Buscar

V Lesões Corporais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PENAL II – PARTE ESPECIAL 
 
VALDINEI CORDEIRO COIMBRA 
Advogado (OAB/DF) 
Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada (Esp) 
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo ICAT/UNIDF 
Especialista em Gestão Policial Judiciária – APC/Fortium 
Coordenador do www.conteudojuridico.com.br 
Delegado de Polícia PCDF (aposentado) 
Ex-analista judiciário do TJDF 
Ex-agente de polícia civil do DF 
Ex-agente penitenciário do DF 
 Ex-policial militar do DF 
vcoimbr@gmail.com 
 
 
CÓDIGO PENAL - TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
Capítulo II – Das Lesões Corporais (Art. 129 do CP) 
 
5. LESÕES CORPORAIS: Conceito. Autolesão. Objeto jurídico. 
Classificação. Elemento subjetivo. Sujeito ativo. Sujeito passivo. 
Espécies de lesões: leves, graves, gravíssimas seguidas de morte e 
culposos. Lesões decorrente violência doméstica 
 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 Considerações gerais: Lesão corporal é a ofensa humana 
direcionada à integridade corporal ou à saúde de outra 
pessoa. Depende da produção de algum dano no corpo da 
vítima, interno ou externo, englobando qualquer alteração 
prejudicial à sua saúde, inclusive problemas psíquicos. Para 
sua caracterização não se exige a produção de dores ou a 
irradiação de sangue do organismo do ofendido. 
 Tutela jurídica: A manutenção da integridade física e da saúde 
das pessoas. 
 Tipo objetivo das lesões leves: o texto legal não define 
quando uma lesão corporal é leve. Ao contrário, nosso 
legislador apenas descreve expressamente quando uma lesão 
deve ser considerada de natureza grave (art. 129, § 1º) ou 
gravíssima (art. 129, § 2º). Por isso, é por exclusão que se 
conclui que uma lesão é de natureza leve, devendo ser assim 
considerada, portanto, aquela que não é grave nem gravíssima. 
Se no formulário do médico responder negativo para as 
hipóteses de lesões graves ou gravíssimas, fato será tido como 
lesões leves. 
 Ofensa à integridade corporal: É o dano anatômico 
decorrente de uma agressão. É a alteração na anatomia 
prejudicial ao corpo humano. Pressupõe que o ato agressivo 
rompa ou dilacere algum tecido do corpo da vítima, externa ou 
internamente. Os casos mais comuns de lesão corporal são as 
escoriações, equimoses, cortes, fraturas, fissuras, hematomas, 
luxações, rompimento de tendões ou ligamentos, queimaduras 
etc. 
 Equimoses: são decorrentes do rompimento de pequenos 
vasos sanguíneos (capilares) no tecido subcutâneo, em razão 
de uma pancada razoavelmente forte, e que conferem 
coloração roxa à pele pelo fato de não haver rompimento desta, 
o que impede o imediato extravasamento do sangue. A 
equimose constitui lesão porque, nela, há rompimento de 
tecidos — os vasos sanguíneos. 
 A dor, em si mesma: desacompanhada de alteração 
anatômica ou ofensa à saúde, não constitui lesão. Nesse 
sentido: “A dor física, por si só, sem o respectivo dano 
anatômico ou funcional, não constitui lesão corporal. Impõe-se 
a solução máxime porque, de índole inteiramente subjetiva, a 
dor só por falível presunção pode ser reconhecida como efeito 
da violência” (Tacrim-SP — Rel. Silva Franco — Jutacrim 
40/89). 
 Eritemas: não constituem lesão, pois são fruto de 
deslocamento sanguíneo momentâneo para certa parte do 
corpo, que conferem vermelhidão à pele. Podem decorrer de 
um beliscão ou tapa. A provocação de eritema em decorrência 
de ato agressivo pode configurar tentativa de lesão corporal ou 
contravenção de vias de fato, dependendo de haver intenção 
de lesionar. 
 O corte de cabelo ou da barba não autorizado pela vítima: 
constitui lesão corporal, ainda que a intenção do agente seja 
obter vantagem econômica. Como se trata de parte de ser 
humano, o cabelo não pode ser considerado objeto material de 
furto ou roubo, de modo que se alguém corta, clandestinamente 
ou com violência, os longos cabelos da vítima, com a intenção 
de vendê-los para que sejam usados na confecção de perucas 
ou em apliques, o crime a ser reconhecido é o de lesão 
corporal. Se, todavia, a intenção de quem corta os cabelos é 
a de humilhar a vítima, estará caracterizada uma forma 
qualificada do crime de injúria, chamada de injúria real. Além 
disso, se o agente raspa o cabelo de uma criança ou 
adolescente que está sob sua guarda, autoridade ou vigilância, 
a fim de lhe causar vexame, haverá crime mais grave, descrito 
no art. 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 
8.069/90). 
 Ofensa à saúde: Abrange a provocação de perturbações 
fisiológicas ou mentais na vítima. Perturbação fisiológica é o 
desajuste no funcionamento de algum órgão ou sistema que 
compõe o corpo humano. Ex.: transmissão intencional de 
doença que afete o sistema respiratório, ministração de 
alimento ou medicamento na bebida da vítima que provoquem 
diarreia, vômito ou náuseas, ministração de diurético que a faça 
urinar repetidamente, uso de gases ou aparelhos de choque 
que provoquem paralisia muscular etc. Note-se que, nesses 
exemplos, a perturbação fisiológica é de duração transitória, 
pois o organismo trata de recompor o funcionamento do órgão 
afetado. Isso, todavia, não altera a conclusão de que houve 
ofensa à saúde e torna necessária a punição do agente. 
 Perturbação mental: abrange a causação de qualquer 
desarranjo no funcionamento cerebral. Ex.: provocar 
convulsão, choque nervoso, doenças mentais etc. Nesse 
sentido: “O conceito de dano à saúde tanto compreende a 
saúde do corpo como a mental também. Se uma pessoa, à 
custa de ameaças, provoca em outra um choque nervoso, 
convulsões ou outras alterações patológicas, pratica lesão 
corporal” (TJSC — Rel. Marcílio Medeiros — RT 478/374). 
 Lesões leves e princípio da insignificância: a doutrina e a 
jurisprudência têm aceitado a aplicação do princípio da 
insignificância para reconhecer a atipicidade da conduta 
quando a lesão ao bem jurídico tutelado é de tal forma irrisório 
que não justifica a movimentação da máquina judiciária, com 
os custos a ele inerentes. É o que ocorre quando alguém dá 
um alfinetada em outra pessoa, causando a perda de uma gota 
de sangue. Vejamos algumas decisões: A) “Em tema de lesões 
corporais, é impossível o reconhecimento do delito de bagatela, 
dada a alegação de serem insignificantes os danos causados 
à vítima. A integridade corporal é bem jurídico de extrema 
relevância e, entender-se que alguém possa estar sujeito a 
agressões, impunemente, ofenderia a dignidade da pessoa 
humana, princípio fundamental da Constituição Federal” 
(TACRIM-SP – 4.ª C. – AP 1.356.265/4 – Rel. Figueiredo 
Gonçalves – j. 10.06.2003 – RJTACRIM 66/96). B) “Aos crimes 
de lesão corporal leve não se aplica o princípio da 
insignificância com o fim de descaracterizar o ilícito penal, uma 
vez que a integridade física constitui bem superior que merece 
proteção especial da lei”(TACRIM-SP – AP – Rel. França 
Carvalho – RT 745/580). C) “Se se reputa insignificante a lesão, 
ao ponto de não ser reprovável a conduta do agressor, manda 
a lógica que se entenda ilegítima eventual atitude de defesa, o 
que é monstruoso contra-senso” (TACRIM-SP – AP – Rel. 
Corrêa de Moraes – RJD 24/282). D) “A insignificância das 
lesões corporais não pode ser utilizada como justificativa para 
se deixar de aplicar a Lei Penal, pois a integridade física é bem 
maior contra o qual nenhuma ofensa deve ser tolerada” 
(TACRIM-SP – AP – Rel. Almeida Braga – RJD 28/173). E) 
“Inadmissível adotar o princípio da insignificância a jogador de 
futebol, que, expulso de campo por atitudes antiesportivas, 
agride com uma cabeçada o árbitro da partida, colocando-o ao 
solo com perda da lucidez momentânea. As causas extralegais 
de exclusão de culpabilidade não encontram ressonância no 
ato doloso” (TAPR – AP – Rel. MarquesCury – RT 715/514). 
F)“O simples tapa de ligeiras proporções constitui fato de total 
insignificância do ponto de vista jurídico-penal, não merecendo 
a movimentação da máquina policial e judiciária para solucionar 
o incidente” (TACRIM-SP – AP – Rel. Galvão Coelho – 
JUTACRIM 43/296). 
 Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime 
comum. Se o agressor for policial em serviço, responde 
também por abuso de autoridade, não reconhecendo a 
jurisprudência bis in idem em tais casos. Nesse sentido: 
“Lesões corporais e abuso de autoridade. Se o agente, além do 
crime de abuso de autoridade (art. 3º, i, da Lei n. 4.898, de 
09.12.1965) também praticar lesões corporais na vítima, 
aplicar-se-á a regra do concurso material” (STF — HC — Rel. 
Cordeiro Guerra — RTJ 101/595)”; “A concomitante prática de 
lesão corporal não resta absorvida pelo crime de abuso de 
autoridade, devendo ser aplicada, em tal caso, a regra da 
cumulação das penas” (TJSP — Rel. Jarbas Mazzoni — RT 
598/302). 
 Sujeito passivo: qualquer pessoa. Como o tipo penal exige 
dano à integridade corpórea ou à saúde de outrem, a autolesão 
nunca se enquadra no conceito de lesão corporal. Assim, se o 
agente o fizer para simular uma agressão e, com isso, receber 
o valor do seguro que tinha feito em relação à sua integridade 
corpórea, incorre no crime de fraude para recebimento de 
seguro (art. 171, § 2º, V, do CP). Em tal caso, contudo, a vítima 
é a seguradora. Quem se autolesiona para não prestar serviço 
militar comete o crime do art. 184 do Código Penal Militar. 
Cuida-se de crime militar aplicável a quem ainda sequer se 
incorporou. 
 Lesão do feto: O feto não pode ser sujeito passivo do crime de 
lesões corporais. Se o agente, intencionalmente, ministra 
medicamento a fim de provocar deformidade no feto, o fato é 
atípico. Se a intensão é aborto e não ocorre por circunstâncias 
alheias à vontade do agente, resultando apenas lesão, o crime 
será de aborto tentado. 
 Formas de execução: O crime pode ser praticado por ação ou 
por omissão. Trata-se de crime de ação livre. A provocação 
de várias lesões na vítima no mesmo contexto fático constitui 
delito único. Esse fator, todavia, deve ser levado em conta pelo 
juiz na aplicação da pena-base. 
 Consumação: com a ofensa à integridade corporal ou à saúde 
da vítima. Trata-se de crime material. A comprovação se faz 
com o Exame de corpo de delito (direto ou indireto), pois é 
crime que deixa vestígios, devendo ser atestada a ocorrência 
da lesão, sua extensão e causas prováveis. Para o 
oferecimento de denúncia, todavia, basta a juntada de qualquer 
boletim médico ou prova equivalente (art. 77, § 1º, da Lei n. 
9.099/95), sendo que, posteriormente, deverá ser anexado o 
laudo definitivo de corpo de delito. Na ausência do exame 
pericial decorrente do desaparecimento das lesões, a prova 
testemunhal, desde que cabal, pode suprir-lhe a falta. As 
testemunhas, nesse caso, devem ser claras quanto à natureza 
e o local das lesões. 
 A tentativa é possível, desde que se prove que o agente queria 
lesionar a vítima e não conseguiu por circunstâncias alheias a 
sua vontade. 
 Tentativa de lesões ou Contravenções de vias de fato?: Na 
tentativa, o agente quer lesionar a vítima e não consegue por 
circunstâncias alheias à sua vontade. Na contravenção, fica 
demonstrado que o agente, desde o início, não tinha a intenção 
de machucar a vítima. Ex.: empurrão, tapa, beliscão etc. 
Vejamos os casos concretos: A) “O crime de lesão corporal 
é material e, assim, admite tentativa. Se a intenção do agente 
é de ferir, impossível o reconhecimento das vias de fato ou do 
perigo para a vida ou saúde de outrem, dispostos nos arts. 21 
da LCP e 132 do CP” (TACRIM-SP – 2.ª C. – AP 1.355.913/8 – 
Rel. Oliveira Passos – j. 12.06.2003 – RJTACRIM 66/105). B) 
“É possível o reconhecimento da ocorrência de tentativa de 
lesões corporais, mas em situação tal que torne induvidoso o 
animus vulnerandi, de modo que a conduta do agente não se 
limite à simples contravenção das vias de fato” (TACRIM-SP – 
AP – Rel. José Santana – RJD 6/103). C) “Pratica lesão 
corporal simples tentada quem, acometendo a vítima a socos e 
pontapés, não logra atingi-la, por haver-se ela suficientemente 
defendido” (TACRIM-SP – AP – Rel. Haroldo Luz – JUTACRIM 
99/185). F) “Indiscutível a possibilidade da tentativa no uso de 
lesões corporais dolosas, impondo-se a condenação do réu se 
o conjunto probatório se mostra suficiente para embasar a 
conclusão de que ele agiu com dolo de ferir. Não se cuidará, 
assim, de tentativa de vias de fato, se o meio executivo 
empregado pelo agente era capaz de causar dano à 
incolumidade física da vítima” (TACRIM-SP – AP – Rel. Ralpho 
Waldo – JUTACRIM 76/312). G “Demonstrado o propósito 
inequívoco de ferir, não se consumando essa intenção por 
circunstâncias alheias à vontade do agente, caracterizada está 
a tentativa de lesão corporal” (TACRIM-SP – AP – Rel. 
Valentim Silva – JUTACRIM 38/143). H) “Não há reconhecer 
tentativa de lesões corporais se, embora armado, resume-se a 
atitude do réu em intenção de contender que não ultrapassa 
dos limites dos simples desafios” (TACRIM-SP – AP – Rel. 
Fernando Prado – JUTACRIM 24/374). I) “Juridicamente 
impossível a figura de tentativa de lesões corporais de natureza 
leve, por coincidente, em todos os seus elementos, com a 
definição legal da contravenção de vias de fato” (TACRIM-SP 
– AP – Rel. Sabino Neto – JUTACRIM 20/301). J) “Tem-se 
como configurado o crime de lesão corporal, na forma tentada, 
se o réu manifesta inequivocamente o animus laedendi, só não 
corporificado por impossibilidade oriunda da ação de terceiro” 
(TACRIM-SP – AP – Rel. Prestes Barra – JUTACRIM 15/63). 
K) “A conduta do agente, que investe contra a vítima armado 
de instrumento hábil a produzir ferimentos, presente o dolo 
direto, não configura o delito de perigo para a vida se, só por 
motivos alheios à vontade do réu, o resultado lesivo não se 
consuma. A hipótese é a da chamada tentativa branca de lesão 
corporal” (TACRIM-SP – AP – Rel. Francis Davis – JUTACRIM 
15/193). L) “Se o agente, mediante atuação agressiva, 
inequivocamente mostra seu animus vulnerandi e só por motivo 
independente de sua vontade não logra ferir o antagonista, 
caracteriza-se plenamente tentativa de lesões. E na ignorância 
sobre se o interessado desejava ferir leve ou gravemente o 
desafeto, a imputação deve inclinar-se na dúvida, pela solução 
mais favorável ao réu” (TACRIM-SP – AP – Rel. Azevedo 
Franceschini – JUTACRIM 8/199). M) “É de tentativa de lesões 
corporais e não de exposição a perigo de vida, o crime de 
quem, com dolo eventual, volante de veículo automotor, 
abalroa e corta a frente a outro veículo, em revide, assumindo 
o risco de ferir seus tripulantes” (TJRS – AP – Rel. Rubens 
Rebello Magalhães – RT 409/377). N) “A intenção genérica de 
ofender fisicamente não é suficiente para conceituar a tentativa 
de lesão corporal, desde que da ação derivada inexista 
resultado lesivo e o desígnio não fique determinado quanto às 
prováveis consequências, devendo a conduta – v.g. o 
arremesso de projétil que não atinja a pessoa visada – ser 
punível em si mesma, a caracterizar a contravenção penal das 
vias de fato, em toda sua tipicidade” (TAMG – AP – Rel. 
Joaquim Alves – RT 615/343). 
 Lesões em atividades esportivas: Nos esportes em que os 
ferimentos decorrem naturalmente da sua prática não há crime 
em razão da exclusão da ilicitude pelo exercício regular do 
direito, desde de que praticado dentro das regras esportivas. 
Se houver abuso intencional, todavia, o fato constituirá crime, 
ainda que ocorra durante a prática esportiva. Ex.: O boxeador 
que morde a orelha do opoente, arrancando-lhe um pedaço, 
comete crime. Igualmente, o jogador de futebol que, 
intencionalmente, desfere um soco no rosto de outroe lhe 
quebra os dentes ou o nariz, ainda que o fato ocorra com a bola 
em jogo. Há crime, contudo, quando o agredido é o árbitro ou 
um terceiro diverso dos competidores. 
 Lesão corporal e cirurgia corretiva de sexo: Não há crime 
por ausência do dolo de lesionar a integridade corporal ou a 
saúde do paciente. O médico que a realiza não pratica crime 
por estar acobertado pela excludente da ilicitude do exercício 
regular de direito (Portaria do Ministério da Saúde 1.707, de 
19.08.2008). Antigamente, socorria-se do Judiciário para 
autorizar a realização de cirurgia transexual, para não incorrer 
em prática de lesões corporais, conforme exemplifica o 
seguinte julgado: EMENTA. Transexualismo. Mudança de 
sexo. Cirurgia corretiva. Recomendação médica. Alvará de 
Autorização. Imputação de crime – “Alvará de autorização para 
realização de cirurgia para modificação de sexo morfológico. 
Deferimento parcial. Se o pedido exordial tem finalidade 
pragmática – resguardar a equipe médica que se dispuser a 
realizar a operação de adequação sexual do requerente – 
masculino, pela norma, feminino, pela natureza – de eventual 
e possível imputação de conduta ilícita, lesão corporal de 
natureza grave, é de ser deferido em parte como imperativo de 
caridade e de preservação da dignidade humana. Expedição 
de alvará, clausulado com a observância da recomendação 
médica indispensável exsurgente da Resolução 1.482/97 do 
Conselho Federal de Medicina. (...) O presente requerimento 
tem a finalidade pragmática: resguardar a equipe médica que 
se dispuser a realizar a operação de adequação sexual de E. 
M. – masculino, pela norma, feminino, pela natureza – de 
eventual e possível imputação de conduta ilícita (lesão corporal 
de natureza grave). Não se pretende constranger nenhum 
médico a realizar tal operação de redefinição morfológica: não 
se está promovendo alteração de registro civil com 
redesignação de sexo. Nem se pretende nada que não o que 
consta da exordial: a concessão de alvará judicial para 
salvaguarda da responsabilidade penal dos executores desta 
operação, que se reconhece ser de risco, mas necessária, e de 
resultado questionável. (...) Voto no sentido de ser dado parcial 
provimento ao apelo para deferir expedição de alvará, 
clausulado com a observância da recomendação médica 
indispensável, exsurgente da Resolução 1.482/97 do Conselho 
Federal de Medicina” (TJRJ – AP 5.085/00 – Rel. Eduardo Mayr 
– j. 13.11.2001 – RDTJRJ 54/356). 
 Lesões corporais e Estatuto do Torcedor: o Estatuto do 
Torcedor pune com reclusão, de um a dois anos, quem pratica 
violência durante evento esportivo ou nas proximidades do 
estádio em dia de jogo (raio de 5 km), ou em seu trajeto (art. 
41-B, da Lei n. 12.299/2010). A lei não fala em lesões, mas sim 
violência (jogar pedra em ônibus, explodir bomba de fabricação 
caseira, derrubar alambrado, atirar garrafa ou pedra em campo, 
lançar detrito, urina ou fogos de artifício em outros torcedores, 
trocar socos e chutes com outras pessoas). Se ocorrer lesões 
leves, estas ficarão absorvidas pelo tipo penal do Estatuto. Se 
ocorrer lesões grave, gravíssima ou com resultado morte, 
certamente estas absorverão o crime do Estatuto do Torcedor, 
no entanto, dependendo do caso concreto, também poderá ser 
reconhecido o concurso de crimes. 
 Doação de órgão por pessoa viva: A Lei n. 9.434/97 
regulamenta o transplante de órgãos e admite que pessoa viva 
seja doadora, desde que capaz e que a faça de forma gratuita. 
Além disso, só será possível se houver autorização do doador 
e desde que não haja possibilidades de graves prejuízos à sua 
saúde. O desrespeito a essas regras caracteriza crime 
específico do art. 14 da mesma Lei, que, aliás, possui 
qualificadoras idênticas às estabelecidas no Código Penal no 
que se refere aos crimes de lesões graves ou seguidas de 
morte 
 Absorção das lesões leves: a violência é elementar de 
diversos crimes no CP: roubo, extorsão, estupro, tortura etc., 
como nenhum deles fazem ressalva da punição autônoma no 
delito de lesões leves, pressupõe-se que elas ficam absorvidas. 
De outra sorte, existem crimes cometidos com violência em que 
o legislador expressamente pune as lesões de forma 
autônoma, a exemplo da injúria real, do constrangimento ilegal, 
do dano qualificado, resistência, exercício arbitrário das 
próprias razões etc. 
 Ação penal: o crime de lesão corporal leve é de ação pública 
condicionada à representação do ofendido ou, se incapaz, de 
seu representante legal (art. 88 da Lei n. 9.099/95). As demais 
formas de lesão dolosa (grave, gravíssima e seguida de morte), 
a ação penal é pública incondicionada. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 As circunstâncias dos incisos I e III, podem ocorrer de forma 
dolosa ou culposa. Já circunstâncias que resulta perigo de vida 
(II); que resulte aceleração do parto (IV) são necessariamente 
preterdolosas, pois se houver dolo, seria crime autônomo (art. 
132, do CP) e abordo sem consentimento da gestante (art. 125, 
CP). 
 Cabe suspensão do processo (art. 89, da Lei n. 9099/95), em 
virtude da pena mínima ser de um ano de reclusão. 
 No tocante ao inc. I, “incapacidade para as ocupações 
habituais, por mais de trinta dias”: por ocupações habituais 
deve ser entendido como qualquer ocupação rotineira, do dia a 
dia da vítima, como andar, praticar esportes, alimentar-se, 
estudar, trabalhar etc. Não se trata, portanto, de qualificadora 
que se refira especificamente à incapacitação para o trabalho, 
de modo que crianças e aposentados também podem ser 
vítima desse crime. É claro que, quando a vítima tem emprego, 
a incapacitação para as atividades habituais engloba a 
incapacitação para o trabalho. Além disso, se uma pessoa pode 
realizar as suas atividades normalmente, mas deixa de fazê-lo, 
ficando dentro de casa, por mera vergonha de que as pessoas 
vejam suas lesões e comentem sobre o assunto, a lesão não 
pode ser tida como qualificada. A incapacitação pode ser física 
ou mental. Trata-se que hipótese de crime a prazo, porque 
exige o transcurso de 30 dias, mas considera-se praticado o 
crime na data da agressão, que também servirá como termo 
inicial do prazo prescricional (teoria da atividade, art. 4°, CP). 
A vítima deve estar efetivamente incapacitada para que se 
reconheça a lesão grave. Deve ser feito um exame 
complementar (art. 168, §2º, CP), no trigésimo primeiro dia. Se 
o exame for muito depois, por exemplo, noventa dias, e a vítima 
já estiver curada, o médico não poderá falar que houve 
incapacidade por 30 dias. Por fim, necessário dizer que as 
ocupações devem ser lícitas, pouco importando se é ou não 
moral, de forma que se uma prostituta fosse vítima de lesões e 
não pudesse exercer sua atividade no prazo de 30 dias, restaria 
configurada a qualificadora. 
 Se da lesão resulta perigo de vida (Art. 129, § 1º, II): É a 
possibilidade da ocorrência da morte por força da lesão (não do 
fato em si), que foi evitada em face de intervenção médica. 
Deve ser um perigo efetivo, concreto, comprovado por perícia 
médica, devendo o legista especificar exatamente em que 
consistiu o perigo sofrido. Não basta, portanto, que o médico 
perito diga que houve perigo de vida; ele deve descrever 
precisamente em que consistiu o perigo de vida. Ex.: grande 
perda de sangue que provocou choque, ferimento em órgão 
vital, necessidade de cirurgia de emergência etc. A falta dessa 
descrição é a maior causa de desclassificações para crime de 
lesão leve. Assim, quando um promotor de justiça recebe um 
inquérito em que o laudo diz que houve perigo de vida, mas não 
detalha em queele consistiu, deve requerer a devolução dos 
autos ao perito para que o laudo seja complementado a fim de 
esclarecer exatamente por que a vítima quase morreu. Essa 
circunstâncias é exclusivamente preterdolosas (dolo + culpa), 
pois se a intenção do agente era matar, não conseguindo por 
circunstâncias alheias a sua vontade, ter-se-ia ocorrido 
homicídio tentado e não lesões que resultou em perigo de vida. 
 Se da lesão resulta debilidade permanente de membro, 
sentido ou função (Art. 129, § 1º, III): debilidade é a redução 
ou enfraquecimento na capacidade de utilização do membro, 
sentido ou função, que, todavia, mantém em parte sua 
capacidade funcional. Se houver perda ou inutilização de 
membro, sentido ou função, a lesão será considerada 
gravíssima (art. 129, §2º, III, CP). Assim, a agressão que faz 
com que a vítima passe, permanentemente, a andar 
mancando, constitui lesão grave, mas a que a faz ficar 
paraplégica é lesão gravíssima. É necessária a perícia médica. 
São exemplos: perda de um dedo ou a diminuição na 
mobilidade de um braço ou uma perna, desde que 
permanentes. Sentidos: mecanismos sensoriais de percepção 
do mundo exterior (tato, olfato, paladar, visão e audição). Estes 
dois últimos são os mais comumente afetados por agressões. 
Configuram a lesão grave situações em que a vítima continua 
a enxergar ou ouvir, mas com uma redução de 20% ou 30%, 
por exemplo, na respectiva capacidade. Ademais, embora 
existam algumas vozes divergentes, tem prevalecido o 
entendimento de que a provocação de cegueira completa em 
um só olho ou surdez total em um só ouvido, mantido intacto o 
outro órgão, constitui mera debilidade da visão ou audição 
(lesão grave), porque a vítima continua podendo enxergar ou 
ouvir, não havendo, em tais casos, perda ou inutilização do 
sentido, que configuraria lesão gravíssima. Funções: Dizem 
respeito ao funcionamento de um sistema ou aparelho do corpo 
humano. Exs.: função reprodutora, mastigatória, excretora, 
circulatória, respiratória etc. Assim, agressões que provoquem 
dificuldade permanente para a vítima respirar ou que lhe 
causem perene aumento de pressão sanguínea constituem 
lesão grave. Igualmente, a perda de um testículo, que diminui 
a capacidade reprodutora, caracteriza a qualificadora em 
estudo. 
 Se da lesão resulta aceleração do parto (Art. 129, § 1º, IV): 
a lesão deve provocar o nascimento prematuro, uma 
antecipação do parto. Premissa desta qualificadora é que o feto 
seja expulso com vida e sobreviva, pois a agressão que causa 
aborto (morte do feto) constitui lesão gravíssima (art. 129, § 2º, 
V). Exige que o agente saiba da gravidez1. É circunstância 
preterdolosas, pois se houver dolo de abortamento e a criança 
sobreviva, seria crime de aborto tentado sem o consentimento 
da gestante. 
 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
 Lesões corporais gravíssimas (§ 2° Se resulta): o nome iuris 
foi dado pela doutrina e jurisprudência, para facilitar a 
diferenciação das lesões graves. Até porque a pena é mais alta, 
caracterizando novas espécies de qualificadora do crime de 
lesão corporal. 
 Lesão grave + Lesão gravíssima: pode, no caso concreto, 
ocorrer de o laudo pericial apontar, concomitantemente, pela 
existência de lesão grave e também de lesão gravíssima. Ex.: 
que a amputação de um braço, além de caracterizar lesão 
gravíssima pela perda de membro, causou também perigo de 
vida à vítima pelo extenso sangramento provocado (lesão 
grave). Nesses casos, o réu responde por crime único, 
aplicando-se a qualificadora de maior pena (lesão gravíssima). 
No entanto, será possível aferir de forma desfavorável a 
circunstância judicial relacionada às consequências do crime 
(art. 59 do CP), autorizando o juiz fixar a pena-base acima do 
mínimo legal. 
 Se da lesão resulta incapacidade permanente para o 
trabalho (Art. 129, § 2º, I): a incapacitação que torna 
gravíssima a lesão corporal é aquela que impede a vítima de 
exercer o trabalho em geral. A lei não direciona a incapacidade 
para o trabalho que o agente exercia antes da lesão, a 
expressão “trabalho” é genérica, de forma que tem que ser todo 
e qualquer trabalho. Assim se a lesão deixou a vítima 
incapacitada para dar aulas de capoeira, mas o laudo informa 
                                                            
1 Neste sentido: “Se o agente ignora a gravidez da vítima, não se lhe pode imputar a crime de 
lesão grave se de sua ação delituosa resultar aceleração do parto, nem o delito de lesão 
gravíssima se resultar aborto” (Tacrim-SP — Rel. Silva Leme — Jutacrim 10/249). 
que o agente pode exercer outra atividade, a lesão não será 
gravíssima e sim grave. Há entendimentos diversos, pois esse 
raciocínio levaria à inaplicabilidade da norma, uma vez que 
“sempre restará à vítima possibilidade de vender bilhetes de 
loteria” (Mirabete)2. Neste sentido, tem se utilizado os critérios 
médicos relativos as hipóteses que ensejam a aposentadoria 
que reconhece a incapacidade para o trabalho. Essa 
circunstância qualificadora pode ser dolosa ou culposa, sendo 
mais comum, esta última. 
 Se da lesão resulta enfermidade incurável (Art. 129, § 2º, II): 
são aquelas hipóteses em que a medicina não dispõe de meios 
para reverter o quadro e eliminar a doença instalada no corpo 
da vítima, caracterizada pela alteração permanente da sua 
saúde por processo patológico, sem possibilidade de reversão 
pela medicina. No caso da Transmissão de AIDS antigamente 
quem, sabendo possuidor da doença mantivesse relação 
sexual com outrem, respondia por crime de homicídio, pois a 
AIDS levava inexoravelmente à morte. Com a evolução da 
medicina, passou-se a questionar se a conduta deve ser punida 
como homicídio ou lesão gravíssima, pois se o agente não 
tomar os medicamentos, morrerá certamente (mas ele não é 
obrigado a tomar os medicamentos para beneficiar o 
criminoso). Se tomar os medicamentos, não morreria e o autor 
responderia por lesões gravíssimas. 
 Se da lesão resulta perda ou inutilização de membro, 
sentido ou função (Art. 129, § 2º, III): no tocante à perda do 
membro, pode ocorrer por mutilação decorrente da própria 
agressão ou amputação decorrente da intervenção cirúrgica 
para salvar o paciente em face das lesões sofridas. Em ambas 
as hipóteses o agente responde pela qualificadora. No caso da 
amputação deve comprovar o nexo causal entre a necessidade 
de amputação e o ato agressivo por ele perpetrado (Ex.: uma 
facada na perna que provoca gangrena e a necessidade de 
amputação dela). Já em relação à inutilização do membro, 
pressupõe que ele permaneça, ainda que parcialmente, ligado 
ao corpo da vítima, mas incapacitado de realizar suas 
atividades próprias (ex.: vítima paraplégica ou que perde por 
completo o movimento dos braços). A entendimento de que 
perder um dedo seria lesão grave pela debilidade permanente 
de membro, exceto o dedo polegar, uma vez que sem ele a 
vítima não poderia mais pegar um copo, daí o agente 
                                                            
2 Júlio Fabbrini Mirabete, Manual de direito penal, v. 2, p. 112. 
responderia por lesões gravíssimas (inutilidade de membro). A 
extirpação da mão seria inutilidade do membro (braço), já a 
extirpação do braço seria perda do membro. No tocante aos 
sentidos, já vimos anteriormente, no entanto vale rememorar, 
que se o agente perde um olho ou audição de um só ouvido 
(sentido), a lesão será grave, se perde a visão nos dois olhos e 
a audição nos dois ouvidos, será lesão gravíssima. Por fim, em 
relação à função, é importante frisar que algumas delas são 
vitais à sobrevivência humana (respiratória, circulatória), deforma que se a vítima a perde, inexoravelmente ocorrerá a 
morte e o crime será de lesões seguida de morte. No entanto 
se a função for por exemplo a reprodutora, será lesão 
gravíssima (ex. agressão em que a vítima perde os testículos 
ou ovários). Antigamente alguns médicos chegaram a 
responder por crime de lesões gravíssimas por terem realizado 
cirurgia de vasectomia ou ligadura de trompas, mesmo com a 
autorização do paciente, uma vez que a integridade corporal é 
bem jurídica indisponível. Hoje estão amparados pela Lei n. 
9.263/96, que trata do planejamento familiar, desde que 
autorizado pelo paciente e obedecendo os requisitos da lei. 
 Se da lesão resulta deformidade permanente (Art. 129, § 2º, 
IV): essa circunstância qualificadora conhecida como dano 
estético, se configura com os seguintes requisitos: a) que se 
trate de dano estético; b) que o dano seja de certa monta; c) 
que seja permanente3; d) que seja visível; e) que seja capaz de 
provocar impressão vexatória. O entendimento majoritário é 
que o dano estético deve ser analisado no caso concreto e de 
acordo com a vítima, pois o que é dano estético para um, para 
outro pode não ser. Há divergência, exigindo-se apenas que a 
lesão seja visível a terceiros, independentemente da vítima ou 
da sua vontade4. É altamente recomendável à acusação a 
anexação de fotografia da vítima e da lesão, pois, em caso de 
recurso da defesa em que se questione a existência do dano 
estético e sua extensão, os integrantes do Tribunal não terão 
contato pessoal com a vítima, o que só ocorre com o juiz de 1ª 
instância. A cicatriz deve ser de tamanho considerável (certa 
                                                            
3 Neste sentido: “Arrancamento, com dentada, de parte do pavilhão auricular do ofendido, 
caracteriza deformidade permanente por ensejar à vítima um dano estético visível e irreparável” 
(Tacrim-SP — Rel. Camargo Aranha — Jutacrim 59/161). 
4 Nesse sentido: “Para se caracterizar deformidade permanente não se exige tratar-se de 
verdadeiro aleijão, nem tampouco de aparência horripilante. Assim, é de se reconhecer a 
qualificadora se apresentar o ofendido gilvaz visível no rosto, de 10 centímetros, de aspecto 
desagradável para qualquer pessoa. Longe vai o tempo em que a cicatriz na face constitui para 
o homem motivo de orgulho” (Tacrim-SP — Rel. Valentim Silva — Jutacrim 20/70). 
monta), de forma a proporcionar a redução da beleza 5. Deve 
ser permanente, ou seja, que não desaparece com o passar 
dos tempos, ex.: marca de queimadura. O ato de jogar ácido 
no corpo da vítima para causar queimaduras é conhecido por 
vitriolagem6. A possibilidade de correção por meio de cirurgia 
não afasta a qualificadora, pois a vítima não está obrigada a 
realizar a cirurgia para beneficiar o agente. No entanto a 
doutrina majoritária tem entendido que se por meio de cirurgia 
houver a reparação total, a qualificadora deve ser 
desclassificada7. A deformidade tem que ser visível, levando 
em consideração a vítima de sunga de banho, ou seja, não 
haverá a qualificadora, por exemplo, se a cicatriz localizar-se 
na sola do pé ou no couro cabeludo e seja coberta pelos fios 
de cabelo, etc8. Deve ser capaz de causar impressão 
vexatória, ou seja, causar má impressão nas pessoas que 
olham para a vítima, de tal modo que esta se sinta incomodada 
em expor tal parte do seu corpo. Em outras palavras, a 
deformidade deve ser considerada feia, antiestética pelas 
pessoas em geral, não sendo, contudo, exigido que a vítima 
tenha se tornado uma monstruosidade9. 
 Se da lesão resulta aborto (Art. 129, § 2º, V): somente é 
possível a aplicação dessa qualificadora se o resultado for 
culposo (preterdolo), pois se for doloso o crime será o do art. 
125 do CP (provocar aborto sem consentimento da ofendida). 
                                                            
5 O dano estético precisa ser de vulto, proporcional à gravidade da pena. Deve constituir 
incômodo permanente, vexame constante para o ofendido. A simples linha cicatricial, p. ex., 
ainda que no rosto, não é dano estético suficiente para caracterizar a lesão corporal” (gravíssima) 
(TJSP — Rel. Denser de Sá — RT 595/349). O julgado se refere a uma cicatriz muito suave 
(branda). 
6 Neste sentido: “A vitriolagem, caso raro nos dias atuais, é crime perpetrado mediante 
arremesso de ácido sulfúrico contra a vítima, com o objetivo de lhe causar lesões corporais 
deformantes da pele e dos tecidos subjacentes, inserindo-se, pois, no art. 129, § 2º, IV, do CP” 
(TJSP — Rel. Andrade Junqueira — RT 563/323). 
7 Neste sentido: “Se a vítima de deformidade, voluntariamente e com êxito, submeteu-se a uma 
cirurgia reparadora, para figura menos grave, em certas circunstâncias, a sanção do réu poderá 
ser desclassificada” (Tacrim-SP — Rel. Azevedo Franceschini — Jutacrim 11/74). 
8 Neste sentido: “o dano estético representado pela falta de um olho configura-se 
incontestavelmente numa deformidade permanente, que, obviamente não fica descaracterizada 
pela dissimulação de um olho de vidro” (Tacrim-SP — Rel. Xavier Homrich — RT 480/346); “Não 
se pode exigir que a vítima procure encobrir, com artifícios ou indumentária adequada, as 
queimaduras que lhe provocaram dano estético irreparável e permanente, no pescoço, no tórax 
e na região abdominal, causando impressão vexatória” (Tacrim-SP — Rel. Nigro Conceição — 
RT 522/397). 
9 Neste sentido< “o conceito de deformidade repousa na estética, somente ocorrendo quando a 
lesão cause uma impressão, senão de repugnância ou de mal-estar, pelo menos de desgosto ou 
desagrado. Assim, o simples gilvaz não importa, por si mesmo, necessariamente, na graveza da 
lesão” (Tacrim-SP — Rel. Galvão Coelho — Jutacrim 42/231). 
Nas demais é possível o resultado doloso ou culposo. O agente 
deve saber que a vítima está grávida10. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente 
não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
 Elemento subjetivo: qualificadora exclusivamente 
preterdolosa, ou seja, dolo de lesões e resultado morte culposo 
(ex.: uma facada na perna que atinge a artéria femural na 
região da coxa e, em face do extenso sangramento, a vítima 
morre de hemorragia). Não pode ser confundido com o 
homicídio culposo, cuja conduta antecedente é praticada com 
imprudência, imperícia ou negligência, ou seja, não há dolo11. 
Não comporta tentativa, uma vez que o resultado é culposo. 
 Vias de fato + morte: se o agente dá um soco na vítima e ela 
cai, bate a cabeça e morre, responde por homicídio culposo, 
visto que o dolo é de vias de fato e não de lesões. 
 
                                                            
10 Neste sentido: “Para a configuração do delito previsto no art. 129, § 2º, V, do CP, é 
indispensável que o agente tenha conhecimento da gravidez da vítima ou que sua ignorância 
quanto a ela seja inescusável” (TJSP — Rel. Cunha Camargo — RT 556/317); “Indispensável ao 
reconhecimento do delito do art. 129, § 2º, V, do CP, é a existência de laudo médico-pericial que 
estabeleça nexo causal entre as lesões sofridas pela vítima e o abortamento” (Tacrim-SP — Rel. 
Baptista Garcia — Jutacrim 49/278). “Deve responder pelo delito de lesões corporais dolosas, 
qualificado pelo resultado, e não por simples culpa, o agente que, pretendendo agarrar a vítima 
para relações sexuais, embora adiantado o seu estado de gravidez, faz com que ela ao repeli-
lo, bata o ventre na quina de uma mesa, provocando com isso o aborto” (Tacrim-SP — Rel. 
Geraldo Gomes — RT 463/355) 
11 Neste sentido, veja os julgados: “A diferença entre a lesão corporal seguida de morte e o 
homicídio culposo está em que, na primeira, o antecedente é um delito doloso e, no segundo, 
um fato penalmente indiferente, ou, quando muito, contravencional.Assim, se a morte for 
consequência de simples vias de fato (empurrão que causa queda da vítima e a lesão mortal), 
haverá homicídio culposo” (RJSP — Rel. Jarbas Mazzoni — RT 599/322); “Não se pode negar a 
relação de causalidade existente entre o ato do acusado, que empurra a vítima embriagada e 
causa a sua queda ao solo, com fratura de crânio, vindo a falecer dias depois. Contudo, se não 
teve aquele a intenção de agredi-la ou de feri-la, somente poderia responder por homicídio 
culposo e não pelo delito preterintencional previsto no art. 129, § 3º, do CP” (TJSP — Rel. 
Geraldo Gomes — RT 582/304); “Não é possível identificar-se delito meramente culposo na ação 
de quem, em incidente ocorrido em jogo de futebol, vendo o adversário caído, desfere-lhe 
violento pontapé na cabeça, fraturando-a e provocando a sua morte” (Tacrim-SP — Rel. Cunha 
Bueno — RT 502/279); “Não é possível negar-se que, na lesão corporal seguida de morte, a 
ação do agente (em sentido amplo) é dolosa; quem feriu quis ferir; o resultado é que escapa à 
vontade do agente; foi além do que ele quis, mas lhe é atribuível pela previsibilidade, e, portanto, 
há culpa em sentido estrito. Trata-se, pois, de delito doloso e culposo, há dolo no antecedente e 
culpa no consequente” (RT 375/165). 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante 
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 
um sexto a um terço. 
 
 Lesão corporal privilegiada: causa de diminuição de pena 
aplicável somente às lesões dolosas, todas elas. 
 “Age sob o domínio de violenta emoção a mulher grávida que 
surpreende o companheiro em postura suspeita em companhia 
de outra mulher” (TACRIM-SP – AP – Rel. Adauto Suannes – 
JUTACRIM 75/406). 
 “Violenta emoção deve ser entendida considerando o nível 
cultural do agente, seu estado de ânimo, seu modo de viver, a 
sua própria paixão. O futebol apaixona, é inegável, quer se trate 
de times famosos, quer de simples pelada de fim de semana” 
(TACRIM-SP – AP – Rel. Camargo Sampaio – JUTACRIM 
75/407). 
 “A vítima da infidelidade sofre realmente um gravame não só 
de caráter íntimo, mas de inegável repercussão social, 
autorizando a aplicação do § 4.º do art. 129 do CP” (TACRIM-
SP – AP – Rel. Baptista Garcia – JUTACRIM 66/289). 
 “Homem casado, que mantém relacionamento amoroso 
extraconjugal, não pode reclamar a minorante da violenta 
emoção como causa de diminuição da pena, sob a alegação 
de que foi vítima da infidelidade da amante, ao encontrá-la com 
outro homem em situação que indicava intimidade sexual” 
(TACRIM-SP – AP – Rel. Ribeiro Machado – RJD 5/122). 
 “De se reconhecer a minorante da violenta emoção na ação do 
réu que, além de ver seu veículo abalroado por automotor de 
ofendido em estado de ebriedade, vê-se objeto de injusta 
provocação de parte deste” (TACRIM-SP – AP – Rel. Dínio 
Garcia – JUTACRIM 25/149). 
 “De se reconhecer a atenuante do relevante valor moral na 
conduta de quem, ante a agonia de sua genitora, agride médico 
que, grosseiramente, se recusa a atender à enferma a despeito 
de evidente desespero do agente” (TACRIM-SP – AP – Rel. 
Camargo Sampaio – JUTACRIM 43/4039). 
 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena 
de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
 Só aplicável às lesões leves: Verifica-se que o juiz tem duas 
opções quando se trata de lesão leve privilegiada: pode reduzir 
a pena de um sexto a um terço fundado no § 4º, ou substituir a 
pena por multa com base no § 5º. 
 Lesões recíprocas: duas pessoas tenham cometido crime de 
lesão corporal leve, uma contra a outra, e que uma delas não 
esteja agindo em legítima defesa. Se ambos argumentam que 
agiram em legítima defesa, e não há outro meio de prova para 
afastar o argumento, deve ser aplicado o benefício da dúvida12, 
de forma que ambos têm que serem absolvidos por legítima 
defesa. Se ambos partem para cima do outro (como cachorro 
doido) e se agridem mutuamente, será possível aplicar a 
substituição da pena, desde que as lesões sejam leves13. 
Também, se um é agredido e logo em seguida resolve se vingar 
e agredir o seu agressor, será possível a aplicação da 
substituição, visto que a lei não exige que sejam agressões 
concomitantes, podem ser simultâneas. 
 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
 Lesão corporal culposa (art. 129, § 6º): É a conduta típica 
descrita pelo caput (Ofender a integridade corporal ou a saúde 
de outrem), quando praticada mediante culpa. Trata-se de tipo 
penal aberto, devendo o intérprete lançar mãos de valores 
tendo por base no critério do homem médio, constatar se 
quando da conduta, cometida com imprudência, negligência 
ou imperícia, era possível ao agente prever objetivamente a 
produção do resultado naturalístico. A modalidade de culpa 
deve ser motivadamente descrita na inicial acusatória, sob 
pena de inépcia da denúncia. Não há distinção com base na 
                                                            
12 “Para se caracterizar a responsabilidade penal, nas lesões corporais dolosas, em caso de 
briga, com agressões mútuas, é fundamental que a prova esclareça quem foi o iniciador, o 
provocador da contenda. Se este ponto não ficou claro, deve-se absolver ambos os litigantes” 
(Tacrim-SP — Rel. Pedro Gagliardi — RT 692/285) 
13 “Tratando-se de entrevero de mútua iniciativa em que os briguentos se desafiam e buscam, 
cada qual, desforra em razão de alterações anteriores, devem ambos ser responsabilizados 
pelas consequências reciprocamente causadas” (Tacrim-SP — Rel. Camargo Sampaio — 
Jutacrim 32/184); “Partindo réu e vítima para recíproca agressão após mútua aceitação do 
entrevero, impõe-se a dupla responsabilização pelas consequências do desforço físico” (Tacrim-
SP — Rel. Manoel Pedro Pimentel — Jutacrim 23/227). 
gravidade dos ferimentos. A gravidade da lesão, por se tratar 
de circunstância judicial desfavorável, deve ser sopesada pelo 
juiz na dosimetria da pena-base (CP, art. 59, caput). 
 Lesão corporal culposa e Código de Trânsito Brasileiro: Se 
cometida na direção de veículo automotor, estará tipificado o 
crime previsto no art. 303 da Lei 9.503/1997 – CTB (detenção, 
de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor). Resolve-se o conflito aparente de normas pelo 
princípio da especialidade. 
 Infração de menor potencial ofensivo: Trata-se de infração 
penal de menor potencial ofensivo, compatível com os 
benefícios contidos na Lei 9.099/1995. 
 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das 
hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada 
pela Lei nº 12.720, de 2012) 
 
 Lesão corporal culposa e aumento de pena (art. 129, § 7º, 
primeira parte): na lesão corporal culposa, a pena será 
aumentada de 1/3 se o crime resultar de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixar de 
prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as 
consequências do seu ato, ou fugir para evitar prisão em 
flagrante (CP, art. 121, § 4º, 1ª parte). 
 Lesão corporal dolosa praticada por milícia privada (art. 
129, § 7º, segunda parte): O art. 121, § 6o do CP, diz respeito 
à milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 
12.720, de 2012). Essa qualificadora é aplicável a todas as 
espécies de lesões corporais dolosas. 
 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa odisposto no § 5º do art. 
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) 
 
 Lesão corporal culposa e perdão judicial (art. 129, § 8º): O 
juiz pode deixar de aplicar a pena quando as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. As regras são as 
mesmas em relação ao perdão judicial no homicídio culposo 
(art. 121). 
 
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, 
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, 
ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, 
de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada 
pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
 Lesão corporal e violência doméstica (art. 129, § 9º): Trata-
se de forma qualificada de lesão corporal que leva em conta o 
contexto em que é praticada. A pena prevista ao caso, em 
razão da sua quantidade, somente deve ser aplicada na 
hipótese de lesão corporal leve. Se a lesão corporal for grave, 
gravíssima ou seguida de morte, aplicar-se-á a causa de 
aumento de pena em um terço conforme o §10, deste art. 129 
do CP. 
 Vítimas: a) contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
ou companheiro: o parentesco pode ser civil ou natural (o art. 
227, § 6º, da CF proíbe qualquer discriminação entre os filhos 
havidos ou não do casamento). Não exige que o crime ocorra 
dentro do ambiente doméstico. Não se aplica nas relações 
decorrentes do parentesco por afinidade. Exige-se prova 
documental da relação de parentesco ou do vínculo 
matrimonial. A União estável pode ser comprovada por 
testemunhas ou outros meios de prova que não exclusivamente 
os documentos; 
 Com quem conviva ou tenha convivido: tais expressões 
devem ser interpretadas restritivamente. Quanto ao trecho 
“tenha convivido”, exige-se tenha sido a lesão corporal 
praticada em decorrência da convivência passada entre o autor 
e a vítima. 
 Prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade: Relações domésticas são as 
criadas entre os membros de uma família, podendo ou não 
existir ligações de parentesco. Coabitação é a moradia sob o 
mesmo teto, ainda que por breve período – deve ser lícita e 
conhecida dos coabitantes. Hospitalidade é a recepção 
eventual, durante a estadia provisória na residência de alguém, 
sem necessidade de pernoite. Em todos os casos, a relação 
doméstica, a coabitação ou a hospitalidade devem existir ao 
tempo do crime, pouco importando tenha sido o delito praticado 
fora do âmbito da relação doméstica, ou do local que ensejou 
a coabitação ou a hospitalidade. 
 Ação penal do crime de lesão leve com violência doméstica 
e familiar CONTRA A MULHER: o crime de lesões leves 
ocorrido no contexto de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, será de ação penal pública incondicionada. O STJ 
assim decidiu: “O crime de lesão corporal, mesmo que leve ou 
culposa, praticado contra a mulher, no âmbito das relações 
domésticas, deve ser processado mediante ação penal pública 
incondicionada. No julgamento da ADI 4.424-DF, o STF 
declarou a constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.340/2006, 
afastando a incidência da Lei n. 9.099/1995 aos crimes 
praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista”. Precedente citado do 
STF: ADI 4.424-DF, DJe 17/2/2012; do STJ: AgRg no REsp 
1.166.736-ES, DJe 8/10/2012, e HC 242.458-DF, DJe 
19/9/2012. AREsp 40.934-DF, Rel. Min. Marilza Maynard 
(Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 
13/11/2012 
 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as 
circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a 
pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
 
 Lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte (art. 129, 
§ 10) decorrente de Violência Doméstica: Se a lesão corporal 
for grave, gravíssima ou seguida de morte, e o crime for 
praticado com violência doméstica, incidirá sobre as penas 
respectivas (art. 129, §§ 1º, 2º e 3º) o aumento de 1/3 imposto 
pelo § 10 do art. 129 do CP. 
 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de 
um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de 
deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
 Lesões leves decorrentes de violência Doméstica contra 
portador de deficiência (física ou mental): A pena da lesão 
corporal leve cometida com violência doméstica será 
aumentada de 1/3 (um terço) quando a vítima for pessoa 
portadora de deficiência. Esse dispositivo foi acrescentado pela 
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Deve tratar-se de 
pessoa portadora de deficiência física ou mental e ligada ao 
autor do crime pelos laços de violência doméstica indicados 
pelo § 9º do art. 129 do CP. Pessoa portadora de deficiência é 
aquela que, em consequência de alguma enfermidade, 
permanente ou transitória, enfrenta debilidade em sua 
capacidade física ou mental. 
 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito 
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela 
Lei nº 13.142, de 2015) 
 
 
 Hediondez das Lesões gravíssimas e lesões seguida de 
morte: A Lei 13142, de 2015, acrescentou à Lei dos Crimes 
Hediondos ( L. 8.072/90) o inc. I-A, contemplando no rol dos 
delitos hediondos a lesão corporal dolosa de natureza 
gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte 
(art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou 
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. As 
consequências são: progressão de regime somente após 
cumprir 2/5 da pena (se primário o condenado) ou 3/5 (se 
reincidente). Vedação do anistia, graça e indulto, bem como 
fiança, além de eventual prisão temporária no prazo de 30 dias, 
prorrogável por igual período no caso de extrema necessidade. 
 
 
1. BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, vol. 2, parte 
especial, 14ª ed., 2014, Saraiva. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, 10ª ed., 2014, 
Forense. 
 
PRADO, Luiz Regis Prado. Curso de Direito Penal, vol. único, 13ª 
ed., 2014, RT. 
 
2. BLIBIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal- vol.2, parte especial, 13ª 
Ed, 2013, São Paulo: Saraiva. 
 
DELMANTO, Roberto. Código Penal Comentado, 5. ed., atual. e 
ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. 
 
JESUS, Damásio de. Direito Penal, vol. 2, parte especial, 33ª Ed., 
2012, Saraiva 
 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, parte especial, vol. 2, 10 
ed., rev., ampl. e atual. Niterói: Impetus, 2013. 
 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, vol. II, 25. ed., 
rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2007

Outros materiais

Outros materiais