DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL - LESÃO CORPORAL LEVE, GRAVE E GRAVÍSSIMA - RESUMO - CONCURSOS

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Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
LESÃO CORPORAL (ART. 129, CP) 
 
 
 
 
 
 
 
A lesão corporal consiste em todo e qualquer dano produzido por alguém, sem animus necandi, à integridade 
física ou à saúde de outrem. Assim, há alguma modificação no corpo da vítima. 
 
OFENSA À INTEGRIDADE CORPORAL -> Alteração, anatômica ou funcional, interna ou externa, do corpo humano. 
OFENSA À SAÚDE -> Alteração de funções fisiológicas do organismo ou perturbação psíquica. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO: Incolumidade física ou mental, os quais são bens indisponíveis. Isso significa dizer que o 
consentimento da vítima autorizando as lesões é insignificante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar de ser um direito indisponível, contudo, a autolesão NÃO é punível. 
Art. 129, CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
A análise acerca da lesão corporal deve se atentar aos institutos previsos pela Lei 9.099/95, 
os quais relativizam a indisponibilidade da incolumidade física individual, sendo eles: 
 
❖ Transação penal; 
❖ Suspensão Condicional do Processo; 
❖ Condicionalidade da ação; 
❖ Composição dos danos cíveis. 
 
Tais institutos podem ser aplicados à lesões corporais simples ou leves, previstas no caput do 
art. 129 do CP. 
AÇÃO NUCLEAR DO TIPO 
CRIME DE MENOR POTENCIAL 
OFENSIVO 
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ANÁLISE SUBJETIVA: O crime de lesão corporal pode ser cometido por qualquer pessoa contra qualquer pessoa 
(crime comum). Contudo, deve-se atentar às figuras qualificadoras previstas pelos §§1º, IV, e 2º, V, do art. 129, CP, as 
quais preveem a mulher grávida no polo passivo. 
O elemento subjetivo do crime de lesões corporais é representado pelo dolo. Este também distinguirá a tentativa de 
homicídio da lesão corporal 21 22. 
Para que o crime de lesão corporal seja configurado, portanto, é necessário que estejam presentes os elementos: 
a. Dano 
b. Relação causal entre ação e resultado 
c. Animus laedendi – vontade de ferir ou de atingir. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Trata-se de um crime material, logo, a consumação ocorre quando a lesão é causada. 
Além disso, trata-se de um crime que, em regra, deixa vestígios, os quais deverão ser analisados em exame de corpo 
de delito. 
A forma tentada é admitida. Contudo, apenas ocorrerá quando não for da espécie cruenta, vez que essa espécie já 
presume que houve algum tipo de dano à integridade da vítima. Além disso, a forma culposa não assume a forma 
tentada. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Doloso ou culposo; 
❖ Instantâneo; 
❖ Comum; 
❖ Plurissubsistente (salvo na forma culposa); 
❖ Unissubjetivo. 
 
FORMAS 
O crime de lesão corporal é classificado nas formas simples, grave, gravíssima, seguida de morte, privilegiada, 
culposa e majorada. 
 
SIMPLES: A forma simples é prevista pelo caput do art. 129 do CP. 
Formula-se por exclusão, por não ocorrer nenhum dos resultados previstos nos §§1º, 2º e 3º do art. 129 do CP. 
 
21 Se a intenção é apenas lesionar a vítima, mas ela morre, trata-se de homicídio preterdoloso. 
22 O §6º do art. 129 cuida da lesão corporal culposa. 
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Sobre essa forma, destaca Bitencourt que deve-se ter cuidado com a proporcionalidade necessária entre o dano 
causado e a necessidade de intervenção estatal, haja vista a violência que o próprio direito penal impõe sobre o 
indivíduo. Nesse sentido, é importante que o dano causado não seja insignificante. 
 
A irrelevância ou insignificância de determinada conduta deve ser aferida não apenas 
em relação à importância do bem juridicamente atingido, mas especialmente em 
relação ao grau de sua intensidade, isto é, pela extensão da lesão produzida . 
- Roxin 
 
A previsão no §5º se refere à lesão corporal leve: 
 
 
 
 
A ação penal cabível na hipótese do caput estudado é a pública condicionada. Nos demais casos, trata-se de ação 
penal pública incondicionada. 
 
 
Art. 129, CP: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
Art. 129, §5º, CP: O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
detenção pela de multa, e duzentos mil réis a dois contos de réis. 
I – se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II – se as lesões são recíprocas. 
O §4º prevê a hipótese 
de lesão corporal 
privilegiada. 
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Trata-se da efetiva impossibilidade de realização 
de sua atividade ocupacional, tradicional, regular, 
de natureza lícita, podendo ser ocupações de 
natureza laboral, diária, recreativa, etc. 
Trata-se da probabilidade concreta e efetiva de morte, 
devendo ser o perigo pericialmente comprovado, 
objetiva e fundamentadamente. 
Trata-se da redução ou enfraquecimento da 
capacidade funcional da vítima, de forma 
permanente. 
Antecipação do nascimento do feto com vida. 
Nesse caso, é necessário que o agente tenha 
conhecimento da gravidez. 
GRAVE: A forma grave é prevista pelo §1º do CP. 
 
 
 
 
 
 
Art. 129, §1º, CP: Se resulta: 
 
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 
dias; 
 
 
 
 
 
 
 
II – perigo de vida; 
 
 
 
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
 
 
 
IV – aceleração de parto. 
 
 
Pena: Reclusão, de um a cinco anos. 
Qualificadoras 
Destaque-se que apenas o exame de corpo de delito é 
insuficiente para a caracterização da qualificadora da 
incapacidade para as ocupações habituais por mais de 
30 dias, sendo necessária a realização de um 
exame complementar após o prazo de 30 dias. 
Caso o feto nasça morto em razão da lesão corporal, 
tratar-se-á de lesão corporal gravíssima. 
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Trata-se de incapacidade permanente para o 
trabalho em geral, não somente para a atividade 
específica que a vítima estava exercendo. 
Sua duração é incalculada, ou seja, que a natureza 
das lesões não ofereça condições de diagnosticar 
a época de uma possível cessação. 
É a doença cuja curabilidade não é conseguida no atual 
estágio da Medicina, pressupondo um processo 
patológico que afeta a saúde em geral. 
Há perda quando o membro ou órgão é extraído ou 
amputado, podendo também operar-se por meio de 
mutilação. 
Há inutilização quando cessa ou interrompe-se 
definitivamente a atividade do membro, sentido, ou 
função. 
A deformidade representa lesão estética, em certo 
sentido. Trata-se de dano estético considerável, 
decorrente de defeito físico permanente, definitivo 
e irrecuperável, não perdendo esse efeito nem 
mesmo quando dissimulável por meio de cirurgias. 
Trata-se de crime preterdoloso, havendo dolo em 
relação à lesão corporal e culpa com relação ao 
aborto, desde que este seja provocado 
involuntariamente. 
Nessa hipótese, o agente tem ciência da gravidez, 
mas não quer de forma alguma a ocorrência do 
aborto. 
GRAVÍSSIMA: A lesão corporal gravíssima é tratada pelo §2º do art. 129 do CP. 
Nas lesões gravíssimas, a dimensão das consequências do crime é consideravelmente mais grave. Os efeitos da 
lesão, de regra, são irreparáveis, o que justifica sua maior penalização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 Não caracteriza perda de membro, sentido ou função a cirurgia que extrai órgãos genitais externos de transexual, com a finalidade de 
curá-lo ou de reduzir seu sofrimento físico ou mental. 
Art. 129, §2º, CP: Se resulta: 
 
I – Incapacidade permanente para o trabalho; 
 
 
 
 
 
II – enfermidade incurável; 
 
 
 
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função23; 
 
 
 
 
IV – deformidade permanente; 
 
 
 
 
V – aborto. 
 
 
Pena: reclusão, de dois a oito anos. 
Qualificadoras 
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LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE – HOMICÍDIO PRETERDOLOSO: Nessa hipótese, há a presença do animo de 
ferir, contudo,a vítima acaba morrendo em decorrência das lesões sofridas. 
A imputação desse crime deve se basear no fato de que o agente não quis, de forma alguma, a morte da vítima, mas 
tão somente o seu lesionamento. 
 
 
 
 
Nesse caso, se o resultado morte for imprevisível ou decorrente de caso fortuito, o sujeito responderá somente pelas 
lesões corporais. Se houver dolo eventual quanto ao resultado mais grave, o crime será de homicídio. 
 
LESÕES MAJORADAS: As lesões majoradas são previstas pelos §§7º, 12 do art. 129 do CP: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 129, §3º, CP: Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não 
quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. 
Pena: reclusão, de quatro a doze anos. 
Art. 129, §7º, CP: Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorres qualquer as hipóteses dos 
§§4º e 6ºdo art. 121 deste Código. 
Art. 121, CP: Matar alguém. 
§4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou oficio, ou se o agente deixa de 
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu 
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é 
aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior 
de 60 anos. 
 
§6º - A pena é aumentada de 1/3 até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança ou por grupo de 
extermínio. 
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Essa majorante é aplicada em todas as lesões corporais dolosas, e referem-se às lesões causadas contra policiais e 
seus familiares. É importante mencionar, contudo, que a Lei de Crimes Hediondos classificou as lesões gravíssimas 
contra os policiais e seus familiares como crime hediondo. 
 
PRIVILEGIADAS: Tratam-se das formas que admitem redução na pena. Dentre elas, estão as lesões causadas por 
motivo de relevante valor social ou moral ou causada sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta 
provocação da vítima. 
 
 
 
 
 
LESÕES CORPORAIS CULPOSAS: A lesão corporal culposa se configura ante os seguintes requisitos: 
 
a. Comportamento humano voluntario; 
b. Descumprimento do dever de cuidado objetivo; 
c. Previsibilidade objetiva do resultado; 
d. Lesão corporal involuntária. 
 
O §6 do art. 129 prevê o seguinte: 
 
 
 
 
Além disso, o §8º do mesmo dispositivo prescreve que: 
 
Art. 129, §12, CP: Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos 
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão 
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
Art. 129, §4º, CP: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor 
social ou moral ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Art. 129, §6º, CP: Se a lesão é culposa: 
Pena: detenção, de dois meses a um ano. 
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
A violência doméstica é tratada pela Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. 
O CP, traz a figura da violência doméstica como uma qualificadora da lesão corporal leve. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 129, §8º, CP: Aplica-se à lesão culposa o disposto no §5º do art. 121. 
Art. 129, §9º, CP: Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, 
cônjuge ou companheiro, ou com quem viva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. 
Pena: detenção, de três meses a três anos. 
 
§10. Nos casos previstos dos §§1º a 3º (lesões corporais graves, gravíssimas e 
seguidas de morte) deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §9º deste 
artigo, aumenta-se a pena em 1/3. 
 
§11. Na hipótese do §9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for 
cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
Art. 121, CP: Matar alguém. 
§5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção 
penal se torne desnecessária.