente com sua família: a dependência financeira, a dificuldade de 
aprendizagem, a escolha profissional, o vestibular, as companhias, os programas, os 
horários, o uso de cigarros, bebidas alcoólicas e drogas, entre outros. Cada pessoa, 
seja o adolescente ou um familiar, se posicionará de forma particular diante dessas 
questões (OSÓRIO, 1989). 
À medida que os adolescentes começam a separar-se de suas famílias e 
passar mais tempo com os colegas, eles têm menos tempo e menos necessidade da 
gratificação emocional que costumam obter dos laços com os familiares. 
 
O que normalmente é chamado de separação dos pais é um momento 
descrito por Freud antes como precursor à latência, ou seja, anterior mesmo 
à puberdade, e que implica a incorporação dos pais. Essa incorporação se 
dá através de uma identificação com os pais que, assim internalizados, 
passam a integrar o super eu, herdeiro do complexo de Édipo. A dificuldade 
da adolescência dependeria então da própria ferocidade desse super eu, 
que, quanto mais terrível, tanto maiores as dificuldades do sujeito, maiores 
os conflitos que teria, sobretudo no que diz respeito ao campo de sua 
 17 
sexualidade, ao campo do desejo que, de uma forma ou outra, sempre é 
sexual. (ALBERTI, 1995, p. 34). 
 
Diante do exposto, as questões referentes à sexualidade na adolescência 
são significativamente importantes e vão desde asvivências que estes têm sobre a 
sexualidade até mesmo a concepções históricas e do meio em que vivem. Neste 
contexto destaca-se que o jovem, dependendo da formação que tem, precisa de 
muitas informações para sua segurança como: gravidez, contracepção, doenças 
sexualmente transmissíveis, aborto e complicações na gravidez. 
Para os adolescentes, a sexualidade pode trazer também conflitos 
psicológicos como a identidade de gênero, na qual o jovem se percebe sexualmente 
e se ele não estiver inserido dentro de um padrão culturalmente aceito pela maioria, 
com certeza encontrará problemas de ordem íntima em aceitar sua orientação 
sexual, quanto assumi-la diante da sociedade. Isso, por consequência, trará grandes 
conflitos emocionais. 
Nesta direção, Connell (1997) pontua que a ordenação de gênero tem 
como referência o que o autor chama de arena reprodutiva, na qual inclui os desejos 
sexuais, os atos sexuais e suas conseqüências, e as diferenças sexuais do corpo 
humano. O conceito de arena reprodutiva, segundo o autor, permite referir-se o que 
os corpos fazem enquanto práticas sociais não determinadas pela base biológica, 
mas por um processo histórico. As relações de gênero, dentro desta ótica, se 
definem como relações entre pessoas e grupos, organizadas através dessa arena 
reprodutiva e se constituem como uma das principais estruturas de nossas 
sociedades. Connell (1997) ressalta que masculinidade e feminilidade são 
configurações da prática de gênero, e demonstra interesse nas formas como se 
processam essas configurações, no sentido de compreender masculinidades e 
feminilidades como projetos de gênero. 
 
Sexualidade é menos um produto do impulso biológico e mais um produto 
dos significados vinculados a esses desejos ou impulsos, e que variam no 
interior da mesma cultura. Seres sexuais e reprodutivos são construídos 
socialmente, sendo o gênero a principal dimensão dessa construção e os 
significados atribuídos ao sexo e à reprodução – muitas vezes com força de 
crença – diferentes para homens e mulheres. (GARCIA, 2008, p. 410). 
 
 
Por conseguinte, pode-se inferir que a vivência da sexualidade na 
adolescência interfere com a qualidade de vida desses sujeitos, porque a qualidade 
 18 
de vida depende também do que acontece entre as experiências passadas e as 
expectativas e circunstâncias atuais, variando o tempo, o lugar e a experiência. 
Dessa forma, constata-se que o adolescente tem a necessidade de 
vivenciar sua sexualidade, para que assim seu desenvolvimento em todos os 
sentidos possa ir se potencializando, para direcioná-lo a maturidade. 
Destaca-se que, para Zagury (2002), é na adolescência que os indivíduos 
costumam apresentar padrões imaturos de pensamento, característicos da idade 
como: identificar defeitos nas figuras de autoridade, tender a discutir, indecisão, 
vulnerabilidade e, aparentemente, hipocrisia. Nesta fase, o adolescente busca se 
conhecer; adota valores e começa a ter responsabilidades. Começa a desenvolver 
suas potencialidades unindo forças com os amigos que, como eles, buscam 
independência. 
Carvalho & Guimarães (2003) evidenciam que, neste período de 
maturação psicológica, biológica e social, se estabelece a aquisição de novas 
capacidades cognitivas e responsabilidades. Sendo que a inserção do jovem em 
novos papéis sociais torna-se mais evidente, assim como as exigências e 
expectativas de familiares, amigos e da própria comunidade sobre o adolescente, 
que instigam seu desenvolvimento gradual de autonomia, para que este venha a se 
apropriar da fase adulta sem restrições. 
Nesse sentido, o jovem faz escolhas e, de acordo com Bock, Furtado & 
Teixeira (2002, p. 85). 
 
Escolher significa ter que se posicionar entre as possibilidades colocadas 
que são igualmente atrativas e contém também desvantagens. São 
possibilidades que brigam entre si. Por isso se diz que qualquer escolha 
implica conflito, ou melhor, escolher significa resolver conflitos. Qualquer 
escolha implica em riscos. 
 
Por conseguinte, dependendo das escolhas que o adolescente fazer, elas 
serão muito significativas para sua vida, de modo que é preciso aos pais, 
professores e sociedade enfim observarem com cuidado e auxiliá-los quando 
necessário, para que estes não tomem decisões precipitadas. 
 
 
Embora tenhamos de tomar muitas decisões durante a vida, grande parte 
delas não implicam grandes dificuldades porque são realizadas 
rotineiramente. Com outras, acontece exatamente o contrário. É o caso da 
opção profissional. Ela é muito importante porque irá afetar, praticamente, 
 19 
toda a existência do indivíduo. (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 2002, p. 
25). 
 
Consequentemente inicia-se nesta fase uma ruptura. O adolescente 
torna-se mais independente, o que proporciona um misto de tristeza e alegria. 
Descobre-se diante do seu futuro, mas experiência também a alegria responsável de 
traçar o seu próprio caminho. 
Portanto, a adolescência constitui-se como processo de desenvolvimento 
de potencialidades pautado por movimentos e relações complexas e, muitas vezes, 
paradoxais e ambivalentes, geradoras de obstáculos e angústias, mas também de 
oportunidades únicas de crescimento e enriquecimento pessoal e social. Esta fase 
de desenvolvimento influi significativamente e caracteriza um dos momentos fulcrais 
do ciclo vital da família, dado que novas tarefas e funções lhe são exigidas. 
Assim, perante o “desconhecido”, adolescentes confrontam-se com o 
novo que esta por vir, quase sempre interpretando e compreendendo a realidade 
numa lógica patológica de conflito e desequilíbrio, pelo que se impõe uma reflexão 
acerca das características de reconstrução e de criação que constituem este 
momento específico que, atualmente, se estende até cada vez mais tarde, 
implicando redes de relação cada vez mais complexas e abrangentes. 
Nessa direção, a ajuda e o olhar de um adulto, como o profissional 
psicólogo, podem contribuir muito para a atenuação dos conflitos oriundos nessa 
fase tão difícil para os jovens e para os pais, entretanto conforme demonstrado aqui, 
etapa extremamente importante para o desenvolvimento do ser humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
 
3 DROGAS NA ADOLESCÊNCIA 
 
 
 
Conforme o capitulo anterior, a adolescência é um período complexo 
cheio de intensas transformações e descobertas. Neste sentido emerge, nesta fase, 
uma gama de opções para os jovens que estão descobrindo o mundo, dentre estas 
destaca-se as drogas. 
 
A droga aparece na adolescência muitas vezes como uma ponte que 
permite o estabelecimento de laços sociais, propiciando ao indivíduo o 
pertencimento a um determinado grupo de iguais, ao tempo que buscam 
novos ideais e novos vínculos, diferentes do seu grupo familiar de origem. 
(FILHO & TORRES, 2002, p. 31). 
 
A adolescência os jovens buscam uma identificação com o grupo, eles 
buscam no grupo autoafirmação enquanto sujeitos e com isso, se no grupo a 
questão das drogas estiver presente, este jovem com certeza também tenderá a 
utilização da mesma como o seu grupo. 
 
Para um adolescente, o seu grupo de pares é o lugar onde, através de 
comportamentos padronizados, busca certa segurança e um aumento de 
sua auto-estima. O espírito de grupo lhe dá a gratificante sensação de ser 
alguém. Alguém até certo ponto importante, porque acentua a diferença do 
tratamento recebido pelo grupo familiar. É um espaço protegido em que os 
aspectos geradores de angústia são atuados e respeitados pelos 
companheiros, pois todos vivem os mesmos conflitos. (FREITAS, 2002, p. 
38). 
 
 
Entretanto, deve-se destacar que cada adolescente é único e que a 
questão das drogas é mais complexa do que parece, pois a relação com as drogas 
vai depender da individualidade de cada um. 
 
A intensidade das amizadesé maior na adolescência do que em qualquer 
outra época da vida. Os adolescentes tendem a escolher amigos que 
sejam como eles, e os amigos influenciam uns aos outros para se tornarem 
ainda mais parecidos. (PAPALIA & OLDS, FELDMAN, 2006, p. 361). 
 
 
Por outro lado, destacam-se também as questões sociais e econômicas 
em que o jovem está inserido, pois se vive em uma sociedade consumista e o 
comércio da droga tem sido um dos grandes negócios do momento, o que para 
 21 
jovens com menos poder aquisitivo, às vezes se torna uma fonte fácil de renda. Isso 
porque o jovem tem muitos impulsos consumistas e, dependendo da sua situação 
financeira, vai buscar meios de conseguir dinheiro. 
 
O uso de drogas na adolescência como uma crise em que os jovens se 
defrontam com o meio social em que vivem e sua história individual. Dessa 
maneira os jovens acreditam estar dando provas de sua autonomia e auto-
suficiência, sendo eles capazes de alcançar seus objetivos, muitas vezes 
não tão claros. Neste contexto, o uso de drogas emerge como um protesto 
a sua impotência de lidar com a realidade e com as forças que se 
movimentam dentro de si próprio, ao mesmo tempo. (GRYNBERG & 
KALINA, 2002, p. 46). 
 
 
O aspecto familiar também merece destaque. O jovem precisa encontrar 
um ambiente familiar capaz de suportar as crises que vivencia, onde este não seja 
propício a resistências excessivas às suas proporções e impulsos ainda tão 
desordenados. De outra maneira, o jovem buscará outras formas de compensação 
para sua frustração e, nesta procura, as drogas podem ser o primeiro caminho 
encontrado. 
Existem ainda outros fatores. Para Tiba (2003), atualmente a droga é 
usada: por simplesmente curiosidade; como aventura sem compromisso, devido a 
banalização de seu uso; na busca do prazer, sem se importar com os riscos; por 
falhas na educação; por baixa auto-estima, que faz absorver comportamentos 
indesejáveis dos seus conviventes. Nesse sentido, a curiosidade escapa ao controle 
e a vontade dos pais. Dependem exclusivamente do adolescente. Entretanto, nos 
outros fatores os pais podem interferir, adotando atitudes que mudem o rumo da 
história. 
Por conseguinte, percebe-se que a família é algo extremamente relevante 
nesse período e na orientação do adolescente, pois muitas famílias cultivam um tipo 
de comportamento irresponsável, como se o dever de monitorar e supervisionar o 
comportamento dos adolescentes fosse algo mecânico, robótico, sem a necessidade 
de construção prévia da relação de confiança. Quanto mais a família é 
"desengajada" nas suas relações interpessoais, maior risco os filhos correm de 
desenvolver comportamentos anti-sociais. (MINUCHIN, 1974 apud SCHENKER & 
MINAYO, 2003). 
Portanto, é necessário que a família se faça presente e limite o jovem em 
suas atitudes, funcionando como um filtro, pois ao estabelecer limites, os pais 
 22 
estarão passando valores e as experiências de vida, para que os filhos assimilem 
noções de perigo, para que saibam valorizar as cosias e as pessoas e, 
principalmente, para que tenham noção do que é certo e do que é errado. 
Outro fator importante é a utilização da mídia que propaga a utilização de 
drogas lícitas como álcool e cigarros, muitas vezes veiculados a idéia de prazer, 
dinheiro e sexualidade, o que seduz o jovem e pode influenciá-lo a certos 
comportamentos que podem desencadear em uma dependência química. Como se 
pode observar de acordo com os autores aqui apresentados, várias multifaces 
podem conduzir o adolescente as drogas. 
 
O desafio da transgressão às normas estabelecidas pelo mundo dos 
adultos, a curiosidade pelo novo e pelo proibido, a pressão de seu grupo 
para determinados comportamentos, são alguns dos fenômenos típicos da 
adolescência que podem levar à primeira experiência com as drogas lícitas 
e/ou ilícitas. (CALDEIRA, 1999, p. 15). 
 
 
Neste contexto, deve-se ressaltar ainda que os adolescentes usam 
drogas porque é bom para eles, a droga lhes traz prazer, sensações de bem estar, 
lhes permite o mundo do sonho, da fuga, da contemplação meditativa; é claro que 
isso é apenas momentâneo e ilusório, mas o adolescente não consegue perceber 
isso, para ele a droga funciona como um remédio que alivia suas angústias. 
 
Por parte dos adolescentes, a ilusão de que as drogas os “libertam”, 
quando na verdade os “submetem” ou “escravizam”, para escapar ao jugo 
dos pais ou dos “valores burgueses da sociedade de consumo”, como 
apregoam, deixam-se dominar pelos tóxicos. (OSÓRIO, 1989, p. 44). 
 
 
Portanto, o adolescente só experimenta a droga quando já tem uma 
opinião favorável ao seu uso. Antes de usar, ele observa quem usa. O grupo de 
usuário se isola em festas, escolas, bares e é assediado por quem deseja 
experimentar. 
De acordo com Paula e Pires (2002), de forma geral são inúmeros os 
fatores que influenciam no uso de drogas, que podem ser de ordem cultural, 
econômica ou social. Entre os motivos apresentados por dependentes, familiares e 
profissionais da área de prevenção e tratamento das dependências químicas, 
destacam-se os seguintes: 1) Pressão do grupo; 2) Curiosidade; 3) Transgressão e 
Protesto; 4) Fuga; 5) Individualidade e pressão social; 6) Gratificação e a busca do 
prazer. 
 23 
Pressão do grupo: há grupos na sociedade que fazem uso de drogas e 
os adolescentes que pretendem fazer parte destes “grupos” estão sujeitos ao uso 
também. Os grupos podem significar um estimulo para o uso de substâncias, porque 
para fazer parte deste grupo, na maioria das vezes, se faz necessário acompanhar 
os costumes de todo o grupo, incluindo o uso de drogas. A dependência não decorre 
necessariamente e exclusivamente da pressão do grupo. Porém, para muitos 
adolescentes, a participação em grupos de usuários marca o início do uso contínuo 
de drogas. (PAULA & PIRES, 2002). 
A influência dos amigos ou pares, conforme cita as autoras Papalia, Olds e 
Feldman (2006), estariam balanceadas pelo papel que os pais cumprem no 
desenvolvimento dos filhos. Já que é justamente nesta época que os adolescentes 
se voltam intensamente para os amigos de mesma faixa etária, em busca de apoio, 
orientação, auto-estima e identidade. 
Neste período, os adolescentes passam muito tempo na companhia uns 
dos outros, valorizando as diferentes opiniões e, de forma geral, acabam 
convergindo para o padrão que o seu grupo assume. 
Curiosidade: patrimônio de toda humanidade, a curiosidade é a 
motivação mais freqüente para justificar o uso de drogas. A curiosidade induz ao uso 
experimental das drogas, porque depois de um tempo de uso nada mais é novidade. 
Mas, segundo Paula e Pires (2002), o desejo de repetir o uso em 
quantidades maiores não é um sintoma da curiosidade e sim de outros fatores como: 
busca de prazer ou fuga de situações não agradáveis. 
Como o proibido parece ser mais gostoso, a iminência de praticar um ato 
ilegal aumenta o prazer, a emoção. Sendo assim, o primeiro encontro acaba sendo 
uma aventura sedutora, surgindo a curiosidade de experimentar mais. Repetir essa 
experiência corresponde o uso com a finalidade de voltar a sentir o que já sentiu. 
Quanto maior o prazer da primeira vez, tanto maior será a vontade de tornar a senti-
lo. (PAULA & PIRES, 2002). 
Como forma de protestar: os adolescentes muitas vezes não entendem 
seus próprios conflitos e seus sonhos são grandes, ultrapassando expectativas e 
capacidades atuais. Estes adolescentes na maioria das vezes, são contestados 
pelos adultos, gerando atritos, comprometendo o diálogo entre os adolescentes e 
adultos. Como forma de suprir a falta de diálogo, os adolescentes procuram e 
encontram refúgio em grupos iguais (amigos). Segundo Paula e Pires (2002), o 
 24 
desejo de aumentar as novas experiências, as sensações e as impressões podem 
contribuir para a iniciação nasdrogas ou ser a porta de entrada para a dependência. 
 Como fuga dos problemas: quando as pessoas se encontram em 
momentos difíceis, o uso de drogas pode parecer uma forma de fuga desses 
estados psicológicos ou sociais indesejados. A fuga através das drogas não resolve 
nada, só adia ou, na maioria das vezes, aumenta os problemas já existentes. 
Geralmente, esta forma é usada por adolescentes que querem ou buscam esquecer 
problemas, frustrações, insatisfações, fugir do tédio, da timidez e da insegurança 
para enfrentar a realidade. ( PAULA & PIRES, 2002). 
 Segundo Tiba (2003), o adolescente saindo do banho de hormônios, 
parte em busca da identidade social. Na infância, o filho adquire o sobrenome; na 
puberdade, a identidade sexual; na adolescência, o próprio nome e busca ligar-se às 
pessoas com quem se sente bem. Acaba se incorporando a uma turma, sua nova 
família. 
A adolescência é como segundo parto: o nascimento da família para entrar 
na sociedade. Longe dos pais, o adolescente tem a liberdade de pôr em prática tudo 
que tem vontade. Na sociedade, existem coisas boas e ruins. Umas das piores é a 
droga. Se o adolescente foi educado com os erros de amor, tem maior risco de usá-
las. 
Diante destes expostos, fica evidente que a condução das drogas na 
adolescência realmente possui muitas faces e cada caso é um caso com suas 
configurações próprias. Diante disso, ressalta Gikovate (1992) quando pontua que, 
cada ser humano tem uma história diferente, não existe uma fórmula que explique 
como, porque ou com que consequências um jovem procura as drogas. 
A seguir apresentam-se algumas noções sobre dependência química e 
tipos de drogas, e seus efeitos para que assim compreendam-se melhor as faces da 
dependência química na adolescência. 
 
3.1 Dependência Química 
 
A dependência química configura-se a necessidade química de alguma 
substância, sendo que esta é necessária às necessidades físicas e, por conseguinte, 
emocionais do adolescente. 
 
 25 
A dependência química pode ser vista como uma desordem do 
comportamento de abuso e uma aprendizagem envolvendo aspectos do 
meio ambiente. Neste modelo, o usuário de álcool, tabaco e outras drogas, 
não é visto como irresponsável ou mau-caráter e nem como vítima de uma 
doença, mas como alguém que apresenta um comportamento mal 
adaptado. O dependente precisa aprender estratégias para enfrentar sua 
rotina de vida sem precisar usar as substâncias psicoativas. (LESSA, 2007, 
p. 01). 
 
 
Nessa direção, observa-se que a dependência deve ser vista como uma 
desordem, algo aprendido e que, portanto, pode ser superado. Por conseguinte, a 
dependência química, como no caso de outras doenças crônicas, demanda 
episódios de tratamento e mesmo que, por vezes, ocorra a recaída, esta deve ser 
vista não como um fracasso, mas como uma possibilidade de aprender e faz parte 
do processo de enfrentamento e administração do problema de saúde. 
Segundo Schenker & Minayo (2003) definem como dependentes os 
comportamentos dos drogaditos, pois eles são movidos pelo desejo poderoso, 
compulsivo de utilizar uma substância psicoativa, que invade, progressivamente, 
toda sua existência. Consideram a dependência uma patologia que tende a se tornar 
crônica, porque o adicto é ambivalente com relação à abstinência, nega a 
importância de sua dependência, recusa-se admitir a gravidade da situação ao 
evitar suas angústias com o uso crescente das drogas, recorrendo tardiamente a 
cuidados especializados. 
O uso de substâncias psicoativas afeta, diretamente, a cognição, 
capacidade de julgamento, humor e as relações interpessoais, áreas que, 
frequentemente, já são problemáticas no período da adolescência. O prejuízo na 
capacidade de processar novas informações associado às alterações na capacidade 
de concentração e retenção causadas pelo uso dessas substâncias podem 
prejudicar o desempenho escolar e o rendimento final de muitos adolescentes que 
fazem uso dessas substâncias (ZAGURY, 2002). 
 A adolescência, passagem da infância para vida adulta, é um período 
crítico na formação da identidade e desenvolvimento da personalidade. O uso 
regular e eventual de dependência nessa fase pode resultar em inconsistências ou 
deficiências de personalidade futura. 
O uso de drogas na adolescência também afeta o desenvolvimento de 
funções sociais e o estabelecimento de relações interpessoais. Os adolescentes 
dependentes de drogas são freqüentemente afastados dos outros adolescentes da 
 26 
mesma faixa etária, assim como das normas existentes nas atividades rotineiras da 
adolescência. (ASSUMPÇÃO JUNIOR, 1999). 
Essas atividades que são preparatórias para vida adulta, incluem 
namorar, formar laços fortes de amizades, e participar de grupos e atividades que 
requerem o desenvolvimento de algumas habilidades sociais, como cooperação e 
interdependência. Os relacionamentos estabelecidos pelos adolescentes 
dependentes são, muitas vezes, baseados no consumo de drogas. (ASSUMPÇÃO 
JUNIOR, 1998). 
 
Tabela 1- Critérios para o diagnóstico de dependência de substâncias psicoativas, 
segundo DSM-IV 
 Um padrão mal-adaptativo de uso de substância, levando o prejuízo ou sofrimento 
clinicamente significativo, manifestado por três (ou mais) dos seguintes critérios, ocorrendo a 
qualquer momento no mesmo período de 12 meses: 
1.Tolerância caracterizada por uma das seguintes situações: 
a) Necessidade de aumentar a quantidade de substância usada para obter o mesmo efeito; 
b) Diminuição do efeito como uso contínuo da mesma quantidade de substância. 
2. Abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes aspectos: 
a) Síndrome de abstinência caracterizada para a substância; 
b) Substância (ou uma substância estreitamente relacionada) é utilizada para aliviar ou evitar 
sintomas de abstinência. 
3. A substância é usada frequentemente em quantidades maiores ou períodos maiores do que o 
indivíduo deseja. 
4. Desejo persistente ou tentativas malsucedidas para diminuir ou controlar o uso. 
5. O indivíduo depende grande parte do tempo em atividades para obter a substância, usa-la ou 
recuperar-se de seus efeitos. 
6. Atividades sociais, profissionais ou recreativas anteriormente importantes são abandonadas ou 
reduzidas devido ao uso de drogas. 
7. O uso da substância é mantido apesar de problemas físicos e psicológicos recorrentes, 
sabidamente causados ou exacerbados pela droga. 
Especificar: 
Com dependência física: evidência de tolerância ou abstinência (item 1 ou 2). 
Sem dependência física: sem evidência de tolerância ou abstinência (ausência dos itens 1 e 2). 
Especificar a evolução: 
Remissão precoce parcial: por pelo menos 1 mês e menos de 12 meses, um ou mais critérios para o 
diagnostico de dependência ou abuso estiveram presentes. 
Remissão precoce total: por pelo menos 1 mês e menos de 12 meses, nenhum critério diagnóstico 
de dependência ou abuso esteve presente. 
 
Fonte: DSM IV, 1994. 
 
Segundo Assumpção Junior, (1998) os adolescentes que chegam aos 
centros de tratamento diferem dos adultos quanto ao tempo e intensidade do uso de 
drogas, assim como quanto aos tipos de prejuízos causados pelo consumo. Muitas 
das diferenças encontradas entre essas duas populações estão relacionadas com a 
idade desses dependentes químicos. Os adolescentes começam o consumo de 
 27 
substâncias psicoativas mais precocemente que os adultos, mas iniciam o 
tratamento com menor tempo de uso. 
Dessa forma, os adolescentes teriam menos tempo para apresentar 
deterioração de suas funções sociais, assim como para apresentar problemas físicos 
e psicológicos significativos conseqüentes do abuso de substâncias. 
Segundo DSM-IV (1994), os critérios para o diagnóstico de dependência 
incluem, além da constatação não-obrigatória de sintomas de tolerância e 
abstinência, a perda de controle sobreo uso e a manutenção deste, apesar dos 
prejuízos em diferentes áreas (psicológicos, sociais e físicos) causados pelo 
consumo de substâncias. No momento, há tendência maior para aumentar a 
relevância das alterações sociocomportamentais, em detrimento da importância da 
presença de sintomas físicos para o diagnóstico de dependência. (LESSA, 2007). 
A dependência pode ser vista como uma desordem do comportamento de 
abuso e uma aprendizagem envolvendo aspectos do meio ambiente. A dependência 
química ainda está revestida de uma forte conotação moral e carrega um estigma 
que causa vergonha, medo, preconceito e rejeição por parte da população em geral 
e até de profissionais da saúde. 
 Segundo Lessa (2007), o usuário de álcool, tabaco e outras drogas, não 
é visto como irresponsável ou mau-caráter e nem como vítima de uma doença, mas 
como alguém que apresenta um comportamento mal adaptado. O dependente 
precisa aprender estratégias para enfrentar sua rotina de vida sem precisar usar as 
suas substâncias psicoativas. 
Em alguns organismos, a droga vai modificar uma ou mais funções, 
levando o indivíduo a modificar o seu comportamento, como exemplos: faltar à 
escola, se tornar agressivo, não cumprir com suas obrigações, buscar cada vez mais 
a droga, etc. 
A droga exerce uma atração, ela chega proporcionando prazer 
dependendo das estruturas físicas, psíquicas e biológicas de cada um. 
(ARATANGY, 1998). São vários os fatores que levam o indivíduo em direção à 
droga. O ser humano sempre buscou experiências novas e cada vez mais busca 
contato com o diferente atrás de novas descobertas, enfrentando o desafio do 
desconhecido. 
Sintetizando, evoca-se Amar (1998), apontando alguns fatores que levam 
o indivíduo a usar drogas são: a necessidade de fugir de problemas, estimular, 
 28 
acalmar, ficar acordado ou dormindo, busca de prazer, inspiração para ficar mais 
forte, mais disposto, mais relaxado, evitar o desprazer, aliviar dores, tensões, 
angústias, depressão, fatores externos como: pressão de outras pessoas ou grupo, 
indução ao consumo por propaganda, sentimento de abandono e isolamento, 
modismo cultural, adolescentes que vivenciam o luto e a desinformação, entre 
outros. 
 
3.2 Tipos de Drogas 
 
Segundo Zagury (2002), para se falar em drogas e dependência química 
é preciso considerar o tipo de droga, a forma de administração, a dosagem e as 
motivações de uso. 
As drogas dividem-se em duas categorias, as drogas lícitas que são 
vendidas legalmente sejam elas controladas ou não como: álcool; cola de sapateiro; 
moderadores de apetite, entre outras; e as drogas ilícitas que são as 
comercializadas ilegalmente como: a cocaína, maconha, crack, LSD, entre outras. 
(LOPES, 1996). 
De acordo com o COMAD1 (2005), as drogas podem, ainda, ser 
classificadas quanto aos mecanismos de ação e origem. 
Quanto aos mecanismos de ação, as drogas psicotrópicas ou psicoativas 
atuam sobre o cérebro, alterando o estado emocional, sensações e consciência. 
Elas podem ou não causar dependência e são classificadas em três grandes grupos: 
depressoras, estimulantes e alucinógenas. 
 Conforme Zagury (2002), as drogas depressoras diminuem ou deprimem 
a atividade cerebral, levando ao relaxamento, à sedação, à calma e 
consequentemente, ao desligamento dos problemas, reduzindo a ansiedade. 
 
As pessoas que as utilizam sentem-se mais tranquilas em relação aos seus 
problemas. Podem provocar também uma desinibição, isto é, o indivíduo 
sente-se com coragem ou à vontade para falar o que sente e o que o 
incomoda. (ZAGURY, 2002, p. 101). 
 
Dentre as drogas depressoras encontram-se as bebidas alcoólicas; os 
barbitúricos (remédios anticonvulsivantes, soníferos, hipnóticos e analgésicos); os 
calmantes (tranqüilizantes ansiolíticos e sedativos); a cadeína (componente de 
 
1
 Conselho Mundial Antidrogas. 
 29 
certos xaropes) e inalantes (cola de sapateiro, cheirinho-de-loló, éter, esmalte, 
gasolina, verniz, clorofórmico). 
As drogas estimulantes já têm outra reação, elas oferecem ao usuário uma 
sensação de dinamismo, potência, força, rendimento maior no trabalho, coragem. 
Sendo elas, a cafeína (causa dependência psíquica); a nicotina (leva à dependência 
física e psíquica); a cocaína (dependência física e psíquica) e as anfetaminas 
(dependência física e psíquica). 
 
A cafeína e a nicotina são drogas perfeitamente toleráveis na sociedade, 
no entanto, ambas promovem danos à saúde, principalmente a nicotina. A 
cocaína é a droga atualmente mais utilizada pelas classes altas. Seu uso 
leva à dependência psíquica, ao isolamento, à insônia, medos irreais e à 
sensação de perseguição. Outra mais letal e perigosa é o crack (pasta da 
coca), ambas tem grave perigo da superdosagem e induzem rapidamente 
ao vício. As anfetaminas são utilizadas por estudantes para melhorar a 
concentração ou para ficarem acordados por mais tempo quando têm que 
estudar, provocam sensação de força e disposição. O uso prolongado, no 
entanto, leva à dependência, irritabilidade, insônia, agressividade e até à 
morte. (ZAGURY, 2002, p. 102). 
 
 
As drogas alucinógenas provocam distorção na percepção das cores e 
das formas, porque o cérebro funciona desordenadamente, alterando as mensagens 
nervosas, dentre elas as mais conhecidas são: a maconha e o LSD (ácido lisérgico), 
ambas provocam dependência. (ZAGURY, 2002) 
A maconha provoca deformações na percepção de espaço e tempo e leva 
à introspecção. Em caso de uso prolongado, pode levar à desmotivação para o 
estudo e até aos relacionamentos afetivos. Em altas doses, pode provocar 
alucinações, dependência psíquica e desinteresse crescente pelas atividades do dia-
a-dia, podendo ainda afetar a memória. 
O LSD provoca efeitos psicodélicos fortes, alucinações e, mesmo em 
quantidades mínimas, pode provocar confusão mental. As alucinações nem sempre 
são agradáveis, podendo transformar-se em terríveis pesadelos (viagens “boas” e 
“más”). 
Tabela 2 - Classificação dos tipos de drogas. 
DEPRESSORAS Ação quanto a 
legalidade 
Funcionam como inibidores do SNC, diminuindo a 
atividade cerebral. Lícitas 
 
tipo A heroína e os solventes inalantes (cola de sapateiro, 
éter, esmalte).Álcool, os barbitúricos (sedativos), os 
ansiolíticos (tranquilizantes), a morfina, a heroína e 
os solventes inalantes (cola de sapateiro, éter, 
esmalte). a heroína e os solventes inalantes (cola de 
sapateiro, éter, esmalte). 
 30 
 
Efeito Deprimem a atividade cerebral, levando o usuário ao 
relaxamento, sedação. Pode,ainda, provocar a 
desinibição, proporcionando coragem e 
desprendimento nas relações interpessoais. 
 Dependência Causam dependência física e psíquica (ZAGURY, 
2002). 
ESTIMULANTES 
 Ação quanto a 
legalidade 
Agem, geralmente, aumentando a atividade mental. 
lícitas: nicotina, cafeína, anfetaminas. 
Ilícitas: cocaína. 
 
 Tipo Nicotina(Tabaco), afentaminas, cocaína e cafeína. 
 Efeito Causam sensação de dinamismo, potência, 
força,maior rendimento no trabalho. 
 Dependência Física e psíquica. 
ALUCINÓGENEAS Ação quanto a 
legalidade 
Alteram no funcionamento mental, de modo a 
ocasionar estados psíquicos. Complexos de 
perturbação (delírios e alucinações). Ilícitas: Ecstasy, 
maconha, LSD e alguns cogumelos. 
 Tipo Provocam distorções na percepção, devido ao 
funcionamento desordenado do cérebro, alterando 
assim as mensagens nervosas. (ZAGURY, 2002). 
 Efeito Psíquicas. 
Fonte: PAULA; PIRES, 2002; ZAGURY, 2002. 
 
Quanto à origem, elas podem ser naturais, semi-sintéticas e sintéticas. As 
naturais são encontradas disponíveis na natureza, obtidas a partir de plantas. Essas 
podem ser usadas diretamente como droga ou extraída e purificada. Entre as drogas 
naturais encontramos a maconha e algunschás (cogumelo e a trombeteira). 
(ZAGURY, 2002) 
As sintéticas são drogas obtidas a partir de síntese química. São 
produzidas inteiramente em laboratórios, não necessitando de substâncias vegetais 
ou animais como matéria-prima. Temos como exemplo de drogas sintéticas o 
ecstasy e o LSD. (ZAGURY, 2002) 
As semi-sintéticas são as drogas que após serem extraídas passam por 
um processo químico com a finalidade de se adequarem ao consumo. Entre elas 
encontramos o cigarro, álcool e a cocaína. 
As conseqüências do uso de drogas podem ser manifestadas de forma 
individual, por meio de danos físicos, psíquicos e sociais, através das recuperações 
familiares e sociais. 
Dentre as substâncias psicoativas, destaca-se: 
 
 
 
 31 
Tabela 3 - Substâncias psicoativas. 
 
DROGA CONCEITO 
ALCOOL É um líquido volátil, sem cor e sem odor e sabor característico. É produzido 
pela fermentação do caldo de cana e de cereais e raízes ( Paula, 2002). É uma 
droga depressora do SNC levando a comportamentos que vão de euforia à 
tristeza profunda. 
TABACO O tabaco é uma planta da qual é extraída uma substância chamada nicotina 
que é seu principio ativo. Na sociedade essa substância é vinculada ao cigarro 
no qual, ainda se encontram um número muito grande de outras substâncias, 
algumas muito tóxicas, como por exemplo, terebentina, formol, amônia, 
naftalina, entre outras. 
No corpo, o tabaco produz um pequeno aumento nos batimentos cardíacos, na 
pressão arterial, na freqüência respiratória e na atividade motora. No sistema 
digestivo diminui as contrações do estômago, dificultando a digestão. É 
irritante para os brônquios (pulmões) e provoca insônia (tira o sono). 
Na mente, após uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões chegando 
ao cérebro geralmente em 9 segundos. Quando em jejum e se a tragada for 
grande, a pessoa pode ficar ligeiramente tonta. Outros efeitos são: leve 
estimulação do cérebro e diminuição do apetite. Não há, na realidade nenhum 
efeito mais intenso ou importante. 
MACONHA Os efeitos físicos mais freqüentes são avermelhamento dos olhos, 
ressecamento da boca e taquicardia (elevação dos batimentos cardíacos, que 
sobem de 60 - 80 para 120 - 140 batidas por minuto). Com o uso contínuo, 
alguns órgãos, como o pulmão, passam a ser afetados. Devido à contínua 
exposição com a fumaça tóxica da droga, o sistema respiratório do usuário 
começa a apresentar problemas como bronquite e perda da capacidade 
respiratória. 
Os efeitos psíquicos são os mais variados, a sua manifestação depende do 
organismo e das características da erva consumida. As sensações mais 
comuns são bem-estar inicial, relaxamento, calma e vontade de rir. Pode-se 
sentir angústia, desespero, pânico e letargia. Ocorre ainda uma perda da 
noção do tempo e espaço além de um prejuízo na memória e latente falta de 
atenção. 
COCAÍNA A cocaína é uma droga psicoativa que estimula e vicia, promovendo e 
alterando processos cerebrais muito importantes. É extraída da folha da coca e 
se consumida por muito tempo ocasiona muitos problemas de saúde, como 
por exemplo: a aceleração do envelhecimento e danos cerebrais. 
Devido os efeitos de euforia e prazer que a cocaína proporciona, as pessoas 
são seduzidas a utilizá-la para vivenciar sensações de poder. Entretanto esses 
efeitos duram pouco tempo, onde a pessoa entra em contato com a realidade 
e experimenta depressão e ansiedade por utilizá-la novamente. 
SOLVENTE Solventes ou inalantes são substâncias capazes de dissolver coisas. É uma 
substância altamente volátil, isto é, que se evapora facilmente, daí é que pode 
ser inalada (introduzida no organismo através da aspiração, pelo nariz ou 
boca). 
Na mente, após a inalação de um solvente, a pessoa sente inicialmente uma 
estimulação que é seguida por uma depressão, sendo este efeito o mais 
importante. Mas pode também ter sensações estranhas, chegando até a 
alucinações. 
No corpo, a inalação crônica pode levar à morte de neurônios (células do 
cérebro), causando lesões irreversíveis. Além disso, a pessoa que usa 
cronicamente solventes fica apática, com dificuldades de concentração e 
déficit de memória. 
Fonte: PAULA; PIRES, 2002; ZAGURY, 2002. 
 
 32 
Diante desses dados, observa-se o que a droga pode trazer alterações 
físicas e mentais aos adolescentes, de modo que fica evidente ser necessário muito 
cuidado no atendimento a esse cliente, haja vista que determinadas substâncias ou 
drogas tem um alto poder de alterar o psicológico de um adolescente, trazendo 
sérios danos a sua saúde psíquica e física, e também muitos problemas sociais. 
Deste modo, é preciso que a sociedade comece a buscar alternativas que conduzam 
os jovens para práticas mais saudáveis de superação no período da adolescência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
 
4 OS SENTIMENTOS ENVOLVIDOS NA ADOLESCÊNCIA QUE CONDUZEM AO 
USO DE DROGAS 
 
 
De acordo com as características presentes na adolescência, novamente 
pontua-se que a mesma é uma fase que, devido às transformações biológicas e 
psicológicas, os conflitos são mais suscetíveis, dando vazão às curiosidades, os 
questionamentos, à vontade de conhecer, de experimentar o novo. Mesmo sabendo 
dos riscos, é uma fase onde todos estão à procura de sua própria identidade. 
Segundo Steinberg (1996 apud RIBEIRO, PERGHER & TOROSSIAN, 
1998), a adolescência é um período de crescimento no qual o indivíduo precisa 
realizar diversas tarefas para efetuar a passagem da infância à vida adulta. Essas 
tarefas estão relacionadas a algumas mudanças e características deste período. A 
principal tarefa da adolescência é a busca pela identidade sexual, social e psíquica. 
A adolescência se caracteriza como um período complexo no qual as 
drogas podem ser usadas, entre outras coisas, como um artifício para catalisar a 
resolução dessas tarefas. Abadi (1991 apud RIBEIRO, PERGHER & TOROSSIAN, 
1998) afirma que o uso de drogas pode ser visto como uma forma pela qual o 
adolescente poderá tentar rebelar-se contra a autoridade representada pela família, 
pelas leis e pela sociedade. Além disso, as drogas representam para o adolescente 
uma forma de socialização, que lhe permite integrar-se a um grupo e não ser 
excluído dele. 
É o momento em que o adolescente procura a sua identidade, não mais 
se baseando apenas nas orientações dos pais, mas também nas relações que 
constrói com o grupo social no qual está inserido, principalmente o grupo de amigos. 
 
A identidade social e psíquica se constitui através dos conflitos entre a 
necessidade de independência dos pais, por um lado, e a aproximação e 
dependência do grupo de amigos, por outro. Pais e amigos têm uma grande 
importância para a formação de um código de valores próprios do 
adolescente. Esse será constituído a partir da interação social e da escolha 
de elementos adquiridos na infância, tornando-se parte de sua identidade 
adulta. (STEINBERG 1996, apud RIBEIRO, PERGHER & TOROSSIAN, 
1998, p. 2). 
 
 
 34 
É na adolescência também que se registra uma grande preocupação em 
relação ao uso de drogas, pois é nessa fase que se encontram mais vulneráveis, 
sendo este momento da vida um terreno fértil à experimentação, o que poderá, ou 
não, levar ao início do abuso ou da dependência. 
Para Zagury (2002) as características pessoais tem forte influência na 
forma pela qual um acontecimento qualquer ocorrido na vida irá repercutir no 
comportamento do indivíduo. Um fato simples para um pode ser percebido de 
maneira totalmente diferente pelo outro. Esse jeito individual de ser de cada filho é 
percebido muito cedo pela maioria dos pais. Cada filho é diferente um do outro e 
cada um reage de forma diferente diante dos problemas, principalmente em relação 
às drogas.Nessa direção, é preciso que os pais estejam atentos às mudanças 
comportamentais dos filhos para quando perceberem algo errado poderem intervir, 
pois uma vez no caminho da dependência, mais complicado se torna para fazer o 
caminho de volta. 
Por conseguinte, a prevalência do uso de substâncias psicoativas entre 
os adolescentes deve ser observada, lembrando-se das influências sociais, 
econômicas e culturais, fatores esses que são particularmente importantes na 
adolescência. (ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 1999). 
O uso precoce é, sem dúvida, o maior problema. A maioria absoluta dos 
jovens que utiliza algum tipo de substância química, geralmente iniciou seu consumo 
por volta dos quatorze anos ou ainda antes. Desta forma, o adolescente tenta se 
mostrar onipotente e corajoso perante seu grupo de amigos e familiares (ZAGURY, 
2002; SCIVOLETTO, 2001; ASSUMPÇÃO JUNIOR, 1999). 
Para Campos (1998), as amizades nesta fase se tornam muito mais 
influentes durante o início da adolescência, desde estar com um grupo grande no 
pátio da escola, ou na rua, até as conversas no telefone com um confidente ou um 
parceiro amoroso, pois as relações com os colegas são vitais para a transição da 
infância para a vida adulta. 
Nesta direção, Zagury (2002) aponta que a amizade torna-se uma relação 
de pessoas específicas no qual o adolescente cria novos laços afetivos, 
estabelecendo assim, um círculo social homogêneo, no qual os mesmos encontram 
sua própria identidade num processo de interação social. 
 35 
De acordo com Espinho e Souza (2001), os adolescentes atribuem o 
consumo de drogas mais pelo fato de se sentirem bem com o uso das mesmas e 
também por estarem na companhia de amigos do que às emoções desagradáveis, 
conflitos interpessoais, desconforto físico ou tentação para o uso. 
Em relação aos fatores de personalidade, o uso de drogas pode ser 
utilizado no sentido de desenvolver a coragem, a segurança e a confiança 
necessárias para a obtenção de idéias criativas e originais, levando-os assim a 
ficarem mais confiantes quando confrontados a expor seus pensamentos e senso 
criativo. (ESPINHO & SOUZA, 2001). 
De acordo Kessler et al (2003), ao passar para a adolescência, o jovem 
sofre uma mudança tanto fisiológica quanto psicológica. Também é nessa fase que 
surgem transformações nas suas percepções em relação a si próprio e aos outros. 
Ele passa por um período no qual o ego fica suscetível a mudanças, ou seja, fica 
mais fragilizado. É uma fase também de formação de grupos e, concomitantemente, 
de isolamento, em que o jovem busca compreender as mudanças pelas quais está 
passando. 
 
Em muitos adolescentes e adultos dependentes de drogas foi identificado 
um corte no desenvolvimento, no qual a maturação interrompeu-se quando 
se desenvolveu a dependência de substâncias psicoativas. Um dos 
principais pontos na formação da identidade na adolescência é a 
uindividuação que, quando completada com sucesso, é caracterizada pelo 
autocontrole e auto-estima. (ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 1999, 
p. 134). 
 
 
Sendo assim, pode-se afirmar que o adolescente que faz uso de 
substâncias químicas tem mais dificuldades em estabelecer um propósito de vida e 
também em buscar autonomia para direcionar sua vida. 
O entendimento psicodinâmico dos adolescentes tem sido um desafio 
para os profissionais da saúde mental. Torna-se ainda mais complexa a 
compreensão daqueles que utilizam substâncias psicoativas. (KESSLER et al, 
2003). 
O adolescente começa a admitir o uso de drogas, segundo Tiba (2003), 
quando não há mais como negar as evidências. Nesse caso, cita-se quando o 
mesmo é pego pela polícia, quando surpreendido sob efeitos da droga ou em posse 
da mesma. De qualquer maneira, o adolescente tenta de todas as formas se 
 36 
esquivar da responsabilidade, inventando diversas desculpas ou atribuindo a culpa a 
outra pessoa. 
A droga faz com que o usuário minta, roube, prostitua-se, etc. Quanto 
maior a vontade de consumi-la, mais o valores e a ética ficam em segundo plano. 
(TIBA, 2003). 
Ribeiro, Pergher e Torossian (1998) ressaltam que o jovem é, geralmente, 
colocado numa situação de passividade em relação à sua realidade social. Ele é um 
sujeito que não age sobre sua realidade. O sujeito (adolescente) está submetido à 
turma e os membros desta estão submetidos ao poder das drogas, sem ter vontade 
nem opinião próprias, sendo impelidos pela droga a tomar suas decisões. 
Não se faz quase nenhuma diferenciação entre uso e abuso de drogas, 
percebendo-se palavras como usuário, dependente, viciado, experimentador e 
drogado sendo utilizadas de maneira aleatória. (RIBEIRO, PERGHER & 
TOROSSIAN, 1998). 
As conseqüências na vida dos adolescentes decorrentes do uso de 
drogas são inúmeras e muito graves. O suicídio na adolescência, por exemplo, 
apresenta uma forte relação com o uso de substâncias psicoativas. (KESSLER et al, 
2003; ZAGURY, 2002). 
De acordo com Simkin (2002 apud KESSLER et al, 2003; ASSUMPÇÃO 
JUNIOR & KUCZYNSKI , 2003), encontrou-se como fatores de risco, as seguintes 
condições: 
• Cultural e social: permissividade social, disponibilidade de droga, extrema 
privação econômica e morar em favela; 
• Interpessoal: a) na infância – família com conduta ao álcool e drogas 
relacionadas, pobre e inconsistente manejo familiar, personalidade dos pais e 
abuso físico b) na adolescência – conflitos familiares e/ou sexuais, eventos 
estressantes (como mudança de casa e escola), rejeição dos seus pares na 
escola ou outros contextos, associação com amigos usuários; 
• Psicocomportamental: precoce e persistente problema de conduta, fracasso 
escolar, vínculo frágil com a escola, comprometimento ocupacional, 
personalidade anti-social, psicopatologia (Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade, depressão e transtorno de conduta ou ansiedade nas 
mulheres), atitudes favoráveis para drogas, inabilidade de esperar 
gratificação; 
 37 
• Biogenético: genealogia positiva para dependência química e 
vulnerabilidade psicofisiológica ao efeito de drogas. 
 
A expressão “fatores de risco” compreende variáveis associadas à 
possibilidade de ocorrência de resultados negativos para a saúde, o bem estar e o 
desempenho social. No caso do uso de drogas, por exemplo, ao fumar maconha, o 
adolescente pode aumentar as chances de desenvolver doenças pulmonares, sofrer 
conseqüências psicossociais ou sanções legais, conflito com os pais, perda de 
interesse na escola, culpa ou também desenvolver um quadro de ansiedade. 
(SCHENKER & MINAYO, 2005). 
Nesse sentido, o lado negativo do desejo do adolescente de obter prazer 
com o uso de drogas é que o mesmo pode se tornar dependente e, com isso, 
comprometer a realização de tarefas normais do desenvolvimento e, dessa maneira, 
deixar de cumprir os papéis sociais esperados, influenciando assim, a sua trajetória 
como adulto jovem. (SCHENKER & MINAYO, 2005). 
Em contrapartida, Newcomb (1995 apud KESSLER et al, 2003) descreve 
alguns fatores de proteção como: ambiente estável, alto grau de motivação, forte 
vínculo pais-criança, supervisão parental e disciplina consistentes, ligação com 
instituições pró-sociais e associação com amigos não-usuários. 
Para Kessler et al (2003, p. 35), ”quanto maior o número de fatores de 
proteção, menor será o consumo de drogas pelos adolescentes e, caso inverso, 
quanto maior o número de fatores de risco, maior a prevalência de consumo”. 
Portanto é preciso que a sociedade busque alternativas e, principalmente, os pais 
dêem limites aos seus filhos e busquem protegê-los das situações de risco com 
muita acuidade. 
De acordo com Liddle e Dakof (1995 apud SCHENKER e MINAYO, 
2003), os distúrbios provocados pelo uso abusivo de drogas são uma ameaça à 
saúde pública. Um prejuízo tanto para o usuário como para toda a família, 
geralmente o vícioleva a perdas de emprego, rupturas familiares, instabilidade 
financeira e abuso físico e psicológico. A sociedade também é onerada, porque há 
vítimas de crimes e acidentes relacionados com as drogas, altos custos de 
encarceramento e também com o tratamento da dependência. 
Segundo Assumpção Junior & Kuczynski (2003), um dos sentimentos que 
levam os adolescentes a buscar drogas é a curiosidade e este é um dos fatores de 
 38 
maior influência na experimentação de substâncias psicoativas, ao lado de fatores 
externos, como a opinião dos amigos e a facilidade com que se conseguem as 
mesmas. 
 
A curiosidade do adolescente o impulsiona a experimentar novas sensações 
e prazeres. O adolescente vive o presente, busca realizações imediatas e 
os efeitos das drogas vão de encontro a esse perfil, proporcionando o 
prazer passivo e imediato. Atualmente, o fácil acesso, o baixo custo das 
drogas e a maior aceitação do uso de algumas substâncias, como o 
maconha, tornam quase inevitável o acesso dos adolescentes às mesmas e 
à oportunidade de experimentação. (ASSUMPÇÃO JUNIOR & 
KUCZYNSKI, 2003, p. 518). 
 
 
Os modismos também são um dos fatores externos que mais influenciam 
no consumo de substâncias químicas. A moda reflete a tendência do momento e os 
adolescentes são particularmente vulneráveis a estas influências. 
Os adolescentes estão saindo da infância e começando a ganhar 
liberdade para escolherem as próprias roupas, suas atividades de lazer, enfim, estão 
definindo seu próprio estilo. Salienta-se aqui também a pressão dos amigos, os 
modelos dos ídolos e os exemplos que estes jovens tiveram dentro de casa. 
(KANDEL, 1993 apud ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 2003). 
Os sintomas depressivos e as crises de angústia, segundo Yamagushi 
(1984 apud ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 2003), também são fatores que 
em muitos casos conduzem o adolescente ao uso de drogas. O jovem que está 
triste, desanimado, ou mesmo ansioso, tende a buscar atividades ou situações que o 
ajudem a melhorar, sendo assim os efeitos das drogas podem proporcionar, de 
forma imediata, um alívio desses sintomas. 
Quanto mais impulsivo e menos tolerante à frustração for o adolescente, 
maior será o risco de o mesmo se envolver com drogas. Segundo estudos 
desenvolvidos com adolescentes dependentes, aqueles que apresentavam sintomas 
depressivos evoluíram mais rápido da experimentação para o uso regular de 
cocaína, em alguns casos sem o uso anterior de substância “menos nocivas”, como 
a maconha. (YAMAGUSHI, 1984 apud ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 
2003). 
Todos esses fatores envolvidos interagem e provocam sentimentos de 
impotencialidade nos adolescentes, fazendo com que os mesmos se distanciem de 
seus objetivos e busquem na droga um porto seguro para seus anseios. 
(SCIVOLETTO, 1997 apud ASSUMPÇÃO JUNIOR, 2003). 
 39 
Nesse sentido, Dupre (1995 apud ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 
2003, p. 519) salienta: 
 
“Quanto maior o número de fatores de risco presentes, maior a intensidade 
de uso e maior o risco de progressão para drogas mais fortes. Por outro 
lado, quanto menos fatores de risco presentes, mais protegido estará o 
jovem em relação ao uso de drogas. Acredita-se que, dessa forma, os 
jovens não encontrariam nas drogas um recurso para lidar com as 
dificuldades.” 
 
 
Numa área tão controversa e polêmica como é o uso de drogas, não 
existem intervenções neutras, mas sim toda uma atividade preventiva e 
ideologicamente orientada, pois envolve permanentemente questões de valores, 
determinados socialmente, mas podendo entrar em choque com as opções pessoais 
do adolescente usuário. 
Para Fraga (2000 apud FORMIGA, 2006), a novidade e a intensidade 
com que vivem os adolescentes, fazem parte da tendência que o jovem tem em 
buscar comportamentos conturbados e esse tipo de atitude o leva a descobrir prazer 
ou camuflar sentimentos através do uso de drogas. 
Quanto maior a busca pela intensidade e novidade, maior a possibilidade 
de o jovem apresentar conduta anti-social e delitiva, e diante desses fatores sua 
tendência em relação ao uso de substâncias químicas se torna mais vulnerável. 
(FORMIGA, 2006). 
Segundo Omar & Uribe (1998, apud FORMIGA, 2006), por ser o 
comportamento do jovem destinado, seja devido ao desenvolvimento biológico, ou 
seja, pela construção sócio-cognitiva, a necessidade de expandir seu mundo, é 
possível conceber que esse comportamento pode ser caracterizado como busca de 
sensações que podem conduzir o jovem ao uso de drogas. Esse sentimento, típico 
dos adolescentes, acaba levando-os às transgressões das normas que lhes foram 
impostas dentro da família e pela sociedade. 
 
Os usuários de droga passa se valer da droga para seu deleite e em 
momentos de angústia, mas esta nunca se transforma na razão maior de 
sua existência. Os toxicômanos, porém, são compelidos à sua ingestão por 
forças físicas e psíquicas poderosas. As drogas passam a representar, para 
esse grupo, o valor soberano na regulação de sua existência. (BIRMAN, 
2001 apud LIMA, 2008, p. 06). 
 
Arruda (1983 apud SCISLESKI & MARASCHIN, 2008) se refere à criação, 
por parte dos jovens, de um sistema de valores capaz de organizar suas visões de 
 40 
mundo, que explica e fornece elementos afetivos e cognitivos que sustentam suas 
ações com relação às drogas. Para o autor, a capacidade de consumo de cada um é 
tomada como sinônimo de qualidade de vida, de êxito pessoal, de poder. 
Para os profissionais que lidam com adolescentes, saber que tipo de 
droga é consumida e como ela é transmitida é de suma importância para que se 
possa esclarecer e interagir de forma adequada com o jovem, tendo em vista o 
conhecimento adquirido por ele. 
Vários são os fatores que desencadeiam os sentimentos permissivos que 
conduzem os adolescentes a usarem drogas, mas de acordo com os autores que 
colaboraram com este trabalho, a família e os problemas que emergem da nossa 
sociedade competitiva e imediatista são os maiores propulsores para que os jovens, 
cada vez mais cedo, comecem a consumir drogas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
5 OS CAMINHOS NA RECUPERAÇÃO DO ADOLESCENTE COM DEPENDÊNCIA 
QUÍMICA 
 
Por definição, a dependência constitui, por si só, uma patologia com sua 
própria psicopatologia, caracterizada por compulsão, perda de controle e 
manutenção do uso de substância químicas. Trata-se de uma condição crônica, 
progressiva, incurável e potencialmente fatal, se não tratada. (ASSUMPÇÃO 
JUNIOR & KUCZYNSKI, 2003). 
O início do uso de drogas está ocorrendo com pessoas cada vez mais 
jovens e com substâncias de teor tóxico cada vez mais elevado e que, diante da 
complexidade do problema, é prudente evitar uma posição limitada, seja ela 
biológica, social ou psicológica. (BUCHERR, 1996 apud RIGOTTO & GOMES, 
2002). 
Partindo do pressuposto de que o consumo de drogas é um problema 
social e que o usuário de drogas é um cidadão que tem direito de usar o que quiser, 
vale ressaltar que, diante dos malefícios que as mesmas causam, o indivíduo deve 
se conscientizar de sua situação de risco e das implicações que as drogas trazem 
para sua rede de relações. (LIMA, 2008). 
Destaca-se que existem várias formas de tratamento para a dependência 
química, entre elas estão a internação, várias formas de abordagem psicoterápica 
do paciente e/ou dos familiares, tratamentos à base de medicamentos, tratamentos 
aversivos, de uma substância por outra, medicamentos para diminuir o desejo de 
consumir as drogas, entre outros. (RIGOTTO & GOMES, 2002). 
De acordo com Morrison (1993 apud ASSUMPÇÃO JUNIOR 
KUCZYNSKI, 2003) as estratégias de tratamento vão depender de uma avaliação 
prévia adequada do paciente que permitirá a definição da gravidade do problema, 
mas é correto afirmar que, geralmente, o tratamento de abuso

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