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1 Material Teórico Direito Processual Civil (I) Processo Cautelar cod Process_Civil1604_a07 Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa 2 Introdução A tutela provisória faz parte de um sistema protetivo de interesses submetidos ao Poder Judiciário. Já que o Estado pode impor de forma coercitiva suas decisões, exercendo a jurisdição, deve proteger o jurisdicionado de danos e prejuízos que possam advir da demora em que o interessado pode ter ao aguardar por uma decisão. O Novo Código de Processo Civil assim trata deste importante tema: Tutela Provisória (art. 294 do NCPC) Tutela de Urgência (art. 300 do NCPC) Tutela da Evidência (art. 311 do NCPC) A tutela provisória se baseia na chamada cognição sumária, ou seja, o julgador examina de forma abreviada e superficial o direito invocado pelo interessado com intuito de resguardar direitos e assegurar a efetividade prática da atuação jurisdicional. Ao contrário da cognição exauriente, em que o julgador verifica minuciosamente cada traço da lide e entrega aos jurisdicionados o completo exame do conflito e o juízo de certeza, a tutela provisória transita pela proteção. São da natureza da tutela provisória: Novo Código de Processo Civil Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. INSTRUMENTALIDADE: tutela provisória existe para que haja eficácia na atuação jurisdicional. PROVISORIEDADE: esta tutela possui limitação temporal, acaba com a decisão final e definitiva se houver um processo principal. Mesmo assim permite a estabilização da decisão, caso não impugnada: 303 § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo. 3 SUMARIEDADE: o juiz aplica uma visão geral para resguardar e preservar direitos, daí a instrução ser breve. REVOGABILIDADE: as cautelares podem ser revogadas e modificadas pelo juiz, a qualquer tempo, posto que deferidas em circunstâncias provisórias e específicas. A nova lei processual explicita que a tutela provisória pode: preceder ao processo principal (antecedente) ou surgir em uma causa já em curso (incidental): Art. 294 do NCPC - Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. A tutela provisória tem regras específicas de competência: Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito. A tutela provisória pode ser: De Urgência Da Evidência Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. Vejamos cada uma delas de modo mais claro... 4 Tutela Provisória de Urgência A tutela de urgência requerer que a probabilidade do direito invocado esteja presente, bem como o perigo de dano ao direito ou o risco ao resultado útil do processo1. Cabe ao Estado impedir que a demora na tutela jurisdicional não torne inútil o provimento que é pedido pela parte. Assim, com base no princípio constitucional da efetividade processual pode o juiz deferir a tutela de urgência: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. As tutelas de urgência são: a antecipada e a cautelar. A tutela cautelar visa proteger bens ou direitos de perda ou deterioração, fazendo com que as ações de conhecimento ou executivas tenham um resultado eficiente: Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. A necessidade das cautelares se justifica porque “não basta, ao Judiciário, em situações de emergência, apenas declarar interesses, é preciso que eles sejam realizados concretamente para impedir que a alteração fática ou jurídica provoque o completo esvaziamento e insucesso do processo principal2”. O Prof. Marcus Vinicius Rios Gonçalves3 nos apresenta exemplos sobre a tutela de urgência: 1 COLNAGO, Rodrigo. Op. Cit. 2 MACHADO, Antonio Cláudio Costa. Op. Cit. 3 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: execução e processo cautelar: volume 3 – 2º ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2009, p.243. 5 “O Código de Processo Civil prevê a concessão de medidas de urgência quando houver uma situação de risco ao provimento final decorrente da demora. Imagine-se uma pessoa portadora de doença grave que necessite ser internada com urgência e não consiga obter autorização de seu plano de saúde. Se fosse preciso aguardar o resultado final da ação, seria tarde demais. Suponha-se como segundo exemplo, que um credor ajuíze contra o devedor uma ação de cobrança. Enquanto não sai a sentença, o credor não pode promover a execução. É possível que o devedor, sabendo da existência do processo, dilapide seu patrimônio, transferindo seus bens a terceiros. São dois exemplos de urgência. Mas a forma de afastar a situação de perigo, em cada um dos casos é diferente. No caso da internação, o autor postulará que a ré seja condenada a arcar com os custos e despesas de seu tratamento médico. Em princípio a ré seria condenada a fazê-lo somente na sentença. Mas existem mecanismos que permitem ao juiz antecipar o provimento final, concedendo antes aquilo que ele só poderia conceder por ocasião do julgamento... Haverá a antecipação de tutela, que se caracteriza pela natureza satisfativa, de mérito, com a concessão, no todo ou em parte, daquilo que foi pedido. No segundo exemplo, a solução seria possivelmente diferente. O autor não necessita que o juiz, antecipadamente, condene o réu ao pagamento da obrigação. Ele não precisa executa-la desde logo. Para que o risco seja afastado, basta que conceda uma providência acautelatória, de preservação do patrimônio do devedor. Se ele está dilapidando o patrimônio, o juiz determinará o arresto dos bens suficientes para garantir o pagamento...”. A tutela de urgência encontra fundamentação no princípio esculpido em nossa Constituição Federal: princípio da efetividade do processo. Nas palavras de Pisani4, “a tutela de urgência tem por objetivoassegurar a efetividade da tutela jurisdicional nas situações de vantagem, que, tendo conteúdo e / ou função (exclusivamente ou prevalentemente) não patrimonial, sofreriam dano irreparável decorrente do longo tempo necessário para o desfecho da demanda prévia: esta compreende a tutela sumária antecipatória cautelar e não cautelar determinada por razões de urgência”. Em rápida análise podemos dizer que as tutelas de urgência (a antecipada e as cautelares) admitem flexibilidade, porque o interesse que está em jogo é a proteção e segurança dos direitos e pessoas envolvidas no caso. Tanto que isso é verdade e é importante que, no novo CPC, foi colocado, de forma expressa que a resposta do Poder Judiciário deve ser rápida “em situações em que a urgência decorre do risco de eficácia do processo e do eventual perecimento do próprio direito”. 4 PISANI, Andréa Proto. apud José Rogério Cruz e Tucci. Tempo e processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 126. 6 Também na redação do novo código, os casos em que as alegações da parte se revelam de juridicidade ostensiva foi definido, que “deve a tutela ser antecipadamente (total ou parcialmente) concedida, independentemente de periculum in mora, por não haver razão relevante para a espera, até porque, via de regra, a demora do processo gera agravamento do dano”. A tutela de urgência pode ser requerida antes (art. 303 e 304 NCPC) ou no curso (incidental) do procedimento em que se pleiteia a providência principal. Tutela de Urgência Antecipada Requerida em Caráter Antecedente Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. § 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334; III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335. A TUTELA ANTECIPADA permite que o interessado, sujeito ativo em certa relação jurídica, peça ao juiz providências para receber os efeitos da tutela final, antes ou sem ter que passar pelo caminho usual da ação. Para sua concessão devem estar presentes os seguintes requisitos legais: pedido da parte sobre a tutela final; exposição da lide(o direito e os fatos devem estar narrados e mostrados claramente no pedido formulado ao julgador); direito que se busca realizar( o juiz pode perceber no pedido que os fundamentos jurídicos estão próximos à verdade, convencendo-o de sua existência); periculum in mora (receio de que o dano que o interessado alega possa ser irreparável ou de difícil reparação); possibilidade de ser revertida a decisão (o juiz pode voltar atrás no provimento concedido sem mácula para a parte contrária): 7 Art. 300 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Veja o que o novo Código de Processo Civil permite em caso de prejuízo decorrente pela concessão da urgência: Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I - a sentença lhe for desfavorável; II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível. A tutela antecipada contém a satisfatividade necessária para o juiz apreciar a realização do direito: Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna- se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. § 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto. § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput. § 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, 8 reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o. § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. § 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o. § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo. Tutela de Urgência Cautelar Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. Arresto FINALIDADE: havendo fundado receio do devedor dilapidar os bens que respaldam uma futura ou atual execução, pode o interessado manejar a cautelar de arresto. Trata-se, então, de cautelar de garantia de futura execução por quantia certa e consiste na apreensão judicial de bens indeterminados que integram o patrimônio do devedor, objetivando assegurar a viabilidade de: Futura penhora, na execução por quantia certa contra devedor solvente; A arrecadação, se tratar do processo de insolvência, na execução por quantia certa contra devedor insolvente. Executa-se a medida cautelar de arresto pela apreensão e depósito de bens do devedor. São pressupostos do arresto: 9 1. A existência de prova literal da dívida líquida e certa; 2. Prova documental ou justificação de alguns dos atos que exponham os bens do devedor a perigo de dano jurídico. Se o credor não dispuser de prova documental da situação de perigo, haverá de ser designada audiência de justificação - a se realizar em segredo de justiça - para oitiva de testemunhas arroladas pelo requerente da medida. Poderá, contudo, ser dispensada a audiência de justificação se o requerente prestar caução real ou fidejussória, a ser indicada pelo juiz. A caução nessa hipótese exerce a função de contracautela. Tem legitimidade ativa para o arresto quem tem legitimidade para ajuizar a ação de execução por quantia certa com base em título executivo judicial ou extrajudicial. Está legitimado passivamente aquele que ocupaa posição de devedor na execução. Não se executará o arresto quando o devedor intimado, pagar ou depositar em juízo a importância da dívida, atualizada, acrescida de custas e honorários que forem arbitrados pelo juiz, der fiador idôneo ou prestar caução que garanta a dívida, honorários e custas judiciais. Cumprido o mandado e, portanto, apreendidos os bens, o arresto será extinto e, portanto, perde sua eficácia, quando houver a extinção da dívida. OBJETO DO ARRESTO: são os bens penhoráveis5, ou seja, aqueles que possuem valor econômico, passíveis de comercialização. 5 Bens fora do comércio não podem ser arrestados. Bem de família também encontra óbice legal para o arresto. 10 Sequestro FINALIDADE: está fundado no risco de dano ou perecimento de bem sujeito a controvérsia. Tal medida assegura a apreensão judicial e posse de bem certo e determinado, que pode vir a ser lesionado durante a tramitação de uma demanda. A finalidade do sequestro é entregar ao vencedor da demanda a coisa em bom estado de conservação, após a decisão judicial da posse. O sequestro pressupõe dúvida sobre o direito material da parte sobre determinado bem e perigo de perda da coisa, mas não exige que o objeto do sequestro já esteja sendo disputado entre o requerente da medida e o requerido. Embora se aplique ao sequestro as normas procedimentais do arresto, com ele não se confunde, pois o arresto objetiva a apreensão e depósito de bens indeterminados para garantir futura execução por quantia certa. Enquanto o sequestro destina-se proteger coisa certa e determinada do risco de dano ou perecimento. Sequestrado o bem, ele é entregue: A um depositário de confiança do juiz ou, A uma pessoa indicada pelas partes ou ainda, A uma das partes, que estará sujeita à prestação de caução real ou fidejussória. O depositário, qualquer que seja ele, deve prestar compromisso nos autos e o sequestro decretado afeta a livre disponibilidade física e jurídica sobre o bem apreendido. O sequestro se suspende e se extingue nas mesmas hipóteses em que o arresto, ou seja, assim que for decidida a posse em definitivo da coisa, ao vencedor da ação principal. OBJETO: bens especificados, individualizados e determinados. 11 Caução ou Contracautela FINALIDADE: trata-se de uma garantia ou um depósito realizado com intuito de cumprir uma obrigação futura ou de receber antecipadamente uma cautela para reparar dano possível. A caução a ser prestada decorre da relação jurídica de direito material. A parte que for obrigada a prestar caução, em petição, haverá de requerer a citação daquele em favor de quem prestará a garantia, indicando o valor a caucionar, o modo pelo qual a caução será prestada. OBJETO: dinheiro, hipoteca ou penhor (real), fiança (fidejussória) com estimativa dos bens apontados ao juiz. A prova da suficiência da caução deve constar da petição (na caução real) ou da idoneidade do fiador (se caução fidejussória). Nessa hipótese aquele que deve receber a caução será citado para em 5 (cinco) dias aceitar a caução proposta pelo requerente ou contestar o pedido. Se não contestar, fazendo-a fora de prazo, ou desatendendo o ônus da defesa especificada, o pedido poderá ser conhecido desde logo, salvo se entender o juízo que deva ser designada audiência de instrução e julgamento. Se o pedido for julgado improcedente, exaure-se a prestação jurisdicional e o requerente não estará obrigado a prestar a caução e se já a tiver feito juntamente com a petição inicial, poderá requerer o levantamento. Se julgado procedente o pedido, na sentença o juiz determinará a caução a ser prestada, assinando prazo para que o requerente a faça. Não o fazendo no prazo judicial, será declarada não prestada a caução. Se requerente já o tiver feito com inicial, deverá o juiz declarar prestada a caução. O requerente deverá na petição inicial indicar o valor, a modalidade de caução, o valor dos bens entregues na caução, a prova de sua suficiência ou idoneidade do fiador. O requerido será citado e disporá de 5 (cinco) dias para aceitar a caução ou contestar o pedido. Se o pedido for julgado improcedente, exaure-se a prestação jurisdicional e o requerido não estará obrigado a prestar a caução. Se julgado procedente o pedido, juiz determinará a caução a ser prestada, assinalando prazo para que o requerido a preste. Não o fazendo no prazo assinado o juiz declarará efetivada a sanção prevista na lei ou contrato. 12 Outra hipótese de cabimento da ação cautelar de caução é a do estrangeiro ou brasileiro, um ou outro residente no exterior e que pretenda ajuizar demanda no Brasil. A caução será prestada para garantir as custas e honorários da parte contrária, desde que não haja, no Brasil, bens suficientes que assegurem o pagamento da eventual sucumbência. A caução será exigida, também, quando o autor, inicialmente residente no Brasil, depois do ajuizamento da demanda, tiver que dele se ausentar. Pode ocorrer que no curso do processo principal a caução prestada venha a se desfalcar, como na hipótese de sendo fidejussória a caução, o fiador cair em insolvência ou sendo real, exemplificativamente, o bem se deteriorar. Nesses casos, a parte interessada poderá requerer reforço de caução. Trata-se de novo procedimento e se instaura por petição que será autuada em apenso aos autos da ação de caução, processando-se da mesma forma que a ação primitiva. Busca e Apreensão FINALIDADE: reaver coisa ou pessoa do poder de outrem que a detém ilegitimamente. A medida de busca e apreensão apresenta-se ora como execução de outras medidas cautelares, como o arresto e o sequestro, ora como medida cautelar propriamente dita. OBJETO: coisas móveis ou pessoas, desde que incapazes, pois apenas estas se sujeitam à guarda e poder de outros. A concessão liminar da tutela poderá se dar sem audiência da parte contrária, desde que o pedido se encontre fundamentado, e se não o estiver, poderá o juiz designar audiência de justificação, que há de ser realizada em segredo de justiça. Demonstrados os fatos, será expedido mandado a ser cumprido por dois oficiais de justiça, que em razão da natureza da medida poderão arrombar portas externas e internas e quaisquer móveis, desde que o requerido não o faça voluntariamente, depois de intimado pelos oficiais de justiça. No cumprimento do mandado de busca e apreensão, os oficiais devem estar acompanhados de suas testemunhas que assinarão o auto circunstanciado. 13 O procedimento da cautelar pode ser apontado como a sequência de atos e de providências processuais destinados a prevenir o perecimento de bens e interesses jurídicos, assegurando sua proteção através da atuação jurisdicional, com vistas a gerar eficácia e diretamente garantir a viabilidade de outro processo: Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303. Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir. Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias. Parágrafo único.Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum. Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais. § 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar. § 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal. § 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu. § 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335. Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se: 14 I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento. Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição. As cautelares, segundo a doutrina, tiveram uma classificação na legislação passada, que ainda pode nos ser ilustrativa. A divisão se dá quanto ao objeto da ação em: 1. Medidas para assegurar coisas ou cautelares reais: são as que objetivam garantir uma futura execução forçada (como o arresto, sequestro e a caução) ou assegurar a conservação do estado em que se encontram bens - medidas conservativas (arrolamento de bens, a apreensão, o atentado e obras de conservação em coisa litigiosa). 2. Medidas para assegurar provas: que objetivam a antecipação da coleta de elementos probatórios a serem utilizados em futuro processo (como a exibição de coisa, documento ou escrituração comercial e a produção antecipada de provas). 3. Medidas para assegurar pessoas ou cautelares pessoais: que visam a guarda provisória de pessoas (como a posse provisória de filhos, depósito de filho imoderadamente castigado, guarda, educação de filhos e direito de visita) ou medidas que visam a satisfação de necessidades urgentes de pessoas (como os alimentos provisionais e o afastamento temporário de cônjuge). 4. Cautelares satisfativas: o pedido formulado efetivamente pede a realização do direito, fazendo com que o juiz analise as razões fáticas e jurídicas do pedido. A doutrina aponta que a satisfatividade faz com que haja uma coincidência entre o provimento judicial e o cautelar, sendo irreversíveis os efeitos da medida e mostrando-se desnecessária uma ação principal. 15 Pressupostos São requisitos para a obtenção da tutela cautelar a demonstração do: 1. “fumus boni iuris” ou “fumaça do bom direito” que consiste na demonstração da plausibilidade do direito afirmado. Existe probabilidade do que está sendo narrado ser possível e viável. 2. “periculum in mora” ou “perigo na demora” que consiste na demonstração da irreparabilidade ou a dificuldade de reparação do dano que poderá advir ao direito afirmado com a demora. Esse perigo de dano deve ser atual e capaz de afetar o sucesso do processo principal. É elevada a probabilidade de dano ao autor. Embora haja certa dose de subjetividade na aferição desses requisitos pelo juiz, não há discricionariedade, de sorte que presentes o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora” deve o juiz conceder a tutela cautelar pretendida. Fungibilidade O julgador pode receber uma cautelar por outra, adaptando o pedido do interessado para entregar-lhe a medida mais conveniente para sanar a ofensa ou lesão. Admite-se também a fungibilidade entre as tutelas de urgência, desde que presentes os requisitos. 16 Poder Geral de Cautela Não podem ser previstas todas as hipóteses fáticas em que há perigo de lesão a bens jurídicos, razão pela qual as normas processuais permitem ao juiz conceder cautelares independente do nome que possuam. Tal poder jurisdicional foi chamado pela doutrina de Poder Geral de Cautela. Exemplos: a sustação de protesto, censura telefônica, afastamento de concubino do lar, entre outras. No novo CPC, o procedimento das cautelares (e da tutela de urgência, como todo) ficou bastante simplificado: não tendo havido resistência à liminar concedida, o juiz, depois da efetivação da medida, poderá extinguir o processo, conservando-se a eficácia da medida concedida, sem que a situação fique protegida pela coisa julgada. Impugnada a medida, o pedido principal deve ser apresentado nos mesmos autos em que tiver sido formulado o pedido de urgência. As opções procedimentais exemplificam sobremaneira a concessão da tutela cautelar ou antecipatória, do ponto de vista procedimental. Tutela Provisória da Evidência Independe de perigo, basta a documentação explicitar que o direito do interessado encontra embasamento suficiente para a concessão da tutela: Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
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