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2 
A nacionalização e a regionalização na formação da identidade latino-
americana* 
 
 
Elisiane Rubin Rossato** 
elirossato@terra.com.br 
 
Resumo: 
Este trabalho analisa a influência das idéias de integração continental nos 
processos de formação e consolidação dos Estados nacionais latino-
americanos, com especial enfoque aos países da região platina. Apesar de 
ser um fenômeno recente, surgido na década de 1950, as noções de 
regionalização e de integração estiveram presentes ao longo da história da 
América Latina, principalmente nos dois últimos séculos, contribuindo para 
a formação da idéia de uma identidade latina comum. O ideal de integração 
econômica latino-americana despontado no século XX é, portanto, resultado 
de um longo processo de entendimentos e divergências regionais que, com o 
Mercosul, busca-se superar, através da aproximação política e econômica de 
países vizinhos. 
 
Palavras-chave: Regionalização. Nacionalismo. América Latina. 
 
Abstract: 
This work analyses the influence of the continental integration ideas in the 
process of formation and consolidation of the Latin American national 
States, enphasising especially the platinum region countries. Althought it is 
a recent phenomenon, emerged in the 1950 decade, the notions of 
regionalization and of integration were present along all the Latin America 
history, specially in the last two centuries, contributing to form the idea of 
common latin identity. The ideal of economic integration in Latin America 
appeared in the XX century is, thus, the result of a long process of regional 
agreements and divergences that, with Mercosur, it is intented to be 
overcomed, through the political and economical approximation of 
neighbour countries. 
 
Key words: Regionalization. Nationalism. Latin America 
 
 
 
 
*Artigo elaborado sob orientação da Profa. Dra. Maria Medianeira Padoin e apresentado como requisito 
parcial de avaliação na disciplina de História da América Latina, cursada no primeiro semestre de 2003, 
no Mestrado em Integração Latino-Americana da Universidade Federal de Santa Maria. 
** Mestre em Integração Latino-Americana pela Universidade Federal de Santa Maria. 
 
 
 3 
Introdução 
 
 A regionalização é um acontecimento recente cujos ideais, no 
entanto, estiveram presentes ao longo de todo o processo de formação e 
consolidação dos Estados nacionais latino-americanos e, de modo especial, 
nos países da Bacia do Prata e que atualmente compõem o Mercosul, 
apesar das disparidades geográficas, econômicas e políticas existentes entre 
os países1. É na busca de uma melhor compreensão desse processo, a partir 
da presença de idéias de regionalização na história dos Estados platinos, 
que este estudo se insere. 
Na verdade, a regionalização surgiu na década de 1950, com a 
criação do projeto de integração européia. Diversamente da globalização 
que se referencia em fluxos de capitais e mercadorias, a regionalização 
baseia-se na criação de mercados transnacionais, a partir da criação de 
blocos geoeconômicos que agrupam conjuntos de países. Esse processo 
fundamenta-se em medidas comerciais de abertura de mercados e remoção 
de barreiras alfandegárias reguladas por acordos pactuados entre Estados 
como em processos de integração objetivos e não regulamentados, 
determinados por investimentos de capitais no exterior. Este fenômeno 
pressupõe uma certa relativização do conceito de Estado-nação e de 
soberania. 
Já a nacionalização está presente, de modo especial, nos últimos dois 
séculos da história humana. Entretanto, a idéia moderna de nação “una e 
indivisa” só surge no século XIX com uma conotação essencialmente 
política2. 
Na época da independência dos Estados nacionais ibero-americanos, 
os protagonistas da história não tinham a preocupação com a nacionalidade. 
A formação de uma nação ou Estado era concebida em termos racionalistas 
e contratualistas. É o que afirma CHIARAMONTE (1997): 
 
En síntesis, constituir una nación era organizar un Estado mediante un 
processo de negociaciones políticas tendientes a conciliar las 
conveniências de cada parte, y en los que cada grupo participante era 
firmemente consciente de los atributos que le amparaban según el 
Derecho de Gentes: su calidad de persona soberana, su derecho a no ser 
obligado a entrar en asociación alguna sin su consentimiento – clásica 
 
1 A expressão América Latina começou a ser utilizada em 1860 e foi uma idéia concebida pela França 
como um programa de ação para incorporar o papel e as aspirações da França às populações hispânicas do 
Novo Mundo (John PHELAN. El origen de la idea de latinoamérica. In: Leopoldo ZEA (org.). Fuentes 
para cultura latino-americana. México: Fundo de Cultura Econômica, 1995). 
2 Eric HOBSBAWM. Nações e Nacionalismo desde 1780. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p 11. 
 
 4 
figura esta, la del consentimiento, substancial a los conflictos políticos 
del período – y su derecho a buscar su conveniência, sin perjuicio de la 
necesidad de conciliarla, en un proceso de negociaciones con 
concesiones recíprocas, con la conveniência de las demás partes3. 
 
 Atualmente, apesar do essencial papel que desempenha, o 
nacionalismo é menos importante. Não é mais, como foi nos séculos XIX e 
início do XX, um programa político global. É, principalmente, um fator 
complicador, ou um catalisador para outros desenvolvimentos. A história 
do século XIX pode ser apresentada como aquela da “construção das 
nações”, o que é profundamente modificado no século seguinte4. 
 É sob este enfoque que se estudará o processo de regionalização na 
América Latina e, de modo particular, nos países que compõem o 
Mercosul, a partir da análise histórica da formação dos Estados nacionais. 
 
O nacionalismo na América Latina 
 
 Nos primeiros tempos – os tempos de Colombo – a América foi uma. 
Os conquistadores, aventureiros e colonos enxergaram na América o 
paraíso perdido e reencontrado. A América era a fonte de riquezas 
incomensuráveis, que incitavam a imaginação e chamavam para a aventura. 
Por oposição à Europa, a América era o Novo Mundo, livre dos vícios e da 
miséria, da provação e do sofrimento. A unidade americana dessas 
primeiras décadas não se assentava sobre a realidade, mas sobre a 
imaginação5. 
 A colonização rompeu a unidade ilusória da América de Colombo, 
fragmentando-a em territórios desconectados, amarrados apenas pelos laços 
que os prendiam à economia mercantil vertebrada nas Monarquias 
européias. As modalidades divergentes de exploração colonial dissolveram 
a “América” e criaram as Américas: a América Hispânica, assentada sobre 
a servidão ameríndia; a América Lusitana, apoiada na escravidão africana; 
a América Anglo-Saxônica, bipartida entre as plantações sulistas 
escravocratas e as propriedades familiares nortistas; o Caribe das 
plantations e dos piratas... A formação dos Estados nacionais americanos – 
que tem como ponto de partida as independências alcançadas nas primeiras 
 
3 José Carlos CHIA RAMONTE. La formación de los Estados nacionales en Iberoamérica. Boletín del 
Instituto de Historia Argentina y Americana “Dr. Emilio Ravignani”. Terceira serie, n. 15, 1º. Semestre 
de 1997. p. 148. 
4 Eric HOBSBAWM. Op. cit. p 214-215. 
5 Demétrio MAGNOLI. Questões Internacionais Contemporâneas. Brasília: Funag, 2002. p. 228.5 
décadas do século XIX – completou o percurso de fragmentação do Novo 
Mundo. Aquele século caracterizou-se pela gradual estruturação dos 
Estados nacionais modernos na América. As colônias portuguesas e 
espanholas foram palco de transformações políticas e econômicas marcadas 
por conflitos e guerras civis nas disputas por espaços territoriais e de 
poder6. 
 A distribuição desigual era em parte uma imposição da geografia. 
Devido à desigual implantação, a colonização seguia concentrada em 
núcleos separados por desertos ou obstáculos naturais dificilmente 
enfrentáveis; antes de alcançar o vazio demográfico e econômico a 
instalação espanhola se faz, em amplas áreas, incrivelmente escassa7. 
 Percebendo as grandes disparidades regionais e intentando diminuir 
os conflitos institucionais e a corrupção da administração colonial, a Coroa 
espanhola introduziu uma reforma administrativa nas Índias, no século 
XVIII. Entretanto, as reformas não conseguiram diminuir os conflitos 
institucionais e os progressos contra a corrupção da administração colonial 
são modestos, permanecendo limitado o poder dos agentes do rei. 
 O Vice-reino do Rio da Prata foi uma das regiões hispano-
americanas que mais sofreu com as transformações da estrutura imperial. 
Principalmente por razões políticas (necessidade de estabelecer uma 
barreira ao avanço português), a Coroa concedeu apoio decisivo a um 
processo que já começava a se insinuar: a orientação em direção ao 
Atlântico8. 
 A invasão da Espanha pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte, 
em 1810, deflagrou o processo das independências na América Hispânica. 
As elites criollas das colônias espanholas – estimuladas pelas idéias vindas 
da França revolucionária e da república independente dos Estados Unidos – 
encontraram em homens como Simon Bolívar e José de San Martín os 
chefes militares da libertação. 
 A restauração da Coroa espanhola em 1814, após a derrota de 
Napoleão, abriu caminho para uma terrível contra-ofensiva metropolitana. 
Quando se iniciava a ofensiva recolonizadora espanhola contra as forças 
dos generais libertadores, aparecia a célebre “Carta da Jamaica” (1815). 
Nesse documento, Simon Bolívar preconizava a unidade da América 
Hispânica independente, que deveria se organizar numa imensa 
confederação, do México até a Argentina, formada por três grandes 
 
6 Maria Medianeira PADOIN. Federalismo Gaúcho: fronteira platina, direito e revolução. São Paulo: 
Companhia Editora Nacional, 2001. p. 15. 
7 Tulio Halperin DONGHI. História Contemporánea de América Latina. Madrid: Alianza, 1998. p. 49. 
8Idem. p. 57. 
 
 6 
federações. O grande ideal bolivariano, de unidade do conjunto hispano-
americano, teve nesse documento a sua primeira expressão. Com efeito, 
afirma BOLÍVAR: 
 
És una idea grandiosa pretender formar de todo el Mundo Nuevo una 
sola nación con un solo vínculo que ligue sus partes entre sí y con el 
todo. Ya que tiene un origen, una lengua, unas costumbres y una 
relegión, debería, por consiguiente, tener un solo gobierno que 
confederas elos diferentes estados que hayan de formarse; mas no és 
posible, porque climas remotos, situaciones diversas, intereses opuestos, 
caracteres desemejantes, dividen a la América9. 
 
 Mais tarde, no “Discurso de Angostura” (1819), Simón Bolívar 
insiste, como fizeram mais tarde muitos outros latino-americanos, na 
necessidade de partir da própria realidade, da realidade que atinge os 
homens americanos, por mais negativa que ela seja. Ele conduz o 
Libertador a questionar-se sobre a identidade dos povos que devem ser 
libertados. Uma identidade confusa, complicada, mas que seria necessário 
esclarecer para, ao mesmo tempo, iluminar o futuro desses povos. Saber 
quem são para saber também o que querem ou podem alcançar. Não imitar, 
não repetir, mas recriar a fim de não recair em novas dependências. Bolívar 
se antecipa à analise dos problemas que atingirão o futuro da América 
Latina10. Com efeito, afirma BOLÍVAR: 
 
Nosotros ni aun conservamos los vestigios de lo que fue en outro tiempo: 
no somos europeos, no somos índios, sino una especie media entre los 
aborígenes y los españoles. Americanos por nacimiento y europeos por 
derechos, nos hallamos en el conflicto de disputar a los naturales los 
títulos de posesión y de mantenermos en el país que nos vio nacer, contra 
la oposición de los invasores11. 
 
 Em 1824, quando a Libertação tinha finalmente se concluído, a 
fragmentação territorial da América Hispânica desenvolvia-se sob o influxo 
das oligarquias regionais, que tinham herdado os aparelhos administrativos 
metropolitanos. Bolívar, presidente da Grã-Colômbia, empreendia então a 
última tentativa de salvar a unidade hispano-americana, convocando o 
Congresso do Panamá. Dois anos depois, a reunião – assistida apenas pela 
 
9 Simon BOLÍVAR. Carta de Jamaica. In: Leopoldo ZEA (org.). Fuentes para cultura latino-americana. 
México: Fundo de Cultura Econômica, 1995. p. 30. 
10 Leopoldo ZEA (org.). op.cit. p. 438. 
11 Simon BOLÍVAR. Discurso de Angostura . In: Leopoldo ZEA (org.). op. cit. p. 443. 
 
 
 7 
Grã-Colômbia, México, Federação Centro-Americana e Peru – fracassava 
melancolicamente. A dinâmica da decomposição territorial evoluiu 
inexoravelmente, gerando guerras civis, conflitos e guerras de fronteira, 
hostilidade e desconfiança. Os novos Estados emergiram refletindo os 
interesses das elites criollas e dos caudilhos políticos regionais. 
 O projeto bolivariano continuou ecoando nas décadas seguintes. Nos 
anos de 1830 e 1840, o México esboçou iniciativas para a convocação de 
reuniões continentais, revelando as suas ambições de converter-se em 
liderança regional. Entretanto, após a devastadora guerra contra os Estados 
Unidos (1846-48), deflagrada pela anexação do Texas, as iniciativas 
bolivarianas transferiram-se para a América do Sul. Entre 1848 e 1865, 
ocorreram três encontros continentais, convocados sob o signo da “Carta da 
Jamaica” – Congresso Americano de Lima (1848), Congresso Continental 
de Santiago (1856), Segunda Conferência de Lima (1864-65) – gerando 
compromissos ambiciosos que nunca saíram do papel. 
 Nas últimas décadas do século XIX, o hispano-americanismo 
esgotou-se completamente, contaminado pelos interesses conflitantes das 
oligarquias e corroído pelos fracassos sucessivos das tentativas 
integracionistas. Por essa época, a ascensão dos Estados Unidos à condição 
de grande potência representou o golpe definitivo contra o hispano-
americanismo, que foi substituído pelo pan-americanismo. 
As origens remotas do pan-americanismo encontram-se da Doutrina 
Monroe. Tratava-se de um projeto norte-americano para consolidar uma 
maior integração entre os países da América. A América para os 
americanos – essas palavras célebres pronunciadas em 1823, perante o 
Congresso dos Estados Unidos, sintetizavam a oposição da república 
independente ao colonialismo europeu. Simultaneamente, sinalizavam as 
ambições territoriais do novo Estado, buscando articular o continente 
americano como um sistema de Estados sob sua liderança, de modo a 
estabelecer uma área protegida de mercados e fontes de produtos primários, 
debilitando a presença na região das potências européias, suas 
concorrentes. Esse duplo caráter – anticolonial e expansionista – da 
Doutrina Monroe seria a fonte da sua força e permanência. Traduzida e 
atualizada por todo um século, ela serviu de fundamento ideológico para a 
construção da esfera de influênciacontinental dos Estados Unidos. 
A formação do Estado nacional na América Latina corresponde a 
dois processos indissociáveis: a internacionalização do modo de produção 
capitalista que conduz à institucionalização do poder burguês no mundo 
todo, buscando a expansão de uma economia internacional caracterizada 
 
 8 
pelos princípios do livre-comércio, do esquema de divisão internacional do 
trabalho em função das vantagens comparativas de cada país e, por outro 
lado, os processos de emancipação das colônias ibéricas. O primeiro 
processo tem um caráter econômico-social e o segundo é eminentemente 
político-militar. O vínculo reside justamente na estreita articulação entre 
estes aspectos da realidade12. 
 Edmundo HEREDIA (1998) acrescenta que é neste período que 
surge o conceito de América Latina e os seus limites territoriais, posto que: 
 
A idéia e o conceito primeiros do que é a América Latina se originam 
nos tempos da incorporação de suas nações à economia e ao sistema 
político mundiais, na segunda metade do século XIX. Sob esse nome 
ficaram envolvidas as nações compreendidas entre o Rio Bravo – 
fronteira setentrional do México –, e o extremo sul americana – limites 
austrais de Chile e Argentina. A primeira olhada totalizadora do grande 
setor proveio da Europa, sobretudo quando em seus países mais 
avançados se reparou nas riquezas naturais que eram indispensáveis para 
completar seus processos de industrialização13. 
 
 A América Britânica foi fraturada pela Revolução Americana em 
dois Estados de dimensões continentais. A América Hispânica dissociou-se 
em uma diversidade de territórios nacionais, logo depois das vitórias de 
Bolívar e San Martín. A América Caribenha aprofundou a sua trajetória 
disruptiva, gerando um caleidoscópio de micro-Estados insulares. A 
América Lusitana conservou a sua unidade no Império Brasileiro. 
 Com efeito, no Brasil a Independência não foi produto de uma ainda 
inexistente nação, senão dos conflitos internos de Portugal. Se a elite 
dirigente adotara o modelo do Estado moderno europeu, suas 
características, no Brasil, foram condicionadas pela realidade escravista. 
Em uma sociedade escravocrata, forjada na condição de colônia, não era 
possível a simples transmigração de um modelo nascido em situação tão 
diversa14. A formação do Estado nacional seria assim resultado de um 
processo posterior desenvolvido aproximadamente até 1840/1850, 
revestido pelo regime monárquico que prevaleceria até 1889. 
 A identidade nacional, como concebida modernamente, prevê o 
advento das classes populares na vida política, ou, pelo menos, de classes 
 
12 Cláudia WASSERMAN. A formação do Estado Nacional na América Latina: as emancipações 
políticas e o intrincado ordenamento dos novos países. In: Cláudia WASSERMAN (coord.). His tória da 
América Latina: Cinco Séculos. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1996. p. 213. 
13 Edmundo HEREDIA. O Cone Sul e a América Latina. In: Amado Luiz CERVO e Mario RAPOPORT 
(org.). História do Cone Sul. Brasília: UnB; Rio de Janeiro: Revan, 1998. p. 125. 
14 Flávio de CAMPOS e Miriam DOLHNIKOFF. História do Brasil. Brasília: Funag, 2001. p. 29. 
 
 9 
médias intelectualizadas que aceitam e procuram canalizar os desejos e 
aspirações populares. No caso da América espanhola, ocorre justamente o 
contrário: a maior participação popular e a existência de projetos mais 
radicais acabaram por desencadear uma furiosa reação, como, por exemplo, 
a invasão portuguesa sobre o Uruguai de Artigas em 1816 e a 
Independência mexicana em forma de restauração devido aos movimentos 
de Hidalgo e Morelos. Na América Latina não existia o equivalente 
europeu do protonacionalismo popular. Além disso, o fato da elite nativa, 
os criollos, se autodenominarem americanos não indicava vaidade alguma, 
mas simplesmente a fatalidade do nascimento extra-espanhol15. Aliás: 
 
 Para a elite “criolla”, as idéias de Independência tinham um caráter pré-
nacional, a idéia de nação não tinha maior significado para a grande 
maioria da população e tampouco para os proprietários de terras, que 
estavam limitados geograficamente à área que controlavam. O poder 
político tinha caráter local e regional e esse poder não representava 
qualquer sentimento de nacionalidade. Além do mais, suas ligações 
econômicas eram realizadas preferencialmente com o exterior, o que 
determinava a inexistência de um mercado interno a ser defendido. 
Quando envolvem-se em guerras pela emancipação, estão defendendo os 
seus interesses contra a elite peninsular e também concretizando uma 
revolução pelo alto, devido ao temor de rebeliões como as de Tupac 
Amaru, no Peru, ou àquela protagonizada por Toussaint L’Ouverture, no 
Haiti16. 
 
 Na verdade, suas respectivas nacionalidades e sua figura no 
respectivo imaginário, é um produto, não um fundamento, da história do 
surgimento dos Estados nacionais. O obstáculo, paradoxalmente, não era o 
de não possuir traços definitivos de homogeneidade cultural, mas o de 
compartilhá-los de um extremo ao outro do continente. CHIARAMONTE 
(1997) afirma que se os princípios das nacionalidades tivessem sido 
aplicados, o resultado seria uma só nação hispano-americana. Entretanto, 
tal como o viam já os primeiros líderes da Independência, uma nação 
hispano-americana era impossível por razões práticas, concernentes 
principalmente a enorme extensão do território, a irregularidade da 
demografia e ao estado das comunicações17. 
 Desde essa época, a unidade da América tornou-se um problema de 
ordem geopolítica e econômica. Os projetos de integração continental 
 
15Cláudia WASSERMAN. Op. cit. p. 181. 
16 Cláudia WASSERMAN. Op. cit. p. 181. 
17 José Carlos CHIARAMONTE. Op. cit. p. 162. 
 
 10 
tornaram-se temas da política externa dos Estados soberanos. Nesse 
quadro, a disparidade crescente entre o poder e a força dos Estados Unidos, 
de um lado, e a pobreza e desamparo das nações latino-americanas, de 
outro, forneceu a moldura para diferentes empreendimentos integradores. 
 Esses povos que haviam reassumido o poder soberano também 
estavam dispostos de imediato a unir-se com outros povos americanos em 
alguma forma de Estado ou associação política de outra natureza, mas que 
não implicasse a perda da soberania. Assunção do Paraguai foi uma das 
primeiras a recorrer a idéia de uma confederação para defender sua 
autonomia neste caso frente a Buenos Aires. 
No final do século XIX, a América Latina começa a adquirir sua 
identidade como tal, dentro desse complexo processo de confrontação entre 
as potências; a partir de cada centro de poder, entendeu-se e explicou-se 
esta parte do mundo segundo os interesses que perseguiam uns e outros e, 
conseqüentemente, puseram-se em prática várias estratégias para afirmar 
presenças, ingerências e diversos tipos de pressão. Estas políticas 
intervencionistas deram lugar a movimentos de repúdio que foram 
acompanhados por esforços de auto-definição, auto-identificação e de 
tentativas de desenvolvimentos mais ou menos autônomas18. 
Com efeito, ao longo daquele século, haviam duas posições 
principais e opostas quanto ao relacionamento e harmonização das nações 
latino-americanas entre si – oscilando entre a busca de modernização ou o 
reforço da identidade –, que não se resolveram mediante diálogo, mas 
atravésda supremacia do exercício do poder. Um deles (o projeto 
modernizador) inclinava pelo desejo de seguir o exemplo dos países mais 
desenvolvidos, por uma acentuação do tecnológico, do mecânico em 
contraposição com o cultural, o artístico, o humanista, pela convicção de 
que são os países mais desenvolvidos ou seus habitantes os que melhor 
podem promover a modernização dos nossos países, pela necessidade de 
atualizar-se, pelo anúncio de abertura ao mundo, pelo desprezo do popular, 
do indígena, do latino, do hispânico, do latino-americano e pela busca da 
eficiência, da produtividade, com desprezo à justiça e à igualdade. 
 O projeto identitário, por outro lado, enfatizava a formação de um 
conjunto de postulados que ao mesmo tempo em que consolidassem as 
soberanias nacionais, aprofundariam também laços de solidariedade 
intracontinentais, com o propósito essencial de consolidar estas soberanias 
e, ainda, as independências políticas e as integridades territoriais 19 e 
 
18 Edmundo HEREDIA. Op. cit. p. 125. 
19 Idem. p. 126. 
 
 11 
caracterizava-se pela reivindicação e a defesa do americano, do latino, do 
indígena, do próprio, pela a valorização do cultural, do artístico, do 
humanista com desprezo do tecnológico, pelo não intervencionismo dos 
países mais desenvolvidos na América Latina, a reivindicação da 
Independência e da Libertação, pela acentuação da justiça, da igualdade, da 
liberdade; pela a reivindicação de uma maneira peculiar de ser, diferente da 
dos países mais desenvolvidos, na cultura e nos próprios tempos e pela 
ênfase no encontro consigo mesmo, com o país, com o continente20. 
 Nesse sentido, durante o século XIX houve propostas mais ou menos 
concretas a favor da harmonização, que receberam nomes diversos, tais 
como anfictionia, federação, confederação, liga das nações, pacto. A rigor, 
estas idéias haviam nascido antes que se completassem os projetos de 
formação dos Estados nacionais, como uma maneira eficiente de 
empreender a ação encaminhada para superar o estado de prostração 
colonial. Logo, a organização dos Estados nacionais e sua priorização nos 
objetivos dos setores dirigentes revelou, paralelamente, planos de 
harmonização. Somente depois da Segunda Grande Guerra européia surgiu 
a idéia de integração como uma nova instância para aquela vontade 
unionista. 
 
A Região Platina 
 
 A análise do processo de formação e consolidação dos Estados 
nacionais latino-americanos e, de modo especial, a Região Platina, mostra 
que as idéias de unificação, regionalização e integração estiveram presentes 
ao longo de todo este processo, de modo mais ou menos intenso, sofrendo 
influências econômicas, políticas e reflexos do cenário internacional. 
 A história dos países que atualmente compõem o Mercosul apresenta 
muitos aspectos comuns e as mesma influências do iluminismo sentidas na 
Argentina, por exemplo, também foram sofridas no Brasil. A propagação 
dessas idéias, especialmente através da maçonaria, se deu tanto na América 
espanhola como portuguesa, proporcionando heterogeneidade de 
posicionamentos políticos. Aliás, no período em que a região platina 
encontrava-se em meio a lutas e instabilidades, a maçonaria e o clero foram 
forças constantes e dinâmicas21. 
 
20 Eduardo Devés VALDÉS. Del Ariel de Rodo a la CEPAL. Editorial Biblos. p. 17-18. 
21 Maria Medianeira PADOIN. Op. cit. p. 32. 
 
 12 
 Na verdade, a história dos países platinos é uma história de 
economias e culturas que se combinam ou pleiteiam supremacia ao longo 
do processo de construção dos Estados nacionais modernos. Com efeito, 
 
homens e mulheres que viveram nesse espaço, mesmo estando em lados 
opostos quanto a interesses imediatos, comunicavam-se, trocavam 
experiências, negociavam em um mundo conflituoso, de penúria, muitas 
vezes, e de interesses semelhantes. 
O espaço fronteiriço platino foi uma região por excelência de 
comunicação; entrada e saída de idéias, de livros, de riquezas materiais, 
de homens, de interesses econômicos. Espaço de circulação que irá 
propiciar a formação de uma sociedade semelhante, centrada, até finais 
do século XIX, na propriedade da terra e do gado e nas relações 
caudilhescas22. 
 
 Edmundo HEREDIA (1998), ao estudar o Cone Sul, afirma que dois 
fenômenos influenciaram decisivamente a história da região: disputas entre 
Portugal e Espanha e existência e posterior fracionamento do Vice-Reino 
pratense23. As mesmas afirmações podem ser trazidas para o âmbito dos 
países do Mercosul, o que reflete uma história e uma trajetória comuns, 
vinculadas por problemas semelhantes, principalmente com a região sul do 
Brasil, por ter sido uma região distante dos caminhos dos centros coloniais 
mais ricos, praticamente ignorada ; por ter sido uma região de constantes 
conflitos entre Espanha e Portugal ; e por ter recebido grupos de múltiplas 
culturas e nacionalidades que chegaram da Europa em grandes contingentes 
imigratórios. 
 Não obstante essas disparidades, esta região foi adquirindo uma certa 
identidade unitária durante o processo de disputa entre Espanha e Portugal. 
Ademais, três dos países que atualmente compõem o Bloco (grosso modo, 
o território atual do Paraguai, do Uruguai, da Argentina e da Bolívia, além 
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Brasil)) compunham o Vice-Reino 
do Rio da Prata que, apesar de sua curta duração, teve um importante papel 
porque foi a partir de suas estruturas político-administrativas que seus 
dirigentes desenvolveram o processo de formação e de construção dos 
aparatos dos Estados. Esses dois efeitos desgastaram as relações na região, 
mas, ao mesmo tempo, foram amenizados pelas constantes tentativas de 
integração regional, buscando principalmente enfrentar inimigos comuns. 
As divergências predominaram e, conseqüentemente, o isolamento em 
relação aos países vizinhos. 
 
22 Idem. p. 60. 
23 Edmundo HEREDIA. op. cit. p. 125-126. 
 
 13 
A integração latino-americana 
 
Da análise do extenso processo histórico resultante na formação dos 
Estados nacionais latino-americanos e na construção de uma identidade 
comum, percebe-se que o conceito de integração econômica latino-
americana surgido no ambiente da Guerra Fria é resultado de um longo 
processo, refletindo uma reação tímida e limitada à hegemonia dos Estados 
Unidos e ao pan-americanismo. Com efeito, desde 1823, com a Doutrina 
Monroe, o que os norte-americanos têm buscado é uma maior dominação 
sobre o resto do continente americano. As tentativas integracionistas 
surgidas no século XX são exatemente uma reação a predominância da 
influência norte-americana na América Latina, mas sobretudo o reflexo de 
uma identidade comum, construída ao longo dos últimos quinhentos anos e 
da busca por uma maior integração regional objetivando alcançar fins 
comuns, propósito este presente deste a constituição dos Estados nacionais 
latino-americanos e que, alías, influenciou este processo. 
 É nesse contexto que foi criada a Associação Latino-Americana de 
Livre Comércio (ALALC) em 1960, envolvendo quase toda a América do 
Sul, além do México. Os ambiciosos objetivos da Associação acabaram 
sendo abandonados na década de 1980. 
 No mesmo espírito da ALALC, nasceram o Mercado Comum 
Centro-Americano (MCCA), em 1960, e o Pacto Andino,em 1969. O 
MCCA não foi capaz de enfrentar a especialização agroexportadora das 
economias centro-americanas e a conseqüente dependência frente aos 
mercados exteriores. Além disso, foi envenenado pelas rivalidades 
diplomáticas entre os países membros. O Pacto Andino jamais conseguiu 
chegar a acordos estáveis sobre as suas principais metas. A deterioração da 
situação econômica interna dos seus membros tornou ainda mais vazia a 
retórica integracionista. 
 O fracasso da ALALC foi reconhecido tacitamente pelo Tratado de 
Montevidéu de 1980, que a substituiu pela Associação Latino-Americana 
de Desenvolvimento e Integração (ALADI). A nova organização recebeu a 
adesão de todos os integrantes da sua infeliz predecessora. O tratado da 
ALADI baseou-se firmemente na noção de autonomia de decisões dos 
Estados-membros e reconheceu a prioridade dos mercados dos países 
desenvolvidos no comércio exterior latino-americano. Durante a década de 
1980, a crise das dívidas externas impediu a intensificação do comércio na 
área da ALADI. A severa restrição das importações provocada pela 
necessidade de obtenção de vastos saldos comerciais positivos bloqueou 
 
 14 
qualquer perspectiva de reorganização geográfica do comércio exterior dos 
países latino-americanos. A recessão generalizada e a conseqüente carência 
de capitais funcionaram como severos entraves para os investimentos 
intrarregionais 24. 
 O Mercosul nasceu da aproximação geopolítica brasileiro-argentina e 
dos acordos prévios de integração econômica bilateral firmados entre os 
dois países, mas reflete, na verdade, uma longa trajetória comum. As duas 
economias industriais da macrorregião platina representam o eixo de 
aglutinação e o ímã do processo de integração regional, que recebeu a 
adesão do Uruguai e do Paraguai e, mais tarde, firmou acordos de livre 
comércio com o Chile e a Bolívia. A pré-condição para a cooperação 
diplomática e econômica foi a redemocratização política, ocorrida em 
meados da década de 1980. A redemocratização correu paralelamente à 
dissolução do ambiente de rivalidade geopolítica e diplomática que 
marcou, por várias décadas, as relações entre as potências regionais 
platinas. A rivalidade platina remonta à época das independências, quando 
brasileiros e argentinos disputavam o controle do Uruguai, que chegou a 
ser anexado ao Império como Província Cisplatina. 
O Mercosul inscreve-se nos cenários sul-americano e hemisférico e, 
mais além, numa economia mundial que se globaliza e simultaneamente se 
regionaliza em blocos. O sucesso ou fracasso da iniciativa no Cone Sul 
está, no final das contas, condicionada pela sua capacidade de melhorar as 
condições de inserção dos seus integrantes nessa realidade mais ampla. 
 
Considerações finais 
 
 O Mercado Comum do Sul é uma realidade bastante recente se 
comparado à história da América Latina. Entretanto, apesar de 
institucionalizado apenas no início da década de 1990, a análise da história 
dos Estados platinos nos permite concluir que os ideais de integração 
estiveram presentes ao longo de toda a história dos países latinos e, de 
modo especial, dos Estados da região do 
Rio da Prata. Portanto, o Mercosul insere-se em dois contextos : no 
contexto mundial, que percebe na regionalização uma forma de enfrentar os 
desafios da globalização e, no contexto da região platina e latina, nos ideais 
de aproximação como forma de fortalecimento econômico e político, que 
estiveram presentes ao longo de toda a história latino-americana 
especialmente a partir dos ideais de Simon Bolívar e San Martin. 
 
24 Demétrio MAGNOLI. Op. cit. p. 325. 
 
 15 
 Depois do fracasso da ALALC, no cenário da ALADI, o Mercosul é 
um processo de integração ambicioso que busca aproximar, política e 
economicamente, países com uma história muito próxima, com uma cultura 
semelhante e com um povo com as mesmas raízes históricas. O Mercosul 
busca aproximar o que, com as Independências do século XIX, com 
conflitos armados, motivados por interesses econômicos e políticos, foi 
fragmentado. Trata-se de um grande desafio que, a exemplo da União 
Européia, requer imensa vontade política dos Estados partes para que, 
ancorado nos ideais dos libertadores, se torne uma realidade a longo prazo. 
Na verdade, a regionalização é a melhor maneira de enfrentar a 
globalização e a melhor forma de preparação para países geograficamente 
próximos que compartilhem problemas similares para enfrentar, no século 
XXI, a integração nesta economia mundial25. 
O Mercosul é um fato político de significação ímpar no contexto 
latino-americano e representa uma imensa chance para o crescimento 
regional. Efetivamente, não foram poucas as tentativas anteriores de 
criação de espaços comuns de integração que sucumbiram, seja pela 
realidade geopolítica então prevalecente no continente, seja em razão da 
adoção de objetivos por demais ambiciosos. O Mercosul, ao contrário, 
partiu de uma opção gradualista, vinculada à realidade regional26. 
 
 
25Bruno DETHOMAS, Un ião Européia e Mercosul – uma inovação diplomática. In Deisy de Freitas Lima 
VENTURA(org.), op. cit., 1995. p. 17-20. 
26 MERCOSUL – Acordos e Protocolos na Área Jurídica. Série Integração Latino-
Americana. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1996.

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