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GALP - RESUMO UNIDADE I

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GRAMÁTICA APLICADA DA LÍNGUA PORTUGUESA 
Unidade I 
Linguagem e língua 
Língua e linguagem têm o mesmo significado? 
Linguagem compreende toda e qualquer forma de expressão (seja ela manifestada linguisticamente ou não). 
Língua é entendida como um código, de natureza social e coletiva, obedecendo às leis do contrato estabelecido pelos integrantes do grupo social em que se instaura. 
Assim: 
Linguagem é toda forma de expressão, como gestos, cores, sons, palavras etc. 
Língua é um sistema de signos. 
Afinal, o que é gramática? 
Gramática normativa: conjunto de regras que devem ser seguidas. 
Gramática descritiva: conjunto de regras que são seguidas. 
Gramática internalizada: conjunto de regras que o falante da língua domina. 
Gramática normativa/prescritiva 
Conjunto de normas prescritas para o “bem falar e bem escrever” do indivíduo. 
A Gramática é uma “receita” que deve ser seguida. 
Oposição entre “certo” e “errado”. 
Ex.: Eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam. 
Gramática normativa: 
Estuda apenas os fatos da língua padrão/culta, que se oficializou. 
Seu estudo baseia-se mais na língua escrita, dando pouca importância à oralidade, que é vista como idêntica à escrita. 
É prescritiva: torna a língua culta uma norma. 
Gramática descritiva 
Conjunto de regras descritas a partir da língua falada por um grupo social. 
Preocupação do linguista em identificar e descrever regras que são seguidas pelos falantes no uso efetivo da língua. 
Ligada à realidade, à naturalidade do uso da língua. 
Ex.: Eu amo, tu/ você ama, ele ama, nós/ a gente ama, vocês ama, eles ama. 
Descreve e registra as unidades e as categorias da língua, os tipos possíveis de construção e a função desses elementos, o modo e as condições de uso dos elementos em uma abordagem sincrônica. 
Trabalha com qualquer variedade da língua, observando o que se diz ou se escreve na realidade e trata de explicitar o mecanismo da língua. 
Gramática internalizada 
Conhecimento linguístico internalizado do falante. 
Conhecimento relacionado tanto ao léxico como à organização sintático-semântica dos enunciados. 
Produção e identificação de formas linguisticamente aceitas pelo grupo social. 
Cada um tem em mente os padrões linguísticos do código. 
Ex.: Eu comi, eu bebi, eu fazi (conjugação verbal infantil do verbo “fazer”). 
Outras gramáticas 
Travaglia (1998) propõe outros três tipos de gramática, com base na explicitação da estrutura e do mecanismo de funcionamento da língua. 
Gramática implícita: refere-se à competência linguística internalizada do falante. 
É também denominada: gramática inconsciente ou gramática de uso. 
Gramática implícita
atividades linguísticas
Gramática explícita/teórica: busca explicitar a estrutura, a constituição e o funcionamento da língua. 
Gramática explícita/teórica
atividades metalinguísticas
Gramática reflexiva: volta-se mais ao processo que ao produto do ato linguístico. São atividades de observação e reflexão que buscam a constituição e o funcionamento da língua. 
Gramática reflexiva
atividades epilinguísticas
Ex.: O rapaz bebia café. Ou melhor, bebia chá. 
Gramática explícita ou teórica 
- É representada por todos os estudos linguísticos que buscam explicitar a estrutura, a constituição e o funcionamento da língua. 
- Ataliba Teixeira de Castilho: esta gramática buscou ser concebida nos moldes da teoria multissistêmica, de cunho funcionalista-cognitivista. 
Gramática reflexiva 
- Refere-se mais ao processo do que aos resultados: representa as atividades de observação e reflexão sobre a língua que buscam detectar, levantar suas unidades, regras e princípios. 
Gramática x atividades 
- Gramática (explícita ou teórica, reflexiva e implícita) relaciona-se à distinção entre atividades: linguísticas, epilinguísticas e metalinguísticas.
Atividades linguísticas 
- São as que o usuário realiza quando estabelece uma interação comunicativa por meio da língua. 
- O falante tem de organizar seu texto de acordo com a situação, os objetivos de comunicação, bem como de acordo com o tópico discursivo (assunto ou tema). 
- Trata-se de atividades de construção e/ou reconstrução do texto que o usuário realiza para se comunicar. 
- Podemos relacionar essas atividades com a gramática de uso, uma vez que o usuário utiliza de forma automática a sua gramática internalizada. 
Atividades epilinguísticas 
- São as que possibilitam tratar dos próprios recursos linguísticos que estão sendo utilizados ou de aspectos da interação por meio da suspensão do desenvolvimento do tópico discursivo e introdução do referido tratamento. 
- Exemplos de atividades epilinguísticas: 
1. Achei o vestido de Joana lindo. Lindo não, maravilhoso. 
2. Vamos encerrar este assunto pois o Vamos encerrar este assunto, pois o horário da consulta já terminou. 
Atividades metalinguísticas 
- Compreendem aquelas em que se faz uso da língua para analisar a própria língua, ou seja, é a construção da metalinguagem – conjunto de elementos linguísticos próprios e apropriados para se falar sobre a língua. 
- A atividade metalinguística, normalmente, está relacionada a teorias linguísticas e métodos de análise da língua, o que nos leva a relacioná-la diretamente com a gramática teórica. 
Outras gramáticas
Gramática contrastiva ou transferencial: útil para mostrar diferenças e semelhanças entre as variedades linguísticas, uma vez que descreve e compara duas línguas ao mesmo tempo. 
Gramática geral: uma gramática de previsão de possibilidades gerais por comparar o maior número possível de línguas, com o intuito de reconhecer todos os fatos linguísticos e as condições de realização. 
Gramática universal: investiga as características comuns a todas as línguas do mundo. 
Obs.: nem sempre se distinguem gramática geral e gramática universal. 
Exemplos de universais linguísticos: 
1. Todas as línguas têm vogais. 
2. Todas as línguas têm dupla articulação. 
3. Todas as línguas têm categorias pronominais envolvendo pelo menos três pessoas e dois números. 
Gramática histórica: estuda a evolução de um idioma, desde o seu surgimento até o momento atual.
“Gramática histórica”, de Ismael Coutinho.
Gramática comparada 
Estuda uma sequência de fases evolutivas de várias línguas, a fim de buscar pontos comuns. Esses estudos estabeleceram famílias de línguas e descobriram parentescos entre línguas aparentemente distantes, como o latim e o sânscrito. 
Gramática Comparativa Houaiss: destacam-se semelhanças entre quatro idiomas que têm o latim como origem comum - o português, o espanhol, o francês e o italiano. 
Norma: normal e normativo
Bagno (2003, p. 41) chama a atenção para o fato da norma derivar dois adjetivos. 
Observe: 
Norma
Normal
Uso corrente 
Real 
Comportamento 
Observação
Situação objetiva
Média estatística 
Frequência 
Tendência geral e habitual 
Normativo
Preceitos 
Ideal 
Reflexão consciente 
Elaboração 
Intenções subjetivas 
Conformidade 
Juízos de valor 
Finalidade designada 
O que é norma culta? 
1. Norma culta dos prescritivistas: tenta preservar um modelo de língua ideal, inspirado na grande literatura do passado. 
2. Norma culta dos pesquisadores: a língua empregada no dia a dia pelos falantes que têm escolaridade superior completa e vivem em ambiente urbano. 
3. Norma popular: designa um conjunto de variedades linguísticas que nunca ou raramente aparecem na fala (e na escrita) dos falantes cultos. 
Gramática tradicional vs variedade oral do português 
A gramática tradicional não estuda a variedade oral do português, mas a variedade escrita dos textos literários clássicos. Daí o distanciamento entre a realidade e a prescrição da norma. 
Ex.: “Correm as horas, vem o Sol descambando; refresca a brisa, e sopra rijo o vento. Não ciciam mais os buritis...” (Visconde de Taunay, I, 33) 
Variedades de prestígio e variedades estigmatizadas 
Variedades de prestígio: correspondem à norma utilizada pelos grupos de prestígio e, portanto,pressupõem falantes que tiveram uma boa formação escolaridade. 
Variedades estigmatizadas: abrangem todos os grupos sociais desprestigiados do Brasil. 
Preconceitos linguísticos 
A norma culta da classe de prestígio é a única correta. 
O bom português é aquele praticado em determinada região. 
O bom português é aquele exemplificado nas chamadas épocas de ouro da literatura. 
Diante da variedade linguística existente, apenas uma é a correta e todas as outras são erradas. 
Variedade linguística 
Não há regra para o uso da língua, mas regras que variam conforme as situações comunicativas do falante. 
Variação decorre de fatores como diferenças entre grupos sociais escolarizados e não escolarizados, entre falantes de regiões diferentes, entre sexos opostos, além das diferenças de idade, posição social. 
Variação de uso dessa língua estará ligada ainda ao grau de formalismo que a situação requerer. 
Trata-se, primeiramente, de diferenciarmos o que já foi tratado como “vernáculo” ou como “português” por alguns estudiosos. 
Variação dialetal: territorial (ou geográfica), social, de idade, de sexo, de geração e de função. 
Variação dialetal 
Dialetos na dimensão territorial, geográfica ou regional: variação entre pessoas de diferentes regiões em que se fala a mesma língua. 
Essa variação pode ocorrer por influência da formação cultural do povo ou pelo fato de os indivíduos pertencentes geograficamente à mesma comunidade apresentarem comportamento linguístico que os identifique. 
As diferenças podem ser no plano fonético, no léxico ou no das diferenças sintáticas. 
Do ponto de vista fonético: pronúncia do [r] de “porta”; do /l/ em “Brasil” etc. 
Variações morfológicas: as variantes podem opor o uso do morfema flexional de um verbo à sua ausência, como “andá” x “andar”, em que o –r constitui a marca do infinitivo do verbo e o falante pode colocá-lo ou subtraí-lo no final. 
Léxico: o que é mandioca para uns pode ser macaxeira ou aipim para outros. Ou o pivete de São Paulo pode ser o guri do Rio de Janeiro. 
Dialetos na dimensão social 
São variações de acordo com a classe social a que pertencem os usuários da língua. 
São consideradas variedades dialetais de natureza social os jargões profissionais ou de determinadas classes sociais bem definidas como grupos (artistas, médicos, professores, marginais, favelados, entre outros). Nesse contexto, a gíria é uma forma de dialeto social. 
Variação 
Dialetos na dimensão da idade: são variações relativas ao modo de usar a língua por pessoas de idades diferentes, em faixas etárias diversas – adultos, velhos, crianças, jovens. 
Dialetos na dimensão do sexo: são variações de acordo com o sexo de quem fala. Um garoto pode expressar-se diferentemente de uma garota em uma mesma situação comunicativa.
Ela poderá dizer “ganhei uma blusinha maravilhosa!”, uma vez que o uso do diminutivo é marca da fala feminina, o que causaria estranhamento na fala masculina. 
Dialetos na dimensão da geração (ou variação histórica): são estágios no desenvolvimento da língua. 
Dialetos na dimensão da função: são variações na língua decorrentes da função que o falante desempenha. 
Ex: plural majestático, em que governantes ou altas autoridades expressam seus desejos ou intenções com o pronome “nós”, que indica sua posição de representante do povo. 
O mesmo falante pode variar sua forma de comunicação de acordo com o contexto. 
Variação de registro 
Variação de registro: há 3 tipos (grau de formalismo, modo e sintonia). 
Grau de formalismo: escala de formalidade, isto é, uso dos recursos da língua, variando o cuidado e o apuro de acordo com a situação e com a maior variedade de recursos utilizados e aproximando-se cada vez mais da língua padrão e culta em seus usos mais “sofisticados”. 
Variação de modo: entendida como a língua falada em contraposição à língua escrita. 
Ex.: 
1. A tarefa de lançar as bases da nova gramática é muito longa e complexa; devemos, portanto, deixá-la para a próxima semana. 
2. A nova gramática do português, ela vai ser muito difícil a gente escrever. Melhor a gente deixar ela pra semana que vem. 
O exemplo 1 está mais próximo do texto escrito; o exemplo 2 parece ser a transcrição de uma fala espontânea (mais próxima da oralidade). 
Sintonia: status, tenacidade, cortesia e norma. 
Status: variação de formas ou pronúncia, tom de voz que denota respeito especial à pessoa a quem nos dirigimos. Um homem pode diferenciar sua linguagem para falar com o filho e para falar com sua esposa, por exemplo. 
Tenacidade: variação que ocorre em função do volume de informações ou conhecimentos que o falante supõe ter o ouvinte sobre o assunto. Essa variação ocorre entre um artigo de divulgação científica (público leigo) e um artigo científico (público especializado). 
Cortesia: variação que ocorre de acordo com a dignidade que o falante considera apropriada ao(s) seu(s) interlocutor(es) e/ou à ocasião. Essa variação vai da blasfêmia/obscenidade ao eufemismo. 
Norma: ao se dirigir ao seu interlocutor, o falante considera o que este julga “bom” em termos de linguagem. Isto é, a variedade linguística a ser utilizada será selecionada de acordo com os participantes da atividade comunicativa. 
Essa variedade pode ser selecionada de acordo com critério regional, social, um registro mais ou menos formal...

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