Buscar

ED X TI - LETRAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

 Pergunta 1 
1 em 1 pontos 
 
(Enade 2007) Leia o excerto a seguir: 
Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega 
de escola um pedido, por escrito, vazado nos seguintes termos: ―Venho 
mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de Redação 
para Concurso, para fins de consulta escolar.‖ 
Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que: 
 
Resposta 
Selecionada: 
b. 
Vai a um piquenique engravatado, vestindo terno 
completo, calçando sapatos de verniz. 
 
 
 Pergunta 2 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
EUA e China anunciam acordo para reduzir emissão de gases 
poluentes 
 
Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da 
China, assinaram nesta quarta-feira (12.11.2014) em Pequim um acordo 
para a luta contra a mudança climática, que incluirá reduções de suas 
emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. 
A iniciativa constitui o primeiro anúncio de corte das emissões de 
gases poluentes por parte da China e mais um pelos EUA. Pelo acordo, 
os EUA pretendem cortar entre 26% e 28% as emissões de gases em 
até 11 anos, ou seja, até 2025, o que representa um número duas 
vezes maior que as reduções previstas entre 2005 e 2020. 
Os chineses se comprometem a cortar as emissões até 2030, 
embora isso possa começar antes. Segundo o presidente chinês, até lá 
20% da energia produzida no país vai ter origem em fontes limpas e 
renováveis. Estados Unidos e China representam juntos 45% das 
emissões planetárias de CO2, um dos gases apontado como culpado 
pela mudança climática. A União Europeia representa 11%. No mês 
passado, o bloco se comprometeu a reduzir em pelo menos 40% as 
emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990. 
 
Disponível em <https://goo.gl/srpqzq>. 
Acesso em 14 nov. 2014 (com adaptações). 
Com base na leitura, analise as afirmativas: 
I. O comprometimento da China em reduzir as emissões de poluentes 
até 2030 significa que a poluição proveniente do país continuará em 
crescente aumento por mais uma década. 
II. Apesar da importância do acordo entre Estados Unidos e China, a 
União Europeia será responsável por um corte maior nos volumes de 
 
gases poluentes emitidos do que o corte dos dois países, uma vez que 
reduzirá 40% das emissões. 
III. Se Estados Unidos e China, juntos, cumprirem a meta de cortar 28% 
da emissão dos gases poluentes, eles serão responsáveis por 27% das 
emissões planetárias em 2025. 
Assinale a alternativa correta: 
Resposta Selecionada: a. 
Nenhuma afirmativa está correta. 
 
 
 
 Pergunta 3 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
Energia solar contra a escuridão do Amazonas: 
Brasil gera com placas fotovoltaicas apenas 0,02% da produção 
total de eletricidade 
Heriberto Araújo – 08 maio 2016. 
 
A visão romantizada da Amazônia convida a pensar num lugar 
idílico em que a pegada humana esteja entre as menores do planeta. 
Mas a vida na maior reserva natural é dura para o homem, como Daniel 
Everett narrou em seu clássico Don‘t Sleep, There are Snakes (Não 
durma, há serpentes, sem tradução para o português). 
Comunidades inteiras vivem completamente desconectadas, e 
não apenas nas profundezas da selva, mas sim nas movimentadas 
margens dos rios — únicas vias de comunicação, num ambiente em 
que a eletricidade é um bem desejado, escasso e administrado a conta-
gotas. 
―No Estado do Amazonas há mais de dois milhões de pessoas 
sem eletricidade de qualidade‖, explica Otacílio Soares Brito, membro 
do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. ―A enorme área 
da floresta torna inviável a criação de uma rede de distribuição, e os 
povoados só conseguem produzir eletricidade das 6 às 10 da noite, com 
geradores a gasolina fornecidos pelo Governo. Depois dessa hora 
acaba tudo: luz, refrigeração e lazer‖, relata do município amazônico de 
Tefé. 
O Instituto Mamirauá está desenvolvendo um projeto para 
fornecer eletricidade por meio de painéis solares a dezenas de 
comunidades amazônicas de pescadores e camponeses, com o objetivo 
de melhorar suas condições de vida, segundo Soares Brito. 
Duas comunidades instalaram placas fotovoltaicas — um sistema 
flutuante, sobre boias no rio, e o outro no telhado de uma fábrica de 
gelo — para permitir, um, o envio da água desde o leito do rio até as 
casas, e o outro, a fabricação de barras de gelo. O fornecimento da 
água do rio por meio de uma bomba elétrica alimentada por painéis 
permitiu, entre outras coisas, que as crianças passassem a tomar 
 
quantos banhos quisessem sem que seus pais fiquem com medo que 
um jacaré lhes tire a vida na escuridão das margens. 
―Estamos cuidando de melhorar a vida das pessoas, mas 
também queremos permitir que elas agreguem valor a produtos como 
polpa de frutas e peixe. Sem gelo, esses produtos dificilmente podem 
ser comercializados no exterior ou simplesmente conservados‖, diz 
Soares Brito. 
Os resultados positivos da fase experimental estão criando 
consciência nessa imensa região normalmente esquecida pelos centros 
brasileiros de poder, concentrados no Sudeste e que priorizam as 
políticas públicas nas regiões densamente povoadas (de eleitores). Um 
grupo de pescadores da comunidade amazônica de Boa Esperança 
pediu ao Mamirauá a construção de uma pequena fábrica – prevista 
para abril – com três congeladores alimentados por painéis solares para 
poder extrair das frutas a polpa, congelá-la e vendê-la em mercados 
situados a horas de barco do povoado, como Manaus. 
A revolução solar que alguns especialistas preveem para o Brasil 
durante a próxima década, após a implementação em 1º de março de 
novas regras que permitem, pela primeira vez, a geração distribuída de 
energia e sua ligação às redes de distribuição, trará consequências 
principalmente para os grandes centros urbanos. 
Depois de três anos de secas históricas e consequentes 
apagões, que evidenciaram a excessiva dependência do Brasil de seu 
sistema hidroelétrico, que gera cerca de 70% da eletricidade 
consumida, milhões de brasileiros poderão se tornar agora 
prosumidores, neologismo que reflete o novo paradigma sob o qual 
parece avançar a geração de eletricidade: o consumidor é o produtor de 
pelo menos uma parte de sua demanda. 
―Estamos diante do início de uma revolução, porque pela primeira 
vez a sociedade brasileira pode participar diretamente da criação de 
uma nova matriz energética‖, diz Rodrigo Sauaia, presidente da 
Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar). 
As regras aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica 
(Aneel) permitem, segundo Sauaia, ―a geração compartilhada de 
energia solar entre vários clientes, que podem se agrupar em forma de 
consórcio ou de cooperativas, assim como a conexão de seus sistemas 
fotovoltaicos domésticos ou comerciais à rede elétrica para abastecê-la 
quando os painéis produzirem mais do que o que é consumido, e vice-
versa‖. 
A Absolar estima que, se fossem instalados painéis solares em 
todas as residências do país, a produção de energia abasteceria mais 
que o dobro da totalidade da demanda dos domicílios brasileiros. Os 
especialistas indicam que a região brasileira menos exposta à irradiação 
solar tem potencial para gerar pelo menos 25% mais energia que a 
região mais favorecida na Alemanha, país que já gera cerca de 7% de 
sua eletricidade com placas fotovoltaicas. 
Disponível em <https://goo.gl/xzTS3i>. 
Acesso em 10 jun. 2016. 
Com base na leitura, analise as afirmativas: 
I. O novo paradigma da geração de energia elétrica é o de que o próprio 
consumidor produza 30% da sua demanda, tornando-se proconsumidor. 
II. De acordo com a estimativa da Absolar, a instalação de painéis 
solares em todas as residências do país faria com que a produção 
brasileira de energia superasse aalemã em 18%. 
III. O projeto desenvolvido pelo Instituto Mamirauá tem como foco 
comunidades da Amazônia, onde há aproximadamente dois milhões de 
pessoas sem acesso à energia elétrica de qualidade. 
IV. O principal problema da Amazônia é a seca, que afeta sua produção 
hidrelétrica e, por isso, a energia solar é uma boa alternativa. 
Assinale a alternativa correta: 
Resposta Selecionada: c. 
Apenas a afirmativa III é correta. 
 
 
 Pergunta 4 
1 em 1 pontos 
 
(Enade 2011). Leia o excerto a seguir: 
Em reportagem, Owen Jones, autor do livro Chavs: a difamação da 
classe trabalhadora, publicado no Reino Unido, comenta as recentes 
manifestações de rua em Londres e em outras principais cidades 
inglesas. Jones prefere chamar atenção para as camadas sociais mais 
desfavorecidas do país, que desde o início dos distúrbios, ficaram 
conhecidas no mundo todo pelo apelido chavs, usado pelos britânicos 
para escarnecer dos hábitos de consumo da classe trabalhadora. 
Jones denuncia um sistemático abandono governamental dessa parcela 
da população: ―Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela 
desigualdade‖, diz. ―Você não vai ver alguém assumir ser um chav, pois 
se trata de um insulto criado como forma de generalizar o 
comportamento das classes mais baixas. Meu medo não é o 
preconceito e, sim, a cortina de fumaça que ele oferece. 
Os distúrbios estão servindo como o argumento ideal para que se faça 
valer a ideologia de que os problemas sociais são resultados de defeitos 
individuais, não de falhas maiores. Trata-se de uma filosofia que tomou 
conta da sociedade britânica com a chegada de Margaret Thatcher ao 
poder, em 1979, e que basicamente funciona assim: você é culpado 
pela falta de oportunidades. [...] Os políticos insistem em culpar os 
indivíduos pela desigualdade‖. 
Suplemento Prosa & Verso, O Globo, Rio de Janeiro, 20 ago. 2011, 
p. 6 (adaptado). 
 Considerando as ideias do texto, avalie as afirmações a seguir. 
I. Chavs é um apelido que exalta hábitos de consumo de parcela da 
população britânica. 
II. Os distúrbios ocorridos na Inglaterra serviram para atribuir deslizes 
de comportamento individual como causas de problemas sociais. 
III. Indivíduos da classe trabalhadora britânica são responsabilizados 
pela falta de oportunidades decorrente da ausência de políticas 
 
públicas. 
IV. As manifestações de rua na Inglaterra reivindicavam formas de 
inclusão nos padrões de consumo vigente. 
É correto o que se afirma em: 
Resposta Selecionada: e. 
II, III e IV. 
 
 
 
 
 Pergunta 5 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
Criminologia – Eduardo Galeano 
 
A cada ano, os pesticidas químicos matam pelo menos três milhões de 
camponeses. A cada dia, os acidentes de trabalho matam pelo menos 
dez mil trabalhadores. A cada minuto, a miséria mata pelo menos dez 
crianças. Esses crimes não aparecem nos noticiários. São, como as 
guerras, atos normais de canibalismo. Os criminosos andam soltos. As 
prisões não foram feitas para os que estripam multidões. A construção 
de prisões é o plano de habitação que os pobres merecem. 
Disponível em <https://goo.gl/M8eQmt>. 
Acesso em 24 ago. 2016. 
 Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas: 
I. Do texto, apreende-se que práticas econômicas e sociais vigentes 
causam a morte de milhões de cidadãos. 
II. Quando o autor afirma que os criminosos estão soltos, quer dizer que 
o sistema prisional tem vagas insuficientes para abrigar aqueles que 
são responsáveis por estripar multidões. 
III. Os pesticidas, os acidentes de trabalho e a miséria, por não serem 
indivíduos, não podem ser presos. Portanto, quando alguém morre por 
uma dessas causas, não há culpados. 
IV. O autor considera que a justiça poupa grandes corporações e 
instituições e defende a ideia de que as prisões sejam habitações 
destinadas aos mais pobres. 
Está correto o que se afirma em: 
 
Resposta Selecionada: b. 
I. 
 
 
 
 Pergunta 6 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
Energia eólica no Brasil 
 
No início da década de 2000, uma grande seca no Brasil diminuiu o 
 
nível de água nas barragens hidrelétricas do país, causando uma grave 
escassez de energia. A crise, que devastou a economia do país e levou 
ao racionamento de energia elétrica, ressaltou a necessidade urgente 
do país em diversificar suas fontes de energia. 
[...] A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em 
Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o governo criou o 
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica 
(Proinfa) para incentivar a utilização de outras fontes renováveis, como 
eólica, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). [...] Desde 
a criação do Proinfa, a produção de energia eólica no Brasil aumentou 
de 22MW em 2003 para cerca de 1000MW em 2011 (quantidade 
suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 400 mil residências). 
[...] Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo 
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás, o território 
brasileiro tem capacidade para gerar cerca de 140GW. 
O potencial de energia eólica no Brasil é mais intenso de junho a 
dezembro, coincidindo com os meses de menor intensidade de chuvas, 
ou seja, nos meses em que falta chuva é exatamente quando venta 
mais! Isso coloca o vento como uma grande fonte suplementar à 
energia gerada por hidrelétricas, a maior fonte de energia elétrica do 
país. 
Durante esse período podem-se preservar as bacias hidrográficas 
fechando ou minimizando o uso das hidrelétricas. O melhor exemplo 
disto é na região do Rio São Francisco. Por essa razão, esse tipo de 
energia é excelente contra a baixa pluviosidade e a distribuição 
geográfica dos recursos hídricos existentes no país. 
A maior parte dos parques eólicos se concentra nas regiões nordeste e 
sul do Brasil. No entanto, quase todo o território nacional tem potencial 
para geração desse tipo de energia. 
Disponível em < https://goo.gl/zGP0ZM> 
Acesso em 05 nov. 2014 (com adaptações) 
 Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa 
correta: 
I. De acordo com o texto, a energia eólica é uma alternativa viável para 
atender à demanda de cidades com até 400 mil habitantes. 
II. Em 2011, a energia eólica gerada no Brasil foi de menos de 1% do 
potencial eólico do país. 
III. De 2003 a 2011, a produção de energia eólica cresceu 978%. 
 Assim: 
Resposta Selecionada: b. 
Apenas a afirmativa II está correta. 
 
 
 
 Pergunta 7 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
 
Quem tem o direito de falar? 
Estabelecer que minorias só podem falar dos problemas de seu 
grupo é uma forma astuta de silenciamento. 
 
A política não é uma questão apenas de circulação de bens e riquezas. 
Ou seja, ela não se funda simplesmente em uma decisão a respeito de 
como as riquezas e os bens devem circular, como eles devem ser 
distribuídos. Embora essa seja uma questão central que mobiliza todos 
nós, ela não é tudo, nem é razão suficiente de todos os fenômenos 
internos ao campo que nomeamos "política". Na verdade, a política é 
também uma questão de circulação de afetos, da maneira com que eles 
irão criar vínculos sociais, afetando os que fazem parte destes vínculos. 
A maneira com que somos afetados define o que somos e o que não 
somos capazes de ver, o que somos e não somos capazes de sentir e 
perceber. Definido o que vejo, sinto e percebo, define-se o campo das 
minhas ações, a maneira com que julgarei, o que faz parte e o que está 
excluído do meu mundo. 
 Percebam, por exemplo, como um dos maiores feitos políticos de 2015 
foi a circulação de uma mera foto, a foto do menino sírio morto em um 
naufrágio no Mar Mediterrâneo. Nesse sentido, foi muito interessante 
pesquisar as reações de certoseuropeus que invadiram sites de 
notícias de seu continente com posts e comentários. 
Uma quantidade impressionante deles reclamava daqueles jornais que 
decidiram publicar a foto. Por trás de sofismas primários, eles diziam 
basicamente a mesma coisa: "parem de nos mostrar o que não 
queremos ver", "isto irá quebrar a força de nosso discurso". 
Pois eles sabiam que seu fascismo ordinário cresce à condição de 
administrar uma certa zona de invisibilidade. É necessário que certos 
afetos não circulem, que a humanização bruta produzida pela morte 
estúpida de um refugiado não nos afete. Todo fascismo ordinário é 
baseado em uma desafecção. Toda verdadeira luta política é baseada 
em uma mudança nos circuitos hegemônicos de afetos. Prova disso foi 
o fato de tal foto produzir o que vários discursos até então não haviam 
conseguido: a suspensão temporária da política criminosa de 
indiferença em relação à sorte dos refugiados. 
Mas essa quebra da invisibilidade também se dá de outras formas. De 
fato, sabemos como faz parte das dinâmicas do poder decidir qual 
sofrimento é visível e qual é invisível. Mas, para tanto, devemos antes 
decidir sobre quem fala e quem não fala, qual fala ouvirei e qual fala 
representará, para mim, apenas alguma forma de ressentimento. 
Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar 
quem não tem direito à voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles 
que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e objetos de 
violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, 
palestinos, entre tantos outros). 
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. 
Assim, um será a voz dos negros e pobres, já que o enunciador é negro 
e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o 
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isto pode parecer um ato de 
dar voz aos excluídos e subalternos, fazendo com que negros falem 
sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas 
das mulheres, e por aí vai. 
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos 
estar mais atentos a tal estratégia de silenciamento identitário. Ao final, 
ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas falar dos 
problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos 
problemas das mulheres. 
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que 
sujeitos políticos são criados quando conseguem mudar a forma como o 
espaço comum é afetado. Posso dar visibilidade a sofrimentos que 
antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala pela 
identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de 
circulação de afetos, pois não conseguirei implicar quem não partilha 
minha identidade na narrativa do meu sofrimento. 
Minha produção de afecções continuará circulando em regime restrito, 
mesmo que agora codificada como região setorizada do espaço 
comum. Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que 
implicam todo mundo, que podem implicar qualquer um, ou seja, que se 
dirigem a esta dimensão do "qualquer um" que faz parte de cada um de 
nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos 
mais força de desestabilização de circuitos hegemônicos de afetos. 
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de 
qualquer um. 
Disponível em <goo.gl/oWm9nF>. 
Acesso em 13 jun. 2016. 
Leia as afirmações a seguir: 
I. Segundo o autor, grupos de minorias estão sendo silenciados, pois 
vivemos em um regime autoritário, não democrático. 
II. O autor defende que os políticos sejam os legítimos representantes 
dos grupos minoritários, já que as minorias tendem a ser silenciadas na 
sociedade. 
III. A publicação da foto do menino sírio, morto no naufrágio ao tentar 
chegar à Europa como imigrante, foi, segundo o texto, uma forma de 
sensacionalismo da imprensa e, por isso, gerou conflitos políticos. 
Assinale a alternativa correta: 
Resposta Selecionada: e. 
Nenhuma alternativa é correta. 
 
 
 Pergunta 8 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
Obesidade, consumo e política: uma conversa sobre as mudanças 
mundiais na alimentação 
 
Por que estamos engordando? O que a política tem a ver com os 
alimentos? Por que não vemos publicidade de legumes na TV? 
 
Essas e outras questões relacionadas às transformações na 
alimentação e suas consequências no cenário internacional foram 
abordadas por Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a 
Promoção da Alimentação Saudável do Ministério da Saúde de 
Portugal e doutor em Nutrição Humana pela Universidade do Porto. 
Em visita ao Brasil, ele participou do Seminário Internacional: 
Escolhas Alimentares e seus Impactos, no Sesc Santos. Confira 
algumas questões levantadas. 
Estamos engordando: Ao comparar gráficos da presença da obesidade 
nas populações dos Estados Unidos e da área rural de Bangladesh, por 
exemplo, o professor Pedro Graça conclui: essa é uma epidemia global. 
A obesidade cresceu nos últimos 20 anos não só em países 
industrializados, com ampla oferta de alimentos, mas chegou até áreas 
rurais da Ásia. 
Os mais pobres engordam mais: Até recentemente, acreditava-se que 
essa era uma epidemia que atingia principalmente as populações que 
estavam melhorando economicamente, associada ao acesso à 
alimentação, ao acesso à caloria, à gordura, à proteína. Mas não é bem 
assim: ―O que nós estamos a viver é não só o aumento da doença no 
mundo inteiro, mas, ao contrário do que se esperava, quem é mais 
afetada é a população mais carente, mais vulnerável. Pobreza e 
obesidade se aproximam de tal maneira que a pessoa pode ter fome e 
ser obesa ao mesmo tempo. Coisa que para nós da biologia é um 
paradoxo‖, afirma. 
Somos treinados para engordar: ―Nós somos uma máquina de 
engordar‖. Isso porque a capacidade de acumular reservas de energia 
na forma de gordura foi essencial para a sobrevivência do ser humano, 
diante da escassez de alimentos. ―O ser humano está preparado para 
lidar com a fome há dois milhões de anos. E começou a lidar com 
excesso de calorias há 50 anos. Não estamos preparados 
biologicamente para isso‖, afirma Pedro. 
O que mudou?: Diversas alterações demográficas causaram mudanças 
na alimentação: a entrada da mulher no mercado de trabalho e na vida 
acadêmica, o envelhecimento da população e a necessidade de se 
trabalhar mais horas são alguns exemplos. E, se aumenta o tempo do 
trabalho, o que fica para trás é o tempo de cozinhar e de ficar com os 
filhos. Os alimentos que já vêm prontos têm, portanto, muito mais apelo 
do que aqueles que exigem tempo e conhecimentos culinários para o 
preparo. Além disso, em muitos lugares é mais fácil e barato encontrar 
produtos ultraprocessados e calóricos – ricos em açúcar, sal e gordura 
– em vez de alimentos frescos. 
Você já viu propaganda de alface na TV?: Provavelmente não. Mas 
vemos diariamente publicidade de produtos ultraprocessados e super 
calóricos, não é mesmo? Pedro Graça chama atenção para o fato de 
que grandes indústrias alimentícias lucram muito, enquanto quem 
trabalha no campo com frutas e legumes, em geral, tem ganhos 
pequenos e são os que mais sofrem com as oscilações na economia e 
nos preços dos alimentos. Assim fica fácil entender como um lado tem 
muito mais capacidade de investir e produzir comunicação (publicidade, 
marketing etc.) do que o outro. 
É preciso reconhecer o ambiente: De acordo com o pesquisador W. 
Philip James, durante décadas pensou-se que a atenção e o esforço 
individual fossem suficientes para prevenir a obesidade, porém depois 
de décadas desse esforço, as taxas de ganho de peso continuaram a 
subir. Essa epidemia reflete a presença de um ambiente tóxico ou 
obesogênico. Isso significa que não adianta ensinar as pessoas sobre 
alimentação saudável, se não há um ambiente favorável a isso, ou seja, 
se nãohá oferta de alimentos saudáveis em local próximo, a preços 
acessíveis. 
―Eu tenho primeiro que me preocupar com as condições que existem ou 
que eu posso criar para que o suco de laranja apareça, para em 
seguida dizer como é importante consumir suco de laranja‖, exemplifica 
Pedro Graça. 
Disponível em <https://goo.gl/926x1l>. 
Acesso em 08 jun 2016 (com adaptações). 
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa 
correta: 
I. De acordo com o texto, o cuidado com o peso é uma questão de 
educação individual e a obesidade aumenta entre os mais pobres por 
falta de instrução. 
II. As alterações no modo de vida têm responsabilidade pelo aumento 
da obesidade, uma vez que há incentivo ao consumo de produtos 
ultraprocessados, mais práticos do que os alimentos frescos. 
III. A melhora econômica facilita o acesso da população aos alimentos 
e, consequentemente, aumenta a prevalência de obesidade... 
IV. A propaganda e o marketing têm influência sobre a venda de 
produtos industrializados e atingem apenas as regiões urbanas. 
Assim: 
Resposta Selecionada: c. 
Apenas a afirmativa II está correta. 
 
 
 Pergunta 9 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
São Paulo, a capital mundial do grafite 
 
A cidade mais populosa da América Latina concentra um dos 
mais grandiosos museus a céu aberto de arte urbana do mundo. 
Quando estiver andando por São Paulo, olhe para cima. Ou para os 
lados. Não importa muito se está caminhando por um bairro de classe 
média ou pela periferia. Há uma característica comum às diferentes 
regiões da maior cidade mais populosa da América Latina: os grafites e 
 
pichações, que vêm tomando conta dos muros nos mais de 1.500 
quilômetros quadrados da área de extensão, estão transformando São 
Paulo na capital mundial do grafite. 
De maneira geral, a arte urbana não agrada a todos os gostos. 
Mas é unânime a opinião de que São Paulo é uma cidade cinza, e o 
grafite insere cor a esse cenário. "O grafite é uma manifestação artística 
que faz parte do cotidiano de todos, quer você goste ou não. Ele se 
impõe", dizem os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, mais conhecidos 
como Os Gêmeos. A dupla de artistas é conhecida, ao redor do mundo, 
pelos trabalhos que misturam certo realismo fantástico com 
personagens bem característicos, sempre com cores e figuras 
geométricas parecidas. 
Os irmãos começaram a grafitar em 1987 no bairro onde 
cresceram, o Cambuci, na zona sul da capital paulista. "A arte não é 
para você gostar, é para você refletir e pensar", completa Thiago 
Mundano, 27 anos, que se autointitula ―artivista‖, por atrelar o grafite a 
ações sociais. 
Na Avenida Cruzeiro do Sul, na zona norte da capital, bem 
próximo a uma das duas rodoviárias da cidade, um grupo de 58 artistas 
fez 66 painéis, criando, em 2011, o primeiro Museu Aberto de Arte 
Urbana de São Paulo (MAAU). Eles levaram para as ruas uma das 
maiores características dessa arte: a acessibilidade. "O fato de a arte 
estar na rua já é muito mais democrático. A pessoa não precisa entrar 
numa galeria fechada para ver", diz a artista e grafiteira Prila Paiva, 35 
anos. 
Organizado com autorização da Prefeitura, esse museu é uma 
exceção. Como o grande negócio do grafite é ocupar a cidade, os 
artistas nem sempre pintam em muros autorizados. Existe um aspecto 
de subversão, que envolve, entre outras coisas, "a adrenalina de 
pichar", segundo Mundano. Para ele, tudo é relativo. ―Um outdoor é tão 
agressivo quanto um grafite. Eu posso achar ruim, para a minha filha, 
por exemplo, abrir a janela de casa e dar de cara com uma mulher de 
calcinha e sutiã numa propaganda para vender lingerie‖. 
São Paulo adotou, em janeiro de 2007, a Lei Cidade Limpa, 
durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), proibindo a 
propaganda em outdoors e em imóveis públicos e privados. Já em 
relação aos grafites, ainda não houve um acordo entre artistas e o 
poder público. Por isso, de um lado, a Prefeitura apaga, cobrindo com 
tinta cinza, muitos dos muros grafitados. De outro, grafiteiros e 
pichadores pintam os locais apagados novamente. "Nunca sentimos, 
por parte da prefeitura, interesse de entender e respeitar a cultura do 
grafite", contam Os Gêmeos. 
"Existem problemas sérios em São Paulo que precisam desse 
dinheiro do contribuinte, em vez de ser investido em tinta cinza para 
apagar trabalhos de arte". Mesmo assim, no final da gestão de Kassab, 
a Prefeitura publicou um guia bilíngue de lugares para ver os grafites na 
cidade, com uma pequena ficha de alguns artistas. 
Por tratar-se de uma arte muito efêmera, um dia a obra está lá e 
no outro pode já ter sido apagada, o consultor financeiro Ricardo 
Czapski e a produtora cultural Marina Gonzalez tiveram a ideia de 
eternizar algumas pinturas. Eles acabam de lançar o livro Graffiti em 
São Paulo, que nasceu de um acervo de mais de dez mil fotos que 
Czapski tirou, por cinco anos, de muros grafitados. "O grafite tem uma 
recepção muito boa em todos os níveis. Não tem mais aquela má 
impressão da arte marginal", diz Gonzalez. Com o passar dos anos, 
além do reconhecimento do público, o grafite foi se tornando um 
negócio mais rentável. Hoje, a arte urbana está presente em galerias e 
exposições pelo Brasil e pelo mundo. 
Pimp My Carroça: Exemplo do cunho social que o grafite pode 
desenvolver, em 2007, Thiago Mundano começou a pintar as carroças 
dos mais de 20.000 catadores de lixo reciclável de São Paulo que 
transportam, em um carrinho improvisado, toneladas de papelão, vidro e 
alumínio para os centros de reciclagem. "Percebi que essas pessoas 
são invisíveis, ninguém olha para elas", diz Mundano. 
A meta, na época, era pintar 100 carroças, mas, com o tempo, 
Mundano viu que apenas pintar não bastava. As carroças precisavam 
de itens de segurança, como tintas refletoras para a noite, espelhos 
retrovisores, luvas e cordas para os catadores. Assim, nasceu o projeto 
Pimp My Carroça. 
Por meio do site de crowdfunding Catarse, Mundano arrecadou 
64.000 reais (27,8 mil dólares), de 792 apoiadores. O projeto cresceu, 
se transformou em um evento no centro de São Paulo, onde as 
carroças foram pintadas e os catadores ganharam camisetas, alimentos 
e uma consulta com um clínico geral. 
De lá pra cá, o Rio de Janeiro e Curitiba, a capital do Paraná, no 
Sul do país, receberam uma edição do projeto, contabilizando mais de 
120 voluntários e um número já incontável de carroças pintadas. O 
próximo passo é desenvolver um aplicativo para que qualquer um possa 
localizar os catadores que estiverem mais próximos e entregar a eles o 
lixo reciclável. 
Disponível em <https://goo.gl/zuZU2e>. 
Acesso em 05 jun. 2016 (com adaptações). 
Com base na leitura, analise as afirmativas: 
I. Apesar de haver controvérsias quanto a aceitação do grafite e da 
pichação como formas de arte, há indícios de que o reconhecimento 
dessas expressões artísticas está aumentando, como a criação do 
Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo. 
II. O grafite agrava o preconceito social contra as pessoas mais pobres, 
uma vez que se trata de uma manifestação popular que não alcança o 
prestígio das artes oficialmente reconhecidas. 
III. De acordo com o texto, o grafite e a pichação são comparáveis 
aos outdoors e deveria haver uma legislação semelhante à Cidade 
Limpa para proibir essas manifestações. 
IV. A acessibilidade, a efemeridade e a relação com causas sociais são 
características da arte urbana. 
Está correto o que se afirma em: 
Resposta Selecionada: d. 
I e IV. 
 
 
 Pergunta 10 
1 em 1 pontos 
 
Leia o texto a seguir: 
 
O que Portugal tem a ver com o Brasil 
Alexandra Lucas Coelho 
Os portugueses não parecem ter uma boa relação com os 
brasileiros, disse-me uma alemã, conhecedora profissional de Portugal 
e Brasil. Estávamos na Alemanha,o Brasil temia uma guerra civil, foi há 
dez dias. Agora, de volta a casa, continuo a pensar na observação 
desta veterana, que nada tinha de provocadora, era só vontade de 
entender. Mas é impossível ignorar o que se tem manifestado em 
Portugal de equívoco face ao Brasil ao longo destes dias. 
Segundo um desses equívocos, provável pai dos outros, o tema 
da colonização encerrou-se, chega de falar dele, é passado. Penso o 
contrário, que mal começamos, que é presente, e a atual crise brasileira 
acentua isso. Não só pelo que expõe das estruturas brasileiras, como 
pelo que revelou do olhar de Portugal sobre o Brasil, e sobre si mesmo. 
Com esse nome, o Brasil viveu 322 anos de ocupação 
portuguesa e 194 de independência. Se alguém acredita que o tempo 
da independência poderia já ter curado o tempo da ocupação, precisa 
de voltar à história luso-brasileira, porque o alcance da violência vai 
longe, e em muitas direções. 
Esses 322 anos atuam diariamente naquilo que é hoje o Brasil, 
na clivagem entre São Paulo e o Nordeste, nos milhões que ainda 
moram em favelas na relação Casa-Grande & Senzala das elites com 
os empregados, na violência da polícia que continua a ser militar, no 
desmando oligárquico dos que controlam aparelhos e estados, no 
saque catastrófico da natureza, na traição aos grupos indígenas, na 
evangelização dos pobres, radicalizando o conservadorismo num país 
onde se morre de aborto. Não é elenco para uma crônica, tem sido e 
será para muitas, livros, bibliotecas. 
O lulismo fez coisas importantes contra parte dessa herança (nas 
desigualdades mais urgentes, na cultura), não fez o suficiente contra 
boa parte disto (na educação, na saúde, na polícia), fez coisas que 
pioraram isto (um capitalismo com consequências devastadoras no 
ambiente e nas questões indígenas) e historicamente produziu uma 
geração que o critica e supera pela esquerda num caldo inédito de 
periferias politicamente empoderadas e uma nova faixa politizada vinda 
da elite. 
A violência sistêmica brasileira tem raízes nas duas violências 
fundadoras da colonização portuguesa, extermínio indígena e 
escravatura africana. Os portugueses não inventaram a escravatura, 
mas inauguraram o tráfico em grande escala. Dos 12 milhões de 
indivíduos que as potências europeias deportaram de África até ao 
século XVIII, 5,8 milhões foram traficados por Portugal. Isto significa 47 
por cento, ou seja, quase metade do tráfico foi assegurado por Portugal, 
 
e a maioria destinava-se a sustentar a colonização do Brasil. 
A escravatura é um horror antiquíssimo, sim, e entre os séculos 
XV e XVIII a forma portuguesa de a praticar foi secundada por ingleses, 
espanhóis, franceses, holandeses, sim. Mas a Portugal coube esta 
iniciativa: deportação em massa, para nela assentar a exploração brutal 
de um território gigante, à custa do qual um território minúsculo viveu, 
como toda uma bibliografia tem mostrado de forma cada vez mais 
desassombrada. 
Não aprendi isto na escola, e tenho sérias dúvidas de que a 
maior parte dos portugueses faça ideia de que Portugal, sozinho, 
deportou tantos africanos como os judeus mortos no Holocausto, com a 
ajuda teológica e logística da Igreja Católica, depois de ter levado ao 
extermínio de ninguém sabe quantos índios, provavelmente não menos 
de um milhão. 
Com base no texto, assinale a alternativa correta: 
Resposta 
Selecionada: 
b. 
Os atuais problemas brasileiros, das mais diversas 
naturezas, tiveram origem no sistema português de 
colonização do Brasil, cujos reflexos são sentidos até 
hoje

Outros materiais