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1 SIMULADO 2 COMENTÁRIOS 2 Direito Administrativo Em relação às empresas estatais, julgue as seguintes assertivas. 1. As sociedades de economia mista, prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial, assim como as empresas públicas, submetem-se ao regime de precatório CERTO. Comentários: O caso concreto no qual o STF decidiu isso envolvia uma sociedade de economia mista prestadora de serviços de abastecimento de água e saneamento que prestava serviço público primário e em regime de exclusividade. O STF entendeu que a atuação desta sociedade de economia mista correspondia à própria atuação do Estado, já que ela não tinha objetivo de lucro e o capital social era majoritariamente estatal. Logo, diante disso, o STF reconheceu que ela teria direito ao processamento da execução por meio de precatório. STF. 2ª Turma. RE 852302 AgR/AL, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015 (Info 812). As empresas públicas prestadoras de serviço público, já possui entendimento pacífico de que têm direito ao processamento da execução via precatórios (ex.: Correios). ______________________________________________________________________ 2. Somente as empresas públicas federais podem ser instituídas sob uma forma jurídica sui generis, não prevista no direito privado, bastando que a lei que autorize sua criação assim disponha. CERTO. 3 Comentários: Enquanto as sociedades de economia mista devem ter a forma de sociedade anônima (S.A), sendo reguladas, basicamente, pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76), as empresas públicas podem revestir qualquer das formas admitidas no ordenamento. As EP federais podem, até mesmo, ser instituídas sob a forma jurídica sui generis, não prevista no direito privado; basta que a lei que autorize sua criação assim disponha. Essa hipótese – a criação de uma EP sob forma jurídica ímpar – não é possível para os demais entes federados, porque a competência para legislar sobre direito civil e comercial é privativa da União (CF, art. 22, I). As EP têm seus atos constitutivos inscritos no registro público das empresas mercantis ou no registro civil das pessoas jurídicas, conforme o caso. ______________________________________________________________________ Acerca da execução de multas pelo Tribunal de Contas, analise as assertivas. 3. Segundo o STJ, caso o Tribunal de Contas Estadual determine o pagamento de multa ao gestor por atividade fiscalizatória a legitimidade para executar referido título será do ente público de que faz parte a Corte de Contas. CERTO. 4 Comentários: As decisões dos Tribunais de Contas que determinam a imputação do débito (ressarcimento ao erário) terão eficácia de título executivo extrajudicial, conforme art. 71, §3º da CR/88. A discussão sobre a legitimidade para executar os títulos emanados do Tribunal de Contas vem sendo debatida na jurisprudência. Uma solução para o tema, então, foi buscada pelo STJ, que, para tanto, distinguiu duas situações: A) se o Tribunal de Contas Estadual estiver determinando o ressarcimento ao erário à nesse caso, a legitimidade será do ente público que efetivamente sofreu o prejuízo. B) Se o Tribunal de Contas Estadual estiver determinando o pagamento de multa à no caso, a legitimidade será do ente público de que faz parte a Corte de Contas, já que se trata do recolhimento de penalidade que busca reforçar a atividade fiscalizatória do Tribunal. Cite-se do STJ: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MULTA APLICADA POR TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A GESTOR MUNICIPAL. RECEITA DO ENTE FEDERATIVO A QUE SE VINCULA O ÓRGÃO SANCIONADOR. LEGITIMIDADE DO ESTADO PARA AJUIZAR A COBRANÇA. 1.A controvérsia diz respeito à titularidade da cobrança de crédito decorrente de multa aplicada a gestor municipal por Tribunal de Contas estadual. O acórdão embargado consignou que a cobrança compete ao próprio município, enquanto o paradigma entende que a legitimidade para a execução é do Estado a que se vincula a Corte de Contas. 5 2.Ambas as Turmas da Primeira Seção adotavam o mesmo posicionamento, no sentido do acórdão embargado, até o julgamento do REsp 1.181.122/RS, no qual a Segunda Turma reviu sua jurisprudência. 3.Devem-se distinguir os casos de imputação de débito/ressarcimento ao Erário – em que se busca a recomposição do dano sofrido, e, portanto, o crédito pertence ao ente público cujo patrimônio foi atingido – dos de aplicação de multa, que, na ausência de disposição legal específica, deve ser revertida em favor do ente a que se vincula o órgão sancionador. 4.Não foi outra a solução preconizada pelo Tribunal de Contas da União, em cujo âmbito as multas, mesmo que aplicadas a gestores estaduais ou municipais, sempre são recolhidas aos cofres da União. 5.Este mesmo raciocínio deve ser aplicado aos Tribunais de Contas estaduais, de modo que as multas deverão ser revertidas ao ente público ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas contra gestor municipal. 6.Dessa forma, a legitimidade para cobrar os créditos referentes a multas aplicadas por Tribunal de Contas é do ente público que mantém a referida Corte – na espécie, o Estado do Rio Grande do Sul -, por intermédio de sua Procuradoria. (…) (EAg 1138822/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/12/2010, DJe 01/03/2011) ______________________________________________________________________ 6 4. A decisão do Tribunal de Contas para ser executada, precisa estar inscrita em dívida ativa e obedecer o procedimento previsto às execuções fiscais (Lei n. 6.830/80). ERRADO. Comentários: Não é necessário gerar uma certidão de dívida ativa (CDA), pois o acórdão do TC já é título executivo extrajudicial, conforme art. 71, §3º da CR/88. Nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE DECISÃO CONDENATÓRIA DO TCU. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA E CONSEQUENTE INAPLICABILIDADE DA LEI N. 6.830/80. 1. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. 2. Recurso especial provido para determinar que a execução prossiga nos moldes do Código de Processo Civil. 7 (REsp 1390993/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013) 5. O Tribunal de Contas ostenta a condição de órgão independente na estrutura do Estado brasileiro, cujas funções estão elencadas nos incisos do art. 71 da CF/88. Seus membros possuem as mesmas prerrogativas que as asseguradas aos magistrados (art. 73, § 3º da CF/88), tendo suas decisões a natureza jurídica de atos administrativos passíveis de controle jurisdicional. CERTO. Comentários: Em um julgado relacionado ao TCU o STF reconheceu a natureza administrativa dos Tribunais de Contas: O TCU ostenta a condição de órgão independente na estrutura do Estado brasileiro, cujas funções estão elencadas nos incisos do art. 71 da CF/88. Seus membrospossuem as mesmas prerrogativas que as asseguradas aos magistrados (art. 73, § 3º da CF/88), tendo suas decisões a natureza jurídica de atos administrativos passíveis de controle jurisdicional. Trata-se de um tribunal de índole técnica e política, criado para fiscalizar o correto emprego dos recursos públicos. Os Tribunais de Contas realizam controle de legitimidade, economicidade e de eficiência, verificando se os atos praticados pelos entes controlados estão de acordo com a moralidade, eficiência, 8 proporcionalidade. No atual contexto juspolítico brasileiro, o Tribunal de Contas possui competência para aferir se o administrador atuou de forma prudente, moralmente aceitável e de acordo com o que a sociedade dele espera. O TCU representa um dos principais instrumentos republicanos destinados à concretização da democracia e dos direitos fundamentais, na medida em que o controle do emprego de recursos públicos propicia, em larga escala, justiça e igualdade. STF. 1ª Turma. MS 33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2015 (Info 787). ______________________________________________________________________ 6. As contribuições sindicais compulsórias não possuem natureza tributária, constituindo receita privada e, portanto, não se submetem ao controle fiscalizatório do Tribunal de Contas. ERRADO. Comentários: As contribuições sindicais compulsórias possuem natureza tributária, constituem receita pública e, portanto, os responsáveis pela sua gestão sujeitos à competência fiscalizatória do TCU. Ademais, a atividade de controle do TCU sobre a atuação das entidades sindicais não representa violação à autonomia sindical. STF. Plenário. MS 28465/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/3/2014 (Info 739). ______________________________________________________________________ 7. Os Tribunais de Contas possuem competência para fiscalizar pessoas jurídicas de direito privado que recebam recursos públicos. CERTO. 9 Comentários: Os Tribunais de Contas possuem competência para fiscalizar pessoas jurídicas de direito privado que recebam recursos públicos. Ex.: associações. Todo aquele que administra recursos e bens públicos está sujeito à fiscalização perante o Tribunal de Contas, independentemente de ser pessoa jurídica de direito público ou privado. Essa competência sempre esteve prevista de forma implícita no inciso II do art. 71 da CF/88. Em 1998, o parágrafo único do art. 70 foi alterado pela EC 18 para deixar isso ainda mais explícito. O simples fato de a associação que recebeu recursos públicos estar sendo processada por improbidade administrativa não impede que ela seja condenada pelo Tribunal de Contas a ressarcir o erário se constatada alguma irregularidade. Isso porque as instâncias administrativa (TCU) e judicial (improbidade) são independentes (arts. 12 e 21, II, da Lei 8.429/92). STF. 1ª Turma. MS 26969/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/11/2014 (Info 768). ______________________________________________________________________ 8. O Tribunal de contas tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a Administração Pública, quando não homologados judicialmente. CERTO. Comentários: O TCU tem legitimidade para anular acordo extrajudicial firmado entre particulares e a Administração Pública, quando NÃO homologado judicialmente. 10 Se o acordo foi homologado judicialmente, o TCU não pode anulá-lo porque a questão já passou a ser de mérito da decisão judicial, o que não pode ser revisto pelo Tribunal de Contas. Contudo, sendo o acordo apenas extrajudicial, a situação está apenas no âmbito administrativo, de sorte que o TCU tem legitimidade para anular o ajuste celebrado. STF. 1ª Turma. MS 24379/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 7/4/2015 (Info 780). ______________________________________________________________________ Tendo por base as disposições legais e jurisprudenciais acerca dos temas servidor público e processo administrativo disciplinar, julgue os itens subsequentes. 9. O STJ entende que, se o servidor acumular dois cargos públicos nas hipóteses previstas na CF/88 a remuneração de cada cargo não poderá ser superior ao teto constitucional, sendo possível, no entanto, que a soma dos dois ultrapasse esse limite. CERTO. Comentários: STJ. 2ª T. AgRg no AgRg no RMS 33.100/DF, Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 07/05/2013. Ex: se determinado Ministro do STF for também professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como Ministro e mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria considerado especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele recebesse acima do limite previsto no art. 37, XI da CF se considerarmos seus ganhos globais. 11 10. É possível a acumulação de dois cargos públicos mesmo que a soma da carga horária referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais, devendo o limite de horas ser analisado separadamente. ERRADO. Comentários: No caso concreto, a servidora acumulava dois cargos públicos privativos de profissionais de saúde e a soma da carga horária semanal de ambos era superior a 60 horas. A servidora foi notificada para optar por um dos dois cargos, tendo se mantido inerte. Diante disso, foi demitida de um deles por acumulação ilícita de cargos públicos. A servidora impetrou mandado de segurança, mas o STJ reconheceu que a demissão foi legal. STJ. 1ª Seção. MS 19.336-DF, Rel. originária Min. Eliana Calmon, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/2/2014 (Info 549). ______________________________________________________________________ 11. Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica. CERTO. Comentários: SÚMULA VINCULANTE 33-STF: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 12 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica. ______________________________________________________________________ 12. No caso de exercício de atividades permanentes do órgão ou entidade, não se admite a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária, ainda que de excepcional interesse público. ERRADO. Comentários: O art. 37, IX, da CF dispõe que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. Por sua vez, a Lei 8.745/1993, ao regulamentar o referido dispositivo, estabelece, em seu art. 2º, VI, “i”, que “Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público: [...] atividades: [...] técnicas especializadas necessárias à implantação de órgãos ou entidades ou de novas atribuições definidas para organizações existentes ou as decorrentes de aumento transitório no volume de trabalho que não possam ser atendidas mediante a aplicação do art. 74 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990”. Soma-se a isso o fato de que o STF já emitiu entendimento de que a CF autoriza contratações de servidores, sem concurso público, quer para o desempenho das atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, quer para o desempenhodas atividades de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis ao atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público. Precedentes citados do STF: ADI 3.247-MA, Tribunal Pleno, DJe 18/8/2014; ADI 3.386-DF, Tribunal Pleno, DJe 24/8/2011; e ADI 3.068-AM, Tribunal Pleno, DJ 24/2/2006. MS 20.335-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/4/2015, DJe 29/4/2015 (Informativo 560). 13 ______________________________________________________________________ 13. Não é possível a aplicação, por analogia, do instituto da recondução previsto no art. 29, I, da Lei 8.112/1990 a servidor público estadual na hipótese em que o ordenamento jurídico do estado for omisso acerca desse direito. CERTO. Comentários: Isso porque a analogia das legislações estaduais e municipais com a Lei 8.112/1990 somente é possível se houver omissão no tocante a direito de cunho constitucional autoaplicável que seria necessário para suprir a omissão da legislação estadual, bem como que a situação não dê azo ao aumento de gastos. RMS 46.438-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 553). ______________________________________________________________________ 14. É devida a restituição de valores pagos a servidor público, ainda que de boa-fé, quando no caso tiver ocorrido erro operacional da Administração Pública. ERRADO. Comentários: Segundo a posição majoritária no STJ, este mesmo entendimento deve ser aplicado nos casos em que o servidor recebe as quantias indevidas por força de erro operacional da Administração. Confira: (...) 1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia 1.244.182/PB, 14 firmou o entendimento de que NÃO É DEVIDA a restituição de valores pagos a servidor público de BOA-FÉ, por força de INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA ou MÁ APLICAÇÃO DA LEI POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO. 2. O mesmo entendimento tem sido aplicado por esta Corte nos casos de MERO EQUÍVOCO OPERACIONAL da Administração Pública, como na hipótese dos autos. Precedentes. 3. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente pagos é a boa-fé do servidor que, ao recebê-los na aparência de serem corretos, firma compromissos com respaldo na pecúnia (...) STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1447354/PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/09/2014. (...) Esta Corte firmou entendimento no sentido de não ser devida a devolução de verba paga indevidamente a servidor em decorrência de ERRO OPERACIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, quando se constata que o recebimento pelo beneficiado se deu de boa-fé, como no caso em análise. (...) STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1560973/RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 05/04/2016. ______________________________________________________________________ Acerca dos temas controle da administração e mandado de segurança, marque certo ou errado. 15. A indicação equivocada da autoridade coatora implica ilegitimidade passiva nos casos em que o equívoco é facilmente perceptível e aquela 15 erroneamente apontada pertence à mesma pessoa jurídica de direito público. ERRADO. Comentários: Não implica em ilegitimidade. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. AUTORIDADES COATORAS QUE PERTENCEM À MESMA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. LEGITIMIDADE PASSIVA RECONHECIDA. 1. Nos termos do que decidido pelo Plenário do STJ, "[a]os recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n. 2). 2. Segundo a jurisprudência desta Corte "a errônea indicação da autoridade coatora não implica ilegitimidade ad causam passiva se aquela pertence à mesma pessoa jurídica de direito público; porquanto, nesse caso não se altera a polarização processual, o que preserva a condição da ação" (REsp 806.467/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 20/9/2007). Nesse mesmo sentido: AgRg no AREsp 188.414/BA, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 31/3/2015; AgRg nos EDcl no REsp 1.407.820/ES, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 1/7/2014; AgRg no RMS 39.688/PB, Rel. 16 Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27/9/2013. 3. Inafastável o reconhecimento da legitimidade das autoridades apontadas como coatoras, pois encontram-se vinculadas à mesma pessoa jurídica de Direito Público e, nas informações apresentadas no mandamus, suscitaram sua ilegitimidade passiva, além de enfrentar o mérito e defender o ato tido como ilegal.(...) (AgRg no REsp 1452009/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/12/2016, DJe 02/02/2017) ______________________________________________________________________ 16. O prazo decadencial para a impetração de mandado de segurança contra ato omissivo da administração, quando envolver obrigação de trato sucessivo, inicia-se a no primeiro momento em que configurada a omissão administrativa. ERRADO. Comentários: Inicia-se mês a mês. ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. PREJUDICIAL DE DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. RELAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. LEI LOCAL. NATUREZA JURÍDICA. EXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 280/STF. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 17 I. De acordo com a jurisprudência, "em se tratando de impetração contra ato omissivo da Administração, que envolve obrigação de trato sucessivo, o prazo para o ajuizamento da ação mandamental se renova mês a mês" (STJ, AgRg no AREsp 333.890/CE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 29/10/2013). Em igual sentido: "Tratando-se de ato omissivo da Administração Pública, de forma continuada, consistente na ausência do pagamento de reajuste, benefício ou vantagem que o servidor entende devido, o prazo decadencial para impetrar o Mandado de Segurança se renova a cada mês. Assim, a relação envolve prestação de trato sucessivo, pois não houve a negativa do próprio direito reclamado pelo impetrante, afastada a decadência, nos termos da Súmula 85 desta Corte" (STJ, AgRg no REsp 1.338.443/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe de 25/03/2013). II. Na hipótese dos autos, o recorrente entende que o prazo para impetrar o Mandado de Segurança não se renovaria mensalmente, porquanto a legislação local, que concedera os reajustes, teria caráter de norma de efeitos concretos. Contudo, aferir se a Lei Estadual 9.703/2012 seria lei de efeitos concretos é providência vedada, em sede de Recurso Especial, ante o óbice da Súmula 280/STF. (AgRg no AREsp 593.738/PB, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/08/2015, DJe 03/09/2015) ______________________________________________________________________ 18 17. Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ele cabe o mandado de segurança ou medida judicial. CERTO. Comentários: Sumula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial ______________________________________________________________________ 18. A partir do reconhecimento do papel central da Constituição eda normatividade dos princípios constitucionais, a legalidade deixa de ser o único parâmetro para verificação da validade da atuação administrativa. CERTO. Comentários: Trata-se do PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE que não aceita a concepção da Administração vinculada exclusivamente às regras prefixadas nas leis, mas sim ao próprio Direito, o que inclui as regras e princípios previstos na Constituição. O STF editou a Sumula Vinculante 13 para vedar o nepotismo na Administração Pública com fundamento nos princípios da impessoalidade, moralidade e eficiência. O STJ, por sua vez, utiliza-se rotineiramente dos princípios da razoabilidade e da isonomia (impessoalidade) para saber se algumas das exigências contidas em editais de concursos públicos são válidas ou não. A juridicidade, como se vê, amplia a margem de controle do ato discricionário levada a efeito pelo Judiciário. 19 ______________________________________________________________________ Acerca do corte no fornecimento de serviços públicos essenciais, julgue os itens que se seguem. 19. É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais, inclusive quanto à pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população. CERTO. Comentários ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. PRECEDENTES. DÍVIDA CONTROVERTIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. 1. A Lei de Concessões condiciona a suspensão no fornecimento de energia elétrica ao "interesse da coletividade", que impossibilita o corte na iluminação pública e nas unidades públicas essenciais, quando, então, a concessionária deve fazer uso da ação de cobrança. Precedentes. 2. Observada a restrição legal, é lícita a interrupção do fornecimento de energia elétrica se, após prévio aviso, o consumidor permanecer inadimplente no pagamento da dívida incontroversa. 3. No entanto, no presente caso, o acórdão recorrido assentou que a suspensão não se legitima ante a controvérsia sobre o 20 valor da dívida, discutida em sede administrativa, bem como do pagamento da quantia incontroversa. 4. A revisão das premissas fáticas utilizadas pelo Tribunal de origem encontra óbice na Súmula n. 7 do STJ. (AgRg no Ag 1270130/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/08/2011, DJe 19/08/2011) ______________________________________________________________________ 20. É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida. ERRADO. Comentários É ilegítimo, na verdade: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SUSPENSÃO POR DÉBITO PRETÉRITO DE OUTRO USUÁRIO. SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL. IMPOSSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior pacificou o entendimento de que, em casos como o presente, em que se caracteriza a exigência de débito pretérito decorrente do inadimplemento de faturas, não deve haver a suspensão do serviço; o corte de água pressupõe o inadimplemento de dívida 21 atual, relativa ao mês do consumo, sendo inviável a suspensão do abastecimento em razão de débitos antigos. 2. Além do mais, o art. 6o., § 3o., II, da Lei 8.987/95, fala, expressamente, em inadimplemento do usuário, ou seja, do efetivo consumidor do serviço (interrupção personalizada). É inviável, portanto, responsabilizar-se o atual usuário - adimplente com suas obrigações - por débito pretérito relativo ao consumo de água do usuário anterior (REsp 631.246/RJ, Rel. Min. DENISE ARRUDA, DJ 23.10.2006). 3. (…) (AgRg no AREsp 196.374/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 06/05/2014) ______________________________________________________________________ No que tange aos contratos administrativos, leia e julgue os seguintes itens. 21. Nos contratos celebrados pela administração, o foro competente para dirimir qualquer questão contratual é o do contratado. ERRADO. Comentários: Art. 52, §2º, da Lei n. 8.666/93 – Lei de Licitações - LI: §2oNos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da 22 sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta Lei. ______________________________________________________________________ 22. Caso o contrato contenha vício de legalidade, como ausência de algum dos requisitos de validade dos atos administrativos em geral, deverá ser promovida sua invalidação, ou anulação, e não a sua revogação. CERTO. Comentários: Trata-se de ilegalidade, é poder-dever da Administração Pública promover a invalidação/anulação do contrato. STF Súmula nº 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. ______________________________________________________________________ 23. O contrato administrativo pode ter o seu equilíbrio quebrado em virtude de o Estado praticar ato ilícito que lhe modifique as condições, de modo a provocar prejuízo ao contratado. Nessa situação, fica caracterizado o denominado fato do príncipe. ERRADO. 23 Comentários: O Conceito da questão é o de fato da administração, caracterizado como, segundo Hely Lopes Meirelles, “é toda ação ou omissão do Poder Público que, incidindo direta e especificamente sobre o contrato, retarda, agrava ou impede a sua execução. O fato da Administração é evento diretamente relacionado com a execução do contrato, enquanto o fato do príncipe atinge apenas reflexamente o contrato, causando desequilíbrio econômico. ______________________________________________________________________ 24. O direito a revisão depende de previsão expressa no contrato, sendo insuficiente para a sua concessão a demonstração da existência de fato superveniente que tenha causado desequilíbrio econômico-financeiro no ajuste. ERRADO. Comentários: O direito de revisão independe de previsão contratual, trata-se de característica dos contratos administrativos. Art.58 da LI - O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I -modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado 24 § 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual ______________________________________________________________________ 25. Devido à natureza personalíssima do contrato administrativo, não se admite subcontratação de partes de obra ou serviço contratado pelo poder público. ERRADO. Comentários: Art.72 da Lei 8.666/93. O contratado, na execução do contrato, sem prejuízodas responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração. ______________________________________________________________________ 26. Embora a Lei 8.666/93 exija a forma escrita, sob pena de nulidade do contrato, a norma deve ser interpretada em conformidade com os princípios gerais do direito, assim, se o particular de boa-fé fornecer ou praticar serviço a Administração Pública deve reconhecer e pagar ao contratado pela execução do ajuste verbal, nos termos do princípio da vedação do enriquecimento sem causa. CERTO. 25 Comentários: Em relação à forma escrita do contrato, é pertinente uma ponderação. O art. 60, parágrafo único, da Lei 8.666/19931 exige a forma escrita, considerando “nulo e de nenhum efeito” o contrato verbal. A única exceção expressamente reconhecida por essa norma refere-se aos contratos verbais de pequenas compras (até R$ 4.000,00) e pronto pagamento. Todavia, a norma deve ser interpretada em conformidade com os princípios gerais do Direito, pois a interpretação literal da norma levaria à conclusão de que os contratos verbais, que não são de pequenas compras, não seriam considerados válidos e não produziriam efeitos, inclusive o efeito do pagamento. Ocorre que essa interpretação prejudicaria o particular de boa-fé que forneceu o bem ou prestou o serviço e acarretaria o enriquecimento sem causa da Administração. Por esta razão, a doutrina e a jurisprudência têm reconhecido o dever da Administração contratante de pagar ao contratado pela execução do ajuste verbal, em homenagem aos princípios da boa-fé e da vedação do enriquecimento sem causa. Nesse sentido: STJ (REsp 317.463/SP), TJRJ, Marçal Justen Filho, Marcos Juruena Villela Souto, Enunciado 8 da PGE/RJ e Orientação Normativa/AGU 4. ______________________________________________________________________ 27. No tocante à advocacia pública consultiva, o advogado poderá ser responsabilizado nos casos de culpa grave, erro inescusável, dolo e quando o parecer for vinculante. CERTO. 1 Art. 60. Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento. 26 Comentários: O parecer meramente opinativo não tem o condão de responsabilizar o advogado consultivo. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO. AUDITORIA PELO TCU. RESPONSABILIDADE DE PROCURADOR DE AUTARQUIA POR EMISSÃO DE PARECER TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA. SEGURANÇA DEFERIDA. I. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico: (i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo; (ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer; (iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídica deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não decidir. II. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo superior hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário, mas apenas incorpora sua fundamentação ao ato. III. Controle externo: É lícito concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual tenha resultado dano ao 27 erário. Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa. Mandado de segurança deferido. MS 24631 / DF - DISTRITO FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA Julgamento: 09/08/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno). ______________________________________________________________________ 28. O convite é uma modalidade de licitação em que a convocação se faz por carta-convite. Ele dispensa a publicação em edital, mas a lei exige que a unidade administrativa afixe, em lugar adequado, uma cópia do instrumento convocatório. CERTO. Comentários: Art. 22 da 8.666/93 São modalidades de licitação: III - convite; ... § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais 28 cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. ______________________________________________________________________ Relacionado ao tema atos administrativos, julgue as seguintes assertivas: 29. Os limites percentuais de (25% e 50%) previstos no art. 65, §1º, Lei 8.666/93 aplicam-se somente aos casos de alteração quantitativa do contrato administrativo, sendo inaplicável no caso de alteração qualitativa. ERRADO. Comentários: Os limites DEVEM ser observados em TODA E QUALQUER ALTERAÇÃO UNILATERAL, QUALITATIVA OU QUANTITATIVA. O principal fundamento é a ausência de distinção entre as alterações nas normas que impõem os limites percentuais, admitindo-se a inobservância dos limites apenas para os casos de supressões por acordo das partes (art. 65, § 2.º, II, da Lei). Nesse sentido: José dos Santos Carvalho Filho, Marcos Juruena Villela Souto, Flávio Amaral Garcia, Jessé Torres Pereira Junior, TCU e STJ. (TCU, Plenário, Decisão 215/99, Rel. Min. José Antonio B. de Macedo, DO 21.05.1999; STJ, 2.a Turma, REsp 1.021.851/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 28.11.2008, Informativo de Jurisprudência do STJ n. 363.) Entendemos que a razão está com o segundo entendimento que aplica os limites às duas espécies de alteração unilateral (quantitativa e qualitativa), tendo em vista a necessidade de interpretação da questão à luz dos seguintes princípios constitucionais: 29 a) segurança jurídica e boa-fé: a alteração ilimitada acarretaria insegurança para o contratado que deveria se sujeitar à vontade da Administração mesmo nas hipóteses em que não tenha condições materiais (equipamentos ou bens) ou econômicas para implementar o objeto alterado; b) economicidade: em virtude dos riscos incalculáveis assumidos pelo particular, a sua proposta de preço na licitação seria incrementada e não representaria, necessariamente, os custos e os lucros esperados; c) moralidade e isonomia: na ausência de limites percentuais, o preço contratual poderia sofrer enorme variação, o que colocaria em dúvida, eventualmente, a modalidade de licitação utilizada para escolhero licitante, sendo certo que determinadas modalidades (concorrência, tomada de preços e convite) levam em consideração o valor estimado do contrato e possuem exigências diferenciadas em relação à participação dos licitantes (ex.: a Administração utiliza-se do convite, direcionando a contratação para alguns convidados, para celebrar o contrato que sofre alteração posterior para elevar o preço ao patamar que demandaria a concorrência – esta última modalidade admite a participação de qualquer interessado); e d) razoabilidade: não se pode pretender transformar a contratação pública em loteria ou aventura jurídica. ______________________________________________________________________ 30. É ilegal, no âmbito dos contratos administrativos, a retenção do pagamento devido a fornecedor em situação de irregularidade perante o fisco. CERTO. 30 Comentários: Segundo jurisprudência pacífica do STJ, é ilegal reter o pagamento devido a fornecedor em situação de irregularidade perante o Fisco. Essa prática não é permitida, considerando que não existe autorização na Lei para que seja feita. Logo, como no direito administrativo o administrador somente pode fazer aquilo que a lei o autoriza, tal conduta por parte do Poder Público violaria o princípio da legalidade. (Segunda Turma. AgRg no REsp 1.313.659-RR, Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/10/2012.) Direito Constitucional Julgue os itens abaixo: 31. Na vigência de estado de sítio, em razão de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa, admite-se a imposição de restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei, não se incluindo em tal vedação a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. CERTO. Comentários: O enunciado trata da possibilidade de restrições de direitos fundamentais durante o estado de sítio, instrumento excepcional para defesa do Estado e de suas instituições democráticas. Ressalta-se que o 31 estado de sítio é medida mais rigorosa do que o estado de defesa, razão pela qual permite a imposição de maiores restrições. Confira: Art. 136, CF Estado de defesa: é possível haver restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Art. 139, CF Estado de sítio nos casos de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa: só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. Estado de sítio no caso de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, a contrario sensu, admite outras restrições, além das previstas no art. 139, da CF. Para o caso de guerra declarada, admite-se, inclusive, pena de morte (art. 5º, XLVII, “a” c/c art. 84, XIX c/c art. 137, II, CF). 32 ______________________________________________________________________ 32. A ação direta de inconstitucionalidade que tem como norma impugnada medida provisória perde o objeto quando esta for convertida em lei antes do julgamento daquela, ainda que a lei de conversão e o ato legislativo provisório possuam o mesmo texto. ERRADO. Comentários: O entendimento do Supremo Tribunal Federal é exatamente no sentido contrário, ou seja, nos casos em que o texto da lei de conversão é o mesmo que o texto da medida provisória, ainda que tal conversão ocorra antes do julgamento da ação direta de inconstitucionalidade, não há perda do objeto, devendo a ação direta de inconstitucionalidade ser conhecida e julgada. É o que se observa do julgamento da ADI 1055/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 15.12.2016. (ADI-1055), veiculada no Informativo 851, do Supremo Tribunal Federal. Segundo entendeu a Suprema Corte, ocorre a continuidade normativa entre o ato legislativo provisório (MP) e a lei que resulta de sua conversão. Todavia, nesse caso, o legitimado responsável pelo ajuizamento da ADI deve peticionar informando a conversão da MP em lei ao STF e pedindo o aditamento da ação. ______________________________________________________________________ 33. Em sede de arguição de descumprimento de preceito fundamental a liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da ação, salvo se decorrentes da coisa julgada. CERTO. 33 Comentários: No tocante à arguição de descumprimento de preceito fundamental, a Lei 9.882/1999, em seu art. 5º, §3º, estabelece um poder geral de cautela do juiz que poderá conceder liminar para suspender o andamento dos processos ou os efeitos de decisões judiciais ou determinar outras medidas que entenda necessária, desde que haja relação entre a medida e a matéria objeto da ação e não haja coisa julgada. ______________________________________________________________________ 34. É inconstitucional a criação de procuradorias próprias para atuar especificamente nas Assembleias Legislativas ou nos Tribunais de Contas estaduais, tendo em vista que a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas é competência constitucional exclusiva dos Procuradores dos Estados. ERRADO. ______________________________________________________________________ 35. As ações para cobrança de títulos executivos decorrentes de condenações impostas pelo Tribunal de Contas somente podem ser propostas pelo ente público beneficiário da condenação. ANULADA. Comentários às questões 34 e 35: A questão 34 está errada, tendo em vista que a Suprema Corte entende pela constitucionalidade da criação de Procuradorias especializadas das Assembleias Legislativas e dos Tribunais de Contas com atribuições de representação judicial e de defesa dos atos e das prerrogativas, nos casos em que a Assembleia Legislativa ou o Tribunal de Contas Estadual necessite praticar em juízo, em nome próprio, atos 34 processuais na defesa de sua autonomia e independência em face dos demais poderes, além de serem responsáveis pela consultoria e pelo assessoramento jurídico de tais órgãos. Nesse sentido, não há violação ao art. 132, da CF/88, não havendo invasão de competências constitucionais dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, consoante se verifica no seguinte precedente: (...) 3. A Procuradoria Geral do Distrito Federal é a responsável pelo desempenho da atividade jurídica consultiva e contenciosaexercida na defesa dos interesses da pessoa jurídica de direito público Distrito Federal. 4. Não obstante, a jurisprudência desta Corte reconhece a ocorrência de situações em que o Poder Legislativo necessite praticar em juízo, em nome próprio, uma série de atos processuais na defesa de sua autonomia e independência frente aos demais Poderes, nada impedindo que assim o faça por meio de um setor pertencente a sua estrutura administrativa, também responsável pela consultoria e assessoramento jurídico de seus demais órgãos. (...) STF. Plenário. ADI 1557, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 31/03/2004. Por outro lado, a questão 35 foi anulada, tendo em vista não haver especificado de qual Tribunal se tratava o entendimento assentado. Isso porque, o enunciado reflete o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, que destoa do atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Explica- se. O Superior Tribunal de Justiça, em 2011, fixou o entendimento de que a legitimidade para a execução dos títulos executivos proferidos pelo Tribunal de Contas depende da diferenciação entre os casos de imputação de débito/ressarcimento ao Erário e os de imputação de multa. A 35 legitimidade para cobrar os créditos referentes a multas aplicadas por Tribunal de Contas é do ente público que mantém a referida Corte, ao passo que, nos casos de ressarcimento ao Erário, a legitimidade é do ente público beneficiário da condenação. Confira: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MULTA APLICADA POR TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A GESTOR MUNICIPAL. RECEITA DO ENTE FEDERATIVO A QUE SE VINCULA O ÓRGÃO SANCIONADOR. LEGITIMIDADE DO ESTADO PARA AJUIZAR A COBRANÇA. 1.A controvérsia diz respeito à titularidade da cobrança de crédito decorrente de multa aplicada a gestor municipal por Tribunal de Contas estadual. O acórdão embargado consignou que a cobrança compete ao próprio município, enquanto o paradigma entende que a legitimidade para a execução é do Estado a que se vincula a Corte de Contas. 2.Ambas as Turmas da Primeira Seção adotavam o mesmo posicionamento, no sentido do acórdão embargado, até o julgamento do REsp 1.181.122/RS, no qual a Segunda Turma reviu sua jurisprudência. 3. Devem-se distinguir os casos de imputação de débito/ressarcimento ao Erário – em que se busca a recomposição do dano sofrido, e, portanto, o crédito pertence ao ente público cujo patrimônio foi atingido – dos de aplicação de multa, que, na ausência de disposição legal específica, deve ser revertida em favor do ente a que se vincula o órgão sancionador. 4. Não foi outra a solução preconizada pelo Tribunal de Contas da União, em cujo âmbito as multas, mesmo que aplicadas a gestores estaduais ou municipais, sempre são recolhidas aos cofres da União. 5.Este mesmo 36 raciocínio deve ser aplicado aos Tribunais de Contas estaduais, de modo que as multas deverão ser revertidas ao ente público ao qual a Corte está vinculada, mesmo se aplicadas contra gestor municipal. 6.Dessa forma, a legitimidade para cobrar os créditos referentes a multas aplicadas por Tribunal de Contas é do ente público que mantém a referida Corte – na espécie, o Estado do Rio Grande do Sul -, por intermédio de sua Procuradoria. 7.Embargos de Divergência providos. (EAg 1138822/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/12/2010, DJe 01/03/2011). A seu turno, o Supremo Tribunal Federal, em 2014, reconheceu que as execuções de títulos executivos decorrentes de condenações impostas pelo Tribunal de Contas somente podem ser propostas pelo ente público beneficiário da condenação. Assim, se o Município for o ente beneficiário de referida condenação, ainda que a decisão tenha sido proferida pelo Tribunal de Contas Estadual, caberá à Procuradoria Municipal respectiva promover a execução do título executivo. Na ocasião, a Suprema Corte afastou a legitimidade do próprio Tribunal de Contas e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas para referidas execuções, sendo este o ponto principal da discussão travada à época. Todavia, não se aventou, na espécie, a distinção realizada pelo Superior Tribunal de Justiça (casos de imputação de débito/ressarcimento ao Erário e casos de aplicação de multa), estando a questão pendente de julgamento, após o reconhecimento da repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal. Confira os julgados: 37 LEGITIMIDADE – EXECUÇÃO DE MULTA APLICADA PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO – DANOS AO ERÁRIO MUNICIPAL – MATÉRIA CONSTITUCIONAL – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL VERIFICADA. Possui repercussão geral a controvérsia acerca da legitimidade para promover a execução de multa aplicada pelo Tribunal de Contas estadual a agente político, por danos causados ao erário municipal – se do estado ou do município no qual ocorrida a irregularidade. (ARE 641896 RG, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 11/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-085 DIVULG 07-05-2013 PUBLIC 08-05- 2013). LEGITIMIDADE ATIVA – MINISTÉRIO PÚBLICO – EXECUÇÃO – CONDENAÇÃO POR TRIBUNAL DE CONTAS – PRECEDENTE. Conforme entendimento consolidado do Supremo, os títulos executivos decorrentes de condenações impostas pelo Tribunal de Contas somente podem ser propostas pelo ente público beneficiário da condenação. (RE 791575 AgR / MA – MARANHÃO. AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO. Julgamento: 29/04/2014. Órgão Julgador: Primeira Turma). ______________________________________________________________________ 36. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da posse, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. A ação de impugnação 38 de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. ERRADO. Comentários: O prazo de quinze dias para impugnação do mandato eletivo é contado do ato de diplomação e não da posse, razão pela qual o enunciado encontra-se errado, nos termos do art. 14, §§ 10 e 11, da Constituição Federal. ______________________________________________________________________ 37. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido, dentre outros legitimados, por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, desde que para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade de seus membros ou associados e que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. ERRADO. Comentários: O enunciado encontra-se errado, pois a legitimidade das organizações sindicais, entidades de classe e associações constituída e em funcionamento há pelo menos um ano é válida para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, consoante se verifica da leitura do art. 12, inciso III, da Lei 13.300/2016. ______________________________________________________________________ 39 38. Na eleição para Prefeito e Vice-Prefeito haverá segundo turno nos Municípios com mais de duzentos mil habitantes sempre que nenhum candidato alcançar maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. ERRADO. Comentários: O parâmetro para estabelecer se o Município terá, ou não, a possibilidade de realização de segundo turno é a quantidade de eleitorese não de habitantes. Sendo assim, nos termos do art. 29, inciso II, combinado com o art. 77, da CF/88, o sistema de eleição municipal será: Majoritário absoluto: para os Municípios com mais duzentos mil eleitores, consagrando-se vencedor aquele que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos. Caso em primeiro turno nenhum candidato alcance esse quórum, haverá segundo turno. Majoritário simples: para os demais Municípios, eleito será aquele que obtiver a maioria simples dos votos válidos. ______________________________________________________________________ 39. Conforme entendimento da Suprema Corte, os senadores podem trocar de partido político, ainda que sem justa causa, sem que isso importe na perda do mandato eletivo. CERTO. Comentários: Trata-se do posicionamento recente do Supremo Tribunal Federal ao distinguir os cargos cujos titulares são eleitos pelo sistema majoritário (Senadores, Prefeitos, Governadores e Presidente da República) daqueles eleitos pelo sistema proporcional (deputados e vereadores). Nesse sentido, 40 pode haver a troca de partido político sem que haja a perda do mandato quando se tratar de eleição pelo sistema majoritário. Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO Nº 22.610/2007 DO TSE. INAPLICABILIDADE DA REGRA DE PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA AO SISTEMA ELEITORAL MAJORITÁRIO. 1. Cabimento da ação. Nas ADIs 3.999/DF e 4.086/DF, discutiu-se o alcance do poder regulamentar da Justiça Eleitoral e sua competência para dispor acerca da perda de mandatos eletivos. O ponto central discutido na presente ação é totalmente diverso: saber se é legítima a extensão da regra da fidelidade partidária aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário. 2. As decisões nos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que é adotado para a eleição de deputados federais, estaduais e vereadores. As características do sistema proporcional, com sua ênfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidária importante para garantir que as opções políticas feitas pelo eleitor no momento da eleição sejam minimamente preservadas. Daí a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. 3. O sistema majoritário, adotado para a eleição de presidente, governador, prefeito e senador, tem lógica e dinâmica diversas da do sistema proporcional. As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular (CF, art. 1º, parágrafo único; e art. 14, caput). 4. Procedência do pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade.STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015. ______________________________________________________________________ 40. O Supremo Tribunal Federal admite a ocorrência da reversão jurisprudencial, também denominada reação legislativa, de modo que, 41 excepcionalmente, é possível o nascimento de lei ordinária com presunção relativa de inconstitucionalidade. CERTO. Comentários: As declarações de inconstitucionalidade proferidas pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado de constitucionalidade não vinculam o Poder Legislativo em sua atividade típica, de modo que, posteriormente, é possível a edição de lei em sentido contrário ao anteriormente decidido. Por outro lado, a regra é que as leis nascem com uma presunção de constitucionalidade, todavia, nos casos de reação legislativa, a lei nasce com uma presunção de inconstitucionalidade, dada a decisão anterior da Suprema Corte, cabendo ao legislador “o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima. Assim, para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa”. Nesse sentido, confira a jurisprudência da Suprema Corte: [...] 3. O desenho institucional erigido pelo constituinte de 1988, mercê de outorgar à Suprema Corte a tarefa da guarda precípua da Lei Fundamental, não erigiu um sistema de supremacia judicial em sentido material (ou definitiva), de maneira que seus pronunciamentos judiciais devem ser compreendidos como última palavra provisória, vinculando formalmente as partes do processo e finalizando uma rodada deliberativa acerca da temática, sem, em consequência, fossilizar o conteúdo constitucional. 4. Os efeitos vinculantes, ínsitos às decisões proferidas em sede de fiscalização abstrata de constitucionalidade, não atingem o Poder 42 Legislativo, ex vi do art. 102, § 2º, e art. 103-A, ambos da Carta da República. 5. Consectariamente, a reversão legislativa da jurisprudência da Corte se revela legítima em linha de princípio, seja pela atuação do constituinte reformador (i.e., promulgação de emendas constitucionais), seja por inovação do legislador infraconstitucional (i.e., edição de leis ordinárias e complementares), circunstância que demanda providências distintas por parte deste Supremo Tribunal Federal. 5.1. A emenda constitucional corretiva da jurisprudência modifica formalmente o texto magno, bem como o fundamento de validade último da legislação ordinária, razão pela qual a sua invalidação deve ocorrer nas hipóteses de descumprimento do art. 60 da CRFB/88 (i.e., limites formais, circunstanciais, temporais e materiais), encampando, neste particular, exegese estrita das cláusulas superconstitucionais. 5.2. A legislação infraconstitucional que colida frontalmente com a jurisprudência (leis in your face) nasce com presunção iuris tantum de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador ordinário o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente faz-se necessária, ou, ainda, comprovar, lançando mão de novos argumentos, que as premissas fáticas e axiológicas sobre as quais se fundou o posicionamento jurisprudencial não mais subsistem, em exemplo acadêmico de mutação constitucional pela via legislativa. Nesse caso, a novel legislação se submete a um escrutínio de constitucionalidade mais rigoroso, nomeadamente quando o precedente superado amparar-se em cláusulas pétreas. 6. O dever de fundamentação das decisões judicial, inserto no art. 93 IX, da Constituição, impõe que o Supremo Tribunal Federal enfrente novamente a questão de fundo anteriormente equacionada sempre que o legislador lançar mão de novos fundamentos. 7. O Congresso Nacional, no caso sub examine, ao editar a Lei nº 12.875/2013, não apresentou, em suas justificações, qualquer argumentação idônea a superar os fundamentos assentados pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADIs nº 4430 e nº 4795, rel. Min. Dias Toffoli, em que restou 43 consignado que o art. 17 da Constituição de 1988 – que consagra o direito político fundamental da liberdade de criação de partidos – tutela, de igual modo, as agremiações que tenham representação no Congresso Nacional, sendo irrelevante perquirir se esta representatividade resulta, ou não, da criação de nova legenda no curso da legislatura. 8. A criação de novos partidos, como hipótese caracterizadora de justa causa para as migrações partidárias, somada ao direito constitucional de livre criação de novas legendas, impõe a conclusãoinescapável de que é defeso privar as prerrogativas inerentes à representatividade política do parlamentar trânsfuga. 9. No caso sub examine, a justificação do projeto de lei limitou- se a afirmar, em termos genéricos, que a regulamentação da matéria, excluindo dos partidos criados o direito de antena e o fundo partidário, fortaleceria as agremiações partidárias, sem enfrentar os densos fundamentos aduzidos pelo voto do relator e corroborado pelo Plenário. 10. A postura particularista do Supremo Tribunal Federal, no exercício da judicial review, é medida que se impõe nas hipóteses de salvaguarda das condições de funcionamento das instituições democráticas, de sorte (i) a corrigir as patologias que desvirtuem o sistema representativo, máxime quando obstruam as vias de expressão e os canais de participação política, e (ii) a proteger os interesses e direitos dos grupos políticos minoritários, cujas demandas dificilmente encontram eco nas deliberações majoritárias. 11. In casu, é inobjetável que, com as restrições previstas na Lei nº 12.875/2013, há uma tentativa obtusa de inviabilizar o funcionamento e o desenvolvimento das novas agremiações, sob o rótulo falacioso de fortalecer os partidos políticos. Uma coisa é criar mecanismos mais rigorosos de criação, fusão e incorporação dos partidos, o que, a meu juízo, encontra assento constitucional. Algo bastante distinto é, uma vez criadas as legendas, formular mecanismos normativos que dificultem seu funcionamento, o que não encontra guarida na Lei Maior. Justamente por isso, torna-se legítima a atuação do Supremo Tribunal Federal, no intuito de impedir a obstrução dos canais de participação política e, por via de 44 consequência, fiscalizar os pressupostos ao adequado funcionamento da democracia. 12. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade dos arts. 1º e 2º, da Lei nº 12.875/2013. (ADI 5105/DF-DISTRITO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a):Min. LUIZ FUX. Julgamento: 01/10/2015. Órgão Julgador: Tribunal Pleno). ______________________________________________________________________ 41. No âmbito da estrutura sindical brasileira, somente as confederações sindicais, que constituem entidade de grau superior, possuem legitimidade para agir, em sede de controle normativo abstrato de constitucionalidade, perante a Suprema Corte. CERTO. Comentários: O enunciado reflete o posicionamento do Supremo Tribunal Federal acerca da interpretação do art. 103, inciso IX, da Constituição Federal, nos seguintes termos: Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004): IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. E M E N T A: CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE – AÇÃO DIRETA – ILEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE SINDICAL DE SEGUNDO GRAU, AINDA QUE DE ÂMBITO NACIONAL – 45 AÇÃO DIRETA DE QUE NÃO SE CONHECE – PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA PELO NÃO PROVIMENTO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - As federações sindicais, mesmo aquelas de âmbito nacional, não dispõem de legitimidade ativa para o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. - No âmbito da estrutura sindical brasileira, somente a Confederação Sindical – que constitui entidade de grau superior – possui qualidade para agir, em sede de controle normativo abstrato, perante a Suprema Corte (CF, art. 103, IX). Precedentes. (ADI 4656 AgR / PA - PARÁ - AG.REG. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 01/08/2014. Órgão Julgador: Tribunal Pleno). ______________________________________________________________________ 42. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, dentre outros órgãos, através das guardas municipais, instituídas pelos Municípios, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. ERRADO. Comentários: As guardas municipais não são constitucionalmente órgãos de segurança pública, em que pese sua previsão está contida no Título V, Capítulo III, da Constituição Federal. Isso porque, destinam-se à proteção de bens, serviços e instalações dos Municípios e não a coletividade de modo geral. Nos termos do art. 144, da CF/88, são órgãos de segurança 46 pública a polícia federal, a polícia rodoviária federal, a polícia ferroviária federal, as polícias civis e as polícias militares e corpos de bombeiros militares. ______________________________________________________________________ 43. Somente os brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos ou as pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no país poderão ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, sendo que, em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. CERTO. Comentários: O enunciado retrata uma das situações em que a Constituição Federal distingue os brasileiros natos dos naturalizados, como medida excepcional. Sobre o tema, imprescindível a leitura dos artigos 5º, inciso LI, 12, §§ 2º, 3º e 4º, inciso I, 89, inciso VII e 222, todos da CF/88. ______________________________________________________________________ 44. Ao adotar a teoria da abstrativização do controle difuso, a Suprema Corte entendeu pela mutação do dispositivo constitucional que atribui ao Senado Federal a competência para suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva. Assim, o atual papel do Senado Federal é apenas de conferir publicidade a referida decisão. ERRADO. 47 Comentários: Apesar de haver posicionamento em sentido contrário, entende-se, majoritariamente, que o Supremo Tribunal Federal não adota a teoria da abstrativização do controle difuso, ou seja, não atribui características do controle concentrado ao controle difuso, como a eficácia erga omnes. Assim, as decisões definitivas que declaram a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em sede de controle difuso operam efeitos inter partes, cabendo ao Senado Federal, por meio de resolução, conferir eficácia erga omnes, nos termos do art. 52, inciso X, da CF/88, não ocorrendo, portanto, mutação constitucional do referido dispositivo. Todavia, afirma-se que, apesar de não haver eficácia erga omnes, as decisões do Plenário do STF proferidas em controle difuso de constitucionalidade possuem força expansiva. Sobre o tema, dada sua importância, transcreve-se trecho dos comentários do dizerodireito.com.br <http://www.dizerodireito.com.br/2014/05/stf-nao-admite-teoria- da.html>. Efeitos da declaração segundo a TEORIA DA ABSTRATIVIZAÇÃO DO CONTROLE DIFUSO Em uma explicação bem simples, a teoria da abstrativização do controle difuso preconiza que, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Assim, segundo essa concepção, se, em abril/2006, um juiz criminal de Rio Branco (AC),por exemplo, decidisse que era constitucional a proibição de progressão de regime em crime hediondo, o réu prejudicado poderia formular uma reclamação diretamente ao STF, alegando que a autoridade de sua decisão estaria sendo desrespeitada. 48 O STF iria conhecer essa reclamação e julgá-la procedente, determinando que a decisão do juiz fosse cassada (art. 102, I, “l”, da CF/88). Para essa corrente, o art. 52, X, da CF/88 sofreu uma mutação constitucional e, portanto, deve ser reinterpretado. Dessa forma, o papel do Senado, atualmente, é apenas o de dar publicidade à decisão do STF. Em outras palavras, a decisão do STF, mesmo em controle difuso, já é dotada de efeitos erga omnes e o Senado apenas confere publicidade a isso. Pode-se dizer que o STF acolheu a teoria da abstrativização do controle difuso? O STF decidiu que houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88 e que o papel do Senado atualmente é apenas o de dar publicidade da decisão? NÃO. A resposta para essas perguntas ainda é negativa. É isso que se extrai do resultado da Rcl 4335/AC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgada em 20/3/2014. A situação concreta discutida na referida reclamação foi a seguinte: Em abril de 2006, ou seja, após a decisão do STF declarando inconstitucional o § 1º do art. 2º da Lei n.° 8.072/90 (HC 82959/SP), o juiz da vara de execuções penais de Rio Branco (AC) indeferiu o pedido de progressão de regime em favor de um condenado, argumentando que a Lei de Crimes Hediondos proibia e que a decisão do STF no HC 82959/SP somente teria eficácia erga omnes se o Senado Federal suspendesse a execução do dispositivo da Lei de Crimes Hediondos. O réu, assistido pela Defensoria Pública, formulou reclamação no STF alegando que o entendimento do juiz de 1ª instância ofendeu a autoridade da decisão do STF no HC 82959/SP. Segundo argumentou o condenado, o Supremo já havia definido que o dispositivo era inconstitucional. Logo, ninguém mais poderia discordar, mesmo que a decisão tenha sido tomada em sede de controle difuso. 49 Como o STF julgou essa reclamação? Por maioria, a reclamação foi conhecida e julgada procedente. É preciso, no entanto, ter calma e analisar o voto de cada julgador. Apenas dois Ministros (Gilmar Mendes e Eros Grau) afirmaram expressamente que: • as decisões do Plenário do STF proferidas em controle difuso de constitucionalidade possuem efeitos erga omnes e • que o papel do Senado, atualmente, é o de tão-somente dar publicidade ao que foi decidido, tendo havido mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. Os demais Ministros refutaram textualmente ou pelo menos não aderiram a tais conclusões. Assim, para a maioria do STF, a decisão em controle difuso continua ainda produzindo, em regra, efeitos apenas inter partes e o papel do Senado é o de amplificar essa eficácia. Algumas conclusões: 1) O STF não adota a teoria da abstrativização do controle difuso. 2) As decisões do Plenário do STF proferidas em controle difuso de constitucionalidade possuem FORÇA EXPANSIVA (nas palavras do Min. Teori Zavascki), mas não se pode afirmar que possuam, em regra, eficácia erga omnes. 3) Para a maioria dos Ministros não houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. O papel do Senado não é o de apenas dar publicidade da decisão de inconstitucionalidade proferida em controle difuso. A resolução do Senado continua conferindo eficácia erga omnes à declaração de inconstitucionalidade prolatada no controle concreto. 4) Se um juiz ou Tribunal desrespeita o que foi decidido pelo STF em sede de controle difuso de constitucionalidade, a pessoa prejudicada não poderá se valer da reclamação para questionar esse 50 descumprimento, salvo se ela foi parte no processo originário que foi julgado pelo Supremo. 5) A legitimação ativa mais ampla da reclamação somente será cabível nas hipóteses em que a lei ou a CF/88 expressamente prever como sendo de efeitos vinculantes e erga omnes. É o caso, por exemplo, das súmulas vinculantes. ______________________________________________________________________ 45. Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza. CERTO. Comentários: A questão trata da súmula vinculante nº 47, do Supremo Tribunal Federal que consolidou o entendimento acerca da natureza alimentar dos honorários advocatícios, para fins da preferência de que trata o art. 100, §1º, da Constituição Federal. ______________________________________________________________________ 46. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há vedação constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. CERTO. 51 Comentários: O tema que, até pouco tempo se encontrava com repercussão geral reconhecida pendente de análise, foi dirimido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE nº 786540, sendo possível extrair algumas conclusões, a saber: 1. Tendo em vista que os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em comissão se submetem ao Regime Geral de Previdência Social, nos termos do art. 40, §13, da CF/88, a eles não aplica a regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da CF/88, de modo que este enunciado atinge somente os ocupantes de cargo de provimento efetivo. Sendo assim, não há limite constitucional de idade para fins de nomeação a cargo em comissão. 2. Ressalvados impedimentos de ordem infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor efetivo aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo com a Administração. Isso porque a aposentadoria compulsória põe fim ao vínculo efetivo com a Administração Pública, de modo que a nomeação para cargo em comissão iniciai uma segunda e nova relação jurídica com a Administração. ______________________________________________________________________ 47. As contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva 52 de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. CERTO. Comentários: O enunciado trata da contribuição social patronal incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício e a receita ou o faturamento, que podem alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, nos termos preconizados pelo art. 195, inciso I combinado com o §9º, da CF/88. ______________________________________________________________________ 48. Os Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como
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