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FATORES QUE POTENCIALIZAM A FITOTOXICIDEZ E AS ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAR SEUS DANOS.

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FATORES QUE POTENCIALIZAM A FITOTOXICIDEZ E AS 
ALTERNATIVAS PARA MINIMIZAR SEUS DANOS. 
 
Marcelo G. Madalosso 
Instituto Phytus / URI Santiago 
Ricardo Balardin 
Diego Dalla Favera 
Leandro Marques 
Universidade Federal de Santa Maria 
Monica P. Debortoli 
Instituto Phytus 
 
A produção de soja no Brasil permanece na crescente busca por 
patamares mais produtivos, por aumento de área plantada ou mesmo na 
repetição do cultivo na mesma safra. Esta busca por produtividade tem 
colocado a técnica agronômica sob pressão no intuito de encontrar 
alternativas sustentáveis para viabilizar esta prática, o que nem sempre pode 
apresentar resultados satisfatórios. Quanto maior for a área a ser tratada com 
defensivos agrícolas, maior é o problema logístico dentro da fazenda, 
remetendo a aplicações com alto risco de comprometimento da eficácia do 
controle químico, além de reflexos negativos sobre a cultura a ser trabalhada. 
Nesta safra, tem sido observados relatos de diversos agricultores do 
sul do país com problemas de fitotoxicidade pela aplicação de fungicidas do 
grupo dos triazóis, comprometendo a área foliar da soja (Figura 1). A 
fitotoxidez é a concentração excessiva do ingrediente ativo na superfície da 
folha, podendo estar em estresse (potencializa) ou não, causando queima ou 
destruição das células pela dificuldade da planta metabolizar tal quantidade 
de ingrediente ativo. É importante ressaltar que todo produto químico 
aplicado sobre as plantas são tóxicos, sejam herbicidas, inseticidas ou 
mesmo fungicidas. Um exemplo prático é a deficiência de manganês gerada 
em plantas transgênicas de soja pela aplicação do herbicida glifosato. Assim, 
a planta precisa ter mecanismos de “desintoxicação” da presença daquele 
produto externo no seu interior celular, também chamado de xenobióticos. 
Desta forma, quanto maior for o período para “desintoxicação” maior será o 
residual dentro da planta, entretanto o grande desafio dos produtos é manter 
este ingrediente ativo no interior celular sem comprometer o desempenho da 
mesma. 
 
 
Figura 1 – Sintomas de fitotoxicidade na folhagem da cultura da soja. 
 
COMO IDENTIFICAR NA ÁREA: 
Fungicidas podem causar diversos níveis de fitotoxidez, porém 
diversas circunstancias agronômicas que cercam as plantas podem 
potencializar este efeito, tornando-o aparente e de severidade elevada. 
Locais na lavoura que apresentam os primeiros sintomas: 
 Folhas do topo: excesso de ativo na gota e formação de depósitos 
cristalinos. 
 Deformações foliares: Encarquilhamento – aumento da curvatura da 
epiderme da folha e de aspecto coriáceo, similar à folha do repolho 
(Figura 2a). Carijó - queima dos tecidos entre as nervuras da folha. 
Verificar a raiz para não confundir com problema radicular (Figura 2b). 
 Bordas da lavoura: chegada ou saída do pulverizados após 
acionamento ou desligamento da barra. 
 Sobrepasse da barra de aplicação: reposição do ingrediente ativo na 
mesma planta. 
 Não se apresenta em plantas isoladas: por questões operacionais, o 
problema será visível em áreas grandes de transito do equipamento. 
Assim sendo, o problema ocasionado pela fitotoxidez nos tecidos da 
planta devido à aplicação do produto esta relacionado a fatores fisiológicos e 
de tecnologia de aplicação. 
 
 
a 
 
b 
 
Figura 2 – Sintomas de fitotoxicidade em folhas de soja em encarquilhamento 
(a) e folha carijó (b). 
 
 
FATOR FISIOLÓGICO 
A fitotoxicidade de alguns triazóis está relacionada à combinação de 
temperaturas altas, estresse hídrico - ou não – e com a genética da cultivar 
utilizada. É notório que algumas cultivares possuem maior “sensibilidade” à 
aplicação deste grupo químico que fica potencializado por estas condições. 
Isto pode estar relacionado a fatores como o espessamento de cutícula e a 
atividade fisiológica da planta para “desintoxicar” seus tecidos, variando a 
velocidade de absorção de produtos pela folha. 
A velocidade de absorção do fungicida no cultivo da soja depende das 
características inerentes aos ingredientes ativos aplicados, bem como da 
constituição da epiderme das folhas no momento da aplicação (LENZ, 2010). 
Toda superfície primária aérea que um produto químico irá encontrar em 
plantas vasculares será uma fina película superficial, a cutícula, que é 
composta de lipídios solúveis e poliméricos (JEFFREE, 1996). A cutícula tem 
como principal função a de proteção dos tecidos vivos das plantas contra a 
perda de água (SCHÖNHERR, 1982), mas constitui-se também em uma 
barreira para a absorção de produtos químicos aplicados via foliar 
(BALARDIN, 2010). 
A atividade fisiológica normal de uma planta depende do aporte 
suficiente de água. A diminuição na disponibilidade da água acarreta maior 
dispêndio de energia para manter a turgescência ou propiciar o crescimento 
de novas raízes para aumentar a capacidade de absorção de água. 
Kissmann (1998) relata que abaixo da cutícula localiza-se a parede 
celulósica, que é hidrófoba. Entre a cutícula e a parede celulósica, existe a 
pectina, que por sua vez é hidrófila, logo ela absorve água como uma 
esponja. Em folhas de plantas sob déficit hídrico, a cutícula é mais espessa 
dificultando a penetração de patógenos e de produtos. 
Dados de pesquisa têm indicado que plantas submetidas a estresse 
hídrico apresentam maior retenção dos ativos na epiderme ou células da 
planta. O aumento de retenção dos ativos aliado a uma maior concentração 
dos mesmos nas porções superiores do dossel da planta, tende a 
potencializar a ação fitotóxica do produto aplicado. A água se adere as 
microfibrilas de celulose e a outros componentes hidrofílicos da parede 
celular. À medida que ela evapora das células, a remanescente é sugada 
para dentro dos interstícios da parede celular. Devido à alta tensão 
superficial, quanto mais água for removida da parede celular, maior o 
aumento na pressão negativa da água. Com o aumento na diferença de 
concentração entre a gotícula pulverizada na superfície e a quantidade de 
água no interior da folha, é observada uma maior difusão do fungicida para o 
interior da folha. Este aumento de concentração do fungicida na célula 
potencializa tanto sua eficácia de controle como o efeito fitotóxico que possa 
apresentar. 
 
 
FATOR TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO 
Como observado anteriormente, a predisposição genética da cultivar à 
fitotoxicidade é fundamental para que o dano ocorra. No entanto, as 
condições impostas pela aplicação irão potencializar estes danos na 
folhagem, podendo torná-los severos. Sendo assim, a causa pode ser 
variada com a associação ou não de fatores a seguir. 
CLIMA 
 As observações do vento, temperatura e Umidade Relativa (UR) são 
primordiais para minimizar os riscos de fitotoxicidade na folha. Principalmente 
estas duas últimas precisam ser monitoradas durante e depois da aplicação 
do fungicida, evitando ao máximo ultrapassar os 30°C e 55% de UR. Altas 
temperaturas aceleram a desidratação da gota pulverizada antes de atingir o 
alvo, ou mesmo as que atingiram e não houve tempo suficiente para a 
absorção pela folha. Assim, neste último caso, a gota será rapidamente 
evaporada, formando depósitos cristalinos do ingrediente ativo na superfície 
foliar (Figura 3), que em caso de estresse hídrico ou térmico (Figura 4), pode 
potencializar a queima dos tecidos. Em condições adequadas, a hidratação 
da cutícula facilitará a absorção do produto. Pederson (2007) afirma que a 
toxicidade de fungicidas é potencializada em condições ambientais adversas 
ou ainda em período de estresse hídrico das plantas. 
 
 
Figura 3 – Representação da chegada da gota na folha com e sem condições 
de estresse. 
 
 
Figura 4 – Média das condições climáticas das regiões produtoras de soja do estado do Rio Grande do Sul, 2014.ADJUVANTES 
 O uso de adjuvantes pode aumentar o risco de fitotoxicidade dos 
fungicidas se aplicados nas condições inadequadas citadas acima sob 
cultivares “sensíveis”. Vale ressaltar que o uso dos adjuvantes em condições 
adequadas pode reduzir o risco de extinção da gota pela permanência da fase 
oleosa dela sobre a folha, acelerando a absorção do ingrediente ativo. Além 
disso, o uso do adjuvante recomendado é fundamental para o desempenho dos 
fungicidas do grupo das estrubilurinas, cuja atividade junta à camada cutícula 
da folha necessita da presença do adjuvante. 
DEPÓSITO DE GOTAS 
 Além das mudanças fisiológicas na planta no período reprodutivo, há o 
fechamento do dossel da cultura que funciona como barreira física à 
penetração de gotas no baixeiro das plantas. Com isso, a grande maioria das 
gotas é depositada nas folhas da parte superior dos tecidos da planta podendo 
chegar até quatro vezes a dose inicial recomendada (Figura 5), acrescentando 
um risco muito alto da atividade foliar não conseguir suportar tal carga sem 
apresentar fitotoxicidade, principalmente em condições de estresse hídrico ou 
térmico. 
 
Figura 5 – Relação entre a quantidade de depósitos (gotas/cm2) e a dose do 
fungicida aplicado no perfil da planta de soja. 
VOLUME DE CALDA 
 Com o aumento das áreas de plantio de soja e/ou a necessidade de 
aumentar o rendimento logístico da fazenda, está ocorrendo um fenômeno de 
redução do volume de calda aplicado por hectare sem embasamento técnico-
agronômico consistente. Portanto, há uma excessiva concentração do 
ingrediente ativo dentro da calda podendo acarretar em problemas na mistura e 
principalmente, esta concentração química permanecerá na gota que será 
depositada na superfície da folha. Além disso, esta redução de volume 
 
geralmente vem precedida da redução do tamanho das gotas que serão mais 
suscetíveis à extinção. Então, a gota quimicamente mais concentrada estará 
sujeita aos mesmos fatores de estresse climáticos discutidos acima, 
aumentando ainda mais os depósitos cristalinos sob a epiderme da folha. 
 Outro ponto a observar é que a redução do volume deve ser precedida 
do conhecimento da dosagem do adjuvante por unidade, pois as variações são 
gigantescas quando falamos em dose por hectare ou dose por volume de calda 
aplicado. Neste último, a redução de volume de calda reduzirá 
proporcionalmente a dose do adjuvante aplicado por hectare minimizando os 
problemas. Contudo, esta compreensão não é homogênea e geralmente, com 
a redução do volume de calda, é mantida a dose do adjuvante por hectare, o 
que gera um aumento demasiado da quantidade de óleo na gota, 
potencializando os riscos de fitotoxicidade. 
CONCENTRAÇÕES 
 A excessiva redução do volume de calda aumenta a concentração 
química da calda que predispõe as interações indesejadas entre os 
ingredientes ativos e inertes misturados. Estas incompatibilidades podem ser 
de ordem física, floculação, separação ou precipitação, ou ainda de ordem 
química, dissociação iônicas (pH baixo), hidrólises alcalinas (pH alto) ou 
inativações por radicais nas moléculas dos produtos (Figura 6). 
 
Figura 6 – Teste de compatibilidade de misturas. 
 
 Com o risco de interação elevado entre os produtos dentro da calda, 
pode ocorrer ainda o comprometimento do sistema de aplicação, pelo 
entupimento dos precipitados formados dentro do tanque (Figura 7). 
 
Figura 7 – Retenção de compostos químicos formados dentro do tanque do 
pulverizador no filtro do bico. 
FORMULAÇÃO 
 Formulações como pós molháveis e suspensões concentradas tendem a 
ser menos fitotóxicos que os concentrados emulsionáveis. Este fato não é 
necessariamente pelo ingrediente ativo presente na formulação e sim pelos 
solventes utilizados para permitir a interação estável da mesma. 
 A queima do tecido foliar pela ação dos depósitos cristalinos associados 
à produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) é um processo 
irreversível dentro da planta, haja vista que o tecido necrosado não será 
reestabelecido. Em condições normais da planta a produção das EROs é 
baixa, aumentando com a aplicação do fungicida. Isto pode desencadear a 
peroxidação lipídica (destruição dos lipídios da membrana), prejudicando a 
estrutura e funcionamento celular. No entanto, surgem alternativas para tentar 
minimizar este dano foliar, como a atenção aos fatores discutidos acima e ao 
uso de fertilizantes foliares, principalmente para reduzir a produção de EROs. 
NUTRIÇÃO FOLIAR 
O objetivo da nutrição foliar está ligado ao estímulo do aumento da 
divisão celular, absorção e uso dos nutrientes fornecidos e água (ATIYEH et 
al., 2002; CHEN et al., 2004 ), além de atuar como regulador hormonal e no 
aumento à tolerância ao estresse (PICCOLO et al., 1992). Ainda, diversos 
trabalhos científicos conferem a estes aminoácidos a ativação enzimática e 
síntese de proteínas (ULUKAN, 2008), aumento de pigmentos fotossintéticos 
(ALI; HASSAN, 2013), bem como redução do estresse gerado pelo glifosato em 
plantas de soja (LAMBAIS, 2008). 
Em busca da consistência destas respostas estamos trabalhando nessa 
nova linha e atingindo resultados promissores. Em trabalhos internos ainda não 
publicados foi observado a redução de até 29% de EROs em plantas que 
receberam aplicação do fungicida e fertilizante foliar, frente ao tratamento 
 
somente com fungicida. Ainda nestes trabalhos, foi observado aumento de 7% 
de produção da EROs nas plantas com fungicidas que em plantas 
testemunhas, sem nenhuma aplicação. Assim, a aplicação foliar de fertilizantes 
aminoácidos podem reduzir os efeitos prejudiciais de EROs e melhorar a 
resistência das plantas sob condições de estresse (BAHARI, et al. 2013). 
 Portanto, com o processo produtivo acelerado buscando elevados 
padrões produtivos, a pesquisa precisa constantemente buscar respostas para 
antever os problemas potenciais do campo. No entanto, é preciso respeitar as 
limitações fisiológicas da planta e de tecnologia de aplicação a fim de não nos 
depararmos com surpresas desagradáveis que irão, invariavelmente, refletindo 
na capacidade produtiva das plantas, limitando atingir tetos produtivos 
elevados.

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