Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTUDOS DE MODELAGEM MOLECULAR PARA PREVISÃO IN SILICO DE POTENCIAIS INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE 5 HUMANA. Carol Anne Pereira Silva1 1. Acadêmica do curso de Farmácia, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Bahia, Avenida Transnordestina, S/N, Novo Horizonte, Feira de Santana, Bahia, CEP 44.036-900, Brasil. Resumo A Disfunção Erétil é a incapacidade de manter o pênis ereto para uma satisfatória relação sexual. A DE pode atingir os homens de qualquer idade, tornando-se mais frequente em homens com o avançar da idade.Fosfodiesterase (PDE) é uma super família de enzimas responsáveis pela degradação dos segundos mensageiros intracelulares adenosina monofosfato cíclico (AMPc) e guanosinamonofosfato cíclico (GMPc). Como reguladoras essenciais na sinalização de segundos mensageiros cíclicos com diversas funções fisiológicas as PDEs são alvo de drogas para o tratamento de diversas doenças. Dentre estas estão insuficiência cardíaca, depressão, asma, inflamação e disfunção erétil. Dentre as 11 famílias de genes de PDE, a fosfodiesterase5 (PDE5) é específica para GMPc, sendo responsável pela atividade de hidrólise que sofre o GMPc dentro dos tecidos dos corpos cavernosos penianos. A PDE5 é amplamente conhecida por ser alvo de diversas drogas utilizadas no tratamento da disfunção erétil, como por exemplo, o sildenafil (Viagra®). Este trabalho objetiva identificar moléculas com potencial inibitório frente a PDE5, construindo um banco de estruturas químicas selecionadas a partir de descritores químicos e realizar o acoplamento molecular com o banco de estruturas frente à fosfodiesterase5 humana e assim serem utilizados no tratamento da disfunção erétil. Palavras-chave: fosfodiesterase5, disfunção erétil, modelagem molecular. Abstract Erectiledysfunctionistheinabilitytomaintainanerectpenis for satisfactory sexual intercourse. ED canreachmenofany age, becoming more frequent in menwithadvancing age. Phosphodiesterase (PDE) is a superfamilyofenzymesresponsible for thedegradationofintracellularsecondmessengerscyclicadenosinemonophosphate (cAMP) andcyclicguanosinemonophosphate (cGMP). As thekeyregulatorysignalingmessengerscyclicsecondswithvariousphysiologicalfunctionsP DEs are drugtarget for treatmentofvariousdiseases. Amongthese are heartfailure, depression, asthma, inflammationanderectiledysfunction. Amongthe 11 familiesof PDE gene, phosphodiesterase5 (PDE5) isspecifictocGMP, responsible for hydrolyzingactivitysufferingcGMPwithinthetissuesofthe corpora cavernosa penisofmen. PDE5 iswidelyknowntobethetargetofvariousdrugsused in thetreatmentoferectiledysfunctionsuch as sildenafil (Viagra). Thisstudyaimstoidentifymoleculeswithinhibitorypotentialagainst PDE5, building a databaseofchemicalstructuresselectedfromchemicaldescriptorsandperformthe molecular couplingwiththeseatfacingthestructuresphosphodiesterase5humanandthusbeusedtotreate rectiledysfunction. Keywords: phosphodiesterase, erectiledysfunction, molecular modeling. Introdução A disfunção erétil (DE) é a incapacidade recorrente de obter e manter uma ereção que permita atividade sexual satisfatóriasegundo definição proposta pelo NationalInstitutesof Health Consensus DevelopmentPanel, no ano de 1993. A DE não constitui uma doença, mas sim, uma manifestação sintomatológica de patologias isoladas ou associadas (MOURA; CERESÉR, 2002). Uma ereção normal depende do relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso, do aumento do fluxo arterial peniano e da restrição do fluxo venoso de saída (GARRAFFA, et al, 2010).A DE é a mais comum disfunção sexual que acomete homens após os 40 anos (WYLLIE, 2004), estima-se que mais de 100 milhões de homens no mundo tenham algum grau de DE. O estudo de maior relevância epidemiológica sobre o assunto, devido a sua rigorosa metodologia, foi o Massachusetts Male AgingStudy (MMAS), entre 1987 e 1989 (RIEDNER, 2010). Utilizou-se uma amostra aleatória de 1290 homens, de 40 a 70 anos, em 11 cidades randomizadas do estado de Massachusetts, EUA. Os resultados apontaram uma prevalência global deDEde 52%, sendo que 17% foram classificados como de grau leve, 25% de grau moderado e 10% de grau severo1. O trabalho também apontou um aumento da incidência de DE conforme o aumento da idade: 12,4 casos/1000 homens aos 40 anos, 29,8 casos/1000 homens aos 50 anos de idade e 46,4/1000 homens aos 60 anos (RIEDNER, 2010). Embora seja evidente o aumento dos casoscom a idade, a DE não é uma consequência inevitável do envelhecimento (SCHIAVINI, 2010). A ereção é um fenômeno hemodinâmico, dependente do relaxamento do músculo liso cavernoso e das arteríolas do corpo cavernoso, levando a um aumento do fluxo sanguíneo para o espaço sinusoidal. O aumento do fluxo arterial distende o espaço lacunar dos sinusóides, comprimindo, passivamente, as vênulas entre os sinusóides e a túnica albugínea dos corpos cavernosos. A relativa ausência de distensão da túnica albugínea resulta na veno-oclusão, que eleva a pressão intracavernosa até valores próximos à pressão arterial média, gerando uma ereção plena (CORBIN, et al, 2002). Após o estímulo sexual, o óxido nítrico (NO) é liberado por terminações nervosas parasimpáticas e pelas células endoteliais que possui as isoformas neuronal (nNOS) e endotelial (eNOS) da óxido nítrico sintase (CORBIN, et al, 2004). O óxido nítrico por ser gasoso se difunde nas células da musculatura lisa vascular no corpo cavernoso do pênis, interfere na conformação da guanililciclase solúvel tornando-a ativa e aumentando os níveis de guanosinamonofosfato cíclica (GMPc) nessas células (LOUGHNEY, et al, 1998). Esse processo leva à ativação da proteína quinase dependente de GMPc (PKG), à fosforilação de outras proteínas e à diminuição do cálcio por sequestro intracelular ou á redução da sensibilidade por cálcio via ativação de canais de potássio, o que resulta em um relaxamento da musculatura lisa (CORBIN, et al, 2004). Sabe-se que os níveis intracelulares de GMPc são regulados pelo equilíbrio entre a guanililciclase, que sintetiza GMPc e a fosfodiesterase 5 (PDE5), responsável pela degradação desse segundo mensageiro (STACEY, et al, 1998). Este processo pode ser visualizado na figura 1. As fosfosdiesterases (PDE) compreendem 11 famílias distintas de enzimas (PDE1-PDE11) que inibem a atividade dos segundos mensageiros nas células por hidrolisarem a ligação fosfodiéster do monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) e do monofosfato de guanosina cíclico (GMPc). Estes são importantes reguladores intracelulares de diversos processos, tais como motilidade do músculo liso, homeostase de eletrólitos, sinais neuroendócrinos e fototransduçãoretinal. Os inibidores de PDEs Figura 1:Rota de sinalização NO/GMPc. A figura mostra o estímulo promovendo a síntese de GMPc, seguido da sinalização intracelular dos alvos modulados por GMPc e o papel das fosfodiesterases no consumo de GMPc. Essa rota mostra o relaxamento da musculatura lisa vascular e ereção peniana através do estímulo sexual. Imagem adaptada (Selbach, B.P., 2008) podem elevar os níveis intracelulares do AMPc e GMPc, de acordo com a especificidade do substrato da PDE em particular que é bloqueada. Estes inibidores são referidos como agentes competitivos por assemelharem-se às estruturas moleculares dos nucleotídeos cíclicos, que são os substratos naturais das PDEs. As PDE5 são relativamente abundantes na musculatura lisa, incluindo vasculatura pulmonar e corpos cavernosos penianos, onde aparentemente regulam a hidrólise de GMPc que modula a vasodilatação. Além disso, sabe-se que a PDE5 possui papel importante em funções cognitivas como aprendizadoe memória (PRICKAERTS, 2004). A PDE5 é um homodímero onde cada monômero contém um domínio regulatório (R) e um domínio catalítico (C) que cataliza a quebra de GMPc para 5´GMP (CORBIN, 1999). O domínio R possui diversos subdomínios funcionais, que inclui um sítio de fosforilação (Ser-92), sítios alostéricos de ligação de GMPc (GAFs a e b), assim como contatos de dimerização. Este sítio de fosforilação da Ser-92 parece ser responsável pelo aumento na atividade de hidrólise do GMPc (RYBALKIN, 2003). A ligação alostérica de GMPc ao domínio regulatório da PDE5 aumenta a afinidade de seu sítio catalítico pelo seu substrato GMPc, estimulando a hidrólise de GMPc (BLOUNT, et al, 2004). Isso ocorre por uma mudança conformacionalcausada pela ligação de GMPc ao sítio regulatório da enzima, tendo como consequência a exposição do sítio de fosforilação da Ser-92, aumentando a atividade enzimática em decorrência do aumento de afinidade da enzima pelo seu substrato. Essa fosforilação estabiliza a atividade catalítica aumentada promovendo uma maior afinidade de ligação de GMPc ao domínio GAF-A. Este mecanismo permite que a célula prolongue a ativação de PDE5 por feedback na síntese de GMPc (CORBIN, et al, 2000). Diversos compostos que inibem a PDE5 foram sintetizados, dentre estes, sendo atualmente cinco fármacos comercializados no mercado. Após o estímulo sexual, essas Figura 2:Reação de hidrólise catalisada pela PDE5 que converte cGMP em 5’GMP. Imagem adaptada (Selbach, B.P., 2008) drogas inibem a PDE5 gerando um acúmulo de GMPc nas células dos tecidos penianos, desencadeando uma cascata que leva à ativação da PKG, a fosforilação de outras proteínas e a diminuição de cálcio celular ou à redução da sensibilidade ao cálcio, o que resulta em relaxamento da musculatura lisa. O Sildenafil foi um clássico exemplo de serendipidade. Químicos da Pfizer trabalhavam em uma nova molécula para distúrbios cardiovasculares (tratamento de angina). Durante os testes da droga, em 1994, os pesquisadores Nicholas Terrett e Peter Ellis, funcionários da Pfizer, descobriam que um de seus efeitos colaterais era o aumento da irrigação sanguínea no pênis, a partir da potencialização do óxido nítrico. Os ingleses Peter Dunn e Albert Wood conseguiram sintetizar o composto numa pílula, aprovada pelo FDA (o órgão que regulamenta medicação nos EUA), em 1998, como o primeiro remédio contra a impotência. O Sildenafil (Viagra®) foi o pioneiro dessa classe de medicamentos para o tratamento da DE que apresenta como mecanismo principal de ação a inibição da PDE5 e representou 90% das vendas como medicamento para tratar a DE. As vendas mundiais do Sildenafilexcederam US$1,5 bilhões em 2001(ROTELLA, 2002). Atualmente cinco fármacos dessa classe estão disponíveis no mercado, sendo eles, sildenafil, verdanafil, tadanafil, lodenafil e udenafil e representam única terapia medicamentosa para o tratamento de DE. Apesar de serem medicamentos que apresentam eficácia quanto à inibição da PDE5 e serem, portanto, facilitadores do mecanismo fisiológico da ereção, surge a necessidade de inibidores com perfis farmacocinéticos (melhorias relacionadas à início de ação, tempo de meia-vida, biodisponibilidade, etc) e com maior seletividade para a isoforma 5 das PDEs. Em nossos dias, diversas estratégias e táticas modernas estão disponíveis para o desenho molecular de novos fármacos. A abordagem fisiológica se baseia no mecanismo de ação farmacológico pretendido, o que fundamentalmente depende da eleição do alvo terapêutico. Essa abordagem de desenho ou planejamento da arquitetura molecular de novas moléculas candidatas a novos fármacos, baseada no mecanismo de ação, fundamenta-se no prévio conhecimento no processo fisiopatológico envolvido e na escolha correta do melhor alvo terapêutico. O composto descoberto pode ter a sua eficácia otimizada por modificações moleculares subsequentes, introduzidas de forma planejada e capazes de preservar as propriedades farmacocinéticas identificadas nos bioensaiosin vivo. Para tanto, diferentes táticas são possíveis, especialmente a avaliação da série congênere, que consiste em uma família de compostos estruturalmente semelhantes ao protótipo, permitindo, inclusive, a validação do(s) grupo(s) farmacofórico(s) (BARREIRO, 2009). O desenvolvimento de técnicas de triagem virtual representa um dos maiores avanços na atualidade de planejamento de fármacos. A triagem virtual, através de inúmeras estratégias distintas, é capaz de direcionar a seleção de moléculas com as características químicas desejadas para modular a atividade biológica dos mais diversos e atrativos alvos moleculares conhecidos na atualidade. O principal objetivo deste procedimento é aperfeiçoar o processo de investigação de novos candidatos a fármacos e abreviar o processo contínuo do seu planejamento (RODRIGUES, et al., 2012). O presente trabalho tem, portanto, o objetivo de identificar moléculas com potencial inibitório frente a PDE5, construindo um banco de estruturas químicas selecionadas a partir de descritores químicos e realizar o acoplamento molecular com o banco de estruturas frente à fosfodiesterase5 humana. Metodologia Seleção da doença A disfunção erétil (DE) é a incapacidade recorrente de obter e manter uma ereção que permita atividade sexual satisfatória, sendo a disfunção sexual que mais afeta os homens no envelhecimento. Estima-se que 50% dos homens acima de 40 anos apresentem essa disfunção. Inibidores seletivos para diferentes famílias de PDEs estão em desenvolvimento para diversas indicações.A DE traz diversos transtornos psicossociais para o indivíduo como problemas no convívio familiar, social, no ambiente de trabalho, levando a um quadro depressivo severo, e surgimento, posteriormente, de outras patologias. Inibidores de PDE5 estão sendo amplamente utilizados com sucesso para o tratamento de disfunção erétil em homens.Contudo, não sendo satisfatória a terapia medicamentosa disponível no mercado, as únicas terapias possíveis são a injeção intracavernosa de substâncias vasoativas (o que gera um desconforto muito grande para o paciente) ou o procedimento cirúrgico com o uso da prótese peniana.Como a prevalência de DEé expressiva, torna-se necessária a realização de estudos de planejamento de novas entidades químicas candidatas à inibidores de PDE5 e que apresentem melhores perfis farmacológicos. Seleção do alvo biológico Estabelecido à patologia a ser estuda e após o estudo do mecanismo molecular envolvido no desencadeamento da mesma foi possível determinar a enzima fosfodiesterase5 humana como sendo o alvo biológico a ser selecionado. Sendo assim, o site Protein Data Bank (PDB) (http://www.rcsb.org/pdb/home/home.do) foi escolhido como o banco de dados para coletar as melhores estruturas do alvo biológico visto possuir um grande número de estruturas macromoleculares 3D (120.642 estruturas, data de acesso 21/07/2016). Ao entrar no site PDB clicou-se na opção Advancedserach, em seguida em Chemical componentes selecionando a opção hasligand seguido da opção Yes.Adcionou-se a seção ChemicalMethod, seguindo as seguintes opções: Experimental Method, X-RAY, Has Experimental Data, Yes. Dando seguimento a busca, digitou-se o nome da enzima na seção MacromoleculeName: phosphodiesterase5. A pesquisa gerou uma série de estruturas cristalográficas diferentes para a PDE5, onde selecionou-se as três melhores moléculas com os menores valores de resolução Ǻ e valores R para homo sapiens, o que proporciona maior confiabilidade, sendo possível verificar com maior riqueza de detalhes as interações interatômicas presentes na estrutura cristalográfica.,sendo estas salva no formato pdb(tabela 3). Preparo de alvo biológico Dentre as três melhores estruturas no processo de seleção do alvo biológico, a que apresentou melhor perfil para o estudo (menor valor de Resolução Ǻ e valor R) foi a que possuía código do 1TBF (complexo alvo+ligante). Algumas características do alvo escolhido foram analisadas, como sendo um monômero, a quantidade de resíduos de aminoácidos que a mesma possuía, os componentes químicos presentes e composição de estruturas secundárias α-hélices e folhas β da enzima. Feito o download da estrutura, salvo-a (em formato pdb) a qual foi aberta no Programa PyMOL™ 1.7.4 para que desse início o preparo do alvo para as futuras etapas de acoplamento. No processo de preparação do alvo no PyMOL™ foi retirada as moléculas de água da estrutura, bem como os artefatos presentes, preservando os cofatores (Mg+3 e Zn+2). Ainda na preparação do alvo, seleciou-se o ligante retirando-o do alvo biológico seguindo os passos: file,savemolecule e salvou o ligante (sele) em formato pdb. Em seguida salvou- se o alvo sem o ligante no formato pdb. Desenho Estrutural e Minimização Energética de Moléculas Para a realização desta etapa, foi feita uma pesquisa no Portal de Periódicos da CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br/, data de acesso 04/08/2016) com as seguintes palavras-chave: QSAR, inhibitors, phosphodiesterase V, com um filtro incluindo os artigos completos publicados nos últimos dez anos. Selecionou-se então o artigo intitulado 3D QSAR, pharmacophoreindentificationstudieson series of 1-(2- ethoxyethyl)-1H-pyrazolo [4,3-d]pyrimidines as phosphodiesterase V inhibitors (Choudhari, Bhatia, 2015), que possuía 33 estruturas candidatas a inibidoras da PDE5 e que possuíam atividade biológica testadas (tabela 1). As 33 estruturas presentes neste artigo foram reproduzidas no programa Marvin Sketch 6.1.0, sendo salvas em estruturas 3D nos formatos: PDB FILE, SD FILE, MRV, cada uma das delas. Figura 3: Esqueleto básico das moléculas 1-9. Figura 4: Esqueleto básico das moléculas 10-33. Tabela 1: Moléculas adaptadas do artigo 3D QSAR, pharmacophoreindentificationstudieson series of 1- (2-ethoxyethyl)-1H-pyrazolo [4,3-d]pyrimidines as phosphodiesterase V inhibitors (Choudhari, Bhatia, 2015). Molécula 3D QSAR MLR 3D QSAR bykNN-MFA Obs. Act. PreAtc. Res Obs. Act. PreAtc. Res 1 1.154902 0.976007 0.178895 1.154902 1.23208 -0.07718 2 0.39794 0.335082 0.062858 0.39794 0.463477 -0.06554 3 1.154902 1.091625 0.063277 1.154902 1.22774 -0.07284 4 0.187087 0.427347 -0.24026 0.187087 0.564074 -0.37699 5 0.180456 0.329883 -0.14943 0.180456 -0.63399 0.814449 6 -0.14613 -0.42503 0.278901 -0.14613 -0.35629 0.210165 7 0.420216 0.315386 0.10483 0.420216 0.102351 0.317865 8 -0.51851 0.630618 -1.14913 -0.51851 -0.27698 -0.24153 9 -0.74036 0.204248 -0.94461 -0.74036 -0.15243 -0.58793 10 -0.41497 -0.50069 0.085718 -0.41497 -0.34802 -0.06696 11 0.05061 0.043787 0.006823 0.05061 -0.07732 0.127927 12 -0.39794 -0.12422 -0.27373 -0.39794 -0.35668 -0.04126 13 -0.07918 -0.03801 -0.04117 -0.07918 -0.2384 0.159214 14 0.119186 0.098904 0.020282 0.119186 -0.08439 0.203571 15 -0.36173 -0.27329 -0.08844 -0.36173 0.039018 -0.40075 16 0.69897 0.87657 -0.1776 0.69897 0.4781461 0.220824 17 0.142668 -0.04478 0.187449 0.142668 0.206722 -0.06405 18 -0.30103 -0.26987 -0.03116 -0.30103 -0.40652 0.105488 19 1.060481 0.885741 0.17474 1.060481 0.1778 0.882681 20 0.376751 0.61674 -0.23999 0.376751 0.220577 0.156174 21 -0.36173 -0.45437 0.09264 -0.36173 0.054078 -0.41581 22 0.107905 0.496674 -0.38877 0.107905 0.41973 -0.31183 23 0.455932 0.496674 -0.04074 0.455932 0.836395 -0.38046 24 1.958607 1.263955 0.694652 1.958607 1.65955 0.299057 25 1.154902 0.942938 0.211964 1.154902 1.27769 -0.12279 26 2.154902 2.102652 0.05225 2.154902 1.55393 0.600972 27 -0.07918 0.011897 -0.09108 -0.07918 0.058994 -0.13818 28 1.154902 1.066985 0.087917 1.154902 0.74195 0.412952 29 0.721246 0.824059 -0.10281 0.721246 0.835285 -0.11404 30 1.09691 0.756023 0.340887 1.09691 1.18131 -0.0844 31 1.09691 0.756023 0.340887 1.09691 1.18131 -0.0844 32 1.30103 1.426039 -0.12501 1.30103 1.1549 0.14613 33 1.39794 0.771842 0.626098 1.39794 -0.06902 1.466957 Fonte: Choudhari, Bhatia, 2015 Cálculo dos descritores físico-químicos e topológicos Os cálculos dos descritores físico-químicos e topológicos influenciam de forma direta nos aspectos farmacodinâmicos e farmacocinéticos, sendo assim, a utilização de filtros moleculares é essencial para guiar a seleção de moléculas promissoras. Foram utilizados dois filtros moleculares abrangentes: Regra de Lipinski (conhecida como a regra dos cinco) e a Regra de Veber (conhecida como a regra dos três). Utilizou-se para cálculo os descritores físico-químicos (CLogP) e topológicos (número de ligações rotacionáveis e área de superfície polar), além de peso molecular (PM), aceptor de ligação de hidrogênio (ALH) e doador de ligação de hidrogênio (LDH) (tabela 2). Moléculas que sofressem a partir de duas penalidades nos filtros acima foram automaticamente excluídas para as próximas etapas do estudo. Tabela 2:Critérios de exclusão para moléculas bioativas analisando os descritores físico-químicos e topológicos. Regra de Lipinski Regra de Veber 1Os valores de IC50 da atividade inibidora foram convertidos para os correspondentes pIC50 (log 1 / IC50) e usado como dependente variáveis no 3D-QSAR. Log P < 5 < 10 ligações rotacionáveis HBA < 10 PSA < 140 Å2 HBD < 5 < 12 HBA + HBD PM < 500 da ---- Fonte: Autor, 2016. Predição de toxicidade e inibição de enzimas do CYP450 utilizando a plataforma OCHEM A realização desta etapa é para avaliar o potencial mutagênico das moléculas do banco de dados (Teste de Ames), bem como a inibição dessas moléculas frente ao conjunto de enzimas do CYP450. Para isto, foi utilizado a plataforma Online ChemicalDatabase (OCHEM) (v.2.4.54). No OCHEM foram determinadas as predições desejadas contendo o teste de Ames e a inibição frente às famílias do CYP 450 (CYP3A4, CYP2D6, CYP2C19, CYP2C9, CYP1A2). Os resultados estão expressos na tabela Y juntamente com os resultados dos cálculos dos descritores físico-químicos e topológicos. As moléculas que apresentaram resultado “ativo” para o Teste de Ames foram excluídas das etapas seguintes. Acoplamento molecular de moléculas bioativas e Interações intermoleculares Para a realização desta etapa foram utilizados os programas Autodook Tools v.1.5.6, AutodookVina v.1.5.6 e o Pymol v.1.7.4., e a plataforma Protein- LigandInteraction Profiler (PLIP). Inicialmente o receptor previamente preparado (sem moléculas de água, sem ligante e sem artefatos) foi utilizado para definição do espaço de procura Grid Box utilizando o programa Autodock Tools, onde foi adicionado o ligante para que se pudesse definir o sítio ativo do receptor, deslocando o centro do espaço de procura para o centro da massa da estrutura do ligante cristalográfico. Definido o espaço de interação do ligante com o receptor foi criado um bloco de notas com as coordenadas definidas da Grind Box, para que se possa fazer o cálculo de energia entre as moléculas aprovadas nos filtros das etapas anteriores com o receptor no programa AutodockVina. Cada cálculo produziu um arquivo 1.txt (valores de energia) e um arquivo 1_out.pdpqt (geometria de ligação). Em seguida, as moléculas salvas em formato _out.pdbqt foi abertas no programa Pymol afim que se analisasse os modos de ligação produzidos. Com os valores de energia obtidos pelo AutodockVina foram selecionadastrês moléculas que apresentaram melhor energia de afinidade (menores valores), que em seguidas foram submetidas à plataforma PLIP, que gera os resíduos que participam das interações das moléculas com o receptor bem como a natureza dessas interações. Resultados e Discussão Esta pesquisa foi realizada no intuito de apurar se moléculas que possuíam atividade inibitória frente à fosfodiesterase5 humana bem como o estudo do comportamento dessas moléculasao interagir com a PDE5 que hidrolisa o GMPc e assim diminui o relaxamento da musculatura lisa peniana dificultando o processo de ereção masculina. A procura pelas melhores estruturas cristalográficas da PDE5 humana foi através da plataforma PDB, onde foi selecionado três estruturas com melhores resoluções e que o domínio catalítico estivesse complexado com o ligante, apresentadas na tabela abaixo. Tabela 3: Três melhores estruturas de fosfodiesterase5 humana de acordo com resolução cristalográfica conforme dados do Protein Data Bank (PDB). Código PDB Resolução Ǻ Valor R 1TBF 1,30 0,185 1XOZ 1,37 0,152 1XPO 1,79 0,193 Fonte: Autor, 2016 A estrutura cristalográfica do PDB que apresentou melhor resolução foi a com código 1TBF, sendo esta, portanto, escolhida como objeto de estudo para o acoplamento molecular estudado. Figura 5: Domínio catalítico do alvo biológico 1TBF preparado em 3D. Composições de estruturas: primárias – alças (verde); secundárias: α-hélices (vermelho). Figura 6:Superfície de interação do ligante com o receptor. As 33 moléculas desenhadas no programa MarvinSketch 6.1.0. e retiradas do artigo intitulado 3D QSAR, pharmacophoreindentificationstudieson series of 1-(2- ethoxyethyl)-1H-pyrazolo [4,3-d]pyrimidines as phosphodiesterase V inhibitors (Choudhari, Bhatia, 2015) foram submetidas aos filtros dos cálculos de descritores físico-químicos e topológicos de Lipinski e Veber, com os resultados descritos na tabela 4. Tabela 4: Parâmetros físico-químicos e topológicos das moléculas em estudo Composto HBA HBD HBA + BHD Lig_Rotac. PSA(Ų) PM(g/mol) LogP Filtro 1 7 2 9 8 84,71 395,511 3,31 Aprovada 2 7 2 9 7 97,60 368,445 1,85 Aprovada 3 7 2 9 8 97,60 396,499 2,69 Aprovada 4 7 2 9 7 97,60 396,499 2,12 Aprovada 5 7 2 9 8 97,60 410,526 2,82 Aprovada 6 7 2 9 8 97,60 410,526 3,20 Aprovada 7 7 2 9 7 97,60 396,499 2,50 Aprovada 8 7 2 9 8 97,60 410,526 3,20 Aprovada 9 7 2 9 8 97,60 410,526 3,20 Aprovada 10 9 2 11 8 96,26 425,541 2,33 Aprovada 11 9 2 11 9 96,26 439,568 3,03 Aprovada 12 8 3 11 9 109,63 439,568 3,07 Aprovada 13 8 3 11 9 109,63 439,568 3,07 Aprovada 14 8 3 11 9 109,63 439,568 2,71 Aprovada 15 8 4 12 9 118,42 425,541 2,19 Aprovada 16 8 4 12 10 118,42 439,568 2,89 Aprovada 17 8 4 12 10 106,25 453,595 3,27 Aprovada 18 8 4 12 11 106,25 467,622 3,63 Penalidade Veber 19 8 3 11 10 97,46 467,622 3,21 Aprovada 20 7 3 10 10 106,39 438,580 3,22 Aprovada 21 8 3 11 8 120,66 425,541 1,70 Aprovada 22 8 4 12 10 118,42 439,568 2,65 Aporvada 23 8 4 12 10 118,42 439,568 2,65 Aprovada 24 8 4 12 11 118,42 453,595 3,35 Penalidade Veber 25 8 3 11 9 120,66 439,568 2,16 Aprovada 26 8 3 11 10 120,66 453,595 2,86 Aprovada 27 9 3 12 9 111,04 426,525 2,50 Aprovada 28 9 3 12 10 113,25 454,579 2,96 Aprovada 29 9 3 12 9 136,11 453,551 1,75 Aprovada 30 9 3 12 10 136,11 467,578 2,45 Aprovada 31 9 3 12 10 136,11 467,578 2,61 Aprovada 32 10 2 12 9 133,15 454,535 2,56 Aprovada 33 10 2 12 10 133,15 468,562 3,26 Aprovada Azul:Penalidade Regra de VeberFonte: Autor: 2016 Nenhuma molécula foi reprovada pelos filtros, apenas as moléculas 18 e 24 sofreram uma penalidade na Regra de Veber, ambas possuem acima de 10 ligações rotacionáveis, porém essa penalidade não é suficiente para a eliminação das mesmas, pois o critério de exclusão prever o mínimo duas penalidades para um mesmo composto. A etapa seguinte do estudo é referente ao teste de Ames e a inibição enzimas do Citocromo P450. O teste de Ames detecta mutações gênicas e é comumente utilizado na determinação da capacidade mutagênica de grande variedade de substâncias químicas e misturas complexas.Este ensaio biológico faz utilização de cepas bacterianas, a exemplo da Salmonellatyphimurium, que são dependentes da histidina. A mutagenicidade é avaliada de acordo com a quantidade de colônias de bactérias que cresceram na placa contendo um meio deficiente de histidina e tendo a adição da molécula de interesse.Em relação aos Citocromos P450, é conhecido que são uma família de enzimas que participam de forma ativa da catálise de metabolização tanto de substâncias endógenas quanto exógenas (SUSHKO, 2010). Foram utilizadas todas as moléculas do estudo inicial, visto que nenhuma delas foram eliminadas nos filtros de parâmetros físico-químicos e topológicos e para a realização desse teste foi utilizada a plataforma OCHEM como fonte de dados. Com os resultados obtidos foi possível analisar quais moléculas foram ativas para o teste de Ames, ou seja, tem capacidade de sofrer mutagenicidade, e fazer a eliminação das mesmas, preservando as moléculas inativas que serão utilizadas para a continuidade do estudo (tabela 5). Tabela 5: Resultado de estudo de mutagenicidade por meio do teste de Ames e inibição de CYP450 Composto Teste de Ames Inibição CYP450 1* Ativo CYP3A4,CYP2D6,CYP2C9 2* Ativo CYP2D6 3 Inativo CYP3A4,CYP2D6,CYP2C9 4 Inativo CYP3A4,CYP2D6 5 Inativo CYP3A4,CYP2D6,CYP2C19 6 Inativo CYP3A4,CYP2D6,CYP2C19 7 Inativo CYP3A4,CYP2D6 8 Inativo CYP3A4,CYP2D6,CYP2C19 9 Inativo CYPP3A4,CYP2D6,CYP2C19 10* Ativo CYP2D6 11* Ativo CYP3A4,CYP2D6 12* Ativo CYP2D6 13* Ativo CYP2D6 14* Ativo CYP3A4,CYP2D6 15* Ativo CYP2D6 16 Inativo CYP2D6 17* Ativo CYP3A4,CYP2D6 18* Ativo CYP3A4,CYP2D6 19* Ativo CYP3A4,CYP2D6 20* Ativo CYP2D6 21* Ativo CYP2D6 22* Ativo CYP3A4,CYP2D6 23* Ativo CYP3A4,CYP2D6 24* Ativo CYP3A4,CYP2D6 25* Ativo CYP3A4,CYP2D6 26* Ativo CYP3A4,CYP2D6 27* Ativo CYP3A4,CYP2D6 28* Ativo CYP3A4,CYP2D6 29* Ativo Não inibe 30* Ativo CYP3A4,CYP2C19,CYP2C9 31* Ativo CYP3A4,CYP2C19,CYP2C9 32* Ativo Não inibe 33* Ativo Não inibe “*”Composto eliminado Vermelho: composto mutagênico Fonte: Autor, 2016. Com base nos resultados da tabela 5 foi possível a eliminação de um grande número de moléculas que apresentaram mutagenicidade por meio do teste de Ames, sendo apenas os compostos 3-9 e o composto 16 que passarem pelo teste, sendo assim, portanto, essas moléculas candidatas para o prosseguimento do estudo seguindo para a fase de acoplamento molecular. Contudo, essas moléculas candidatas para a próxima fase de estudo apresentaram todas elas inibição de algumas isoformas do CYP450, sendo um dado importante para a análise de interações medicamentosas com outros fármacos em estudos futuros. O acoplamento molecular é um método que prevê a orientação preferencial de uma molécula a uma segunda, quando ligados entre si para formar um complexo estável (LENGAUER; RAREY,1996).O conhecimento da orientação preferida por sua vez pode ser utilizado para prever a força de associação ou a afinidade de ligação entre duas moléculas, por exemplo, utilizando funções de scoring. Na aplicação da técnica de acoplamento molecular tem como objetivo alcançar duas finalidades distintas: primeiramente, prever a melhor orientação estrutural do ligante em relação ao receptor(tabela 6), e posteriormente, obter uma precisa previsão e pontuação da afinidade de ligação (KITCHEN, et al., 2004) (tabela 7). No estudo deacoplamento foram gerados valores para o Grid Box direcionado o sítio de ancoragem molecular para identificação das dimensões do local onde o ligante cristalográfico está ligado. Tabela 6: Dados gerados no Grind Box Size Coordenadas X Y Z 16 14 12 Center 29.169 30.409 64.925 Fonte: Autor, 2016. Tabela 7: Valores de energia de afinidade dos compostos estudados Composto Afinidade (kcal/mol) 3 -7,8 4* -8,3 5 -8,1 6 -7,7 7* -8,5 8* -8,2 9 -8,0 16 -8,2 “*” moléculas com menores valores de energia. Fonte: Autor, 2016 Sendo assim, analisando a tabela 7 foi possível identificar que os compostos 4 (figura 7) ,7(figura 8) e 8 (figura 9) apresentaram melhores valores de energia (valores mais baixos). O AutodockVina calcula nove possíveis interações entre o ligante e o alvo. O composto 8 e o composto 16 apresentaram a primeira energia de afinidade com o receptor iguais, contudo, o critério para a escolha foi analisar o segundo valor de energia entre elas, onde o composto 8 apresentou uma segunda energia de afinidade menor do que o composto 16, sendo então o composto escolhido para a fase de desenvolvimento do mapa de interações. Ao final de todo o processo de escolha do alvo biológico, preparação do receptor, aplicação de filtros para o critério de escolha das moléculas mais promissoras e por fim, a obtenção dos valores de energia de afinidade das três melhores moléculas que foram aprovadas em todas as fases desse estudo (valores de IC50 descritos na tabela 1), seguiu-se então para a parte final do estudo, que é o desenvolvimento do mapa de interações dos compostos escolhidos com o alvo biológico através do acoplamento molecular. Assim, com os resultados das interações moleculares destes compostos é possível identificar quais ligações são relevantes para que haja atividade inibitória frente a PDE5. A caracterização dessas interações pode fornecer informações úteis para o entendimento do modo de inibição e modulação de novas entidades químicas, desenvolvimento de novas moléculas bioativas e otimização de moléculas lideres (SALENTIN et al., 2015). Os mapas de interações dos compostos 4, 7 e 8gerados na plataformaPLIP foram salvam no Pymol e podem ser visualizadas nas figuras 10, 11 e 12. Os mapas de interação do domínio catalítico da PDE5 com as moléculas do estudo revelaram que os compostos interagem com a enzima tanto através de ligação de hidrogênio com resíduos envolvidos na ligação de nucleotídeos, através de resíduos hidrofóbicos alinhados no canal do sítio ativo ou com íons metálicos mediados por moléculas de água. Esses mecanismos de ligação têm despertado a curiosidade de pesquisadores a buscarem novos possíveis inibidores para as fosfosdiesterases. Figura 1: Estrutura química molécula 4. Figura 8:Estrutura química molécula 7. Figura 9: Estrutura química molécula 8. Para a facilidade do entendimento das interações dos mapas gerados no PLIP, foi criada uma tabela (tabela 8) dos resíduos que participam das interações ligante-receptor, onde estão dispostos a estrutura química de cada um deles, a fim de melhorar a compreensão das ligações intermoleculares dispostas nos mapas de interações para cada composto. Tabela 8: Lista de siglas de aminoácidos e suas respectivas estruturas químicas. Sigla Aminoácido Estrutura Química Sigla Aminoácido Estrutura Química Phe Fenilalanina Tyr Tirosina Val Valina Ala Alanina Ile Isoleucina Gln Glutamina Legenda: vermelho: cadeia lateral apolar; azul: cadeia lateral polar não carregada (tendem a formar ligação de hidrogênio). Fonte: Autor, 2016. O primeiro mapa a ser analisado será o mapa de interação do composto 4 com o domínio catalítico da PDE5. Os resíduos que participam da interação do ligante com o receptor são: Phe-786, Phe-820, Val-782, Thy-612, Ile-768, Ile-778 e Ala-767. Como observado na tabela 8, a Phe é um aminoácido apolar, que possui um anel aromático na sua cadeia lateral e por esse motivo, faz ligações do tipo hidrofóbica com o ligante em questão. A Phe-820 faz uma ligação π-stacking paralela a uma distância 4,48Åcom o anelpiridina, que devido à orientação (paralela) e uma menor distância, acaba sendo uma ligação mais forte comparada com a Phe-786, que também faz uma ligação com o mesmo anel, porém do tipo π-stacking perpendicular (interação mais fraca) a uma distância 4,97Å. Os aminoácidos Val-782, Ile-778 e Ala-767, também são resíduos que possuem a sua cadeia lateral hidrofóbica e, portanto, fazem interações do tipo hidrofóbicas com o grupamento metila da cadeia ramifica do ligante, nas distâncias 3,74Å, 3,91Å e 3,97Å respectivamente. A Tyr-612, devido a sua estrutura química, faz dois tipos de interações com o ligante: ligação do tipo π-stacking perpendicular com o anel pirazolopirimidina, a uma distância de 5,03Å, e uma vez que possui uma cadeia lateral polar, faz ligação de hidrogênio do tipo doador, entre da hidroxila presente em sua estrutura e o nitrogênio do anel pirazolopirimida do ligante, que possui 3 pares de elétrons livres, a uma distância de 3,04Å. A última interação presente neste mapa é do resíduo Ile-768 que na sua estrutura possui um grupamento amina fazendo 4 ligações e adquirindo carga parcial positiva (-NH3 +), e sendo assim, faz ligação de hidrogênio com o Oxigênio da cadeira ramificada do ligante que possui 2 pares de elétron livres. O próximo mapa a ser analisado é o mapa de interação do composto 7 com o receptor. Os aminoácidos envolvidos nas interações são: Ala-767, Ile-778, Val-982, Tyr-612, Gln-775, Phe-786. Os resíduos Ala-767, Ile-778 e Val-982 devido as cadeias laterais apolares fazem ligações do tipo hidrofóbica com a metila da cadeira ramificada do ligante 7 nas respectivas distâncias 3,95Å, 3,74Å e 3,72Å. A Gln-775 e a Tyr-612, ambos são resíduos que fazem ligações de hidrogênio com o ligante. A Gln-775 na sua cadeia lateral polar possui uma amina carregada positivamente (-NH3 +) que participa como grupo aceptor na ligação com o oxigênio da cadeia ramificada do ligante (oxigênio=grupo aceptor) que possui distância de 4,08Å. A Tyr-612 possui na estrutura polar uma hidroxila (grupo doador) que se liga com o nitrogênio do anel pirazolopirimidina (grupo aceptor) através de ligação de hidrogênio sob uma distância Figura 10: Mapa de interação da molécula 4 e receptor. Legenda: tracejado verde claro: ligação π-stackingparelela; tracejado verde escuro: ligação π stacking perpendicular; linha azul: ligação de hidrogênio; pontilhado: ligação hidrofóbica. de 3,03Å. O resíduo Phe-786 faz uma ligação π- stackingperpendicular com o anel piridina a uma distância de 5,20Å. O mapa de interação do composto 8 mostra algumas diferenças de interação com os resíduos em comparação com os mapas gerados dos compostos 4 e 7. Neste mapa são visualizados apenas dois tipos de interações moleculares. Os aminoácios Ala-767, Ile-778 e Val-782 fazem interações do tipo hidrofóbicas com a metila da cadeia ramificada do ligante 7. A Tyr-612 faz ligação de hidrogênio com o anel pirazolopirimidina, de forma que atua como doador de elétrons e o nitrogênio do anel ao qual se liga atua como grupo aceptor de elétrons. Figura 12: Mapa de interação da molécula 8 e receptor. Legenda: tracejado verde claro: ligação π-stackingparelela; tracejado verde escuro: ligação π stacking perpendicular; linha azul: ligação de hidrogênio; pontilhado: ligação hidrofóbica. Figura 11: Mapa de interação da molécula 7 e receptor. Legenda:; tracejado verdeescuro: ligação π stacking perpendicular; linha azul: ligação de hidrogênio; pontilhado: ligação hidrofóbica. Contudo, diferentemente dos compostos 4 e 7, o mapa de interação do composto 8 mostrou que o mesmo não faz interação hidrofóbica do tipo π com nenhum resíduo do sítio ativo. Uma hipótese para essa questão é que no acoplamento molecular do composto 8 ele adote uma conformação diferente dos outros compostos do estudo e por isso não faça interação do tipo π com os resíduos do sítio ativo. Conclusão A disfunção erétil é a incapacidade recorrente de obter e manter uma ereção que permita atividade sexual satisfatória, sendo a disfunção sexual que mais afeta os homens no envelhecimento. Os inibidores da PDE5 tem provado serem eficazes para o tratamento de DE, sendo também única terapia farmacológica disponível no mercado. A PDE5 é a principal enzima envolvida no mecanismo de ereção peniana, sendo o foco dos estudos para o desenvolvimento de novos inibidores da mesma. No entanto, um maior entendimento da topologia do bolsão catalítico da PDE5 será de extrema importância para o desenvolvimento de drogas mais seletivas. A utilização de métodos computacionais tem função importante neste procedimento, pois consegue trazer detalhes dos compostos em estudo, bem como das interações e do acoplamento realizadas entre os ligantes e o alvo biológico. Contudo, deve-se levar em consideração que a biologia não é uma ciência exata, o que torna os experimentos computacionais e seus respectivos descritores susceptíveis a erros. A modelagem molecular consiste em um conjunto de ferramentas para a construção, edição e visualização, análise e armazenamento de sistemas moleculares complexos, sendo uma alternativa favorável para o desenvolvimento de novos fármacos, permitindo um ganho de custo e tempo nas etapas de planejamento. Através desse estudo foi possível visualizar o mapa de interação de moléculas candidatas a inibidores da PDE5 e seu comportamento frente ao alvo farmacológico, facilitando o entendimento dos resíduos importantes no sítio catalítico e que merecem atenção particular no desenvolvimento de novos inibidores. Como descrito anteriormente, o domínio catalítico da família das fosfosdiesterases é muito parecido entre as isoformas, apenas algumas sequências de aminoácidos diferem entre elas o que explica os efeitos adversos causados pelos inibidores da PDE5. Sugere-se, portanto, um estudo de alinhamento de sequências primárias entre as isoformas de fosfosdiesterases (em especial PDE5, PDE6 e PDE9,isoformas que hidrolisam seletivamente o GMPc), a fim de identificar os resíduos que as diferem e com isso possibilitar o desenvolvimento de moléculas mais seletivas e com melhores perfis farmacológicos. Referências BARREIRO, Eliezer J. Química Medicinal: as bases moleculares da ação dos fármacos. 2ª ed. Dados eletrônicos. Porto Alegre. Artmed, 2008. BLOUNT, M. A. ZORAGHI, R. SEKHAR, K. R. BESSAY, P. B. FRANCIS, S. H. CORBIN, J. D. BindingofTritiatedSildenafil, Tadalafil, orVardenafiltothe Phosphodiesterase-5 Catalytic Site Displays Potency, Specificity, Heterogeneity, andcGMPStimulation. Mol Pharmacol. 2004. n. 66. p.144-152. CORBIN, J. D. FRANCIS, S. H. Cyclic GMP Phosphodiesterase-5: Target ofSildenafil. J BiolChem. 1999; n. 247. p.13728-13732. Corbin JD, Turko IV, Beasley A and Francis SH. PhosphorylationofPhosphodiesterase- 5 bycyclicnucleotide-dependentproteinkinasealters its catalyticandallostericcGMP- bindingactivities. Eur J Biochem. 2000. n. 267. p.2760-2767. CORBIN, J. D. FRANCIS, S. H. WEBB, D. J. Phosphodiesterasetype5 as a pharmacologicTarget in ErectileDysfunction.Rev. Urology. 2002; n. 60. p.: 4-11. CORBIN, J. D. BEASLEY, A. BLOUNT, M. A. FRANCIS, S. H. Vardenafil: structuralbasis for higherpotency over sildenafil in inhibitingcGMP- specificphosphodiesterase 5 (PDE5). Neurochem Int. 2004. n. 45. p. 859-863. GARAFFA, G. RALPH, D. Male sexual function. In: Mundy AR, Fitzpatrick JM, NealDE, et al. The scientificbasisofurology. 3ª ed. London: Informa Healthcare; 2010. p.300. KITCHEN, D.B, et al. Dockingandscoring in virtual screening for drugdiscovery: methodsandapplications. Naturereviews. Drugdiscovery, v. 3, n. 11, p. 935-949, 2004. LENGAUER, T; RAREY, M. Computationalmethods for biomolecular docking. CurrentOpinion in StructuralBiology, v. 6, n. 3, p. 402–406, 1996. LOUGHNEY, K. HILL, T. R. FLORIO, V. A. UHER, L. ROSMAN, G. J. WOLDA, S. L, et al. IsolationandcharacterizationofcDNAsencoding PDE5A, a humancGMP- binding, cGMP-specific3´,5´-cyclic nucleotidephosphodiesterase. Gene. 1998. n.216: 139-147. MARVIN 5.10.0, version 5.10.0, ChemAxon, 2012. MOURA, L. R., CERESÉR, K. M. M. Aspectos farmacológicos do citrato de sildenafila no tratamento da disfunção erétil. RevBras Med. 2002. v.59. n.4. p.265-75. Disponível em: http://www. moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1877. PRAFULLA, C. MANISH, B. 3D QSAR, pharmacophoreindentificationstudieson series of 1-(2-ethoxyethyl)-1H-pyrazolo[4,3-d]pyrimidines as phosphodiesterase V inhibitors. Journal of Saudi ChemicalSociety ,2015, v.19, p.265–273 PRICKAERTS, J. SIK, A. VAN STAVEREN, W. C. KOOPMAN, G. STEINBUSCH, H. W. VAN DER STAAY, F. J., et al. Phosphodiesterasetype 5 inhibition improves earlymemoryconsolidationofobjectinformation. Neurochem Int. 2004. n 45. p 915-928. PYMOL 1.7. The PyMOL Molecular Graphics System, version 1.1, Schrödinger, L.L.C., 2008. RIEDNER, C. E. Avaliação do efeito da obesidade na associação entre doença cardíaca isquêmica e disfunção erétil [Tese]. Porto Alegre: Programa de Pós- Graduação em Medicina - Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS); 2010. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25115/000751947.pdf?sequence=1. RODRIGUES, R.P, et al., Estratégias de Triagem Virtual no Planejamento de Fármacos. Rev. Virtual Quim., v. 4, n. 6, p. 739-776, 2012. ROTELLA, D. Phosphodiesterase5Inhibitors: Current Status and Potencial Applications. NatureReview. 2002. n.1. 647-682. RYBALKIN, S. D. YAN, C. BORNFELDT, K. E. BEAVO, J. A. Cyclic GMP phosphodiesterasesandregulationofsmoothmusclefunction. Circ Res. 2003; n. 93. v.4. p. 280-291. SALENTIN, S. et al. PLIP: fullyautomatedprotein-ligandinteractionprofiler. NucleicAcidsresearch. v. 43, n.1, p.443-447, 2015. SCHIAVINI, J. L. DAMIÃO, R. Abordagem da disfunção erétil. RevHospUniv Pedro Ernesto. 2010. v.9. p.48-59. Disponível em: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=253. SELBACH, B. P. Domínio catalítico da enzima fosfodiesterase5 humana: síntese da região codificantte, clonagem, expressão e purificação. [Tese]. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular. Pontifícia Faculdade Católica do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biociências. Março, 2008. STACEY, P. RULTEN, S. DAPLING, A. PHILLIPS, S. C. Molecular Cloningand Expression ofHumancGMP-specificPhosphodiesterase (PDE5). BiochemBiophys. Res Commun. 1998. v. 247. p.249-254. SUSHKO, I. Applicabilitydomainof QSAR models. Dissertação - Universidade Técnica de Munique. 2011. SUSHKO I, et al. Online chemicalmodelingenvironment (OCHEM): web platform for data storage, modeldevelopmentandpublishingofchemicalinformation. J ComputAided Mol Des. v. 25, n. 6, p. 533-54. 2011. WYLLIE, M. As drogas e o sistema genitourinário. In: Page C, Curtis M, Sutter M, et al. Farmacologia integrada. 2a ed. Barueri: Manole; 2004. p.495-501.
Compartilhar