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lesão corporal

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Artigo 129 do código penal 
CONCEITO 
 
O delito de lesão corporal pode ser conceituado como a ofensa à 
integridade corporal ou à saúde, ou seja, um dano ocasionado à 
normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de 
vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental. 
 
 
OBJETO JURÍDICO 
 
A integridade física e a saúde física (fisiológica) e mental (psíquica) do 
homem. Integridade é diferente de saúde: a primeira diz respeito à 
alteração anatômica ou funcional do corpo humano, só pode ser de 
ordem física. A segunda se refere à fisiologia do corpo humano, pode 
ser física ou mental; conforme entendimento dos tribunais. 
 
SUJEITO ATIVO 
 
Qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido. A autolesão 
é considerada irrelevante penal, desde que a causação da ofensa 
física não ocasione lesão a outro objeto jurídico. Assim haverá crime 
de fraude se o agente, mutilando-se, pretender obter indevidamente, 
indenização ou valor de seguro anteriormente contratado (CP, art. 
171, inc. V, § 2º). 
 
Cabe ressaltar as condições pessoais do autor da lesão na violência 
doméstica (§§ 9º e 10º). 
 
SUJEITO PASSIVO 
 
Qualquer pessoa, salvo nas hipóteses dos §§ 1º, IV, e 2º, V, que deve 
ser mulher grávida. 
 
Se o sujeito for menor de 14 anos ou maior de 60 anos, incide uma 
causa de aumento de pena (cf. § 7º). 
 
Cabe ressaltar as condições pessoais da vítima nas 
hipóteses previstas nos §§ 9º, 10, 11 e 12. 
 
 
Violência Doméstica 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, 
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha 
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se 
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a 
pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada 
de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de 
deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente 
descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão 
dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
 
 
MOMENTO CONSUMATIVO 
 
Ocorre no momento da efetiva ofensa à integridade corporal ou à 
saúde física ou mental da vítima. É crime material, portanto 
a demonstração do resultado vem consubstanciada no laudo do 
exame de corpo de delito. 
 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
Dolo, o chamado animus nocendi ou laedendi. É a intenção de lesionar, 
o que diferencia o crime consumado de lesão e a tentativa 
de homicídio, pois neste o agente atua impelido pelo animus necandi. 
 
TENTATIVA 
 
É admissível, salvo algumas figuras qualificadas. 
 
 
FORMAS 
 
→ DOLOSAS 
Simples: está no art. 129, caput. 
 
Qualificadas: § 1º (lesão grave); § 2º (lesão gravíssima), § 3º (lesão 
corporal seguida de morte) e § 9º (violência doméstica). 
 
→ Lesões corporais graves: § 1º 
 
O § 1º prevê circunstâncias qualificadoras que, agregadas ao tipo 
fundamental previsto no caput do dispositivo, agravam a 
sanção penal. O elemento subjetivo do crime de lesão corporal é o 
dolo. 
Lesão corporal corporal Lesão 
Os resultados qualificadores são punidos a título de 
culpa (crime preterdoloso), exceto algumas qualificadoras do § 1º, em 
que os resultados são puníveis tanto por dolo quanto por culpa. 
Ex.: incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias e 
a debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
 
 
I – Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias 
 
Este inciso se refere não só as ocupações laborais, como também às 
de recreação, asseio corporal, etc.; não necessitam ter finalidade 
lucrativa, conforme entendimento jurisprudencial. 
 
A ocupação da vítima tem que ser lícita. Há necessidade 
de efetivação do laudo pericial complementar, tão logo decorra o 
prazo de trinta dias, contados da data do crime, para se constatar 
a incapacidade por mais de 30 dias (art. 168, § 2º, do Código 
de Processo Penal). Se o exame complementar for realizado antes 
de vencidos os trinta dias contados a partir da data do crime, não 
terá idoneidade. 
 
O período de incapacidade não se confunde com o da duração da 
lesão. 
 
 
II – Perigo de vida 
 
Para a configuração desta qualificadora, há necessidade da existência 
de um perigo concreto, o qual deverá ser demonstrado 
e comprovado por perícia devidamente fundamentada. 
 
Este tipo só admite o preterdolo, uma vez que, se houve dolo quanto 
ao perigo de vida, o agente responderá por tentativa de homicídio. 
 
 
 
III – Debilidade permanente de membro, sentido ou função 
 
Os membros de uma pessoa podem ser: Superiores 
(braços, antebraços e mãos); Inferiores (pernas, coxas e pés). Os 
sentidos são cinco: audição, paladar, olfato, visão e tato. Função é a 
atividade de um órgão: circulatória, respiratória, secretora, 
reprodutora, digestiva, motora, etc. 
 
A debilidade consiste na diminuição da capacidade funcional, que não 
necessita ser perpétua, basta que seja duradoura, 
conforme entendimento jurisprudencial. 
 
Quando se tratar de órgão duplo, a perda de um deles debilita a 
função. Assim, caso a vítima perca uma vista ou ouvido, haverá 
lesão grave. Perdendo ambos, haverá lesão gravíssima, conforme o § 
2º, inc. III, do art. 129 do CP. 
 
 
 
IV – Aceleração de parto 
 
Ocorre quando, em decorrência da lesão corporal produzida na 
gestante, antecipa-se o termo final da gravidez. O dolo do agente 
é causar a lesão corporal na vítima. Este tipo só admite o preterdolo. 
 
Entretanto há de ter conhecimento do estado de gravidez, senão 
responderá por lesão corporal leve, conforme melhor entendimento. 
 
 
→ Lesões corporais gravíssimas: § 2º 
 
I – Incapacidade permanente para o trabalho 
 
Para a existência desta qualificadora, não há necessidade de que a 
incapacidade seja eterna (não há possibilidade de fixação de seu limite 
temporal), mas, tão somente, duradoura. 
 
Deve ser total, se não o for desclassifica-se do § 2º para o § 
1º. Esta incapacidade tem que ser genérica, isto é, estender-se a 
qualquer tipo de atividade laborativa física ou psíquica. Emprega, 
agora, diferentemente do § 1º, a lei, a palavra “trabalho” e não 
ocupações habituais, o que, p. ex., exclui a criança ou o aposentado, 
que não trabalham. 
 
II – Enfermidade incurável 
 
É a doença (do corpo ou da mente) que a ciência médica ainda não 
conseguiu conter, nem sanar; a moléstia que evolui a despeito 
do esforço técnico para debelá-la. 
 
A enfermidade pode ser relativa ou absoluta. Ambas qualificam as 
lesões. Para Rogério Greco “algumas doenças que são entendidas 
como incuráveis, a exemplo da lepra, da tuberculose, da sífilis, da 
epilepsia, etc.” Há entendimento jurisprudencial no sentido de que a 
transmissão da AIDS pelo contágio sexual configura essa conduta. 
 
Se houver necessidade de intervenção cirúrgica arriscada e a vítima 
recusar-se a esta, mesmo assim incidirá a qualificadora pois 
o ofendido não está obrigado a submeter-se a tratamentos incertos 
ou penosos ou a operações arriscadas na tentativa de curar-se. 
 
 
III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
 
A perda consiste no corte de uma parte do corpo, dirá com 
a mutilação (ocorrida pela própria ação lesiva) ou com a 
amputação (posteriormente verificada, pela ação médica 
necessariamente advinda para salvar a vítima de consequências mais 
graves); a inutilização se refere à inaptidão do órgão à sua função 
específica. 
Obs.: existe diferença entre debilidade, perda einutilização. Assim, se 
o ofendido sofre paralisia de um braço, trata-se de inutilização de 
membro. Se um dedo da mão, a hipótese é de debilidade. E se vem a 
perder todo o braço, a hipótese é de perda de membro. 
 
 
IV – Deformidade permanente 
 
É o dano estético considerável. 
 
Os requisitos para esta qualificadora são: 
a) permanência; 
b) visibilidade; 
c) irreparabilidade; 
d) dano estético de certa monta; e 
e) capacidade de causar impressão vexatória. 
 
Observações: 
 
1) A vítima não está obrigada a submeter-se a intervenção cirúrgica, 
mas se o fizer e for bem-sucedida, não incidirá a qualificadora. 
 
2) A deformidade que constitui esta qualificadora pode se situar em 
qualquer parte do corpo, mesmo que oculta pelos cabelos ou 
disfarçada pelo uso de olho de vidro, orelha de borracha ou aparelhos 
ortopédicos. 
 
3) A deformidade deverá causar, aos olhos de terceiros, 
má impressão no aspecto estético da vítima, levando-se em conta o 
seu sexo, condição social, profissão etc. 
 
 
V - Aborto 
 
É um caso de preterdolo, em que se pune a lesão corporal a título de 
dolo e aborto a título de culpa. Faz-se mister que o agente conheça o 
estado de gravidez da vítima, pois, se assim não for, a hipótese é de 
erro de tipo, que exclui o dolo. 
 
Caso o aborto tenha sido querido, o crime será a do art. 125 e não o 
do art. 129 do CP. O mesmo se diga se agiu com dolo eventual. 
 
 
→ Lesão corporal seguida de morte: § 3º 
 
Trata-se de hipótese de homicídio preterintencional ou preterdoloso. 
O evento morte não deve ser querido nem eventualmente, senão o 
crime será de homicídio, conforme entendimento jurisprudencial. 
 
Pune-se o primeiro delito (lesão corporal) pelo dolo e o segundo delito 
(morte) a título de culpa. Não será admissível tentativa, pois não há 
vontade conscientemente dirigida ao resultado morte e então será 
impossível dizê-lo não obtido a despeito da intenção do agente, em 
face da interposição de circunstâncias alheias ao seu desiderato. 
 
 
 
 
DIMINUIÇÃO DE PENA 
 
A pena será diminuída de 1/6 a 1/3 quando o crime for praticado 
por motivo de relevante valor moral ou social, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação do ofendido. 
Aplica-se nos casos dos §§ 1º, 2º e 3º. 
 
A redução da pena é obrigatória, estando presentes 
as circunstâncias legais, pois é direito subjetivo do réu quando 
preenche os requisitos legais, conforme entendimento jurisprudencial. 
 
 
SUBSTITUIÇÃO DE PENA 
 
Prevista no § 5º, possibilita a substituição de detenção por multa nos 
seguintes casos: 
Inc. I – se ocorrer qualquer das hipóteses do § 4º; 
 
Inc. II – se houver reciprocidade de lesões leves, temos: 
 
a) se ambos se feriram e um deles agiu em legítima defesa: um é 
condenado com o privilégio da substituição por multa, o outro 
é absolvido. Parte significante da jurisprudência não vê óbice 
na aplicação do privilégio ao contendor que restar condenado quando 
o outro for absolvido; 
 
b) ambos se feriram e dizem estar em legítima defesa: condena-se 
os dois, com aplicação do referido privilégio (multa). 
 
 
AUMENTO DE PENA NAS LESÕES 
CULPOSAS E NAS DOLOSAS 
 
O § 7º do art. 129 remete ao art. 121, §§ 4º e 6º do CP e aumenta a 
pena das lesões corporais culposas em 1/3, ocorrendo qualquer 
daquelas hipóteses. O aumento de pena também incide nos casos de 
lesões dolosas, quando a vítima for menor de 14 anos ou maior de 
60 anos. 
 
 
 
PERDÃO JUDICIAL 
 
Ver comentários do art. 121, § 5º do CP. 
 
“§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.” 
(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (INCLUÍDA 
PELA LEI 10.886/04) 
 
“§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva 
ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das 
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se 
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se 
a pena em 1/3 (um terço). 
 
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de 
um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora 
de deficiência.” 
 
 LEI Nº 13.142, DE 2015 
 
“§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito 
nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, 
a pena é aumentada de um a dois terços.” 
 
 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, 
pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais 
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na 
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e 
destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito 
e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos: 
I - polícia federal; 
II - polícia rodoviária federal; 
III - polícia ferroviária federal; 
IV - polícias civis; 
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LEI 14.188/2021 
 
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões 
da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 
deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) 
 Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela 
Lei nº 14.188, de 2021) 
 
 
AÇÃO PENAL 
 
Será pública incondicionada, se a lesão for grave (§ 1º), gravíssima (§ 
2º), ou seguida de morte (§ 3º). 
 
Será pública condicionada à representação do ofendido se for leve 
(caput), ou culposa (§ 6º), de acordo com o art. 88, da Lei 
nº 9.099/95. 
 
Na hipótese de lesão corporal no contexto da violência doméstica, a 
ação penal será pública incondicionada, conforme entendimento do 
Supremo Tribunal Federal (ADI 4424). 
 
 Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais 
 
 Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, 
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de 
lesões corporais leves e lesões culposas. 
 
 
 Lei 11.340 – Lei Maria da Penha 
 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar 
contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica 
a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

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