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Crase Obrigatória Para nomes femininos com artigos: “Fui à escola”. Aquele(s)/ a + aquela(s)/ aquilo: “Entreguei o caderno àquela mulher”. Para locuções adverbiais femininas do tipo: “Às cegas”; “À noite”; “Às pressas”. Com a palavra moda subentendida: “Camarão à baiana”. Antes de horas: “Sairei às 15h”. Crase Optativa Com pronomes possessivos: “Irei à sua casa” ou “Irei a sua casa”. Com nomes próprios de mulher: “Devolva o livro à Giovana” ou “Devolva o livro a Giovana”. Crase Proibida Para nomes masculinos: “Amor a Deus”. Antes de verbos: “Saiu a vigiar”. Antes de pronomes pessoais: “Dirigiu-se a ele”. Antes de pronomes de tratamento: “Dei a Vossa Majestade”. Entre palavras repetidas: “dia a dia”, “cara a cara”. Dicas Observe algumas dicas para verificar se há ocorrência de crase ou não: 1. Quando estiver em dúvida se há crase ou não antes de uma palavra feminina, basta trocá-la por uma masculina. Se ao trocar, a preposição AO for utilizada, isso indica que ocorre a crase com a palavra feminina. Veja o exemplo: Obedeça às mães. (Obedeça AOS pais.) – apareceu AOS, crase no A. Entreguei a carta. (Entreguei O cartão.) – não apareceu AO, não ocorre crase. 2. Quando você estiver em dúvida sobre se deve ou não utilizar a crase antes do nome de uma cidade, basta colocar em prática a seguinte regra: Vou A volto DA, crase no À -> Vou à Itália, volto da Itália Vou A, volto DE, crase para quê? -> Vou a São Paulo, volto de São Paulo Não confunda a crase: Muitas vezes a crase pode ser confundida com o artigo “a”, preposição e pronome oblíquo. Então, vamos rever as diferenças: O artigo sempre estará indicado antes de substantivos femininos, como em: “A mulher brincava com a boneca”. Já a preposição “a” pode indicar outras possibilidades: Tempo futuro: “Daqui a pouco ela chega”; Distância: “Moro a dois quilômetros daqui”; Antes do verbo no infinitivo: “Continue a brincar sozinho”; Antes de masculinos: “Peço a José que me ajude”; Antes de pronomes em geral: “Dei a quantia a ela”; E o pronome oblíquo, será correspondente a ela ou você, veja: “Eu a encontrei ontem”; Verbo haver e a preposição “a” E já que estamos falando das diferenças entre a crase e outros termos das frases e orações, inclui mencionar sobre o verbo haver em relação a preposição “a”. Veja as diferenças de sentido e de contexto: - Indicando tempo passado (faz). Ex.: O mundo era melhor há cinco anos. - Significando “existe(m)”. Ex.: Há muitos alunos no pátio. - Indicando tempo futuro. Ex.: Ela sairá daqui a pouco. - Indicando distância. Ex.: Ela mora a dois quilômetros daqui. Apesar das divergências que ainda existem, o acordo proporcionou a mudanças de algumas regrinhas, principalmente no que diz respeito à acentuação de palavras paroxítonas (o que gerou a propagada “ideia” que não há mais acento) e ao hífen. Veja a seguir: Acentuação dos ditongos das palavras paroxítonas Some o acento dos ditongos (quando há duas vogais na mesma sílaba) abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte): ideia, boia, europeia, assembleia, joia. Já as palavras oxítonas como herói e papéis mantêm o acento. Acento circunflexo em letras dobradas Desaparece o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo: creem, voos, enjoo, leem. Acento agudo de algumas palavras paroxítonas Some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas: feiura. Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: Piauí Acento diferencial Some o acento diferencial (aquele utilizado para distinguir timbres vocálicos): pêlo -> pelo; pára -> para. Não some o acento diferencial em: pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Hífen O hífen não será mais utilizado quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente: extra-escolar -> extraescolar aero-espacial -> aeroespacial auto‐escola -> autoescola Usa‐se o hífen quando o prefixo e o segundo elemento juntam‐se com a mesma vogal: auto‐observação / micro‐ondas neo-ortodoxo / sobre-elevação / anti-inflamatório Os prefixos co, pre e re juntam‐se ao segundo elemento: cooperação, preestabelecer e reescrita. Usa‐se o hífen com os prefixos EX, VICE, PRÉ, PRÓ e PÓS: ex‐presidente, vice-rei, pré‐escolar, pró-ativo, pós-cirúrgico. Usa‐se o hífen se a consoante do final do prefixo for IGUAL à do início do segundo elemento: inter‐racial / super‐revista / hiper‐raquítico / sub‐brigadeiro Quando o segundo elemento começa com s ou r, estas consoantes devem ser duplicadas: anti‐religioso -> antirreligioso ultra‐secreto -> ultrassecreto contra‐regra -> contrarregra ultra-som -> ultrassom Usa‐se o hífen quando o prefixo termina em R, B ou VOGAL e o segundo elemento começa com H: super‐homem, sub‐humano, anti‐herói. Extinção do trema Desaparece em todas as palavras: freqüente -> frequente lingüiça -> linguiça seqüestro -> sequestro Inclusão de três letras no alfabeto Passa a ter 26 letras, ao incorporar as letras K, W e Y. Dicas sobre Verbos: regulares, irregulares e auxiliares Desde muito cedo, aprendemos na escola que - para a gramática normativa - os verbos são palavras que indicam ações que fazemos no nosso dia a dia. Para formar orações, são necessários verbos. Para criar sentenças, textos, imperativos e desejos, são necessários os verbos. Eles fazem parte da nossa linguagem plena, seja no modo formal ou informal da fala e da escrita. Dito isto, podemos seguramente dizer que, de fato, "no princípio era o verbo", pois é uma categoria gramatical essencial para a comunicação humana, se não em qualquer língua, pelo menos na imensa maioria delas... Em português, diversos são os tipos de verbos: regulares, irregulares, auxiliares, abundantes, anômalos, defectivos. As principais conjugações verbais (formas de "dizer" o verbo) são aquelas terminadas em - ar, -er e -ir. Veja alguns desses tipos verbais. Verbos regulares É comum utilizar diversos tipos de verbos no cotidiano. Os verbos regulares, por exemplo, são aqueles que não variam o radical ou sua desinência. Ou seja, a "base ou eixo da palavra" (que a gramática chama de "radical") continua intacta. O verbo dançar é um exemplo: o radical é "danç" e este se mantém inalterado, independente da conjugação que se deseje expressar. Observe a conjugação no tempo presente: eu danço/ tu danças/ ele dança/ nós dançamos/ vós dançais/ eles dançam. Perceba que o radical não muda, mas o que vem depois desse radical indica, chamado de desinência (parte da palavra, geralmente uma ou duas letras), indica o tempo (danç-a -> presente), a pessoa (danç-o -> primeira pessoa do singular ‘eu’), entre outros aspectos. Verbos irregulares Os verbos irregulares, por sua vez, sofrem alterações em suas desinências e no radical, saindo do tradicional e do usual. Não há uma fórmula prática que indique de que tipo é o verbo, é preciso observar o contexto e conhecer um pouco a "origem" da palavra verbal. Conforme a prática e o treino, além do uso constante de verbos e seus tempos verbais, fica mais fácil definir se o verbo é regular ou não. Veja o exemplo abaixo da conjugação do verbo ‘fazer’ no pretérito perfeito: eu fiz/ tu fizeste/ ele fez/ nós fizemos/ vós fizestes/ eles fizeram. Perceba que o radical mudou completamente ("faz-er" -> f-iz). Verbos auxiliares Os verbos auxiliares são bem utilizados pelas pessoas na língua falada, porque são aqueles que constituem as locuções verbais ou os tempos compostos.O verbo principal da oração, quando acompanhado do auxiliar, pode vir na forma de gerúndio, particípio ou infinitivo. Por exemplo: “Estou chegando em casa” ou “Fui anexar e me distraí”. Verbos defectivos Já os verbos defectivos, por outro lado, são aqueles que não possuem uma conjugação completa, em todos os pronomes. Podem ser tanto impessoais, pessoais ou unipessoais. • Os impessoais são utilizados, na maioria das vezes, na terceira pessoa do singular. Eles não têm o sujeito. Como o verbo haver, no sentido de existir, os verbos que indicam fenômenos da natureza, o verbo fazer quando indica tempo, • Os unipessoais têm sujeito, mas apenas são conjugados na terceira pessoa do singular ou do plural. Os verbos importar, doer e ser podem ser considerados verbos afectivos. • Os verbos pessoais são aqueles que podem trazer mal-entendidos nos contextos, por isso, não apresentam certas flexões, como verbo falir, que na sua conjugação do presente ficaria ‘eu falo’, confundindo com o verbo ‘falar’. Verbos anômalos Os verbos anômalos não deixam de ser verbos irregulares, uma vez que possuem mais de um radical na conjugação dos tempos verbais, como acontece com o verbo pôr, que pode ser conjugado como ‘ponho’, ‘pôs’, ‘punha’ e ‘pus’. Verbos abundantes Também há na Língua Portuguesa os verbos abundantes, que são aqueles que podem ser duplos, mas representarem o mesmo "valor", isto é, o mesmo “significado”. Exemplo clássico é o verbo "haver", que no passado se grafava havemos e hemos. Geralmente, as formas verbais abundantes mais se verificam no particípio, tais como os verbos anexar (anexo/anexado), aceitar (aceito/aceitado), desenvolver (desenvolvido/desenvolto), erigir (erigido/erecto), entre diversos outros. O radical permanece o mesmo, na maioria dos verbos abundantes. Reconhecimento dos termos da oração Na oração pode haver muitos termos. São eles: Sujeito: é identificado com o questionamento de “quem é que”. O sujeito pode ser simples (único núcleo), composto (mais de um núcleo), oculto (quando é a partir da desinência verbal que você encontra o sujeito), indeterminado (verbos em terceira pessoa indicam a indeterminação do sujeito) e poderá haver orações sem sujeito (com os verbos haver, acontecer, ser). Predicativo: tudo que foi dito sobre o sujeito. Predicado verbal: quando há predicativo e verbos sem ligação. Predicado verbo-nominal: quando o verbo é significativo e há dois núcleos. Objeto direto: complementa o sentido do também verbo direto, geralmente está acompanhado de artigos. Objeto indireto: aparece com preposição e complementa o sentido do verbo transitivo indireto. Agente da passiva: inicia-se com “por”, “pelo”, “de” e pratica a ação verbal na voz chamada passiva. Adjunto adverbial: são informações de tempo, dúvida, causa, modo, lugar, intensidade, ao verbo. Adjunto adnominal: determina ou caracteriza o nome referido. Complemento nominal: complementa o sentido de substantivos abstratos. Aposto: resume e caracteriza o nome que está sendo referido. Vocativo: isolado por vírgulas, serve para “chamar”. Identificação da oração no período Para que a frase seja classificada com oração, é preciso que se atente para duas características principais: que exista um verbo ou locução verbal, e que promova o sentido completo. Por isso que, nem sempre toda frase será oração. Veja: Que noite bonita! -> mesmo que tenha sentido, não há verbo, portanto, é frase. Maria fez a lição! Justificação de casos de concordância nominal e verbal Concordância verbal é quando o verbo se flexiona para concordar com o número e pessoa do sujeito. A menina brincou de Barbie As crianças brincaram muito Lápis, caderno, livro, tudo é necessário para uma educação de qualidade (quando se refere a tudo, ninguém ou nada, o verbo permanece no singular) Vossa Excelência quer um chá? (pronomes de tratamento, o verbo fica em terceira pessoa) A menina ou o menino vai ganhar (ideia de exclusão, o verbo continua no singular) Concordância nominal: já a nominal concordará com os substantivos, conforme o gênero e número. Os alunos novos precisam das apostilas que estão em meus dois armários da biblioteca Estas revistas são caras. (adjetivo) As revistas custaram caro. (advérbio) A garota está meio gripada. (advérbio) Comi meia pizza. (adjetivo) É proibido entrada. É proibida a entrada. Distinção entre regentes e regidos Há verbos, na língua portuguesa, que exigem a presença de outros termos na oração a que pertencem. Quando um verbo exige a presença de outro termo na oração, ele se chama REGENTE e a palavra que completa a sua significação chama-se REGIDO. EX: O menino limpava (regente) o seu carrinho (regido). Classificação dos verbos quanto a sua predicação Transitivo direto: é acompanhado de um objeto direto sem preposição. Ex: Minha mãe reconquistou o pai. Transitivo indireto: é acompanhando de um objeto indireto com preposição. Ex: Vamos brincar de boneca? Transitivo direto e indireto: quando há tanto o objeto direto quanto indireto. Ex: O jornal dedicou uma folha ao acidente. Verbo de ligação: apresenta estado ou mudança do sujeito. Ex: Ela é linda. Distinção entre ordem direta e ordem inversa É possível que algumas orações se encontrem na ordem inversa (indireta) quando não seguem a estrutura direta, como veremos abaixo: Eu fui ao casamento No casamento, fui eu Geralmente, a ordem indireta aparece mais em poemas, textos literários e obras para que a cadência fique mais fluida. O mesmo acontece com o nosso hino nacional, que em sua maioria está invertido. A ordem direta está classificada como sujeito + verbo + complemento. Frase, oração e período A frase é um enunciado que tem um sentido completo, podendo ser apenas uma palavra ou um conjunto delas que exprimem ideias e um apelo comunicativo. Pode ou não ter verbo, o importante é que haja comunicação, isto é que seja um texto compreensível. Há diversos tipos de frases: interrogativas, imperativas, exclamativas, declarativas, optativas. Já a oração é uma frase verbal, ou seja, um enunciado que, necessariamente, precisa conter um verbo. É na oração em que cada parte possui uma função sintática, como sujeito, predicado, objeto, complemento e assim por diante. E o período nada mais é do que uma frase que pode ser constituída por orações, sendo determinado período simples (uma oração) ou período composto (duas ou mais orações). Ordem direta e ordem indireta da frase Todas as frases precisam trazer um sentido para que o outro consiga interpretar e interagir corretamente, mantendo um diálogo. Para isso, utiliza-se da ordem direta que diz respeito à estrutura padrão das frases, como sujeito + verbo + objeto, por exemplo, como em: “Maria comeu bolo”. Já a ordem indireta pode ser usada para uma linguagem mais rebuscada, como acontece com o nosso hino brasileiro ou em certas obras literária. A ordem indireta pode ser vista na frase: “Bolo gosta Maria” ou "Bolo, Maria comeu", por exemplo. Discurso direto e discurso indireto Nos textos, é comum que haja tanto o discurso direto quanto o discurso indireto. Enquanto o primeiro explicita que aquele trecho corresponde à transcrição exata da fala do indivíduo, do personagem, isto é, apresentando um diálogo, o discurso indireto é caracterizado em que o narrador usa suas próprias palavras para reproduzir o que foi dito, feito por outra pessoa. Geralmente, o discurso indireto aparece na terceira pessoa (Ele/Ela/Eles/Elas). Exemplos: Discurso direto: "João deitou-se no sofá e afirmou enfaticamente:'Meu Deus, eu preciso voltar a estudar!!!'" Discurso indireto: "João deitou-se no sofá e disse enfaticamente que precisava voltar a estudar". Recursos das linguagens verbal e não verbal: metáfora, ironia e humor Há muitas figuras de linguagem na Língua Portuguesa que devem ser estudadas pelo concurseiro/estudante com atenção. Mas, sem dúvidas, uma das figuras mais populares da nossa língua é a metáfora. A metáfora trabalha com determinadas palavras para apresentar semelhanças entre elas, ao tempo em que apresenta um sentido novo, muitas vezes inusitado ou poético, sendo justamente nisso que reside a beleza dessa figura linguística. Para entender melhor, pense na metáfora como se fosse um tipo de comparação que apresenta sentidos conotativos, ou seja, por meio do contexto da frase, podemos entender o que ela quer expressar. Exemplos: “Estou carregando o mundo nas minhas costas”. É uma metáfora porque sabemos que não se pode carregar o mundo, logo, significa que a pessoa está sobrecarregada. Outro exemplo está neste trecho da letra da canção "Linda", de Caetano Veloso: "Choque entre o azul e o cacho de acácias/luz das acácias/ você é mãe do sol". O poeta compara a beleza da mulher amada ao cacho de acácias, à luz das acácias, compara a amada a uma certa "mãe do sol". Isto também é metáfora. A ironia é um recurso estilístico que visa dizer o contrário do que você realmente pensa. A ironia serve para ridicularizar ou satirizar um comportamento. Exemplo: “Você deve ter estudado muito para ter tirado 2, certo? ”. O indivíduo, além de estar fazendo uso da ironia, acaba criticando o outro, satirizando-o, dando a entender que o interlocutor nada estudou, na verdade... (em muitos casos, até o próprio uso das reticências dá margem ao entendimento de uma ironia linguística). Já o humor pode ser caracterizado tanto em uma linguagem verbal, por meio de piadas e textos diversos, como também em linguagem não-verbal, com imagens ou vídeos, por exemplo. O objetivo do humor é entreter e fazer as pessoas rirem. Geralmente, a ironia, quando bem-feita, pode trazer humor, o mesmo vale para a metáfora. Concordância Verbal O verbo deve ser flexionado ("modificado") concordando com a pessoa do sujeito (eu, tu, ele/ela, nós, vós/vocês, eles/elas) e o número (singular ou plural): Sujeito simples: o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, estando o sujeito antes ou depois do verbo. Ex: Foram embora, do nada, os meninos ("foram" concorda com "os meninos"). Sujeito composto: o verbo flexiona para o plural. Ex: Joana e Carlos insistiram em vir (Joana e Carlos são duas pessoas, e não pode-se usar "insistiu", mas sim "insistiram"). Sujeito composto de diferentes pessoas: O verbo vai para o plural na pessoa que prevalecer. Ex: Atiramos a pedra você e eu ("atiramos" concorda com "você e eu"). Sujeito constituído de pronomes de tratamento: verbo flexiona na 3ª. Ex: Vossa Excelência necessita de algo? Sujeito constituído pelo pronome relativo QUE: verbo concordará em número e pessoa com o antecedente. Ex: Somos nós que precisamos de você. Núcleos do sujeito ligados por OU: O verbo ficará no singular sempre que houver ideia de exclusão. Ex: Rosa ou azul será a cor do quarto. Verbo com o pronome apassivador SE: O verbo concorda com o sujeito. Ex: Analisou-se o plano de reforma. Sujeito formado por expressões: UM E OUTRO – O verbo fica no plural; UM OU OUTRO – O verbo fica no singular; NEM UM NEM OUTRO – O verbo fica no singular. Sujeito formado por número percentual: O verbo concordará com o numeral. Se a indicação de porcentagem se seguir uma expressão com DE + SUBSTANTIVO, a concordância faz-se com esse substantivo. Ex: 50% dos camundongos morreram. Verbos impessoais (haver, fazer, chover, nevar, relampejar...): por não possuírem sujeito, ficam na 3ª pessoa do singular. Ex: Não havia flores mais belas. Verbo SER: se um dos elementos referir-se a pessoa, o verbo concordará com ela. Ex: Minha ambição são os meus sonhos. Concordância Nominal É a concordância, em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural), entre o substantivo (nomes) e seus determinantes ("partes" que acompanham os nomes): o adjetivo, o pronome adjetivo, o artigo, o numeral. O candidato talvez sinta dificuldade em assimilar o que sejam essas classes de palavras (adjetivo, pronome adjetivo, numeral, artigo, etc), mas não se preocupe: concentre-se em entender os exemplos, ou seja, concentre-se em entender o uso da língua. Opções de concordância: o adjetivo concorda com o adjetivo mais próximo (Eu dei de presente uma bolsa e um tênis preto) ou o adjetivo refere-se a dois substantivos de gêneros diferentes – prevalece o masculino e fica no plural (Eu dei de presente uma bolsa e um tênis pretos). As palavras BASTANTE, POUCO, MUITO, CARO e BARATO concordam com o substantivo quando têm valor de adjetivo. Quando são advérbios, são invariáveis. Ex: estas revistas são caras (adjetivo) e as revistas custaram caro (advérbio). ANEXO, MESMO, PRÓPRIO, INCLUSO: concordam com o substantivo a que se referem. As expressões “É PROIBIDO”, “É NECESSÁRIO”, “É PRECISO” ficam invariáveis quando acompanhadas apenas de substantivo. Porém, se o substantivo estiver determinado pelo artigo, a concordância é feita normalmente. Lembre-se que a palavra ‘meia’ é um adjetivo, enquanto ‘meio’ é um advérbio, significando ‘um pouco’. Obrigado/obrigada – concordam com o substantivo a que se referem. Colocação pronominal É o modo como se dispõem os pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos) em relação ao verbo. Trata-se de um dos assuntos popularmente "espinhosos" da língua portuguesa, os quais somos "forçados" a entender na escola. Mas basicamente, basta lembrar que as posições dos pronomes pessoais oblíquos átonos em relação ao verbo ao qual se ligam denominam-se: Ênclise (depois do verbo) É a posposição do pronome átono ao vocábulo tônico ao que se liga. Ex: Empreste-me o livro de matemática. Próclise (antes do verbo) É a colocação do pronome quando antes do verbo há palavras que exercem atração sobre ele, como: - Não, nunca, jamais, ninguém, nada. Ex: Não o vi hoje. - Advérbios, locuções adverbiais, pronomes interrogativos ou indefinidos. Ex: Sempre te amarei. - Pronomes relativos. Ex: Há filmes que nos fazem chorar. - Orações optativas, aquelas que exprimem desejo. Ex: Deus te ouça! - Com gerúndio precedido da preposição ‘em’. Ex: Em se tratando desse tema... Mesóclise (no meio do verbo) É a colocação do pronome quando o verbo se encontra no futuro do presente ou no futuro do pretérito desde que não haja palavras que exerçam atração. Ex: Entregar-lhe- ei as informações. Na linguagem falada brasileira, o uso é quase inexistente. Crase Crase é mais um assunto "espinhoso" do português, mas dito de forma simples é o nome que geralmente se dá à fusão da preposição 'a" com o artigo "a(s)" ou com os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo. É representada graficamente pelo acento grave (`). Crase Obrigatória Para nomes femininos com artigos: Fui à feira. Aquele(s)/ a + aquela(s)/ aquilo: Entreguei o livro àquele menino. Para locuções adverbiais femininas do tipo: Às cegas; À noite; Às pressas. Com a palavra moda subentendida: Camarão à baiana. Antes de horas: Sairei às 2h. Com pronomes possessivos: Irei à minha fazenda ou Irei a minha fazenda. Com nomes próprios de mulher: Dê o livro à Maria ou Dê o livro a Maria. Para nomes masculinos: Amor a Deus. Antes de verbos: Saiu a passear. Antes de pronomes pessoais: Dirigiu-sea ela. Antes de pronomes de tratamento: Dei a Vossa Senhoria. Entre palavras repetidas: Cara a cara. Crase Optativa Com pronomes possessivos: Irei à minha fazenda ou Irei a minha fazenda. Com nomes próprios de mulher: Dê o livro à Maria ou Dê o livro a Maria. Crase Proibida Para nomes masculinos: Amor a Deus. Antes de verbos: Saiu a passear. Antes de pronomes pessoais: Dirigiu-se a ela. Antes de pronomes de tratamento: Dei a Vossa Senhoria. Entre palavras repetidas: Cara a cara. Regência Verbal Há verbos, na língua portuguesa, que exigem a presença de outros termos na oração a que pertencem. Quando o verbo (termo regente) se relaciona com os seus complementos (termos regidos) acontece um "fenômeno" ao qual damos o nome de regência verbal. Selecionamos a seguir alguns verbos em que há diferença de contexto na hora de se "fazer" a regência: Agradecer Alguma coisa (sem preposição): O palestrante agradeceu suas intervenções. A alguém (preposição A): O paciente agradeceu ao médico. Assistir Dar assistência (sem preposição): O médico assistiu o doente. Ver (preposição A): Assisti a um bom filme. Morar (preposição EM): Aquele homem assiste em São Paulo. Obedecer (desobedecer) Sujeitar-se (preposição A): Ele não obedeceu ao regulamento. Preferir Ter preferência por (preposição A): Prefiro correr a nadar. Visar Visar (preposição A): O comerciante visa ao lucro. Assinar (sem preposição): O gerente do banco visou o cheque. Mirar (sem preposição): O atirador visou o alvo e errou. Regência Nominal Já a regência nominal é a relação de um nome (substantivo, adjetivo) com outro termo. E a relação pode vir ou não acompanhada de preposições. Por exemplo: Horror a Impaciência com Atentado contra, a Medo de Idêntico a Prestes a Longe de Benéfico a Podemos arriscar a dizer que - apesar de todas as "pegadinhas" da língua e apesar de que na fala praticamos uma coisa e na escrita outra - de certa forma, já estamos um pouquinho acostumados a utilizar a regência correta (ou pelo menos a mais aceita). É por essa razão que determinadas pessoas - principalmente aquelas que ao longo da vida escolar demonstraram um pouco mais de "afinidade" com língua portuguesa - chegam a perceber mais facilmente se uma construção está correta ou não. Vale lembrar, por fim, que "correto" ou "incorreto" para nós não possui a conotação de "certo" ou "errado", mas apenas a de "ser mais aceito socialmente" ou "não ser bem aceito socialmente", do ponto de vista do chamado "padrão culto da língua portuguesa", utilizado no Brasil (aquela língua defendida pelos nossos melhores gramáticos). Crase é uma assunto que certamente faz parte da vida de muitos concurseiros, ao ponto de muitos o incluírem no rol das populares "pegadinhas" da língua portuguesa escrita (já que na fala a presença ou ausência de crase é imperceptível, salvo para ouvidos treinados ou gente que tem muito boa dicção!). Para ilustrar um pouco este artigo, elencaremos alguns exemplos, mas não faremos juízo de valor algum sobre os autores das frases que se seguem, pois quem sabe o dia de amanhã? Meu interesse será apenas comentar algumas poucas ocorrências linguísticas envolvendo a utilização do acento indicativo de crase. Comentarei, obviamente, à luz de alguma teoria gramatical normativa, uma vez que, no final das contas, gramática normativa é aquela parte da lingüística que acaba sendo o que há de mais destacável no idioma, principalmente em nossas relações sociais e na mídia. Alguém me perguntou outro dia se na frase "TV à cabo", o acento grave de fato existe. Em alguns textos jornalísticos online já li - não uma ou duas vezes - expressões do tipo "de segunda à sexta" ou mesmo "às inscrições podem ser feitas no site xxx". Por fim, certa feita, em uma aula sobre microorganismos, li em uns dos slides as construções: "aumento da resistência bacteriana à antibióticos" e "flucloxacilina é mais resistente à beta-lactamase". Qual dessas expressões utilizou adequadamente a crase? Antes de tudo, é preciso dizer que artigo algum é capaz de encerrar o assunto "crase" e também estou fora do discurso do certo/errado do gramatiquês, mas infelizmente algumas de nossas convenções sociais carecem desse discurso, a exemplo das provas objetivas de língua portuguesa. Então, o jeito é o concurseiro ir aos poucos afixando seus conhecimentos a respeito do tema, consultando os gramáticos, resolvendo várias provas, lendo muito qualquer tipo de texto e treinando a escrita também. Disse tudo isso para dizer exatamente o que alguns não gostariam de ouvir: "não esperemos fórmulas prontas!" O que é crase Devemos lembrar que a crase é "a fusão de dois ou mais sons iguais num só" (Bechara, 2009). Assim, o "a" (artigo) somado ao "a" (preposição) vai gerar o "à", ou, como muitos dizem, o "a craseado". E para quem pensa que dizer "a craseado" é um erro, vale à pena citar litaralmente o que Evanildo Bechara diz a respeito: "Não há razão para condenar-se o verbo crasear para significar “pôr o acento grave indicativo da crase”. O que se não deve é chamar crase ao acento grave". Mais claro do que isto, impossível. O acento grave O acento grave (aquele em forma de acento agudo invertido para a esquerda) é característico da ocorrência dessa fusão. O emprego mais popular desse acento, sem dúvidas, é quando temos a intenção de sinalizar no texto que ocorreu uma contração da preposição "a" (que pode ser equivalente a "para") com o artigo feminino "a" ou pronomes demonstrativos. Exemplos clássicos: "Vou à Bahia" (leia-se "Vou para a Bahia") e "Estou voltando àquela velha cidade". Outros usos possíveis do acento indicativo de crase podem ser conferidos em todas as gramáticas do português. O emprego do "à" acentuado, segundo o mesmo autor, é freqüente quando construímos locuções em que queremos assinalar, por motivo de clareza, "a pura preposição a que rege um substantivo feminino singular", a exemplo de "à força, à míngua, à bala, à faca, etc: "Fulano assassinou à bala a companheira". alguns usos do acento grave no dia a dia Voltando aos exemplos iniciais e considerando o que já foi dito, podemos dizer que a preposição presente na expressão "TV a cabo", de fato, não necessita do acento grave indicativo de crase, pelo menos obrigatoriamente, já que ela não está regendo um substantivo feminino (cabo é masculino). A não ser que considerássemos que a TV funcionasse "à moda" de um cabo, o que a meu ver não é o caso, já que o cabo em questão está mais servindo para diferenciar um serviço que envolve canais pagos (equivale a dizer "TV paga" ou TV "por assinatura"). Da mesma forma, em "aumento da resistência bacteriana à antibióticos", o recomendável é o uso do "a" sem o acento grave. ("aumento da resistência bacteriana a antibióticos"). Diferentemente da frase "flucloxacilina é mais resistente à beta- lactamase", pois a adequação do acento grave ocorre pelo fato de "betalactamase" ser um substantivo feminino" e também pela própria "natureza" do verbo resistir, nesses casos (quem/o que resiste, resiste a alguém/alguma coisa). No caso da expressão "de segunda à sexta" não vejo adequação possível para o sinal indicativo de crase. A não ser por exemplo, que eu dissesse "ficamos juntos da segunda à sexta-feira santa", pois aqui estaria "definindo" com um artigo (a, usdo em de+a), qual a segunda e qual a sexta às quais estou me referindo, especificamente. No caso de "às inscrições podem ser feitas no site xxx", está claramente evidenciado que um artigo feminino no plural puro e simples -ou seja, apenas "as", sem acento grave) - se encaixaria muito melhor. Apesar de não pretender levar em conta o texto integral das provas dos concursos, trago à tona aqui, apenas como ilustração, alguns exemplos de questões sobre crase. Primeiramente, lembro que em uma das provas do Concurso Caixa 2010, havia uma questão sobre crase, cuja resposta correta estava baseada no seguinte trecho: "O despreparo dos jovens, portanto, é patente. "Desde cedo, é preciso ensinar as crianças a pensar e a se adequar a novas realidades", diz Ramos. "Elas contam, inclusive, com uma vantagem para isso: são mais flexíveis a mudanças e estão sempre abertas a novas tecnologias". Infelizmente, conclui o especialista, não é isso o que acontece nas escolas". A resposta dizia que "Em 'abertas a novas tecnologias', se o termo 'a' fosse flexionado no plural, o emprego do sinal indicativo de crase seria obrigatório. Considerando o emprego da preposição "a" no contexto como sendo equivalente a "para" e levando em conta que se fôssemos transpor a frase a partir de "para", teríamos como resultado "abertas para as novas tecnologias", podemos mesmo dizer que, ao pluralizarmos o "a" estaríamos automaticamente admitindo que a contração de "a"(preposição) + "as" (artigo feminino plural) de fato ocorreu na frase. Ou seja, a frase "às novas tecnologias" teria que ser obrigatoriamente escolhida. Numa prova dos Correios 2011 para Operador de triagem, uma questão continha o seguinte trecho: O transcorrer da história postal corresponde à crescente transformação histórica do próprio país, razão pela qual conhecer os principais fatos ligados à implementação e ao aperfeiçoamento dos serviços postais fornece um panorama do desenvolvimento histórico brasileiro. E perguntava: Emprega-se o sinal indicativo de crase em "corresponde à crescente transformação histórica" (R.1-2) porque A - a expressão "história postal" exige complemento antecedido por artigo definido feminino. B - a forma verbal "corresponde" exige complemento regido da preposição a, e a expressão que a complementa é precedida do artigo definido a. C - a expressão "transformação histórica" deve ser imediatamente precedida da preposição a. D - a forma verbal "transcorrer" exige complemento regido da preposição a. E - a forma verbal "transcorrer" foi transformada em substantivo pela anteposição do artigo "O". A letra A, obviamente, não pode ser a correta, porque "história postal" não pode determinar o uso subseqüente do "a" acentuado, ou seja, a expressão não está 'exigindo' ocorrência de crase a posteriori. A letra C é incorreta porque "transformação histórica" poderia muito bem ser precedida apenas pelo artigo feminino definido, sem necessariamente a preposição, já que a expressão em si não está determina a regência da preposição, nesse caso. A letra D está errada, pois "transcorrer" no texto não está sendo exatamente utilizado como um verbo, mas sim como um substantivo, inclusive o artigo masculino que o antecede deixa isso bem claro ("o transcorrer" é equivalente à frase "a evolução"). A letra E também está errada não pelo que diz (que está correto) mas pelo que o enunciado da questão diz. A questão está perguntando sobre o emprego do sinal indicativo de crase e não sobre o emprego de verbo como substantivo. Então, sobra a letra B, que é a correta. Crase Obrigatória Para nomes femininos com artigos: “Fui à escola”. Aquele(s)/ a + aquela(s)/ aquilo: “Entreguei o caderno àquela mulher”. Para locuções adverbiais femininas do tipo: “Às cegas”; “À noite”; “Às pressas”. Com a palavra moda subentendida: “Camarão à baiana”. Antes de horas: “Sairei às 15h”. Crase Optativa Com pronomes possessivos: “Irei à sua casa” ou “Irei a sua casa”. Com nomes próprios de mulher: “Devolva o livro à Giovana” ou “Devolva o livro a Giovana”. Crase Proibida Para nomes masculinos: “Amor a Deus”. Antes de verbos: “Saiu a vigiar”. Antes de pronomes pessoais: “Dirigiu-se a ele”. Antes de pronomes de tratamento: “Dei a Vossa Majestade”. Entre palavras repetidas: “dia a dia”, “cara a cara”. Dicas Observe algumas dicas para verificar se há ocorrência de crase ou não: 1. Quando estiver em dúvida se há crase ou não antes de uma palavra feminina, basta trocá-la por uma masculina. Se ao trocar, a preposição AO for utilizada, isso indica que ocorre a crase com a palavra feminina. Veja o exemplo: Obedeça às mães. (Obedeça AOS pais.) – apareceu AOS, crase no A. Entreguei a carta. (Entreguei O cartão.) – não apareceu AO, não ocorre crase. 2. Quando você estiver em dúvida sobre se deve ou não utilizar a crase antes do nome de uma cidade, basta colocar em prática a seguinte regra: Vou A volto DA, crase no À -> Vou à Itália, volto da Itália Vou A, volto DE, crase para quê? -> Vou a São Paulo, volto de São Paulo Não confunda a crase: Muitas vezes a crase pode ser confundida com o artigo “a”, preposição e pronome oblíquo. Então, vamos rever as diferenças: O artigo sempre estará indicado antes de substantivos femininos, como em: “A mulher brincava com a boneca”. Já a preposição “a” pode indicar outras possibilidades: Tempo futuro: “Daqui a pouco ela chega”; Distância: “Moro a dois quilômetros daqui”; Antes do verbo no infinitivo: “Continue a brincar sozinho”; Antes de masculinos: “Peço a José que me ajude”; Antes de pronomes em geral: “Dei a quantia a ela”; E o pronome oblíquo, será correspondente a ela ou você, veja: “Eu a encontrei ontem”; Verbo haver e a preposição “a” E já que estamos falando das diferenças entre a crase e outros termos das frases e orações, inclui mencionar sobre o verbo haver em relação a preposição “a”. Veja as diferenças de sentido e de contexto: - Indicando tempo passado (faz). Ex.: O mundo era melhor há cinco anos. - Significando “existe(m)”. Ex.: Há muitos alunos no pátio. - Indicando tempo futuro. Ex.: Ela sairá daqui a pouco. - Indicando distância. Ex.: Ela mora a dois quilômetros daqui. Dentre os assuntos de Língua Portuguesa cobrados nas provas de dezenas de concursos públicos, um deles é a Intertextualidade e a Interdiscursividade. Trata-se de dois conceitos chaves do dialogismo, defendido por Bakhtin, conforme afirma Fiorin, em seu livro Introdução ao pensamento de Bakhtin (2006). Para Fiorin, “todo discurso é inevitavelmente ocupado, atravessado, pelo discurso alheio. O dialogismo são as relações de sentido que se estabelecem entre dois enunciados” (p. 19). Portanto, o dialogismo é o conceito que afirma que todos os textos possuem relação com outros textos, em que jamais fazem parte de uma produção 100% original, nunca antes dita. Pelo contrário, as relações textuais (intertextuais e interdiscursivas, por exemplo) remetem a textos já produzidos. Claro que, para que compreendemos de onde vem cada texto ou de qual texto cada autor baseou-se ou fez referenciou, é necessário que o leitor tenha, logo, o conhecimento de mundo, a bagagem cultural. Por isso que, para cada pessoa, o dialogismo pode parecer se apresentar de uma forma diferente, face a experiência de vida ou de leitura. Conceito de intertextualidade O conceito abordado, dialogismo, divide-se por muitos outros, como acontece com a intertextualidade. A intertextualidade, nada mais é do que a “relação entre textos” (FIORIN, 2006, p. 51). A intertextualidade se dá pela relação existente entre textos que se conversam por meio de um aspecto em comum. Para identificar a intertextualidade, você pode reparar em citações, paródias, paráfrase. Um texto é criado a partir de outro pré-existente, garantindo, assim, a relaçãodialógica entre eles. Na verdade, na intertextualidade você remete ao texto original, utilizando palavras ou frases que ajudam o leitor a identificar essa retomada. Conceito de interdiscursividade A interdiscursividade, por outro lado, pode ser explicada como: A relação dialógica no texto não é manifestada, não é materializada linguisticamente quando ocorre a interdiscursividade, pois a interdiscursividade é a relação entre enunciados, os quais são compostos por vozes sociais que o enunciam. A relação interdiscursiva é uma relação dialógica a partir do momento em que existe uma relação de sentido entre os discursos, seja ele negado ou afirmado em outros enunciados. (FIORIN, 2006). Logo, o que pode ser observado é que a interdiscursividade é a relação entre discursos. Nos textos em que ocorrem a interdiscursividade, os diálogos existentes entre os textos são intencionais. Não estão marcados no texto, como metalinguagem, estão no discurso, de forma abstrata, mas ao mesmo tempo muito clara. Por exemplo, no livro Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis, existe a interdiscursividade com outro discurso, o jurídico, em que Casmurro (ou Bentinho) tenta se convencer (e consequentemente convencer-nos) que Capitu o traiu, utilizando da argumentação, já que ele era doutor, advogado. Em uma primeira leitura, pode ser muito imperceptível essa relação, entretanto, ela existe. Intertextualidade vs interdiscursividade Percebe-se então que os textos são dialógicos e que há interação entre enunciados e discursos. Fiorin, na mesma obra, aborda a diferença fundamental entre os conceitos: [...] devem-se chamar intertextualidade apenas as relações dialógicas materializadas em textos. Isso pressupõe que toda intertextualidade implica a existência de uma interdiscursividade (relação entre enunciados), mas nem toda interdiscursividade implica uma intertextualidade. (p. 52). Assim, os textos podem se conectar conforme o discurso implícito ou explícito presente, facilitando ou não a compreensão do leitor. Tanto a intertextualidade quanto a interdiscursividade são relações dialógicas e existem.
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